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Principais impactos socioeconômicos e políticas públicas no Distrito Federal

durante a pandemia da Covid-19

Dias, Arthur.

Fernandes, Clara.

Lula, Maria Luiza

Nunan, Rebeca

Resumo

A pandemia da Covid-19 abalou totalmente o Brasil, e causou diversos impactos


nos mais variados setores. No Distrito Federal (DF) não foi diferente, gerando
grandes consequências em diversas áreas da economia. Estabelecimentos
comerciais foram fechados, empregos foram perdidos, tudo isso enquanto o sistema
de saúde entrava em colapso. Este artigo tem como objetivo abordar os principais
impactos socioeconômicos que ocorreram no Distrito Federal durante a pandemia
juntamente com uma análise de políticas públicas, incluindo aspectos no âmbito
educacional, de saúde e social, trazendo uma visão socioeconômica. Analisou-se
por meio de pesquisas, notícias e artigos o comportamento do governo durante o
período de pandemia, e as condutas tomadas nas áreas socioeconômicas e de
saúde. As políticas públicas adotadas não alcançaram a população como um todo,
causando um impacto negativo algumas vezes, mas em outras vezes elas foram
eficientes. Acompanhar as políticas públicas e ações feitas pelo governo do DF
pode ajudar a compreender as ações adotadas e realizar uma análise crítica da
realidade atual, diante do compromisso das pessoas como cidadãos, em busca de
uma sociedade mais igualitária.
Palavras-chaves: Pandemia; Covid-19; Impactos Socioeconômicos; Distrito Federal.

Main socioeconomic impacts and public policies in the Federal District (Brazil)
during the Covid-19 pandemic
Abstract

The Covid-19 pandemic has totally shaken Brazil; it has caused several
impacts in distinct sectors of the economy. The Federal District (Brazil) was not an
exception, generating big consequences in different economic areas. Commercial
establishments were closed, jobs were lost, and all of this happened while the
healthcare system collapsed. This article aims to address the main socioeconomic
impacts that occurred in the DF during the pandemic together with an analysis of the
public policies, including educational, healthcare, and social aspects, using a
socioeconomic view to look at it. It was analysed through research, news, and
articles the behavior of the government during the pandemic period, and the actions
taken in the socioeconomic, education and the healthcare areas. The public policies
which were adopted haven’t reached the population as a whole, causing a negative
impact sometimes, but other times they were effective. Tracking the public policies
and actions taken by the government of the Federal District can help to understand
the actions adopted and perform a critical analysis of our current reality, facing the
commitment of people as citizens, in search of an equal society.

Key words: Pandemic; Covid-19; Socioeconomic impacts; Federal District (Brazil).

1- Introdução

O novo coronavírus surgiu no final do ano de 2019, em Wuhan, na China, e


em 2020, foi responsável por causar a pandemia de COVID-19. Nesse contexto, o
governo chinês comunicou à Organização Mundial da Saúde (OMS), no dia 31 de
dezembro de 2019, sobre uma recente epidemia de causa desconhecida, cuja
origem presumida era o vírus SARS-CoV-2, e o primeiro caso de infecção foi
transmitido de animais para seres humanos, sendo o principal hospedeiro o
morcego.
Contudo, a infecção pelo coronavírus não foi uma completa novidade para a
humanidade, visto que, ao longo da história, já houveram algumas outras
pandemias que atingiram uma grande dimensão e impactaram o mundo como
nunca visto. Dessa maneira, destacam-se as similaridades das consequências
econômicas entre os surtos ocorridos nos séculos passados (como o da peste negra
e o da gripe espanhola) e o de 2019. Assim como em vários outros países do
mundo, o Brasil foi extremamente afetado, com importante diminuição das
atividades econômicas. Segundo a CODEPLAN (Companhia de Planejamento do
Distrito Federal), no Distrito Federal (DF) e entorno, a nova pandemia do coronavírus
causou uma severa desaceleração econômica e influenciou negativamente os
segmentos de mercado dedicados a fornecer bens e serviços não essenciais à
população.
No dia 11 de março de 2020, a OMS declarou que o mundo encarava uma
pandemia. Diante disso, o Governo do Distrito Federal (GDF) se propôs a adotar
medidas de controle para evitar a propagação do vírus, e, imediatamente foram
tomadas medidas legais de precaução. Nesse mesmo dia, o governador do DF,
Ibaneis Rocha, publicou o Decreto n.º 40.509, que dispõe sobre as medidas de
enfrentamento da pandemia. Esse primeiro decreto suspendeu por um prazo de 5
dias, eventos públicos de qualquer natureza com público superior a 100 pessoas e
atividades educacionais. Além disso, também estabeleceu o distanciamento mínimo
de 2 metros entre mesas em bares e restaurantes. O decreto foi seguido por vários
outros que ampliaram as restrições para vários setores da economia, mantendo
apenas os serviços essenciais, dentro de uma proposta de medidas de isolamento e
quarentena. Essas medidas prejudicaram diversas atividades econômicas, com
queda no lucro de empresas e diminuição do ganho dos próprios trabalhadores,
portanto, afetando não só a economia do Distrito Federal, mas também o Brasil
inteiro. O presente artigo tem como objetivo analisar o impacto socioeconômico e as
políticas públicas adotadas pelo governo do Distrito Federal durante o período de
enfrentamento da pandemia de COVID-19.

