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A origem do sistema capitalista

O sistema capitalista é adotado em quase todo o mundo e começa a dar seus primeiros
sinais de existência no século XV, com o enfraquecimento do sistema feudal. Há um
certo consenso entre os estudiosos de que o capita lismo está hoje em sua terceira fase
– capitalismo financeiro -, as duas primeiras foram comercial e industrial.
Apesar de nos referirmos ao capitalismo como um sistema econômico, é fundamental ter
em mente que o modo de produção vai interferir diretamente em aspe ctos políticos,
sociais e econômicos, ou seja, o sistema vai influenciar na organização de todos os
aspectos de uma sociedade.
Nesse texto, vamos explicar como o capitalismo surgiu e suas fases. Achou
interessante? Então vem com a gente!

Quando o sistema capitalista começou?


O sistema capitalista começa a surgir com a decadência do sistema de produção vigente
até então: o feudalismo. O feudalismo teve início no século V e durou até o século XV,
quando o capitalismo começou a tomar forma. Você talvez se lembre das características
do sistema feudal, mas vamos relembrar como ele funcionava e como o capitalismo
começou a surgir no final desse período.
O feudalismo era um sistema de organização econômica, política e social vigente
na Europa Ocidental da Idade Média, baseado na posse de terras e em estamentos.
Estamentos eram classes sociais estáticas – não havia mobilidade -, isso significa que
as pessoas nasciam e morriam pertencendo à mesma classe social.
As três classes no sistema feudal eram: nobreza, o clero e os servos.

• Nobreza: era a classe mais alta, composta pelos proprietários de terras, os


chamados senhores feudais. Os feudos eram grandes terras, concedid as pelo rei
aos senhores feudais e onde estes tinham o poder absoluto; cada senhor feudal
determinava as regras dentro dos seus feudos.
• Clero: composto pelos membros da Igreja Católica – instituição mais poderosa do
feudalismo. Nesse momento, a igreja não tinha apenas a função de evangelizar, ela
exercia poderes na política e era grande proprietária de terras.
• Servos: eram os trabalhadores dos feudos, eles não tinham direito à sal ários,
trabalhavam em troca de lugar para viver e alimentação.

A produção no feudalismo era caracterizada pela autossuficiência. Os feudos


produziam o que seria consumido no local, não havia comércio, tampouco moedas.
Quando havia intercâmbio de mercadorias, trocavam -se produtos por produtos, e não
produtos por dinheiro. Porém, com o crescimento populacio nal, o desenvolvimento
das cidades e das atividades comerciais, surge a moeda para facilitar as trocas e
ampliam-se as fontes de renda.
Nesse momento surgem as feiras livres, que eram espaços onde as pessoas levavam
seus produtos para comercializar – muito semelhantes às feiras que existem até hoje.
Com o desenvolvimento da atividade comercial surge uma nova classe econômica
chamada burguesia. Assim, se antes tínhamos uma sociedade de classes sociais
estáticas, o surgimento da burguesia vem quebrar essa organização econômica e social,
pois permitiu a mobilidade social daqueles que passaram a desenvolver atividades
comerciais.
O comércio, diferente da organização feudal, estruturava-se no trabalho livre e
assalariado. Essa mudança foi um dos principais acontecimentos para a transição
da Idade Média para a Idade Moderna e da decadência do feudalismo e início da
primeira fase do capitalismo.
Fases do sistema capitalista

Primeira fase do sistema capitalista: Capitalismo Comercial (Século XV – XVIII)


A fase do capitalismo comercial é também chamada de pré-capitalista. Naquele
momento ainda não havia industrialização e o sistema estava baseado em trocas
comerciais. O modelo econômico adotado nesse período foi o mercantilismo, que tinha
como principais características:

• o controle estatal da economia – o Rei controlava o mercado;


• o protecionismo – proteção do mercado interno;
• o metalismo – acúmulo de metais preciosos;
• e a balança comercial favorável – mais exportação do que importação.

A crença naquele momento era de que a riqueza disponível no mundo não poderia ser
aumentada, apenas redistribuída. Assim, os países buscavam a acumulação de
riquezas por meio da proteção da economia local e acúmulo de metais decorrente das
trocas comerciais que realizavam com outros países. Foi nesse período que nações
europeias exploraram os recursos de suas colônias, como aconteceu aqui nas Américas.

