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Epidemiologia:
A LMC é uma doença rara, com incidência estimada de 1 a 2 casos para cada 100 mil pessoas
por ano. Existe discreto predomínio do sexo masculino (relação M:F de 1,4/1,3), e as mulheres
parecem apresentar vantagem na sobrevida. Representa 15% das leucemias do adulto,
ocorrendo em frequência semelhante no mundo todo. Pode acometer indivíduos de qualquer
idade, com mediana ao diagnóstico de 55 anos. A incidência aumenta progressivamente com a
idade, sendo que menos de 10% dos casos ocorrem antes dos 20 anos. Radiação ionizante é o
único fator de risco conhecido a se relacionar com o desenvolvimento da LMC.
Genética/ Etiopatogenia:
Posteriormente, foi então descrito que o cromossomo Ph era gerado da translocação recíproca
entre o gene localizado na posição 34 do braço longo do cromossomo 9 (oncogene da tirosina-
quinase Abelson – ABL) e aquele localizado na posição 11.2 do braço longo do cromossomo 22
(oncogene breakpoint cluster region - BCR)4.
O ponto de quebra do gene BCR ocorre principalmente em três localizações. O gene híbrido
predominante na LMC é derivado da cisão do BCR na localização denominada maior;
A transcrição desse gene gera moléculas de mRNA quimérico. O produto final desse rearranjo
genético é uma proteína conhecida como p210, a qual é responsável pela expressão clínica da
LMC. A natureza leucemogênica da p210 resulta de sua capacidade autônoma de ser ativada e
pela interferência na transdução de sinais nos processos celulares básicos, como proliferação,
aderência e apoptose.
A proteína híbrida exerce sua atividade acomodando uma molécula de ATP em uma bolsa, de
onde um fosfato do ATP é transferido para uma tirosina do substrato, que é assim fosforilada e
ativada. O Mesilato de Imatinibe, desenvolvido com base nesse conhecimento, acomoda-se na
bolsa da p210 e ocupa o lugar do ATP, impedindo que a proteína exerça sua ação de
fosforilação, provocando, dessa forma, remissão clínica e laboratorial da doença.
A fusão originada da quebra no segmento micro do BCR (µ-bcr), correspondente ao exon 19,
com o segmento a2 do ABL, resulta na síntese de uma proteína com um peso molecular de 230
kDa. Esse ponto de quebra tem sido descrito em casos de leucemia neutrofílica crônica com
cromossomo Filadélfia.
Fase crônica:
Na fase crônica, com duração mediana entre três e cinco anos, as manifestações clínicas
incluem sintomas constitucionais como fadiga, perda de peso, sudorese e febrícula e os
achados ao exame clínico de palidez e esplenomegalia.
A esplenomegalia está presente em mais de 80% dos casos e, dependendo de seu volume,
causa desconforto abdominal e efeitos compressivos nas vísceras ocas, ocasionando plenitude
pós-prandial e outros distúrbios digestivos. Também pode ocorrer infarto esplênico, que se
tem localização subcapsular desperta dor devido à periesplenite. Hepatomegalia discreta a
moderada pode ser encontrada.
Fase acelerada:
A fase acelerada tem duração de alguns meses e caracteriza-se por resistência à terapêutica
citorredutora, aumento da esplenomegalia, da basofilia e do número de células blásticas,
trombocitose ou trombocitopenia, mielofibrose e evolução clonal citogenética.
Fase Blástica:
Considera-se que a LMC está em crise blástica quando o número de células blásticas é superior
a 20% (critério da Organização Mundial de Saúde) na medula óssea ou no sangue periférico.
Essas células imaturas são mieloblastos em 50% dos casos, linfoblastos em 25% e no restante
são células indiferenciadas ou bifenotípicas.
Diagnóstico:
Diagnóstico:
Tratamento:
A remissão molecular completa significa que não há nenhuma evidência de células leucêmicas
na medula óssea, mesmo quando são realizados exames de laboratórios sensíveis.
Agentes Citostáticos
Esses efeitos adversos tornaram rara a utilização do Interferon após o advento dos inibidores
de tirosinocinase.
