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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO


RECURSO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA BUSCA PELA
FORMAÇÃO INTEGRAL

RENATA DA SILVA MARQUES

PORTO ALEGRE
JANEIRO DE 2021
1

RENATA DA SILVA MARQUES

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO


RECURSO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA BUSCA PELA
FORMAÇÃO INTEGRAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito parcial para a conclusão do
Curso de Especialização em Orientação
Educacional, modalidade a distância, da
Faculdade de Educação da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul.

Orientador: Prof.ª Ms. Maria Inês Galvez


Ruiz Costa

PORTO ALEGRE
JANEIRO DE 2021
2

“É o tempo da travessia:
e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.”
Fernando Pessoa
3

RESUMO

Este trabalho problematiza as relações entre as Tecnologias da Informação e Comunicação


(TIC’s) e a atuação do Orientador Educacional. A questão norteadora foi: “Como o
orientador educacional se utiliza de TIC’s tendo como horizonte a formação integral do
sujeito?” Seu objetivo: identificar os benefícios da utilização de Tecnologias da Informação e
Comunicação. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, caracterizando-se como um estudo de
caso de inspiração etnográfica, sobre a prática de uma orientadora educacional que atua,
também, como Coordenadora do Serviço de Orientação Educacional de uma escola da rede
privada de Porto Alegre/RS. A orientadora foi ouvida de forma remota, através de entrevista
semiestruturada. Foram referenciais básicos: Cassiane Vernes, Gustavo Borba, Jaqueline
Moll, Luiz Fernando Klein, Sirlei Lopes e Zygmunt Bauman. As análises apontam para a
possibilidade de um fazer do orientador e da escola como um todo de forma híbrida, sendo
remodelado o fazer dos diversos atores da escola. Esta pesquisa, em suas considerações,
apresenta características que apontam os benefícios que a utilização de tecnologias traz para o
fazer do Orientador Educacional.

Palavras-chave: Orientador Educacional. Formação Integral. TIC’s.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 05
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 12
2.1 ORIENTADOR EDUCACIONAL: O QUE COMPETE A ESTE
PROFISSIONAL? ........................................................................................................... 12
2.2 O USO DAS TIC’S: A QUE 14
VIERAM ......................................................................
2.3 FORMAÇÃO INTEGRAL: QUEM ESTAMOS 16
FORMANDO ...............................
3 DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA 20
3.1 PERCEBENDO O DIÁLOGO: PERCEPÇÃO DA COORDENADORA
ENTREVISTADA .......................................................................................................... 21
3.1.1 O Orientador Educacional em diálogo com o 21
professor .....................................
3.1.2 A atuação presencial e a atuação 23
virtual .............................................................
3.1.3 O ambiente virtual e os paradigmas da 25
escola ....................................................
4 CONSIDERAÇÕES 29
FINAIS .....................................................................................
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 32
APÊNDICE A – Instrumento de entrevista com a Coordenadora do Serviço de
Orientação Educacional 35
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1 INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)1 se constituiu a partir da


investigação acerca do papel do Orientador Educacional, buscando alternativas de garantia as
práticas do seu fazer mesmo diante da suspensão das aulas presenciais 2. Antes de expor o
estudo realizado, acredito ser importante contextualizar a minha trajetória, abordando o
possível motivo da minha busca pela área da orientação. Estudei em uma escola em que cada
etapa de ensino conta com uma Orientadora Educacional na equipe, o que não era comum na
época, e arrisco dizer que ainda não seja.
O interesse pelo tema surgiu ainda na graduação, mais especificamente no terceiro
semestre do curso de Licenciatura em Pedagogia, no qual cursei a disciplina obrigatória
“Educação, Saúde e Corpo”, que tratou de diferentes assuntos, dentre eles, a medicalização
escolar. Com isso, comecei a refletir acerca da minha trajetória enquanto aluna e as
oportunidades que tive ao contar com o apoio de orientadoras.
O tema da medicalização me inquietava muito. Afinal, nem toda criança agitada ou
que não se concentra na escola é hiperativa ou tem déficit de atenção, muito pelo contrário.
Na maioria dos casos, trata-se de características comuns a essa etapa da vida. O entusiasmo, a
vontade de se fazer presente no mundo, a energia que precisa ser aplicada em
experimentações e brincadeiras faz parte da busca pela troca de conhecimentos. É papel dos
pais e das instituições de ensino prover às crianças momentos apropriados para correr, gritar,
conversar, fazer bagunça, enfim, serem crianças. Elas precisam de situações nas quais
descansem a mente e cansem o corpo para que, quando chegar a hora que necessite uma maior
concentração, isso não seja maçante e sofrível.
Como justificativa, percebo que quem apoia a medicalização, argumenta que o
esforço e o investimento na educação das crianças são ineficientes, muito trabalhoso ou
excessivamente custosos. A saída mais prática e rápida, então, é ministrar medicamentos que,
alterando a atividade neuroquímica dos educandos, controlem suas atitudes e “domem” seus
impulsos.

1
Trabalho que incide em uma das exigências do Curso de Especialização em Orientação Educacional da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para obtenção do título de Especialista em Orientação
Educacional.
2
Ao longo do ano de 2020 o mundo foi afetado pela pandemia em consequência do vírus COVID-19, o que
ocasionou a suspensão das aulas presenciais em escolas do mundo todo.
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A atenção exigida para a aprendizagem escolar ainda é a atenção do tipo voluntária,


seletiva e focal. Nesse sentido, em muitos casos, julga-se o sujeito, especialmente no ambiente
escolar, como desatento e sem foco durante o desenvolvimento das propostas. Qual seria o
papel do Orientador Educacional nesse caso?
Nós, educadores, futuros Orientadores Educacionais, devemos ter presente em nossas
práticas o entendimento do mundo em que o estudante está inserido, para, assim, nos
inserirmos neste contexto. É nosso dever oportunizar o desenvolvimento integral do sujeito,
buscando formar homens autônomos, cooperativos, que possam formular conceitos partindo
de suas próprias vivências.
Estimulamos o sujeito na construção da autonomia, responsabilidade, cooperação e
senso crítico a fim de construir uma sociedade mais justa. O nosso papel não é formar pessoas
apenas no viés acadêmico, mas formar pessoas para a vida. Respeitando o educando em sua
individualidade e seu ritmo levando em conta seu desenvolvimento, proporcionando vivências
individuais, coletivas e diversificadas. Piaget (1998) aborda que cada sujeito se descobre à
medida que conhece o outro.
Nossa missão deve procurar estabelecer relações sinceras e comprometidas sendo
que cada sujeito é responsável e participante do processo de ensino-aprendizagem, bem como
dos aspectos sociais. Neste processo, a participação dos pais se faz imprescindível, portanto
efetivamos uma parceria, na qual há trocas de experiências e opiniões. O Orientador
Educacional pode, e no meu ponto de vista, deve servir de elo para uma boa relação de troca e
conscientização dos pais no que diz respeito a parceria família-escola.
Não só a educação, mas acredito que o mundo todo, vem passando por fortes
mudanças. É incontestável a presença da era digital no espaço escolar de hoje, e foi a cultura
digital que trouxe a possibilidade da garantia de aprendizagem ao longo do ano letivo de 2020
como recurso possível para ser explorado. A geração de hoje já está inserida desde muito cedo
na era “touch”, onde apenas com um toque descobrimos e acessamos informações de
inúmeros locais em segundos. Devemos usar este mecanismo a nosso favor, fazendo uso de
suas ferramentas em nossas propostas de estratégias de ensino, assim como devemos
aproveitar para nossa formação.
Com a necessidade do ensino remoto e, consequentemente, aumento da utilização
das TIC’s, a aprendizagem democratizou-se, rompendo padrões tanto geográficos, quanto
sociais. A velocidade com que as informações são trocadas e atualizadas, oferecendo
possibilidades cada vez mais legítimas e hábeis de interatividade nos dias de hoje, permite
uma interação entre as pessoas que não estávamos acostumados a utilizar no ambiente escolar.
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As tecnologias da informação e comunicação constituem uma parte de um contínuo


desenvolvimento de tecnologias, a começar pelo giz e os livros, todos podendo
apoiar e enriquecer as aprendizagens. Como qualquer ferramenta, devem ser usadas
e adaptadas para servir a fins educacionais e como tecnologia assistiva;
desenvolvidas de forma a possibilitar que a interatividade virtual se desenvolva de
modo mais intenso, inclusive na produção de linguagens. Assim, a infraestrutura
tecnológica, como apoio pedagógico às atividades escolares, deve também garantir
acesso dos estudantes à biblioteca, ao rádio, à televisão, à internet aberta às
possibilidades da convergência digital (BRASIL, 2013, p. 25).

