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23/02/2018 AULA 2 - Propaganda eleitoral antecipada

AULA 2 - Propaganda eleitoral antecipada

AULA 2 - Propaganda Eleitoral Antecipada

Site: EJE - Escola Judiciária Eleitoral


Curso: Condutas vedadas aos agentes públicos federais em eleições
Livro: AULA 2 - Propaganda eleitoral antecipada
Impresso por: Henrique Tolentino Lopes
Data: sexta, 23 Fev 2018, 09:12

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Sumário
1. Definição

2. Período

3. Configuração

4. Exceções

5. Responsabilidade e penalidades

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Definição

Antes de adentrar as espécies de condutas vedadas, descritas no art. 73 e seguintes da Lei nº 9.504/97,
faz-se mister discorrer sobre a proibição da chamada propaganda eleitoral antecipada ou
extemporânea.

Há basicamente três tipos de propaganda política: partidária, intrapartidária, eleitoral.

A propaganda partidária diz respeito à divulgação do programa do partido, ou seja, de seus projetos e
ideias. Tem função crucial de promoção do debate político, não se confundindo com as finalidades
eleitorais propriamente ditas, uma vez que não visa a obtenção de votos.

Já a propaganda intrapartidária tem a função específica de auxiliar na escolha dos candidatos durante
as prévias partidárias, isto é, no momento anterior ao registro das candidaturas daqueles que irão
representar o partido no pleito eleitoral.

Por sua vez, a propaganda eleitoral é bem definida por José Jairo Gomes:

Denomina-se propaganda eleitoral a elaborada por partidos políticos e candidatos com a finalidade
de captar votos do eleitorado para investidura em cargo público-eletivo. Caracteriza-se por levar ao
conhecimento público, ainda que de maneira disfarçada ou dissimulada, candidatura ou os motivos
que induzam à conclusão de que o beneficiário é o mais apto para o cargo em disputa. Nessa linha,
constitui propaganda eleitoral aquela adrede preparada para influir na vontade do eleitor, em que a
mensagem é orientada à atração e conquista de votos.[1]

Conforme a jurisprudência do TSE, bem como a doutrina especializada, a propaganda eleitoral pode
ser explícita ou implícita, ou, também, denominada como expressa ou subliminar. A primeira é aquela
que se apresenta de forma clara, evidente, com latente menção ao pleito eleitoral. Já a segunda
configura-se como meio de influenciar o eleitor, na forma mais disfarçada e ambígua. São pedidos
implícitos de votos, mensagens que estimulam o inconsciente do povo nas entrelinhas do discurso do
candidato.

Além da forma em que é realizada, a propaganda eleitoral também pode ser vista como positiva ou
negativa. É positiva quando o beneficiário exalta suas próprias qualidades, habilidades, feitos,
história, entre outros atributos. Por outro lado, a negativa dá-se na medida em que há uma
desqualificação dos candidatos oponentes, sugerindo que estes não possuem os requisitos necessários
para investidura do cargo.

Por fim, a propaganda pode ser tempestiva ou extemporânea: será tempestiva quando ocorrer dentro
do prazo autorizado pela legislação e extemporânea quando for veiculada fora do período específico
permitido, caracterizando-se como ilegal e sujeitando os beneficiários, bem como o responsável pela
veiculação da propaganda, ao pagamento de multa.

A propaganda eleitoral antecipada pode ser definida como qualquer manifestação que, antes dos 45
dias anteriores ao pleito, leve ao conhecimento geral, ainda que de forma dissimulada, a candidatura,
mesmo que somente postulada, a ação política que se pretende desenvolver ou as razões que levem a
inferir que o beneficiário seja o mais apto para a função pública.

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[1] Gomes, José Jairo. Direito eleitoral. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2016, p 574.

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Período

A propaganda eleitoral é permitida apenas a partir do dia 16 de agosto do ano da eleição, estendendo-
se até o pleito, o que corresponde ao período eleitoral propriamente dito (LE, art. 36, caput).

