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FE D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A
FE D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A
JESUS,
O GOVERNADOR
ESPIRITUAL DA TERRA
“Por ser um Espírito puro, Jesus
Cristo já percorreu todos os estágios
da evolução espiritual...”
9 771413 1740 08
ISSN 1413 - 1749
Espiritismo
passo a passo
com Kardec
Os estudiosos da Doutrina
Espírita encontrarão neste
livro de Christiano Torchi
uma visão panorâmica do
Espiritismo calcada na obra
kardequiana, contextualiza-
da de tal modo que o leitor
moderno tem a impressão
de que a Codificação
Espírita é da época atual.
Expediente Sumário
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4 Editorial
O maior presente
O maior presente
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D
ezembro! Natal! Paz! ções, prometeu um consola- para as Verdades divinas que
Mês, comemoração, sen- dor e um reino que não é deste libertam.
timento. mundo. O maior presente de Natal
Dezembro é o período em De volta, pela segunda vez, é aplicar na vida de relação uns
que o nascimento de Jesus e a convoca todos à autoilumina- com os outros a exemplificação
paz entre os homens são recor- ção, a conhecer-se a si mesmo do amor e da caridade, confor-
dados. No entanto, a lembrança e a construir um mundo novo, me Ele ensinou.
mais evidenciada é a do Papai um mundo de paz. Cultivar a benevolência, a
Noel, do pinheiro, da neve e Se há o desejo de presentear indulgência, o perdão; destruir
dos presentes, apesar do ani- Jesus na data de seu aniversário, internamente o homem velho,
versariante ser o Mestre Jesus, o que as suas pegadas sejam se- enquanto se constrói os valores
meigo Rabi da Galileia, Guia e guidas e seus ensinos aplicados. morais ainda adormecidos; de-
modelo da Humanidade. Atualmente, a Doutrina Es- sejar ao próximo o que gostaria
A presença de Jesus na Ter- pírita vem restituir a pureza das para si; e construir a paz interior
ra, há dois mil anos, objetivou belas lições que Ele nos legou, é o maior presente a ser ofere-
lembrar à Humanidade as Ver- repetindo-as, esclarecendo-as, cido a si próprio e ao C risto na
dades divinas das quais os ho- iluminando e consolando os instalação de um mundo melhor
mens se afastaram, esqueceram corações aflitos e sedentos de e na efetivação da paz na Terra.
e abandonaram. conforto como outrora fizera O mundo de paz só será
Esteve entre nós para expor na Palestina. construído com a aplicação das
e vivenciar o Amor em excel- Lembrar Papai Noel, pi- Verdades reveladas por Jesus
situde, a fim de que a Humani- nheiro, neve, presentes mate- que, desde o momento de sua
dade jamais esquecesse da sua riais é atender aos apelos do chegada na manjedoura, anun-
presença e dos seus inigualáveis mundo, no entanto, jamais es- ciou o destino da Terra: “Glória
exemplos. Revelou palavras de quecer o apelo do Mestre Jesus a Deus nas alturas, paz na Terra,
vida eterna, exemplificou-as, que aguarda, há dois mil anos, boa vontade entre os homens.”
iluminou as mentes e os cora- o despertar das consciências Feliz Natal!
Viver o Natal
“Jesus era alegre e, apesar da vida trágica que viveu, deixou uma
mensagem de alegria para todos aqueles que desejassem alimentar-se
de seu Evangelho e seguir seus luminosos passos.”
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Mário Frigéri
mariofrigeri@uol.com.br
É
costume entre os escritores recendo palitos de fósforo aos Cansada e um pouco desa-
do mundo inteiro estampar raros passantes que buscavam nimada, sentou-se num desvão
nos jornais um conto triste apressadamente seus lares. Seus da esquina, encostando-se à pa-
na véspera de Natal para sensibi- pés descalços tocavam e absor- rede áspera de uma velha casa.
lizar o coração de seus leitores. Eu viam a frieza do solo, porque ela Seus pezinhos estavam conge-
não tenho nenhum conto inédi- havia perdido seus chinelinhos lados e ela sentia cada vez mais
to e tocante para contar à meia na neve ao fugir pouco antes de frio, mas não tinha coragem de
dúzia de amigos que me leem uma carruagem desgovernada. voltar para casa, porque não ha-
por desfastio, por isso vou rees- Não havia vendido nada até via conseguido nem um tostão e
crever e condensar um de Hans aquele momento e ninguém, seu pai poderia surrá-la por isso.
Christian Andersen (1805–1875) nem mesmo por caridade, lhe Além de tudo, sua casa também
sobre uma menininha pobre que oferecera qualquer moedinha era tão fria quanto aquela rua.
vendia fósforos, imprimindo-lhe de alguns vinténs. Trêmula e Com as mãozinhas trêmulas
meu colorido pessoal. faminta continuou caminhan- ela pegou um palito de fósforo e
Fazia muito frio naque- do pela rua quase deserta, sen- pensou em riscá-lo para aque-
la noite escura e a neve estava tindo o cheiro delicioso da ceia cer-se um pouco. Conseguiu
caindo mansamente. Era vés- de Natal que se evolava das ca- esfregá-lo contra a parede, e a
pera de Natal e as luzes festivas sas. “Ah, é véspera de Natal...” sua chama quente e colorida
brilhavam através da vidraça lembrou-se, tão perdida estava parecia uma vela! A garotinha
das janelas. Uma garotinha po- em seus pensamentos, recor- inocente sentiu-se como se es-
bre, vestida com uma roupinha dando-se dos familiares, que a tivesse sentada diante de uma
limpa, mas remendada, e sem aguardavam em casa, à espe- grande fogueira. Como era gos-
nenhuma proteção na cabeça, ra de alguns trocados que lhes toso sentir o calor que aquela
caminhava pelas vielas, ofe- diminuíssem a miséria. chama lhe transmitia! Logo que
Fonte: http://www.havemix.com/wp-content/uploads/2015/08/americas-nasa.jpg
vende tudo o que tem para ad- escravo de seus credores.
quirir aquele reino. “A vossa tris- É claro que, se Andersen,
teza se converterá em alegria”, como profundo conhecedor da
disse Ele a seus seguidores pre- psicologia humana e de sua vo-
sentes e futuros. “Outra vez vos cação para o trágico e o patéti-
verei, o vosso coração se alegrará co, tivesse encerrado seu conto
e a vossa alegria ninguém poderá com um final feliz, ele não teria
tirar. Até agora nada tendes pedi- feito tanto sucesso. Há em tudo
do em meu nome; pedi e recebe- isso certa inversão de valores, a
reis, para que a vossa alegria seja mesma inversão que ocorre nos
completa”. E no dia da ascensão, dias de hoje, principalmente no
abençoou seus discípulos e exor- que tange aos valores espiri-
tou-os a irem por todo o mundo tuais. Para dar um exemplo sim-
pregar a todas as criaturas a Boa- ples, basta lembrar que, graças
-Nova, a boa notícia, a notícia al- ao martelante comercialismo
vissareira da ressurreição. da mídia e à passiva indiferença
Contrariando a essência pa- dos pais, Papai Noel, na época
cífica e jubilosa da mensagem do Natal, faz mais sucesso no
O Natal de Jesus, cuja mensa- evangélica, estudos e estatísti- coração das crianças do que o
gem se estende radiosa por toda cas revelam que nessa época de próprio Jesus, que é a estrela do
a sua existência, traduz júbilo e festas muitas pessoas se sentem dia. O certo seria que o simpá-
felicidade, desde o anúncio de solitárias e tristes no recesso de tico e repolhudo velhinho fosse
seu nascimento feito pelos an- seus lares, enquanto outras se apenas um coadjuvante da ale-
jos, que traziam ao mundo “uma tornam consumistas por com- gria geral, e não o protagonista.
Boa-Nova de grande alegria pulsão, comprometendo seu Está nas mãos dos operários
para todo o povo”, até suas últi- orçamento por todo o ano se- da Nova Era o restabelecimen-
mas palavras de perdão na cruz, guinte. São transtornos psicoló- to desse equilíbrio no mundo
porque o perdão só pode nascer gicos de comportamento e sua e o resgate da manifestação do
de uma alma jubilosa e nunca de solução é muito simples, está no verdadeiro sentimento natali-
um coração amargurado. Evangelho, e só não a encontra no nos corações humanos. Eles
Muitas vezes o Evangelho diz quem não a procura. Quando o devem ensinar o ser humano a
que Jesus exultava em espírito e ser humano entroniza o Evange- vibrar de felicidade nessa época
agradecia a Deus pelas revelações lho no coração, o solitário triste e não só a festejar o Natal, mas a
que o Pai lhe permitia transmitir se torna solidário feliz, dando e vivê-lo nos seus corações.
aos pequeninos. Outras vezes, recebendo afeto em seu relacio- A viver e sentir o Natal, aci-
Ele exortava o povo a se alegrar e namento com a comunidade, e o ma de tudo, com Jesus, porque
erguer as suas cabeças, porque a esbanjador compulsivo se torna sem Jesus pode haver Papai
redenção de cada um estava pró- adquirente moderado, porque Noel, mas não há Natal.