A partir do contexto dos alunos devemos refletir sobre a nossa prática. Pensar sobre o
nosso fazer. Cada educador faz a sua experiência no seu tempo, e é pensando nesse viés que
devemos sempre pensar no tempo de cada indivíduo que temos nas escolas em que atuamos.
A educação deve ser fomentada pelo desejo dos sujeitos em participarem ativamente do
ambiente escolar e da sua comunidade. Precisamos de pessoas criativas, questionadoras, que
sejam agentes do seu próprio conhecimento, que inovem a cultura e promovam,
solidariamente, as transformações no seu meio.
Neste cenário, a educação vive momentos difíceis, porém, ganha uma importante
missão: preparar os indivíduos para se adaptarem aos novos saberes, desenvolverem suas
habilidades, aceitarem desafios e tornarem-se atuantes e agentes de toda uma nova geração
que transforma o mundo e transforma-se a partir de um rico movimento, onde aprender e
ensinar são ações indissociáveis que modificam as condutas humanas e tornam os homens
sujeitos de sua própria educação. O Orientador Educacional atua como um facilitador deste
processo para e com o educando.
Faz-se necessário que a escola seja atuante e democrática, que reconheça os atuais
problemas da sociedade e atue sobre eles de forma reflexiva e consciente em prol de
mudanças. A tarefa de educação como a de preparar os indivíduos para que compreendam a si
mesmos e aos outros, através de um melhor conhecimento do mundo, pois a educação ajuda
os homens a refletirem sobre os acontecimentos e a compreendê-los de forma verdadeira,
estabelecendo relações com o seu meio. Tarefa delicada e abrangente, a educação tem que
assumir o compromisso com a conscientização e humanização dos sujeitos para suas
participações na construção de uma sociedade mais solidária.
O Orientador Educacional, assim como os demais educadores, deve entender o
estudante como protagonista, ele é o centro do processo educativo. Cabe a nós, educadores,
buscarmos um currículo que faça sentido e que seja saboreado pelos nossos educandos. No
que diz respeito à experiência, entendo que não devemos propor nada com que não tenhamos
nos envolvido. Devemos experimentar, saborear da maneira mais profunda, e à medida que
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experimentamos é que nos tornamos aptos a irmos adiante, prontos à reflexão. Só me torno
capaz de refletir se eu vivenciei, do contrário a reflexão é supérflua. Collares (2015/2016)
coloca que pensar a prática permite-nos tomar consciência daquilo que a move e a agirmos
com curiosidade. Torno-me apto a refletir porque eu experimentei, saboreei a minha
experiência, e é exatamente esse entendimento que me dá segurança a seguir adiante. Que
sejamos facilitadores deste processo enquanto Orientadores Educacionais.
Atualmente, em constante alteração, assistimos a uma mudança acelerada de toda
realidade. O ser humano se compromete como um ser em constante transformação. No
entanto, em algumas situações, é possível perceber que desse mesmo modo, não se
modificaram muitas coisas. Hoje, sofre-se muito de ausência, em um mundo que se diz de
muitas presenças. Sofrimento pela ausência de estrutura e de síntese, a procura de rumo e
sentido para o que está posto, não sendo possível atuar como agente de transformação, em
muitos casos.
Os desafios estão aí, batendo em nossas portas, e o que fazemos com eles? O amanhã
antecipa-se e vem em busca de educadores que ousem, que não tenham medo do novo, do
diferente, do nunca visto. Os modelos educacionais “esculpidos” devem abrir espaço para
“novos traçados”, não se prendendo a paradigmas.
Diante destas questões, meu desejo e minha inquietação me levaram à escolha do
objeto de estudo. A minha gratidão pela oportunidade e experiência que tive como aluna
foram atreladas ao contexto vivenciado ao longo do ano letivo de 2020, sendo assim, destaco
a questão que norteia o presente estudo: Como o Orientador Educacional se utiliza de TIC’s
tendo como horizonte a formação integral do sujeito? Esta pergunta orientou o objetivo e os
percursos investigativos da pesquisa ao buscar a importância do recurso das TIC’s com vistas
à formação integral. O objetivo desta pesquisa foi identificar os benefícios da utilização de
Tecnologias da Informação e Comunicação.
Este estudo foi realizado com uma Orientadora Educacional que atua, também, como
coordenadora do Serviço de Orientação Educacional de uma escola da rede privada de Porto
Alegre, por meio de entrevista semiestruturada. A entrevista foi realizada de forma remota,
utilizando uma das ferramentas de trabalho da Orientadora, a plataforma TEAMS3. A partir de
um roteiro utilizado como base, a entrevista foi gravada para posterior análise.
O presente estudo tem caráter qualitativo, ou seja, investiga um olhar a respeito dos
significados que um ou mais sujeitos têm em relação ao seu fazer, considerando a perspectiva

3
Recurso utilizado a partir de aplicativo da Microsoft 365.
9

dos sujeitos sobre o mundo; isto é, na pesquisa qualitativa tem-se o objetivo de realizar uma
interpretação da realidade, assim como abordam Ludke e André (1986):

A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados
e o pesquisador como seu principal instrumento. Segundo os dois autores, a
pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com
o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de regra através do
trabalho intensivo de campo (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 11).

Uma das demandas do Orientador Educacional está ligada à aproximação com o


estudante. Quando pensamos em aproximação, não podemos considerar apenas a
aproximação presencial. O ano de 2020 nos mostrou diversas formas dessa aproximação
acontecer. Hoje, temos diferentes plataformas através das quais podemos interagir, ensinar,
aprender, caminhar juntos, entender: nos aproximarmos. Hoje, o grande lema da educação é o
hibridismo, ou seja, educar através de múltiplas plataformas. Por que não podemos pensar em
uma atuação híbrida também para o Orientador Educacional?
A educação é uma via de mão dupla, onde precisamos nos aproximar do contexto do
estudante para que ele também se aproxime daquilo que queremos que ele pense ou reflita. O
conceito prático de educação vem evoluindo com o passar dos anos, basta olhar as novas
formas de educação e a evolução dos conceitos como um todo. Por um tempo levávamos ao
“pé da letra” o conceito de aluno que tem origem no latim, onde 'a' corresponde a “ausente ou
sem” e 'luno', que deriva da palavra 'lumni', significa “luz”. Portanto, aluno quer dizer “sem
luz, sem conhecimento” (Pensamos sobre isso quando nos dirigimos aos nossos estudantes?).
Essa evolução, hoje, é percebida quando falamos em Educação Integral, que
diferente de educação em tempo integral, a primeira refere-se à educação do ser humano
como um todo, no seu todo, para o seu todo. Não são os nossos estudantes nativos digitais e
totalmente imersos em um mundo online, digital? O analógico perdeu espaço na educação dos
dias atuais? Até que ponto podemos fazer do trabalho do Orientador Educacional uma tarefa
híbrida? Essas e outras questões cada um de nós, educadores, e todos os Orientadores se
perguntaram ao longo do ano de 2020, onde todos fomos afetados pela pandemia do Covid-
19, que entre outras coisas, nos mostrou que é possível nos aproximarmos do estudante de
outras formas.

Poderíamos pensar que estamos presenciando o surgimento de um novo sujeito da


aprendizagem, o “nativo digital”, pelo fato de ter nascido nesse mundo altamente
“tecnologizado”, em rede, dinâmico, rico em possibilidades de informação,
comunicação e interação? É evidente para quem convive com a geração atual,
perceber a forma diferenciada com que se comunicam e se relacionam com a
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informação. Eles têm outra forma de ser e estar no mundo, de conviver com as
Tecnologias Digitais (...). Vivendo nesse mesmo mundo, mas muitas vezes se
sentindo desconfortável com essa “invasão tecnológica”, estamos nós, pais e
professores, tardiamente apresentados, introduzidos, ou de certa forma, “obrigados”
a conviver com as Tecnologias Digitas. Isso explica o motivo pelo qual, muitos de
nós, ainda apresentam uma forma um tanto quanto enviesada de se relacionar com
esses meios, o que é facilmente evidenciado quando e-mails e textos são impressos
para serem lidos, ou, após serem encaminhados, liga-se para saber se o sujeito
recebeu. Isso faz com que pareçamos estrangeiros em nosso próprio mundo, como
alguém que tenta falar a “língua digital”, mas com um forte sotaque analógico
(SCHLEMMER, 2013, p. 4).