Segunda fase do sistema capitalista: Capitalismo Industrial (Século XVIII – XIX)


A passagem do capitalismo comercial para o capitalismo industrial se deu em meio à
revoluções tecnológicas e políticas. A Revolução Industrial se inicia na Inglaterra em
1760, e tem como seu marco principal a introdução da máquina a vapor na produção, o
que deu início à transição de uma produção manufatureira para uma produção industrial.
A produção industrial tornava-se necessária, pois com o crescimento demográfico e
expansão das cidades era necessário que os produtos fossem criados e distribuídos com
mais eficiência e escala.
As revoluções também tiveram um caráter político. Em 1789 inicia -se a Revolução
Francesa, movimento que buscava o fim da organização política, social e econômica
vigente na época; que oferecia privilégios a pequenas parcelas da população e concedia
poucos direitos ao povo.
Nessa fase do capitalismo, o poder passou para as mãos da burguesia, que começou a
crescer com a intensificação do comércio. A economia durante o período do capitalismo
industrial estava baseada no liberalismo econômico. Essa corrente de pensamento –
cujo principal pensador foi Adam Smith – defendia o Estado mínimo e a não
intervenção estatal na economia. Segundo seus defensores, a lei de oferta e procura e a
competição do mercado, garantiriam melhores resultados para a sociedade como um
todo.
O modo de produção vigente nos séculos de capitalismo industrial permitiram o aumento
da produtividade, a diminuição dos valores das mercadorias e a acumulação de capital;
por outro lado, esses avanços só foram possíveis a partir de condições precárias de
trabalho, jornadas de trabalho muito altas, diminuição dos salários e aumento
do desemprego.

Terceira fase do sistema capitalista: Capitalismo Financeiro (Século XX)


O capitalismo financeiro se inicia no século XX, depois do final da Segunda Guerra
Mundial. Essa nova fase tem seu início quando bancos e empresas se unem para obter
maiores lucros. É nesse momento que surgem as empresas multinacionais e
transnacionais, e se fortalecem as práticas monopolistas. Esse modelo, vigente até
hoje, é baseado nas leis das instituições financeiras e dos grandes g rupos empresariais
presentes no mundo todo.
É um período caracterizado por elevada concorrência internacional, monopólio co mercial,
evolução tecnológica, globalização e elevadas taxas de urbanização. É chamado de
capitalismo financeiro, pois as grandes empresas passaram a vender parcelas de seu
capital na bolsa de valores, e a partir de então, passou -se a produzir riqueza por
especulação. Nesse momento, a acumulação do capital che gou a níveis nunca vistos
antes.
Em decorrência das políticas liberais, em 1929, o sistema capitalista vive uma das
piores crises econômicas da história. Por conta de uma produção em excesso nos
Estados Unidos e da redução da demanda por produtos desse país, as empresas
perderam valor e houve a quebra da bolsa de valores.
Para salvar o mercado, o Estado teve que intervir na economia e a partir de então adotou-
se o sistema econômico Keynesiano, que defendia a intervenção do Esta do na economia
para evitar crises e garantir o consumo e o emprego. Esse sistema é também chamado
de Welfare State, ou Estado de bem-estar social.
A partir dos anos 1980, o keynesianismo perde forças e a ideia de Estado mínimo e
pouca participação estatal na economia retorna. Assim como os liberais, os defensores
do neoliberalismo, defendem que as próprias regras do mercado vão garantir o
crescimento econômico e o desenvolvimento social.
O neoliberalismo foi implantado no Brasil e em diversos países da América Latina,
seguindo as proposições do que se estabeleceu no Consenso de Washington – uma
proposta neoliberal para o desenvolvimento dos países da região.

Guerra Fria e a vitória do sistema capitalista


Apesar de ser adotado em grande parte do mundo hoje, a hegemonia do sistema
capitalista esteve em disputa durante décadas após a Segunda Guerra Mundial. O outro
sistema econômico era o comunismo, que defendia o fim da propriedade privada em prol
da construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Ao longo do conflito, Estados Unidos – defensor do capitalismo – e União Soviética –
defensora do comunismo – disputavam a hegemonia mundial e buscavam o apoio de
outros países para fortalecer seu posicionamento ideológico.
Foi chamada Guerra Fria, pois não houve embate militar direto entre esses dois países,
era um conflito ideológico sustentado por uma guerra armamentista. Ambos os países
foram investindo em materiais e tecnologias bélicas e o equilíbrio entre essas forças foi
o que impediu que ataques entre eles de fato acontecessem.
Com o final da Guerra Fria e a vitória do capitalismo como sistema hegemônico ,
grande parte dos países que estavam do lado da União Soviética começaram a
implementar o capitalismo.