2- Metodologia

Para obter os resultados e respostas acerca da problematização apresentada


neste trabalho, foi realizada uma análise crítica, principalmente entre os meses de
abril a julho de 2021, de materiais anteriormente publicados, com a finalidade de
aprofundar a discussão sobre as principais consequências econômicas e políticas
públicas no Distrito Federal, tendo em vista a atual situação de pandemia, e a
atuação do governo do DF diante da nova realidade. Foram feitos alguns
levantamentos bibliográficos, com buscas em fontes de pesquisa secundárias como
nas bases de dados SciELO, como também na Constituição Federal de 1988, OMS
(Organização Mundial da Saúde) e a Declaração dos Direitos Humanos.

Em um busca de informações nas bases SciELO, foram utilizadas palavras


chaves de busca como "crise econômica", “COVID-19”, “direitos sociais” e “saúde”,
para encontrar diversos artigos que discutiam sobre a temática abordada no artigo.
Essas referências serviram de base para o desenvolvimento, como no caso do
artigo do INESC, “Balanço Semestral do Orçamento Geral da União” e o Boletim de
Conjuntura da CODEPLAN, número 16, tendo em vista que os dois artigos foram de
grande relevância para que houvesse uma noção geral da nossa temática e a
relevância dela no momento que estamos passando além de destacar a importante
relação entre a atual necessidade de políticas públicas e o Estado.

3. Desenvolvimento/Fundamentação teórica

O Estado deve ser responsável por garantir e colocar em prática os direitos


que são previstos na Constituição Federal e em outras leis, prescritos no artigo 6º
da Constituição, incluindo educação, saúde, trabalho, moradia, previdência social,
assistência aos desamparados, entre outros (BRASIL 1988). Desde o começo da
pandemia de COVID-19, as organizações de saúde têm ressaltado a relevância de
propor medidas sanitárias a fim de implementar medidas de redução da transmissão
do vírus SARS-CoV-2, baseadas no conhecimento científico e em experiências bem
sucedidas de outros países (LANA et al, 2020).
As medidas de enfrentamento da pandemia devem considerar as rápidas
mudanças que ocorreram na realidade da sociedade, de forma a tentar superar os
impactos em vários setores e garantir aos cidadãos seus direitos sociais (COSTA,
2020). Um estudo que realizou pesquisa sobre a percepção do isolamento social
durante a pandemia de COVID-19 no Brasil, foi observado que grupos populacionais
em contextos de vulnerabilidade social, podem apresentar maior vulnerabilidade à
Covid-19 por conta da desigualdade social presente, principalmente, entre pessoas
de baixa renda (BEZERRA ET AL, 2020). Dessa forma, estabelecer medidas para
enfrentar os problemas econômicos, visando a complementação de renda, pelo
menos temporária, é uma necessidade.
3.1. Análise dos principais impactos socioeconômicos e observação do
orçamento do governo distrital

No dia 26 de fevereiro de 2020, já é identificado o primeiro caso de Covid-19


em solo brasileiro e o governo do Distrito Federal (GDF), comandado por Ibaneis
Rocha (MDB), age rapidamente, em comparação com as outras Unidades
Federativas do Brasil (UF), emitindo um texto com medidas preventivas no dia 12 de
março, um dia após ser uma das primeiras UF’s a decretar a suspensão das aulas
devido ao avanço da pandemia pelo país, e apenas no mês de março, a Vigilância
Sanitária realizou mais 3.800 ações no combate à pandemia.
Mesmo assim, ao decorrer da pandemia, muitos contratempos foram
surgindo e apesar de ter adotado ações eficientes em diversos aspectos, o GDF
enfrentou muitos outros problemas graves, sem o devido controle, sejam eles
empecilhos educacionais, sanitários, econômicos ou sociais.

