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CONTROLE DA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Profº Franco
CONCEITO

Um conceito aberto, dito lato sensu, define Controle da Administração Pública


como uma faculdade de vigilância, orientação e correção que UM PODER,
ÓRGÃO OU AUTORIDADE exerce sobre a conduta funcional de outro.
ESPÉCIES DE CONTROLE

QUANTO AO ALCANCE  Interno


OU EXTENSÃO  Externo

 Prévio (preventivo ou a priori)


QUANTO AO MOMENTO
 Concomitante (parlamentar)
OU OPORTUNIDADE
 Posterior

 De legalidade
QUANTO À NATUREZA
 De mérito

 Administrativo (interno)
QUANTO AO ÓRGÃO  Legislativo (parlamentar)
 Judicial
QUANTO À EXTENSÃO DO CONTROLE:

 CONTROLE INTERNO: é todo aquele realizado pela entidade ou órgão


responsável pela atividade controlada, no âmbito da própria administração.
 Exercido de forma integrada entre os três Poderes.

 Responsabilidade solidária dos responsáveis pelo controle interno, quando


deixarem de dar ciência ao Tribunal de Contas sobre qualquer irregularidade.
 CONTROLE EXTERNO: ocorre quando o órgão fiscalizador se situa em
Administração DIVERSA daquela de onde a conduta administrativa se
originou.
 Controle do Judiciário sobre os atos do Executivo em ações judiciais.

 Exercício da função TÍPICA do Legislativo sobre o Executivo. .

ATENÇÃO: Existe também o chamado CONTROLE EXTERNO POPULAR,


pouco utilizado, mas possível de ser viabilizado. Âmbito municipal, por exemplo,
temos que as contas dos Municípios ficarão, durante 60 dias, anualmente, à
disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá
questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. Poucos sabem disso, e os que
sabem, não utilizam tal poder.
QUANTO AO MOMENTO EM QUE SE EFETUA:
 CONTROLE PRÉVIO OU PREVENTIVO: ocorre antes mesmo de se
consumar o ato administrativo, como ocorre, por exemplo, com aprovação
prévia, por parte do Senado Federal, de alguns cargos importantes da
República.

 CONTROLE CONCOMITANTE: acompanha a situação administrativa no


momento em que ela se verifica. É o que ocorre, por exemplo, com a
fiscalização de um contrato em andamento.

 CONTROLE POSTERIOR OU CORRETIVO: tem por objetivo a revisão de


atos já praticados, para corrigi-los, desfazê-los ou, somente, confirmá-los.
Abrange atos como os de aprovação, homologação, anulação, revogação ou
convalidação.
QUANTO À NATUREZA DO CONTROLE:
 CONTROLE DE LEGALIDADE: é o que verifica a conformidade da conduta
administrativa com as normas legais que a regem. Esse controle pode ser
interno ou externo. Vale dizer que a Administração exercita-o de ofício ou
mediante provocação: o Legislativo só o efetiva nos casos constitucionalmente
previstos; e o Judiciário através da ação adequada, apenas se e quando
provocado a fazê-lo.

MUITA ATENÇÃO: Por esse controle o ato ilegal e ilegítimo somente pode ser
anulado, e não revogado.
 CONTROLE DO MÉRITO: é o que se consuma pela verificação da
conveniência e da oportunidade da conduta administrativa. A competência
para exercê-lo é da Administração, e, em raríssimos casos excepcionais,
expressos na Constituição, ao Legislativo, mas não ao Judiciário.

ATENÇÃO: O poder Judiciário pode adentrar ao MÉRITO ADMINISTRATIVO


quando o ato ferir PRINCÍPIOS! Porém, essa análise será sempre de legalidade,
pois, ao ferir princípios o ato se torna ilegal e, por consequência, poderá sim ser
ANULADO pelo judiciário!
CONTROLE DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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QUANTO AO ÓRGÃO QUE O EXERCE:
 CONTROLE ADMINISTRATIVO: é exercido pelo Executivo e pelos órgãos
administrativos do Legislativo e do Judiciário, sob os ASPECTOS DE
LEGALIDADE E MÉRITO, por iniciativa própria ou mediante provocação.

Meios de Controle:
 Fiscalização Hierárquica: esse meio de controle é inerente ao poder
hierárquico e do próprio uso do princípio da AUTOTUTELA.

 Supervisão Ministerial: APLICÁVEL nas entidades de administração indireta


vinculadas a um Ministério; supervisão não é a mesma coisa que
subordinação; trata-se de controle finalístico. Aqui se aplica o Poder de
TUTELA.
 Recursos Administrativos: são meios hábeis que podem ser utilizados para
provocar o reexame do ato administrativo, pela PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA. Recursos Administrativos: em regra, o efeito É NÃO SUSPENSIVO.