Capitalismo informacional
O capitalismo informacional não é uma nova fase do capitalismo, mas um novo momento
da fase do capitalismo financeiro. O conceito de capitalismo informacional foi discutido
pela primeira vez por Manuel Castells, em seu livro Sociedade em rede, publicado em
1996 e está relacionado à revolução tecnológica dos últimos tempos.
O capitalismo informacional é caracterizado pela globalização e pelos avanços nas
tecnologias de informação, na aceleração e crescimento dos fluxos de informações,
pessoas, capitais e mercadorias. Segundo esse autor, essas transformações
tecnológicas mudam nossas práticas culturais e sociais e constroem uma nova estrutura
social.

O sistema capitalista e sua história


Nesse texto explicamos para você o que é o sistema capitalista, como ele foi surgindo
em paralelo à decadência do feudalismo no século XV e as fases pelas quais ele passou
até os dias de hoje. A primeira delas foi a do capitalismo comercial, também chamada de
mercantilismo; em seguida tivemos o capitalismo industrial, que se iniciou com a
revolução industrial na Inglaterra; e por fim, o capitalismo financeiro, caracterizado por
grande concentração de capital nas mãos dos bancos e das grandes empresas.
Keynesianismo ou Liberalismo: dois caminhos possíveis em cenários de crise?
Segundo pesquisa da XP Investimentos, realizada em maio de 2020, 62% da população
brasileira acredita que o melhor caminho para a recuperação da economia, após a crise
do Coronavírus, será com o aumento de investimento do governo na economia. Por outro
lado, há aqueles que defendem o oposto, em que a melhor maneira para solucionar a
aflição econômica atual se dará por meio da manutenção das reformas (administrativa,
tributária, etc) e da participação ativa do setor privado, a fim de retomar o crescimento.
Desse modo, os debates envolvendo os polêmicos (e, muitas vezes, mal interpretados)
termos “liberalismo” e “keynesianismo” adentram nos canais midiáticos, principalmente
na internet, gerando dúvidas no grande público. Por isso, este artigo se concentrará em
apresentar e elucidar o leitor sobre o assunto, focando nos prós e contras das duas
correntes de pensamento econômico e explicitando seus preceitos.
Qual a diferença entre as duas correntes?
Sucintamente, a dicotomia resultante das duas linhas de pensamento é em rela ção à
eficácia da intervenção do Estado no funcionamento da economia.
Para a teoria liberal, influenciada por grandes pensadores da história como Adam Smith,
John Locke, Stuart Mill e Immanuel Kant, a presença do governo na economia afeta seu
funcionamento natural, gerando ainda mais crises.
Já para Keynes, economista britânico cujo os ideais modificaram toda a teoria de
macroeconomia e práticas governamentais, e seus defensores, o Estado deve adentrar
na economia em momentos de crise que são, por sua vez, partes naturais do ciclo
econômico. Para ele, somente o governo pode ser promotor do bem estar social.
Mas afinal, o que é a intervenção do Estado na economia?
Basicamente, a economia funciona e se faz necessária devido a uma lei natural: recursos
escassos, desejos ilimitados. Em outras palavras, a economia é a ciência que estuda os
meios possíveis de satisfazer as necessidades do ser humano de maneira maximizada,
uma vez que os recursos naturais para fazê-lo são finitos. A partir disto, há inúmeras
interpretações de como a economia deve funcionar para otimizar seu andamento e evitar
a pobreza, uma vez que a desigualdade (mesmo que seja mínima) é inevitável em uma
sociedade livre.
De um lado, há pensadores que defendem que o livre funcionamento do mercado é
melhor que qualquer intervenção estatal por acreditarem que a livre concorrência gera
inovações e, por conseguinte, crescimento e desenvolvimento econômico de forma
natural e mais satisfatória do que pela intervenção do Estado na economia. Por outro, é
defendido que as falhas naturais do mercado geram crises impossíveis de se auto -
solucionarem, dando ao Estado o poder de intervir na economia para retomar o consumo
e a circulação de moeda, cruciais para uma recuperação econômica.
Portanto, a intervenção estatal é a interferência do governo na economia visando
objetivos que vão desde estímulos ao crescimento econômico, até tentativas de