3.2. A Educação brasileira e o orçamento público durante a pandemia.

Tratando-se do âmbito educacional, a pandemia do Covid-19 apenas


agravou, ainda mais, uma realidade já bastante desigual. O Brasil possui uma dívida
histórica em relação ao acesso à educação. A formação histórica do nosso país,
marcada pelo colonialismo e o trabalho escravo, constituiu uma sociedade desigual
e elitista, que não garante igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola. Apenas após a Constituição de 1988 1, é que se propôs a universalização do
ensino, de forma que todos tivessem o seu direito à educação básica assegurado.
Entretanto, o direito à educação, tal como Constituição estabelece, não foi
concretizado, pois as populações mais vulneráveis, como indígenas, ribeirinhos e
quilombolas possuem baixa escolarização e tiveram mais dificuldades para assistir
às aulas online durante a pandemia.
De acordo com a Audiência Pública ocorrida na Comissão de Educação da
Câmara dos Deputados, durante o ano de 2021, a situação de desigualdade
educacional se agravou ainda mais, aumentando também as diferenças
educacionais entre os diferentes estados e municípios, incluindo o Distrito Federal.
1 Constituição da República Federativa do Brasil artigo 206.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, a evasão
escolar também aumentou, mais de 5 milhões de crianças e adolescentes ficaram
sem aulas no Brasil. Já no DF, de acordo com o estudo "Cenário da Exclusão
Escolar no Brasil'', foram registradas mais de 28 mil crianças e adolescentes fora da
escola, seja pela falta de recursos digitais necessários, seja pela ausência de
investimentos do Governo Distrital para mantê-las nas escolas. De acordo com
Andrea Ramal, Doutora em Educação pela PUC-Rio, a quantidade de alunos fora
da escola no DF é muito grande, preocupante e a longo prazo, no futuro, pode
causar um aumento no desemprego, mostrando que os impactos da pandemia vão
muito além do fechamento das escolas.
Nesse sentido, também argumenta a organização Todos pela Educação, em
estudo publicado em fevereiro do ano de 2021. Segundo este estudo, o próprio
Relatório Bimestral da Execução Orçamentária do Ministério da Educação (MEC)
revela que, este ano, recebeu um montante 10,2% menor do que o do ano de 2019,
tornando- se assim o pior resultado da década. Desse modo, o estudo conclui que
houve baixa execução orçamentária e retração das políticas e programas voltadas
para a educação básica e ensino médio. Assim, os impactos da pandemia foram
além do fechamento das escolas, repercutindo na qualidade da formação dos
estudantes que deverão ocupar o mercado de trabalho no futuro.
A baixa execução orçamentária também afetou as políticas de assistência
social. O Auxílio Emergencial de 2021, pago pelo Governo Federal para as pessoas
mais vulneráveis, foi quatro vezes menor do que o do ano passado. Em 2020,
foram destinados R$400 bilhões para o combate à pandemia, e este ano, no mesmo
período, pouco menos de R$100 bilhões foram pagos. Além disso, no presente ano,
autorizou-se R$121 bilhões de reais a menos para a transferência de renda
emergencial, em comparação com o ano passado. De acordo com o Inesc, Instituto
de Estudos Socioeconômicos, em 2020 autorizou-se R$164 bilhões para esta
finalidade, em 2021, somente R$43 bilhões
3.3.- Vacinação no Distrito Federal