No que se refere as contribuições teóricas que permeiam este estudo, realizei uma
revisão teórica acerca da temática, tanto em livros quanto em materiais publicados de forma
virtual. Foi possível constatar que esta temática é atual e, ao mesmo tempo, de interesse de
muitos pesquisadores, destacando a relevância deste estudo. Ainda que esta abordagem na
prática seja pouco problematizada no ambiente escolar, (re)pensar a prática faz parte da
atuação dos educadores e deve ser vista como uma oportunidade de evolução no
desenvolvimento do que futuramente formos propor. O educador é um formador de opinião,
devendo agir de forma a transformar o presente, contribuindo para as mudanças do futuro
utilizando-se de todas as possibilidades.
O papel do Orientador Educacional é orientar, sem jamais oferecer a solução pronta,
questionando e desacomodando o sujeito para que construa novos esquemas. Proporcionar um
ambiente em que o sujeito possa construir sua autonomia, ou seja, que tenha garantido o
direito de participar e ser ativo, onde atentem à suas necessidades e desejos. É o mediador da
relação entre o sujeito que aprende e o objeto de conhecimento, numa dinâmica favorecedora
do “aprender a aprender”. O conceito de mediação deve ser entendido como sendo a
intervenção planejada intencional que favorece a ação do aprendente sobre o objeto.
Apresento nos próximos capítulos uma análise sobre os principais conceitos que
fazem parte deste estudo, que são: o fazer do Orientador Educacional – buscando
compreender o que compete a ele, o uso das TIC’s – quais suas contribuições e a formação
integral – problematizando quem estamos formando.
O trabalho está organizado em três capítulos principais, sendo o primeiro
“Referencial Teórico”, abordando as referências que ancoraram este estudo. Este capítulo
compreende os títulos: “Orientador Educacional: o que compete a este profissional?”, em
que apresento acerca da atuação do Orientador Educacional. “O uso das TIC’s: a que
vieram”, em que apresento sobre as novas possibilidades a partir da utilização de TIC’s e
11

“Formação Integral: quem estamos formando”, onde apresento a relação da atuação do


Orientador Educacional com a formação integral do sujeito.
O segundo capítulo “Desenvolvimento da Experiência” compreende os títulos e
subtítulos: “Percebendo o Diálogo: percepção da coordenadora entrevistada”, em que
apresento com quem ocorreu este estudo; “O Orientador Educacional em diálogo com o
professor”, onde abordo a atuação do Orientador Educacional frente ao corpo docente; “A
atuação presencial e a atuação virtual”, em que trago acerca do fazer do Orientador
Educacional na modalidade remota e na modalidade presencial; “O ambiente virtual e os
paradigmas da escola”, onde procuro abordar os avanços que a utilização das tecnologias
proporcionaram para o fazer dos educadores frente aos padrões da escola. No terceiro capítulo
“Considerações Finais” apresento minhas considerações formuladas a partir do estudo
investigativo realizado.
12

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo trato de abordar minhas posições conceituais no que se refere ao fazer
do Orientador Educacional, o uso das TIC’s e formação integral. Além disso, busquei
estabelecer as afinidades entre as temáticas com a finalidade de firmar a ideia dos benefícios
do uso das TIC’s para a atuação do Orientador Educacional com vistas à formação integral do
sujeito.

2.1 ORIENTADOR EDUCACIONAL: O QUE COMPETE A ESTE


PROFISSIONAL?

Neste título tive por intenção abordar acerca do fazer do Orientador Educacional e o
que compete a este profissional. De maneira abrangente, o Orientador Educacional, atua
juntamente com a assessoria pedagógica, tendo uma função que atua nos diferentes segmentos
da escola e, consequentemente, desenvolvendo suas propostas e atuando com toda
comunidade escolar. Em outras palavras, o Orientador Educacional é um agente chave na
equipe gestora, desenvolvendo experiências que signifiquem a aprendizagem e que colaborem
para a reflexão tanto do corpo docente, como dos alunos e familiares.
O Orientador Educacional foi conquistando seu espaço, buscando reconhecimento e
firmando a importância do seu fazer. Fica evidente, ao buscarmos acerca da função do
Orientador Educacional, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) o quanto este
profissional foi conquistando seu espaço através de evidências do seu fazer dentro dos
espaços em que atua. No passado, este profissional era visto como alguém que tinha um papel
que aglutinava diferentes funções, mas tendo como base e desafio manter a unidade escolar da
melhor forma possível. Na LDB de 1996 (BRASIL, 1996, p.12):

[...] a orientação educacional não aparece explicitamente, mas em seu artigo nº. 64
vemos que a formação de profissionais de educação para orientação educacional na
educação básica será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de
pós-graduação, garantindo desta forma a base comum nacional.
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Portanto, é possível afirmar que pouco a pouco o profissional que atua na orientação
educacional foi assumindo importante destaque aos colaboradores da escola, desenhando seu
papel com respaldo nas leis que regem a escola, o que gera reconhecimento à atuação do
Orientador Educacional e esclarece o que o compete tanto para quem atua como para quem
necessita buscar pelo seu apoio.
E afinal, o que compete ao Orientador Educacional? Segundo Vernes (2011, p.13) o
Orientador Educacional é um “agente importante da equipe gestora e democrática, e o seu
papel frente ao desenvolvimento de uma aprendizagem significativa para a formação de um
cidadão crítico e reflexivo”. Isto é, o Orientador Educacional tem como objetivo auxiliar os
alunos em um âmbito geral, englobando o comportamento e o rendimento escolar. Destaco
ainda o papel mediador do Orientador Educacional, seja na relação professor-aluno, seja na
relação escola-família, podendo assim contribuir e melhorar as relações dentro e fora de sala
de aula.
Trago ainda o papel do Orientador Educacional que age na busca pela ampliação de
recursos para resolução de problemas, visto que é seu papel auxiliar em um âmbito geral a
comunidade escolar, contribuindo para um bom rendimento tanto do aluno como dos
profissionais. Além disso, auxilia na “saúde” do ambiente, trazendo possibilidades para uma
boa relação com colegas e professores, bem como a união da família com a escola como
forma de auxiliar no desenvolvimento dos alunos, na dinâmica de trabalho e na parceria
família-escola.
Estreitar os laços entre as famílias e a escola é essencial e auxilia o entendimento de
possíveis situações. Acionar as famílias pode significar pontuar algumas questões que estão
aparecendo no ambiente escolar e que, de alguma maneira, podem ou não estar repercutindo
em casa. O Orientador Educacional, muitas vezes, realiza o papel de elo para que as famílias
compreendam a importância de um trabalho que é sempre em prol da criança através da
parceira família-escola. Em algumas situações, se faz necessária uma conversa com
determinada família mesmo que o possível desafio a ser contornado não seja em casa, até
porque os profissionais não conseguem descobrir a origem sem que haja um encontro para
discutirem sobre o tema.
Acredito que as trocas de informações com os familiares e/ou responsáveis acabam
sendo essenciais para que o Orientador entenda o contexto e possa discernir algumas
intervenções a serem realizadas na escola e que, possivelmente, possam ser realizadas em casa
também, para que todos "falem a mesma língua" tornando eficaz tal intervenção. Devemos
olhar prospectivamente, visando o futuro da educação:
14

O mundo está mudando, as escolas precisam mudar, e o diálogo com os pais é


crucial nesse processo, uma vez que eles podem desempenhar um papel significativo
na evolução da escola. [...] Inovação é a chave. Em um mundo em transformação,
pensamos que em 2030, por exemplo, os alunos precisarão estar capacitados tanto
em termos de novas tecnologias e da ênfase na criatividade como também no
desenvolvimento de habilidades emocionais, autoconhecimento e pensamento
crítico. (FINLÂNDIA..., 2017)