diminuição da desigualdade social. Tais medidas podem ser feitas a partir de aumento
de impostos, impressão de moeda, criação de empresas estatais, entre outras maneiras.
Na crise do Coronavírus, a medida de Auxílio Emergencia l, por exemplo, pode ser
entendida como uma medida intervencionista para fomentar a economia. No atual cenário
político, está sendo discutido sua prorrogaç ão por mais dois meses.
Entretanto, o debate transcende o cenário político, uma vez que envolve a qu estão
econômica das metas fiscais do governo. Enquanto a ala intervencionista defende a
prorrogação do Auxílio Emergencial, os liberais estão temerários qua nto ao tema, por
acreditarem que tal medida pode aumentar muito os gastos do governo, gerando futura s
consequências mais graves ainda. Nesse sentido, vale ressaltar a frase de Milton
Friedman, economista liberal da Universidade de Chicago, que dizia: “Nada é tão
permanente quanto um programa temporário do governo.”
Entendendo o Liberalismo
Segundo o economista estado-unidense N. Gregory Mankiw, um dos pilares em defesa
do pensamento econômico liberal é a concepção da tríade “eficiência, equidade e
liberdade”, presente na teoria econômica como forma de otimização dos resultados.
Respectivamente, esses termos podem ser definidos como: produzir o máximo com a
menor quantidade possível de recursos, a distribuição mais justa possível de recursos
escassos e a liberdade dos indivíduos de produzirem e consumirem o que quiserem no
mercado.
A tríade explica a necessidade de a economia possuir essas três forças uniformemente,
na medida em que ao se perder o equilíbrio de uma, as demais são afetadas. Por
exemplo: caso o governo promova uma distribuição de renda sobretaxando a riqueza
produzida, afetará diretamente a liberdade de produzir, já que parte da produção seria
dividida por entre as camadas sociais. Para pagar menos impostos, o produtor diminuiria
sua produção, mostrando que a intervenção governamental na economia afim de
promover uma maior igualdade de renda pode afetar a eficiência econômica, por intervir
diretamente na liberdade individual. Consequentemente, afetará a eficiência da economia
ao se produzir menos bens e serviços e, portanto, riqueza.
Ademais, vale ressaltar que o liberalismo econômico teve início no século XVI com o
propósito de combater o mercantilismo (conjunto de práticas econômicas adotado pelas
nações europeias entre o século XV e o século XVI II), cujos ideais já não atendiam às
novas necessidades da economia e possuíam fortes raízes intervencionistas. O
liberalismo se contrapôs ao controle exacerbado dos Estados Nacionais.
Posto isto, o mais importante teórico do liberalismo econômico foi Adam Smith,
economista escocês que defendia que todas as pessoas são movidas por um impulso
natural de desenvolvimento econômico, calcado no individualismo ou, até mesmo, no
egoísmo humano. Entretanto, este individualismo, no contexto geral, traria benefícios
para toda a sociedade, uma vez que a soma desses interesses particulares promoveria
a evolução social generalizada.
Em outro dizer: um comerciante de carnes, dono de açougues, não nos vende carne por
benevolência. Ou seja, não está preocupado com nossa ali mentação ou mantimentos de
nossa moradia. Está preocupado consigo próprio. Ele se esmera não para nos ser
benevolente, mas para nos ter como clientes fidedignos a ele. Dessa forma, se esforça
para ter a melhor qualidade ao menor preço e vencer a concorrênc ia.
Assim sendo, a soma de todas as ações isoladas de comerciantes, produtores e
distribuidores das mais diversas áreas, buscando a excelência, geram cada vez mais
empregos, circulação de bens e moeda e, sobretudo, inovações. Esses movimentos
benéficos do mercado, Adam Smith idealizou como a “Lei da Mão Invisível”. Tais
resultados, segundo Smith, nunca seriam alcançados com medidas governamentais, por
não possuírem a livre concorrência de mercado.
Entendendo o Keynesianismo
Por outro lado, Keynes defendia a intervenção estatal para manter o bom funcionamento
de uma economia. Se necessário, o Estado deveria se endividar para que essa
intervenção ocorresse.
Keynes identificou em suas obras uma possível falha do liberalismo econômico. Segundo
o teórico, em momentos de recessão, os agentes econômicos tendem a reter os
