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A educação rural pulsa nos rios do Amazonas: um olhar sobre as

potencialidades e desafios em tempos de pandemia

Autores
Joristelma de Souza Queiroz – Gestora
Gracineudo Silva - Secretário
Joicy Luísa Pedrosa – Ciclo 2/ Ensino Fundamental
Joyce Mara Lima da Silva – Ciclo 2/ Ensino Fundamental
Eliane Franco – Ensino Tecnológico

Resumo

O trabalho apresenta um relato de experiência obtido na Escola Estadual Nossa Senhora do Rosário, na
Zona Rural do município de Manacapuru, no interior do estado do Amazonas. Este que foi (até 13/08)
o município com maior número de óbitos pela Covid-19 e o 4ºcom maior contaminação. Buscamos
apresentar no documento, as estratégias utilizadas pela comunidade escolar na tomada de decisões
assertivas aos desafios impostos pelo afastamento social em meio à pandemia. Apesar das inúmeras
dificuldades, as ações foram planejadas no sentido de garantir menores prejuízos aos alunos e de alguma
maneira, dar continuidade ao ano letivo, através de um cronograma de atendimento com apresentação
de Relatório de Evidências de Comprovação do Regime Especial do Programa Aula em Casa. Espera-
se que mais que um elenco de intenções, as reflexões e encaminhamentos, possam de alguma forma,
contribuir para construção de soluções colaborativas para novos tempos e espaços complexos.

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Introdução

A educação rural no Brasil sempre foi um desafio a ser vencido e, como tal, levar educação de
qualidade aos mais longínquos recantos do país é complexo, principalmente, por conta da
logística e questão geográfica.
No estado do Amazonas, a realidade educacional não é muito diferente da realidade brasileira,
pois os dados oficiais apresentam um panorama de avanços, mas ainda com desafios a serem
enfrentados.
O trabalho será referenciado através de um Relato de Experiência obtida em uma escola pública
estadual, localizada na Zona Rural de Manacapuru, um município brasileiro do Estado de
Amazonas com uma população aproximada de 97.377 habitantes.
Contextualizar o processo de evolução da Escola Nossa Senhora do Rosário é registro de
memória indispensável às reflexões que irão compor o relato, pois a escola surgiu através de
movimentos de comunitários que unidos improvisaram pequenas barracas cobertas de palha e
chão batido para darem início às primeiras aulas.
Foi um longo percurso, até que com muito esforço foi possível modificar sua realidade, hoje,
possui uma estrutura bem melhor que antes, com ambiente favorável ao aprendizado dos
alunos, pertencentes a uma comunidade tradicional, reconhecendo-se como caboclos do
Amazonas.
Eles advêm dos mais diferentes espaços, por nossas estradas que são os rios e lagos. Chegam
de canoas, rabetas e barco do transporte escolar, pago com recurso do PNATE/MEC, em média
gastam de 2 a 4 horas para chegarem. Os professores saem todos os dias de deslizador potente,
da sede município até a comunidade, em média 35 minutos.
Atipicamente, o ano de 2020, pegou a todos de surpresa, a emergência na saúde pública, devido
a Pandemia do Corona Vírus, fez com que os governos adotassem medidas de segurança e
distanciamento social, paralisando as aulas presenciais.
Especificamente, Manacapuru, teve um pico alto de contaminações segundo a Fundação de
Vigilância em Saúde, foi o município do interior do estado do Amazonas com maior número
de óbitos, até o momento, o que causou alvoroço e grandes preocupações.
Por um bom período ficamos sem aulas, mas em março de 2020, o Amazonas se destaca como
o primeiro estado do país a retomar as atividades pedagógicas com as aulas remotas por meio
de uma solução multiplataforma, que é o projeto “Aula em Casa”, idealizado pela SEDUC por
meio do seu Centro de Mídias da Educação do Amazonas (Cemeam). A iniciativa está no ar
em televisão aberta e na internet desde março de 2020 e atende todas as modalidades de ensino
da rede pública estadual. (Resolução 30/2020-CEE/AM)
Um grande dilema, para a nossa escola, situada na zona rural, que em meio a uma outra
realidade teve que se reinventar, pois sua clientela de 292 alunos, em sua maioria, não possui
internet para assistirem as aulas, no computador, tv ou smartphones.
Diante desta realidade, a sensibilidade e a expertise pedagógica, foram elementos subsidiadores
na tomada de decisões no planejamento estratégico, que se deu com a parceria de todos.
Tivemos que cair no campo aberto da pesquisa, preparando material didático e levando pelo
beiradão (do rio), aos mais longínquos lugares, os encaminhamentos e orientações
pedagógicas, o foco sempre foi em primeira instância de ajudar nossos alunos para que não
ficassem prejudicados, no entanto o entendimento maior foi sempre o de preservar vidas.