Quando é divulgada antes do período permitido, isto é, antes do registro da candidatura, configura-se
propaganda irregular, sujeita a punições.

Em decorrência da falta de um critério rígido e objetivo para configuração do ilícito, o Tribunal


Superior Eleitoral não possui um entendimento consolidado sobe o tema. Já afirmou que “a
configuração de propaganda eleitoral antecipada independe da distância temporal entre o ato
impugnado e a data das eleições ou das convenções partidárias de escolha dos candidatos” (TSE – Rp
n° 1.406/DF – DJe 10-5-2010, p. 28).

Todavia, há doutrinas que defendem a fixação do termo a quo no mês de janeiro do ano das eleições,
justificando que tamanho recuo no tempo afastaria a influência da comunicação na disputa eleitoral
vindoura.[1]

[1] Gomes, José Jairo. Direito eleitoral. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2016, p 583.

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Configuração

Embora a chamada minirreforma eleitoral (Lei nº 13.165/2015) tenha estabelecido determinadas


situações em que os políticos podem se apresentar como pré-candidatos, sem que isso configure
propaganda eleitoral antecipada (desde que não haja pedido expresso de votos), a jurisprudência do
Tribunal Superior Eleitoral vem há tempos consolidando a ideia de que:

a propaganda eleitoral antecipada pode ficar configurada não apenas em face de eventual pedido de
votos ou de exposição de plataforma ou aptidão política, mas também ser inferida por meio de
circunstâncias subliminares, aferíveis em cada caso concreto, afigurando correta a decisão regional
que, diante do fato alusivo à distribuição de calendários, com fotografia e mensagem de apoio,
concluiu evidenciada a propaganda extemporânea. (AgR-REspe 28378, de 25.8.2010. Rel. Min.
Arnaldo Versiani).

Nesses casos, muitas vezes, a dificuldade de aferição do conteúdo implícito na mensagem veiculada,
com capacidade de influenciar o eleitorado e desequilibrar a disputa, adiciona grande carga de
subjetividade à decisão do julgador.

No que se refere aos casos de ataques a candidatos e desqualificações dos concorrentes na disputa, o
Tribunal Superior Eleitoral é rígido ao condenar com base na vedação da propaganda negativa:

A leitura do material juntado aos autos demonstra claramente que há nítido intuito de beneficiar um
dos candidatos à Presidência da República e de prejudicar outro, configurando, neste caso,
propaganda eleitoral negativa, o que é vedado de modo inequívoco pela legislação eleitoral em vigor.
(Ac. de 8.8.2006 no ARP nº 953, rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito.)

O uso dos meios de comunicação de massa tem como função o esclarecimento de questões específicas
que deram causa à convocação, sendo proibida a utilização daquele momento para repassar à
população mensagem de conteúdo político-eleitoral, o que configuraria desvio de finalidade do ato.

Vale ressaltar que convocação de redes de radiodifusão para pronunciamento de que trata o art. 36-B
da Lei nº 9.504/97 diz respeito àquela permitida, ou seja, antes dos três meses que antecedem o pleito
eleitoral ou para tratar de matéria urgente, relevante e característica das funções de governo, sob pena
de se incidir na conduta vedada prevista no art. 73, inciso VI, alínea “c”, da Lei nº 9.504, de 1997.

Por fim, deve-se registrar que o disposto no parágrafo único do art. 36-B da Lei nº 9.504/97 veda a
possibilidade de uso de símbolos e imagens, excetuados os da República Federativa do Brasil, que são
a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.

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Exceções

O disposto no art. 36-A da Lei nº 9.504/97 (com a redação dada pela Lei n° 13.165/15) não configura
propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolva pedido explícito de voto, menção à pretensa
candidatura, exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter
cobertura dos meios de comunicação social, inclusive via internet: I - Participação de filiados a
partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na
televisão e na internet, inclusive com a exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas
emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir tratamento isonômico;

II - Realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a expensas dos


partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais, discussão de políticas públicas,
planos de governo ou alianças partidárias visando às eleições, podendo tais atividades ser divulgadas
pelos instrumentos de comunicação intrapartidária;

III - Realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo, a divulgação


dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-candidatos;
IV - a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça pedido de
votos; V - a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive nas redes
sociais; VI - a realização, a expensas de partido político, de reuniões de iniciativa da sociedade civil,
de veículo ou meio de comunicação ou do próprio partido; e

VII - Campanha de arrecadação prévia de recursos na modalidade prevista no inciso IV do § 4º do art.


