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BIOLOGIA

E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

CONCEITO DE VIDA
Não existe uma definição unânime entre os cientistas sobre o que seja a vida.
Nenhuma definição se aplica a todas as formas de vida e algumas definições aplicam-se
também a sistemas inanimados.

• A definição Fisiológica:
Foi popular durante muitos anos. Um ser vivo é definido como sendo um ser
capaz de realizar algumas funções básicas, como comer, metabolizar, excretar, respirar,
mover, crescer, reproduzir e reagir a estímulos externos. Várias máquinas realizam
todas estas funções e, entretanto, não são seres vivos. Um automóvel, por exemplo,
consome e metaboliza gasolina, e elimina os seus produtos pelo escape. “Respira”
oxigénio e “expira” gás carbónico. Por outro lado, algumas bactérias vivem na ausência
completa de oxigénio, e, sem dúvida, são seres vivos. A definição, portanto, tem falhas.


• A definição Bioquímica (ou biomolecular):
Seres vivos são seres que contêm informação hereditária reproduzível codificada
em moléculas de ácidos nucleicos e que controlam a velocidade de reações de
metabolismo pelo uso de catálise com proteínas especiais chamadas de enzimas. Esta é
uma definição de vida muito mais sofisticada que a metabólica ou fisiológica. Existem,
também neste caso, alguns contraexemplos: existe um tipo de vírus que não contém
ácido nucleico e é capaz de se reproduzir sem a utilização do ácido nucleico do
hospedeiro.

• A definição Metabólica:
É ainda popular entre muitos biólogos. Descreve um ser vivo como um objeto
finito, que troca matéria continuamente com as vizinhanças, mas sem alterar suas
propriedades gerais. A definição parece correta, mas, novamente, existem exceções:
certas sementes e esporos são capazes de permanecer imutáveis, dormentes, durante
anos ou séculos e, depois, nascerem aos serem semeados.

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• A definição genética:
Um sistema vivo é um sistema capaz de evolução por seleção natural. Genes
diferentes são responsáveis por características diferentes do organismo.
Ocasionalmente, pequenas "falhas" ocorrem na replicação do código, e surgem
indivíduos com pequenas variações - ou mutações. Algumas mutações podem conferir
características especiais que tornam o organismo mais apto à sobrevivência

• A definição termodinâmica:
Um ser vivo é um sistema aberto que troca massa e energia com a
vizinhança.
Um sistema vivo é operacionalmente fechado (uma rede autopoiética), mas
materialmente e energicamente aberto.

• A definição autopoiética:
Refere-se à capacidade dos seres
vivos de se produzirem a si próprios. Segundo
esta teoria, um ser vivo é um sistema autopoiético, caracterizado como uma rede
fechada de produções moleculares (processos) em que
as moléculas produzidas geram
com as suas interações a mesma rede de moléculas que as produziu.

CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS AOS SERES VIVOS
Os biólogos acham mais adequado caracterizar a vida (enumerar um conjunto
de características) em vez de defini-la.

• Os seres vivos são constituídos por carbohidratos, lípidos, proteínas e ADN:
Estas são as moléculas da vida - contêm C, H e O.
Carbohidratos (açucares e amidos) – Fornecimento de energia ao organismo.
Lípidos – Armazenam energia e formam membranas celulares e dão proteção
aos órgãos.
Lípidos importantes para o homem - Triglicerídeos, fosfolípidos e os esteroides.

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Proteínas – São elementos estruturais e aceleram reações químicas.

Têm funções estruturais (ex: colagénio - constituinte dos ossos, tendões,
cartilagem, tecido conjuntivo), de transporte (hemoglobina) e de movimento (actina e
miosina nos músculos) e regulação de reações químicas (enzimas). As proteínas são
constituídas por cadeias de aminoácidos (20 tipos).

Aminoácidos não essenciais – podem ser sintetizados pelo nosso corpo (Alanina,
Arginina, Ácido aspártico, Cisteína, Ácido glutâmico, Glutamina, Glicina, Prolactina,
Serina, Asparagina).
Aminoácidos essenciais – não podem ser sintetizados pelo nosso corpo
(alimentos, Lisina Metionina, Fenilalanina, Treonina, Triptofano, Valina, Histidina).
Péptidos – cadeias com alguns aminoácidos (e.g. dipéptidos, tripéptidos...).
Polipéptidos – cadeias com mais de 10 aminoácidos
Proteínas – cadeias com
pelo menos 50 aminoácidos.

ADN – ácido desoxirribonucleico.
Polímeros constituídos por pequenas
unidades, nucleótidos. Nucleótidos –
monómeros constituídos por um açúcar com 5
carbonos – pentose – ligado a uma molécula
de fosfato e a uma base nitrogenada.

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As moléculas de DNA podem fazer cópias delas próprias. Os genes são cadeias
de DNA que determinam a sequência dos aminoácidos durante a síntese proteica.



O ATP (adenosina trifosfato) é um
nucleótido que liberta energia quando se
quebra uma das ligações ao grupo fosfato.
O ATP é constituído por uma molécula de
ribose, uma base adenina e três grupos fosfatos.
As ligações destes grupos fosfatos são instáveis.

Quando as células necessitam de energia, a
ligação ao último fosfato é quebrada dando
origem a uma molécula de ADP (adenosina
difosfato), uma molécula de fosfato e energia.

• Os seres vivos são compostos por células:
Célula - representa a menor porção de matéria viva dotada da capacidade de
auto-duplicação independente.
A teoria celular, desenvolvida primeiramente em 1839 por Matthias Jakob
Schleiden e por Theodor Schwann, diz que:
a) Todos os organismos são compostos por uma ou mais células;

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b) Todas as células provêm de células preexistentes;
c) As funções vitais de um organismo ocorrem dentro das células;
d) Todas as células contêm informação genética necessária para funções de
regulação da célula, e para transmitir a informação para a geração seguinte de
células.

• Os seres vivos reproduzem-se:
Todos os seres vivos apresentam a capacidade de gerar novos indivíduos que
apresentam parte do material genético dos seus progenitores.
Seres unicelulares, como as bactérias, reproduzem-se simplesmente fazendo
cópias exatas de si próprias (reprodução assexuada).
Outros seres vivos, como os seres humanos, reproduzem-se combinando o
material genético de duas células reprodutoras (gâmetas, espermatozoide e óvulo) que
dá origem a um novo indivíduo.

• Os seres vivos utilizam energia e matérias-primas:


Metabolismo – soma de todas as reações químicas que ocorrem a nível das
células.
Estas reações são responsáveis pelos processos de síntese e degradação dos
nutrientes na célula e constituem a base da vida, permitindo o crescimento e
reprodução das células, mantendo as suas estruturas e adequando respostas aos seus
ambientes.
As reações químicas do metabolismo estão organizadas em vias metabólicas,
que são sequências de reações em que o produto de uma reação é utilizado como
reagente na reação seguinte. Diferentes enzimas catalisam diferentes passos de vias
metabólicas, agindo de forma concertada de modo a não interromper o fluxo nessas
vias.

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As enzimas são vitais para o metabolismo porque permitem a realização de
reações desejáveis, mas termodinamicamente desfavoráveis. As enzimas regulam as
vias metabólicas em resposta a mudanças no ambiente celular ou a sinais de outras
células.

Anabolismo e Catabolismo:
Reações anabólicas, ou reações de síntese, são reações químicas que produzem
nova matéria orgânica nos seres vivos. Sintetizam-se novos compostos (moléculas mais
complexas) a partir de moléculas simples (com consumo de ATP).
Ex.: Formação de proteínas a partir de aminoácidos; Biossíntese de ácidos gordos.
Reações catabólicas, ou reações de decomposição/degradação, são reações
químicas que produzem grandes quantidades de energia livre (energia sob a forma de
ATP) a partir da decomposição ou degradação de moléculas mais complexas.
Ex.: Fermentação; Respiração Celular; Respiração Anaeróbia.

• Os seres vivos respondem a estímulos:
Deteção de estímulos à Sistemas Sensoriais
Processamento dos estímulos à Sistema Nervoso
Resposta aos estímulos à Sistema muscular, esquelético e glândulas

• Os seres vivos mantêm a homeostasia:
Homeostasia - condição de constância do meio interno. É a manutenção do
ambiente interno dentro de limites toleráveis.

A sobrevivência de organismos vivos requer um meio interno estável.

• As populações de seres vivos evoluem e apresentam traços adaptativos:
Os seres vivos que apresentam características favoráveis que são hereditárias e
tornam-se mais comuns em gerações sucessivas – seleção natural. Isto é, a seleção
natural determina a frequência dos genes que codificam determinadas características
de sucesso (ou seja, o número de sobreviventes em gerações sucessivas).
Como resultado deste processo estes organismos apresentam características

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adaptativas - adaptações (morfológicas, fisiológicas ou comportamentais).
Uma adaptação é qualquer característica ou comportamento natural que torna
um organismo capacitado para sobreviver em seu respetivo habitat.

Níveis de Organização dos Seres Vivos:
Molécula à Célula à Tecido à Órgão à Sistemas de Órgãos à Indivíduo à
População à Comunidade à Ecossistema à Biosfera

Classificação dos Seres Vivos:
Classificação científica ou classificação biológica designa o modo como os
biólogos agrupam e categorizam as espécies de seres vivos, extintas e atuais.

A classificação científica moderna tem as suas raízes no
sistema de Carolus Linnaeus que agrupou as espécies de acordo com
as características morfológicas por elas partilhadas. Estes
agrupamentos foram subsequentemente alterados múltiplas vezes
para melhorar a consistência entre a classificação e o princípio
dawiniano da ascendência comum.

O advento da sistemática molecular, que utiliza a análise do
genoma e os métodos da biologia molecular, levou a profundas
revisões da classificação de múltiplas espécies e é provável que as
alterações taxonómicas continuem a ocorrer à medida que se caminha para um sistema
de classificação assente na semelhança genética e molecular em detrimento dos
critérios morfológicos. A classificação científica pertence à ciência da taxonomia ou
sistemática biológica.

A BIOLOGIA
A Biologia é o ramo da Ciência que estuda os seres vivos. O termo Biologia foi
proposto por Karl Friedrich Burdach em 1800 e Jean-Baptiste Lamarck e Gottfried
Treviranus em 1802. Debruça-se sobre as características e o comportamento dos

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organismos, a origem de espécies e indivíduos, e a forma como estes interagem uns com
os outros e com o seu ambiente.

A biologia abrange um espectro amplo de áreas académicas frequentemente
consideradas como disciplinas independentes, mas que, no seu conjunto, estudam a
vida nas mais variadas escalas:
a) Biologia molecular, bioquímica, genética molecular - estudo da vida à escala
atómica e molecular;
b) Biologia celular - estudo da vida ao nível da célula;
c) Fisiologia, anatomia, histologia - estudo da vida à escala multicelular;
d) Biologia do desenvolvimento - estuda a vida ao nível do desenvolvimento ou

ontogenia do organismo individual;

Subindo na escala, para grupos de organismos...
a) Genética - estuda como funciona a hereditariedade entre progenitores e a sua
descendência;
b) Genética populacional - estuda a distribuição e mudança na frequência de alelos
ao nível da população;
c) Etologia - estuda o comportamento dos indivíduos;
d) Sistemática - inventaria e descreve a biodiversidade e descreve as relações

filogenéticas entre os organismos;
e) Ecologia e biologia evolutiva – estudam as ligações de indivíduos, populações e
espécies entre si e com os seus habitats.

• Conceitos importantes em Biologia:
Relação estrutura-função (a função depende da estrutura):
A função depende da estrutura em todos os níveis, dos átomos aos organismos.
Estruturas especializadas frequentemente produzem funções especializadas. A
homeostasia refere-se à tendência permanente do organismo para manter a constância
do meio interno apesar das oscilações do ambiente.

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Claude Bernard, sec. XIX – pioneiro da fisiologia moderna, reconheceu a
importância de manter a estabilidade do meio interno (temperatura, nível de oxigénio,
nível de glicose, pH, pressão osmótica, concentração iónica, etc.). “A constância do meio
interno é a condição da vida livre”.

Homeostasia - tendência permanente do organismo de manter um estado de
equilíbrio dinâmico do meio interno, flutuando em torno de um ponto de ajuste ou
ponto de referência (set point) ideal.
Fatores que são regulados por mecanismos de homeostasia:
a) Concentração de moléculas ricas em energia (e.g. glicose);

b) Concentração dos níveis de oxigénio (O2) e dióxido de carbono (CO2);

c) Concentração dos produtos de excreção;


d) Níveis de pH;
e) Concentração de água, sais e outros solutos;
f) Temperatura corporal;
g) Níveis de hormonas;
Alguns animais podem também regular:
a) Volume e pressão;
b) Parâmetros sociais (e.g. colónias de térmitas).

Sistemas de Controlo-Retroação:
A homeostasia requer a amostragem contínua de variáveis e a ação corretiva dos
seus valores através de sistemas de feedback negativo (retroação negativa).
Os processos de regulação que mantêm a homeostasia nos organismos
multicelulares dependem de sistemas de retroação que ocorrem quando uma
informação sensorial sobre uma variável particular (e.g. temperatura, pH) é usada para
controlar processos em células, tecidos e órgãos que influenciam o valor interno dessa
variável.
O feedback negativo é a reação pela qual o sistema responde de modo a reverter
a direção da mudança de modo a manter a homeostasia.

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Qualquer que seja o mecanismo de regulação ou controlo são necessários, no
mínimo, três componentes fundamentais:
a) Órgãos sensoriais: altamente sensíveis à deteção de mudanças específicas
dos meios interno ou externo.
b) Órgãos de processamento e de integração: local de receção e processamento
da informação; estão capacitados para a analisar e elaborar comandos de
ação.
c) Órgãos efetores: sistemas de órgãos que executam as tarefas necessárias
para o restabelecimento da homeostasia.

Um segundo tipo de alterações corresponde àquelas que ocorrem de forma não
imediatamente relacionadas com algum evento e se instalam alterando o nível de
referência (set point) de algum parâmetro orgânico para possibilitar a adaptação do
organismo a alterações do seu ambiente interno ou externo.
Elas podem aparecer de forma periódica ou não. A denominação utilizada para
esse fenómeno é reostasia (Mrosovsky, 1990).
Reostasia pode ser definida como a condição em que a qualquer momento o
nível de um parâmetro é mantido próximo à referência por mecanismos homeostáticos
mas, o nível de referência é alterado.

Sistemas de reset (alteração do ponto de referência ou set point) – alteração
temporária, permanente ou cíclica do ponto de referência de um sistema de feed-back
negativo (ex: febre, níveis de hormonas no início da maturação sexual).

Reostasia Reativa e Reostasia Programada:
A reostasia reativa – Alterações do nível de referência ocorridas como resposta
a algum estímulo.

Ex: a febre. O nível de referência de temperatura do corpo pode ser alterado pela
presença de agentes pirogénicos em circulação. Dessa forma os processos
homeostáticos passam a tentar manter a temperatura do corpo em um nível mais
elevado.

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A reostasia programada – Alterações que são obrigatórias em certas fases do
ciclo de vida. Ex: a elevação da temperatura do corpo da mulher durante a fase lútea do
ciclo menstrual, os valores mais elevados de fosfatos orgânicos nas mulheres grávidas
que facilitam as trocas de O2 entre a mãe e o feto, e o estado de consciência ao longo
do ciclo de sono e vigília.

Se essas condições de alteração ambiental se expressam de forma periódica,
torna-se possível e adaptativamente vantajoso para o organismo ajustar sua fisiologia
antecipadamente em relação a essas condições específicas.
Muitos parâmetros fisiológicos apresentam caráter recorrente e com períodos
que se expressam de forma claramente antecipativa em relação às alterações periódicas
de seu ambiente. Esse tipo de alteração é tão importante que virtualmente todos os
organismos estudados apresentam esses fenómenos, conhecidos como ritmos
biológicos (relógios biológicos).

O MÉTODO CIENTÍFICO
O método científico consiste num conjunto de processos ou fases utilizadas na
investigação científica para responder a incógnitas e resolver problemas.
No método científico atual considera-se que não existe uma sequência de etapas
bem definida, mas sim uma multiplicidade de sequências possíveis em que as diferentes
atividades do investigador (análise de problemas, análise de dados, revisão bibliográfica,
...) se misturam continuamente.

ESTRUTURA E FISIOLOGIA CELULAR
• As células:
Tamanhos relativos das moléculas,
células e organismos:



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• Tipos de células dos seres vivos:
Células procariotas (domínio bactéria e archaea) e células eucariotas (domínio eukarya):



• Células eucariotas:
A células humanas são o resultado de
milhões de anos de evolução. As células
humanas apresentam dois compartimentos
distintos:
a) Núcleo – contém o material genético
e é, portanto, o centro de controlo de
toda a célula, regula a estrutura e a
função celular;
b) Compartimento citoplasmático – compartimento entre o núcleo e a membrana
celular que contém:
a. Citoplasma – material semifluido formado por água, proteínas, iões,
nutrientes, vitaminas, gases dissolvidos e produtos de excreção;
b. Compartimentos membranares (organelos) – são fundamentais para o
funcionamento da célula pois permitem separar muitas das funções
celulares, isto é, aumentam a eficiência da célula e permitem a realização
de várias funções simultaneamente.

A maioria das células é muito pequena e precisamos de instrumentos
especializados – microscópios – para as podermos observar.

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O tamanho celular é determinado pela relação entre a superfície celular e o
volume celular (razão superfície/volume). À medida que a célula aumenta a sua
superfície aumenta muito mais lentamente que o seu volume. A partir de determinado
ponto a área superficial já não é suficiente para fornecer nutrientes e eliminar
excreções, portanto, dividem-se em duas, constituindo uma nova célula.

• Estrutura e função da membrana celular:
Funções da Membrana Plasmática:
a) Assegura a integridade estrutural da célula;
b) Regula o fluxo de materiais para dentro e para fora da célula;
c) Participa no reconhecimento e comunicação entre células;
d) Mantém as células unidas formando os tecidos.

• A membrana plásmica – estrutura:
Bicamadas de fosfolípidos onde se inserem macromoléculas, geralmente
proteínas e glicoproteínas (estrutura à mosaico fluido).


Fosfolípidos:
a) Grupo polar – Hidrofílico, solúvel em água. Direcionado para o ambiente exterior
e para o citoplasma.
b) Grupo não polar – Hidrofóbico, insolúvel em água. Direcionado para o interior
da bicamada.

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Existem vários tipos de proteínas nas membranas:



• A membrana plásmica – permeabilidade:

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Devido à permeabilidade seletiva da
membrana é possível encontrar substâncias em
concentrações diferentes dentro e fora da célula
– gradiente de concentração.
Devido a esta distribuição desigual de
substâncias existe também uma diferença de
cargas elétricas entre os dois lados da membrana
celular. A superfície interna está carregada
negativamente e a superfície externa carregada
positivamente.
A diferença de cargas elétricas nas duas
regiões constitui um potencial elétrico.
O gradiente de concentração e o
potencial elétrico afetam os movimentos dos
iões; a sua influência conjunta é denominada
gradiente eletroquímico.

• A membrana plásmica – transporte de materiais:
As substâncias atravessam a membrana
plasmática através dos seguintes mecanismos:
a) Difusão:
a. Simples;
b. Facilitada.
b) Transporte ativo.






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Na difusão simples as moléculas vão do meio mais concentrado para o meio
menos concentrado. Não há gasto de energia.


No transporte ativo há gasto de energia (ATP), pois as substâncias são
transportadas contra o seu gradiente de concentração através de proteínas integrais
especiais.


A difusão facilitada é parecida com a simples. A diferença é que a difusão
facilitada usa proteínas transportadoras. Também não há gasto de energia.



Osmose:
É um tipo particular de difusão em que a água se move através da membrana
celular (ou de outra membrana seletivamente permeável) de uma região de alta
concentração de água (baixa concentração de soluto) para outra de baixa concentração
de água (alta concentração de soluto). Ou seja, o movimento da água ocorre como
resposta a um gradiente de concentração
de um soluto (substância dissolvida).
Difusão simples de um soluto através da
bicamada lipídica da membrana celular:

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Transporte passivo (difusão facilitada) – Transporte de solutos de zonas mais
concentradas para zonas menos concentradas com ajuda de uma proteína. A célula não
consome energia neste processo.
Transporte ativo – Transporte de solutos de zonas menos concentradas para
zonas mais concentradas. Requer uma proteína transportadora (bombas) e o consumo
de energia (que provém da quebra de moléculas de ATP).

Difusão facilitada (transporte passivo):
Proteínas formam canais transmembranares muito finos através dos quais os
iões conseguem passar por difusão. Estes canais são específicos para cada tipo de ião.

Ex: transportadores de glicose. A diabetes do tipo 2 acontece quando as células


não têm um número suficiente de transportadores de glicose.

Transporte ativo:
Para manter a integridade funcional da célula algumas substâncias têm de ser
transportadas contra o seu gradiente de concentração Þ gastos energéticos (consumo
de ATP).

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Ex.: Lodo que se acumula nas células da glândula tiroide; os iões sódio que são
retirados da urina pelas células dos túbulos renais.

Bomba de sódio-potássio (ou ATPase Na+/K+).
Bombeia 3 iões Na+ para fora e 2 iões K+ para dentro da célula. Mantém uma
concentração baixa de Na+ dentro da célula e elevada de K+ e contribuiu para que o
interior da célula seja mais negativo que o exterior em termos de cargas elétricas.
Esta diferença de concentrações dos dois iões no interior e no fluido extracelular
é
crucial para manter o volume celular e fundamental para certas células gerarem sinais
elétricos (e.g. potenciais de ação das células nervosas).