A vacinação no Distrito Federal vem recebendo críticas da imprensa 2 pela


falta de planejamento, falta de propagandas e lentidão no processo de vacinação.
Enquanto em outras cidades como São Paulo, a expectativa é vacinar 100% da
população acima de 18 anos até outubro, no DF, entretanto, a estimativa é apenas
imunizar 70% da população até este mesmo mês. De acordo com o sanitarista
Jonas Brant, coordenador da Sala de Situação da Universidade de Brasília (UnB), o
DF, por ter uma pequena população em comparação às outras cidades e receber
mais recursos per capita recebido do SUS (Sistema Único de Saúde), deveria ter
tido um melhor planejamento e estruturação em relação ao processo de vacinação.
Em comparação aos outros municípios, o Distrito Federal utilizou métodos
próprios referentes à distribuição das vacinas. Em contradição às recomendações
do Ministério da Saúde, o Governo do Distrito Federal vem armazenando as doses
de vacina ao invés de distribuir as vacinas já disponíveis para toda a população.
Além disso, de acordo com o jornal Correio Braziliense, pesquisadores e
professores da Universidade de Brasília (UNB), apontam que essa estratégia
favorece as populações mais privilegiadas e com maior acesso a informações, visto
que no Plano Piloto 20% da população se imunizou, já na cidade satélite
Samambaia, por exemplo, apenas 5% foi imunizada.
No ano de 2021 o orçamento autorizado para a área de saúde foi de R$176
bilhões, mas apenas 43% desse valor foi realmente pago e destinado à esta área.
Entretanto, no ano de 2020, a área da saúde foi a que obteve maiores recursos e
investimentos. Esses foram distribuídos entre ampliação de carga horária de
servidores, nomeações, entre outras ações. Convocou-se, assim, profissionais da
área da saúde, como médicos, psicólogos e enfermeiros contratados para combater
a Covid-19.
Conforme o Portal Transparência do Governo do Distrito Federal, R$25
bilhões foram empenhados3 para a compra de vacinas em 2021. Apenas 36% foram

2 https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/lentidao-da-vacinacao-em-brasilia-gera-aglomeracoes-pela-xepa-
fuga-para-goias-1-25114561 Acessado em 06/08/2021.
3 O empenho é a fase da despesa pública em que fica garantido o uso de recursos para o pagamento de
determinado serviço público ou compra.
pagos. Até o mês de julho deste ano, de acordo com a Secretaria da Saúde do
Distrito Federal, 56% da população acima de 18 anos já foi vacinada com a primeira
dose, e, apenas 21% tomou a segunda desta mesma vacina.

3.4- Aspectos socioeconômicos marcantes

É possível notar (na imagem abaixo) que tanto o Brasil (max. 4.1) como o DF
(max. 1.0) sofreram grandes perdas durante a pandemia de Covid-19, como indica a
Companhia de Planejamento do Distrito Federal (CODEPLAN). O Índice de
Desempenho Econômico do Distrito Federal (IDECON) atingiu a maior contração
desde o início da série histórica (iniciou-se em 2012). De acordo com a atual
diretora de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas (DIEPS), Clarissa Schlabitz,
apesar de sofrer contração, a economia do DF agiu de maneira significativamente
mais estável do que a brasileira (como pode-se ver no Gráfico 1), o que, segundo
ela, já é um comportamento econômico conhecido pelos economistas e demonstra a
resiliência e a estabilidade da economia distrital.

Gráfico 1 – Grau de atividade econômica: Comparação proporcional entre PIB-Brasil e Idecon-


DF – Trimestre em relação ao mesmo trimestre do ano anterior – 1º TRI 2016 a 1º TRI 2021
Fonte: 16º Boletim de Conjuntura Elaboração: GECON/DIEPS/IBGE/CODEPLAN
Acesso em: 05/07/2021 Disponível em:
http://www.codeplan.df.gov.br/wp-
content/uploads/2018/02/Boletim_de_Conjuntura_do_DF_1o_Trimestre-2021.pdf
De acordo com dados da CODEPLAN, não houve pesquisa de dados no
primeiro trimestre devido à situação da crise de COVID-19, a média entre o segundo
e o terceiro trimestre de 2020 acumulados ficou em 20,0%, mas durante o terceiro
trimestre de 2020 a PED/DF (Pesquisa de Emprego e Desemprego) demonstrou um
índice de 18,0% na taxa de desemprego, o que é próximo a dados de países menos
desenvolvidos durante o mesmo período, como a Líbia, é maior do que países em
situações mais instáveis, como a Venezuela (10% aproximadamente). De acordo
com a CODEPLAN, níveis extraordinários de desocupação já estavam presentes
antes da pandemia, como podemos ver no terceiro trimestre de 2019, quando a
marca atingiu 19,4%, o que demonstra que apesar de o índice ter se mantido
estável, não houve política pública eficaz para a criação de empregos durante a
pandemia e inclusão de desocupados no mercado de trabalho, ao ser comparado
com a média nacional do mesmo período (terceiro trimestre de 2020), onde a taxa
de desocupação foi de aproximadamente 14% de acordo com o IBGE, ou seja, os
problemas já eram existentes e apenas foram agravados pela pandemia.
Outro indício importante a ser considerado é a capacidade de consumo da
população, que foi, de acordo com o 16º Boletim de Conjuntura da CODEPLAN,
extremamente comprometida devido a dois fatores principais, a aceleração
inflacionária e o nível elevado de desemprego na capital.

