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Motivação, emoção

e o estudo da língua japonesa com cultura pop


O processo de aprender um idioma é algo que inclui diversos conceitos da psicologia como aprendizagem, memória e também motivação e
emoção. É fato que o estado de humor negativo, por exemplo, pode influenciar na baixa retenção de informações pela memória, dificultando o
aprendizado. Existe ainda uma relação entre o nível de excitação fisiológica e a predisposição a estudar algo, sendo considerado ideal uma
excitação moderada. Associar emoções desagradáveis ao procedimento da internalização de uma língua, como frustração por não entender
algo ou ansiedade e medo de treiná-la com falantes mais experientes também atrapalham o desenvolvimento na fluência da grande maioria
dos idiomas. Com a língua japonesa não é diferente.
Uma das principais dificuldades que estudantes de japonês como segunda língua têm é a adaptação aos sistemas de escrita diferentes do
alfabeto tradicional utilizado na maior parte das línguas ocidentais. Um deles, o kanji, é composto por caracteres que contém significados e
leituras que ao depender da sua disposição numa frase, a pronúncia muda.
Como um exercício que leva tempo, é mecânico e muitas vezes tedioso, o
estudo de Kanji causa, na maioria dos estudantes, descontentamento e
cansaço. Ambas emoções abaixam o nível de excitação corporal mas
causam alto índice de estresse, o que promove a exaustão, e futuramente a
ansiedade e frustração, influenciando na falta de motivação dos alunos.
O Japão é, todavia, um grande produtor e exportador global de cultura pop, o
que é, inclusive, uma das principais razões pela qual o número de pessoas
que desejam aprender japonês aumentou nas últimas décadas, tornando o
apreço por mídias como histórias em quadrinhos, animações, cinema,
videogame e outros em parte de suas motivações intrínsecas. Dessa forma, é
do interesse dos professores de japonês identificar em seus alunos suas
motivações interiores e tornarem suas aulas motivações extrínsecas.
Em uma situação, por exemplo, em que é utilizada para a memorização de
Kanjis a leitura de histórias em quadrinhos ou literatura de ficção, o professor
pode dar como tarefa a leitura e interpretação de um capítulo e recompensar
não só os que identificaram os caracteres, mas sim toda a turma por cada
capítulo lido. Além disso, o interesse pessoal do aluno pelas tramas causam
emoções positivas sobre o processo de aprendizado, que ajudam a regular o
nível de estresse e excitação. Há também o fator de que emoções positivas
tornam mais fácil o armazenamento de informações na memória,
informações estas que não são apenas os caracteres, mas juntamente peças
de vocabulário, estruturas gramaticais e fluxo de texto, o que
consequentemente resulta na compreensão mais rápida
do idioma. Assim, a psicologia contribui em um dos seus vários conceitos
para diversos aspectos do aprendizado e ensino de japonês. Entretanto, é
importante ressaltar que psicologia e o estudo não somente de idiomas
sempre tiveram relação. Por décadas, a metodologia behaviorista e
reforços positivos e negativos foram usados em salas de aula como a única
forma possível de ensinar. Atualmente, porém, os métodos de ensino estão
sendo aprimorados e utilizando-se de novas teorias
didáticas que dão mais importância às vontades e bem-estar dos estudantes.
Tais teorias reconhecem os erros no uso de idiomas, por exemplo, como partes
naturais do trajeto em direção à fluência. Ao deixar o aluno se utilizar do idioma
livremente, ocorre uma baixa nos níveis da possível ansiedade presente quando se
tem a obrigação de falar ou escrever corretamente num idioma que não é nativo à
pessoa que está estudando. Desta maneira,o medo de conversar numa segunda
língua com um falante nativo diminui gradualmente e já não se torna mais um
empecilho para o desenvolvimento linguístico. É fundamental, ainda assim, o contato
contínuo com o idioma estudado através de todos os materiais possíveis. No caso do
japonês, a cultura pop se torna uma ferramenta amplamente utilizada e de fácil
acesso, com traduções que podem auxiliar no estudo e legendas que
tornam práticas as leituras de caracteres. A constante relação entre estudante e
objeto de estudo, neste caso um idioma, acontece com mais frequência e
habitualidade quando há motivação e ao mesmo tempo uma posição mediana do
estresse e excitação, como visto na curva de Yerkes-Dodson e como contribui a
psicologia.
Referências Bibliográficas:

RYAN, Stephen. MERCER, Sarah. WILLIAMS, Marion. Exploring Psychology in Language Learning and Teaching.
Oxford, Inglaterra: Oxford University Press, 2016.

XIAOHONG, Wen. Motivation and Language Learning With Students of Chinese. Houston, Texas, Estados Unidos:
The University of Houston.

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Imagem 1, página 1: ONE, One Punch Man. Tóquio, Japão: Shonen Jump, 2012.
Imagem 2, página 1: HATTORI, Chihiro. Kanji De Manga Volume 1: The Comic Book That Teaches You How
To Read And Write Japanese! Japão: Japanime Co.Ltd, 2005.
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Imagem 4, página 3: https://live.staticflickr.com/5649/21467575530_2a16205bae_b.jpg

Aluna: Marília Fatmira Costa Muço


Matrícula: 180024639

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