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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” -

FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS, CÂMPUS ASSIS

Beatriz Victoria Cabral Gagliardi - Noturno

Poesia Marginal

Como já dito em aula, poesia marginal é um movimento que contestava os


valores tradicionais das literaturas e artes. O objetivo era fazer uma crítica a
formalidade e ao comum, confronta a cultura tradicional brasileira. Não segue os
padrões literários da Academia. Inconformismo com a censura feita pela
ditadura. Propõe inovação poética e inventividade artística. Inspirada nos
movimentos de contracultura.
O que mantém um (a) autor (a) vivo (a) ao longo dos tempos (as reedições) nada
mais é do que a sua atualidade e potência imaginativa, uma vez que propõe a
ruptura com o autoritarismo de uma única perspectiva possível, restrita aos
meios especializados, isto é, abre lugar para os múltiplos vieses de leitura. Em
face disso, ainda que se trate ou não de trabalho anticomercial, é o estilo e a
originalidade que conservam as (re) publicações longe do chavão e no regaço do
íntimo coletivo.
Ana Cristina Cesar foi uma das principais representantes do movimento da
poesia marginal a principal característica de suas poesias são: experiencia
existencial, discurso na primeira pessoa, coloquialismo em evidencia, e
valorização pelo cotidiano. Em sua poesia samba canção o título de início já
demonstra toda a complexa e multifacetada arquitetura da poesia. O eu-lírico diz
que se distorceu em várias para tentar fazer a pessoa gostar dela foi de tudo um
pouco para tentar agradar, diz ter sido até burra tudo isso pra querer apenas o
carinho de alguém, sendo uma pessoa que não é, tentando se fazer um
personagem para a pessoa se encantar por ela, A poeta não usa esse recurso à
toa, pois a expressão serve como ruptura da ideia de feminino como sendo
apenas vinculado à mulher e nos passa a impressão de uma possível
transformação do corpo, isto é, as expressões referentes ao mundo masculino se
misturam ao feminino formando uma estrutura una e vária ao mesmo tempo. A
tristeza do amor não correspondido, bem como os obstáculos da conquista
amorosa expressos nos trechos “Tantos poemas que perdi” / “eu fiz tudo pra
você gostar” são dotados de mordaz ironia.
Francisco Alvim integra a geração de poetas marginais suas características
principais contribuem para a retomada do modernismo: a linguagem
antiliterária, o poema curto, o poema-piada, a escrita espontânea e o
coloquialismo.
Em Elefante (2000), as representações das cruéis condições de trabalho a que se
sujeitam muitos brasileiros são sutis, mas suficientes para colocá-los como
produtos provenientes do passado escravista, por um lado, e do imediatismo da
modernidade, por outro. O título da obra surgiu da perspectiva de trabalhar a
matéria corpórea de um ser e suas fraquezas. É apresentada a visão de um
mundo desconcertado, doloroso, que oferece obstáculos que não fortalecem o
ser por meio da dor, mas apenas enfraquecem e constrangem a carne, a alma, a
família, a sociedade. Da mesma forma, a crítica ao estado de repressão e a perda
de liberdade nas obras marginais se reflete através do uso de alegorias e o uso do
humor sarcástico, estratégia de dissimulação empregada para refletir as
manifestações da contracultura sem levantar suspeitas da sua crítica. A mesma
forma, a crítica ao estado de repressão e a perda de liberdade nas obras
marginais se reflete através do uso de alegorias e o uso do humor sarcástico,
estratégia de dissimulação empregada para refletir as manifestações da
contracultura sem levantar suspeitas da sua crítica. O teor histórico da poesia
marginal nos leva a analisar os problemas políticos, existenciais e socioculturais
que se alastraram nos anos de chumbo. Ao buscar alternativas contra as
estruturas de dominação, a “geração mimeógrafo” inventou saídas para as dores
vividas pelo estado de repressão através do humor, a ironia e a paixão.

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