Christiano Torchi
christiano.torchi@gmail.com
E
m continuidade ao es- o mundo teve um começo e é presidida por “uma única lei,
tudo sobre a formação teria um fim, como todas as primordial e geral”, que “foi ou-
dos mundos (criação), coisas que conhecia. Esse era torgada ao Universo, para lhe
objeto do capítulo III de O um princípio claramente es- assegurar eternamente a es-
livro dos espíritos, os benfei- tabelecido na mitologia grega. tabilidade, e que essa lei geral
tores foram claros ao respon- [...] Algumas religiões estão nos é perceptível aos sentidos
der, nas questões 41 e 42, que impregnadas da noção de um por muitas ações particula-
“[...] Deus renova os mundos, ciclo, com princípio e fim, se- res”, designadas como “forças
como renova os seres vivos” guindo-se um recomeço, pela diretrizes da Natureza”, cuja
e que só o Criador conhece a ressurreição. [...] harmonia, “considerada sob o
duração da formação dos pri- Pois bem. A astrofísica admite duplo aspecto da eternidade e
meiros, aí incluída a Terra. hoje um movimento de pulsa- do espaço, é garantida por essa
Na época da Codifica- ção no universo. Para um bom lei suprema”. E arrematam mais
ção, ainda prevalecia a ideia número de cientistas, quando o adiante, ainda em A gênese:
newtoniana ou clássica de um universo atingir seu ponto má-
Universo estático, que caiu
ximo de expansão ele começa- [...] nascimento, vida e morte;
definitivamente por terra no rá a se retrair [Big Crunch],1 até ou infância, virilidade, decre-
século XX, com o advento da o ponto de explodir de novo e pitude são as três fases por que
teoria da relatividade e desco- assim por diante.2 passa toda aglomeração de ma-
bertas posteriores: téria orgânica ou inorgânica.
No item 48, sob o título Indestrutível, só o Espírito, que
Luz e trevas. Há, porém, um “Eterna sucessão dos mundos”, não é matéria. (Galileu, Socie-
curioso parentesco entre as do capítulo VI, de A gênese, dade de Paris, 1868.)3
concepções mais modernas quinta obra básica codificada
da astrofísica e as crenças por Allan Kardec, lançada em A partir dessas lições, de-
mais antigas da humanidade. 1868, os Espíritos asseveram preende-se que há uma neces-
Desde o princípio, o homem que a destruição dos astros, sidade evolutiva, regida por
desenvolveu a ideia de que tanto quanto a sua formação, leis imarcescíveis, que abarca
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A
lguns tarefeiros, talvez, condições de melhor aplicar as e dignificantes demonstradas na
digam que quase não valiosas e abençoadas lições em aplicação do Evangelho.
dispõem de tempo para nosso dia a dia. O título do presente artigo foi
maior estudo do Evangelho. Co- Nas preces diárias recorre- escolhido para homenagear um
mentam que se dedicam às lei- mos a Ele sem, contudo, nos estimado irmão de nossas rela-
turas dos ensinamentos de Jesus, transformamos moralmente, ções, que possui problemas neu-
mas que infelizmente, não con- conforme suas orientações e rológicos, o que o faz ter grandes
seguem dedicação especial para conselhos nos belíssimos capí- limitações físicas, especialmente
um necessário aprofundamento. tulos e versículos registrados pe- na fala, e em sua capacidade de
De que forma ampliar o tempo los evangelistas Mateus, Lucas, agir racionalmente. Entretanto,
utilizado para obtenção de co- Marcos e João. Ao interpretar por várias vezes, notamos sua
nhecimentos mais sólidos das as passagens de sua trajetória na condição de Espírito nobre tendo
máximas cristãs? E, como saber Terra, a sensação que temos é de para conosco o maior carinho e
aproveitá-las devidamente? emoção e de alegria a ponto de distinção. Nosso amigo foi edu-
Em meio às vibrações nata- conseguirmos, nesses momen- cado por sua generosa e dedicada
linas que se aproximam, seria tos, vislumbrar as doçuras do mãe, viúva desde cedo, tendo a
interessante refletirmos sobre a Reino de Deus em nós, fazen- Doutrina Espírita como suporte
questão, pois sabemos que por do-nos sentir a verdadeira feli- maior e o Evangelho como guia,
mais que tenhamos disposição cidade de podermos nortear os sobretudo, para com as demais
de compreender as palavras de nossos destinos, à luz dos seus pessoas com quem se relaciona
vida eterna do Mestre Jesus, não maravilhosos preceitos de amor, fraternalmente, tornando-se um
conseguimos a melhoria espiri- que nos conclamam a amar a indivíduo simpático, alegre e
tual que tanto ansiamos conquis- Deus e a todas as criaturas. amistoso, nessa difícil encarna-
tar. Como tem sido difícil o nosso A história abaixo ilustra, re- ção. O que mais chama a atenção
entendimento! Ainda nos faltam sumidamente, maneiras diversas das criaturas que se aproximam
FÁBIO SOUZA DE
CARVALHO1
Seja solidário,
adote uma
criança
/////////////////////////////////////////// O autor, sua esposa e os filhos adotivos
Reformador: Na sua área de ou por outro, mas nunca pe- -las conjuntamente. Após ouvir
atuação na Vara de Infância e los três juntos. No dia da au- atentamente a coordenadora
Juventude, você deve ter acom- diência concentrada, realizada daquela instituição, a psicólo-
panhado vários casos envol- nos termos do Provimento nº ga e a assistente social, pensei
vendo crianças em situação de 32, de 24 de junho de 2013, da comigo mesmo que aquelas
risco. O que lhe chamou a aten- Corregedoria Nacional de Jus- crianças cresceriam institucio-
ção neste caso dos três irmãos? tiça, a equipe multidisciplinar nalizadas e de lá provavelmente
Fábio Carvalho: No caso da instituição de acolhimen- só sairiam quando alcançassem
dos três irmãos, os relatórios to informou que, até então, a maioridade. Elas estavam aco-
psicossociais do programa de não existiam possibilidades de lhidas havia quase quatro anos.
atendimento apontavam para desligamento, seja porque nin- Os pais tinham sido destituídos
uma forte relação que exis- guém da família extensa havia do poder familiar. Aquele qua-
tia entre os infantes e eram demonstrado interesse ou con- dro sensibilizou-me e antes que
sempre inexoráveis quanto à dição de recebê-las, seja por- o juiz pudesse passar a palavra
possibilidade de eles serem se- que nenhum dos inscritos no ao representante do Ministério
parados. Muitos foram aqueles cadastro nacional de adoção Público, eu lhe falei no ouvido:
que se interessaram por um havia se interessado em adotá- “eu ficarei com as três”. Foi um
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Fonte: XAVIER, Francisco C. Voltei. Pelo Espírito Irmão Jacob. 28. ed. 10. imp.
/ / / / / / / / / / //////// Brasília: FEB, 2016. cap. 20 – Retorno à tarefa, it. 20.3 – Assembleia da
1
N.R.: fabiosouzadecarvalho@gmail.com fraternidade. Transcrição parcial.
N
o ano de 1980, acom- litarista e pessimista, pelos ve- que nos impressionaram por
panhado pelos amigos lhos atomistas, permitiram-se ocasião da primeira visita.