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Metodologia

Quando pensamos em nos inscrever para o Prêmio de Gestão Escolar, tivemos sempre como
meta que nossos registros seriam ponte para mudanças e melhorias em nossa realidade.
O título sugestivo de nosso relato: A educação rural pulsa nos rios do Amazonas: um olhar
sobre as potencialidades e desafios em tempos de pandemia foi justamente, com a intenção
de chamar a atenção para a vida dos que vivem às margens dos rios, dos caboclos que fazem
parte da Amazônia, destes povos da floresta, que de modo tão evidente, nesta pandemia,
deixaram desnuda uma realidade que precisa ser relatada, com primazia, principalmente, pela
capacidade de vencer barreiras e de construir possibilidades, através dos recursos que possui
em potencial.
Nossa maior força está na simplicidade das pessoas que vivem aqui, é esta simplicidade
humilde que foi o motor em potencial para que pudéssemos juntos, descobrir formas de
minimizar a dor e sofrimento das perdas, do medo, da incerteza em meio à pandemia.
Nossos educandos, são provenientes de comunidades com culturas e tradições diferenciadas,
bem como religiosas, o qual se predomina o catolicismo. Vivem em ambientes pequenos, com
poucos cômodos, distribuídos para muita gente.
A escola cuja principal função é social, busca acima de tudo desempenhar seu papel pensando
nas pessoas que frequentam o seu ambiente, facilitando o acesso e construção do conhecimento.
Mas como fazer isto, tendo que enfrentar algo inusitado como o distanciamento social? Como
ajudar nossos alunos que geograficamente estavam tão distantes de nós? Como fazer com que
o ano letivo não fosse perdido, uma vez que eles não teriam acesso às aulas por meio de
internet? Creio que estas indagações foram nossas inquietações durante este período de
pandemia (e permanece).
Nosso ponto de encontro, foi nos encontrar por meio de Redes Sociais Virtuais, onde o
Watsapp, passou a fazer parte de nossas vidas, com bem mais frequência. Bombardeados de
notícias que chegavam a todo instante, o início de tudo, foi o MEDO e atrelado a ele, a
INÉRCIA. Sim, frutos do primeiro impacto que em breve se diluiu frente às mudanças
propostas pela Secretaria de Educação do Estado.
Organizamos nossas atividades por etapas:
1 Momento: Divisão de equipe e Conhecimento da Realidade

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Nosso primeiro ponto de partida seria, com certeza, conhecer nossa realidade, pois o Governo
do Estado, através da Secretaria de Educação lançara o Programa Aula em Casa, então a
princípio seria descobrir, quais alunos estariam tendo acesso e como estava o desempenho deles
na realização das atividades.
Nos deslocamos, com muito cuidado, utilizando máscaras e levando nas mãos álcool em gel,
por meio de canoas rabetas e deslizador, saímos em visita aos domicílios de nossos alunos,
levamos em mãos, um questionário para registro das informações e nossos celulares fizeram
registros de imagens, do percurso percorrido pelos alunos, das moradias, das famílias que nos
autorizaram e, entendemos que este aparato nos dá fundamentação e rigor científico no relato.
2º momento: O trato com as informações: o diagnóstico
De posse das informações, fomos nos dando conta de que nem todos os alunos teriam como
acompanhar as aulas remotas, sendo consideradas, raríssimas exceções. São em sua maioria,
alunos de baixa renda, sem acesso a computadores, internet, moram em casas bem modestas,
não possuem saneamento básico adequado, com pouco ou quase nada de acesso aos livros e
outros recursos pedagógicos.
Ficou evidente que se algo não fosse feito, eles ficariam no meio do caminho. E, como se ainda
não bastasse, eles estavam desassistidos economicamente e passando muitas dificuldades.
3º momento: O planejamento de Ações: dificuldades e potencialidades
De posse das informações começamos a planejar nossas ações, não havia indicativo para
retorno e os números de contaminados em Manacapuru era alarmante, as mortes aumentavam
de forma exponencial e a mídia nacional dava destaque o índice de contaminados e letalidade
atingiam marcas assustadoras.
Com muito cuidado, pensamos em formas de nos proteger e proteger nossos alunos.
Elaboramos aulas com instruções para proteção com orientações da OMS. Bem em meio a isto,
tivemos que cumprir uma missão de grande importância, pois o governo lançou o Programa
Merenda em Casa. Nos 61 municípios que integram o Amazonas, os kits do programa
“Merenda em Casa” foram entregues na própria escola, mediante agendamento, dentro das
normas de segurança. Ressaltamos que para alguns alunos a gestora teve que ir até a casa dos
alunos.
Tivemos que definir prioridades, junto ao plano de curso, os professores trabalharam tentando
potencializar a interdisciplinaridade. Eles, na cidade, assistiam as aulas que estavam
disponíveis na plataforma do Aula em Casa, para que ficassem informados do que estava sendo
repassado aos alunos. Em seguida, reuniam por meio de aplicativo de interação on line,