Inibidores de tirosinocinase
Os efeitos colaterais dessa droga são considerados menores e incluem náusea, diarreia,
erupção cutânea, câimbras e alterações de transaminases.
Na fase crônica da LMC, o tratamento com MI consiste na administração oral diária de 400 mg
durante a maior refeição. A monitoração do tratamento deve ser avaliada periodicamente,
quando são utilizados recursos laboratoriais, como hemograma, citogenética e quantificação
molecular do gene BCR-ABL por Reação de Cadeia de Polimerase em Tempo Real (RT-PCR).
Resposta Hematológica Completa (RHC) ao Mesilato de Imatinibe deve ser alcançada após o
tempo máximo de três meses de tratamento. O hemograma deve ser realizado ao diagnóstico,
a cada 15 dias até a RHC e depois a cada três a seis meses. A análise citogenética deve ser
realizada ao diagnóstico e a cada seis meses até que o paciente atinja a Resposta Citogenética
Completa (RCC), quando a partir de então pode ser acompanhado por análise molecular
trimestral. Se houver resposta molecular maior confirmada, a análise molecular quantitativa
pode ser feita semestralmente.
1. Dasatinibe: É 300 vezes mais potente in vitro que o Imatinibe e está disponível na
forma oral. A dose diária recomendada para fase crônica é de 100 mg e para a fase
avançada é de 140 mg. O Dasatinibe, portanto, permitiu respostas mais rápidas e mais
profundas em comparação ao Imatinibe.
2. Nilotinibe: O estudo que comparou o uso de Nilotinibe 300 ou 400 mg duas vezes ao
dia e Imatinibe 400 mg ao dia em pacientes com LMC recém-diagnosticada
demonstrou taxas de resposta molecular maior aos 24 meses, significativamente
superiores nos braços que utilizaram Nilotinibe. Houve ainda menor número de
progressão para as fases acelerada e blástica e menor número de mortes relacionadas
à LMC no grupo que tomou Nilotinibe quando comparados ao grupo que utilizou
Imatinibe.
Má aderência:
O TCTH é o método mais eficiente para induzir a remissão citogenética e molecular completa,
determinando longa sobrevida e provavelmente cura em 70% dos pacientes.
Os resultados são superiores na presença de fatores favoráveis, como: idade inferior a 35 anos,
fase crônica da doença, doador aparentado compatível e do sexo masculino, CMV negativo,
sem tratamento prévio com Bussulfano e quando o intervalo entre o diagnóstico e o TCTH é
inferior a dois anos. Entretanto, mesmo nas condições ideais, há um risco de 15 a 20% de
mortalidade, que se relaciona à toxicidade do regime de condicionamento e à Doença do
Enxerto Contra o Hospedeiro (DECH). Essas características fizeram com que o TCTH fosse
reservado para os pacientes que apresentam falha de tratamento com inibidores de
tirosinocinase.
Nas fases avançadas, os resultados com o TCTH são inferiores àqueles observados na fase
crônica, porém a longa sobrevida e a cura ainda são possíveis num menor percentual de
pacientes.
OBS: A LMC passou, na última década, de uma doença de evolução uniformemente fatal em
médio prazo, para uma enfermidade de fácil controle e até potencialmente curável, desde que
tratada na fase crônica inicial.
Nas fases acelerada e blástica, as abordagens terapêuticas disponíveis não permitem ainda
obter remissões prolongadas ou cura, e por isso nessas fases o TCTH se impõe. Não obstante,
um curso de inibidores de tirosinocinase oferecido previamente ao TCTH pode reduzir a massa
de doença, possibilitando melhores resultados. Por outro lado, na fase crônica o tratamento
inicial atualmente recomendado é o Mesilato de Imatinibe. Estudos clínicos utilizando
inibidores de segunda geração em primeira linha recentes de tratamento demonstraram
respostas citogenéticas e moleculares mais precoces e menor taxa de progressão para fases
avançadas. Estes dados, entretanto, deverão ser confirmados com um acompanhamento mais
prolongado desses pacientes. Cerca de metade dos pacientes resistentes ao Imatinibe podem
ser resgatados com o uso de inibidores de tirosinocinase de segunda geração.