Nilson de Souza Pereira fortes gargalhadas de escárnio Estivemos em algumas das
e Juan Antônio Durante, dile- e abandonaram o local, dei- suas ilhas famosas e procura-
to confrade argentino, visitei a xando o intimorato divulgador mos encontrar na poeira do
Grécia pela primeira vez. do Evangelho profundamen- tempo as pegadas ao Apóstolo
Em Atenas, após o entusias- te abatido. Ali, quase dois mil das gentes.
mo natural, caminhando pelas anos após, psicografamos, ao Não faltam templos de di-
ruínas históricas que nos con- ar livre, separadamente Juan e ferentes credos cristãos, para
duziam às glórias do passado, nós, mensagens pertinentes ao celebrações mais profanas que
detivemo-nos sobre os escom- acontecimento. religiosas, nem as ondas turísti-
bros do Areópago, onde o Após- A verdade é que o glorio- cas, a invadir todos os recantos,
tolo Paulo pela primeira vez so pregador retornou a Atenas como aeroportos, hotéis e estra-
apresentou Jesus aos curiosos posteriormente e a conquistou das superlotados, não deixando
que acorreram ao nobre recinto. para Jesus, após haver passado perceber a presença de Jesus
Recordamo-nos das suas por algumas das suas ilhas, que nos comportamentos. Prazeres
primeiras palavras, que encan- ficariam imortalizadas em suas multiplicados, de qualidades
taram o público até o momento cartas memoráveis. variadas para todos os palada-
em que ele se referiu à imortali- Recentemente, no mês de res, que atraem os caçadores de
dade, fazendo um panegírico à julho passado, conduzido por divertimentos, especialmente
Ressurreição. amigos espíritas devotados e sexuais, transformaram-se num
As mentes aturdidas pelas gentis, voltamos à Grécia, man- dos mais valiosos recursos para
várias correntes da filosofia uti- tendo na memória as imagens atrair multidões esfaimadas.
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A
unificação do Movi- sendo portanto, a primeira brando alguns dos fatos e feitos
mento Espírita baiano instituição espírita legalmen- de suas vidas como expoentes
deve a José F lorentino te constituída na Bahia e no da união dos espíritas.
de Sena, o Petitinga, e a Brasil, somente com o sur- Petitinga nasceu em Amar-
Manoel Philomeno Baptista
gimento da União Espírita gosa, no Estado da Bahia, em
de Miranda, o Miranda, sua Baiana, em 1915, é que temos 2 de dezembro de 1866 e co-
gênese e florescência nos al- efetivamente um projeto de meçou a trabalhar na casa das
bores do século XX. Embo- integração das entidades espí- drogas e ferragens de Francisco
ra a ideia de um movimento ritas deste Estado. Nesta ins- Torquato Barreto, na cidade de
organizado estivesse presente tituição, hoje conhecida como Nazaré, aos 11 anos incomple-
nos esforços de Luís Olímpio Federação Espírita do Estado tos, escolhido pelo seu talento
Teles de Menezes, reconheci- da Bahia, nossos personagens para o serviço da escrita.
do como instituidor do Mo- entrelaçaram suas vidas em Miranda chegou ao mun-
vimento Espírita no Brasil ao torno do ideal espírita. do físico a 14 de novembro de
criar o “Grupo Familiar de No momento histórico em 1876, no lugar chamado Jan-
Espiritismo” e o periódico es- que vivemos, tão necessita- gada, município do Conde no
pírita O Echo d’Além-Túmulo, do de exemplos significativos, Estado da Bahia e viveu parte
e conseguir, depois de ingen- recordamos os nascimentos da sua infância em Canavieiras,
tes esforços, registrar em 28 de Miranda e Petitinga, que tendo começado sua laboriosa
de novembro de 1873, a “As- completam 140 e 150 anos, res- vida comercial, também aos 11
sociação Espirítica Brasileira”, pectivamente, em 2016, relem- anos, como auxiliar da casa de
.
da Unificação, visitando os múl- do no posto até a sua desencar- Miranda o repórter.
tiplos centros de Salvador para nação, em 14 de julho de 1942.
gerar a União Espírita Baiana, Juntos, atuam na aquisição
em 25 de dezembro de 1915. do imóvel no centro histórico
Miranda prosseguiu este para sede própria da União Es- Na árdua tarefa de pioneiros
trabalho viajando com Leopol- pírita Baiana, organizam suas da união dos espíritas, Petitinga e
do Machado por vários centros atividades espíritas com ênfase Miranda demonstraram excelen-
espíritas, de Salvador e do inte- no esclarecimento, na prática te competência em conviver com
rior do Estado, além de realizar mediúnica da desobsessão, na os mais diversos relacionamen-
o primeiro censo das casas espí- assistência aos necessitados, tos, tanto de adversários ferre-
ritas da Bahia. destacando-se o papel do líder nhos do aquém quanto do Além.
Petitinga, poeta premiado Miranda na condução das fes- Afoitos e entusiasmados defen-
nacionalmente, literato, maior tas natalinas dos assistidos. sores do Espiritismo, demons-
conhecedor da língua portu- Ambos atuaram até o limite traram equilíbrio nas atitudes
guesa em terras baianas, segun- de suas forças físicas. Petitinga e amoroso exemplo nas ações.
do seus pares, legou-nos poe- foi acometido de mal súbito em Suas atitudes servem até hoje de
mas espíritas e alguns escritos plena atividade doutrinária na paradigma para a definição de
de sua lavra que muito enrique- União Espírita Baiana e, trans- programas e ações da entidade
cem a cultura espírita. portado ao leito, desencarnou federativa baiana. Protagoniza-
Miranda, homem culto, após 13 dias. Miranda resistiu ram momentos de fé, de cari-
traduzindo facilmente textos aos conselhos dos Espíritos e dade, de amizade, de esperança,
da língua francesa, deixou-nos frequentou a instituição até de perdão das ofensas, episódios
como legado sua resposta ao dias antes do decesso, ao con- que se tornaram reveladores da
padre Huberto Rohden, intitu- cluir que não tinha mais forças elevada estatura espiritual de que
lada Por que sou espírita, além para subir os degraus do prédio. eram portadores. Lembrar-lhes
de Excertos que justificam o es- Mesmo no leito, deu as instru- os nomes é rememorar a saga do
piritismo, e Resenha do espiritis- ções finais a seu sucessor, Al- federativismo na Bahia e ter uma
mo na Bahia, sendo esta última fredo Mercês, com relação ao referência segura para as ativida-
produção um breve histórico andamento dos trabalhos da des contemporâneas.
dos primeiros 25 anos de exis- União Espírita Baiana.
tência da União Espírita Baiana. Após a desencarnação, Peti-
Petitinga comanda os des- tinga enviou-nos notícias pela
tinos da entidade federativa de psicografia de vários médiuns, //////////////////
Fonte:
1916 até a sua morte, ocorrida a começar por Chico Xavier. SANTO, Ildefonso do Espírito. (Org.)
em 1939. Miranda escreveu uma série de Testemunho da imprensa: coletânea
Miranda torna-se seu secre- livros sobre desobsessão, pela de boletins espíritas da USEB e Fe-
deração Espírita do Estado da Bahia.
tário, em 1920, e assume a pre- mediunidade de Divaldo Fran-
FILHO, Archibaldo Petitinga. José
sidência no lugar de Petitinga, co. Ambos prosseguem juntos Petitinga: apóstolo da Unificação.
escolhido entre seus pares em na faina espiritual de elevação Reformador.
reconhecimento de seu trabalho do psiquismo planetário, sen- Documentos originais CEDOC/FEEB.
N
aquele cintilante entar- querido Rabi com um carinho A todos o Mestre acolheu,
decer, quando o céu se inesperado. sem se esquecer de ninguém.
mostrava entre o anil e o Os discípulos correram a acu- E contou-lhes, naquele lindo
rosado, graças ao pôr do sol ma- dir Jesus. entardecer, muitas e inesquecí-
jestoso da Palestina, Jesus come- No entanto, quando prontos veis histórias.
morava 33 anos na Terra! para afugentarem os pequenos Narrou-lhes o caso do sama-
Após as prédicas do dia, o curiosos, eis que o próprio Mestre ritano bom, que socorrera o aci-
Mestre achou de sentar-se numa impede que dessa forma proce- dentado, na metade do caminho
rocha rústica, ali, na caldeira da dam, pois que o Reino dos Céus para Jericó.
Natureza, às margens do inolvi- seria, assim, para quem se asseme- Ao ouvir essa parábola, a me-
dável mar de Tiberíades. lhasse àqueles pequeninos, ainda nininha de cabelos encaracola-
A brisa leve e morna da tar- puros e sem maldades no coração. dos abraçou a mãe, que também
de afagava-lhe os belos cabelos – Deixai-os! ali estava, e assentiu, com o olhar
tidos à moda galileia, e os pés Então, sob a autorização do concordante:
andarilhos, metidos em simples Mestre, eis que começaram a – Sim, o samaritano agira cor-
sandálias de couro cru, brinca- chegar mais crianças! retamente!
vam com a areia leve e corredia Cenário lindo, agora outras Narrou-lhes também Jesus a
da praia, quando as crianças co- crianças também intentaram se história do filho pródigo, que retor-
meçaram a se aproximar. aproximar, todas atraídas pelo nara arrependido à casa paterna.