2.2 O USO DAS TIC’S: A QUE VIERAM

Neste título tive como desígnio abordar a utilização das TIC’s e suas possibilidades,
principalmente a partir do contexto atual em que se encontra o mundo todo. Diante disso, a
intenção foi de atrelar sua utilização ao fazer do Orientador Educacional, utilizando como
recurso para a garantia do seu papel dentro da jornada escolar. Se sabe que a utilização de
TIC’s no contexto educacional não chegou em 2020 por implicação da pandemia, mas diante
da conjuntura, os profissionais que já tinham domínio de sua utilização foram essenciais para
o desenrolar das demandas que iam surgindo, dando suporte aos que estavam se
familiarizando com as novas ferramentas.
O que foi possível notar é que o processo de adequação do ensino presencial para o
ensino remoto foi tornando-se menos pesado à medida que os educadores iam apropriando-se
das tecnologias utilizadas nas instituições em que atuam. Isso não significa que todos os
desafios foram contornados, ainda há muito o que percorrer, mas se todos estiverem unidos,
de mãos dadas, o caminho será construído em rede, com maiores possibilidades de trocas.
Como mencionado, o mundo todo está passando por um período delicado, o
enfrentamento de uma pandemia em consequência do vírus COVID-19. Além disso, não
sabemos, ainda, o desenrolar de nossa situação frente esse vírus. A pandemia não encerrou, os
desafios seguem sendo grandes, mesmo assim, as escolas seguiram conectadas com a
comunidade, de qual forma? Aliadas ao uso de tecnologias, garantindo a continuidade do
processo de aprendizagem dos estudantes através de outros recursos.
A partir do contexto dos alunos devemos refletir sobre a nossa prática, e isso cabe
para todos os envolvidos no projeto educativo. É primordial pensarmos sobre o nosso fazer
pedagógico, a reflexão faz parte do processo. Cada educador faz a sua experiência no seu
tempo, e é pensando nesse viés que devemos sempre pensar no tempo de cada indivíduo que
15

temos em nossas escolas. A educação deve ser fomentada pelo desejo dos sujeitos em
participarem ativamente do ambiente escolar e da sua comunidade. Precisamos de pessoas
criativas, questionadoras, que sejam agentes do seu próprio conhecimento, que inovem a
cultura e promovam, solidariamente, as transformações no seu meio.
Frente a isso, não podemos negar o que possibilitou a garantia da aprendizagem de
diversos alunos ao longo do ano de 2020, o ensino remoto. A comunidade educativa foi
desafiada a estreitar seus laços e firmar a parceria criada entre família e escola. O uso de
plataformas que antes não eram utilizadas com frequência, ou ainda nunca utilizadas, foi a
ponte entre a escola e a casa de alunos e educadores. As TIC’s são compreendidas como o
conjunto de recursos tecnológicos utilizados de forma integrada e têm propiciado inúmeras
mudanças no cenário mundial e nacional, seja no comportamento dos indivíduos como na
forma com que estes se comunicam e se relacionam (COSCARELLI, 2007). Diante deste
cenário, não se pode deixar de notar como as TICs têm propiciado o desenvolvimento das
relações entre docentes e discentes ao estreitar as fronteiras do conhecimento, garantindo que
a manutenção de vínculos e o trabalho a ser desenvolvido fossem possíveis.
A educação vive momentos difíceis, porém, ganha uma importante missão: preparar
os indivíduos para se adaptarem aos novos saberes, desenvolverem suas habilidades,
aceitarem desafios e tornarem-se atuantes e agentes de toda uma nova geração que transforma
o mundo e transforma-se a partir de um rico movimento, onde aprender e ensinar são ações
indissociáveis que modificam as condutas humanas e tornam os homens sujeitos de sua
própria educação. Como aborda LOPES (2013):

[...] as tecnologias passam também a influenciar os aspectos sociais, econômicos e


políticos, exigindo novas formas de gerir nos sistemas de ensino. Isto faz com que
não só o professor reveja seus conceitos metodológicos e de aprendizagem, como
também se tenha na equipe gestora um Orientador Educacional para elaborador,
orientar, colaborador, coordenador, e mediar ações, junto aos professores, que visem
à aprendizagem vinculada à análise, compreensão e apropriação correta dos recursos
tecnológicos da área da informação e comunicação na prática interativa educacional
(LOPES, 2013, p. 3-4).

Não há dúvida de que a agregação do uso das novas tecnologias no ensino pode
proporcionar a efetivação de aulas mais criativas e melhor recebidas pelos alunos, mas a
presença das tecnologias digitais nas práticas tem levado à pseudo-inovações, uma vez que
realizam a inserção desses artefatos apenas para suportar ou modernizar práticas pedagógicas
tradicionais, o que neste ano ocorreu a fórceps. O uso de tecnologias pode ser mediador de
16

acesso ao conhecimento, à cultura e à partilha de experiências. A forma como cada


profissional utiliza a tecnologia varia bastante de acordo com as experiências, os recursos
disponíveis e a estrutura organizacional da instituição. Tais práticas acabam reverberando
tanto na ação dos professores, quanto no que é ofertado aos alunos.

A frustração de pais e educadores é perceber que a tecnologia, nos últimos anos,


ultrapassou em muito a capacidade de disseminação de conhecimento da sala de
aula. Enquanto se discutem a ampliação do uso de laboratórios de informática,
lousas com telas sensíveis ao toque e a substituição de apostilas por tablets, outras
inovações são criadas em uma grande velocidade, e qualquer iniciativa que busque
acompanhar o passo tecnológico parece já nascer ultrapassada (BORBA, 2019, p.
29).

Para que as novas tecnologias façam parte da vida escolar ativamente daqui por
diante, é preciso que alunos e professores a usem de forma correta. E o que quero dizer com
isso? Logo, um componente fundamental é a formação inicial e continuada de professores e,
consequentemente, dos alunos e/ou seus responsáveis. A partir disso, estes podem
desenvolver práticas de ensino inovadoras, se utilizando de todo potencial das tecnologias
disponíveis. O acesso às tecnologias deve ajudar gestores, professores, alunos, pais e
funcionários a transformar a escola em um lugar democrático, promovendo ações educativas
que ultrapassem os limites da sala de aula, instigando o educando a ver o mundo muito além
dos muros da escola, respeitando os pensamentos e princípios do outro.
Sendo assim, os educadores devem ser capazes de reconhecer as diversas formas de
pensar e as curiosidades do aluno a partir da exploração dessas tecnologias. A utilização dos
espaços virtuais para as práticas docentes apresenta-se como uma das possibilidades que o
ensino híbrido traz, permitindo inovações para a aprendizagem dos alunos, pois a sala de aula
se amplia, tornando possível que o mundo seja uma sala de aula.

2.3 FORMAÇÃO INTEGRAL: QUEM ESTAMOS FORMANDO

Neste título tive por base analisar as relações do Orientador Educacional e a


formação integral do sujeito. Atrelado ao tema, é importante destacar a relevância de um olhar
cuidadoso do profissional que atua como Orientador Educacional, visto que esta deve ser uma
garantia e que, possivelmente, auxilia na formação do sujeito que se sente seguro e cuidado.
17

Creio que a experiência humana é mais rica do que qualquer uma de suas
interpretações, pois nenhuma delas, por mais genial e “compreensiva” que seja,
poderia exauri-la. Aqueles que embarcam numa vida de conversação com a
experiência humana deveriam abandonar todos os sonhos de um fim tranquilo de
viagem. Essa viagem não tem um final feliz – toda a felicidade se encontra na
própria jornada (BAUMAN, 2003, p. 9).

Concordando com as palavras de Bauman, acredito que a educação passa por um


caminho difícil, mas este caminho nunca foi pronto, sempre estivemos caminhando juntos
enquanto educadores, alunos, famílias, enfim, comunidade. Devemos ter clareza de uma
educação reflexiva, contínua e de todos. A partir do momento que se coloca a educação como
direito de todos, segundo a Constituição Federal de 1988, deve-se refletir acerca da
caracterização da escola. Hoje, a escola moderna é vista como grande instituição envolvida
com o disciplinamento dos corpos infantis. Devemos pensar: o que os corpos fazem do
espaço? Qual é, então, o perfil do nosso aluno e o que ele faz de si na escola, quem ele é na
escola? Este local em que se encontra o aluno trará muito sobre a lógica econômica que atinge
a todos, porém de formas distintas. O que está diretamente ligado ao cuidado com o sujeito, a
busca por um olhar atento e sensível para com o aluno.
É de suma importância que se estabeleça uma ordem política, social e econômica que
tenha como meta a preservação da dignidade humana. A realidade de uma instituição deve,
acima de tudo, primar pelos direitos conquistados a partir da legislação, trazendo para a escola
a importância de valores nos quais serão peças chave do nosso quebra-cabeça do ensino-
aprendizagem. Docentes e discentes construindo juntos o processo, buscando através da
solidariedade, justiça, fraternidade, amor, inclusão, respeito, caridade, perdão (etc) formar
cidadãos com excelência humana e não somente acadêmica, o que se torna um diferencial no
caminho da educação.
A formação integral do sujeito atrela-se diretamente com seu desenvolvimento
global, que envolve diferentes dimensões como: cognitiva, social, afetiva, emocional,
espiritual-religiosa entre outras, assim como coloca Jaqueline Moll (2009, p.86) ao dizer que:
“a educação integral abarca o desenvolvimento de capacidades cognitivas, mas inclui
igualmente o desenvolvimento de valores, atitudes e outras habilidades que incidem nos
planos físico, mental, moral, espiritual e social de estudantes.
Hoje nosso desafio é centrar o sujeito da aprendizagem e, além de vê-lo como parte
integrante e fundamental do currículo, é preciso que a aprendizagem seja para ele, um ser real,
que têm vida e carrega consigo uma bagagem de vivências e direitos. No Art. 16 do Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA), são especificados, por exemplo, os aspectos que
18