Transporte através de vesículas:


Vesículas que se fundem com a membrana celular podem ser utilizadas para
libertar ou transportar substâncias para fora ou para dentro das células.
Exocitose - quando o transporte se faz para fora da célula (ex.: hormonas).
Endocitose - quando o transporte se processa para o interior da célula (ex.:
algumas células do sistema imunitário “ingerem” bactérias)

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Comparação de Mecanismos de Transporte através da Membrana Celular:

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• Compartimentação celular nas células animais:



• Compartimento celular – o núcleo:
O núcleo contém praticamente toda a informação genética da célula e determina
a estrutura e função celulares (determina a estrutura proteica da célula).
O núcleo é limitado por uma membrana dupla com poros que o separa do
citoplasma, mas que permite a comunicação entre estes dois compartimentos celulares.
O DNA (o acido desoxirribonucleico) e as proteínas estruturais associadas (e. g. histonas)
encontra- se disperso no núcleo em finos filamentos (4-5 nm de diâmetro) –
cromossomas.
A informação genética está
organizada em cromossomas que contêm
vários genes, e outras sequências de
nucleotídeos com funções específicas.

Genes - segmentos de DNA aos
quais corresponde um código distinto,
uma informação para produzir uma
determinada proteína, controlar uma característica, ou ainda outra informação (genes
não codificantes de proteínas).

Nucléolo – pequenas estruturas circulares ou ovais encontradas no interior do
núcleo que se formam e dissociam ao longo do ciclo celular. Não são rodeadas de

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membranas, mas constituem zonas
densas onde o DNA dá origem a
moléculas de RNA ribossomal (rRNA
– componente dos ribossomas,
organelos fundamentais na síntese
proteica, ver à frente).


• Compartimento celular – o citoplasma:
Citoplasma – material celular exterior ao núcleo e
dentro da membrana celular. Constituído pelo:
a) Citosol;
b) Organelos celulares.

Citosol (hialoplasma) – consiste numa parte fluída, inclusões citoplasmáticas e
citoesqueleto.
A porção fluída – solução com iões e moléculas dissolvidas. Contém enzimas que
catalisam reações de síntese (de glícidos, nucleótidos, aminoácidos) e de degradação
(catalisam decomposição de moléculas para obtenção de energia – glicólise).
Inclusões citoplasmáticas – agregados de substâncias químicas quer produzidas
pela célula, quer adquiridas do exterior. (Ex.: gotículas lipídicas e grânulos de glicogénio,
melanina).

Citoesqueleto – conjunto de fibras que
suportam a célula e permitem manter a sua forma e
a organização espacial e movimentos dos organelos.
É também responsável pelos movimentos celulares.
Citoesqueleto – Funções:
a) Fibras envolvidas no processo de divisão celular; formam os componentes
essenciais de certos organelos como os centríolos, o fuso acromático, os cílios e
os flagelos.

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b) Responsáveis pelos movimentos celulares (pseudópodes, contrações celulares).
c) Fornecem força mecânica às células e suportam as extensões das células
nervosas. 


• Compartimento celular – os organelos:
Organelos – Pequenas estruturas especializadas em determinadas funções (e.g.
síntese de proteínas, produção de ATP, etc.)
As membranas separam os organelos
do restante citoplasma criando
compartimentos sub-celulares com as suas
próprias enzimas capazes de conduzir as
suas próprias reações químicas.

O número e o tipo de organelos
de cada célula relaciona-se com a estrutura e
função específica da célula.

Ribossomas (as fábricas de proteínas das células):
Função – Locais de síntese proteica.
Constituídos por duas subunidades que
durante a síntese proteica são organizadas a partir do RNAr e proteínas no nucléolo.
Depois passam pelos poros da membrana nuclear e organizam-se no citoplasma
em ribossomas funcionais.

Ribossomas livres – Síntese de proteínas
utilizadas no interior da célula.
Ribossomas associados a um sistema de
membranas (reticulo endoplasmático) – síntese
de proteínas segregadas a partir das células.

Retículo endoplasmático:
Sistema de membranas contíguo à membrana nuclear. Constituído por sáculos e
túbulos alargados interligados.

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Funções:
Retículo endoplasmático rugoso (RER) – Retículo com ribossomas associados.
Produção de proteínas. As proteínas fabricadas nos ribossomas do RER penetram
nas bolsas e deslocam-se em direção ao aparelho de Golgi.
Retículo endoplasmático liso – Retículo sem ribossomas associados Produção de
fosfolípidos (colesterol, hormonas esteróides) e glícidos (glicogénio).
Processos de desintoxicação – As enzimas atuam em substâncias químicas e
drogas de forma a alterar a sua estrutura, tornando-as mais solúveis em água, mais
facilmente eliminadas pelo corpo, menos tóxicas.

Complexo (ou aparelho) de Golgi e vesículas de secreção:
Conjunto de sáculos membranosos achatados, contendo cisternas empilhadas
sobre si.
Função – Modifica, acondiciona e distribui as proteínas produzidas pelo RE.

Lisossomas:
Funções:
a) Vesículas que se destacam do
aparelho de Golgi e que contêm
enzimas hidrolíticas que funcionam
como sistemas digestivos
intracelulares.
b) As enzimas digerem ácidos
nucleicos, polissacarídeos, lípidos e
proteínas.
Os lissossomas digerem também organelos celulares que perderam a sua
funcionalidade (autofagia).

Algumas doenças resultam de enzimas lisossómicas não funcionais. A doença de
Pompe, por exemplo, resulta da incapacidade das enzimas lisossómicas degradarem o
glicogénio. O glicogénio acumula-se em grandes quantidades no coração, fígado e

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músculos esqueléticos, uma acumulação que frequentemente conduz a uma
insuficiência cardíaca. As hiperlipoproteinemias familiares constituem um grupo de
doenças genéticas caracterizado pela acumulação de grandes quantidades de lípidos em
células fagocíticas sem as enzimas necessárias à decomposição das gotículas lipídicas
ingeridas por fagocitose.

Relação Funcional entre núcleo, RER, complexo de Golgi, lisossomas:
As proteínas são produzidas pelo RER, nos ribossomas, de acordo com as
instruções que estão no material genético que está no núcleo. Depois, são envolvidas
por uma vesícula ou pequeno sáculo que se forma a partir da membrana do RER.
A vesícula desloca-se até ao aparelho de Golgi e funde-se com a membrana e
liberta as proteínas no interior das cisternas.
Modificação das proteínas (e.g. lipoproteinas, glicoproteínas). Inclusão das
proteínas em vesículas de secreção que se destacam do aparelho de Golgi.
Vesículas enviadas para a membrana celular, fusão, proteínas exportadas para o
exterior (hormonas, enzimas digestivas) ou incorporadas na membrana plasmática.

Consequência dos acontecimentos:
Núcleo (DNA) à Ribossomas à RER à Vesículas de Transporte à Golgi à Vesiculas
de secreção.

Mitocôndrias:
Organelos em forma de bastonete, embora possam mudar de forma de esférica
a bastonete. Apresentam duas
membranas. A interior tem
numerosas pregas – cristas –
que se projetam para o interior
do organelo.
Funções – Principal local
de síntese de ATP na célula.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Apresentam uma série complexa de enzimas responsáveis pelo mecanismo
oxidativo e pela síntese de ATP - Respiração celular.

Células que necessitam de maior quantidade de energia (e.g. células que
desempenham transporte ativo) apresentam um maior número de mitocôndrias.

DNA mitocondrial:
As mitocôndrias possuem o seu próprio genótipo, tendo várias moléculas de DNA
e dentro de cada molécula, múltiplas cópias do mesmo gene. O DNA mitocondrial é de
herança materna (salvo raríssimas exceções). E as doenças mitocondriais podem afetar
tanto o sexo masculino como o sexo feminino. As doenças mitocondriais são doenças
genéticas que afetam genes que são expressos na mitocôndria.
A existência de ADN
mitocondrial também apoia a hipótese
endossimbiótica, a qual sugere que as
células eucariotas surgiram quando uma
célula procariota foi englobada por
outra célula sem ser digerida. Acredita-
se que estas duas células teriam
começado uma relação simbiótica,
formando o primeiro organismo. A
existência de DNA mitocondrial sugere
que, as mitocôndrias já existiram um dia
como entidades separadas das suas
atuais células-hospedeiras.





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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Sumário dos Componentes Celulares e suas Funções:

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Metabolismo celular:
Obtemos energia através dos alimentos.

O nosso sistema digestivo quebra as ligações de moléculas
complexas como carbohidratos, proteínas e gorduras e transforma-
as em moléculas mais simples como a glicose, aminoácidos e ácidos
gordos.
Essas moléculas são então transportadas pela corrente
sanguínea até às células onde a energia armazenada nas ligações
químicas dessas moléculas é utilizada para construir moléculas de
ATP.
As nossas células utilizam os processos de respiração celular
e fermentação para obter energia (ATP) a partir de moléculas de
glicose.

Respiração aeróbia (obtenção de ATP):
a) Degradação da glicose;
b) Dá-se na presença de oxigénio;
c) Produtos finais – CO2, H2O e energia (ATP).


Etapas de respiração aeróbia:
Citoplasma:
a) Glicólise;

Mitocôndria:
a) Reação de transição;
b) Ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs);
c) Cadeia transportadora de eletrões.


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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Como é produzido o ATP?
Quando o O2

não está presente a


ultima etapa do
processo não ocorre e a
produção de moléculas
de ATP é reduzida
grandemente.
Isto explica
porque respirar oxigénio é necessário à vida. Sem oxigénio a respiração aeróbia é inibida
e as células não produzem ATP suficiente para os seus processos metabólicos.
Durante a respiração aeróbia os átomos de carbono das moléculas provenientes
dos alimentos separam-se uns dos outros para formar dióxido de carbono.
O dióxido de carbono que os seres vivos expiram vem dos alimentos que
ingeriram.

Fermentação – respiração anaeróbia:
As células podem obter energia dos alimentos na ausência de oxigénio, porém
esse processo é muito menos eficiente em termos de obtenção de energia, apenas 2
moléculas de ATP por cada molécula de glicose.
Durante o exercício físico intenso, em condições de baixa oxigenação muscular,
a respiração anaeróbia pode fornecer ATP adicional por períodos de tempo limitados
A desvantagem da respiração anaeróbia em relação à aeróbia, consiste não somente na
quantidade de ATP, mas nos efeitos fisiológicos causados. Em decorrência de extensos
períodos de atividade fermentativa (exercícios físicos prolongados), as células
musculares passam a conter uma concentração muito elevada de ácido lático,
prejudicando o funcionamento da célula (fadiga muscular).

Respiração anaeróbia durante o exercício físico intenso:
A respiração anaeróbia ocorre com a quebra da glicose em piruvato, que depois
é transformado noutro produto – ácido láctico.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Organismos superiores, como os humanos, são capazes de realizar fermentação
láctica em condições anaeróbias locais (falta de oxigénio nos músculos, por exemplo)
para manter o metabolismo por curtos períodos.

Nota: a fermentação é também utilizada por muitos microrganismos, como
bactérias e leveduras. O queijo e os iogurtes são originados por fermentação láctea. A
cerveja ou o vinho, por exemplo, resultam da fermentação alcoólica, isto é, os produtos
da fermentação são o CO2 e o etanol.

TECIDOS ANIMAIS
Um tecido é um grupo de células com a mesma função. Os tecidos são
classificados em 4 categorias funcionais:
a) Tecido epitelial - são grupos de
células especializados nas trocas
de materiais. Revestem as
superfícies internas e externas
dos organismos, como as
cavidades do corpo, órgãos,
ductos, vasos. Todas as glândulas
são também derivadas de tecido
epitelial.
b) Tecido conjuntivo - grupos de
células especializadas na formação de estruturas de suporte, de preenchimento,
de armazenamento, e têm um papel importante na defesa do organismo
(imunidade).
c) Tecido muscular - grupos de células que se especializam na contração, são
responsáveis pelo movimento do organismo.
d) Tecido nervoso - grupos de células que se especializam na iniciação e na
condução de impulsos elétricos (comunicação) por vezes em longas distâncias.
Estes impulsos funcionam como sinais que transportam informação de um local
do organismo para outro.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA


Os órgãos apresentam diferentes tipos de tecidos:



• Tecido Epitelial:
Funções – Revestimento, proteção, secreção

Características gerais:
As células são poliédricas e
estão dispostas muito juntas umas
das outras, isto é, praticamente
não existe substância intercelular.
Em todos os tecidos deste tipo
existe uma superfície exposta
interna ou externamente.







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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Epitélios com diferentes funções:



Classificação dos epitélios de revestimento:

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA


Tecidos Epiteliais Glandulares:


Epitélios sensoriais ou neuroepitélios:
Os epitélios sensoriais ou neuroepitélios detetam e transmitem estímulos
provenientes do meio ambiente ou do interior do próprio organismo (gosto, olfato,
visão). São formados por células especializadas que recebem a designação de recetores
sensoriais, e por células cuja função é apenas o revestimento.
Os recetores têm a capacidade de transformar os estímulos em alterações de
potencial da membrana (alterações nas cargas elétricas) das fibras nervosas aferentes.

Epitélio olfativo/Epitélio do gosto ou paladar:

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Tecido Conjuntivo:
Funções:
a) Suporte ou sustentação (providenciando uma matriz que liga e mantém a coesão
entre órgãos).
b) Preenchimento e armazenamento (constituição e manutenção da forma do
corpo).
c) Defesa e nutrição.


Características gerais:
a) Pequeno número de células;
b) Abundante matriz extracelular (glicoproteínas e fibras).

As células podem ser de diferentes tipos: fibroblastos, macrófagos, plasmócitos,
leucócitos, mastócitos e também células adiposas e células mesenquimatosas
indiferenciadas.

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Tecido Muscular:
Funções:
a) Participação na realização de movimentos pelo corpo;
b) Manutenção da postura corporal;
c) Produção de calor;
d) Participação nos movimentos peristálticos (caso dos músculos lisos).

Características gerais:
a) Contratilidade – Capacidade de se contrair;
b) Excitabilidade - Capacidade de responder a estímulos nervosos e hormonais;
c) Extensibilidade – Capacidade de ser esticado além do seu comprimento em
repouso;
d) Elasticidade – Capacidade de uma vez estirado, retomar ao seu tamanho original
de repouso.



• Tecido Nervoso:
Funções:
Este tecido tem a capacidade de transformar os estímulos em impulsos nervosos,
que são levados a centros de integração. Destes saem novamente impulsos nervosos
que vão desencadear ações coordenadas nos órgãos efetores. São os neurónios que
fazem a ligação entre as células recetoras dos diversos órgãos sensoriais e as células
efetoras, nomeadamente músculos e glândulas. O tecido nervoso encontra-se
espalhado pelo organismo formando uma rede de comunicações.
O tecido nervoso atua ainda como local de armazenamento e tratamento da
experiência do organismo (memória).

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA


Características gerais:
O tecido nervoso é constituído por neurónios e por células da glia ou neuróglia.
Os neurónios, ou células nervosas propriamente ditas, são responsáveis pela
condução e integração dos impulsos.
As células da glia ou neuróglia servem de suporte
quer estruturalmente quer funcionalmente aos neurónios (proteção e nutrição).

Neurónios - classificação estrutural (número e forma dos prolongamentos que
saem do corpo celular).



Neuróglia:
Nos mamíferos as células de glia são 10X mais abundantes que os neurónios. 

As células de glia fornecem o microambiente adequado à atividade nervosa, mas
não geram nem conduzem o impulso nervoso:
a) Preenchem espaço entre neurónios;
b) Suporte físico aos neurónios;

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

c) Fagocitam substâncias estranhas;
d) Fornecem nutrientes aos neurónios;
e) Mantêm o ambiente iónico apropriado em torno
dos neurónios;
f) Produzem o líquido cefalorraquidiano;
g) Formam bainha de mielina em torno dos axónios.



ÓRGÃOS E SISTEMAS DE ÓRGÃOS
• Os animais e as trocas de energia, matéria e informação:
Podemos considerar os animais como centros transformadores que
continuamente trocam com o ambiente, matéria, energia e informação e que
dependem desse fluxo para se manterem vivos.
A energia é essencial para o funcionamento do organismo. O animal utiliza a
energia dos alimentos oxidando-os. Uma parte dessa energia é acumulada na forma de
ligações químicas e outra parte é utilizada para produzir calor, movimento ou novas
reações químicas.
A matéria, formadora do corpo do animal, é continuamente perdida pelo
desgaste ou para fornecer energia. Dessa forma, a matéria é continuamente absorvida,
transformada e devolvida ao ambiente numa forma mais desorganizada.
A captação de informação do ambiente direciona todo o comportamento dos
organismos em todos os níveis do reino animal e é processada na forma de códigos
elétricos ou químicos.
Em todos os níveis de organização da matéria viva podemos encontrar esse fluxo
de informação.

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Níveis de organização nos seres vivos:



• Órgãos, sistemas de órgãos e homeostasia:
Órgão é uma estrutura composta por dois ou mais tecidos que evoluiu no sentido
de desempenhar uma função específica (ex: digestão, produção de enzimas, produção
de hormonas). Os órgãos, na sua maioria, não funcionam individualmente, mas
associam-se a outros.
Órgãos formando os sistemas de órgãos (ex: cérebro, medula espinal e nervos
são órgãos que pertencem ao sistema nervoso; traqueia, brônquios e pulmões
pertencem ao sistema respiratório).
Os componentes de um sistema de órgãos podem estar fisicamente em contacto
(ex: sistema digestivo) ou dispersos no organismo (ex: sistema endócrino)
Além disso, alguns órgãos pertencem a mais de um sistema (ex: o pâncreas faz
parte do sistema digestivo na medida em que produz enzimas digestivas, mas também
faz parte do sistema endócrino pois produz hormonas que são libertadas para a corrente
sanguínea e ajudam a controlar os níveis de glicose no sangue).

A maioria dos órgãos está suspensa em cavidades que:
Ajudam a proteger os órgãos vitais de danos quando os organismos se
movimentam. Permitem aos órgãos deslizar ou mudar a sua forma (ex: pulmões,
estômago, bexiga urinária, corpo dobrado ou esticado).

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Contribuição dos vários sistemas de órgãos para a homeostasia:

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Sistema tegumentar:
Sistema tegumentar: pele e estruturas anexas –
cabelo, unhas e glândulas (sudoríparas e sebáceas).
A pele representa cerca de 1/12 do peso corporal e tem

uma superfície de 1.5 a 2m2 e cerca de 0.5-5mm de espessura.
A pele apresenta duas camadas de tecido:
a) Epiderme (barreira protetora em contato com o exterior);
b) Derme (camada de tecido conjuntivo mais interior)
Unhas e pelos são constituídos por células epidérmicas
queratinizadas, mortas e compactadas. Na base da unha ou do
pelo há células que se multiplicam constantemente, empurrando
as células mais velhas para cima. Estas, ao acumular queratina,
morrem e compactam, se, originando a unha ou o pelo. Cada pelo está ligado a um
pequeno músculo eretor, que permite sua movimentação, e a uma ou mais glândulas
sebáceas, que se encarregam de sua
lubrificação.

Proteção:
Barreira física contra a entrada de
microrganismos e outras substâncias
estranhas
A epiderme secreta proteínas (a
principal, é a queratina) e lípidos que protegem contra a invasão por parasitas e a injúria
mecânica e o atrito. Contra esta também é fundamental o tecido conjuntivo da derme,
no qual os fibrócitos depositam proteínas com propriedades de resistência à tração e
elasticidade, como o colagénio e a elastina.
A melanina produzida pelos melanócitos protege contra a radiação,
principalmente UV.

Proteção contra a abrasão – calosidades, cabelos na cabeça e pelos nas regiões
púbicas e axilares; sobrancelhas, pestanas, pelos nos ouvidos e nariz, evitam entrada e
contacto com objetos estranhos e poeiras; unhas protegem extremidades.

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Imunidade - A pele é um órgão importante do sistema imunitário. Ela alberga
diversos tipos de glóbulos brancos (leucócitos).
Proteção contra a desidratação – Uma das funções vitais da pele é a proteção
contra a desidratação. Os seres humanos são animais terrestres, e necessitam de
proteger os seus corpos principalmente compostos de água contra a evaporação
excessiva e desidratação e o subsequente choque hipovolémico e morte, que seriam
inevitáveis num meio seco e quente.
A pele protege da desidratação por dois mecanismos. As junções celulares dão
coesão às células da epiderme e a sua superfície contínua de membrana lipídica impede
a saída de água.

Funções na regulação da temperatura corporal:
A pele também é o principal órgão de regulação da temperatura corporal através
de diversos mecanismos:
a) Os vasos sanguíneos subcutâneos contraem-se com o frio e dilatam-se com o
calor, de modo a minimizar ou maximizar as perdas de calor (diminuição ou
aumento do fluxo de sangue para a pele);
b) Os folículos pilosos têm músculos que produzem a sua ereção com o frio
(pele
de galinha), aprisionando bolsas de ar junto à pele que retarda as trocas
de calor (um mecanismo mais eficaz nos nossos antepassados mais peludos);
c) As glândulas sudoríparas secretam liquido aquoso cuja evaporação diminui a
temperatura superficial do corpo;
d) A presença de tecido adiposo (gordura) subcutâneo protege contra o frio e
contra a perda de calor interno, uma vez que a gordura é má condutora de calor.

Funções metabólicas:
É na pele, numa reação dependente da luz solar, que a vitamina D
(formação/manutenção saudável dos ossos) é sintetizada a partir do colesterol. Esta
entra na circulação e é transportada até ao fígado e rins onde é modificada de forma a
ter um papel importante na absorção de cálcio e fósforo nos intestinos e nos rins, e na
libertação e acumulação nos ossos.

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA


Como órgão dos sentidos:
A pele também é um órgão sensorial, constituindo o sentido do tato. Ela
apresenta numerosas terminações nervosas, algumas livres, outras com comunicação
com órgãos sensoriais especializados. A pele tem capacidade de detetar sinais que criam
as perceções de temperatura, movimento, pressão e dor.