A princípio um tanto tími- magnetismo daquele Amor Ao final dessa história, um me-
dos, os petizes desejavam mes- Divino, nunca antes conhecido nino, mais resistente aos ensinos,
mo chegar mais perto do Mes- na Terra: essas eram crianças do meio da multidão logo avisou:
tre que vinha ensinando tanto a mais crescidas, chamadas de – Eu, se fosse o pai, não aceita-
seus pais. pais, mães, avós. Crianças des- va esse filho de volta, não!...
Dessa forma começaram a se conhecidas também chegavam. Todo mundo riu daquela ex-
achegar, e, entre risinhos e mãos Todos esses meninos espiri- pressão ingênua de honestidade,
na boca até as grandes gargalha- tuais vinham ouvir Jesus falar, no mas Jesus, olhando amorosamen-
das, não se passou mais do que cenário da Natureza, ao íntimo te para o pequeno interlocutor, ex-
um momento. Em um segundo de seus corações. plicou que sempre deveríamos fa-
já se via aquele burburinho de A todos Jesus abraçou, sem zer aos outros como gostaríamos
gente pequena, inundando o deixar ninguém de fora. que procedessem para conosco.
.
O Mestre tinha, no entanto, na- apóstolos conversando. em todos os séculos dos séculos.
quele lindo dia, algo para revelar. E Jesus sorriu.
Contou-lhes que, em breve, Seria mesmo.
não estaria mais entre eles. Maravilhoso presente o Mes-
Todos se entristeceram com tre prometia. Senhor Jesus!
essa notícia. Muitos séculos passaram- Com essas páginas que brotam
Para onde iria o Mestre?! -se, desde aquele entardecer da nossa imaginação singela, a re-
Mas Jesus, vendo os olhinhos inolvidável. memorar-te o sorriso consolador e
de desamparo daquela multidão Todas aquelas crianças segui- a presença mais que adorada, nes-
triste, estropiada, coxa e muda, ram suas jornadas pela Terra. ses dias de comemoração da glória
a todos acalmou, com o calor do Desde então, muito erramos, do teu nascimento, pedimos-te:
seu coração afetuoso e iluminado. enredados que fomos pelas ilu- “Desculpa o nada que te ofer-
Afirmou que, na verdade, ja- sões e enganos do mundo, es- tamos, em troca de tudo que nos
mais nos abandonaria! quecidos das lindas histórias que dás, e faze-nos mais simples!...” 1
E prometeu que, se nós o Jesus contara. Pois que é Natal, Senhor. Deixa
amássemos e guardássemos os Mas o Mestre havia-nos feito que as lágrimas de emoção que nos
seus mandamentos, Ele iria ro- uma promessa. arrebatam a alma possam declarar
gar ao Pai que nos enviasse outro E Jesus jamais se esquecera ao mundo inteiro, celebrando-te a
Consolador, para ficar eterna- das suas crianças, ao contrário. descida memorável ao orbe sofrido:
mente conosco. Então, eis que um dia, pelas “Glória a Deus nas alturas,
– Vai ser um presente, mãos de um apóstolo muito dedi- paz sobre a Terra”! (Lucas, 2:14.)2
Senhor? cado, o Codificador, Jesus enfim Para todos nós, um Natal
Perguntou um jovem, que enviou o presente prometido. muito feliz.
ali ouvia, mas que não podia Apresentou-se à Humanida-
REFERÊNCIAS:
caminhar. de o Consolador Prometido por 1
XAVIER, Francisco C. Antologia me-
– Sim. E esse presente meu Jesus, para nos lembrar de todas diúnica do natal. Espíritos diversos. 6.
Pai enviará em meu nome. Ele as suas parábolas belas, em sua ed. Brasília: FEB, 2009. Prece do Na-
vos ensinará todas as coisas e vos essência e pureza original. tal, p. 22.
Richard Simonetti
richardsimonetti@uol.com.br
N
uma igreja, três velas – As pessoas ignoram-me. bem apropriado para o mês
bruxuleantes conversa- Só pensam nelas mesmas, nas de dezembro.
vam, diálogo de luzes. suas necessidades, nos seus Imaginemos o nosso mun-
Disse a primeira: desejos. Negam-me o oxigê- do interior como um templo
– As pessoas andam agi- nio da fraternidade. sagrado iluminado por três
tadas, tensas, nervosas, em E apagou também. velas. Destinam-se a susten-
interminável correria. Não
Tão logo as trevas tomaram tar nosso equilíbrio e pro-
param para pensar. Não me a igreja, entrou um m enino porcionar condições para
dão o oxigênio da reflexão. de meigo olhar e doce sorriso. vivermos felizes, em aprovei-
A chama foi diminuindo e Portava uma vela acesa, cha- tamento integral das opor-
em breves momentos apagou. ma forte e firme. Com ela deu tunidades de edificação da
Reclamou a segunda: luz às três velas, que voltaram j ornada humana.
– As pessoas apegam-se a refulgir. E lhes disse: A primeira vela é a paz, o
aos interesses materiais – – Fiquem tranquilas. Ain- tempero da vida. Impossível
casa, automóvel, dinheiro, da que os homens não lhes viver bem se não há tranqui-
negócios, lazeres e prazeres, deem a devida sustentação, lidade em nós. Felicidade,
.
sem espaço para Deus. Ne- eu sempre virei reanimá-las. nem pensar!
gam-me o oxigênio da espi- Ainda que ganhemos so-
ritualidade. zinhos a megassena acumu-
Tão enfraquecida, leve lada; que tenhamos conforto
brisa a apagou. Esta singela história tem e poder; com a satisfação de
Lamentou a terceira: um precioso simbolismo, todos os nossos desejos, se
não guardarmos a paz nada mente os países ricos e de- na Terra, para onde vamos.
disso terá sentido. senvolvidos, cuja população Quem se habitua a pensar a
Platão dizia que a paz no tem tudo para viver bem. vida, buscando entendimen-
.
coração é o paraíso dos ho- A grande motivação dos to, conserva-se em paz.
mens. Ricos ou pobres, sãos suicidas é a paz. Esperam
ou doentes, moços ou velhos, encontrá-la na quietude do
se guardarmos a paz estare- cemitério, com o aniquila-
mos no céu. mento da vida. Logo cons- A segunda vela é a fé, a ar-
É difícil sustentá-la. Temos tatam, atormentados, que madura da alma.
paz por alguns momentos ou apenas mataram o corpo. Impossível enfrentar com
por alguns dias, talvez por al- Permanecem vivos, numa equilíbrio e fortaleza de âni-
gumas semanas, mas a chama outra dimensão, em sofri- mo os embates da vida, sem
logo bruxuleia ante as atribu- mentos inenarráveis, sem si- a crença num poder supremo
lações da vida, as tensões, os milares na Terra. que nos criou, que nos sus-
desentendimentos, as enfer- Por que a chama da paz tenta, que nos conduz.
midades, as angústias, a de- enfraquece e apaga? Falta- Diz o Apóstolo Paulo (Ro-
pressão… Corremos demais, -nos o oxigênio da reflexão, manos, 8:31): “Se Deus é por
preocupamo-nos demais, per- o hábito de parar e pensar so- nós, quem será contra nós?”
turbamo-nos demais. bre a vida, sobre nós, sobre o Sentença poderosa. Com
Crescem no mundo os destino, buscando os valores Deus estaremos sempre bem.
índices de suicídio. Curio- da compreensão. Definir de Santo Agostinho dizia que
samente, atingem principal- onde viemos, por que estamos ter fé é assinar uma folha em
.
mantenha viva a chama da fé. necessitado, consolamos o afli- amor deixem de ser meras es-
to, participamos de um serviço peranças, a cada Natal, conver-
em favor dos carentes de todos tendo-se em chamas ardentes e
os matizes? Ou quando harmo- perenes, a iluminar e aquecer a
A terceira vela é o amor, o nizamos a família em exercício nós e àqueles que nos rodeiam.
sustento da vida. de renúncia e dedicação? Então os sinos de Belém
Em sua essência, amar é Isso tudo é amor, o oxigê- replicarão numa outra festa,
.
querer o bem de alguém. nio da vida. bem mais significativa:
Para o egoísta, amar é que- O nascimento de Jesus em
rer em alguém o próprio bem. nossos corações!
