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Conceito

É denominado justiça restaurativa o processo de unir vítima e infrator de um crime para


que, juntos, possam encontrar um meio cabível de solucionar os danos e de construir
soluções que reparem as perdas causadas pelo (os) crimes. Na sociedade atual, assim
como sempre ocorreu, o tipo de justiça aplicada a costuma ser a punitiva, essa
características omite as possibilidades de diferentes desfechos, principalmente para o
que comete o crime uma vez que ele, dentro do sistema carcerário abre mão de seus
direitos e de seu status de cidadão e carrega, para sempre o estigma da prisão.

Considerando o contexto do crime e dos envolvidos, tal prática utiliza do dialogo como
forma principal de intervenção visto que busca a atingir as potencialidades de ambos os
lados, assumir o delito e a cura do vitimando. Esse modelo democrático de resolução de
conflitos relaciona-se diretamente a construção de uma nova e melhor forma de fazer
justiça mas, prioritariamente de possibilidade de mudança nas estruturas socias dos
indivíduos em conflito com lei, sua visão de si, do outro, do mundo ao seu redor e da
sociedade em geral uma vez que a compreensão um do outro diante desse processo
iguala os níveis da conversa e abre portas para que as necessidades desse sejam vistas,
ouvidas e atendidas.

Os benefícios do novo exercício vão do nível pessoal ao cultural, englobando toda


varias esferas da sociedade, sendo: Pessoal, maximizar os potenciais do individuo e
minimizar os efeito destrutivos do conflito social; Estrutural, compreender os porquês
da violência e promover mecanismos não violentos de justiça; Relacional, por meio da
compreensão dialogada em ambas partes e Culturais, compreendendo os padrões que
levam ao uso da violência e tomar medidas que diminuam tais contextos.

No Brasil

O sistema punitivo que está enraizado no país é punitivo ou retributivo e observando o


atual cenário criminal brasileiro é notório que esses não tem dado resultados
apropriados em relação a conduta, a reincidência, as modalidades dos crimes, etc., pelo
contrário, elas alimentam a crueldade do sistema carcerário, a desigualdade e o estigma
gerados por tal.

Sendo assim, considerar a possiblidade de implementação da justiça restaurativa é


válido pois, dessa forma, haveriam chances de mudar essa realidade e crescer rumo a
cultura de paz e a uma progressiva construção em âmbito nacional de reestruturação da
sociedade e dos indivíduos a margem da lei ou em situações de vulnerabilidade e riscos
ou ainda daqueles já marginalizados, com pouca ou nenhuma perspectiva a sua frente.

Sua importância e a relação com a psicologia

Essa modalidade de justiça é importante, principalmente considerando a visão da


psicologia, pois, ela leva em conta toda a estrutura do sujeito culpabilizado, ou seja,
suas relações essenciais para formação (familiar e comunidade), seu contexto de
vivência, sua escolaridade, as influências que teve durante a vida e os fatos que o
levaram ao crime e a violência.

Pensando o ser humano em toda sua subjetividade e sua formação caracterizada como
biopsicossocial, ele nem sempre é o que é ou cometeu um (ou mais) atos
inconstitucionais por apenas querer ou por “ser da natureza dele”, aliás, na maioria das
vezes ele é apenas um reflexo de uma sociedade doente que visa possuir bens e ser mais
que os outros, não mais semelhantes, seres da mesma espécie, com os mesmo direitos e
deveres, assim, aquele que cresce e vive fora desse modelo não possui grandes chances,
porém, não pode violar o patrimônio alheio (numa tentativa de ser como ele) e para
garantir isso pode-se matar, agredir, privar-lhe a liberdade e violar o outro, tudo em
nome da justiça, menos que com as próprias mãos.

Ela dá a oportunidade de que aquele que comete o delito seja ouvido frente as suas
necessidades, os motivos que o levaram até o crime e dessa maneira se possa tentar
solucionar suas dificuldades, numa tentativa de que não volte novamente a cometer tais
atos e possa ao menos vislumbrar um futuro diferente e mais próximo ao que é digno do
ser humano e previsto na constituição nacional.

Análise Crítica

A aceitação da implementação dela no Brasil ainda é tímida e enfrenta muita


desconfiança, resistência e críticas. Para ser uma realidade efetivamente presente no
país, deve haver uma intensa conscientização a respeito da dignidade da pessoa humana,
razoabilidade, proporcionalidade, adequação e interesse público.

A gestão e administração da justiça democrática devem ser muito bem observadas e


cumpridas com zelo para que o serviço seja eficiente, os facilitadores sejam capacitados,
os princípios e valores do procedimento sejam guardados e exista garantia de
cumprimento correto para os participantes para tanto, com cautela devem ser
fiscalizadas e avaliadas rigorosamente.

Conclusão

Por fim, existe a possibilidade de implantação em larga escala da Justiça Restaurativa


no Brasil, como oportunidade de adoção de uma justiça criminal informal, democrática,
participativa e capaz de operar uma real transformação na vergonhosa realidade de
nosso sistema, promovendo os direitos humanos, a cidadania, a dignidade e a paz social
há muito esquecidos no atual sistema de justiça punitiva.

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