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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE


ITABORAÍ-RJ

Distribuição por dependência ao processo nº: 0007140-60.2013.8.19.0023

WILMAR ANTONIO DE AZEVEDO, brasileiro, solteiro, aposentado,


portador da carteira de identidade nº 807957451, expedida pelo IFP/RJ, inscrito no CPF
nº 112.934.207-78, residente e domiciliado na Estada Vereador Antônio Cícero, nº 20,
Cabuçú, Vila Verde, Itaboraí vem, perante Vossa Excelência, por intermédio da Defensoria
Pública do Estado do Rio de Janeiro, vem, perante V. Exa., na forma do art. 16 e seguintes
da lei 6.830/80, opor

EMBARGOS À EXECUÇÃO

em face de MUNICÍPIO DE ITABORAÍ, pessoa jurídica de direito público, inscrita no


CNPJ n.º 28.741.080/0001-55, com sede na Praça Marechal Floriano Peixoto, nº 97,
Centro, Itaboraí, pelas razões de fato e direito que a seguir passa a expor.

I. SÍNTESE DA DEMANDA

Trata-se de Ação Execução Fiscal por meio da qual o credor busca a satisfação de
débito decorrente de crédito tributário, mais precisamente Taxa de Fiscalização, de
Instalação e de Funcionamento (T.F.I.F), referente ao ano de 2008 a .2011, sob o valor
total de R$ 1.960,74 (mil novecentos e sessenta e setenta e quatro centavos).

Diante da inercia do Executado citação por edital, vieram os presentes autos à


Curadoria Especial.

II. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA E DESNECESSIDADE DE CAUÇÃO


PARA OFERECIMENTO DOS EMBARGOS

Inicialmente, AFIRMA, de acordo com o artigo 4º da Lei n.º 1060/50 e artigo 98 e


seguintes do CPC, ser pessoa hipossuficiente econômica, não podendo arcar com o

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Assinado em 16/12/2021 18:30:37


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pagamento das custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio
sustento ou da sua família, razão pela qual faz jus à GRATUIDADE DE JUSTIÇA,
indicando a Defensoria Pública em exercício junto a esse r. Juízo para o patrocínio de seus
interesses.

Tratando-se de Embargos à Execução Fiscal, tem-se a aplicação do art. 16, §1º da lei
6.830/80, a qual condiciona a admissibilidade dos Embargos sem a prévia garantia da
execução.
Ocorre que, no presente caso, temos a defesa do Executado realizada pela Defensoria
Pública, na forma do art. 134, caput da CRFB/88 e art. 4º, I e V da L.C 80/94.

À Defensoria Pública, cabe a defesa dos que a lei dispuser, dando a máxima
efetividade ao disposto no art. 5º, LV da CRFB/88

Desta forma, não há como sustentar a inadmissibilidade dos presentes


Embargos em decorrência da ausência de garantia do Juízo.

Neste sentido, temos o entendimento o E. STJ:

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS DO DEVEDOR.


EXECUTADO. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. PATRIMÔNIO.
INEXISTÊNCIA. HIPOSSUFICIÊNCIA. EXAME. GARANTIA DO JUÍZO.
AFASTAMENTO. POSSIBILIDADE. 1. "Aos recursos interpostos
com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões
publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os
requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com
as interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça" (Enunciado Administrativo n.
2 - STJ). 2. Os embargos são o meio de defesa do executado
contra a cobrança da dívida tributária ou não tributária
da Fazenda Pública, mas que "não serão admissíveis ...
antes de garantida a execução" (art. 16, § 1º, da Lei n.
6.830/80). 3. No julgamento do recurso especial n.
1.272.827/PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, submetido
ao rito dos recursos repetitivos, a Primeira Seção
sedimentou orientação segunda a qual, "em atenção ao
princípio da especialidade da LEF, mantido com a reforma
do CPC/73, a nova redação do art. 736 do CPC dada pela Lei
n. 11.382/2006 - artigo que dispensa a garantia como
condicionante dos embargos - não se aplica às execuções