compreendem o direito à liberdade, dentre os quais se destaca: [...] IV – brincar, praticar


esportes e divertir-se (BRASIL, 1990).
Penso na instituição escolar, como um espaço de transformação, que muito além de
apenas “produzir conhecimento”, deve ser um lugar que possibilite a reflexão dos alunos,
possibilitando um currículo que valorize suas vivências e experiências e que problematize
questões que parecem estar dadas, mas que podem ser modificadas por eles. Este é peça chave
e, quando mediada pelo Orientador Educacional, assessora e qualifica o trabalho realizado.
Nesse sentido deve-se valorizar a atuação do Orientador, tendo-o como um pilar do processo
educacional. Queremos que nossos alunos pensem e façam seus futuros como seres atuantes
de sua formação. Para isto ocorrer precisamos de docentes com um olhar sensível para o
desenvolvimento de cada um e cada uma, que busquem a qualificação do que realizam em sua
jornada, através do suporte junto aos demais membros da equipe escolar, entre eles o
Orientador Educacional, com a garantia deste trabalho a formação integral do sujeito ocorre
de forma natural, no decorrer da sua trajetória escolar.
É importante refletir, também, que cada aluno tem seu tempo de aprendizagem e os
seus interesses por determinado assunto, porém é função do educador ampliar esses interesses
aliando-os a suas intenções e obrigações, pois assim, não será realizado um trabalho “raso”,
explorando o interesse dos alunos sem saber onde se deseja chegar com determinado
conteúdo. Pensar em docência implica refletir acerca da prática de sala de aula, vemos como
uma cumplicidade entre alunos, professores e até mesmo as famílias, que de uma forma ou
outra fazem parte do processo de aprendizagem. O Orientador Educacional atua neste
processo como ponte entre os envolvidos, pois como mencionado anteriormente, a
cumplicidade com a família dos alunos é essencial no processo.
A formação integral do sujeito necessita alinhar-se com o seu meio, de modo que
seja possível atuar na perspectiva de sanar as dificuldades encontradas, antes vistas como
essenciais para seu desenvolvimento. Se faz necessário dar um passo para trás, saindo do topo
de forma vertical para que seja possível vislumbrar uma posição horizontal no processo,
valorizando as trocas de experiências com os demais.
O trabalho educativo é inteiramente necessário, mas não é uma demanda fácil,
devendo, sua definição filosófica, estar pautada em ideais de transformação das
contemporâneas conjunturas. Deve-se almejar um ambiente em que todos tenham autonomia
para pensar, criar, refletir, onde as diferenças, os erros e as contradições façam parte do
processo de construção do conhecimento e que suas habilidades, aptidões e potencialidades
sejam desenvolvidas. Isso faz parte de um sujeito formando integralmente, um ser que se
19

permite errar e que compreende que isso faz parte do processo, mas mais ainda, um educador
que entende dessa forma. A formação integral requer um olhar atento ao sujeito, assim como
aborda Luiz Fernando Klein (2017):

A Educação Integral é a que: 1) exerce uma ação do tipo abrangente,


envolvente, integrador, compreensivo, sistêmico, sobre o processo
educacional; 2) olha o sujeito a partir de vários ângulos, identificando os
elementos que considera importante fomentar para que a educação seja
completa (KLEIN, 2017, p. 1).

Todas as crianças têm direito de criticar, pesquisar, ser cidadão com potencialidades,
praticar habilidades, atuar no meio social, econômico, político e cultural, pois a escola deve
querer a formação de um homem sensível, solidário, aberto às críticas, fraterno e responsável.
É o que se deseja para o mundo em que se vive atualmente, mesmo diante de todos os
desafios que sabemos que são necessários ultrapassar, bem como que sejam capazes de
solucionar seus problemas através do diálogo e da troca de experiências no intuito de
crescerem e se desenvolverem cada vez mais.
20

3 DESENVOLVIMENTO DA EXPERIÊNCIA

Para expor como o Orientador Educacional se utiliza de TIC’s tendo como horizonte
a formação integral do sujeito, realizei um diálogo semiestruturado, com a intenção de
possibilitar uma conversa com a Coordenadora do Serviço de Orientação Educacional de uma
escola da rede privada de Porto Alegre. A partir da conversa foi possível compartilhar e
provocar novas reflexões sobre o tema. O diálogo realizado não estará apresentado na íntegra
nesse trabalho, trago recortes no decorrer da escrita para conhecimento do tema abordado com
a entrevistada. É importante salientar que para a rede educacional em que a entrevistada atua,
é necessário considerar as diferentes áreas do conhecimento, as características do perfil dos
educandos, as particularidades das faixas etárias e do que dispõe a instituição como mediação
para os processos educativos (REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO, 2016). Sendo assim, já é
possível notar algumas pistas no que se refere ao olhar dos educadores para com os alunos.

A pesquisa não é para nos dar certezas, mas para possibilitar o questionamento de
“verdades” já instaladas e abrir novas alternativas de busca. A pesquisa, que
problematizando o mundo e a minha existência no mundo, me possibilita assumir a
minha presença como educador e educadora, também me faz reverenciar as
perguntas que meus alunos e minhas alunas fazem e compartilhar com eles esta bela
e fascinante aventura que é conhecer (ALBUQUERQUE, 2001, p. 231).

A escolha da pessoa a participar da conversa, durante uma pesquisa, é um ponto


fundamental, segundo Gaskell (2003). Pensando acerca do fazer do Orientador Educacional e
a utilização de TIC’s, não pensaria em outra pessoa senão a entrevistada. A contribuição da
Coordenadora do Serviço de Orientação Educacional na presente pesquisa foi muito especial
para mim. Além de ter um vasto conhecimento acerca da dinâmica da escola e do papel em
que atua, pelos mais de 30 anos de experiência na instituição, inclusive quando fui aluna do
terceiro ano do Ensino Médio, na época atuou como Orientadora Educacional na equipe,
participando, inclusive, com estratégias que auxiliavam na escolha profissional dos alunos.
Sendo assim, posso dizer que se optei pela área da educação, a entrevistada contribuiu para
isso e, posso afirmar, para a minha satisfação profissional.
Para explorar o tema com a entrevistada, foram elaborados dez tópicos com
perguntas a serem refletidas e compartilhadas. Dessa forma, foi possível dirigir a pesquisa,
mas deixando a entrevistada à vontade para expor o que julgasse necessário acerca do tema. A
21

pesquisa qualitativa caracteriza-se pela intenção de realizar uma interpretação dos fatos.
Ludke e André (1986) asseguram que:

A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o
pesquisador como seu principal instrumento. Segundo os dois autores, a pesquisa
qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a
situação que está sendo investigada, via de regra através do trabalho intensivo de
campo (LUDKE e ANDRÉ, 1986, p. 11).

Por conhecer o trabalho da entrevistada de outras épocas, em alguns momentos da


pesquisa, emergiram algumas memórias afetivas, o que fez com que fosse rememorado,
inclusive, os motivos da escolha profissional. A entrevistada se manteve disponível para
explicações posteriores a entrevista, colaborando com a temática.

3.1 PERCEBENDO O DIÁLOGO: PERCEPÇÃO DA COORDENADORA


ENTREVISTADA

Neste tópico, analisar-se-á, na visão da Coordenadora do Serviço de Orientação


Educacional, o fazer do Orientador Educacional atrelado ao uso das TIC’s. A partir da análise
da entrevista realizada, irei apresentar algumas categorias que nasceram a partir da pesquisa
de campo.
As contribuições da entrevistada enriqueceram a presente pesquisa, trazendo
reflexões, questionamentos e informações de suma importância para a realização deste
trabalho. Sua visão abrangente acerca do tema possibilitou compreender a atuação do
Orientador Educacional em diferentes espaços da escola, visto que atua como coordenadora
do setor há muitos anos, tendo conhecimento do que ocorre da Educação Infantil ao Ensino
Médio acerca do papel dos Orientadores Educacionais da instituição.