Como órgão excretor:
O suor é um líquido produzido pelas glândulas sudoríparas, que se encontram na
pele. Existem cerca de dois milhões de glândulas sudoríparas espalhadas por nosso
corpo; grande parte delas localiza-se na fronte, nas axilas, na palma das mãos e na planta
dos pés.
O suor contém principalmente água, além de outras substâncias, como ureia,
ácido úrico e cloreto de sódio. As substâncias contidas no suor são retiradas do sangue
pelas glândulas sudoríparas. Através de canal excretor - o duto sudoríparo - elas chegam
até a superfície da pele, saindo pelos poros. Eliminando o suor, a atividade das glândulas
sudoríparas contribui também para a manutenção da temperatura do corpo.

Funções do sistema tegumentar:
a) Protege as estruturas internas do nosso corpo (barreira contra agentes
infeciosos, raios ultravioleta, agentes químicos e físicos);
b) Evita a perda excessiva de água dos tecidos subjacentes (efeito impermeável da
queratina);
c) Regula a temperatura do corpo (glândulas sudoríparas, transpiração);
d) Produz vitamina D (colesterol; vitamina D pela ação dos raios UV);
e) Funciona como órgão sensorial (sentido do tato).

• Suporte e movimento:
Sistema esquelético:
O esqueleto humano é formado por ossos e
cartilagens. O nosso corpo apresenta 206 ossos que variam
no tamanho e na forma. A maioria apresenta uma parte de

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

osso compacto e outra de osso esponjoso.

Osso compacto - muito denso com alguns espaços internos. Forma a maior parte
dos nossos ossos longos.
Osso esponjoso – ossos curtos têm o
centro esponjoso sendo recobertos em toda a sua
periferia por uma camada compacta. Nos ossos
chatos que constituem a abóbada craniana
existem duas camadas de osso compacto
separadas por osso esponjoso

As cavidades dos ossos esponjosos e o
canal medular dos ossos longos são ocupados pela
medula óssea

Medula óssea - tecido gelatinoso que preenche a cavidade interna de vários
ossos e fabrica os elementos figurados do sangue como: hemácias (glóbulos vermelhos),
leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas.
A medula óssea é um órgão hematopoiético.

A medula óssea é constituída por:
a) Células que originam as células do
sangue;
b) Células que tomam parte na fabricação do osso;
c) Células e fibras que compõem uma malha para sustentar todas as células
referidas.

Funções do sistema esquelético:
Suporte – Dá o suporte aos tecidos moles. As pernas e a coluna vertebral mantêm
o nosso corpo erguido e a cintura pélvica sustem os órgãos abdominais.
Movimento – O tecido ósseo serve de apoio aos músculos esqueléticos para

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

transformar as contrações destes em movimentos úteis.
Proteção – providencia a proteção dos órgãos internos (cérebro, coração,
pulmões).
Armazenamento de minerais – armazena sobretudo cálcio e fósforo que podem
ser libertados em caso de necessidade (o cálcio é fundamental para a contração
muscular).
Hematopoiese (suprimento contínuo de células sanguíneas novas).

Sistema muscular:
O movimento é uma das características distintivas dos animais. A maioria dos
músculos esqueléticos está associada aos ossos permitindo o movimento do corpo. Os
músculos produzem grande quantidade de calor resultante do seu metabolismo e a
contração muscular é uma das principais fontes de calor do nosso organismo.
Cada músculo está ligado ao osso por um tendão e a maioria dos músculos
funciona aos pares - pares antagonistas – que trabalham em oposição



Principais tipos de musculo:
Tecido muscular esquelético ou estriado (p.ex. aquele que é fixado aos ossos do
corpo)
-Tecido muscular liso ou não-estriado (encontra-se, p.ex., na parede de órgãos
como a bexiga, útero, intestino e vasos sanguíneos)
Tecido muscular cardíaco (coração).

Funções do sistema muscular:
a) Participação na realização de movimentos pelo corpo;

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

b) Manutenção da postura corporal;
c) Produção de calor;
d) Participação nos movimentos peristálticos (músculos lisos).

• Sistema cardiovascular:


Coração:
Órgão propulsor principal
- Bombeia sangue para o sistema arterial
- Mantém
elevada pressão sanguínea nas artérias.

Sistema arterial:
Conduz o sangue do coração para os capilares através das artérias.
Atua como reservatório de pressão, forçando o sangue através dos capilares (as
paredes dos capilares são delgadas e permitem altas taxas de transferência de material
entre o sangue e os tecidos por difusão, transporte ou filtração).

Sistema venoso:
Recolhe o sangue a partir dos capilares conduzindo-o ao coração através das
veias
- As veias são estruturas de baixa pressão nas quais grandes variações de volume
têm pouco efeito na pressão venosa.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Artérias e veias:
As artérias têm paredes
mais espessas e muito maior
quantidade de tecido muscular
que as veias de diâmetro
semelhante. As veias têm
válvulas de sentido único
(previnem o refluxo, permitem o
fluxo unicamente na direção do
coração).

Capilares:
São vasos de pequeno calibre que ligam as arteríolas às vénulas. A maioria dos
tecidos tem uma rede de capilares de tal modo extensa que uma célula não está mais
de três ou quatro células distante de um capilar. importante para a transferência de
gases, nutrientes e produtos de excreção.


Coração, circulação pulmonar e circulação sistémica:

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

O ciclo cardíaco – sequência do batimento cardíaco:
Diástole: todas as câmaras estão relaxadas a encher com sangue, as válvulas
atrioventriculares estão abertas e o sangue flúi para os ventrículos
Sístole auricular: as aurículas contraem, dá-se um aumento de pressão e o
sangue é ejetado para os ventrículos adicionando + 20% de sangue aos ventrículos
Quando os ventrículos começam a contrair - sístole ventricular - a sua pressão
aumenta e excede a das aurículas. As válvulas auriculoventriculares fecham-se evitando
o refluxo de sangue para as aurículas.
Durante esta fase as válvulas auriculoventriculares e as válvulas semilunares
estão fechadas – os ventrículos comportam-se como câmaras fechadas onde não há
variação de volume
Ejeção ventricular - A pressão nos ventrículos aumenta e excede a pressão nas
artérias aorta e pulmonar; abrem-se as válvulas semilunares e o sangue é forçado a sair
resultando na diminuição do volume ventricular
Quando os ventrículos começam a relaxar, as pressões intraventriculares caem
abaixo das pressões das artérias, as válvulas semilunares fecham-se e as válvulas
auriculoventriculares abrem-se iniciando o enchimento das aurículas em diástole de
volta ao início do ciclo.

Sistema de controlo da ritmicidade do coração (atividade elétrica do coração):
A contração do coração deve-se a uma oscilação espontânea da atividade
elétrica que se gera em algumas células do coração.
Nos mamíferos, a onda de despolarização elétrica gera-se com maior frequência
na região do nódulo sino-auricular (SA) do que em qualquer outra parte do coração, pelo
que é esta região que marca o ritmo da contração cardíaca (ritmicidade) funcionando
como marca-passo ou "pace-maker“. Os sinais elétricos são produzidos no nódulo SA
automaticamente e em intervalos de tempo regulares à automatismo e ritmicidade do
coração.


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Sistema de controlo da ritmicidade do coração (atividade elétrica do coração)
O sistema de controlo da ritmicidade de contração do coração é composto por:
a) Nódulo sino-auricular (SA) situado na parede da aurícula direita próximo do
ponto de entrada da veia cava superior;
b) Nódulo auriculoventricular (AV) situado na
zona mediana da válvula
auriculoventricular direita;
c) Fibras de Purkinje - sistema de grandes
fibras cardíacas, de condução muito
rápida, condutoras de impulso cardíaco
com grande velocidade desde o nódulo AV
para todas as regiões dos dois ventrículos.


À medida que o impulso cardíaco passa pelo nódulo AV, sofre um atraso de
pouco mais de um décimo de segundo, uma vez que as fibras condutoras desse nódulo
conduzem com mais lentidão.
Esse atraso é fundamental pois permite que as aurículas contraiam uma fração
de segundo antes dos ventrículos,
o que permite a passagem do fluxo
de sangue para os ventrículos.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

A atividade elétrica do coração produz correntes elétricas através do miocárdio
(músculo cardíaco) que podem ser medidas à superfície do corpo – eletrocardiograma
(ECG).
O ECG normal consiste: Onda P – contração auricular
Complexo QRS – três ondas individuais, que assinalam o inicio da contração
ventricular.
Onda T – que precede o relaxamento ventricular.

Funções do sangue e do sistema circulatório:
Função de transporte - transporte de gases (oxigénio e dióxido de carbono),
nutrientes, produtos de excreção, hormonas;
Função de defesa – contra a invasão de agentes patogénicos (através dos
glóbulos brancos, enzimas e anticorpos);
Função de regulação – regulação da temperatura, regulação os níveis de água e
sais, regulação do pH.

• Sistema circulatório:
Doenças cardiovasculares (exemplos):
Enfarto do miocárdio – bloqueio das artérias que irrigam o músculo cardíaco
podendo levar à morte das células cardíacas.
Fibrilhação – perda ou alteração do controlo elétrico do coração – falta de
coordenação na contração das células musculares cardíacas.
Arteriosclerose e aterosclerose - Espessamento e perda de elasticidade da
parede arterial. Acumulação de substâncias gordas nas paredes das artérias.
Aneurisma - dilatação vascular de uma artéria, podendo ocorrer rutura.





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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Sistema linfático e imunitário:
Sistema linfático:
A membrana dos capilares sanguíneos deixa passar parte
do líquido, que constitui o plasma, para os tecidos. Durante a
circulação sanguínea apenas 99% do volume do sangue retorna
das redes capilares para o coração. Isto significa que 1% das
substâncias que atravessam a parede dos capilares para os
tecidos, assim como alguns leucócitos (glóbulos brancos), não
regressam aos capilares. O excesso desse líquido difunde-se para
os vasos linfáticos que existem nos diferentes órgãos, entre os
vasos sanguíneos.





Os capilares linfáticos são muito mais
permeáveis do que os sanguíneos. A sobreposição das
células epiteliais dos capilares linfáticos permite a fácil
entrada do líquido intersticial, mas evita o seu retorno
para os tecidos. As válvulas localizadas ao longo dos
capilares linfáticos também asseguram a circulação da
linfa num só sentido.

Os vasos linfáticos removem proteínas e outras
moléculas do líquido intersticial. Este processo é
essencial, pois estas moléculas, pelas suas dimensões,
não poderiam ser removidas diretamente para o sangue e, se não fossem retiradas,
provocariam a morte num espaço de 24 horas.
Uma vez dentro dos vasos linfáticos, o fluido denomina-se linfa. Os capilares
linfáticos reúnem-se formando veias linfáticas (com válvulas).

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Em certas regiões do corpo, como nas virilhas, axilas, pescoço, existem no
percurso dos vasos linfáticos nódulos – gânglios linfáticos – locais de proliferação de
glóbulos brancos que participam na defesa do organismo.
As veias linfáticas juntam-se e drenam o seu conteúdo para a veia cava superior,
repondo novamente a linfa no sistema circulatório.

Órgãos linfáticos e suas funções:
Vasos linfáticos, nódulos linfáticos,
amígdalas, baço e timo.

Os nódulos linfáticos filtram a
linfa. Esta passa pelo menos por um
nódulo antes de entrar no sistema
circulatório) e apresenta grande
número de glóbulos brancos que
ajudam a proteger o corpo contra
doenças.


Sistema imunitário:
O sistema de defesa do corpo humano contra organismos, células ou moléculas
estranhas apresenta três modos de ação:
a) Manter as células ou moléculas estranhas fora do organismo 1º linha de defesa
– barreiras químicas e físicas.
a. Ex: A pele e as membranas mucosas constituem barreiras físicas e
produzem várias substâncias químicas que protegem o organismo; saliva;
trato respiratório.
b) Atacar qualquer célula ou molécula estranha que entre no organismo
2º linha
de defesa – defesas internas, químicas e celulares que se tornam ativas se a 1º
linha de defesa é penetrada.
a. Ex: alguns glóbulos brancos (macrófagos, células assassinas), proteínas

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

de defesa, processo inflamatório, febre
c) Destruir especificamente as células ou moléculas estranhas que penetraram no
organismo.

3º linha de defesa – Resposta imunitária, destrói normalmente agentes
causadores de doenças e “memoriza” esses alvos para assegurar uma resposta rápida
no caso desses agentes penetrarem novamente no organismo.
Ex: alguns glóbulos brancos (linfócitos B e linfócitos T), anticorpos.

Alguns g.b. atacam e eliminam o invasor (produzindo anticorpos) enquanto
outros – células memória – “memorizam” as características do invasor e ficam
preparadas para “atacarem” no caso de haver outro contacto com o invasor.

Mecanismos de defesa do corpo:



Respostas do sistema imunitário:

A “memória” imunológica permite
uma resposta mais rápida nas exposições
subsequentes ao antigénio.

Funções:
Recolher e fazer retornar o fluido
intersticial ao sangue mantendo o volume sanguíneo constante (30 l de líquidos/dia
passam dos capilares sanguíneos para o espaço intersticial e apenas 27 l retomam aos
capilares; a diferença é reposta na circulação sanguínea pelo sistema linfático).
Contribuir para a defesa do organismo (células do sistema imunitário que ajudam a

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

defender o organismo contra agentes patogénicos). Transportar os produtos da
digestão dos lípidos do intestino delgado para a corrente sanguínea.

• Sistema respiratório:
Estruturas e funções:



O movimento de inspiração é ativo estando dependente da ação controlada de
vários músculos.
Diafragma contrai – diminui o seu comprimento, aumenta a dimensão vertical
da caixa torácica.
Contraem os músculos intercostais externos – elevam a posição das costelas;
projetam o externo para posição mais avançada.
Aumenta a dimensão antero-posterior do tórax e o volume da caixa torácica.
Diminui a pressão dentro do tórax – o ar flui através das vias respiratórias do
exterior (pressão) para o interior (pressão – sucção).
A exalação começa quando a contração do diafragma termina, o diafragma
relaxa e move-se para cima empurrando assim os pulmões e obrigando o ar a sair. A
inspiração é um processo ativo e a expiração é um processo passivo.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA



Transporte de gases no sangue:


Pressões parciais e gradientes de difusão de O2 e CO2 no sangue. O O2 e o CO2
difundem-se entre os alvéolos e os capilares pulmonares e entre os tecidos e os capilares
dos tecidos, devido à diferença de pressões parciais. A difusão ocorre dos pontos de
pressão mais elevada para aqueles onde ela é mais baixa.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA


Transporte de gases no sangue - Transporte de oxigénio (O2) O2 é transportado

no sangue de duas formas:
Dissolvido fisicamente (2%).A quantidade de O2 transportado em dissolução por
unidade de volume aumenta com a pressão de O2.
As pressões fisiológicas nunca são muito elevadas, por isso a concentração de O2
dissolvido nos fluidos nunca é muito elevada ligado a
pigmentos respiratórios (98%) - Hemoglobina (Hb)
(associada aos glóbulos vermelhos).
Concentração total do gás = quantidade
fisicamente dissolvida + a quantidade que está
quimicamente ligada aos pigmentos

Transporte de gases no sangue - Transporte de dióxido de carbono (CO2)
Cerca
de 68% do CO2 circula na forma de iões bicarbonato (HCO3) no plasma.


1º passo catalizado pela enzima anidrase carbónica. 2º passo espontâneo.
Aproximadamente 25% do CO2 é transportado nos glóbulos vermelhos.

Aproximadamente 7% na forma de CO2 dissolvido no plasma. A soma de todas as formas


2-
de CO2 no sangue - CO2, H2CO3, HCO3-, CO3 e HbCO2- constitui a concentração total

de CO2 no sangue.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Regulação nervosa da respiração:
A respiração é feita com intervenção dos músculos do diafragma e dos músculos
intercostais.
Os movimentos rítmicos destes músculos são controlados por impulsos nervosos
que têm origem no centro respiratório localizado bulbo raquidiano (ou medula
oblonga).
Neurónios bulbares que estimulam os músculos da respiração e determinam a
frequência e a amplitude da respiração.
Este centro contém neurónios separados – inspiração e expiração – que alternam
a sua atividade (ritmo de ventilação).

Regulação química da respiração:
Quimiorreceptores do centro respiratório – São neurónios especializados que
respondem a alterações químicas dos fluidos internos.
Quimiorreceptores centrais – Localizam-se na área quimiossensitiva do bulbo
raquidiano, são sensíveis a variações na PCO2 (pressão parcial de CO2), a variações de

pH.
Quimiorreceptores periféricos - localizam-se nos vasos de grande calibre que
saem do coração, aorta e artérias carótidas, sensíveis a variações de PO2 (pressão

parcial de O2).

Alterações nos níveis de O2 e CO2. Impulsos para o centro respiratório. Resposta:


alterações no ritmo de ventilação e na amplitude de respiração

Funções do sistema respiratório:
a) Fornecer o oxigénio necessário para o funcionamento celular;
b) Libertar o sangue do dióxido de carbono produzido durante o metabolismo
celular;
c) Regular o pH dos fluidos internos através da regulação da quantidade de dióxido
de carbono.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Outras funções:
a) Permite as vocalizações (cordas vocais situadas na laringe);
b) As membranas olfativas situadas na cavidade nasal permitem a deteção de
odorantes.

Doenças respiratórias (exemplos):
Infeções bacterianas e virais - sinusite, laringite, bronquite, pneumonia,
tuberculose Asma – causas alérgicas, produção de muco nos brônquios e bronquíolos.
Enfisema – comum nos fumadores, rutura dos alvéolos pulmonares (redução de área
de trocas gasosas e aumento de ar residual nos pulmões)

• Sistema digestivo:
Para os processos vitais dos organismos:
a) Manutenção;
b) Crescimento;
c) Reprodução.
É necessário ENERGIA!

A energia é liberada para o corpo na forma de:
a) Lípidos (gorduras);
b) Aminoácidos (o produto do fracionamento das proteínas);
c) Glucose (um açúcar simples que resulta do fracionamento de
moléculas maiores como os carbohidratos e os açúcares).

A energia é armazenada no organismo na forma de:
a) Gorduras;
b) Glicogénio;
c) Proteínas.
A maior parte da energia que pode ser usada pelo nosso corpo encontra-se na
forma de gorduras e muito pouca na forma de glicogénio ou proteínas.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Processos de alimentação:
Ingestão – obtenção e incorporação do alimento (geralmente compostos
complexos) no organismo.
Digestão – degradação, clivagem dos diferentes compostos ingeridos até se
obter compostos simples que possam ser utilizados pelas células e que ocorre ao longo
do aparelho digestivo por processos mecânicos e químicos.
Absorção – passagem dos nutrientes resultantes da digestão para a circulação.
Nutrição – os compostos orgânicos fornecem energia e materiais para as células.

Canal alimentar:
Região de captura/receção – cavidade bucal, dentes, língua, glândulas salivares.
Região de condução – esófago.
Região de armazenamento/digestão – estômago.
Região de digestão/absorção – intestino.
Região de excreção – intestino terminal.



Funções da cavidade oral:
1 -1.5 L de salina por dia

Amilase salivar – quebra as ligações covalentes entre as moléculas de glicose,
amido e de outros polissacarídeos para produzir dissacarídeos, maltose e isomaltose.

Funções do estômago:
A principal função do estômago é o armazenamento do alimento ingerido até
poder ser transferido para o intestino delgado a uma taxa ótima para a digestão e

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

absorção. No estômago são fragmentados as grandes porções de alimento – digestão
mecânica.
Secreção de ácido clorídrico e outros ácidos que baixam o pH (pH ≈ 2 - desnatura
proteínas, permite que enzimas proteolíticas tenham acesso às ligações peptídicas,
elimina algumas bactérias ingeridas com os alimentos) e de enzimas que digerem
proteínas: proteases, sobretudo pepsina.

A mistura do conteúdo gástrico é feita por ondas de mistura – suaves,
semelhantes às contrações peristálticas, cada 20 segundos.
Ondas peristálticas – menor frequência, muito mais fortes, forçam a progressão
do quimo da periferia do estômago para o esfíncter pilórico


A digestão prossegue no Intestino delgado. Principal órgão de digestão e
absorção. Aproximadamente 6 m comprimento, 4 cm diâmetro. Três regiões:
a) Duodeno (~25 cm);
b) Jejuno (~2.5 m);
c) Íleon (~3.5 m).
Estrutura interna do intestino - Dobras,
vilosidades e microvilosidades (aumento da área de
aborção). Capilares em cada vilosidade recebem os
nutrientes resultantes da digestão.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Quais são os produtos da digestão dos carbohidratos, das proteínas e das
gorduras? Como é que estes produtos são absorvidos pelo intestino delgado?



Órgãos acessórios – funções:
Pâncreas:
Funções exócrinas:
a) Secreta bicarbonato de sódio (que neutraliza o quimo ácido) e enzimas
digestivas:
Produz enzimas:
a) Proteases – digestão de proteína;
b) Amilases - digestão de amido;
c) Jipases - digestão de lípidos;
d) Ribonucleases e desoxiribonucleases – digestão dos ácidos nucleicos.

Fígado:
Produz bílis - 600-1000ml/dia (atua como emulsionante) iniciando a digestão de
gorduras e neutraliza a acidez.
a) Bílis é armazenada na vesícula biliar;
b) Bílis não contém enzimas, mas sim sais biliares e pigmentos (e.g. bilirrubina),
estas resultantes da degradação da hemoglobina.

Funções metabólicas: armazenamento, síntese e processamento químico.
Armazena glicogénio
. armazena lípidos, vitaminas, cobre e ferro. Sintetiza novas

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

moléculas (e.g albumina, heparina) e transforma outras (biotransformação). Purifica
químicos nocivos (desintoxicação – altera a estrutura das substâncias tornando-as
menos tóxicas e mais fáceis de digerir).

Intestino grosso:
Funções principais:
Reabsorção de água e compactação do
conteúdo intestinal para formar fezes;
reabsorve 1.4 L/dia.
Armazenamento da matéria
fecal;
movimento de massa (contrações do cólon
tranverso e descendente).
Produção de muco por um tipo de células abundantes na mucosa (lubrificação e
agregação da massa fecal).