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trocando ideias, pesquisavam formas para facilitar a aplicação dos conteúdos que foram
elencados em um Plano de Estudo para aplicação em Regime Especial.
Aos alunos que possuem acesso à internet, nos comunicamos, através da rede social facebook,
mandamos mensagens, solicitando o número de telefone atualizado, em seguida os mesmos
foram inseridos no grupo de whatsapp, criado na escola para dar acesso aos conteúdos
programáticos, bem como os links disponíveis do Governo do Projeto Aula em Casa.
Para estes, o acompanhamento das aulas está sendo feito através do feedback das atividades
realizadas, onde mandam fotos dos cadernos de atividades realizadas e quando estão com
dificuldades, entram em contato com o professor, através do whatsapp ou ligações, e este
esclarece suas dúvidas.
Alguns alunos não têm celular ou até mesmo internet, por isso, elaboramos planos de estudos
impressos e pedimos para os colegas repassassem as informações, para que os demais alunos
viessem à escola buscar suas atividades. Os alunos que possuem meio de transporte fluvial
(rabeta ou canoa) levam suas atividades e dos demais colegas da mesma comunidade.
Um ponto a destacar é que não possuímos meio de transporte fluvial para entregar os planos
de estudos, mas em alguns momentos, fizemos o esforço de conseguir transporte através de
parcerias com a comunidade e, assim, nos dirigimos até algumas localidades possíveis para
entregar o material. Nem todos os alunos vieram buscar suas atividades porque alguns,
possuem somente o transporte escolar como meio de locomoção, o que torna difícil o
acompanhamento das aulas em casa.
Todo o material está sendo reproduzido e disponibilizado, conforme o cronograma elaborado
para entrega na escola por série/turma e, em casos específicos, na casa de alguns alunos com
mais dificuldades de acesso.
Criamos um cronograma de atendimento e de organização de planos:
Segunda e terça: Ciclo /Quarta: 6º ao 9º ano /Quinta: Médio e EJA /Sexta: Repetição das
atividades; Feedback dos alunos; Planejamento para próxima semana.
Temos 288 alunos matriculados na escola e estamos atendendo cerca de 142 alunos das
comunidades do Patoá, Espírito Santo, São Lourenço, Ramal Santo Antônio, Capela, Irapajé,
Rosarinho e Cajazeiras, faltando apenas as comunidades do Macuaçú, Macumirim e Peixinho.
A diversidade de suportes e métodos ajuda na criação de uma rotina positiva para os alunos do
Rosarinho, garantindo alguma estabilidade frente ao cenário de tantas mudanças. Professores
visitaram seus alunos e entregaram plano de aula e lembranças como incentivo à aprendizagem.
4º momento: Avaliação e acompanhamento – Controle das Evidências

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Além de nossas análises qualitativas em torno do material que é devolvido pelos alunos, a
Secretaria de Educação do Estado, orientou para que suas Coordenadorias Regionais de Ensino
oferecessem o suporte pedagógico necessário para o desenvolvimento das ações e recolhesse
junto às escolas um Relatório de Evidências de Comprovação do Regime Especial do Programa
Aula em Casa.
No relatório feito através da Plataforma colocamos em anexo todos os arquivos que
comprovam que os alunos estão recebendo auxílio para o desenvolvimento de suas atividades
escolares, onde não são atribuídas notas, neste momento. As orientações é que em um possível
retorno das aulas, todos os planos de estudos serão avaliados novamente, com atribuição de
notas.
Diante do que foi exposto fica evidente a utilização dos mais diferentes recursos para o alcance
dos objetivos, que variaram desde a busca pelo reconhecimento da realidade até a realização
das ações: Elaboramos questionários; Fizemos entrevistas semiabertas, Observações
sistemáticas e assistemáticas, Pesquisas e registros de lugares, fatos, opiniões e estratégias de
ensino; Inserção em sites e aplicativos para interação e, por fim, organizamos as informações
me forma deste Relato de experiências.

