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Na segunda estrofe, afirma “creio no mundo como um malmequer/ Porque o vejo”. E anuncia claramente aquilo
constitui a base do seu pesar:
Isto é, para além de poeta- “pastor por metáfora”, ele é também um poeta-oxímoro: a sua filosofia é uma não-
filosofia, afinal, uma recusa do pensamento abstrato, considerado como oposto ao “sentir” (com os sentidos, não com
o sentimento). Repare-se que sempre que se refere a pensar, isto é visto como negativo: “é não compreender …”, “é
estar doente”.
Mesmo falando na natureza (com maiúscula), representando um conceito “abstrato” (natureza será um conjunto de
coisas existentes, logo entidade abstrata), seria para ele uma contradição, não é porque saiba o que ela é, mas
porque a ama (introduzindo aqui um outro conceito essencial na sua poesia, para além do ver: o amar).
Termina então, naturalmente, como se de conclusão lógica se tratasse: Amar é a eterna inocência, / E a única
inocência é não pensar”.