3.1.1 O Orientador Educacional em diálogo com o professor

Ao refletir acerca do papel do Orientador Educacional com relação aos professores, é


importante mencionar que toda ação do profissional que atua como orientador está sempre
unida ou atrelada a outro(s) membros da escola. O que quero dizer com isso é que o
22

desenvolvimento de propostas pensadas pelo Orientador Educacional é colocado em prática


em parceria com outros educadores da escola, firmando a importância de um trabalho
realizado em conjunto, em rede, com foco no desenvolvimento integral do sujeito. Ou seja, o
Orientador Educacional nunca está (ou pelo menos não deveria estar) sozinho. A escola existe
com pessoas atuantes que, juntas trabalham em prol do mesmo, o aluno. Ele é quem deve
estar no centro do processo.

Hoje a educação não deve ser mais entendida como transmissão de conhecimentos e
saberes prontos. A educação, aliás, nunca foi boa quando foi apenas instrução,
transmissão de saberes. Educar significa criar experiências de aprendizagem e não
transmitir coisas já prontas, saberes já supostamente definidos. Ninguém aprende se
não cria junto com aquele que ensina o conhecimento. Aprender significa construir
experiências de aprendizagem. O fruto da escola deve ser o aprender a aprender,
aprender a acessar formas de aprender. Aprender a fazer experiências de
aprendizagem (ASSMANN, 2000, p. 293).

A atuação do Orientador Educacional para com o corpo docente da escola ocorre


como mediador de situações: orienta, dialoga, escuta de forma atenta, ativa e afetiva. Sim,
afetiva, pois se faz necessário desmistificar a figura do Orientador Educacional que era
buscado apenas para resolução de problemas e conflitos. Deve-se pensar o porquê ter sido
assim por tanto tempo. Hoje vemos profissionais que valorizam as qualidades dos demais e
suas potencialidades, assim como fragilidades e limitações e está tudo bem, isso faz parte da
aprendizagem e do crescimento enquanto pessoa e colaborador.
Para a entrevistada o seu papel está firmado na acolhida. Se faz necessário
tranquilizar o grupo de educadores, não só na resolução de problemas, mas no que ela chama
de se reinventar na função. Esta reinvenção, no seu ponto de vista, deve estar atrelada com
coerência, mantendo a identidade dos profissionais e nunca esquecendo qual é o papel de cada
um. Além disso, se faz relevante não perder o prazer, o encanto pelo que se faz.
O Orientador Educacional, frente a isso, atua como um acompanhante. Diante de
receios e desafios colocados pelos professores, ele acompanha a gradativa mudança, o
encorajamento, o fazer. Enquanto ensina, aprende e vice versa, transforma e se transforma,
(re)construindo maneiras de atuar e se fazer presente aos que lhe solicitam. Além disso, se faz
necessário um olhar atento e sensível para alcançar aqueles que ainda assim não se permitem
buscar as trocas de experiências e apoio. Segundo Larrosa:

Quando fazemos coisas com as palavras, do que se trata é de como damos sentido ao
que somos e ao que nos acontece, de como correlacionamos as palavras e as coisas,
de como nomeamos o que vemos ou o que sentimos e de como vemos ou sentimos o
que nomeamos. Nomear o que fazemos, em educação ou em qualquer outro lugar,
23

como técnica aplicada, como práxis reflexiva ou como experiência dotada de


sentido, não é somente uma questão terminológica (2002, p. 21).

A função do Orientador é, também, de praticar a escuta atenta, ao refletir acerca do


fazer de sala de aula, comprometendo-se a caminhar junto com o professor e, se necessário,
refazer a caminhada ao longo do percurso. Parar, pensar, discernir, aprimorar práticas, trocar
entre os pares. A escola, como já mencionada, é feita de pessoas e para pessoas que trazem
em sua bagagem sentimentos, vivências, experiências. Pessoas que se desafiam diariamente,
que autorregulam suas emoções para agir com responsabilidade e em coerência com o que
pensam, sentem, valorizam, visando o alcance de metas e objetivos com consciência e
criatividade, pois:

Compreender o mundo, compreender os outros, compreender a si e compreender as


interações que estes vários componentes estabelecem (...) é o alicerce da vivência da
cidadania. É através da compreensão que nos preparamos para a mudança, para o
incerto, para o difícil (ALARCÃO, 2005, p. 23, 24).

Para se envolver com sentido e comprometimento em seu fazer é importante


entender o mundo em que se está inserido. O papel do professor é desafiante, logo, o do
Orientador Educacional, não seria diferente. Entendendo que as diferentes frentes da escola
caminham juntas, os desafios também caminharão em conjunto, o que os tornam mais leves e
possíveis de serem contornados.

3.1.2 A atuação presencial e a atuação virtual

O Orientador Educacional tem sua ação ligada diretamente às pessoas e às trocas. A


chegada de uma pandemia em 2020 forçou uma atuação virtual de educadores mundialmente,
o que trouxe ainda mais desafios e aprendizados. Com isso, a atuação do Orientador
Educacional teve que ser reinventada, adequando-se ao ambiente virtual. Segundo a
entrevistada, foi necessário em sua atuação colaborar na reorganização frente ao novo
processo de ensino, repensando alguns pontos como: o currículo, o planejamento, na transição
do presencial para o virtual – auxiliando tanto os educadores quanto alunos e familiares –
apoio aos professores, inclusive emocional, para se sentirem seguros, capazes e apoiados em
seu fazer. Cada sujeito envolvido no processo de ensino-aprendizagem é único, portanto,
24

atentar a afetividade que é colocada tanto no fazer presencial quanto no virtual, é pensar nas
pessoas envolvidas neste percurso.

Sem um EU forte e diferenciado enfraquece-se o instrumento de conhecimento. Por


conseguinte, é possível e necessário agir indiretamente sobre a inteligência, atuando
sobre o sujeito, no plano afetivo. No primeiro ano de vida, estimulação da
inteligência é rigorosamente sinônimo de nutrição afetiva. Isto continuará a ser
necessário, embora deixe de ser suficiente. Ao longo de toda a infância a
temperatura afetiva desempenhará o papel catalisador da atividade cognitiva. Sem
vínculo afetivo não há aprendizagem (DANTAS, 2002, p. 58).

Fez-se necessário atuar remodelando a relação com alunos e famílias, trabalhando


constantemente na manutenção de vínculos. Essas conexões formam uma tríade, onde a
escola, a família e o sujeito se fortalecem e trabalham em rede. Essas relações trazem
benefícios para o desenvolvimento emocional, favorecendo um ambiente de confiança
essencial para o crescimento. A entrevistada traz acerca da relação com a Rede de Pais da
escola, abordando benefícios na utilização do ambiente virtual. Coloca que foi possível
estreitar laços, criando uma relação mais profunda com a rede.
Por outro lado, a entrevistada comenta o quanto o ambiente virtual empobrece o afeto,
complementando que o presencial, no seu ponto de vista, é insubstituível, não tendo o calor da
presença física, de poder estarmos próximos. Isso gerou um empobrecimento, mas que sempre
se manteve esperançosa, com a expectativa do retorno presencial. Ela coloca que vê mudanças
a partir do que foi vivido, como a possibilidade de uma atuação presencial mesclada com a
virtual, trazendo acréscimo de tempo, otimizando-o. Com a mescla é possível serem
realizadas melhores entregas e, ainda, entregas mais rápidas.

A afetividade se constitui como uma das habilidades que as profissionais (...)


precisam utilizar para elaboração das propostas pedagógicas, no planejamento das
atividades e na mediação das relações entre professora-criança, entre criança-criança
e entre as crianças e os objetos de conhecimento. Dessa forma, a dimensão afetiva é
inerente à função primordial (...), cuidar e educar (CACHEFFO e GARMS, 2015, p.
25).

Independente se a mediação for presencial ou virtual, o Orientador Educacional deve


se utilizar das interações através do afeto, pois este acaba sendo um fator determinante nas
relações escolares. As marcas afetivas acabam tendo a capacidade de contágio, o educador
que se utiliza de uma atuação de forma afetiva acaba por atingir as pessoas e a ser lembrado
posteriormente de forma positiva. Além disso, colabora para que o estudante esteja mais
disponível e receptivo para novas descobertas, experiências e vivências.
25

Engana-se quem pensa que o ambiente virtual não pode transmitir afetividade. É claro
que as interações virtuais e presenciais são distintas, mas as possibilidades de um ensino
remoto depende, também, do querer dos envolvidos, ou seja, dos estudantes e educadores.