3.4.1- Desigualdade socioeconômica

Tabela 1 - Tabela mostrando a Ocupação antes e durante a pandemia


juntamente com o Trabalho na Residência antes e durante a pandemia.

Fonte: CODEPLAN/GEREM Elaboração: CODEPLAN (2021)


Segundo a filha de candangos 4, Luzimara Oliveira Mendes, a desigualdade
de renda no DF é enorme desde a inauguração de Brasília em 1960, ao ser
entrevistada ela contou como ela e a família tiveram que morar em barracos
improvisados e não tinham acesso a direitos básicos como saneamento e
infraestrutura. Na Tabela 2, a desigualdade é perceptível, pode-se ver que a
porcentagem de desocupados antes da pandemia era semelhante entre as
diferentes classes, mas a desigualdade se tornou ainda mais evidente durante a
pandemia. Pode-se ver que quanto menor a renda, menores são as chances de se
sustentar em um emprego formal durante a pandemia. É notável também a
facilidade relativa que as classes mais altas tiveram de se adaptar ao trabalho à
distância ou trabalho residencial, tendo em vista que antes da pandemia a
porcentagem de indivíduos que trabalhavam em casa era semelhante em todas as
classes.
O GDF em uma tentativa de ajudar os mais necessitados do DF, tendo em
vista que o auxílio federal de apenas R$600 não consegue suprir as necessidades
dos mais carentes por muito tempo, emitiu alguns auxílios financeiros emergenciais
distritais como a “Lei Aldir Blanc” (auxílio emergencial para indivíduos e espaços de
arte e cultura) e o “DF sem miséria” para mais de 24 mil famílias. Vale lembrar que o
DF é a UF mais rica do Brasil (por PIB per Capita), o que com certeza é uma
característica que possibilitaria ao GDF prover mais auxílios para a população que
já sofre tanto com a desigualdade social presente. Isso não mudou o fato de o DF
ter iniciado uma testagem tardia e extremamente desigual, com pouquíssimos testes
disponibilizados pelo governo, a única opção muitas vezes eram os testes de
empresas privadas, que chegaram a custar mais de 110 reais no período, um preço
barato para muitos, mas não para a população das RA’s de baixa renda (mais de
310.000 pessoas de acordo com a CODEPLAN/Itapoã, Paranoá, Recanto das
Emas, etc.) que ganha aproximadamente 2 salários mínimos, enquanto isso, a
média salarial das RA’s de alta renda (Plano Piloto, Lago Sul, Jardim Botânico, etc)
é de mais de 15.000 reais de acordo com a CODEPLAN, o que, segundo a
economista Clarissa Schlabitz é “a cara da desigualdade que a gente tem aqui no
Distrito Federal, é a desigualdade de renda”.

4 Candango é o termo utilizado para se referir aos operários de outras regiões (principalmente do Nordeste) que
vieram trabalhar na construção da nova capital, Brasília, estando eles presentes em todas as obras do projeto da
capital.
3.4.2- Medidas tomadas: “Lockdown”