investimentos e guardar dinheiro, por segurança. Ou seja, as pessoas ficam receosas de
gastar, consumir e investir, por medo da perpetuação da crise. Por isso, a economia
ficaria cada vez mais travada e fraca e, portanto, somente o agente governamental
(Estado) poderia solucionar tais momentos.
De forma mais técnica, em momentos de grandes crises, os agentes econômicos retém
moeda no que Keynes define como “preferência pela liquidez”. Contrariam ente ao que
imaginavam os economistas clássicos/liberais, que acreditavam que a moeda possuía
duas funções (meio de circulação e meio de troca), Keynes alega uma terceira função
que seria moeda enquanto reserva de valor.
Portanto, ao reter moeda enquanto reserva de valor, provoca-se um descasamento entre
oferta e demanda, gerando crises. Estando a economia em recessão (produtores
produzindo em menor quantidade e consumidores demandando menos), resta ao Estado
o papel de retomada do crescimento e desenvolvi mento como um agente econômico.
Por isso, Keynes propõe que, em momentos de crise, o Estado tome a frente e compense
falhas de mercado por meio de políticas públic as. Ele chama essas medidas
intervencionistas de “políticas fiscais anticíclicas”, porque elas inte rvêm nos ciclos
econômicos de redução de salários e demissões como resposta a crises. Uma medida
anticíclica importante proposta por Keynes é o endividamento estatal para financiar
projetos de infraestrutura que exijam grandes contingentes de trabalhadores . Ou seja,
por meio desses projetos, Keynes admitia a geração de empregos e, consequentemente,
uma saída da crise.
Em essência, Keynes acreditava que era melhor o Estado intervir para resolver
momentos de desequilíbrio, no curto prazo, do que esperar que o próprio mercado se
autorregulasse ao longo prazo. Nesse sentido, uma de suas mais famosas frases é: “no
longo prazo, estaremos todos mortos”, em sua obra “ Tratado sobre a Reforma
Monetária”, de 1923.
Contextualização histórica
Dessa maneira, tal assunto divide opiniões e cria divergências há séculos.
Historicamente, a intervenção do Estado na economia e a aplicação dos ideais liberais
possuem tanto bons como maus exemplos. Entretanto, é extremamente difícil afirmar,
com 100% de certeza, que o sucesso ou fracasso de algum país foi resultado exclusivo
de sua linha econômica.
Crise de 1929
A Crise de 29, também conhecida como Grande Depressão, foi uma forte recessão
econômica que atingiu toda a economia internacional, com seu epicentro na quebra da
Bolsa de Valores de Nova York, no final da década de 1920.
Apesar da teoria mais aceita declarar que a crise teve como um de seus principais
culpados o liberalismo econômico, pode-se dizer que ela também possui uma segunda
interpretação, em que o maior culpado desta foi o governo americano e suas medidas.
Portanto, apesar da crise possuir tanto uma interpretação favorável, com o uma
interpretação desfavorável ao liberalismo econômico, seus acontecimentos
subsequentes formaram um momento inicial importante da aplicação do keynesianismo.
Isso foi feito a partir de um conjunto de políticas econômicas que ficou conhecido como
“New Deal”, aplicado pelo presidente dos Estados Unidos naquele momento, Franklin
Delano Roosevelt. O plano econômico foi uma reação à Grande Depressã o, crise que fez
com que a taxa de desemprego subisse a 25% entre 1930 e 1933, e que a produção
industrial caísse pela metade.
Aplicadas entre 1933 e 1938, essas políticas buscavam lidar com a recessão (fase de
contração no ciclo econômico), que tinha como resultado o desemprego em massa nos
Estados Unidos. As medidas eram baseadas em três pontos: auxílio financeir o para
desempregados; gastos federais para geração de renda; e reforma regulatória, com
criação de programas para distribuição de renda. As medid as do New Deal tiveram
sucesso na recuperação econômica dos Estados Unidos e foram um importante marco
na história e na geopolítica internacional.
Crise de 2008
A crise de 2008 foi uma grande recessão econômica devido a uma bolha imobiliária nos
Estados Unidos, causada pelo aumento nos valores imobiliários, que não foi
acompanhado por um aumento de renda da população.
Em 15 setembro de 2008, marco da crise, um dos bancos de investimentos mais
tradicionais dos Estados Unidos, o Lehman Brothers, foi à falê ncia, e as Bolsas do mundo