• Sistema urinário:
Funções do sistema urinário:
O sistema urinário, particularmente os rins, o principal órgão
deste sistema, assegura a manutenção do meio interno – homeostasia
- através de:
a) Balanço hídrico e salino;
b) Excreção de compostos nitrogenados;
c) Regulação do pH;
d) Controlo da pressão sanguínea.

Além disso, o rim estimula a produção de glóbulos vermelhos (através da
produção da hormona eritropoietina). Transforma a vitamina D (proveniente dos
alimentos ou produzida pela pele) na sua forma ativa que promove a absorção e
utilização do cálcio e do fósforo pelo corpo.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA


A urina é formada nos rins e transporta
produtos residuais do metabolismo até ao
exterior do organismo. Ela é constituída por 95%
de água, na qual a ureia, toxinas e sais minerais
como o cloro, o magnésio, o potássio, o sódio, o
cálcio, entre outros (que formam os restantes 5%).









Rim – produção de urina:
Filtração, reabsorção, secreção e excreção. A excreção de uma substância
na urina depende da quantidade que foi filtrada, reabsorvida e secretada.

Num período de 24 horas os nefrónios
filtram cerca de 180 litros água, mas em média,
cada pessoa só excreta cerca de 1,5 litros de
urina por dia.
Nem tudo o que sai da corrente
sanguínea a nível do rim, sai para o exterior do corpo. Se os rins diariamente filtram um
volume de 180 litros, mas apenas são responsáveis pela excreção de 1,5 litros, isto
significa que 178,5 litros têm um destino diferente.
Quando o sangue é filtrado, muitas moléculas que passam para os rins fazem
falta ao organismo. Por isso existem mecanismos para que esses produtos não se
percam (mecanismos de reabsorção).

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

É o mecanismo designado por reabsorção, que permite que grande parte da água
que sai do sangue (cerca de 99%) não chegue a integrar a urina. É uma questão de
conservação do conteúdo hídrico do corpo.
Mas para além da água, com outras substâncias acontece exatamente o mesmo.
Determinados sais desempenham papéis muito importantes no funcionamento do
organismo e a sua saída poderia colocar em risco a saúde. Além disto, seria um
desperdício estar a expulsar substâncias que ainda podem ter utilidade. Deste modo o
organismo controla as quantidades das substâncias que saem e que ficam.

Doenças do sistema urinário (exemplos):
Insuficiência renal – Alteração aguda ou crónica na eficiência de filtração no
glomérulo. Causas: inflamação, certas drogas, danos físicos nos nefrónios.
Consequências: acidose, anemia, edema (retenção de água), hipertensão, acumulação
de resíduos nitrogenados no sangue.
Hemodiálise – Filtração artificial do sangue.
Cálculos renais – deposição de materiais (cálcio, magnésio, ácido úrico) sob a
forma de cristais devido às elevadas concentrações (desidratação).
Diabetes insipidus – deficiência na produção de ADH (perda abundante de água)
Infeções bacterianas (uretrite, cistite, nefrite).

• Excreção de materiais resultantes do metabolismo no ser humano:
Quatro sistemas de órgãos podem estar envolvidos nos mecanismos de excreção:
a) O sistema respiratório (pulmões). Remoção de CO2;
b) O sistema digestivo. Remoção de alimentos não digeridos e de produtos do
metabolismo interno (e.g. como a bilirrubina, no fígado);
c) O sistema tegumentar (pele e glândulas). Algumas glândulas excretam produtos
do metabolismo – glândulas sudoríparas;
d) O sistema urinário. Os rins filtram os fluidos corporais e regulam a quantidade
de água, iões e outras substâncias orgânicas – ureia - e depois reabsorvem e
secretam seletivamente essas moléculas. O produto produzido por estes órgãos
renais denomina-se urina.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Como interatuam os sistemas de órgãos no organismo:



O TECIDO SANGUÍNEO
• O sangue:
Funções do sangue:
Função de transporte - transporte de gases (oxigénio e dióxido de carbono),
nutrientes, produtos de excreção, hormonas.
Função de defesa – contra a invasão de agentes patogénicos (através dos
glóbulos brancos, enzimas e anticorpos).
Função de regulação – regulação da temperatura, regulação dos níveis de água
e sais, regulação do pH.

• Composição do sangue:
O sangue é um tecido conjuntivo líquido.

Plasma - Substância líquida que serve como meio para transporte de materiais
tais como: nutrientes (açucares, aminoácidos, lípidos vitaminas), iões (sódio, potássio,
cloro), gases dissolvidos (dióxido de carbono, nitrogénio, e pequenas quantidades de

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

oxigénio), e hormonas.
A maior parte do material dissolvido no plasma consiste em proteínas (7-8% do
plasma):
a) Albuminas (importante papel na regulação osmótica e no transporte);
b) Globinas (funções diversas, transportadores de lípidos, funcionam como
anticorpos);
c) Proteínas coagulantes (fibrinogénio).

Três tipos de células sanguíneas:
a) Transportadoras de oxigénio: glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos);
b) Proteção contra agentes infeciosos: glóbulos
brancos (ou leucócitos);
c) Coagulação: plaquetas (ou trombócitos).
Todas são transportadas em suspensão no plasma.
Um adulto tem cerca de 5 a 5,5 litros de sangue:


• A formação de células sanguíneas:
Os elementos figurados do sangue, as células, derivam de células primordiais,
células-mãe hematopoiéticas pluripotentes indiferenciadas (“stem cells”) da medula
óssea.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Hematopoiese – processo de produção de células sanguíneas.

Embrião: fígado, timo, baço, nódulos linfáticos, medula óssea vermelha.
Adulto: sobretudo medula óssea vermelha (interior dos ossos do crânio e do
esterno, costelas, vértebras, extremidades dos ossos longos).


• Os elementos celulares do sangue:
Glóbulos vermelhos ou eritrócitos:
Obtêm oxigénio nos pulmões e transportam-no para todo o corpo associado a
moléculas de hemoglobina. São produzidos na medula óssea e têm um tempo de vida
médio de cerca de 120 dias.
3 3
Concentração no Homem 3,9-5,5 milhões por mm ♀ 4,1-6 milhões por mm ♂ 

Dimensões
7,5 µm diâmetro 


• A estrutura dos GV é importante para a sua função:
Não apresentam núcleo e têm apenas alguns organelos (porquê?...). Têm uma
forma bicôncava, o que aumenta a sua
área superficial. Cada GV contem 250
milhões de moléculas de hemoglobina
que podem transportar cerca de 1000
milhões de moléculas de oxigénio.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• A produção de GV:
A produção de células vermelhas é regulada por um mecanismo de “feed-back”
negativo. Na maior parte do tempo a taxa de síntese dos glóbulos vermelhos acompanha
a taxa de destruição
Porém, em casos de perda de sangue
aciona-se o mecanismo de produção de
glóbulos vermelhos -. A hormona
eritropoietina (produzida pelo rim) aumenta
a produção de células na medula óssea até
cerca de 10 vezes, isto é, cerca de 20 milhões
de célula/s.

• Os elementos celulares do sangue:
Glóbulos brancos ou leucócitos:
Podem encontrar-se no sangue ou nos tecidos. Reconhecem os organismos
causadores de doenças (e.g. bactérias) e combatem infeções fora da corrente sanguínea
junto dos tecidos. Alguns tipos removem produtos do metabolismo, células danificadas,
células anormais. Fazem parte do sistema imunitário
Alguns vivem alguns dias e outros
meses ou anos.

Classificação dos BG:


Glóbulos brancos (leucócitos):
a) Granulócitos (núcleo polibulado):
a. Neutrófilos;
b. Acidófilos;
c. Basófilos.
b) Agranulócitos (núcleo uniforme não lobulado):
a. Monócitos;
b. Linfócitos.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Plaquetas ou trombócitos:
Fragmentos de precursores celulares
(megacariócitos) libertados no sangue à taxa de 200
biliões/dia. Circulam no sangue 10-12 dias. Papel
relevante na coagulação formando “rolhas”
hemostáticas.

• Mecanismo de coagulação do sangue:


• Parâmetros hematológicos:
A análise de parâmetros hematológicos fornece dados importantes sobre o
estado fisiológico e/fisiopatológico do indivíduo.

Alguns exames utilizados na investigação hematológica:
A contagem completa permite estabelecer a quantidade dos principais
componentes do sangue. Equipamentos eletrónicos complexos medem a concentração

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

de hemoglobina, glóbulos vermelhos e brancos e plaquetas. É o exame necessário para
o diagnóstico da anemia e outras doenças.
A fórmula leucocitária é o número que se refere aos vários géneros de glóbulos
brancos, expresso como percentagem do total de leucócitos. Identifica algumas infeções
ou doenças das células sanguíneas.
As análises químicas do sangue estabelecem a quantidade das substâncias de
cuja presença depende o equilíbrio químico do organismo. Em geral medem-se as taxas
de ureia, azoto, albumina, creatinina, ácido úrico, eletrólitos, glucose, colesterol e
bilirrubina.
A hemocultura é uma técnica que evidencia os micróbios acaso existentes no
sangue de maneira a fazer um tratamento antibiótico correto.
A velocidade de sedimentação é a velocidade com a qual os glóbulos vermelhos
se separam do plasma e é muito útil para o diagnóstico de estados inflamatórios.
A gasometria sanguínea é o exame que mede o conteúdo de oxigénio e de
dióxido de carbono e fornece o nível do bom funcionamento dos pulmões.

• Principais doenças do sangue:
As doenças do sangue podem ser adquiridas ou hereditárias; podem surgir em
todos os processos que participam na formação das células sanguíneas ou nos próprios
componentes do sangue. Exemplos:

Associadas aos GV:
Anemias - É uma doença em que a capacidade do sangue em transportar
oxigénio para os tecidos está reduzida, seja pela redução de eritrócitos (hemácias) seja
pela redução de hemoglobina. A anemia mais comum é devido a uma falta de ferro,
quer por carências alimentares, quer devido a hemorragia. Outras anemias podem ser
devidas a alterações/defeitos na hemoglobina (e.g anemia falciforme, talassemia),
defeitos enzimáticos, defeitos na membrana dos eritrócitos.

Anemia de hemácias com aspeto falciforme ou drepanocítica - É uma doença
hereditária caracterizada pela presença de glóbulos vermelhos anormais (em forma de

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

foice). A doença é causada por um gene recessivo e para aparecer numa criança deve
ser transmitida por ambos os pais. Esta doença compromete o transporte eficiente de
oxigénio e provoca obstrução dos vasos sanguíneos.

Talassemia - Trata-se de outra doença hereditária causada por um defeito na
produção de hemoglobina. A redução da síntese de uma das cadeias de globina pode
causar a formação de moléculas de hemoglobina anormal causando anemia.

Hematocitose - Esta doença caracteriza-se pela presença de um número
excessivo de glóbulos vermelhos que aumentam o volume sanguíneo. Além disso, o
sangue torna-se mais viscoso com uma grande tendência à coagulação. O tratamento
consiste em tirar quantidades de sangue para reduzir o número de glóbulos vermelhos.

Associadas aos GB:
Leucemia - Proliferação excessiva de células imaturas (blásticas) na medula
óssea, que infiltram os tecidos do organismo, tais como: amígdalas, nódulos linfáticos,
pele, baço, rins, sistema nervoso central (SNC) e outros. A proliferação rápida das células
leucémicas faz com que estas vão ocupando cada vez mais a medula óssea, não
deixando as células normais (hemácias, leucócitos e plaquetas) se reproduzirem
normalmente e saírem da medula óssea. Algumas afetam principalmente as crianças,
outras as pessoas adultas. Até há poucos anos atrás a leucemia aguda levava à morte. A
crónica também era fatal, mas os doentes conseguiam sobreviver alguns anos. Hoje em
dia, a metade dos doentes com leucemia restabelece-se graças à quimioterapia
combinada, às vezes, com um transplante de medula óssea.

Mononucleose infeciosa ou febre glandular - é uma doença causada pela infeção
pelo vírus Epstein-Barr, e transmitida pelo contacto que contenha saliva (doença do
beijo). Este vírus infecta principalmente os linfócitos B.


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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Associadas às plaquetas:
Alterações na coagulação - A coagulação do sangue excessiva do sangue pode
provocar embolia pulmonar, ictus, paragem cardíaca. Para prevenir a formação de
trombos o médico receita um remédio contra a coagulação ou pequenas doses de
aspirina.

Hemofilia - É uma doença hereditária, transmitida da mãe para o filho.
Manifesta-se quase sempre nos homens que, devido à falta de tromboquinases, uma
das enzimas coagulantes, sofrem de um defeito na coagulação do sangue. Qualquer
ferida, mesmo a mais pequena, pode provocar-lhes uma grave hemorragia. Até há
poucos anos atrás os hemofílicos estavam condenados a uma vida de sofrimentos.
Atualmente a maioria dos casos de hemofilia podem ser controlados de maneira eficaz
graças à transfusão de fatores de coagulação extraídos do próprio sangue humano.

Trombocitopenia - A redução do número de plaquetas no sangue, ao contrário
do que ocorre na trombocitse. Quando a quantidade de plaquetas no sangue é inferior
a 150.000/mm3, diz-se que o indivíduo apresenta trombocitopenia (ou plaquetopenia).
Pacientes com trombocitopenia possuem maior tendência a apresentar fenómenos
hemorrágicos (hemorragias), a depender da causa e do número total de plaquetas.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

COORDENAÇÃO DOS SISTEMAS DE ÓRGÃOS – SISTEMA NERVOSO
• Controlo da Atividade dos Sistemas de Órgãos:
A homeostasia corresponde à permanente tendência do organismo em manter
o meio interno em condições de equilíbrio dinâmico através do controlo de vários
parâmetros biológicos. Assim, variáveis como temperatura corporal, pressão arterial,
pH do plasma, hormonas circulantes, níveis de glucose, etc. devem estar sob controlo
rigoroso.


O sistema nervoso e o sistema endócrino reagem ambos a estímulos através de
envio de mensagens - impulsos nervosos e hormonas – que irão desencadear uma
resposta nos órgãos efetores.
Os dois sistemas interatuam através do hipotálamo, órgão do sistema nervoso
central, e da hipófise ou glândula pituitária,
órgão coordenador do sistema hormonal.
O hipotálamo faz a ligação entre o
sistema nervoso e o sistema endócrino,
atuando na ativação de diversas glândulas
endócrinas

O hipotálamo é, portanto, o principal centro integrador das atividades dos
órgãos viscerais, sendo um dos principais responsáveis pela homeostasia corporal.

Funções do hipotálamo:
a) Controlar as respostas cardiovasculares (em especial a frequência cardíaca e a

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

pressão arterial);
b) Controlar a temperatura corporal (controlo de funções como perda de calor,
variação do grau de vasoconstrição cutânea, sudorese, intensidade de produção
de calor pelos tecidos pelo controlo do metabolismo celular);
c) Regular a alimentação (regula a fome e a saciedade);
d) Regular o balanço de água no corpo (controlo da sede e do mecanismo de
ingestão de 
água, secreção da hormona ADH que atua no rim);
e) Controlar a secreção de quase todas as hormonas da hipófise ou pituitária (as
hormonas da pituitária por sua vez controlam a secreção de cerca de metade das
hormonas secretadas por outras glândulas endócrinas do corpo);
f) Regulação do ciclo sono-vigília.

O hipotálamo desempenha ainda um papel importante nas emoções (faz parte
do sistema límbico) sobre as funções do corpo (doenças relacionadas com stress,
psicossomáticas).

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• O sistema nervoso:
Organização estrutural e funcional:
O sistema nervoso dos vertebrados está organizado em regiões identificáveis
estrutural e funcionalmente. Nos humanos, a maioria dos corpos celulares dos
neurónios está reunida no sistema
nervoso central (SNC) – consiste num
encéfalo localizado na cabeça e no
cordão nervoso que se estende
posteriormente ao longo da linha
média do indivíduo- medula espinal.
O sistema nervoso periférico
(SNP) inclui os nervos (nervos
cranianos e nervos espinhais ou
raquidianos), que são feixes de
axónios dos neurónios sensoriais e
motores e ainda gânglios. Estas fibras
nervosas levam informação para o
exterior do SNC ou trazem informação do exterior.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA



Neurónios - classificação funcional:
Neurónios aferentes ou sensoriais –
transmitem as informações captadas de estímulos
externos (e.g. som, luz, pressão, sinais químicos) ou
respondem a estímulos do interior do organismo (e.g.
níveis do O2 sanguíneo, orientação da cabeça, etc.). 


Neurónios eferentes ou motores – conduzem


sinais aos órgãos efetores causando contração de
músculos ou secreção de células glandulares. 

Neurónios de associação ou interneurónios – conectam outros neurónios. 




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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Neurónios:


As células nervosas diferenciam-se das demais células do organismo por
apresentarem duas propriedades especiais:
a) São capazes de conduzir sinais bioelétricos por longas distâncias sem que
haja enfraquecimento do impulso ao longo de seu percurso (sinal “tudo–ou-
nada”);
b) Por apresentarem conexões com células musculares (lisas e estriadas),
glandulares e outras células nervosas. 
Estas conexões, permitem que sejam
produzidas respostas nos músculos cardíaco, liso e esquelético, glândulas
exócrinas através da liberação de substâncias químicas específicas
denominadas de neurotransmissores.

• Transmissão do sinal nervoso no neurónio:

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Transmissão do sinal nervoso – sinapses:
Sinapses - são zonas entre uma terminação nervosa e outros neurónios, células
musculares ou células glandulares.
Do ponto de vista anatómico e funcional, uma
sinapse é composta por três grandes
compartimentos: membrana da célula pré-
sináptica, fenda sináptica e membrana
pós-sináptica.

Conhecem-se mais de 100 neurotransmissores. Ex.:
a) Acetilcolina (ACh), norepinefrina (NE), dopamina, serotonina, glutamato,
GABA,...
Os neurotransmissores podem transmitir sinais entre:
a) Neurónio-neurónio;
b) Neurónio-músculo;
c) Neurónio-órgão;
d) Neurónio-glândula.

Muitas das substâncias químicas (drogas, fármacos) que afetam o sistema
nervoso atuam a nível das sinapses. Algumas interferem com as ações dos
neurotransmissores e outras potenciam e/ou prolongam o efeito dos
neurotransmissores (aulas Biopsicologia).

• O sistema nervoso central:

O encéfalo humano é um
conjunto de estruturas que estão
anatomicamente e
fisiologicamente ligadas: bulbo
raquidiano, hipotálamo, corpo
caloso, cérebro, tálamo,
cerebelo, formação ou sistema reticular.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Barreira hematoencefálica (BHE) é uma estrutura que atua principalmente para
proteger
o Sistema Nervoso Central (SNC) de substâncias químicas presentes no
sangue, permitindo ao mesmo tempo a função metabólica normal do cérebro. É
composto de células endoteliais muito unidas nos capilares cerebrais. Esta densidade
aumentada restringe muito a passagem de substâncias a partir da corrente sanguínea,
muito mais do que as células endoteliais presentes em qualquer lugar do corpo.
Substâncias solúveis em lípidos como o oxigénio, CO2, álcool e hormonas

esteroides penetram nestas células dissolvendo-se nas membranas lipídicas.


Glucose, aminoácidos, iões, são transportados por transportadores de
membrana altamente seletivos.
Algumas áreas do encéfalo, como o hipotálamo, não estão a sujeitas à barreira
hematoencefálica.

• Organização funcional do sistema nervoso central:
Córtex Cerebral:
O córtex cerebral corresponde à camada mais externa
do cérebro. O córtex
humano tem 2-4mm de espessura, com uma área de 0,22m2 (se fosse disposto num
plano) e desempenha um papel central em funções complexas do cérebro como a
memória, atenção, consciência, linguagem, perceção e pensamento abstrato.
O córtex apresenta-se organizado em quatro pares de lóbulos especializados em
diferentes atividades:
a) Lóbulo occipital – processamento inicial dos estímulos visuais
•Lóbulo
temporal - processamento inicial dos estímulos auditivos
•Lóbulo parietal–
é constituído por duas subdivisões - a anterior e a posterior.
b) Receção de sensações (tato, dor, temperatura) e interpretação e integração
das informações recebidas, permitindo-nos a localização do nosso corpo no
espaço, o reconhecimento dos objetos através do tato, etc.
c) Lóbulo frontal - Apresenta três funções, planeamento de ações e movimento,
e pensamento abstrato.

O tamanho e a localização das regiões corticais têm sido determinados em

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

experiências de eletrofisiologia nas quais a atividade registada em neurónios de cada
local é relacionada com a aplicação de um estímulo específico.
Alguns procedimentos experimentais são feitos em intervenções neurocirúrgicas com
pacientes acordados (o SNC não tem recetores da dor). Nestas experiências a
estimulação dos neurónios numa determinada região do córtex sensorial evoca
sensações no paciente que são capazes de indicar ao cirurgião onde a sensação parece
originar-se na periferia.

A atividade cortical pode ser
demonstrada por técnicas
sofisticadas como a tomografia de
emissão de positrões.

As regiões corticais sensoriais
e motoras estão organizadas em
mapas topográficos do corpo. Que permitem fazer a correspondência das regiões
corticais cerebrais com áreas do corpo humano.
Homunculus sensorial (somestésico) – Mapa da secção transversal do córtex
somatossensorial que representa a localização e a proporção dos neurónios e suas
projeções periféricas correspondentes- isto é, os locais da periferia onde os estímulos
são subjetivamente ”sentidos”.
Homunculus motor – Mapa
da secção transversal do córtex
motor que mostra a localização e a
proporção dos neurónios corticais
que se projetam para neurónios
motores do cérebro e da medula
espinal que por sua vez controlam
a atividade dos músculos
esqueléticos específicos.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Especializações dos dois hemisférios cerebrais nos humanos:
O hemisfério cerebral esquerdo controla os músculos e recebe estímulos
sensoriais da metade direita do corpo e o hemisfério cerebral direito controla os
músculos e recebe estímulos sensoriais da metade esquerda do corpo.
A informação sensorial recebida por um dos hemisférios é partilhada com o
outro através de conexões entre os dois hemisférios (a maior parte delas no corpo
caloso)
Hemisfério esquerdo – especializações de análise, lógica, linguagem.
Hemisfério direito – perceção tridimensional espacial, reconhecimento de faces,
habilidade artística e musical.