Resultados e Discussão
Muito antes da Pandemia começar, esta era a realidade de nossa escola, cujo brilho estava em
cada olhar dos que nela estavam tão chegados e tão próximos. Nossos alunos são a nossa alma
e definitivamente, descobrimos, em meio a tristeza e as perdas de entes queridos e amigos até
de profissão que eles são também a nossa força.
A foto demonstra o contraste do que foi e do que está sendo atualmente, com a ausência de
todos os que compõem a realidade escolar. Ela vem no início da nossa apresentação de
discussão de resultados para que nos lembre sempre e nos dê esperança de que em breve tudo
isso vai passar e nosso ponto de partida e recomeço será o reencontro.

Nossas experiências nos trazem sempre aprendizado, alguns tomamos como positivos e
aprimoramos, outros, negativos, assim, modificamos. De ponto forte, desta vivência na
pandemia (que ainda não acabou), destacamos a união da equipe escolar em função dos
objetivos, cujo foco, foi a aprendizagem dos alunos.
A falta de acesso nesse mundo tecnológico e “globalizado” ainda deixa muitos às margens, este
tipo de educação moderna, não é para todos e todas (deveria), justamente pelo fato da exclusão
ao acesso. Percorrer nossas estradas de rios, requer coragem para ir além daquilo para o qual o
professor nem foi capacitado, isto pressupõe fazer escolhas e, estas não se dão aleatoriamente,

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elas se dão pelo desejo humanitário de missão pedagógica comprometida com a construção de
boa de “mundos”.

A foto acima, mostra a gestora e os professores a caminho das comunidades para distribuir o
plano de estudo aos alunos que não possuem transporte para os conduzirem até à escola e,
assim, receberem seu material. O desafio, romper barreiras e dificuldades, a escola não tem
transporte próprio e as parcerias foram primordiais.
Do ponto de vista pedagógico, o acesso desigual a conteúdos escolares durante o período de
isolamento social constitui o desafio mais urgente. Segundo a Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), 830 milhões de crianças no mundo todo não
dispõe de computadores, nossas crianças da Escola Nossa senhora do rosário fazem parte deste
cenário.

Fica evidente, a importância do professor em aulas presenciais, pois a interação, a relação


dialógica são caminhos indispensáveis para a construção do conhecimento. Acima, o professor
auxilia em questões que a aluna não conseguiu entender e resolver, antes de entregar o outro
material.
No início, erramos na questão de quantidade de conteúdos e exercícios, mas depois adequamos,
por entendermos o contexto difícil que não só alunos e professores estavam passando
psicologicamente. Encaminhamos leituras, atividades com jogos para tornar o momento de
estudos mais prazeroso.
Existe um anseio por qualificação dos professores que inclui a necessidade de preparação para
aulas remotas. Em Pesquisa realizada pelo Instituto Península entre 13 de abril e 14 de maio
entrevistou 7.734 professores de todo o país e concluiu que 83% deles não se sentem preparados
para ministrar aulas não presenciais.

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Reconhecer os fatores externos como as dificuldades financeiras das famílias, sua realidade
será sempre preponderante para a educação, dificilmente, um aluno consegue aprender com
fome, doente, ou com algo que lhe tire a paz e harmonia. Na foto acima, as mães recebem os
kits da Merenda Escolar, ficou evidente a satisfação delas, em receberem, diante de tanta
dificuldade que estavam enfrentando.

Criar uma rotina para que os alunos pudessem ter acesso aos estudos, foi nossa melhor
estratégia, não poderíamos ficar de braços cruzados, vendo que outros alunos tinham acesso à
internet e tv com sinal para o Programa Aula em Casa e eles não. Fomos destaque em página
de um jornalista da TV Acrítica, uma empresa de TV do Amazonas.
4º momento: A ousadia da continuidade dos projetos e prospecções futuras
Não obstante, em meio a pandemia, os professores resolveram trabalhar no sentido de melhorar
a realidade da escola no pós-pandemia. Participamos do processo seletivo do Programa
Ciência na Escola- PCE da Fundação de Amparo e Pesquisa do Amazonas e conseguimos
a aprovação de 4 projetos de pesquisa que irão fomentar dois já existentes e ampliar dois de
forma inédita na escola, pois 4 professores e 12 alunos receberão bolsas para desenvolverem
suas pesquisas durante cinco meses.
Projeto 1: Saúde e meio ambiente: implantação de horta vertical na escola com material
reciclável
Projeto2: Estudo sobre o efeito fitoterápico das plantas medicinais
Projeto 3: Jogos e brincadeiras populares na Educação Física
Projeto 4: Biblioteca itinerante como instrumento de incentivo à leitura dos alunos
Pioneiro no país, o Programa Ciência na Escola é uma ação criada pela Fapeam desenvolvida
em parceria com a Secretaria de Estado de Educação e Desporto (Seduc) e Secretaria Municipal
de Educação (Semed).
É um programa que conta com professores e estudantes que têm a oportunidade de
aproximarem-se da pesquisa científica e da pesquisa tecnológica, propiciando benefícios não
só para o ensino, mas também para seus atores e para a comunidade, além de ser um meio que
os leva a valorizar exatamente isso, a educação, a ciência, a tecnologia e inovação.

