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Linhas fundamentais da filosofia kantiana: resumo de apoio com foco na teoria do

conhecimento e na ética.

Alline Garcia
Licenciada em Filosofia - UFES
E-mail: allineggarcia19@gmail.com.
Sapere aude!
Atreva-te a conhecer!

Considerações iniciais

Kant: Filosofia Moderna - Século XVIII.


Corrente filosófica: Idealismo Transcendental.
Ponto de partida: Superação do racionalismo cartesiano e do empirismo inglês, especialmente
o de David Hume.

Contexto histórico:

- Reforma protestante no século XVI;


- Revolução Científica no século XVII. Especialmente a revolução copernicana empreendida
por Galileu Galilei, considerado o pai da Fisica Moderna e um dos fundadores do
Renascimento Cientifico na Modernidade;
- Iluminismo (também conhecido como Século das Luzes) no século XVIII;
- Descartes e o racionalismo x Hume e o empirismo - Séculos XVI e XVII.

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1.Teoria do Conhecimento

Há quatro questões fundamentais que estabelecem o núcleo da filosofia kantiana, sendo elas:
1) O que posso saber?
2) O que devo fazer?
3) O que devo esperar?
''Todo conhecimento vem com a experiência, não provém da experiência'',
segundo Kant. A Critica da Razão Pura, obra central do sistema filosófico kantiano, é uma
espécie de manual sobre as formas pelas quais o sujeito cognoscente conhece a realidade.
Nela, Kant investiga as condições de possibilidades do uso da razão e seus limites, ou seja,
por um lado Kant investiga a constituição desta faculdade; por outro, sua aplicabilidade
prática.
O objetivo geral é fundamentar a Ciência como conhecimento universalmente
válido e necessário, especialmente a fisica e a matemática. Além disso, Kant busca
estabelecer as contribuições da Metafisica para o uso da razão a partir de critérios. Esse
conjunto de pressupostos conceituais é denominado de Transcendental, isto é, as condições
anteriores à experiência do sujeito cognoscente.
Em virtude dessas considerações, o idealismo kantiano (ou apriorismo/criticismo)
ficou conhecido na história da filosofia como idealismo transcendental. Também pode ser
conhecido como idealismo subjetivo.
Na aurora do Iluminismo (Século XVIII), Kant procura estabelecer uma distinção no
uso da razão entre os âmbitos da Ciência e da vida pública, isto é, o uso público da
racionalidade. Desse modo, é importante destacar que o fundamento do conhecimento na
filosofia kantiana passa ser o sujeito cognoscente. Contrapondo-se às concepções anteriores
da teoria do conhecimento que pressupunham a adequação do sujeito à realidade, Kant
argumenta que é a realidade que aparece como objeto do sujeito. Essa mudança na maneira de
relacionar sujeito/objeto na constituição do conhecimento ficou conhecida como ''Revolução
Copernicana de Kant''.
Para Kant, é o sujeito que organiza dos dados da sensibilidade, inserindo-os nas
categorias a priori. Há duas formas a priori de conhecimento da sensibilidade: espaço e
tempo. Aqui estamos no nível do intelecto. Esse conhecimento independe da experiência.
Estamos condicionados a experienciar a realidade a partir dessas noções. O processo de
elaboração da experiência da razão por categorias da sensibilidade e do entendimento é
denominado por Kant de apercepção transcendental. Em suma, refere-se ao processo de
apreensão do conhecimento na experiência pelo aparato cognitivo. Um esqueminha para
facilitar nossa compreensão:
Sujeito transcendental + Sensibilidade (ESPAÇO +TEMPO) + Entendimento
(CATEGORIAS) > Experiência.
2. Ética

Esse núcleo investigativo orienta toda elaboração kantiana acerca da moralidade. A


ética de Kant é uma ética deontológica. Quer dizer, trata-se de uma ética do dever. ''Deves
porque deves''. A lei moral é a lei da autonomia. Não há na doutrina kantiana uma
preocupação com o prazer da ação, mas com o cumprimento do agir moral. Uma ação
moralmente correta é aquela com intenção de realizar o DEVER. Kant chama essa intenção
motivada pelo dever de boa vontade.
O sujeito só é livre na medida em que cumpre o dever, sem esperar por nenhum tipo
de compensação. O dever está acima das consequências, beneficios, do prazer e da
felicidade. Importante frisar que a ação moral depende da intencionalidade para ser
considerada válida ou não. O dever é o motivo absoluto da ação moral.
O imperativo categórico é um principio inviolável, válido em qualquer situação e
lugar. Ele independe da pessoalidade. É universalmente válido e incontestável. Exemplo:
matar, roubar, discriminar racialmente, etc. Podemos entender o imperativo categórico como a
forma da lei moral. A explicitação de ações que são inaceitáveis. Que não são justificáveis em
nenhuma situação. Não há espaço para relativização dos imperativos categóricos.
Inclusive, não há espaço para nenhum tipo de relativismo na ética kantiana - é bom ressaltar.
A célebre frase para ilustrarmos o imperativo categórico é: “Age de tal modo que a máxima
de tua ação possa valer universalmente''.
Existem também os imperativos hipotéticos. Esses são considerados princípios
subjetivos da ação. Exemplo: Se quero ir bem no Enem, preciso estudar. Se quero aposentar,
preciso contribuir para a previdência social. Os imperativos hipotéticos não se baseiam no
dever, mas no desejo. Há dois critérios de validação do imperativo categórico: universalidade
e dignidade. Se é aplicável a todos/todas; se não submete nenhuma pessoa como meio de
alcançar o objetivo da ação.
Dito de outro modo: toda pessoa tem um fim em si mesma, ninguém pode ser
''sacrificado'' em beneficio de outro individuo ou dos próprios interesses do sujeito que está
diante de um dilema moral. Ainda que se possa supor um ganho maior do bem coletivo em
detrimento de um individuo. A dignidade humana, ou a dignidade da pessoa humana, é um
PRINCIPIO BASILAR do ornamento jurídico. A defesa máxima da integridade do indíviduo.
Ou seja: Exemplo: Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1848 e Constituição
Federal de 1988. Podemos constatar no Art. 1º da nossa Constituição.
Em síntese: o objetivo maior da filosofia moral kantiana é investir os sujeitos de
autonomia para realização da liberdade, isto é, a autodeterminação da ação pela racionalidade,
mediante a valorização da universalidade da dignidade humana. Kant convida à passagem da
menoridade para a autonomia a partir do Esclarecimento.

Referência Bibliográfica:

KANT, E., Crítica da Razão Pura, (Col. ''Os Pensadores'') , Nova Cultural, São Paulo, 1979.

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