Tálamo – Os dois hemisférios do cérebro assentam sobre o tálamo que é
considerado uma estação de retransmissão. Todas as informações que vão para o córtex
cerebral passam pelo tálamo. O tálamo tem funções na experiência sensorial, atividade
motora, estimulação do córtex e memória.

Hipotálamo – por baixo do tálamo encontra-se o hipotálamo. Esta região tem
importantes funções na homeostasia (ver slide no 4). O hipotálamo controla a atividade
do coração, respiratória, digestiva, a temperatura corporal, entre outras.
Cerebelo – Equilíbrio e tónus muscular, coordenação motora (andar, correr,
pular, andar de bicicleta, entre outras atividades), movimentos voluntários,
coordenação motora fina (movimentos suaves a fluentes).

Medula Oblonga ou Bulbo Raquidiano - parte
inferior do tronco encefálico, juntamente com outros
órgãos como
o mesencéfalo e a ponte, que
estabelece comunicação entre
o cérebro e a medula
espinhal. Controla funções vitais como
a respiração,
os batimentos do coração, vasoconstrição (pressão
arterial), e com alguns tipos de reflexos (engolir,
tossir, soluços, piscar de olhos, lacrimejar).

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Sistema Límbico e Sistema Reticular:
O sistema límbico consiste num conjunto de estruturas cerebrais ligadas
funcionalmente (amigdalas, hipocampo) e é em grande parte responsável pelas
emoções (raiva, medo, dor, tristeza, alegria, o prazer sexual) e memória.

Sistema reticular – Rede de neurónios que se projetam da medula até ao córtex
cerebral e servem de filtro para os estímulos sensoriais (distinguir os estímulos
relevantes dos estímulos irrelevantes, e.g. sensação da roupa no corpo, ruído do
transito). A formação reticular funciona também como um centro de ativação do córtex
(estado de alerta).

A Medula Espinal:
Constitui o elo de comunicação entre o encéfalo e o SNP integrando a informação
que recebe e produzindo respostas através de mecanismos reflexos. Pode agir
independentemente do cérebro, mas também recebe uma quantidade de impulsos de
centros mais elevados.
A medula tem uma organização segmentar funcional: zona cervical, zona
torácica, zona lombar e zona sacral.

Zona cinzenta – interior,
corpos celulares e dendrites de
interneurónios e neurónios motores
e ainda axónios e terminais pré-
sinapticos de outros neurónios que
fazem sinapses com aqueles.
Neurónios não mielinizados.
Zona branca – exterior,
axónios mielinizados.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA



Reflexos Medulares:
Muitas das respostas
automáticas aos estímulos são
integradas na medula espinal, sem
pensamento consciente, mesmo
que envolvam músculos
esqueléticos.
Reflexo de estiramento –
reflexo patelar.
A função do reflexo patelar (um dos reflexos tendinosos profundos) é fornecer
informações sobre o funcionamento do nervo sensitivo, sobre sua conexão com a
medula espinhal e sobre o nervo motor
que emerge da medula espinhal e vai
até os músculos da perna. O arco
reflexo segue um circuito completo,
desde o joelho até a medula espinhal e
retorna à perna, sem que haja
envolvimento do cérebro.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Meninges e Líquido Cefalorraquidiano:
Meninges – Três camadas de tecido conjuntivo envolvem e protegem o encéfalo,
o tronco cerebral a medula espinal: a Dura-máter, a Aracnoideia, e a Pia-máter.

Líquido cefalorraquidiano (LCR) – Um fluido corporal semelhante ao plasma e ao
líquido intersticial que ocupa o espaço entre o crânio e o córtex cerebral (mais
especificamente, entre as membranas aracnóideia e pia-máter das meninges). É uma
solução salina muito pura, pobre em proteínas e células, e age como um amortecedor
em torno do SNC. 80-90% do LCR é produzido nos ventrículos.
Atua no suprimento de
nutrientes e remoção de resíduos
metabólicos do tecido nervoso.
É
produzido a uma taxa aproximada de
20 ml por hora pelos plexos coroideus.
O seu volume total é de 10 a 60 ml em
recém-nascidos, e 100 a 150 ml no
adulto.

• Organização funcional do sistema nervoso periférico:
O sistema nervoso autónomo (SNA):


Genericamente, as funções destes dois sistemas são antagonistas (estimulação
vs. inibição) e os dois sistemas atuam em equilíbrio a maior parte do tempo.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

O sistema nervoso simpático:
Os nervos periféricos têm origem nos segmentos torácicos e nos dois primeiros
segmentos lombares da medula espinhal.
Entre todas as funções simpáticas são especialmente importantes:
a) Controlar o grau de vasoconstrição da pele, o que permite o controlo da
temperatura corporal (perda de calor pelo corpo);
b) Controlar a intensidade de sudorese pelas glândulas sudoríparas (o que também
faz parte do controlo da temperatura);
c) Controlar a frequência cardíaca;
d) Controlar a pressão sanguínea arterial;
e) Inibir as secreções e movimentos gastrointestinais;
f) Aumentar o metabolismo na maior parte das células do corpo.

O sistema nervoso parassimpático:
O sistema nervoso parassimpático tem origem em diversos nervos cranianos e,
também, em vários segmentos sacrais da medula espinhal.

Algumas funções:
a) Controlar a focalização dos olhos e da dilatação das pupilas (através do nervo
oculomotor);
b) Controlar a secreção salivar (através do nervo vago e glossofaríngeo);
c) Controlar a frequência cardíaca;
d) Controlar a secreção gástrica e pancreática e as contrações da parte superior do
tubo gastrointestinal;
e) Controlar o esvaziamento da bexiga e do reto (fibras de origem sacral).

Estruturas enervadas pelo sistema nervoso simpático e parassimpático:
Alguns órgãos são duplamente inervados pelo sistema nervoso simpático e
parassimpático - as glândulas salivares, o coração, os pulmões (músculo brônquico), as
vísceras abdominais e pélvicas - enquanto outros órgãos só recebem inervação de um
sistema.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

O sistema nervoso somático (SNS):
O sistema nervoso somático é composto por neurónios que estão submetidos ao
controlo consciente para gerar ações motoras voluntárias. A sua principal função é
inervar a musculatura esquelética, responsável pelas ações voluntárias, como a
movimentação de um braço ou perna.
Os músculos esqueléticos são enervados por neurónios motores e os seus
axónios constituem o sistema nervoso somático. Os corpos celulares destes neurónios
estão colocados na medula espinal.
O sistema nervoso somático está sob o controlo central do cérebro, mas a maior
parte da atividade muscular que envolve a postura do corpo, equilíbrio e movimentos
estereotipados (contração/relaxamento muscular que permite o andar) é controlada a
um nível mais baixo (cerebelo, tronco cerebral e medula espinal).

• O sistema nervoso – Resumo:
O cérebro (ou telencéfalo) coordena o pensamento consciente. É constituído por
dois hemisférios, que recebem informações sensoriais e coordenam os movimentos dos
lados opostos do corpo. O cérebro consiste numa camada exterior de matéria cinzenta
- o córtex cerebral -, e uma substância branca subjacente constituída por fibras nervosas
mielinizadas que permitem a comunicação entre diferentes áreas do cérebro. As áreas
sensoriais, motoras e de associação estão no córtex cerebral.
A área sensorial recebe informações sensoriais do corpo, enquanto a área
motora controla os músculos esqueléticos.
O corpo caloso liga os dois hemisférios cerebrais. Permite a transferência de
informações entre um hemisfério e outro fazendo com que eles atuem
harmoniosamente.
O tálamo é a estação de retransmissão (“gateway to the cortex”) do cérebro.
Todas as informações sensoriais (exceto o olfato) dirigidas ao córtex passam pelo
tálamo. O tálamo está, portanto, envolvido na experiência sensorial, atividade motora,
estimulação do córtex e memória.
O hipotálamo mantém a homeostasia através do controlo de várias funções
vitais: regulação da pressão arterial, frequência cardíaca, atividade digestiva e

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

temperatura do corpo.
O hipotálamo coordena os sistemas nervoso e endócrino, através da sua ligação
com a glândula pituitária. Faz parte do sistema límbico, e, portanto, está também
relacionado com a regulação das emoções. É também o centro de controlo dos relógios
biológicos (processos fisiológicos que apresentam ritmos regulares).
O cerebelo controla a coordenação sensoriomotora. Integra informações das
vias sensoriais (posição das articulações, tensão muscular, informação visual) para
produzir movimentos. Controla os movimentos voluntários, o equilíbrio e a postura
corporal. O cerebelo também armazena memórias de habilidades motoras aprendidas.
O sistema límbico é um conjunto de várias estruturas cerebrais, é em grande
parte responsável pelas emoções (raiva, medo, dor, tristeza, alegria, o prazer sexual) e
memória.
Sistema reticular – rede de neurónios que se projetam da medula até ao córtex
cerebral e servem de filtro para os estímulos sensoriais (distinguir os estímulos
relevantes dos estímulos irrelevantes, e.g. sensação da roupa no corpo, ruído do
transito). A formação reticular funciona também como um centro de ativação do córtex
(estado de alerta).
A medula espinal apresenta duas funções principais: 1) transmite mensagens de,
e para, o cérebro e 2) funciona como centro reflexo (resposta automática a estímulos –
arco reflexo).
O sistema nervoso periférico inclui os recetores sensoriais, nervos periféricos e
gânglios, e terminações motoras especializados que estimulam os órgãos efetores. O
sistema nervoso periférico é dividido em sistema nervoso somático, que rege as
sensações conscientes e movimentos voluntários, e pelo sistema nervoso autónomo,
que se ocupa das atividades internas involuntárias inconscientes. O sistema nervoso
autónomo pode ser dividido em sistemas nervoso simpático e parassimpático, dois
ramos com ações antagónicas. O sistema nervoso simpático prepara o corpo para
situações de stresse ou de emergência, enquanto o sistema nervoso parassimpático
ajusta o funcionamento do corpo, de modo a que a energia seja conservada durante
tempos de “não-stress”.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Coordenação nervosa e hormonal:
O equilíbrio do organismo é
mantido pela atividade coordenadora
dos sistemas nervoso e endócrino que,
através de mensagens nervosas e
hormonais, deteta, interpreta e
reponde às mudanças ambientais e
orgânicas.


COORDENAÇÃO DOS SISTEMAS DE ÓRGÃOS – SISTEMA ENDÓCRINO
As hormonas influenciam o crescimento, o desenvolvimento, o metabolismo e o
comportamento.

• Sistema nervoso e sistema endócrino:
O sistema endócrino funciona com um design similar ao sistema nervoso:
existem células que detetam (com proteínas recetoras) o estado do organismo em
relação a determinado parâmetro, células integradoras (neurónios e glândulas) e órgãos
efetores que produzem respostas.
a) Recetor – Monitoriza condições específicas controladas;
b) Centro de controlo – Verifica desvios do Ponto de referência. Determina a
próxima ação;
c) Efetor:
a. Recebe diretivas do centro de controlo;
b. Produz a resposta que altera as condições controladas.

Sinais de frequência modulada – Sinais sob
a forma de potenciais de ação, seguindo a “lei do
tudo ou nada”, ou seja, variam em frequência,
mas não em amplitude.
Sinais de amplitude modulada – aumento

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

ou diminuição na concentração de uma determinada hormona nos líquidos orgânicos.
As respostas produzidas pelas hormonas aumentam ou diminuem em função da
concentração hormonal.
Ação de um
neurotransmissor (sistema
nervoso) e ação de uma hormona
(sistema endócrino):



• Tipos e funções das secreções celulares:
As glândulas são constituídas por células secretoras – As secreções são libertadas
como resposta a um estímulo específico. As secreções envolvidas na comunicação entre
as células podem ser classificadas de acordo com a distância entre o local de produção
e a atuação
Secreção autócrina – Refere-se a uma substância secretada e que afeta a própria
célula secretora.
Secreção parácrina – Refere-se a uma substância que tem efeito nas células
vizinhas.
Secreção endócrina – Refere-se a uma substância que é libertada na corrente
sanguínea e atua num tecido alvo distante.
Secreção exócrina – refere-se a uma substância que é libertada na superfície
epitelial do corpo.

Glândulas exócrinas e endócrinas:
Secretam líquidos através de um ducto na superfície
epitelial do corpo. Exs.: glândulas sudoríparas (suor para
refrigeração e evaporação), glândulas mamárias, glândulas
salivares.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA


Secretam hormonas diretamente no
sistema circulatório. Estas penetram nas
células e modelam as suas atividades.

• Mecanismos de ação hormonal:
Uma determinada hormona, uma vez na corrente sanguínea, chega às diferentes
células do organismo atuando apenas naquelas que possuem um recetor específico para
essa hormona. A especificidade da atuação das hormonas reside justamente aqui. A
maioria das moléculas recetoras localizam-se na membrana plasmática, mas podem
também localizar-se no citoplasma ou no núcleo da célula alvo.
A ligação da hormona ao recetor desencadeia alterações diversas que conduzem
ao aparecimento de determinado efeito que é a resposta da célula-alvo à hormona
(alterações na atividade da célula-alvo).
A secreção de hormonas é regulada através de sinais que agem sobre o tecido
endócrino em sistema de feedback.
As atividades secretoras dos tecidos endócrinos geralmente são moduladas por
feedback negativo, i.e., o aumento da concentração da hormona, ou uma resposta à
hormona no tecido alvo, tem um efeito inibidor na síntese ou na libertação da mesma
hormona.






Em alguns casos a secreção de hormonas é controlada por mecanismos de
feedback positivo
Ex: Durante o parto a glândula pituitária liberta oxitocina que estimula as
contrações do útero; estas por sua vez estimulam a produção de mais oxitocina.
O processo de feedback positivo termina com a expulsão do feto.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA


Em algumas situações o controlo do sistema nervoso sobrepõe-se ao controlo
endócrino
Ex: Situações de stress (reações emocionais fortes, hemorragias, fome),
em que o feed-back negativo que controla normalmente os níveis de glucose no
sangue (hormona insulina) é quebrado e o sistema nervoso permite elevar os
níveis de glucose no sangue muito acima dos valores normais. Esta resposta
permite ao corpo ter acesso a grandes quantidades de energia e assim responder
às situações de stress.

Variações da secreção hormonal ao longo do tempo:
Apesar dos mecanismos de feedback negativo regularem as taxas de secreção de
uma hormona, isso não significa que os níveis se mantenham sempre constantes.
Algumas hormonas encontram-se no sistema circulatório em níveis relativamente
constantes, outras mudam subitamente em resposta a certos estímulos e outras mudam
em ciclos relativamente constantes. Alguns fatores externos podem induzir ritmos
biológicos, por exemplo, ciclos luz- escuridão.
Ex: níveis de cortisol (elevados de madrugada e de manhã cedo
preparando o corpo para o stress de acordar e iniciar a atividade).

Complexidade da função endócrina:
Uma única glândula pode produzir múltiplas hormonas em células diferenciadas.
Ex: glândula pituitária anterior produz seis hormonas diferentes em
células especializadas. Cada hormona está sob diferentes mecanismos de
controlo e tem funções diferentes (algumas trópicas e outras não trópicas).

Uma hormona pode ser produzida por mais do que uma glândula endócrina.
Ex: Somatostatina é produzida pelo hipotálamo e pelo pâncreas.

Uma hormona pode ter mais do que um tipo de células alvo e assim induzir mais
do que um efeito (mesma chave diferentes fechaduras).

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Ex: vasopressina (produzida pela hipófise posterior) promove a
reabsorção de H2O nos rins e promove a vasoconstrição das arteríolas.

A secreção de algumas hormonas varia ao longo do tempo numa forma cíclica.
Ex: hormonas que controlam o ciclo reprodutivo feminino.

O mesmo tipo de células alvo pode ser influenciado por mais do que um tipo de
hormonas. Algumas células têm diferentes tipos de recetores que se ligam a diferentes
hormonas.
Ex: a insulina ativa as células do fígado dos vertebrados a converter
glucose em glicogénio através da estimulação de um determinado tipo de
enzima, enquanto outra hormona, o glucagon, através da ativação de outras
enzimas promove a degradação do glicogénio em moléculas de glucose no
fígado.

O mesmo mensageiro químico pode funcionar como hormona ou como
neurotransmissor dependendo da sua origem e da forma de libertação em relação às
células alvo.
Ex: Norepinefrina é secretada como hormona pela medula da glândula
adrenal e como neurotransmissor a partir das fibras nervosas pós-ganglionares
simpáticas. Os seus efeitos são diferentes (a mesma chave, diferentes
fechaduras).

Alguns órgãos são exclusivamente endócrinos (e.g pituitária anterior e tiróide)
enquanto outros órgãos do sistema endócrino apresentam funções não endócrinas
além de secretarem hormonas.
Ex: os testículos dos vertebrados produzem espermatozoides e a
hormona testosterona; pâncreas produz enzimas digestivas e hormonas.

Existem três modelos principais de regulação da secreção hormonal:
a) Ação de outra substância sobre a glândula endócrina;

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

b) Controlo neuronal da glândula endócrina – Neurónios ligados por sinapses às
células secretoras das hormonas;
c) Controlo da atividade secretora de uma glândula endócrina pela hormona ou
neuro-hormona produzida por outra glândula endócrina.

• Natureza química e mecanismos de ação hormonal:



• Glândulas endócrinas:
Localização das principais glândulas endócrinas no corpo humano.









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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• A glândula pituitária ou hipófise:


As células do hipotálamo respondem a estímulos sensoriais exteriores ou de
dentro do próprio corpo. O hipotálamo comunica com a glândula pituitária ou hipófise
que está suspensa na base do cérebro logo acima do céu da boca. A glândula pituitária
é constituída por dois lóbulos que diferem no tamanho e na relação com o hipotálamo.

Algumas neurohormonas secretadas no hipotálamo regulam a secreção de várias
hormonas glandulares na glândula pituitária (ou hipófise) anterior.
A hormonas secretadas pela glândula pituitária (ou hipófise) posterior (ADH,
oxitocina) são produzidas por terminais nervosos do hipotálamo e armazenadas em
células endócrinas da pituitária posterior que os lança em circulação.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Hormonas hipotálamo-hipofisárias:
Hormonas secretadas pela hipófise posterior/ hipófise anterior:



Exemplos de distúrbios associados à adeno-hipófise:
Gigantismo – produções excessivas de GH na infância.
Acromegalia – produção
excessiva de GH na idade adulta (alargamento das extremidades e não crescimento em
comprimento como no gigantismo).
Ambos podem ser provocados por tumores na
glândula pituitária anterior.
Nanismo pituitário – produção insuficiente de GH.

• Hormonas do metabolismo e do desenvolvimento:
Hormonas da tiroide:
Hormonas da tiroide:

a) T3 (hormona triiodotironina);
b) T4 (hormona tetraiodotironina).
Afetam quase todos os tecidos direta
ou indiretamente. Em alguns tecidos o efeito
recai sobre o metabolismo e noutros sobre o
crescimento e a maturação:
a) Estimulação da respiração celular, do consumo de oxigénio e da taxa metabólica

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

e da produção de calor (ação calorigénica);
b) Crescimento e desenvolvimento (na presença da hormona GH) ossos, cabelo,
dentes, tecido conjuntivo e nervosos;
c) Desenvolvimento sexual e mental;
d) As ações das hormonas da tiroide estão intimamente relacionadas outras
hormonas.
Ex: As hormonas da tiroide aumentam o numero e a afinidade dos
recetores da adrenalina em vários tecidos
Calcitonina – Diminuição da taxa de destruição do osso, evita aumentos de cálcio
no plasma.

As três fases do metabolismo energético:
a) Fase cefálica – fase preparatória. Inicia-se com a deteção de cheiro a comida ou
pensamentos sobre comida e termina quando os alimentos começam a ser
absorvidos para a corrente sanguínea.
b) Fase de absorção – período no qual a energia absorvida para a corrente
sanguínea a partir dos alimentos responde às necessidades energéticas
imediatas do organismo.
c) Fase de jejum – período durante o qual toda a energia retirada da refeição
anterior foi gasta e o organismo começa a usar energia armazenada para suprir
as suas necessidades energéticas; esta fase termina com o início da fase cefálica
seguinte.
Estas fases do
metabolismo energético são
controladas pelas duas
hormonas pancreáticas: a
insulina e o glucagon
(glucagina).


98
BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Eixo hipotálamo-hipófise-tiróide:



Hormonas da tiroide e da paratiroide:

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Efeito da calcitonina e hormona paratiroidea (PTH) no balanço do cálcio:



Exemplos de distúrbios associados à glândula tiroide:



Hormonas pancreáticas:
As hormonas produzidas pelo pâncreas regulam os níveis de glucose no sangue.
As células endócrinas do pâncreas encontram-se organizadas em ilhéus – ilhéus de
Langerhans. Estes apresentam vários tipos de células, e algumas delas – alfa e beta –

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

produzem respetivamente o glucagon (glucagina) e a insulina.


Regulação dos níveis de glucose no sangue pela insulina e
pelo glucagon:




Exemplos de distúrbios associados à produção das hormonas pancreáticas:
Diabetes mellitus – grupo de distúrbios metabólicos caracterizados por níveis
elevados de glucose no sangue.
a) Tipo I – Manifesta-se sobretudo em pessoas com menos de 25 anos. Representa
cerca de 5-10% dos casos de diabetes. Doença autoimune em que o sistema
imunitário ataca as células pancreáticas responsáveis pela síntese de insulina.

101
BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Sintomas: náuseas, vómitos, sede, produção excessiva de urina.
b) Tipo II – Desenvolve-se sobretudo após os 40 anos de idade. Representa 90-95%
dos casos de diabetes. Decréscimo da sensibilidade à insulina devido a um
decréscimo da sensibilidade dos recetores da insulina nas células alvo. Sintomas:
sede, produção excessiva de urina, aumento de peso.