M
uito embora ainda seja e revelador de tamanha sabedo- se apresenta como mero inter-
irrisório o conheci- ria, que não tenha sido criado mediário de uma verdade que
mento da Humanidade por uma inteligência de corres- não pertence a Ele, mas ao Pai
a respeito de Deus, é inevitá- pondente grandeza. que o enviou. (João, 14:24.)
vel o empenho no sentido de A inteligência humana rejei- Allan Kardec, não fugindo a
compreendê-lo, por ser Deus a ta a ideia de um Universo que esse mesmo princípio, inicia o
razão de ser não só do próprio se revela absolutamente causal seu trabalho de Codificação da
homem, como também de tudo e, contraditoriamente, tenha Doutrina Espírita na questão 1
quanto ele é capaz de perceber, surgido de um acontecimento de O livro dos espíritos: Que é
por meio dos seus sentidos, sa- aleatório, fortuito, acidental e Deus? A resposta é lapidar em
bendo que essa percepção esca- sem o governo de uma inteli- termos de simplicidade, pro-
pa à sua capacidade de criação, gência à altura daquilo que ele fundidade e, ao mesmo tempo,
compreensão e realização. próprio exprime. de concisão: “Deus é a inteli-
A busca de Deus pelo ser Não é por outra razão que gência suprema, causa primeira
humano é, por isso mesmo, os Dez Mandamentos recebi- de todas as coisas.”
natural, automática, instintiva dos por Moisés no Monte Sinai O desvendamento da ver-
e racional, por força de uma (Êxodo, 20:1 a 17) apresentam dade se baseia em três grandes
atração irresistível a essa ideia Deus como o ser único que go- pilares: o fato, a observação e
e de uma lógica absolutamente verna a existência e o destino o raciocínio. Ou seja, o que os
profunda que lhe faz rechaçar dos seres existentes na Terra. nossos sentidos são capazes
a concepção de um Universo Jesus Cristo ratifica plena- de observar e a nossa razão de
tão grandioso e cientificamente mente essa mesma ideia, embo- compreender. A observação
preciso, harmônico, majestoso ra por outras palavras, quando e a compreensão nos condu-
Transitoriedade Pasemeco
“Eles perecerão, mas tu permanecerás; “Ili pereos, sed Vi restos; kaj ĉiuj ili
e todos eles, como roupa, eluziĝos kiel vesto.” –
envelhecerão.” – Paulo. (Hebreus, 1:11.) Paŭlo (Hebreoj, 1:11.)
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F L
ala-nos o Eclesiastes das vaidades e da aflição a Predikanto parolas al ni pri la vantaĵoj kaj
dos homens, no torvelinho das ambições des- aflikto de la homoj en la kirlo de la frenezaj
vairadas da Terra. surteraj ambicioj.
Desde os primeiros tempos da família humana, Ekde la unuaj tempoj de la homa familio ekzis-
existem criaturas confundidas nos falsos valores do tas personoj konfuzitaj pri la falsaj mondaj valo-
mundo. Entretanto, bastaria meditar alguns minutos roj. Sufiĉus tamen kelkminuta medito pri la pase-
na transitoriedade de tudo o que palpita no campo das
meco de ĉio vibranta en la kampo de la formoj, por
formas para compreender-se a soberania do espírito.
kompreni la superregecon de la spirito.
Consultai a pompa dos museus e a ruína das
Konsultu la pompon de la muzeoj kaj la ruinon
civilizações mortas. Com que fim se levantaram
tantos monumentos e arcos de triunfo? Tudo fun- de la mortintaj civilizacioj. Por kiu celo stariĝis tiom
cionou como roupagem do pensamento. A ideia da monumentoj kaj triumfaj arkoj? Ĉio funkciis kiel
evoluiu, enriqueceu-se o espírito e os envoltórios vesto de la penso. La ideo evoluis, riciĝis la spirito
antigos permanecem a distância. kaj la malnovaj envolvaĵoj restas malproksime.
As mãos calejadas na edificação das colunas bri- La manoj, kaliĝintaj en la konstruado de la bri-
lhantes aprenderam com o trabalho os luminosos laj kolonoj, ekkonis per laboro la lumajn sekretojn
segredos da vida. Todavia, quantas amarguras expe- de la vivo. Sed kiom da amaraĵoj spertis la frene-
rimentaram os loucos que disputaram, até à morte, zuloj, kiuj ĝismorte disputadis por ilin posedi?
para possuí-las? Uzu ĉiajn okazojn de servado kiel sanktajn
Valei-vos de todas as ocasiões de serviço, como
oportunojn en la dia marŝo al Dio.
sagradas oportunidades na marcha divina para Deus.
Grandvalora estas malabundo, ĉar ĝi estigas
Valiosa é a escassez, porque traz a disciplina. Pre-
disciplinon. Altvalora estas abundo, ĉar ĝi multi-
ciosa é a abundância, porque multiplica as formas
do bem. Uma e outra, contudo, perecerão algum gas la formojn de bono. Tamen unu kaj alia iam
dia. Na esfera carnal, a glória e a miséria constituem pereos. En la karna sfero, gloro kaj mizero kons-
molduras de temporária apresentação. Ambas pas- tituas modlurojn de kelkatempa aspekto. Ambaŭ
sam. Somente Jesus e a Lei Divina perseveram para forpasas. Nur Jesuo kaj la Dia Leĝo restas por ni
nós outros, como portas de vida e redenção. kiel pordoj al vivo kaj elaĉeto.
/ / / / / / / / / / / / / /////
Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. 9. imp. Brasília: FEB, 2015.
Wesley Caldeira
weslleyscaldeira@gmail.com
A
llan Kardec mostrou-se Antecedentes nai os espíritos para ver se são
preocupado com a ques- O assunto não é novo na de Deus.”4
tão da identidade dos História. Shakespeare anotou em
Espíritos desde o início da orga- Eurípedes, em 413 a.C., fez o Tragédias na cena em que após
nização doutrinária, pois consta- personagem Orestes questionar os generais Banquo e Macbeth
tou a diversidade cultural e moral um oráculo vindo supostamen- são abordados, por três bruxas,
dos indivíduos desencarnados te do deus Apolo, recebido em e recebem profecias de ascen-
e entreviu os riscos inerentes ao Delfos, que lhe impunha vin- são política, que os instrumen-
relacionamento com eles. gar a morte do pai à custa da tos sombrios, como ardil para
Em Instrução prática sobre as vida da mãe adúltera: “Não te- nos conduzir até a destruição,
manifestações espíritas (1858) ria sido algum espírito infernal “contam-nos verdade, cati-
tratou do tema no capítulo Das quem disso me persuadiu sob a vam-nos com insignificâncias
relações com os Espíritos. Em forma de uma divindade?” Sua claramente honestas, só para
O que é o espiritismo (1859) irmã Electra discordou: “Um trair-nos em consequências as
discorreu sobre ele e afirmou: espírito infernal... sobre os al- mais profundas”.5
“[...] Devemos, pois, abster-nos tares sagrados? Ah! não creio!”
de crer de um modo absoluto Mas Orestes não se convenceu: Advertência
na autenticidade de todas as “No entanto, eu não admitirei A questão da identidade dos
assinaturas de Espíritos”.1 Foi, nunca que semelhante oráculo Espíritos “é uma das mais con-
porém, no capítulo XXIV de tenha sido legítimo...”.3 trovertidas”, afirmou o Codifi-
O livro dos médiuns (1861) que Recomendou 1João, 4:1: cador no item 255 do capítulo
conferiu à questão abordagem “Amados, não acrediteis em XXIV de O livro dos médiuns
extensa, minuciosa e completa.2 qualquer espírito, mas exami- (LM). É, na verdade, “depois da
(LM, it. 267, subit. 26). cessário “não publicar incon- mento. Brasília: FEB, 2013.
A educação da mediunida- sideradamente tudo quanto 11
WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco.
de passa por fases diversas num vem dos Espíritos, se quiser- Allan Kardec: pesquisa biobibliográ-
fica e ensaios de interpretação. 4. ed.
percurso quase sempre longo. mos atingir os objetivos a que Brasília: FEB. v. 3, 1982. p. 130.
A paciência é a prova mais co- nos propomos”; “o que deve 12
KARDEC, Allan. O evangelho segun-
mum, nos períodos iniciais, e o ser entregue ao público exige do o espiritismo. Trad. Guillon Ribei-
discernimento é a vitória pro- condições especiais” – assim ro. 131. ed. 6. imp. (Edição Histórica.)