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Consideramos que a aplicação da metodologia aplicada foi bastante satisfatória e, temos
consciência de que trabalhamos para que o melhor fosse feito pelos nossos alunos. O fato de
estarmos em ambiente da Zona Rural, com dificuldades em algumas questões como transporte,
acesso à internet, professores que adoeceram, entre outros, dificultou uma melhor performance,
fizemos o que foi possível e nos sentimos felizes por isso, por termos comprovações e
evidências que atendemos TODOS os nossos alunos, com exceção de uma que faleceu.

Conclusão
Buscar aprofundamento teórico, através das experiências educacionais obtidas em meio a
pandemia, principalmente, em escolas do Amazonas é, sem dúvida, uma condição necessária
de quem vive neste espaço. Contextualizar é premissa básica à vida dos que aqui vivem,
geralmente, muitas interpretações são estereotipadas e associadas às representações que
diferem daquilo que de fato, nossas escolas necessitam enquanto políticas públicas.
Nos reinventar, enquanto educadores, foi sem dúvida, nossa única e real alternativa para
enfrentarmos a realidade, antes nunca imaginada. Ainda sobressaltados com toda esta situação
da pandemia da Covid-19, seguimos adiante tentando contribuir e buscar formas para ajudar
nossos alunos, com certeza, ficam muitos aprendizados.
A falta de recursos tecnológicos e a internet foram condições que dificultaram o acesso dos
alunos ao Programa Aula em casa, disponibilizado pela Secretaria de Educação e Qualidade
de Ensino do Amazonas, no entanto, foi o motor para que a equipe escolar aguçasse seu espírito
de união e competências pedagógicas e, assim, focassem não só nas dificuldades, mas
principalmente, nas potencialidades, verificando alternativas para solucionar este problema.
Neste relato de experiência, ficam evidentes, nosso desejo em querer fazer e contribuir de
alguma forma com a minimização dos impactos na educação de nossos alunos devido o
distanciamento social, onde procuramos seguir as diretrizes e normas pedagógicas para o
Regime Especial.
O trabalho comprometido e de liderança da Gestão da Escola foram primordiais para o
encaminhamento de ações e decisões assertivas no Plano Emergencial. No Relatório de
Evidências de Comprovação do Regime Especial do Programa Aula em Casa está a análise do
percurso, mostrando que aos poucos fomos avançando e aumentando o acesso dos alunos aos
Planos de Estudos entregues em casa e às orientações e acompanhamentos aos que conseguiram
inserir-se no Programa da SEDUC-Am.
Em um levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostra que, mesmo
antes da pandemia, crianças pobres e sem assistência apresentam cinco vezes mais chances de
permanecer fora da educação básica, se comparadas com crianças que vivem em condições
socioeconômicas favoráveis.
Acreditamos com os argumentos expostos, ter de alguma forma, contribuído para o
estabelecimento de diálogos mais abertos, para o compartilhamento de experiências e vivências
tão necessárias ao aprimoramento de nossa práxis e a de outros colegas
Pretendemos de forma ousada, mais que isto, fazer uma chamada à atenção para que as escolas
cuja realidade é tão carente de atenção, possam receber novas políticas públicas que as deixem
em patamar de igualdade como tantas outras e, assim nossos alunos possam ter garantidos seus
direitos a equidade e melhores condições para desenvolverem suas potencialidades.

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Referências
https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/brasil-parametros-reabrir-escolas/

http://www.educacao.am.gov.br/wp-content/uploads/2020/03/DIRETRIZES-PEDAGoGICAS-
23.03.pdf

http://www.educacao.am.gov.br/wp-content/uploads/2020/03/NOTA-DE-ESCLARECIMENTO-A-
COMUNIDADE-ESCOLAR.pd

QUEIROZ, Joristela. A internet como recurso pedagógico: comunicação e interação para


além dos muros da escola. Revista Areté, Manaus. Vol11. 2018.

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