O tratamento da diabetes envolve um controlo da dieta e injeções de insulina.
Consequências da diabetes – Cegueira, deficiências renais, aumento pressão arterial,
aterosclerose, problemas de circulação (sobretudo membros inferiores).

Diabetes gestacional – desenvolve-se durante a gravidez. 2-5% das gravidezes.
A placenta produz hormonas que podem inibir efeito da insulina, o pâncreas produzindo
mais insulina, porém nem sempre a necessária. A doença normalmente termina com a
expulsão da placenta. O tratamento é feito através de controlo da dieta, exercício físico
e eventualmente administração de insulina.

Hormonas da glândula adrenal (suprarrenal):
Duas glândulas numa só:
a) Córtex – porção mais externa e que segrega
corticóides.

a. Gonadocorticóides – androgénios e
estrogénios (quantidades muito
inferiores às produzidas pelos
testículos e pelos ovários e placenta);
b. Glucocorticóides – e.g. cortisol. Promovem a gluconeogénese (figado)
à aminoácidos e gorduras à glucose. Ações anti-inflamatórias.
c. Mineralocorticóides – e.g. aldosterona. Controlam a quantidade de sais
no sangue e o balanço de água no corpo.
b) Medula – porção interna que segrega catecolaminas: adrenalina, noradrenalina.
a. Estimulam a glugogenólise (fígado) à gligogénio à glucose (ver aula de
stress).

102
BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA


Estas hormonas são importantes na reação “fight-or-flight”. Aumentam a taxa
de batimento cardíaco, a taxa respiratória, os níveis de glucose. Provocam
vasoconstrição a nível do trato digestivo e vasodilatação nos músculos esqueléticos e
cardíaco (permitindo mais influxo de sangue, glucose e oxigénio). No cérebro, estas
hormonas aumentam o estado de alerta.

Eixo hipófise-adrenal - Estimulação sistema nervoso simpático:



Eixo hipófise-adrenal – estimulação hormonal:



Exemplos de distúrbios associados à glândula adrenal:
Doença de Addison – deficiência na produção de aldosterona e cortisol. Doença
auto-imune em que o corpo destrói as células da glândula adrenal. Sintomas: perda de
peso, fadiga, alterações no balanço electrolítico, perda de apetite, baixa resistência ao
stress.
Síndrome de Cushing – resultado de exposições prolongadas ao cortisol (ou de

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

tumor na glândula adrenal ou na pituitária). Sintomas: acumulação de fluidos na cara,
fadiga pressão alta e níveis elevados de glucose.

Hormonas da glândula pineal:
A glândula pineal (ou epífise) tem aproximadamente o tamanho de uma ervilha
(8mm) e encontra-se no centro do cérebro entre os dois lobulos, fazendo parte do
epitálamo. Produz melatonina, uma hormona que afeta a modulação dos padrões de
vigília/sono e as funções sazonais dependentes do fotoperíodo; modula assim os vários
bio-ritmos do organismo. Tem também importância nos processos de envelhecimento
(efeito anti- oxidante?) e tem efeitos na função reprodutiva (a duração dos dias modula
a maturação sexual em muitas espécies). 

O precursor da melatonina é a serotonina, um neurotrasmissor derivado do
aminoácido triptofano. Na glândula pineal, a serotonina transformada para dar origem
à melatonina. 

A síntese de melatonina é estimulada na escuridão e inibida na presença de luz.
Na ausência de estímulos visuais o nível de melatonina no sangue aumenta e diminui
numa forma cíclica diária (circadiana) com picos que ocorrem de madrugada. A secreção
de melatonina começa por volta dos 3-4 meses de idade, quando as horas de sono
começam a ficar consolidadas, e atingem os níveis mais elevados entre aos 1-3 anos de
idade. Os níveis decrescem suavemente ao longo da idade adulta e atingem os níveis
mínimos por volta dos 70 anos de idade (1/4 dos níveis dos adultos). Melatonina
exógena é administrada para promover o sono e evitar situações de insónia e para
diminuir os efeitos do jet lag. 


Exemplos de distúrbios associados à produção de melatonina:
Depressão sazonal – A diminuição da duração dos dias (número de horas de luz)
provoca a diminuição dos níveis de serotonina e o aumento dos níveis de melatonina.
Sintomas: letargia, fadiga, alterações de humor, alterações de apetite. Terapia por
exposição a luz forte (fototerapia).
Jet lag - Ajustes repentinos à alterações na duração do dia podem levar a fadiga,
perturbações do sono. Terapia: administração de melatonina exógena.

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Hormonas do timo:
Produz as hormonas tomopoietina e timosina – promovem a maturação dos
glóbulos brancos (linfócitos T) e regulam os órgãos linfoides (e.g. baço).

Hormonas produzidas por outros órgãos/tecidos:
Eritropoietina – produzida pelo rim em resposta aos níveis baixos de oxigénio.
Atua na medula óssea, estimulando a produção de glóbulos vermelhos.
Leptina (ver aula da fome e saciedade) - proteína produzida pelo tecido adiposo.
Atua no hipotálamo estimulando a sensação de saciedade.
Prostaglandinas – substâncias produzidas por algumas células, não entram em
circulação, mas atuam localmente .
Exs:
No útero promovem as contrações uterinas. Medeiam os efeitos dos
pirogénios (substâncias que reset o termostato hipotalâmico (ver aula regulação da
temperatura). Algumas prostaglandinas reduzem a produção de suco gástrico
(aplicações no tratamento do refluxo gástrico), reduzem a pressão arterial usadas
no tratamento da hipertensão), inibem a agregação das plaquetas (usadas para
prevenir tromboses).

• Coordenação nervosa e hormonal:
Existem situações em que há atuação conjunta dos dois sistemas e em que os
neurotransmissores segregados em terminais nervosos passam a ser armazenados em
células endócrinas (ex. hipófise) que os lança na circulação. O sistema nervoso também
produz hormonas que regulam a atividade de muitos tecidos endócrinos.

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA



• Resumo – principais glândulas endócrinas humanas e hormonas produzidas e suas
funções:

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Hormonas hipofisárias:

REGULAÇÃO NEURO-HORMONAL DA FOME E SACIEDADE E DA SEDE


Vários fatores interagem na regulação da ingestão de alimentos e no
armazenamento de energia. Determinantes fisiológicos do controlo do apetite:
a) Neuronais;
b) Endócrinos;
c) Intestinais;
d) Adipocitários.


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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Regulação endócrina e nervosa do sistema digestivo:
Salivação – A salivação é uma resposta reflexa do sistema nervoso a estímulos
como o cheiro a comida, sabor, mastigação.
A secreção gástrica é regulada por mecanismos nervosos e hormonais:
a) Mecanismos nervosos – Os mesmos estímulos da salivação atuam fazendo com
que o cérebro envie sinais através do nervo vago para o estômago provocando
a secreção do suco gástrico (HCl e pepsinogénio e ainda de gastrina);
b) Mecanismos hormonais – Produção das hormonas gastrina (estômago) e
secretina, péptido inibidor gástrico, colecistoquinina (intestino delgado).

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA


• Regulação da fome e da saciedade:
Fatores que determinam o que comemos, quando comemos e quanto comemos:
Embora os deficits energéticos possam determinar a sensação de fome, não são
os fatores mais importantes que determinam o comportamento de alimentação numa
sociedade como a nossa em que temos alimentos em quantidade.

O que comemos ?
O ser humano tem apetência particularmente por:
a) Doces;
b) Gorduras;
c) Salgados...
E menos por sabores amargos e azedos (ácidos).

Em termos evolutivos estas categorias podem estar relacionadas com algumas
propriedades básicas dos alimentos:
a) Os alimentos doces são ricos em calorias e assim muito úteis;
b) O sal é essencial para a manutenção do balanço hídrico;
c) O sabor azedo pode ser um sinal de perigo se estiver em excesso;
d) Muitas substâncias amargas são tóxicas.

Os animais preferem sabores que lhe forneçam calorias e evitam sabores que lhe
provoquem doenças ou mal-estar.

Quando comemos ?
A maioria dos mamíferos prefere comer várias refeições pequenas ao longo do
dia se tiverem comida sempre disponível. O número de vezes que os humanos se
alimentam por dia é determinado por fatores sociais, rotinas familiares, preferências
pessoais, horários laborais, etc.

Sinais de saciedade – A quantidade de comida no estômago e níveis de glucose

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

no sangue podem constituir sinais de saciedade e dependem do volume de alimento e
da sua “densidade nutritiva” (calorias por unidade de volume).

Porém, estes não são os únicos fatores que determinam o nosso apetite. Existe,
de facto, um conjunto de fatores que interatuam e determinam os nossos sinais de
saciedade.

Fatores que influenciam a sensação de fome e saciedade:
A nossa experiência prévia com os efeitos pós-ingestão de determinado tipo de
alimento. O consumo de aperitivos antes da refeição (aumentam a fome em vez de a
reduzir, devido provavelmente ao facto do consumo de pequenas quantidades de
comida potenciarem a fase cefálica).
Os fatores sociais (comer acompanhado ou sozinho pode aumentar ou diminuir
a quantidade de comida ingerida). O sabor de um alimento particular. Se comermos
apenas um único alimento cedo estaremos saciados, porém se nos apresentarem outro
alimento com outro gosto distinto recomeçaremos a comer.
a) O sabor e o cheiro da comida que se vai consumir.
b) A quantidade de tempo que se vai gastar a comer.
c) A quantidade de comida no estômago.
d) Os níveis de gordura corporal.
e) Os níveis de determinadas hormonas e fatores sinalizadores.

O organismo humano apresenta vias neuro-endócrinas e metabólicas
complexas
que atuam de forma integrada no controlo da ingestão alimentar
permeando as sensações de fome e saciedade.

Teorias do “ponto fixo” (set point) sobre a fome e a saciedade:
Teoria glucostática – A fome é determinada pelos níveis de glucose no sangue.
Teoria lipostática – Os níveis de gordura corporal determinam o apetite

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Alguns problemas com as teorias do “ponto fixo” (set point):

Investigações recentes mostram que por si só estas teorias não explicam na
totalidade a sensação de fome e a saciedade.
a) As teorias do ponto fixo são inconsistentes com a perspetiva evolutiva de que na
natureza os animais se alimentavam abundantemente quando a comida estava
disponível, para armazenar reservas para alturas em que a comida era escassa.
b) As experiências feitas em que se forneceu uma bebida hipercalórica antes das
refeições a voluntários mostraram que o nível calórico da refeição não foi
alterado.
c) Experiências com ratinhos em que se fez uma obstrução na passagem do esófago
(sham eating) para o estômago, evitando que o alimento ingerido e mastigado
chegasse ao estômago mostram que a quantidade de comida ingerida não é
maior nos ratinhos operados.
d) As teorias do ponto fixo não tomam em conta outros fatores que influenciam a
fome como o sabor dos alimentos, a aprendizagem e os fatores sociais.

Teoria do reforço-positivo – O ser humano não é impelido a comer devido
unicamente a deficits energéticos, mas sim pela antecipação do prazer de comer e por
um conjunto de fatores que atuam simultaneamente.

• Fisiologia da fome e da saciedade:
Quanto comemos?
Aspetos fisiológicos da regulação da fome e da saciedade:

Papel do hipotálamo e de fatores neuronais na regulação do apetite:
O “mito” do centro hipotalâmico da fome e da saciedade. Nos anos 50 algumas
experiências com ratinhos sugeriam que o apetite e a saciedade eram controlados por
duas regiões do hipotálamo:
a) O centro da saciedade – nos núcleos ventromediais do hipotálamo (NVH);
b) o centro da fome – no hipotálamo lateral (HL);
c) O centro da saciedade nos núcleos ventromediais do hipotálamo (NVH).

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA


Experiências realizadas em na década de 50 mostraram que ratinhos com lesões
ventromediais comem mais (hiperfagia) e ganham peso (obesidade) durante algum
tempo, mas depois a ingestão de alimentos mantém-se estável, o suficiente para manter
o nível de obesidade adquirido (o novo peso).

O centro da fome – No hipotálamo lateral (HL)
Experiências realizadas em 1951
mostraram que lesões no HL em ratinhos provocavam afagia.

Epstein (1962) mostrou que a afagia era acompanhada de adipsia (ausência de
sensação de sede). Porém, os ratinhos com lesões no HL recuperavam se fossem
mantidos vivos entubados. E lentamente recomeçavam a comer novamente. Portanto:
a) À destruição da região dos núcleos ventromediais do hipotálamo (hiperfagia) -
centro da saciedade - segue-se uma regressão com estabilidade do peso e da
quantidade de comida ingerida.
b) À destruição do hipotálamo lateral (afagia) - centro da fome, segue-se uma
recuperação quase total do impulso da procura de comida.
c) A destruição simultânea dos centros Hipotalâmicos da fome e da saciedade não
altera significativamente o comportamento alimentar

Reinterpretação dos efeitos das lesões no “centro da fome - (NVH) e” e no
“centro da saciedade - HL”:
O principal papel do hipotálamo é a regulação da energia metabólica e não a
regulação da fome. Inicialmente, a interpretação era a de que os animais com lesões no
“centro da saciedade” se tornavam obesos porque comiam demais; porém o que se
passa realmente é o contrário,
os animais comem mais porque se tornaram obesos.
As lesões no centro da saciedade aumentam os níveis de insulina que provocam
lipogenése (produção de gorduras) e diminuem a lipólise (a quebra de moléculas de
gordura e sua disponibilização como energia).
Assim, as calorias ingeridas pelos ratinhos com lesões no” centro da saciedade”
são convertidas em gorduras rapidamente e os animais têm de comer constantemente

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

para assegurar a existência de calorias suficientes em circulação para as necessidades
energéticas imediatas.
Além disso, muitos dos efeitos atribuídos a lesões no “centro da saciedade” não
o são de facto. Ao induzir lesões no NVH, outros componentes (como os núcleos
paraventriculares) ficam lesionados. Essas lesões nesses componentes também
induzem hiperfagia e obesidade. As lesões no HL (“centro da fome”) provocam um
grande número de distúrbios motores e também a ausência de resposta a estímulos
sensoriais, dos quais a comida e a bebida são exemplos.

A ideia de que os centros NVH e HL do hipotálamo são os únicos que controlam
a fome e a saciedade já não é considerada como válida. O comportamento de ingerir
alimentos, para além de depender dos centros hipotalâmicos, subordina-se também a
outro tipo de regulações, incluindo o controlo de centros acessórios localizados fora do
hipotálamo.
O controle da ingestão de alimentos e o decorrente estado de equilíbrio
homeostático dependem de uma série de sinais periféricos que atuam diretamente
sobre o sistema nervoso central, levando a respostas adaptativas apropriadas.
O entendimento atual do sistema envolvido nesta regulação sugere que, no
hipotálamo, há dois grandes grupos de neuropéptidos envolvidos nos processos
orexígenos e anorexígenos.
Os neurónios que expressam esses neuropeptídos interagem uns com os outros
e com sinais periféricos (como a leptina, insulina, grelina e glucocorticóides), atuando
na regulação do controle alimentar e no gasto energético.
Neuropéptidos (produzidos pelo cérebro, particularmente pelo hipotálamo):
a) Neuropéptidos anorexígenos – Induzem a falta de apetite.
a. Exs: hormona alfa-melanócito estimuladora (Alfa-MSH) e o transcrito
relacionado à cocaína e à anfetamina (CART).
b) Neuropéptidos orexígenos - induzem o apetite.
a. Exs: Neuropétido Y e neuropéptido Agouti.

Serotonina (derivada de um aminoácidos) - É um neurotransmissor, isto é, uma

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

molécula envolvida na comunicação entre as células do cérebro (neurónios) e produzida
também no trato gastrointestinal.
Investigações recentes mostram que esta hormona tem efeitos na saciedade, reduzindo
o apetite.
Nos humanos, agonistas da serotonina têm mostrado ser eficientes na
redução do apetite e na perda de peso.

Interação de outros sistemas na regulação do apetite:
Para além da glicose, aminoácidos, ácidos gordos, glicerol e outras potenciais
fontes de energia em circulação e que, direta ou indiretamente influenciam a atividade
dos circuitos neuroendócrinos determinantes da fome/saciedade, há sinais endócrinos
e metabólicos periféricos que influenciam a sensação de fome e de saciedade e que são
originados:
a) No tubo digestivo;
b) Em órgãos da reserva energética (fígado e tecido adiposo), órgãos endócrinos
(e.g. pâncreas) ou tecidos consumidores estratégicos (músculo). 


Sinais reguladores de origem digestiva:
Teoria inicial – A sensação de fome é causada pelas contrações musculares do
estômago vazio e a saciedade é causada pela distensão das paredes estomacais.
Porém, doentes em que o estômago foi retirado cirurgicamente e cujo esófago está
diretamente ligado ao duodeno continuam a sentir sensações de fome e saciedade. Ou
seja, a absorção, ou mesmo a presença de alimento no trato gastrointestinal, contribui
para modulação do apetite e para regulação de energia.

O trato gastrointestinal possui diferentes tipos de células secretoras que,
combinados com outros sinais, regulam o processo digestivo e atuam no sistema
nervoso central para a regulação da fome e da saciedade.

Outros fatores de origem digestiva além do volume do estômago:
a) Sinais orexigénicos:
a. O contato com as estruturas sensoriais como as papilas gustativas, órgãos

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

olfativos e quimiorrecetores esofago-gastrointestinas desperta o prazer
e a motivação para iniciar e prosseguir a ingestão de alimentos.
Grelina - É secretada por células da mucosa gástrica (mas também noutros locais
como o hipotálamo, hipófise, coração e placenta) e é um dos mais importantes
sinalizadores para o início da ingestão alimentar. A sua concentração mantém-se alta
nos períodos de jejum e nos períodos que antecedem as refeições, caindo
imediatamente após a alimentação, o que também sugere um controle. A grelina, além
de aumentar o apetite, também estimula as secreções digestivas e a motilidade gástrica.
É conhecida como a hormona da fome, foi descoberta por pesquisadores japoneses em
1999, mas foram os cientistas britânicos que a associaram à sensação da fome.

Funções:
a) Aumenta a produção do neuropeptido Y e Agouti que mantêm e potenciam a
fome e o início da ingestão de alimentos desencadeados pela grelina;
b) Acelera a evacuação gástrica tornando o estômago rapidamente apto para uma
nova refeição.

b) Sinais anorexigénicos:
a. Sinais originados no trato digestivo que levam à supressão da ingestão de
alimentos (saciedade) e/ou temporização do início, duração e volume da
refeição seguinte:
i. Exs:
1. Péptidos (péptido YY) - intestino) e polipéptido pancreático;
2. Colecistoquinina (CCK - hormona digestiva com
propriedades anoréticas. Provoca saciedade e finalização da
refeição;
3. Amilina – pâncreas;
4. Oxintomodulina (OXM) - foi recentemente identificada como
um supressor da ingestão alimentar a curto prazo. Este
peptídeo é secretado na porção distal do intestino e parece
agir diretamente nos centros hipotalâmicos para diminuir o

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

apetite, diminuir a ingestão calórica e diminuir os níveis
séricos de grelina.

Sinais reguladores com origem na massa adiposa e noutros órgãos endócrino:
A leptina e a insulina são elementos críticos na homeostasia energética e são
secretados em proporção à massa adiposa.

Leptina – É uma proteína secretada por adipócitos (células de gordura) e que age
no sistema nervoso central (SNC) promovendo a redução da ingestão alimentar e
incrementando o metabolismo energético (metabolismo de glicose e das gorduras). Os
seus níveis
circulantes aumentam proporcionalmente ao aumento do tecido adiposo.
A leptina circulante transmite ao hipotálamo informação respeitante à
quantidade de energia armazenada no tecido adiposo, suprimindo o apetite e afetando
o dispêndio energético. A leptina, atua nos receptores expressos no hipotálamo para
promover a sensação de saciedade e regular o balanço energético
A leptina controla o balanço energético a médio/longo prazo. Defeitos genéticos
que implicam a ausência de leptina determinam em ratos e humanos o aparecimento
de obesidade mórbida que pode ser revertida com administração de leptina.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

A atuação das hormonas grelina e leptina:


A leptina e a grelina atuam como sinais nutricionais para o SNC modulando
mecanismos neuroendócrinos que medeiam diversas respostas adaptativas (aumento
ou diminuição do apetite/saciedade).

Considerando as suas importantes funções no organismo, a insulina exerce papel
primordial na manutenção da homeostasia energética, visto que coordena a utilização
e a deposição de ácidos gordos no músculo, fígado e tecido adiposo.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Estudos experimentais demonstraram que a insulina atua no SNC para incitar a
saciedade, aumentar o gasto energético e regular a ação da leptina.
Pesquisadores verificaram que a deficiência de insulina desenvolve hiperfagia e
aumento de peso em animais, sendo revertida após normalização dos seus níveis
plasmáticos.

Leptina e obesidade:
Se os indivíduos obesos produzem grandes quantidades de leptina, então por que razão
são obesos, se a leptina tem o efeito de inibir o apetite?

Na maioria dos indivíduos obesos a produção de leptina está aumentada (de 3 a
5ng/ml em indivíduos saudáveis, para 8 a 90ng/ml em obesos) e o que se verifica é uma
atenuação da resposta dos órgãos alvo à leptina, designada de leptino-resistência.
Comparativamente com indivíduos não obesos, os indivíduos obesos têm uma
concentração plasmática de leptina mais elevada, devido ao maior tamanho do seu
tecido adiposo. No entanto, o elevado valor de leptina não produz, nestes casos, os
efeitos esperados, ou seja, a redução da ingestão de alimentos e o aumento do
dispêndio energético. Desta forma, a maioria dos obesos têm um apetite exagerado
(hiperfagia), mesmo na presença de um excesso de leptina.
O estado de resistência à leptina parece ser causado por uma combinação de
resistência a nível do recetor e pós-recetor (a nível da sinalização intracelular) e de
redução da capacidade ou saturação do transporte hematoencefálico.

