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Dr. Marcos Minello - Auriculoterapia 2.

Aula 1. Yin Yang

Olá a todos, tudo bom? Nesse vídeo a gente vai falar um pouco sobre o
Yin e o Yang e um conceito básico para a gente conseguir evoluir e levar isso para a
Medicina Tradicional Chinesa. Então essa vai ser uma das visões mais antigas da
Medicina Tradicional Chinesa, que é exatamente a explanação, a explicação do que
é do Yin, do que é o Yang.
Então, o conceito de Yin-Yang, a primeira vez que ele é visto de forma
escrita acontece nos Livros da Mutação, que é um livro escrito 720 anos a.C. O
primeiro conceito que se tem de Yin-Yang é exatamente um conceito quando um
monge observa um monte e dentro desse monte, ele vê um lado que está exposto
ao sol e um outro lado que não fica exposto ao sol. Então numa visão de uma
determinada época do ano, esse vale, esse lado posterior da colina, nunca pega sol,
enquanto o outro lado pega sol o tempo inteiro. E ele começou a observar
divergências de um lado em relação ao outro, e daí nasce o primeiro conceito
filosófico do Yin-Yang, que é a oposição do Yin e do Yang.
Então o conceito mais básico de Yin-Yang seria o lado claro da montanha
e o lado escuro da montanha, e o que de características têm para cada um. Então a
primeira coisa que a gente tem que pensar é o seguinte, o primeiro conceito é: o
lado claro da montanha tende a ter mais claridade, tende a ter mais energia, tende a
ter mais calor; enquanto o outro lado da montanha vai tender à escuridão, um pouco
mais frio, um pouco mais de densidade. Então a gente vai observar algumas dessas
características na montanha.
E aí esse livro, o Livro das Mutações, começa a trazer, na verdade, essa
visão, essa fisiologia, esse conceito para uma visão do corpo humano – o que, no
corpo humano, isso pode estar acontecendo. Então quando a gente olha o Yin-
Yang, a gente começa a ver a interrelação entre eles. Então na Medicina Tradicional
Chinesa, a gente pode classificar as patologias e/ou as pessoas como
características de Yin-Yang e as suas interrelações.
Então para a Medicina Tradicional Chinesa, o Yin e o Yang devem estar
equilibrados para que se haja harmonia e dentro da harmonia o corpo funcione de
uma forma ideal.
Então a oscilação de área entre o Yin e o Yang é comum dentro da gente,
assim como a noite e o dia. Então o dia é considerado o Yang, enquanto a noite é

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considerada o Yin. Então a gente tem essa diferença que acontece: metade do dia é
Yin e metade do dia é Yang, então a noite Yin e o dia Yang, ok?
E isso acontece também dentro do nosso corpo, então tem momentos em
que a gente está mais eufórico, tem momentos em que a gente está mais animado,
tem momentos em que a gente está mais enérgico, a gente está mais Yang; e tem
momentos em que a gente está mais introspectivo, a gente está com menos energia,
então nesses momentos a gente está um pouco mais Yin.
Isso são conceitos básicos de Yin-Yang, que dá para a gente levar para o
nosso cotidiano. Então, por exemplo, se visualmente, ao notar um paciente que está
mais apático, mais debilitado, ele tende a ser classificado como Yin; se ele é um
paciente mais agitado, mais explosivo, ele vai ser classificado como Yang, a
princípio através desses Livros das Mutações, que vêm há 720 anos a.C., ok?
Mas o conceito de equilíbrio entre isso vai evoluir um pouco mais, uns
anos um pouco mais à frente, cerca de 500 anos a.C., começa-se a classificar, na
verdade, que esse Yin-Yang pode ter alterações diferentes dentro dele, ok?
Então o Yin, que é a parte mais material, mais densa, mais escura, ela
pode ter dois quadros, principalmente. Na verdade, três, né? Primeiro, ela pode
estar normal, o que a gente não classificaria como patológica; ela pode estar num
quadro de excesso, que a gente classificaria como um excesso de Yin; ou ela pode
também, sim, estar num estado de deficiência, ok? Então a gente tem um excesso
de Yin e uma deficiência de Yin acontecendo. Vou explicar o que cada um desses
casos pode levar dentro do corpo da pessoa.
Já no Yang, eu posso também ter três classificações: eu posso ter o Yang
equilibrado, não causando nenhuma alteração, se tornando fisiológico; eu posso ter
um excesso de Yang, um excesso de energia dentro do corpo; ou posso também ter
uma deficiência de energia, uma deficiência de Yang acontecendo dentro do corpo,
ok? Então a gente pode ter essas prévias classificações entre as relações de Yin-
Yang.
Então essas interrelações de Yin-Yang, a gente vai entender um pouco
mais, até para conseguir classificar um pouco mais e na hora de tratar, a gente fazer
essa ligação do Yin-Yang, do excesso e da deficiência junto com os órgãos, com as
vísceras ou com as alterações patológicas que vão aparecer dentro do corpo do
paciente.