3.1.3 O ambiente virtual e os paradigmas da escola

Ao pensar sobre o que o mundo viveu e vem vivendo a partir dos desafios impostos
pela pandemia já mencionada, devemos lembrar, também, dos avanços obtidos a partir deste
cenário. Os modelos atuais educacionais, de modo geral, não são alterados da noite para o dia,
estes modificam-se a partir de muito discernimento, mas o que foi realizado ao longo do ano
de 2020 trouxe algumas possibilidades que, acredito eu, vieram para ficar. A reinvenção foi a
chave do processo.

Pode-se dizer que a mudança em nosso papel (...) está relacionada à mudança de
paradigma que vivemos a partir do final do século XX. Fenômenos de impacto
mundial, como a globalização, o maior acesso à informação e, mais recentemente, os
espaços digitais e virtuais construídos a partir da tecnologia e do surgimento da
internet, transformaram muitas profissões (BORBA, 2019, p. 68).

Os educadores, entre eles o Orientador Educacional, podem atuar e interagir num


contexto híbrido e, para Schlemmer e Lopes (2014), criando pontes entre as realidades
presencial física e digital virtual, na perspectiva da realidade misturada. E como os
educadores se situam diante do novo contexto? Espera-se que os educadores busquem novas
formas de comunicação, de interagir, mas se percebe que apenas apropriar-se
tecnologicamente não é o bastante.
Este cenário estabelece que se possa refletir acerca da criação e do desenvolvimento
de estruturas que possam tornar as prováveis mudanças e necessidades possíveis como, por
exemplo, a formação continuada dos educadores e a articulação das informações atuais.

Com efeito, a mudança de paradigma e de filosofia educacional, para uma educação


digital em rede, exige uma política ativa de formação docente, de apropriação
digital, a fim de propiciar a criação e o desenvolvimento de metodologias e práticas
pedagógicas, mais coerentes com esse tempo histórico e social e que considerem as
especificidades e potencialidades dos novos meios, a fim de propiciar acréscimo em
termos de qualidade, por meio de programas de formação/qualificação com
tecnologias digitais conectivas, nos quais cada um pode se transformar num co-
produtor, contribuindo para fazer emergir novas ecologias educacionais
(MOREIRA; SCHLEMMER, 2020, p. 27-28).
26

Ao ser questionada sobre as possibilidades de atuação do Orientador Educacional no


contexto vivido em 2020, a entrevistada coloca que muito diferente do que foi realizado não
seria possível alcançar. Não se tinha alternativas para um “plano B” e, hoje, o ensino híbrido
torna-se o “plano C”. A repercussão do que foi possível ser realizado foi boa, sem
reclamações. Com a devida preparação para a utilização de novas ferramentas abrange-se o
leque de possibilidades de atuação.
Lidar com o domínio de novas ferramentas a curto prazo não é uma tarefa fácil.
Desse modo, preparar-se para sua utilização é primordial. A entrevistada traz que lidar com as
novas ferramentas foi cansativo, principalmente pelo fato de serem muitas questões a resolver
rapidamente. Além disso, muitas preocupações surgiam diariamente e, com isso, maior
ansiedade. O que ela aborda é que as formações realizadas ao longo do percurso foram
auxiliando a lidar com isso, mas que até dominar a ferramenta o processo foi um pouco
demorado.
Flexibilidade, adaptação e resiliência foram fundamentais neste processo de
reinvenção, segundo a entrevistada, mas ela destaca que alguns têm isso mais construído,
outros não, sendo necessário maior tempo de organização para o que estava sendo posto.
Diante dessas questões, o primordial para o fazer do Orientador Educacional perante o
ambiente virtual ao romper os paradigmas foi atuar na busca do acolhimento. Fazer com que o
corpo docente se sentisse apoiado, cuidado. O docente se sentindo cuidado enfrenta os
desafios com força e se sentindo parte da escola. Ficou claro que o sentimento de
pertencimento se fez muito importante diante dos desafios. Porém, a entrevistada aborda que
este não é um papel apenas do Orientador Educacional, mas sim de toda equipe: “É uma
orquestra, cada um tem um instrumento, formando-se um conjunto.”
O fato de ter trazido os pais para dentro das salas de aula rompeu paradigmas, traz a
entrevistada, comentando que a experiência foi emblemática. Ela afirma que a escola pode
sim ser parte virtual, a partir da experiência vivida, e que com certeza saímos desta
experiência com muitas novidades. O importante é que a experiência faça sentido para os
envolvidos.

Para que uma aprendizagem significativa possa acontecer, é necessária a


disponibilidade para o envolvimento do aluno na aprendizagem, o empenho em
estabelecer relações entre o que já sabe e o que está aprendendo, em usar os
instrumentos adequados que conhece e dispõe para alcançar a maior compreensão
possível. Essa aprendizagem exige uma ousadia para se colocar problemas, buscar
soluções e experimentar novos caminhos, de maneira totalmente diferente da
aprendizagem mecânica, na qual o aluno limita seu esforço apenas em memorizar ou
estabelecer relações diretas e superficiais. (...) A aprendizagem significativa depende
27

de uma motivação intrínseca, isto é, o aluno precisa tomar para si a necessidade e a


vontade de aprender (BRASIL, 1997, p. 64).

Schlemmer (2013) aborda acerca do que as instituições estão buscando, a


modificação de costumes conservadores, alterando-se para que a inovação possa surgir.
Mudar implica trocar um pensamento que afasta, que ocorre de forma linear e
hierarquicamente, por um pensamento que une, inclui, relaciona, trabalha em rede e de forma
heterárquica. Se faz necessário abandonar a rigorosidade da lógica clássica por uma ideia em
que as noções contrárias convivam.
Dentre os desafios da educação atual é o de estimular o estudante para que ele se
torne protagonista de sua aprendizagem, dando sentido e valorizando o que lhe é
disponibilizado, aproveitando ferramentas, informações, trocas e dúvidas. Diante disso,
diferentes formas de abordagem podem (e devem) ser aproveitadas, pois, assim, através de
diferentes métodos, é possível atingir o nível de compreensão de diferentes pessoas. Para que
isso ocorra, é fundamental uma organização prévia, levando em consideração os tempos de
cada um e os espaços a serem utilizados.
Diante do cenário colocado, o Orientador Educacional atua de forma a articular as
diversas possibilidades de fazer a aprendizagem acontecer, orientando e acolhendo os
envolvidos neste processo, contribuindo para a educação do futuro. É sabido que o percurso
educacional nunca esteve nem estará pronto, ele vai sendo construído ao longo da caminhada
com o auxílio de muitas mãos. Compreender desta forma também é um dos passos desta
caminhada e que deve ser levada na trajetória de cada educador.
A partir disso, é importante ponderar duas perguntas para reflexão: Que escola quero
ter? Que Orientador Educacional quero ser? Conhecer a instituição em que atua e a si mesmo
são premissas de suma importância para aprender e se desenvolver. Enquanto educador, é
dever questionar-se e buscar ampliar a concepção de si mesmo.
Quando fragilidades são reconhecidas se torna maior a possibilidade de busca de
desenvolvimento, de informação, de trocas entre pares. Um possível problema é que nem
sempre se desperta para o reconhecimento, deixando de lado a oportunidade de transformação
individual e coletiva que poderia ser desencadeada por meio da utilização de novas
ferramentas, por exemplo.
Se faz importante ter clareza de que a sala de aula está se modificando, e a
mentalidade da comunidade escolar também. É indispensável compreender que a escola está
se adaptando a uma realidade em que o educador ensina e aprende constantemente. Muitas
dúvidas seguirão surgindo, e é difícil responder a todas, mas seguramente ao envolver-se com
28

a temática, compreendendo-a, será possível se preparar para as mudanças que ainda estão por
vir caso seja construído um caminho coletivo, hoje.
Este caminho deve colocar a formação integral como ponto principal no desenrolar da
escola do futuro. Só será possível transformar a educação se forem desenvolvidas inovações
ao formar diferentes métodos de ensinar, aprender e interagir. Essas inovações nascem de
transformações significativas e de inovação. Se faz necessário propor o novo, do contrário
nada se transformará. Desse modo, para além da reestruturação física da escola, se deve
refletir acerca da chegada de novas tecnologias, tendo como horizonte a contemplação de
discussões sobre o tema e a utilização de seus recursos de forma fluente, possibilitando a
transposição dos limites físicos e temporais da sala de aula.
29

