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No domingo, são ainda proibidos os atos judiciais e as várias espécies de comércio. Mas é
permitido escrever, estudar, ensinar, viajar, vender, comprar e preparar os alimentos necessários
para o dia, contanto que não se falte à Missa.
Há contudo algumas circunstâncias em que as obras servis são permitidas:
a) Razões de piedade para com Deus: varrer a Igreja, preparar e adornar os altares.
b) O exercício da caridade para com o próximo, como ajudar e cuidar dos doentes, sepultar os
mortos.
c) Uma necessidade, por exemplo: fazer as colheitas, quando há perigo de grave prejuízo, fazer
um trabalho ordenado pelo patrão, que não pode deixar-se sem grave prejuízo, fazer certos serviços
públicos, impedir prejuízos iminentes, incêndios, naufrágios.
Em geral, trabalhar ao domingo sob pretexto de pobreza, é uma falta de fé na Providência e é
atrair a maldição de Deus... Nunca o trabalho do domingo enriqueceu alguém. Quærite primum
regnum Dei,... et hæc omnia adiicientur vobis...
Conta-se na vida de São João, o Esmoler, que havia em Alexandria dois trabalhadores, dos quais
um, com uma grande família, mas piedoso, via prosperarem os seus negócios; o outro trabalhava de
domingo a domingo e empobrecia. Este foi pedir a receita ao primeiro, e ouviu de sua boca: Faz
como eu, observa bem o dia do Senhor e Deus te abençoará...
Se com uma obra servil, em si mesma boa e útil, se profana a santidade do Domingo, porque ela
afasta o nosso espírito do serviço divino, quanto mais gravemente ofendem a Deus aqueles que
aproveitam o domingo para se entregarem a divertimentos profanos, aos prazeres grosseiros, ao
vinho, à impureza, aos jogos, às festas mundanas? “É menos pecado, diz Santo Agostinho,
trabalhar a terra ao Domingo do que embebedar-se ou divertir-se em lugares de má fama”.
IV – O que é o ordenado ao Domingo?
Para santificar o Domingo não basta abster-se dos trabalhos proibidos. É preciso realizar obras de
piedade e de religião: é este o fim essencial do preceito. Abster-se de obras servis, é apenas um
meio negativo do preceito.
A obra principal e essencial, a única positiva, expressa e absolutamente ordenada, sob pena de
pecado grave, a não ser que haja dispensa (como agora) e desculpa legítima, é a assistência à Santa
Missa. Em toda a religião, não há obra mais divina e mais agradável a Deus e mais salutar para a
alma... Deus, pela voz da Igreja, impôs-nos essa assistência como preceito formal.
As causas que dispensam são: a) incapacidade física: doença, falta de liberdade; b) incapacidade
moral: temor de grave inconveniente ou de grave prejuízo, grande dificuldade, distância muito
considerável da Igreja; c) caridade: cuidar de um doente ou de criancinhas.
Para observar o preceito é preciso: a) estar moralmente presente à Missa, ver ou ouvir o
celebrante; b) ter intenção de ouvir a Missa, ainda que se não pense no preceito; c) estar com
atenção e respeito convenientes, adorando e rezando; d) ouvir a Missa inteira; faltar a uma parte
notável é falta grave.
Convêm assistir à Missa paroquial, quer para dar bom exemplo, seja para ouvir as práticas, avisos
e anúncios, seja para rezar em comum com toda a paróquia e atrair assim mais graças e bênçãos de
Deus. Embora não sejamos uma paróquia, a assistência dominical aqui supre essa necessidade.
Embora ouvir Missa e abster-se de trabalhos baste para cumprir o preceito, é conveniente e
recomendável: a recepção dos Sacramentos; rezar o Terço; frequentar algum Catecismo: visitar o
Santíssimo Sacramento, fazer alguma leitura piedosa; fazer alguma obras de misericórdia.
Meus irmãos, voltemos à prática fiel do preceito dominical com piedade, devoção e exatidão.
Meditemos bem estas verdades, procuremos passar santamente o dia do Senhor: Se vós observardes
bem o dia do Senhor, diz Isaías (LVIII, 13), o Senhor vos cumulará de prazer e de bênçãos.
Quando a moleza, a comodidade, o medo infundado e desproporcional, quando as pessoas, o
demônio e a preguiça nos quiser ocupar e levar a não santificar o domingo e faltar à Santa Missa,
respondamos apressada e confiadamente: “Sine dominico non possumus”.
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