Apesar da leptina ter sido recentemente descoberta, são já conhecidos diversos
mecanismos de regulação com ela relacionados, sobretudo na homeostasia energética.
Neste contexto, a leptina parece desencadear mecanismos fisiológicos distintos
consoante o estado do equilíbrio energético. Assim, em períodos de manutenção
ponderal, em que a ingestão calórica é compensada pelo gasto energético, os níveis
plasmáticos de leptina reflectem a percentagem de gordura corporal. Porém, na
presença de balanço energético negativo (perda de peso) ou positivo (ganho de peso),
as alterações dinâmicas da concentração plasmática de leptina funcionam como

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APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

sensores do desequilíbrio calórico e influenciam as vias de regulação energética.
A concentração plasmática elevada de leptina informa o cérebro acerca do
excesso de energia armazenada, o que desencadeia redução do apetite e aumento do
dispêndio energético. Estes mecanismos estão comprometidos em indivíduos obesos,
que embora apresentem elevados níveis plasmáticos de leptina têm uma resposta
alterada, sendo resistentes aos seus efeitos.
Por outro lado, a diminuição dos níveis desta hormona induz ações inversas,
nomeadamente, aumento do apetite e diminuição do gasto energético, o que sugere
que reduções dos níveis de leptina durante programas de restrição alimentar podem
contribuir para o aumento da ingestão, redução da taxa metabólica e recuperação
ponderal.

• Fatores fisiológicos relacionados com o controlo da ingestão alimentar a curto e
longo prazo:

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Fisiologia da fome e da saciedade:
Outras hormonas que podem controlar o apetite



Obesidade:
Fatores genéticos e ambientais, mas também relacionados com a atividade física,
sexo e idade contribuem para o desenvolvimento de obesidade. Ao contrário do que se
passa na natureza, na nossa sociedade existe uma grande variedade de alimentos de
reforço positivo e estão disponíveis a todo o momento o que promove o alto nível de
consumo.

Por que razão algumas pessoas ficam obesas e outras não, tendo o mesmo acesso à
comida?
As pessoas obesas são aquelas em que a ingestão de energia (input) é
substancialmente superior aos gastos energéticos (output). O peso corporal é função do
balanço de energia e de nutrientes ao longo de um período de tempo.
O balanço energético é determinado pela ingestão de nutrientes, pelo gasto
energético e pela termogénese. Assim, um balanço energético positivo por meses
resultará em ganho de peso corporal na forma de gordura, enquanto um balanço
energético negativo resultará no efeito oposto.

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Input de energia:
Algumas pessoas têm uma fase cefálica longa em resposta a um cheiro ou sabor
de determinado alimento.
Algumas pessoas têm preferência natural por alimentos mais calóricos.
Algumas pessoas estão integradas em famílias/culturas que promovem a
alimentação em excesso.

Output de energia:
As pessoas diferem substancialmente na capacidade de dissipar o excesso de
energia consumido. Este aspeto depende de:
a) Quantidade de exercício que fazem (e consequente quantidade de energia
reposta);
b) Diferenças na taxa metabólica basal (energia que o corpo utiliza durante o
repouso para o funcionamento de todos os órgãos);
c) Diferenças na capacidade de reagir à acumulação de gordura – Diferenças na
termogénese (produção de calor a partir do metabolismo do tecido adiposo);
d) Diferenças nos níveis de termogénese – Produção de calor devido às contrações
musculares que não estão relacionadas com o exercício físico (e.g. tónus
muscular, agitação e inquietação física).

Fase cefálica – Sabor ou cheiro de comida, pensamento em comida.

Estimulação do córtex e hipotálamo à Centros medulares à Estimulação de
secreções gástricas

Abordagens terapêuticas:
a) Alteração dos hábitos alimentares;
b) Bandas gástricas;
c) Administração de leptina e insulina (produzem sinais de saciedade).

Quando administradas reduzem o apetite e a quantidade de gordura no

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

organismo. A serotonina é usada como tratamento da obesidade (apresenta alguns
efeitos secundários). A obesidade e os transtornos alimentares são determinados pela
associação de diversos fatores, e esta multi-causalidade dificulta os seus tratamentos.

Anorexia nervosa:
Ao contrário da obesidade este distúrbio é caracterizado por insuficiente dieta
alimentar. Os anoréticos atingem pesos corporais muito baixos apesar de se
considerarem ainda com excesso de peso.
Os anoréticos são ambivalentes em relação à comida. Apresentam uma fase
cefálica maior do que o normal e com elevados níveis de insulina e interessam-se por
comprar os alimentos e preparar as refeições. Porém, não ingerem os alimentos em
quantidade adequada, ou quando os ingerem forçam o vómito (bulimia). Causas:
a) Genéticas, ambientais, sociopsíquicas;
b) A maior parte dos distúrbios alimentares parece estar relacionado com situações
prévias de dietas.

Alterações no valor incentivo-positivo da ingestão de alimentos devido, por
exemplo, a refeições forçadas (aversão à comida e consequente redução da motivação
para comer). Outras causas:
a) Abordagem terapêutica;
b) Correção de possíveis
alterações metabólicas,
terapia cognitivo-
comportamental,
psicoterapia individual,
etc.

A descrição das inúmeras
substâncias envolvidas na
regulação do apetite e no
controle do peso, a identificação de todos os centros envolvidos e as evidências das suas

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

inter-relações demonstram a complexidade do comportamento alimentar e da
homeostasia energética.

• Regulação neuro-endócrina da sede:
Distribuição dos líquidos corporais:



Sede – Pode ser descrita como o conjunto de sensações, despertadas pela
necessidade de água, que promovem a ingestão de fluidos com vista à satisfação das
nossas necessidades hídricas.
Ainda assim será necessário reconhecer que o ato de beber poderá ocorrer na
ausência desta necessidade e em resposta a outros estímulos (sociais, sensoriais, etc.),
daí que, pelo conjunto de todas estas condições e sensações seja mais correto falar em
desejo de beber.

123
BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA


Do ponto de vista estritamente fisiológico,
a ingestão de água como resposta a
um défice hídrico é um comportamento essencial para a sobrevivência, daí que seja
expectável que um conjunto de processos de âmbito neuronal e hormonal esteja
envolvido para assegurar a eficácia do mecanismo da sede.
Limiar da sede - Perda de água em mais de 0.5% do peso do corpo (adulto 70Kg
= 350 ml).

Perdas de água:
a) Urina, suor, evaporação/expiração, fezes;
b) Perda de 10-15% do volume sanguíneo:
a. Diminuição dos fluidos corporais;
b. Aumento de concentração dos solutos nos líquidos corporais (aumento
da osmolaridade*).

*Osmolaridade – É a medida da pressão osmótica exercida por uma solução
sobre uma membrana semipermeável. É expressa em osmoles (osm)/l. A osmolaridade
depende do número de partículas em solução, mas é independente do tipo de
partículas.


Hormonas que influenciam a função renal:
Hormona antidiurética (ADH, neurohipófise) – Aumenta a quantidade de água
reabsorvida pelos túbulos renais, logo mais água é retirada à urina. A ADH provoca:

124
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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

diminuição do volume de urina à aumento do volume sanguíneo.

Aldosterona (glândulas suprarrenais) – Aumenta a reabsorção de água nos
túbulos renais (em resposta à diminuição da pressão arterial que é monitorizada por um
conjunto de células no rim). A aldosterona provoca diminuição do volume de urina ®
aumento do volume sanguíneo.

Péptido arterial natriurético – libertado pelo coração em resposta ao aumento
da pressão arterial. Diminui a reabsorção de água a nível dos túbulos renais. O PAN
provoca: aumento da quantidade de urina produzida à diminuição do volume
sanguíneo.

A ingestão de água é regulada por:
a) Quantidade de solutos no plasma (osmolaridade plasmática);
b) Volume de plasma e líquido intersticial (volume do líquido extracelular);

Deteção da quantidade de solutos no plasma (osmolaridade plasmática):
a) Osmorrecetores centrais a nível do hipotálamo;
b) Osmorrecetores periféricos localizados na mucosa da boca, fígado, intestino e
rim.

Deteção do volume de líquido extracelular e da pressão sanguínea:
a) Recetores periféricos de distensão (recetores de volume) – Localizados nas
aurículas e veias pulmonares e nos rins sinalizam alterações de volume
sanguíneo.
b) Recetores de pressão (barorrecetores) – Localizados nas paredes das grandes
artérias e nos rins sinalizam alterações de pressão sanguínea.



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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Integração da informação no hipotálamo:


Os rins por meio da formação de urina têm grande poder de controlar a
quantidade de água e solutos corporais e são muito eficientes em condições normais
para eliminar o excesso de água e solutos.
Na situação em que água e solutos estão em falta, a ação renal reduzindo a perda
destes elementos, atenua as dificuldades, mas muitas vezes não é suficiente para
normalizar o quadro.
A recuperação total e rápida da normalidade só pode ser conseguida com a
reposição de água e solutos através da ingestão que é regulada por mecanismos
ativados em situações de hipovolemia ou alterações de osmolalidade.

126
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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

• Regulação neuro-hormonal da sede:



REGULAÇÃO DO CORAÇÃO E DA PRESSÃO ARTERIAL
• Regulação do coração e da pressão arterial:
A eficiência contrátil do coração tem um importante papel na manutenção da
homeostasia. A pressão sanguínea nos vasos sistémicos deve ser mantida a um nível tal
que o fluxo de sangue seja suficiente para fornecer os nutrientes e recolher os produtos
do metabolismo através dos capilares de modo a satisfazer as necessidades
metabólicas. Por isso, a atividade do coração tem de ser regulada de acordo com a
função metabólica dos tecidos (e.g. repouso, exercício).

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA


Pressão Arterial (PA) - é a pressão exercida pelo sangue contra a superfície
interna das artérias.
PA = DC x RP

Resistência periférica (RP) – É a resistência total contra a qual o sangue tem de
ser bombeado.
Débito cardíaco (DC) – Volume de sangue bombeado pelo ventrículo por unidade de
tempo (ml/min).
Débito cardíaco (DC) = Volume de Ejeção (VE) x Frequência Cardíaca (FC)
PA = (VE x FC) x RP
Qualquer alteração num destes fatores produz uma variação na PA.

Volume de ejeção = Volume do ventrículo no final da diástole – Volume do
ventrículo no final da sístole.
Frequência cardíaca – Número de batimentos cardíacos por unidade de tempo.

Regulação intrínseca:
Durante o exercício físico os vasos sanguíneos dos músculos esqueléticos dilatam
(aumento da temperatura local) permitindo um aumento do fluxo sanguíneo. Aumento
do aporte de O2 e nutrientes ao músculo. As contrações musculares comprimem as
veias e aumentam a frequência do fluxo sanguíneo para o coração. O retorno venoso
aumenta (volume de sangue que entra no coração).

Aumento do volume de ejeção. O aumento do volume de sangue que entra no
coração provoca um estiramento do nódulo SA à aumento de frequência cardíaca.
Assim: aumento do volume de ejeção; aumento da frequência cardíaca
aumento do débito cardíaco e do volume de sangue que flui para os músculos
envolvidos no exercício.

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2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Regulação neuronal (sistema nervoso simpático e parassimpático):
Ação do sistema nervoso simpático e parassimpático.

A regulação extrínseca do coração funciona para manter a pressão arterial, os
níveis de O2, CO2 e pH do sangue dentro dos valores normais. Controlo parassimpático
(fibras do sistema nervoso parassimpático).
Influência inibitória – Diminuição da frequência cardíaca. Controlo simpático
(fibras do sistema nervoso simpático)
Influência excitatória – Aumento da frequência cardíaca e da força de contração
e vasoconstrição das arteríolas e veias.



Como é que o SNC age, via sistema nervoso simpático ou parassimpático, para
regularizar o coração e a pressão arterial?
Barorrecetores – Detetam variações na pressão arterial (paredes de certas
artérias de grande calibre, carótidas e aorta)*.
A informação é levada por nervos até ao centro de integração. A integração dos
impulsos provenientes dos recetores é feita no Centro cardiorregulador (centro
cardiovascular) localizado na medula oblonga ou bulbo raquidiano. Resposta através das
fibras do sistema nervoso simpático ou parassimpático que age sobre o sistema
cardiovascular.

129
BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

*Outros recetores também
contribuem com informações importantes:
quimiorrecetores – níveis de O 2 e CO2;
propriocetores – contrações musculares e
alteração na posição das articulações.



Regulação hormonal:
Aldosterona (córtex das glândulas supra-renais) – Quando há diminuição da
pressão arterial à a aldosterona provoca aumento da reabsorção de água pelos rins à
aumento do volume de sangue à aumento da pressão sanguínea.
Hormona antidiurética (ADH) (hipófise)
- Quando há diminuição do volume de
sangue à a produção ADH provoca à aumento da reabsorção de água pelos rins e
vasoconstrição à aumento da pressão sanguínea.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Hormona natriurética (PAN) – Libertada pelas células das aurículas do coração
em resposta ao alongamento das células (“stretching”). Esta hormona provoca
vasodilatação e aumento da perda de sais e água na urina à diminuição da pressão
sanguínea.

Epinefrina (adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina) – Libertadas pelas
glândulas supra- renais, em resposta a estímulos do sistema nervoso simpático (resposta
ao aumento da atividade física, excitação emocional e condições de stress), influenciam
marcadamente a eficácia do coração. Estas hormonas provocam: aumento da
frequência e força de contração cardíaca à aumento da pressão sanguínea.

• Efeitos da postura corporal na pressão arterial e no ritmo cardíaco:
A posição do corpo afeta as funções do sistema cardiovascular. As alterações são
mais evidentes quando uma pessoa se levanta rapidamente após ter estado na postura
deitada.

Efeitos após levantar rapidamente:
Quando a pessoa assume a posição ortostática (de pé) o sangue flui para as
partes inferiores do corpo devido ao efeito da gravidade. Cerca de 200-500 ml de sangue
são direccionados para os vasos sanguíneos na parte inferior do corpo à diminui o RV
à decréscimo do DC à decréscimo da PA à hipotensão postural ou ortostática.
Estes efeitos são tanto maiores quanto menor for a atividade dos músculos
esqueléticos no processo de levantar.

Mecanismos compensatórios:
Estes mecanismos compensatórios são despoletados pela diminuição da pressão
arterial detetada pelos barorrecetores. O decréscimo da pressão nas carótidas e na
aorta estimula a atividade simpática resultando na restauração dos valores da PA: a
resposta à deteção dos barorretores aumenta a frequência cardíaca e a força de
contração cardíaca (logo aumenta o débito cardíaco e, consequentemente, a PA). A
vasoconstrição ajuda também a aumentar a PA 


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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Significado fisiológico:
A mudança de postura ativa alterações no sistema cardiovascular. Essas
alterações são usadas como medida para avaliar a integridade do sistema nervoso
autónomo, uma vez que estes mecanismos compensatórios dependem da atividade de
mecanismos reflexos (reflexo barorrecetor). Assim, a resposta em termos de PA e RC
são fundamentais para avaliar o funcionamento do sistema autónomo e do sistema
cardiovascular.
Os fisiologistas utilizam a inclinação passiva para provocar stress ortostático e
estudar os mecanismos fisiológicos de adaptação às mudanças de postura.

Efeitos de manter a posição ortostática por um tempo prolongado:
Se o indivíduo se mantiver em pé por tempos prolongados sem se movimentar,
mais de 500ml de sangue são dirigidos para a parte inferior do corpo o que aumenta a
pressão capilar nos membros inferiores. Os fluidos movem-se dos compartimentos
intravasculares para o espaço intersticial e acumulam-se, o que provoca uma diminuição
do retorno venoso e um decréscimo do volume de ejeção em cerca de 40%. Ou seja, o
DC diminuiu e tem como consequência um decréscimo do fluxo sanguíneo para o
cérebro.

Mecanismos compensatórios que ocorrem durante a posição ortostática prolongada:
Reflexo barorreceptor restaura a PA para níveis normais:
a) Ativação do sistema simpático à Aumento do DC, aumento do RC e aumento da
PA
Aumento da produção de adrenalina à Aumento do DC, aumento do RC e
aumento da PA Aumento da produção de aldosterona à Vasoconstrição e ainda
aumento da reabsorção renal de sódio e água à Aumento do volume sanguíneo
à Aumento da PA.
Numa situação limite, quando os mecanismos compensatórios já não são
suficientes para manter a PA ideal no cérebro à sincope (desmaio).
Posição horizontal – Mecanismo homeostático para restaurar o retorno venoso,
o DC e a circulação cerebral.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

PA – Pressão Arterial; PAS – Pressão Arterial Sistólica; PAD – Pressão Arterial
Diastólica; RP – Resistência Periférica; DC – Débito Cardíaco; RV – Retorno Venoso; RC
– Ritmo Cardíaco

Pressão arterial e gravidade:
Quando uma pessoa está deitada o coração está ao mesmo nível dos pés e da
cabeça e as pressões são semelhantes nas artérias da cabeça, coração e membros.
Quando a pessoa se coloca de pé dá-se um aumento de pressão nos membros inferiores
e uma diminuição na zona da cabeça.

Nota informativa:
Os princípios físicos da estática dos fluidos dizem-nos que uma coluna vertical de
líquido exerce uma pressão proporcional à sua altura. Se uma pessoa estiver numa
posição horizontal numa superfície plana, os efeitos hidroestáticos que ocorrem nos
seus vasos sanguíneos estão praticamente anulados, porque as diferentes partes do
corpo se encontram à mesma altura e ao nível do coração. Nesta situação a pressão
arterial é aproximadamente a mesma em todas as artérias principais do corpo.
Numa coluna vertical de sangue humano cada 13 cm de altura exercem
aproximadamente 10 mmHg de pressão. Assim, para uma pessoa que se encontre na
vertical, nas partes do corpo abaixo do coração, por exemplo nas pernas, a pressão
arterial é varias dezenas de mmHg superior à pressão média medida na aorta. Nas zonas
do corpo acima do coração, parte da pressão desenvolvida pelo coração perde-se ao
suportar a pressão nos vasos; neste caso a pressão arterial diminui cerca de 10 mHg por
cada 13 cm de altura.
O exercício físico afeta todos os sistemas de órgãos e melhora o seu
funcionamento.

Graus de intensidade do exercício físico:
Exercício ligeiro – Consumo de O2 de 0.5-1L por min, aumento do RC de 25%, se
o RC basal for 80 bat/min então este subirá para 100 bat/min.
Exercício moderado – Consumo de O2 de 1-2L/min, aumento do RC de 50%,

133
BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

aumento RC para 120 bat/min.
Exercício intenso – Consumo de O2 superior a 2L/min, aumento do RC de 75-
100%, aumento do RC para 150 bat/min ou mais.

Tipos de exercício:
Isotónico – alteração do comprimento dos músculos (andar, correr).
Isométrico – não há alteração do comprimento dos músculos, mas sim do seu
tónus (posturas estáticas de força).

Alterações cardiovasculares durante o exercício físico isotónico:
As respostas fisiológicas imediatas (ou agudas) ao exercício físico são tanto
maiores quanto maior for a intensidade do exercício, mas não se alteram com a duração
do exercício, caso ele seja realizado numa intensidade inferior ao limiar anaeróbio.

Efeitos fisiológicos imediatos do exercício físico:
a) Aumento da frequência cardíaca (regulação intrínseca e controlo simpático);
b) Aumento do débito cardíaco (regulação intrínseca e controlo simpático);
c) Aumento da pressão sistólica (devido ao aumento do débito cardíaco, regulação
intrínseca e controlo simpático);
d) Diminuição da pressão diastólica, devido a:
aumento da vasodilatação nos
músculos esqueléticos à diminuição da resistência periférica;
e) Redistribuição do fluxo sanguíneo (aumento da irrigação dos músculos em
atividade devido à vasoconstrição dos tecidos não exercitados e vasodilatação
dos tecidos exercitados);
f) Aumento da secreção de adrenalina (controlo endócrino do coração e PA);
g) Aumento da ventilação pulmonar (permite aumento do suprimento de O2 para
os tecidos e remoção de CO2);
h) Aumento da temperatura corporal (atividade muscular produz calor);
i) Aumento da sudorese (para ajudar baixar a temperatura corporal);
j) Aumento da utilização de reservas de glicose (para formação de ATP) a partir do
fígado e músculos esqueléticos.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Alterações cardiovasculares durante o exercício físico:
Efeitos fisiológicos a longo prazo (adaptações) do exercício físico regular:
a) Hipertrofia ventricular esquerda (aumento de massa cardíaca devido ao
crescimento das células cardíacas);
b) Bradicardia (diminuição da frequência cardíaca) em repouso;
c) Promoção da angiogénese (promove o aumento do fluxo sanguíneo para o
coração e músculos esqueléticos).

Angiogénese - É o termo usado para descrever o mecanismo de crescimento de
novos vasos sanguíneos a partir dos já existentes.

Distribuição do débito cardíaco em repouso e durante o exercício físico:



TERMORREGULAÇÃO
O ser humano é um ser homeotérmico, isto é, possui a capacidade de manter a
temperatura corporal dentro de um certo intervalo pré-determinado apesar das

135
BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

variações térmicas do meio ambiente (homeostasia térmica).
Temperatura de equilíbrio: 37°C (98.6 ° F) [Limites normais: 36.1° - 37.2°C (97° - 99°F)]

• Produção de calor pelo corpo:
A energia que os animais utilizam para executar trabalho, manter a sua integridade
estrutural e reproduzir-se provém dos alimentos. Durante os processos bioquímicos
apenas 50% da energia dos nutrientes é transferida para moléculas de ATP e os outros
50% são transformados em energia térmica ou calor. Assim, a quantidade de calor
produzida é diretamente proporcional à taxa de metabolismo corporal. O calor
metabólico produzido é usado para elevar a temperatura dos tecidos animais a níveis
que aumentam significativamente a taxa das reações bioquímicas.