Brasília: FEB, 2016. Introdução, it. II.
gressiva da maturidade, resul- orientou Allan Kardec.21
tante do estudo e da experiência.
13
XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo
Espírito Emmanuel. 1. ed. 10. imp. Bra-
Não é desprestígio equivocar- sília: FEB, 2016. cap. 14 – Páginas.
-se na identificação dos Espíritos, 14
BÍBLIA DE JERUSALÉM. Trad. Gil-
ou sofrer mistificações, nem isso berto da Silva Gorgulho et al. [8. imp.]
significa ausência de boa assis- São Paulo: Paulus Editora, 2012.
REFERÊNCIAS:
tência espiritual. Mesmo os bons 1
KARDEC, Allan. O que é o espiritismo.
15
XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo
Espírito Emmanuel. 1. ed. 10. imp. Bra-
médiuns podem ser enganados; Tradução da redação de Reformador
sília: FEB, 2016. cap. 14 – Páginas.
embora “com menos frequência” em 1884. 56. ed. 1. imp. Brasília: FEB,
2013. cap. II, it. 93 a 96. 16
FRANCO, Divaldo Pereira. Transição
(LM, it. 226, subit. 9). planetária. Pelo Espírito Manoel Phi-
2
____. O livro dos médiuns. Trad.
O erro tem valor educacio- Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp.
lomeno de Miranda. 2. ed. Salvador:
LEAL, 2010. p. 217.
nal como caminho no processo. Brasília: FEB, 2013.
17
XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Wal-
3
EURÍPIDES. Alceste, Electra, Hipó-
do. Evolução em dois mundos. Pelo
De tudo se colhe um ensina- lito. Trad. Pietro Nassetti. São Paulo:
Espírito André Luiz. 27. ed. 5. imp. Bra-
Martin Claret, 2004. p. 110 e 111.
mento, mesmo das piores coi- sília: FEB, 2016. cap. 9, it. Microcosmo
sas. Cabe a vós saber colhê-lo. É
4
BÍBLIA DE JERUSALÉM. Trad. Gilber- prodigioso, p. 73 e cap. 16, it. Sincronia
to da Silva Gorgulho et al. [8. imp.] de estímulos, p. 127.
preciso que haja comunicações São Paulo: Paulus Editora, 2012. 18
FRANCO, Divaldo Pereira. Trilhas
de toda espécie, para que apren- 5
SHAKESPEARE, William. Tragédias. da libertação. Pelo Espírito Manoel
dais a distinguir os Espíritos Trad. Beatriz Viégas-Faria. São Paulo: Philomeno de Miranda. 10. ed. 3. imp.
bons dos maus e para que vos Editora Nova Cultural, 2003. 1º Ato, Brasília: FEB, 2014. cap. Advertências
Cena III, p. 151 e 154. salvadoras, p. 126.
sirvam de espelho a vós mes-
6
KARDEC, Allan. Revista Espírita: jor- 19
KARDEC, Allan. O evangelho se-
mos” (LM, it. 268, subit. 16). gundo o espiritismo. Trad. Guillon
nal de estudos psicológicos. ano 5,
n. 3, p. 117, mar. 1862. Trad. Evandro Ribeiro. 131. ed. 6. imp. (Edição His-
A modéstia é o mais nobre Noleto Bezerra. 4. ed. 1. imp. Brasília: tórica.) Brasília: FEB, 2016. Intro-
FEB, 2014. dução, it. II.
dos adornos: “aquele que não
7
PERANDRÉA, Carlos Augusto. A psico- 20
____. Revista Espírita: jornal de es-
sabe distinguir a pedra legíti- tudos psicológicos. ano 6, n. 5, p. 212,
grafia à luz da grafoscopia. São Paulo:
ma da falsa se dirige ao lapidá- Editora Fé, 1991. mai. 1863. Trad. Evandro Noleto Bezer-
rio” (LM, it. 268, subit. 25); ou ra. 4. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2014.
8
XAVIER, Francisco C. Seara dos mé-
seja, pede ajuda. diuns. Pelo Espírito Emmanuel. 20. ed. 21
____.____. p. 212 e 213.
O
benfeitor Camilo, na obra preenchidas, mas o livro não está na droga, normalmente na fase
Minha família, o mundo e finalizado, cabendo aos pais o da adolescência ou no início da
eu (Editora Fráter, 1. ed., compromisso de nortear os fi- vida adulta.
cap. 7, p. 67), psicografado pelo lhos para o bem, ajudando-os a Muitos desses filhos nasce-
médium José Raul Teixeira, as- preencher algumas das páginas ram em lares ajustados, equili-
severa que “é próprio de todo em branco. brados, receberam orientação
o casal vinculado ao bem e que Essas experiências e apren- moral e religiosa, e, às vezes,
tem sonho de um mundo me- dizados trazidos do pretérito, frequentaram a evangelização
lhor, fazer votos para que seus de outras vidas, geram as boas e infantil e a mocidade da Casa
filhos nasçam com saúde físi- as más inclinações que os filhos Espírita, e, mesmo tendo con-
ca, mas, do mesmo modo, que demonstram desde a primeira tato com as informações do
sejam criaturas voltadas para o infância, mas, conforme eluci- Espiritismo, optam, por várias
bem, para as ações da luz, para da o benfeitor Camilo na referi- causas, em fazer uso de drogas
Deus, enfim”. da obra (p. 68), “ninguém pode psicoativas.
À luz da veneranda Dou- identificar, de pronto, as baga- Alguns pais se perguntam:
trina Espírita, sabemos que a gens morais de que é portadora Onde falhamos? fomos exigentes
alma não é criada na concepção [a alma], de que realidades espi- demais? ou complacentes?
ou no nascimento, portanto, os rituais advém nem, após a exis- Sem dúvida, há casos em
nossos filhos, do ponto de vista tência terrena, para que níveis que os pais falharam na educa-
espiritual, já possuem experiên- evolutivos regressará”. ção, pois foram excessivamen-
cias acumuladas, algumas boas, Em minhas viagens divul- te rígidos, ou omissos, ou não
outras más, em virtude da lei gando o Espiritismo e no aten- enxergaram os conflitos psico-
abençoada da reencarnação, de dimento fraterno da Casa Espí- lógicos de que seus filhos eram
forma que eles não são um livro rita não são poucas as narrativas portadores, ou não identifica-
em branco quando nascem, vis- doloridas de pais que vivenciam ram os sinais de que algo não
to já possuírem algumas páginas a experiência de ter um filho estava bem.
Há situações em que os pais tadores, insistem nesse caminho Dessa forma, para muitos jo-
agiram de forma exemplar, o espinhoso. vens, a maconha perdeu o status
que não impediu os filhos de Gostaria de pontuar a ques- de droga, sendo utilizada apenas
enveredarem para o caminho tão da maconha por conta do para relaxar e diminuir a ansie-
triste das drogadição. Camilo, alto índice de jovens que a utili- dade, de modo que, segundo
com sua orientação lógica, nos zam, a pretexto de que não é tão esses usuários, não faz qualquer
ensina que esses filhos possuem ofensiva à saúde, de que não são mal à saúde.
bagagens morais ainda deficitá- viciados e, tão logo o desejarem, Preocupo-me como ficará
rias, estão em patamares evo- abandonarão seu uso. a juventude, a sociedade e as
lutivos que lhes dificultam en- Muitos deles estão num está- famílias se a maconha for des-
frentar os desafios existenciais, gio de fascinação, sofrendo, inclu- criminalizada pelo Supremo
particularmente os relaciona- sive, influência espiritual perni- Tribunal Federal.
dos à vida juvenil, em clima ciosa, de tal sorte que vemos pais Não são poucos os pais, al-
de equilíbrio, optando, mui- que usam desde os diálogos reli- guns espíritas, se afligindo em
tas vezes, pela fuga das drogas giosos até os científicos, mas em seus lares com essa realidade.
estupefacientes. vão, porque, na atual fase os filhos Que dizem os Espíritos Superio-
Vemos, infelizmente, muitos não conseguem identificar os pre- res acerca dessa situação? Como
jovens fazendo uso de bebidas juízos físicos e morais, que estão devemos agir?