todo despencaram. A data ficou conhecida como segunda -feira negra. Em seguida,
outros bancos anunciaram perdas bilionárias. Foram meses de muita instabilidade no
mercado e, para tentar evitar quebradeiras em série, governos de vá rios países anunciam
planos de socorro à economia, injetando bilhões em bancos.
Portanto, mais uma vez, o governo americano utilizou de medidas keynesianas para a
resolução da crise. Entretanto, economistas contrários à ideologia consideram que, desta
vez, as práticas intervencionistas do governo terão graves consequências mais á frente,
uma vez que a injeção de moeda na economia está causando uma bolha nos ativos
financeiros (quando determinados ativos são comercializados em ampla escala a preços
acima de seus valores reais) que pode, a qualquer momento, estourar e causar uma nova
crise muito maior que a de 2008.
Prós e Contras
Portanto, a partir das referências e explicações mostradas no texto, pode -se inferir
algumas vantagens e desvantagens de cada linha de pensamento de acordo com os
autores expostos:
Liberalismo: Prós
Maior liberdade para empreender, criar e consumir;
Livre concorrência, gerando bens e serviços com maior qualidade e menores preços;
Menos impostos e burocracias.
Liberalismo: Contras
Formação de desigualdade social;
Crises cíclicas e duradouras;
Alta concentração de lucro em pequenas camadas da sociedade.
Keynesianismo: Prós
Possibilidade de diminuição da desigualdade;
Intervenção rápida em momentos de crise;
Presença de estatais estratégicas;
Keynesianismo: Contras
Com a estatização de empresas, cria-se monopólios e desemprego;
Falta de livre concorrência;
Alta carga tributária, diminuindo o poder de compra;
E você? Prefere o estado keynesiano intervindo quando necessário, ou acredita que a
melhor maneira de produzir recursos é deixar as leis de mercado funcionarem? De
qualquer modo, é importante frisar que não há, em nenhum meio acadêmico, um
consenso geral de qual modelo funciona da melhor forma. Além disso, as próprias teorias
liberais e keynesiana não consideram seus sistemas perfeitos, mas si m, os menos
suscetíveis a grandes crises e que mais se aproximam do progresso ideal.
Estado de bem estar social e Estado liberal: qual a diferença?
Uma das grandes discussões político-econômicas dos últimos tempos refere-se a qual
deve ser o tamanho do Estado. Não estamos falando das dimensões territoriais de um
país, mas sim sobre o alcance da atuação dos governos na cionais. Ao longo da história,
pensadores de diversas doutrinas propuseram diferen tes ideais de Estado, cada um com
diferentes papéis, direitos e deveres. Neste texto, faremos uma comparação entre as
duas categorias de governo que mais figuram nos debates atuais: um Estado com grande
área de atuação (a que chamaremos de “Estado de bem -estar social”) e um com menor
área de atuação (a que daremos o nome de “Estado liberal”).
ORIGENS E HISTÓRIA
Com o advento do iluminismo, entre os séculos XVII e XVIII, surgiu a ideologia liberal. A
partir dela, foram desenvolvidas inúmeras teorias, tanto p olíticas, quanto econômicas,
que, favoráveis à liberdade dos indivíduos em seu grau máxim o, defendiam que se
limitasse o poder de interferência dos Estados na vida e nas escolhas de seus cidadãos.
Assim, segundo John Locke, considerado pai do liberalismo, cabia somente aos governos
garantir três direitos básicos aos homens: vida, liberdade e p ropriedade. Adam Smith,
pioneiro do liberalismo econômico, defendeu a não -intervenção estatal na economia, em
sua obra A Riqueza das Nações. Firmando-se os pilares liberais na Europa, os regimes
absolutistas foram, um a um, caindo. Paralelamente, os países europeus, ao longo dos
séculos XVIII e XIX, iniciaram seus processos de industrialização.
É possível afirmar que, até os primeiros anos do século XX, os E stados liberais, tendo o
Reino Unido e os Estados Unidos como principais representantes, prevaleceram no
mundo ocidental. No entanto, a Primeira Guerra Mundial (1914 -1919) e a crise econômica
de 1929 abalaram as estruturas político-econômicas vigentes até então. Assim, surgiu
uma brecha para a ascensão de propostas alternativas.
Em 1936, o economista britânico John Maynard Keynes, defensor do intervencionismo,