Termogénese – Corresponde à energia na forma de calor gerada a nível dos
tecidos.
Metabolismo – Soma de todas as reações químicas que ocorrem num organismo.
A atividade metabólica de um animal está ligada estreitamente à sua própria
temperatura corporal.
O metabolismo é expresso em calorias, que é e mesma unidade utilizada para
definir a quantidade de energia que está contida nos alimentos

Caloria – Unidade básica de medida de energia; é a quantidade de calor
necessária para aumentar a temperatura de 1 g de água em 1ºC.
Quilocaloria ou Caloria= 1000 calorias

Fatores que modificam o metabolismo:
Qualquer fator que aumente a intensidade com que a energia é liberada dos
alimentos (velocidade) também aumenta o metabolismo:
a) Exercício físico - é o mais potente estímulo para o aumento do metabolismo.
Quando os músculos contraem uma grande quantidade de ATP é transformado
em ADP o que promove a intensidade com que ocorre a oxidação dos alimentos;
b) Efeito da estimulação simpática sobre a libertação de adrenalina (epinefrina). A

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

epinefrina e a noradrenalina exercem um efeito direto sobre todas as células
aumentando o metabolismo. Aumentam a degradação do glicogénio em glicose
e aumentam a velocidade das reações enzimáticas que promovem a oxidação
dos alimentos. Efeito de curta duração (alguns minutos);
c) Efeito das hormonas da tiroide – efeito no metabolismo semelhante ao da
epinefrina e da noradrenalina, mas de longa duração (semanas). A ação das
hormonas da tiroide faz-se sentir sobretudo no aumento ação das enzimas
celulares;
d) Temperatura corporal – quanto mais elevada for a temperatura corporal mais
rapidamente ocorrem as reações químicas. Cada grau Celcius aumenta a
intensidade do metabolismo em cerca de 10%.

• Regulação da temperatura corporal:
Termorregulação – Refere-se ao conjunto de sistemas de regulação da
temperatura corporal de alguns seres vivos (em especial, mamíferos e aves). Esta
regulação é exercida graças ao balanço entre a produção (termogénese) e a libertação
(termodispersão, perda) do calor orgânico interno.

A termorregulação é um mecanismo de homeostasia, já que, na presença de
oscilações térmicas externas, possibilita a manutenção da temperatura corporal dentro
de fronteiras definidas.
A maior parte do calor do corpo humano é produzido em órgãos profundos,
depois o calor é transferido para a pele e, posteriormente, perdido no meio ambiente.

Recetores cutâneos térmicos:
São de dois tipos: sensíveis ao frio ou sensíveis ao calor. A informação
transmitida por estes recetores é enriquecida pela informação proveniente de recetores
da dor especificamente estimulados por variações extremas da temperatura, o que
explica que estas possam ser percebidas como
dor.
O grau de estimulação (impulsos/segundos) dos distintos recetores térmicos
permite ao ser humano uma gradação das sensações térmicas. Os recetores térmicos

137
BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

localizam-se imediatamente abaixo da pele e distribuem-se em diferentes percentagens
consoante a área corporal (por exemplo, no caso dos recetores do frio – nos lábios 15-
2 2 2
25/cm , nos dedos 3-5/cm , no tórax <1/cm ).

Recetores existentes em órgãos corporais mais profundos:
Presentes ao nível da medula espinal, vísceras abdominais, dentro e à volta dos
grandes vasos situados no tórax e abdómen e no próprio hipotálamo, apresentando
uma sensibilidade mais acentuada para diminuições da temperatura corporal central.

Centro integrador - Regulação hipotalâmica da temperatura corporal.
No homem e em todos os animais homeotérmicos (mamíferos e aves) a
temperatura corporal é regulada por mecanismos homeostáticos que regulam as
velocidades de produção de calor e de perda de calor de modo a manter a temperatura
corporal constante independentemente da temperatura ambiente
Os sinais provenientes de todos os tipos de recetores citados anteriormente são
integrados ao nível do hipotálamo = centro integrador.
Após a integração das diferentes informações aferentes e comparação das
mesmas com o ponto de regulação térmica, são emitidas informações para diversos
órgãos ou sistemas eferentes dependendo do tipo de resposta a estimular – promoção
do ganho ou da perda de calor.

Centro integrador - Regulação hipotalâmica da temperatura corporal.
Os centros nervosos do hipotálamo – termostato hipotalâmico – controlam a
temperatura corporal através de mecanismos de perda e de produção de calor
(feedback negativo).

A homeostasia térmica é feita pelo núcleo préotico do hipotálamo. Em particular,
a resposta ao frio tem como centro coordenador a zona posterior do núcleo preótico do
hipotálamo - centro hipotalâmico de produção de calor cujos neurónios são
particularmente sensíveis às oscilações térmicas do sangue que os irriga.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Na zona anterior do núcleo préotico está o centro hipotalâmico de perda de calor
que quando estimulado provoca redução do calor corporal. Muito embora o hipotálamo
seja o principal coordenador da temperatura corporal, sinais transmitidos para ele,
oriundos de termorrecetores situados em outras áreas, podem modificar o “valor fixado
pelo termóstato” do hipotálamo.
Quando a temperatura do ar é muito baixa, o que excita os recetores de frio, o
“valor fixado” do termostato hipotalâmico é aumentado de forma automática, até
alguns décimos de grau acima da temperatura normal do corpo.
De modo inverso, a
exposição ao ar quente, reduz esse valor até abaixo do normal.

Estas alterações desempenham papéis muito importantes na adaptação do
corpo a extremos de temperatura do ar.
Se o corpo ficar exposto a extremos de temperatura e não for feito nenhum
ajuste no sistema de controlo, a temperatura interna do corpo fica
anormal.
Felizmente, os sinais térmicos que provêm da pele desencadeiam uma reação
do hipotálamo antes da temperatura do corpo ficar anormal.

Mecanismos para aumentar a temperatura corporal:
a) SNC (sistema nervoso central) – Respostas comportamentais (respostas
voluntárias, deslocamento para áreas mais quentes, adição de roupas, aumento
da atividade).
b) SNA (sistema nervoso autónomo):
a. Vasoconstrição da pele;
b. Estimulação simpática do metabolismo (aumento da libertação de
epinefrina e norepinefrina pelas glândulas suprarrenais);
c. Piloereção.
c) SNS (sistema nervoso somático):
a. Tremor muscular - Termogénese com tremor - contração de músculos
esqueléticos antagonistas. As contrações musculares são opostas e não
produzem trabalho útil, mas a energia química libertada durante a
contração é sob a forma de calor.

139
BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

d) Respostas hormonais (por estimulação do hipotálamo):
a. Aumento da secreção das hormonas da tiróide

Mecanismos para diminuir a temperatura corporal: Reversão dos efeitos de
produção de calor, i.e.:
a) SNC (sistema nervoso central):
a. Respostas comportamentais (respostas voluntárias, deslocamento para
áreas mais frias, remoção de roupas, diminuição da atividade).
b) SNA (sistema nervoso autónomo):
a. Vasodilatação da pele (controlo da transferência de calor das partes mais
profundas do corpo para as mais superficiais);
b. Redução da estimulação simpática;
c. Aumento da sudorese.
c) SNS (sistema nervoso somático):
a. Redução do tónus muscular.
d) Respostas hormonais (por estimulação do hipotálamo):
a. Diminuição progressiva da produção das hormonas da tiróide.













140
BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Limites toleráveis de temperatura:
A tolerância ao calor depende em grande parte do grau de humidade
ambiente.
Quando o ambiente é completamente seco, o mecanismo de evaporação é
eficiente pelo que temperaturas externas de 65,5ºC ou 150ºF podem ser toleradas
durante várias horas.
Se o ar apresentar uma saturação em H2O de 100%, a

temperatura corporal começa a subir quando a temperatura externa é superior 34,4ºC


ou 94ºF. Na presença de humidade intermédia, a temperatura corporal central máxima
tolerada é de aproximadamente 40ºC ou 104ºF, enquanto a temperatura mínima ronda
os 35,3ºC ou 95,5ºF.
A variação térmica circadiana é um fenómeno natural e geralmente não
ultrapassa os 0.6ºC (1ºF). A temperatura corporal é menor pela manhã, aumenta ao
longo do dia e é máxima pelo início da noite.

• Distúrbios da regulação térmica:
A febre define um estado em que há elevação da temperatura corporal como
resultado de uma alteração ao nível do centro termoregulador localizado no hipotálamo
– alteração do ponto de referência térmica.
Ocorre geralmente quando são libertados para a corrente sanguínea proteínas e
polissacarídeos anormais provenientes de células do próprio corpo (pirogénios
endógenos) ou de microrganismos, toxinas, fármacos (pirogénios exógenos) e que
produzem um reajuste do termostato hipotalâmico fazendo-o regular a temperatura
para um valor mais elevado que o normal.

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BIOLOGIA E GENÉTICA
2º SEMESTRE, 1º ANO
APONTAMENTOS 1ª FREQUÊNCIA

Em muitas circunstâncias a elevação da temperatura corporal aumenta as
possibilidades de sobrevida numa situação de infeção. Este efeito é conseguido graças
à diminuição do crescimento e da virulência de várias espécies bacterianas e ao
aumento da capacidade fagocítica e bactericida dos neutrófilos e dos efeitos citotóxicos
dos linfócitos, promovidos pela febre. Contudo, o aumento da temperatura corporal
tem os seus custos.
Um aumento da temperatura de 1ºC, leva ao acréscimo de 13% no
consumo de oxigénio e a maiores necessidades hídricas e calóricas, o que pode ser
nefasto para determinado tipo de pessoas.

• Exemplos de distúrbios da regulação térmica (informação complementar):
Dados os potenciais efeitos benéficos da febre, discute-se se ela deve ser tratada
de forma rotineira. De qualquer modo, uma criança que tenha tido uma convulsão como
resultado da febre (ataque febril) deve receber tratamento. Do mesmo modo, um
adulto com um problema cardíaco ou pulmonar deve recebê-lo, porque a febre pode
aumentar a necessidade de oxigénio. A febre também pode provocar alterações na
função cerebral.
Os fármacos utilizados para fazer descer a temperatura corporal recebem o
nome de antipiréticos. Os mais usados e eficazes são o paracetamol e os anti-
inflamatórios não esteróides, como a aspirina.
A redução da febre ou efeito antipirético da aspirina é causada pela inibição da
formação de um determinado tipo de prostaglandina (prostaglandina E2).
Esta
prostaglandina é um mediador importante para a ativação do centro nervoso (no
hipotálamo) regulador da temperatura corporal.
Altos níveis de prostaglandina E2 em estados inflamatórios (como infeções)
elevam a temperatura.
O efeito analgésico é devido à inibição da produção local de
prostaglandinas aquando da inflamação.

• Resumo:
O metabolismo corporal é expressão da intensidade (ou da velocidade) com que
a energia está sendo liberada pelo metabolismo dos nutrientes em todo o corpo. Sob
condições de estrito repouso, o seu valor é de 60 a 70 calorias por hora, o que é chamado

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de metabolismo basal. Entretanto, pode ter valor até 20 vezes maior que esse, durante
o exercício acentuado, que aumenta o metabolismo de forma mais intensa que qualquer
outro tipo de estímulo. Outros fatores que podem aumentar o metabolismo, embora
com intensidade bem menor, incluem:
a) A estimulação simpática, que o aumenta de duas vezes;
b) O efeito da hormona da tiroide sobre o metabolismo celular, que o aumenta
de cerca de duas vezes;
c) A febre, que o aumenta de cerca de duas vezes para cada elevação de 8ºC da
temperatura corporal.
Exceto em condições muito especiais, toda a energia libertada dos nutrientes do
corpo é transformada, eventualmente, em calor. Mesmo a maior parte da energia que
promove a contração muscular é transformada em calor, em função do atrito das
articulações, da viscosidade do movimento do próprio músculo, etc. É esse calor que
mantém o corpo aquecido.
A temperatura corporal é controlada, de modo muito preciso, por equilíbrio
entre a intensidade da perda de calor e a intensidade da produção de calor. O calor é
perdido por três meios:
a) Radiação;
b) Condução para o ar e para os objetos sólidos;
c) Evaporação da água pelos pulmões e pela pele, especialmente quando a
pessoa sua.
Centros nervosos no hipotálamo, chamados de termostato hipotalâmico,
controlam a temperatura corporal pela regulação, tanto da perda como da produção de
calor. Quando a temperatura corporal aumenta acima da temperatura normal de 37ºC,
a intensidade da perda de calor fica maior que a intensidade da produção de calor. De
modo inverso, a temperatura abaixo desse normal, o termostato hipotalâmico reduz a
perda de calor e aumenta a produção de calor.
A perda de calor é regulada por:
a) Controlo do fluxo sanguíneo na pele, que, por sua vez, controla a intensidade
com que o calor é transferido da parte central, profunda, do corpo para a sua
superfície;

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b) Controlo da sudorese, que, por sua vez, controla a intensidade da evaporação
pela pele.
A produção de calor é regulada pela:
a) Estimulação simpática em todo o corpo, o que aumenta o metabolismo
celular;
b) Aumento do tónus muscular e pela produção de calafrios, ambos
aumentando de muito a intensidade da produção de calor pelos músculos;
E, durante períodos prolongados de tempo, pelo:
c) Controlo da secreção da hormona da tiroide, o que aumenta a intensidade
de metabolismo em todas as células do corpo.
O termo febre define um estado em que a temperatura corporal está aumentada
acima dos limites da variação normal. Geralmente, ocorre quando há libertação para o
sangue de proteínas ou de polissacarídeos anormais, por exemplo, quantidade tão
pequena quanto 1/1.000g de polissacarídeos derivados de determinadas bactérias pode
produzir febre bem intensa. Esses polissacarídeos ou proteínas anormais produzem o
reajuste do termostato hipotalâmico, fazendo-o regular a temperatura corporal em
valor mais alto que o normal.
Experiências têm demonstrado que a febre ajuda o corpo a resistir aos efeitos
devastadores de muitas doenças infeciosas.

STRESS
O stress consiste num estado de ameaça ao equilíbrio ou homeostasia de um
organismo. Os estímulos stressantes são forças ou agentes que alteram o estado de
homeostasia do organismo provocando respostas que permitem ao indivíduo superar
determinadas exigências do meio ambiente. Esta resposta consiste no
desencadeamento de uma série de mecanismos fisiológicos direcionados a contrapor os
efeitos causados pelo estímulo stressante
para que o organismo volte ao estado de
equilíbrio anterior ou estabeleça a um novo equilíbrio.


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• Reações fisiológicas ao stress:
Síndroma de Adaptação Geral (SAG- teoria inicial por Selye, 1965) – Constitui um
conjunto de reacões desencadeadas quando o organismo é exposto a um estímulo
ameaçador à manutenção da homeostasia.

Fase de alarme:
A epinefrina (adrenalina) e a noradrenalina são produzidas pelas células da
medula das glândulas suprarrenais. A sua secreção é estimulada pelas fibras nervosas
simpáticas que estabelecem sinapses com as células secretoras da medula adrenal.
A adrenalina:
a) Aumenta a concentração de glucose no sangue (estimula a conversão do
glicogénio do fígado em glucose – glucogenólise);
b) Aumenta o metabolismo e a produção de calor;
c) Aumenta também a frequência e a força de contração cardíaca, e causa
dilatação dos vasos sanguíneos em regiões específicas do corpo, dirigindo o
fluxo sanguíneo para essas zonas quando necessário.

Os efeitos metabólicos e a nível cardiovascular destas hormonas constituem uma
resposta ao stress, na qual vários tecidos são ativados e a disponibilidade e mobilização
de energia para os músculos e sistema nervoso aumenta no sentido de enfrentar ou
evitar a ameaça – Reação “fight-or-flight” (ataque ou fuga).

Fase de resistência:
Por vezes o stress é tão intenso e prolongado que os indivíduos entram na fase
de resistência.
As alterações fisiológicas induzidas por esta fase são mais prolongadas
do que as da fase de alarme.
Os glucocorticoides - cortisol - são as hormonas dominantes nesta fase.
As hormonas provenientes do hipotálamo estimulam a glândula pituitária a
produzir um conjunto de hormonas que estimulam a produção de glucocorticóides
(cortisol) pelo córtex das glândulas suprarrenais → promovem a gluconeogénese -
mobilização de proteínas e gorduras para síntese de glucose. Esta fase implica, portanto,

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o consumo das reservas lipídicas. Ao fim de algum tempo o corpo entra na fase de
exaustão.

Fase de exaustão:
Fase em que pode ocorrer o colapso
de um ou mais sistemas de órgãos. Doença
ou morte. Aumento da suscetibilidade a
infeções, hipertensão, irritabilidade,
aumento do risco a doenças crónicas.
Eustress Distress
(fase positiva) (fase negativa)
• Vitalidade; • Fadiga;
• Entusiasmo; • Irritabilidade;
• Otimismo; • Falta de concentração;
• Perspetivas positivas; • Depressão;
• Resistência à doença; • Pessimismo;
• Vigor físico; • Doenças;
• Lucidez mental; • Acidentes;
• São relação humanas; • Dificuldade de comunicação;
• Alta produtividade e criatividade. • Baixa produtividade e criatividade.

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• Efeitos do stress nas funções fisiológicas:

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• O stress e as doenças:
Associa-se normalmente o stress crónico a problemas de saúde. Alguns
exemplos:

Stress e doenças gástricas:
A maior parte das úlceras gástricas são provocadas por uma bactéria
(Helicobacter pylori), porém, o fator stress aumenta a suscetibilidade das paredes do
estômago para a ação desta bactéria.

Stress e sistema imunitário:
A maior contribuição para o estudo das relações entre o stress e a saúde foi dado
nos anos 70 através relatórios médicos que indicavam uma relação entre o stress e a
diminuição da resistência às doenças infeciosas.
As implicações teóricas e clínicas desta constatação levaram ao desenvolvimento
de um novo campo de trabalho - psiconeuroimunologia – que estuda as interações entre
os fatores psicológicos, o sistema nervoso e o sistema imunológico.

Efeitos do stress no sistema imunitário (s.i.):
Os estudos de Segerstrom & Miller (2004) baseados na compilação de mais de
300 resultados empíricos indicam que:
a) Os efeitos do stress no s.i. depende do tipo de stress:
a. O stress agudo (menor que 100 min., e.g. falar em público, uma
competição desportiva, um teste de Biologia e Genética) estimulam o s.i.;
b. O stress crónico (de longa duração, e.g. problemas familiares, uma
situação de desemprego, etc.) debilitam o s.i.

De que modo o stress influencia o s.i.?
Os mecanismos através dos quais o stress influencia o s.i. são difíceis de
especificar uma vez que os estados alterados na homeostasia podem provocar várias
alterações a nível do eixo hipotálamo-pituitária-cortex da suprarrenal e hipotálamo-sist.
simpático-medula da suprarrenal. De facto, os mecanismos através dos quais o sistema

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nervoso e o s.i. podem interagir são inúmeros:
a) Exemplos:
a. As células B e T (envolvidas na defesa) apresentam recetores de
glucocorticoides e outros linfócitos apresentam recetores de adrenalina,
noradrenalina e glucocorticoides;
b. Muitos dos neuropéptidos libertados pelos neurónios são também
libertados pela células do s.i;
c. As citoquinas, substancias inicialmente consideradas como libertadas
apenas pelas células do s.i. são também produzidas pelo sistema nervoso.

É importante considerar também que existem vias comportamentais através das
quais o stress pode atuar no sistema imunitário.
a) Exemplos:
a. As pessoas sob stress crónico muitas vezes alteram os seus padrões de
dieta alimentar, exercício físico, sono e usos de drogas ou medicamentos.
Todos estes fatores influenciam o s.i.

O stress aumenta a suscetibilidade às doenças infeciosas?
É difícil provar inequivocamente que o stress aumenta a suscetibilidade às
doenças infeciosas em sujeitos humanos. Uma das razões é que em humanos apenas se
podem estabelecer estudos correlacionais. Numerosos estudos indicam a existência de
correlações positivas entre o stress e as doenças infeciosas. Porém, a interpretação
destes dados não é linear.
a) Exemplo:
a. Um grupo de estudantes relatou sentir-se com mais infeções
respiratórias durante a época dos exames. Porém, estes sujeitos podem
ter dito que se sentiram mais doentes apenas porque esperavam estar
mais debilitados nessa altura, porque durante épocas de stress os
sintomas da doença são mais incómodos ou apenas porque o stress
induziu alterações no seu comportamento que os tornaram mais
suscetíveis às doenças.

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Experiências com animais de laboratório mostram que, de facto, uma exposição
crónica a fatores stressantes pode induzir alterações no s.i. e aumento de
suscetibilidade a doença infeciosas.
Apesar das dificuldades em provar uma relação causal entre o stress e as doenças
infeciosas em humanos, os estudos mostram a existência de correlações entre estes dois
fatores e concomitantemente os estudos laboratoriais em animais suportam a hipótese
de que há, de facto, uma relação importante (este é o campo de estudos da
psiconeuroimunologia).

Stress e cérebro:
Muitos estudos realizados sobre o efeito do stress no cérebro revelaram que o
hipocampo é particularmente suscetível ao stress (alterações estruturais nos neurónios
e redução na neurogénese), uma vez que nessa zona do cérebro existem grandes
quantidades de recetores de glucocorticóides.
Exemplo: Estudos laboratoriais em ratinhos sobre o efeito do stress no
hipocampo revelam que:
a) O efeito do stress no hipocampo parece ser mediado pela ação de corticóides
libertados durante o período de stress;
b) Mesmo um período de stress relativamente curto induz alterações estruturais
no hipocampo que perduram por um mês ou mais;
c) Os fatores de stress naturais (e.g. ameaça por um outro indivíduo ou predador)
parecem induzir mais patologias no hipocampo do que fatores artificiais (e.g.
confinamento);
d) Os efeitos no hipocampo manifestam-se em alteração dos comportamentos que
são normalmente mediados por esta zona do cérebro (e.g. andar em labirintos);
e) Os efeitos do stress no hipocampo são mais acentuados nos machos provocando
alterações na neurogénese (porque o estradiol produzido pelas fêmeas induz a
neurogénese e a recuperação de danos cerebrais).

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