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fiscais diante da presença de dispositivo específico, qual
seja o art. 16, § 1º, da Lei n. 6.830/80, que exige
expressamente a garantia para a apresentação dos embargos
à execução fiscal." 4. A Constituição Federal de 1988, por
sua vez, resguarda a todos os cidadãos o direito de acesso
ao Poder Judiciário, ao contraditório e à ampla defesa
(art. 5º, CF/88), tendo esta Corte Superior, com base em
tais princípios constitucionais, mitigado a
obrigatoriedade de garantia integral do crédito executado
para o recebimento dos embargos à execução fiscal,
restando o tema, mutatis mutandis, também definido na
Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.127.815/SP, na
sistemática dos recursos repetitivos. 5. Nessa linha de
interpretação, deve ser afastada a exigência da garantia
do juízo para a oposição de embargos à execução fiscal,
caso comprovado inequivocadamente que o devedor não possui
patrimônio para garantia do crédito exequendo. 6. Nada
impede que, no curso do processo de embargos à execução,
a Fazenda Nacional diligencie à procura de bens de
propriedade do embargante aptos à penhora, garantindo-se
posteriormente a execução. 7. Na hipótese dos autos, o
executado é beneficiário da assistência judiciária
gratuita e os embargos por ele opostos não foram recebidos,
culminando com a extinção do processo sem julgamento de
mérito, ao fundamento de inexistência de segurança do
juízo. 8. Num raciocínio sistemático da legislação federal
aplicada, pelo simples fato do executado ser amparado pela
gratuidade judicial, não há previsão expressa autorizando
a oposição dos embargos sem a garantia do juízo. 9. In
casu, a controvérsia deve ser resolvida não sob esse ângulo
(do executado ser beneficiário, ou não, da justiça
gratuita), mas sim, pelo lado da sua hipossuficiência,
pois, adotando-se tese contrária, "tal implicaria em
garantir o direito de defesa ao "rico", que dispõe de
patrimônio suficiente para segurar o Juízo, e negar o
direito de defesa ao "pobre". 10. Não tendo a
hipossuficiência do executado sido enfrentada pelas
instâncias ordinárias, premissa fática indispensável para
a solução do litígio, é de rigor a devolução dos autos à
origem para que defina tal circunstância, mostrando-se
necessária a investigação da existência de bens ou
direitos penhoráveis, ainda que sejam insuficientes à
garantia do débito e, por óbvio, com observância das

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limitações legais. 11. Recurso especial provido, em parte,
para cassar o acórdão recorrido.

(RECURSO ESPECIAL Nº 1.487.772 - SE (2014/0269721-5)


RELATOR : MINISTRO GURGEL DE FARIA. 1º Turma. Julgado em
28/05/2019.)

III. DO MÉRITO

AUSÊNCIA DE FATO GERADOR-NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO


DA EXISTÊNCIA DA PRÁTICA DE PODER DE POLÍCIA, OU A
UTILIZAÇÃO, EFETIVA OU POTENCIAL, DE SERVIÇO PÚBLICO
ESPECÍFICO E DIVISÍVEL, PRESTADO AO CONTRIBUINTE OU
POSTO À SUA DISPOSIÇÃO

O presente crédito tributário refere-se a taxa, que por si própria, possui natureza
vinculada à atividade estatal, seja pelo poder de polícia, utilização de serviço público,
prestado ao contribuinte, ou posto à sua disposição, conforme dispõe o art. 77 do CTN.

Ocorre que, se faz necessária a comprovação da vinculação da presente taxa ao


Executado, que seria o contribuinte.

Para tanto, faz-se também necessária a apresentação do processo administrativo de


constituição do crédito tributário, conforme dispõe o art. 41 e seguintes da lei 6.830/80
c/c 3733, II do CPC, incumbindo-lhe ao Embargado a prova do fato gerador.

Considerando que o ente público é detentor dos documentos que comprovam a devida
constituição do crédito tributário apresentar os documentos que comprovem a vinculação
do ato pratico por este, sendo devidamente prestado ao contribuinte, ora Embargante, para
que seja devidamente comprovada o fato gerador do crédito tributário, que destaca-
se, os atos devem ser estes exclusivamente prestados pelo poder público diretamente
ao contribuinte e de forma divisível, na forma do art. 77 e seguintes do CTN.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, requer a Embargante:

A) Seja deferia a gratuidade de justiça;

B) Seja reconhecida a desnecessidade de garantia do Juízo;

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C) Seja intimado o Embargado para apresentar defesa de mérito;

D) Seja acolhido o presente Embargo, uma vez comprovada a ausência de fato


gerador do crédito tributário;

E) Seja atribuído o ônus da prova ao Embargado, principalmente em relação à


apresentação do processo administrativo de constituição do crédito tributário e
comprovação do fato gerador, na forma do art. 373, §1º do CPC;

F) Protesta o Embargante pela produção de todos os meios de prova admitidos em


direito;

G) Seja o Embargado condenado ao pagamento de honorários de sucumbência a serem


revertidos em favor do CEJUR-DPGE/RJ.

Dar-se-á à causa, o valor simbólico de R$ 1.000,00 (mil reais).

Pede Deferimento.

Itaboraí, 16 de dezembro de 2021.

Noele Portal Caldas


Defensora Pública
Mat. 896.778-8

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