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muitas reflexões surgem a partir da realidade atual, ao trazer a problemática acerca


da utilização de TIC’s no fazer do Orientador Educacional tendo como horizonte a formação
integral do sujeito, pode-se perceber o quanto o ensino remoto possibilitou novas
oportunidades e métodos de atuação dos orientadores. Do mesmo modo, colocar em prática
novas metodologias a curto prazo foi desafiante, cansativo, mas possível. Executável pelo fato
de um trabalho em rede existir, do contrário, os desafios seriam ainda maiores.
O educador deve, desde o princípio, organizar o espaço pedagógico, e ficou evidente
que este vai muito além dos muros da escola, proporcionando diversas experiências aos
estudantes, sendo capaz de atribuir significado à curiosidade despertada por atividades ou
assuntos, às perguntas feitas, ao que é necessário no momento de desenvolvimento dos
educandos, atendendo as suas necessidades e interesses, respeitando a cultura em que estão
inseridos. Acredito que o conceito de uma sala de aula com classes enfileiradas, que não
favorece a aprendizagem, esteja ficando cada dia mais distante da realidade atual, visto que as
trocas entre os pares são essenciais, o que esta organização não propicia. O espaço em que se
dá a aprendizagem necessita de um olhar atendo e sensível de todos os envolvidos neste
processo, tendo o Orientador Educacional um importante papel nesta frente.
O Orientador Educacional atua, também, no processo de ensino-aprendizagem. É
possível dizer que cada pessoa da comunidade escolar é “personagem” dentro desse processo,
ou seja, atua direta ou indiretamente. Vendo processo como método, caminho, início, meio e
fim, tendo como horizonte a formação integral do sujeito.
Não podemos entregar essa linda caminhada da educação apenas nas mãos dos
professores, ou dos orientadores, ou dos serviços da escola em geral...Não podemos deixar o
processo da educação como um todo apenas nas mãos das famílias, dos alunos ou nas mãos da
escola: a resposta para o sucesso dessa jornada se chama comunidade. Essa palavra singela
guarda um poder tremendo e uma força inabalável, pois ela vem da junção de duas palavras
fortíssimas: COMUM + UNIDADE. Comum é aquilo que é de todos e para todos; unidade é
serviço, divisão de tarefas e responsabilidades, compromisso mútuo, ajuda e perseverança,
não devemos e nem podemos caminhar sozinhos.
Fica claro que cada um dos envolvidos é responsável por cuidar do processo e cuidar
dos demais, sabendo que, muitas vezes, diferentes personagens estarão liderando essa jornada,
30

mas todos precisam “coloca a mão na massa”. Bem, diante disso, a pergunta é: como motivar
o Orientador Educacional para a utilização de TIC’s? A resposta é simples, mas de não tão
simples execução: abrindo espaços para o diálogo, para a ação, formação e informação.
Um grande líder não é aquele que “dá o peixe”, mas aquele que “ensina a pescar”. O
Orientador Educacional, em seu papel na escola, muitas vezes atua como uma liderança.
Como um dos principais agentes dentro desse lindo processo, precisa manter vínculos
saudáveis com toda a comunidade educativa, escutando, avaliando as requisições com
transparência e dando devolutivas para os respectivos requerentes, explicando os motivos de
estar executando ou não o que lhe foi requerido. Isso só é possível com um processo de gestão
e auto avaliação constante, elencando indicadores para que torne o processo tangível e
palpável.
Na construção da presente pesquisa, não estive em busca de certezas, verdades ou
respostas fechadas, estive à procura de possibilitar espaço para questionamentos, pensamentos
e em busca de novas rotas. Com as contribuições da entrevistada se fez possível abrir espaço
para o diálogo e para reflexões acerca do tema em desenvolvimento. Possibilitar reflexões
sobre a temática dão a conhecer acerca do importante papel do Orientador Educacional, além
de trazer novas possibilidades.
A escola, seja ela pública ou privada, presta um serviço à comunidade. Esse serviço é
diferente dos demais. Ele não é apenas e unicamente realizado pela escola, mas, a escola, os
educadores e principalmente o orientador educacional, são os responsáveis mediadores para o
sucesso dessa linda e desafiadora caminhada que é a formação integral do sujeito.
Ao dar a conhecer sobre a utilização de TIC’s, não se pode negar o quanto a
pandemia, mesmo que com seus desafios, trouxe oportunidades para mudanças em muitas
frentes da escola. O que, possivelmente, não aconteceria tão rapidamente se não tivesse sido
colocado em prática por não se ter outra opção.
Almejar um espaço para novas possibilidades, para inovação e para firmar o trabalho
em rede é um diferencial no fazer do Orientador Educacional e para os demais membros da
escola. Toda investigação resulta em mudança, inicia-se a pesquisa de uma forma, mas com
certeza não se sai o mesmo dela. Possivelmente novos questionamentos surjam, inquietem,
instigam e, por essa razão, ela, provavelmente, leve a novas investigações. A própria
introdução da presente pesquisa aborda sobre isso, visto que este tema, sem eu ter percebido
antes, me rodeia e não é de hoje.
Diante de tantas incertezas e mudanças, a educação está sendo desafiada a se
reinventar e, diante da pandemia, de forma acelerada. Refletir acerca do fazer dos membros da
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escola para os próximos anos é fundamental, pertinente e indispensável. Urge a possibilidade


de evoluirmos para um sistema híbrido, onde a educação ocorra através de diferentes
ferramentas, não esquecendo que o foco é o estudante, visando sua formação de forma
integral. Se faz necessário utilizarmos da criatividade e da coragem para enfrentarmos os
desafios dos novos tempos sem medo e com ousadia utilizando-se de propostas inovadoras.
Acredito que o ensino híbrido seja mais uma possibilidade para a atuação dos
educadores dentro e fora da escola. Fazendo com que a educação se reinvente e se atualize de
forma mais rápida e prática. Conectando pessoas, aprendizagens e trocas.
O papel do Orientador Educacional, então, é o de facilitador, aquele que inova para
transformar a realidade. O educador que cria pontes, no caso do presente estudo, entre o
ambiente virtual e o presencial, incentivando os demais a se desacomodarem. Eis uma grande
quebra de paradigma, colocando em prática o que, por muitos anos, a escola teve receio em
colocar. Sobre os achados é possível prever algumas hipóteses, por perceber que esta pesquisa
não se finda aqui, mas é um princípio para novas e possíveis oportunidades de aprofundar as
discussões acerca do tema.
Dessa forma, é relevante pensar sobre as ações dos Orientadores Educacionais ao se
utilizarem de TIC’s. A presente pesquisa pode auxiliar a construir novas possibilidades para o
fazer tecnológico do Orientador Educacional e, também, pode provocar a busca de outras
ferramentas de atuação.
Por que é necessária ousadia para mudar os paradigmas impostos? Acredito que não
há educador que não almeje que os educandos sejam felizes em sua trajetória escolar. Além
disso, não há familiares ou responsáveis que não desejem a felicidade das crianças e jovens.
Algumas instituições ainda estão caminhando lentamente? Sim, mas o que será que está
faltando? O que é necessário pontuar é que, possivelmente, não seja falta de vontade, podem
ser diversas possibilidades como, por exemplo, falta de estrutura.
Não é simples sanar todas as dúvidas que cercam os educadores, mas o desejo é de
que a escola tenha entre seus colaboradores pessoas capazes de instigar a mudança, trazendo
inovação, novas metodologias e novas práticas. Dúvidas surgem ao longo do caminho, o
importante é saber o que fazer com elas. Que caminho percorrer? Através da renovação, da
busca e da inquietude formam-se educadores protagonistas e que, consequentemente, atuarão
nas escolas a formarem sujeitos protagonistas de sua própria aprendizagem.
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Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em ESPIE - Especialização em Informática na
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Marguerite Jeanty de Seixas.
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APÊNDICE A – Instrumento de entrevista com a Coordenadora


do Serviço de Orientação Educacional

Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Faculdade de Educação - Curso de Especialização em Orientação Educacional

1. Como foi a atuação do orientador educacional durante a suspensão das aulas


presenciais? Como os orientadores educacionais deram seguimento às suas demandas?

2. Haveria, no teu ponto de vista, outra forma de oferecer uma base diferenciada que
contemplasse a atuação do orientador educacional diante do período que estamos
vivendo?

3. Quais foram os desafios da tua atuação como orientadora e como coordenadora do


serviço de orientação educacional?

4. Diante deste período, como ficaram as relações humanas na escola? O fazer do


orientador educacional ocorre através do acolhimento, como foi?

5. O que tu vês de mudanças a partir do teu fazer?

6. Como tu lidaste com o domínio de novas ferramentas?

7. Quais as tuas impressões e estratégias ao orientar os professores e demais orientadores?


Qual significado foi dado para este trabalho?

8. Tu percebes se isso teve sentido para o fazer dos professores?

9. Isso poderia ter sido feito de um jeito diferente?

10. Terias algo a mais a contribuir?

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