alcoólicas, tabaco, maconha, co- amontoando para si mesmos. No livro Vereda familiar, de
caína, crack, LSD etc. Em relação ainda à maco- autoria espiritual da benfeitora
Lamentavelmente, alguns de- nha, na minha área de trabalho, Thereza de Brito, psicografado
les são portadores do conheci- deparo-me com muitos jovens por José Raul Teixeira, consta
mento espírita, sobretudo da Lei nessa situação, e ao serem in- que: “Os filhos que [você] guarda
de Causa e Efeito e dos processos dagados se estão usando droga, no lar, marcados por desequilí-
obsessivos, porém, devido à fra- respondem que não, pois usam brios de comportamento, fazen-
gilidade moral de que são por- apenas maconha. do-se doidivanas, irresponsáveis
Jesus de Nazaré
Uma narrativa da vida e das parábolas
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FEB Editora
editorial@febnet.org.br
A
o longo do tempo, o Cristo registrados pelos evan- Destaques do Prefácio
Evangelho de Jesus gelistas e enriquecida por per- da obra
tem sido interpretado tinentes comentários que nos
sob diversos pontos de vista: levam a refletir sobre a per- Um antigo conto judaico relata
de forma literal, alegórica ou sonalidade única que é Jesus que a Verdade decidiu visitar os
simbólica e espiritual. Sem de Nazaré, Guia e Modelo da homens, sem roupas e adornos.
desmerecer a importância Humanidade. Todos que a viam viravam-lhe
das abordagens intelectuais, as costas de vergonha e medo,
o grande objetivo do homem e ninguém lhe dava as boas-
deve ser interpretar a Boa- -vindas. Um dia, desconsolada
-Nova, buscando vivenciar e triste, encontrou a Parábola,
suas lições. O Divino Mestre que passeava alegremente tra-
utilizou-se das parábolas para jando elegante vestimenta.
ilustrar seus preceitos, legan- – Verdade, por que você está tão
do à Humanidade, por meio abatida? – perguntou a Parábola.
de poéticas comparações, um – Porque devo ser muito fria e
rico acervo de ensinamentos. antipática – respondeu a amar-
Jesus de Nazaré: uma nar- gurada Verdade.
rativa da vida e das parábolas – Que disparate! – sorriu a Pa-
apresenta ao leitor uma abor- rábola. – Não é por isso que os
dagem espírita das parábolas, homens evitam você. Vista al-
relatando os principais acon- guma das minhas roupas e veja
tecimentos da trajetória do o que acontece.
.
das parábolas de Jesus, conside- gio Militar do Rio de Janeiro, Militares Espíritas (CME).
rando os principais pensamen- onde frequentou o Núcleo da
tos religiosos nelas presentes, Cruzada dos Militares Espíri-
tanto do Velho quanto do Novo tas, fundado por Carlos Torres
Testamento, conectando as três Pastorino. Lá, desenvolveu Recomendamos a leitura
grandes revelações: Judaísmo, grande afeição pelo estudo do desse valioso lançamento da
Cristianismo e Espiritismo. Evangelho, influenciado por FEB Editora em seu formato im-
Destacamos que o Judaísmo Pastorino e por seu pai, Ruy presso ou eletrônico. Outras in-
profetizou o advento do Cristo, Kremer. Formou-se em Enge- formações estão disponíveis no
e este prometeu enviar o Con- nharia e trabalha desde então portal www.febnet.org.br ou no
solador, que é o Espiritismo. na Petrobras. site www.febeditora.com.br.
S
enhor Jesus. Há quase cebem os aromas agrestes da sobre as crianças abandonadas,
dois milênios, estabe- Natureza. estampando nos diários um
lecias o Natal com tua Um presepe do século XX conto triste, onde se exalte a cé-
doce humildade na manjedou- seria certamente arranjado lebre virtude cristã da caridade;
ra, onde te festejaram todas as com eletricidade, sobre uma mas, daí a momentos, fecharão
harmonias da Natureza. Reis e base de bombas e metralhado- a porta dos seus palacetes ao
pastores vieram de longe, tra- ras, onde aquela legenda suave primeiro pobrezinho.
zendo-te ao berço pobre o tes- do Gloria in excelsis Deo seria Contudo, Senhor, entre os
temunho de sua alegria e de seu substituída por um apelo re- superficialismos desta época
reconhecimento. As estrelas volucionário dos extremismos de profundas transições, al-
brilharam com luz mais intensa políticos da atualidade. mas existem que te esperam e
nos fulgores do céu e uma delas As comemorações já não te amam. Tua palavra sincera e
se destacou no azul do firma- são as mesmas. branda, doce e enérgica, mag-
mento, para iluminar o suave Os locutores de rádio falarão netiza-lhes os corações, na ca-
momento de tua glória. Desde da tua humildade, do cume dos prichosa e interminável esteira
então, Senhor, o mundo inteiro, arranha-céus, e, depois de um do tempo. Elas andam ocultas
pelos séculos afora, cultivou a programa armamentista, estra- nas planícies da indiferença e
lembrança da tua grande noite, nharão, para os seus ouvintes, que nas montanhas de iniquida-
extraordinária de luz e de bele- a tua voz pudesse abençoar os pa- de deste mundo. Conservam,
zas diversas. cíficos, prometendo-lhes um lugar porém, consigo a mesma es-
Agora, porém, as recordações de bem-aventurados, embora haja perança na tua inesgotável
do Natal são muito diferentes. isso ocorrido há dois mil anos. misericórdia.
Não se ouvem mais os cân- Numerosos escritores fala- É com elas e por elas que,
ticos dos pastores, nem se per- rão, em suas crônicas elegantes, sob as tuas vistas amoráveis,
///////////////////////////////////////////
S
omos herdeiros daqueles haveres, apostolando a Tercei- atividades empresariais, tor-
que nos antecederam nas ra Revelação. nando-se o grande pioneiro da
lutas do caminho. Rele- Emigrado da antiga Boê- indústria fonográfica no Brasil.
gá-los a injustificável degredo, mia, onde nasceu a 2 de dezem- Com o advento dos cilin-
longe das nossas m emórias, bro de 1866,2 Fígner chegou a dros à base de cera, em 1897,
seria pura indelicadeza, não Belém do Pará, em agosto de iniciou as gravações com fins
fosse grave ilicitude. Furtando- 1891, depois de haver percor- comerciais, oferecendo-as ao
-nos a semelhantes incorreções rido os Estados Unidos, Méxi- público, em 1898. Em 1900,
– indelicadeza, ilicitude – ce- co e América Central. De Be- transferido o seu endereço co-
lebramos nestas linhas o ses- lém, onde primeiro apresentou mercial para a rua do Ouvidor,
quicentenário de nascimento o fonógrafo,3 dirigiu-se a vá- 107, instalou a Casa Edison.
de um dos maiores vultos es- rias cidades brasileiras, apor- Dois anos depois, 1902, produ-
píritas do Brasil. tando no Rio de Janeiro, em ziu o primeiro disco de música
Frederico Fígner, idealista 1892. Desde então, realizou popular brasileira: o lundu Isto
de rara feição, inscreveu seu sucessivas viagens entre Brasil, é Bom, cantado por Bahiano,4 e
nome nos anais do Espiritis- Uruguai, Argentina, Itália e Es- autoria de Xisto Bahia.5
mo. Durante mais de quatro tados Unidos, fixando-se, em Devido ao grande sucesso
decênios, ininterruptos, em- 1896, na capital fluminense. desses discos, muitos outros
pregou seu tempo, suas ener- Findo esse lustro, artistas gravaram, fazendo
gias, sua inteligência e seus 1891/1896, intensifica suas crescer esse mercado. Tempos
Vamos convidar
Jesus para visitar
o nosso lar?
///////////////////////////////////////////
A
tribui-se ao genial escri- ordem para receber o hóspede Levou-o para a choupana, pôs
tor russo Léon Nikoláie- tão esperado. sua roupa a secar ao calor da
vitch Tolstói (1828–1910) Uma violenta tempestade de lareira e repartiu com ele a
a seguinte história de Natal que, granizo e neve ocorria lá fora sopa de repolho. Só o deixou ir
ao longo dos tempos, tem emo- e o aldeão continuava com os embora depois de ver que ele
cionado as sucessivas gerações, afazeres domésticos, cuidan- já tinha forças para continuar
não só pela simplicidade do re- do também da sopa de repo- a jornada.
lato, mas, principalmente, pela lho, que era o seu prato pre- Olhando de novo através da
lição moral que encerra. dileto. De vez em quando ele vidraça, avistou uma mulher
observava a estrada, sempre na estrada, coberta de neve.