 Representação: denúncia de irregularidades feita perante a própria


Administração;

 Reclamação: oposição expressa a atos da Administração que afetam direitos


ou interesses legítimos do interessado;

 Pedido de Reconsideração: solicitação de reexame dirigida à mesma


autoridade que praticou o ato;
 Recurso Hierárquico próprio: dirigido à autoridade ou instância superior do
mesmo órgão administrativo em que foi praticado o ato; é decorrência da
hierarquia;

 Recurso Hierárquico Expresso: dirigido à autoridade ou órgão estranho à


repartição que expediu o ato recorrido, mas com competência julgadora
expressa.
Servidor contra ato de
demissão de Ministro de
Estado
(Administração Direta)
Próprios
(há subordinação) Servidor do BACEN contra
ato do Presidente do
BACEN
(Administração Indireta)
Recursos
hierárquicos Recurso ao Conselho de
Contribuinte contra decisão
da Junta de Revisão
Impróprios (Administração Direta)
(sem hierarquia)
Recurso ao Ministro contra
ato de agência reguladora
(Administração Indireta)
CONTROLE DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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 CONTROLE LEGISLATIVO: Não pode exorbitar às hipóteses
constitucionalmente previstas, sob pena de ofensa ao princípio da separação
de poderes. O controle alcança os órgãos e as entidades do Poder Executivo,
bem como, o Poder Judiciário (quando executa função administrativa), e
outras instituições, como MP, DP e AP.
 Controle Político: tem por base a possibilidade de fiscalização sobre atos
ligados à função administrativa e organizacional.
 Controle Financeiro: A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e
indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
 Campo de Controle: Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que,
em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
Indireto ou
Direto ou Político
Técnico-financeiro

Casas Legislativas e
Tribunais de Contas
suas comissões

União (TCU)
União (CN)
Estados (TCE)
Estados (Assembleias)
Municípios (TCM, onde
Municípios (Câmaras)
houver)
PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL DO PRESIDENTE DA
REPÚBLICA AO CONGRESSO NACIONAL

Abertura da sessão legislativa

Até 60 dias para o envio da prestação de Se não enviar, Tomadas de Contas pela
contas anual ao Congresso Nacional Câmara dos Deputados
(inc. XXIV do art. 84 da CF/88) (inc. II do art. 51 da CF/88)

Recebimento pelo Congresso Nacional

TCU – até 60 dias do recebimento para


Congresso Nacional – julga as contas
emitir parecer prévio
(inc. IX do art. 49 da CF/88)
(inc. I do art. 71 da CF/88)
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e
apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do
Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:


II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não
apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura
da sessão legislativa;
Quanto ao controle político sob o aspecto financeiro, há importante
disposição no art. 72 da CF/1988:
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de
indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos
não programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade
governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os
esclarecimentos necessários.

§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a


Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no
prazo de trinta dias.
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o
gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá
ao Congresso Nacional sua sustação.
CONTROLE DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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Indireto ou
Direto ou Político
Técnico-financeiro

Casas Legislativas e
Tribunais de Contas
suas comissões

União (TCU)
União (CN)
Estados (TCE)
Estados (Assembleias)
Municípios (TCM, onde
Municípios (Câmaras)
houver)
IMPORTANTE: Os Tribunais e Conselhos de Contas são órgãos auxiliares do
Poder Legislativo, e não integram a estrutura do Poder Judiciário, por mais que
se utilizam da nomenclatura de tribunal! Nunca se esqueça disso!!!
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,


mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de
seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,


bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as
contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de
que resulte prejuízo ao erário público;
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal,
a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo
de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
fundamento legal do ato concessório;

Súmula Vinculante 3
Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado


Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades
administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais
entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital
social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado
constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao
Distrito Federal ou a Município;
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer
de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados
de auditorias e inspeções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou
irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências
necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a
decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o
auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo


Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as
medidas cabíveis.
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa
dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal
decidirá a respeito.
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa
terão eficácia de título executivo.
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e
anualmente, relatório de suas atividades.
ARTIGO 72 DA CF/88

Decisão preliminar pela irregularidade da despesa


pela Comissão Mista de Orçamento do CN

Manifestação do TCU

Conclusão pela irregularidade da despesa

Comissão proporá ao CN a sustação do gasto (veto


proibitivo)
CONTROLE DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Profº Franco
 CONTROLE JUDICIAL: é o poder de fiscalização que o Judiciário exerce
ESPECIFICAMENTE sobre a atividade administrativa do Estado. Alcança,
basicamente, os atos administrativos do Executivo, mas também examina os
atos do Legislativo e do próprio Judiciário quando realiza atividade
administrativa.

ATENÇÃO: A regra é que ao Poder Judiciário é vedado apreciar o mérito


administrativo e restringe-se ao controle da legalidade e da legitimidade do ato
impugnado.
Essas são algumas das ações cabíveis a titulo de controle de legalidade feito no
âmbito do poder Judiciário. Importante lembrar que este tipo de controle só
ocorre após a devida provocação, por isso, o destaque das ações judiciais
anteriormente postadas.

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