publicou o livro “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”. Após a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945), o Estado norte-americano passou a aderir com mais
intensidade aos ideais intervencionistas, adotando a doutrina keynesiana. Um modelo
análogo foi idealizado pelo economista sueco Gunnar Myrdal e posto em prática por
países europeus. Deu-se a esse modelo o nome de welfare state (em português, Estado
de Bem-estar Social). Trata-se de um governo protagonista na manutenção e promoção
do bem-estar político e social do país e de seus cidadãos.
Apesar de a contextualização histórica apresentar os pr incípios básicos dos dois modelos
de Estado abordados, é necessário, para que os conceitos de cada um sejam realmente
compreendidos, um maior aprofundamento de suas caracterís ticas.
No Estado de bem-estar social, é dever do governo garantir aos indivíduos o que se
chama, no Brasil, de direitos sociais: condições mínimas nas áreas de saúde, educação,
habitação, seguridade social, entre outras. Ademais, em momentos de crise e de
desemprego, o Estado deve intervir na economia de forma que se busque a manutençã o
da renda e do trabalho das pessoas prejudicadas com a situação do país. Isso foi feito,
por exemplo, nos EUA, na década de 1930, em que os níveis de desemprego
ultrapassaram a taxa de 25%. Outro ponto central do welfare state é a existência de leis
trabalhistas, que estabelecem regras nas relações entre empregado e empregador, como
salário mínimo, jornada diária máxima, seguro-desemprego, etc.
Em um Estado liberal, por outro lado, a lógica é diferente: não se pode garantir como
direito algo que dependa da força de trabalho alheia. Desse modo, saúde e educação,
por exemplo, não são considerados direitos, mas, sim, mercadorias. Além disso, diferen te
dos keynesianos, os liberais acreditam na autorregulação dos ciclos econômicos. Os
mercados seriam capazes de se ajustar por conta própria. Logo, intervenções do Estado
são prejudiciais à economia dos países. Defende -se o livre mercado e a concorrência,
além da inexistência de empresas públicas ou de quaisquer tipos de associação entre
governo e parceria privada.
NAS ÚLTIMAS DÉCADAS
Dos anos 1950 até as décadas de 1970 e 1980, os gove rnos dos países protagonistas
na economia mundial mantiveram políticas características dos welfare states. Os graves
efeitos da grande depressão e das guerras da primeira metade do séc ulo XX foram
revertidos e, em termos gerais, a pobreza foi reduzida. Nos EUA, por exemplo, a taxa de
pobreza, que alcançou o patamar de 34% da população em 1950, reduziu -se a 12% no
primeiro quinquênio de 1970 – situação semelhante ocorreu em países europe us.
Todavia, a partir da década de 1980, diversos países do globo (princ ipal, mas não
somente, os subdesenvolvidos) passaram por fortes crises econômicas, o que gerou a
necessidade de uma reformulação das políticas macroeconômicas em vigência.
Em 1989, economistas norte-americanos formaram o chamado Consenso de Washington,
e formularam uma série de medidas macroeconômicas a serem seguidas pelos países
membros do Fundo Monetário Internacional (FMI). O caráter das medidas é liberalizante:
abertura comercial, privatização de estatais, redução dos gastos públicos, reforma
tributária, entre outras. Ao longo da década de 1990, diversos países (inclusive o Brasil,
no governo FHC) adotaram parcial ou integralmente as determinações do Consenso de
Washington, um fenômeno a que se deu o nome de neoliberalismo.
Desse modo, hoje, não é mais possível catalogar um Estado como “liberal” ou “de bem -
estar social”, de forma binária. A escala é gradual: há países menos liberais e, portanto,
mais voltados à categoria de bem-estar social, e vice-versa. Uma das maneiras mais
utilizadas para que se determine a posição de cada país nessa escala é avaliando as
suas “despesas de bem-estar social” (gastos relativos ao PIB com as áreas de bem -estar
social). Alguns países de alto IDH possuem altas despesas sociais, como Suécia,
Dinamarca e Alemanha, assim como há países de alto IDH que gastam pouco nessas
áreas, a exemplo de Coreia do Sul, Irlanda e Nova Zelândia. Dessa forma, não é possível
afirmar que um modelo funcione melhor do que o outro: há diversos outros fatores que
podem ser determinantes na qualidade de vida de um país.

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