Um aldeão russo, muito devo- à espera. Foi buscá-la e a abrigou na
to, pedia constantemente nas Decorrido algum tempo, viu choupana. Fez com que sen-
suas orações que Jesus vies- o aldeão que alguém se apro- tasse próxima à lareira, deu-
se visitá-lo na sua humilde ximava, caminhando com difi- -lhe de comer, embrulhou-a
choupana. culdade em meio à borrasca de em sua própria capa. Não a
Na véspera de Natal sonhou neve. Era um pobre vendedor deixou partir enquanto não
que o Senhor iria aparecer-lhe, ambulante, que conduzia às readquiriu forças suficientes
e, teve tanta certeza da visita costas um fardo bastante pesa- para a caminhada.
que, mal acordou, se levantou do. Compadecido, saiu de casa A noite começava a cair... E
e começou a pôr a casa em e foi ao encontro do vendedor. nada de Jesus!
Cleber M. Gonçalves
cleberlenise@gmail.com
C
erta ocasião presenciei – Acredito que não. Você já Na questão 115 de O livro
interessante diálogo en- pensou sobre a complexidade dos espíritos (LE)1 somos in-
tre dois confrades es- das células? Elas são verdadei- formados de que “Deus criou
tudiosos do Espiritismo. Um ros mundos à parte! todos os Espíritos simples e ig-
deles interrogou: – Seria então o átomo, o simples norantes [...]”.
– O que considera você como e ignorante que você questiona? Na questão 121: “[...] Deus
simples e ignorante, na resposta – Acho que também não. O não os criou maus; criou-os
dada pelos Espíritos a Kardec, átomo é muito diversificado, simples e ignorantes [...]”.
sobre a criação deles próprios? constitui-se de muitas subpartí- Na questão 133: “Todos são
– Ora, deve ser o homem culas e forças de interação mui- criados simples e ignorantes
primitivo que precedeu às civi- to coerentes! [...]” e na questão 634: “Já te dis-
lizações” – disse o segundo. – Ora, então não sei em que semos: os Espíritos foram cria-
– Mas o homem primitivo se situam tais condições! – dis- dos simples e ignorantes [...]”.
está muito longe de ser simples se o outro –, um tanto agastado Ora, o que é simples? A filo-
e ignorante. Ele luta por sua so- com tanto questionamento. sofia nos ensina:
brevivência com bastante inteli- Encerrando o assunto, o pri- “É aquilo que é destituído de
gência e criatividade! meiro disse bem-humorado: partes”, que não pode ser dividi-
– Então seria em relação aos – Então estamos no mesmo do.2 E, de fato, aprendemos que
animais e vegetais? barco, pois eu também não sei o o Espírito é indivisível, portan-
– Estes, porém, possuem que seria este simples e ignorante! to simples. (LE, q. 92.)
funções adaptativas complexas De fato, observa-se que esta E ignorante, o que significa?
e grande diversidade. dúvida é frequente no meio Voltando à questão 115 (LE), os
– Quem sabe, então, os seres espírita e seria oportuno apre- Espíritos acrescentam ao “simples
unicelulares representariam o sentar alguns esclarecimentos e ignorantes” a expressão: “isto é,
início? sobre o tema. sem saber”. (Grifo nosso.)
A
Doutrina Espírita expande causar essa enfermidade, como • A rigidez de caráter e de
e clareia ainda mais o pro- também os aspectos psicológi- decisões: observado nas pessoas
cesso saúde-doença, escla- cos e espirituais possuem gran- que apresentam um elevado
recendo-nos que as enfermidades de impacto no surgimento e grau de culpa, de autocobrança
têm suas matrizes no Espírito, que desenvolvimento da doença. exagerada e doentia em relação
se torna doente devido a desequi- Causas espirituais da de- aos eventos da vida, bem como
líbrios praticados por ele mesmo. mência de Alzheimer (DA): um marcante traço de autorita-
Nessa visão profunda, a gênese da rismo em sua personalidade;
doença está centrada no ser espiri- • Os pensamentos destru- • A ausência de preparo para
tual, que é a nossa essência. tivos e sentimentos doentios e o envelhecimento: especialmen-
As imperfeições da alma pa- desequilibrados praticados ao te naqueles indivíduos que não
recem originar os desequilíbrios longo de uma vida: observados aceitam as modificações e trans-
energéticos e o adoecimento na principalmente naqueles indi- formações físicas, emocionais e
maioria das doenças orgânicas. víduos que cultivam emoções sociais próprias do processo na-
Com a demência não poderia negativas ao longo da vida, bem tural do envelhecimento huma-
ser diferente. Inúmeras evidên- como aos que optam por uma no, tornando-se hostis à vivência
cias levam-nos a crer que não postura de hostilidade e negati- dessa fase do ciclo biológico;
somente os fatores de risco mais vismo em relação a si mesmos e • A negação ao enfrentamen-
estudados e conhecidos podem ao meio que os cercam; to das feridas da alma: toda vez
A FELICIDADE É POSSÍVEL
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a oração e a espiritualidade em tratamentos e pro-
cessos de cura. Haverá apresentações de palestras 2o CONGRESSO ESPÍRITA
de mais de cem expositores do Brasil e do Exte-
rior, além do 2º Seminário Científico Internacio-
DE UBERLÂNDIA
Nos dias 27, 28 e 29 de janeiro de 2017 ocorrerá
nal de Medicina e Espiritualidade. Informações:
o 2 Congresso Espírita de Uberlândia sobre “Jesus,
o
EVANGELIZAÇÃO DE CRIANÇAS
XIX EMECE
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Alegre, na Pontifícia Universidade Católica do Espírita de Candelária, no Rio Grande do Norte.
Estado. Informações: www.espiritismors.org.br Os palestrantes Assis Pereira, César Rocha, Fábio
Fidélis e Oscar de Lira debateram o tema central
2o Congresso da Juventude
Espírita da Bahia
COMISSÕES REGIONAIS E
ENCONTROS MACRORREGIONAIS
E
ntre os meses de agosto eunião do CITAF, Evangeliza-
R soluções são alcançadas, e a
e outubro acontecem em ção Infantil e Juvenil. cooperação recíproca faz do
Santa Catarina seis gran- Concomitantemente acon- encontro um marco anual para
des encontros federativos. tecem, no mesmo espaço, as o desenvolvimento do Espiri-
São as Comissões Regionais e Comissões Regionais, onde os tismo no Estado.
os Encontros Macrorregionais, presidentes das casas espíritas Especialmente em 2016,
que reúnem a grande falange da região, a diretoria das Uniões estes encontros têm alcança-
dos trabalhadores do Movi- Regionais que compõem a ma- do quantidade expressiva de
mento Espírita Estadual. crorregião, bem como a direto- participantes, superando todas
Nas regiões Leste, Sul, Nor- ria executiva da FEC reúnem-se as expectativas estabelecidas
te, Centro, Nordeste e Oeste do para conversar sobre as necessi- inicialmente. O sucesso alcan-
Estado, centenas de trabalha- dades da região, havendo troca çado já é o reflexo do trabalho
dores são convidados a partici- de impressões, considerações e continuado que vem sendo de-
par das Oficinas de Capacitação avaliação das metas estabeleci- senvolvido ao longo dos anos,
oferecidas na Macrorregional, das pelas próprias casas no ano mas é particularmente atribuí-
que são coordenadas pelos di- anterior, podendo a FEC parti- do ao aprimoramento e uso das
retores e trabalhadores da Fe- cipar coordenando e cooperan- ferramentas de comunicação,
deração Espírita Catarinense. do no estabelecimento de novas principalmente nas mídias so-
Em 2016, estão sendo ofe- diretrizes, também colaborando ciais que vêm popularizando
recidas dez oficinas: Comuni- para a integração da macrorre- a informação, possibilitando a
cação Social, Livraria e Biblio- gião no contexto estadual. mensuração de resultados e o
teca, Atendimento Espiritual, Com necessidades variadas, estabelecimento de metas.
Estudo e Monitoria, Mediuni- as casas têm a possibilidade Mais informações podem ser
dade Estudo e Prática nas casas de trocar experiências, êxi- encontradas no site da Federação
espíritas, Reunião dos Setores tos e dificuldades em todos os Espírita Catarinense em www.
da Juventude Espírita, Assistên- momentos do encontro. Pelas fec.org.br e www.fb.com/fec.
cia Social, Evangelho – NEPE, trocas de experiências várias federacaoespiritacatarinense.
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“Sou o farol guiando os mastros,
O azeite que alimenta a luz dos astros,
A centelha da vida — a Caridade”.
Auta de Souza