23 desta Lei.

É possível se perceber o extenso rol de exceções arroladas. Essa mudança deve ser ainda bastante
debatida pelo Tribunal Superior Eleitoral, em seus julgados nesse ano eleitoral, tendo em vista que
traz elementos novos ao clássico conceito de propaganda eleitoral extemporânea consolidado pela
então jurisprudência.

Aparece como destaque da Lei n° 13.165/15 a alteração do caput do art. 36-A da Lei n° 9.504/97 e a
inclusão do § 2° do mesmo artigo.

No caput, o legislador trouxe a possibilidade de que haja menção à pretensa candidatura e a exaltação
das qualidades pessoais dos pré-candidatos, desde que não haja pedido expresso de votos.

Cumpre salientar que a simples participação de notório pré-candidato em eventos como entrevistas ou
programas em veículos de comunicação nunca foi vedada. Contudo, havia sempre a possibilidade de
se configurar propaganda antecipada, na medida em que houvessem, explícita ou implicitamente,
pedidos de votos. Com a nova redação da lei, de certo modo, mitigaram-se as vedações, dando ênfase
para o que ocorre de forma explícita.

Já o §2º permite “o pedido de apoio político e a divulgação da pré-candidatura, das ações políticas
desenvolvidas e das que se pretende desenvolver”. Essa previsão, também tende a ser bastante
debatida tanto pela doutrina como pela jurisprudência, porquanto pode ser considerada contraditória
com a restrição imposta no caput no que se refere aos pedidos explícitos. Ou seja, é possível pedir
apoio político sem pedir votos de maneira expressa?
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Responsabilidade e penalidades

No que tange a responsabilidades e penalidades decorrentes do cometimento de propaganda eleitoral


extemporânea, faz-se imperioso citar o § 3° do artigo 36 da Lei nº 9.504/97, o qual prevê sanção de
multa a ser imposta tanto a quem divulgar, como ao beneficiário da propaganda antecipada, desde que
reste comprovado o seu prévio conhecimento do fato.

No que se refere ao conceito de ciência prévia do beneficiário, a mera presunção do conhecimento do


candidato não basta para caracterizá-la de fato. Segundo extrai-se dos julgados do Tribunal Superior
Eleitoral: “Nos termos da jurisprudência desta Corte, somente é possível impor a sanção por infração
ao art. 36 da Lei nº 9.504/97 ao beneficiário de propaganda eleitoral antecipada quando comprovado o
seu prévio conhecimento, o qual não pode ser presumido” (TSE. REspe nº 26838, Acórdão. Relator
Min. José Antônio Dias Toffoli, 17 maio 2013).

Trata-se de responsabilidade subjetiva-pessoal, o que evita que o pretenso candidato seja punido caso
terceiros divulguem espontânea e unilateralmente propaganda veiculando seu nome.

Todavia, pode-se alegar o prévio conhecimento quando: (i) o próprio beneficiário é o responsável
direto pela divulgação da propaganda ou nela participa; (ii) as circunstâncias e as peculiaridades do
caso concreto revelarem a impossibilidade de o beneficiário não ter tido conhecimento da propaganda;
(iii) o beneficiário for notificado pela Justiça Eleitoral da existência da propaganda irregular e não
providenciar sua retirada ou regularização no prazo especificado na notificação.[1]

Por fim, o dispositivo estabelece ao divulgador e/ou beneficiário da propaganda eleitoral antecipada
sanção pecuniária entre R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), ou ao
equivalente ao custo da propaganda, quando superior.

[1] Gomes, José Jairo. Direito eleitoral. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2016, p 588-589.

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