Além de muitos problemas relacionados a má gestão e desorganização, um


dos mais graves com certeza foi o mal planejamento de “Lockdowns” (fechamento
parcial ou total de determinados estabelecimentos) e outros decretos sanitários,
sobre uma visão econômica. De acordo com um estudo realizado pelo “Imperial
College” de Londres, o decreto regular e fiscalizado de “Lockdowns” pela Europa
conseguiu evitar mais de 3.1 milhões de mortes, além de retrocessos econômicos
mais graves. Um “Lockdown” claramente traz prejuízos econômicos a curto prazo
(se não for acompanhado de um auxílio financeiro robusto), pois consiste no
fechamento total de diversos estabelecimentos. Mas a longo prazo isso tudo é
compensado, práticas como essa evitam milhões de mortes em situações
pandêmicas, e não há economia sem pessoas vivas e saudáveis. Entretanto, um
“Lockdown” só é eficiente se for aplicado sem interrupções e constantemente, se
ocorrerem apenas pequenos períodos de “lockdown”, o objetivo sanitário se torna
ineficiente e com pouca utilidade, e infelizmente, prejuízos econômicos massivos
ocorrem “em vão”. Foi exatamente o que houve no Distrito Federal, como podemos
ver no website oficial do governo distrital “Agência Brasília”. Houve diversos atritos e
falhas na implementação de tais decretos, como aconteceu no início de Abril de
2020, quando o governo de Ibaneis Rocha decidiu recorrer da decisão judicial de
fazer um “Lockdown”, enquanto os casos aumentavam cada vez mais. Como já
mencionado antes, o governo distrital agiu muito bem e de forma eficiente durante o
início da pandemia (fevereiro e março), com decretos eficazes e políticas ágeis,
mas, isso foi desacelerando até chegar a um patamar de impotência e uma
desorganização que custou milhares de vidas.

4- Conclusão
Primeiramente, vale ressaltar que um artigo de uma qualidade maior seria mais
facilmente feito com um período de tempo maior e uma verba mais robusta, mesmo
assim, a ajuda de uma equipe especializada definitivamente impulsionou e
incrementou o nosso projeto de maneira positiva. Durante a pesquisa realizada,
notou-se que houve graves impactos socioeconômicos durante a pandemia do
Covid-19. Com um maior recorte na economia, nos setores sociais, educacionais e
da saúde, o estudo visa demonstrar as fragilidades das áreas como consequências
das limitadas ações de enfrentamento da pandemia pelo governo.
Este estudo foi direcionado para a região do Distrito Federal e entorno, e
como meio de comparação, utilizou-se dados e informações nacionais e
internacionais. O artigo conclui, de forma imparcial, seja de cunho político ou
econômico, que as políticas públicas realizadas pelo governo não tiveram total
alcance para a população e que os impactos econômicos tiveram alguns bons
resultados e outros que deixaram a desejar. Deste modo, este projeto pode gerar
impacto tanto na conscientização da população do DF quanto sobre seus direitos,
podendo contribuir para que gestores e agentes sociais que lidam com políticas
públicas possam refletir e traçar a partir de informações que constam na pesquisa
suas ações para o enfrentamento da pandemia. Diante disso, é notório a relevância
que este estudo tem sobre o comportamento da economia distrital durante uma
crise sanitária de tamanhas proporções.
Exemplos claros disso foram visualizados e analisados nos mais diversos
setores da economia e do governo. Em aspectos socioeconômicos, pôde-se ver
uma certa ineficácia em combater a desigualdade alarmante e inserir os mais
pobres no mercado de trabalho formal, mas não apenas eles, também foi notável ao
ver a população em geral, com níveis abismais de desemprego antes e durante a
pandemia, visualizamos também como a economia se comportou, quais setores se
sobressaíram e quais se contraíram. Já no setor educacional, foi percebido um
agravamento de uma desigualdade já existente anteriormente que sofreu um maior
impacto após a pandemia e com a falta de investimentos governamentais com o
viés de melhorar o ambiente escolar para os alunos, de todas as classes sociais, em
um momento de isolamento social de uma pandemia global. Já se tratando da área
da saúde, uma área fundamental em um momento pandêmico, foi observado uma
falta de planejamento e organização quando tratamos de compras de vacinas. O DF
ainda não alcançou uma alta imunização de toda a população em comparação a
outros estados brasileiros. Apesar disso, notamos também uma estabilidade na
economia, junto com algumas políticas sociais que ajudaram parte da população.
Contudo, é de suma importância compreendermos e acampamos as
políticas e as despesas públicas para garantir que elas assegurem os direitos
fundamentais à vida, saúde e educação. Além disso, é fundamental acompanhar
essas políticas e ações feitas pelo governo do Distrito Federal a fim de buscar a
compreensão dessas ações para que possamos realizar o nosso compromisso
como cidadãos e fiscalizando o poder Executivo, para se entender melhor o papel
que o governo possui no combate à pandemia e como a implementação das
políticas públicas nos afeta.

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