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Então o primeiro conceito que a gente vai ter, que a gente vai dividir, é o
seguinte: existe uma interrelação entre o Yin e o Yang. Então a gente vai começar
falando do Yang, que é muito mais simples e muito mais usual dentro do nosso dia a
dia.
Então a gente vai pensar no primeiro caso de lesão, que é uma
deficiência do Yang: então se eu tenho uma deficiência do Yang, o que há de
previsto como patologia no paciente? Então deficiência energética, tá? Então
deficiência de Yang você vai lembrar como deficiência energética. Então nessa
deficiência energética, o que a gente vai observar? Primeiro, o paciente tem um
cansaço que não passa, então um paciente que tem falta de energia, um paciente
sedentário, um paciente inerte, um paciente que não consegue tocar sua vida à
frente, um paciente que tem tudo para dar certo, mas o que falta é o combustível,
então esse tipo de paciente a gente vai classificar como uma deficiência de Yang
global do paciente.
Mas dentro das deficiências globais, eu posso ter também deficiências
energéticas localizadas. Por exemplo, eu posso ter uma deficiência no cérebro que
vai me dificultar em mexer o braço. Então vamos falar de um Acidente Vascular
Encefálico, por exemplo: um paciente que teve um derrame, que isso vai ser uma
deficiência de Yin, eu vou explicar um pouco mais à frente, leva a uma perda de
movimento no braço. Então a perda de movimento é classificada como uma
deficiência energética. Se é uma deficiência energética, é uma deficiência de Yang.
Então se está deficiente de Yang, o meu trabalho vai ser fazer o quê? Uma
ascensão desse Yang, o trabalho que, na auriculoterapia, na acupuntura, no shiatsu,
vai ser fazer com que essa energia que está muito baixa nesse membro superior se
eleve, fazendo com que a pessoa ganhe novamente movimentos dentro desse
braço.
O segundo quadro de interrelação entre Yin-Yang é o excesso do Yang.
Então o excesso do Yang o que seria? Quando o paciente apresenta alterações com
muita energia. Então vamos pensar num quadro muito clássico, que é, por exemplo,
um paciente hipertenso. Então o paciente hipertenso clássico, ele apresenta uma
vermelhidão facial, uma dor de cabeça, ele está angustiado, ele começa a ter uma
sudorese intensa, então os sinais são de calor intenso dentro do corpo, ele tem uma
taquicardia, o coração acelerando, então isso tudo faz com que apresentem sinais
de excesso de Yang. Por exemplo, o que é um excesso de Yang? Excesso de
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energia. O que eu posso classificar como excesso de energia também? Se eu


pensar em uma lesão, um trauma direto, se eu tenho uma lesão, por exemplo, no
meu ombro, vem alguém e bate no meu ombro, o que vai disparar no meu ombro?
Vai disparar sinais flogísticos: dor, calor, rubor e edema. Então dentro dessa dor,
calor, rubor e edema, isso tudo é Yang, tá? Então classifica-se sempre uma
inflamação aguda como um excesso de Yang.
Dessa forma, vai ficar muito mais fácil tratar essas patologias: se é um
excesso de Yang, o trabalho dentro da Medicina Tradicional Chinesa vai ser gerar
uma deficiência desse Yang, então eu vou ter que drenar esse excesso de Yang, eu
vou ter que fazer uma dissipação.
Então um dos termos que a gente vai começar a falar um pouco dentro do
curso vai tonificação e sedação. Então se eu tenho um excesso de Yang, no
excesso eu vou fazer o quê? Sedar esse excesso. Se eu tenho uma deficiência de
Yang, o que eu vou fazer? Tonificar o Yang. Então em todo excesso eu sedo e em
toda deficiência eu tonifico.
Como que eu observo se é um excesso ou uma deficiência? A gente vai
entender um pouco mais lá na frente, mas tudo vem da história da doença atual do
paciente, classificada na hora da avaliação como HDA – História da Doença Atual –
do paciente. E dentro dessa História da Doença Atual do paciente, a gente vai
conseguir classificá-lo como um excesso ou como deficiência, principalmente porque
a gente vai pegar muitos pacientes poliqueixosos, um paciente que tem muitas
queixas ao mesmo tempo. E aí a gente vai priorizar as principais queixas e dentro
dessas principais queixas, a gente vai observar os sintomas que estão acontecendo
dentro dessa principal queixa, para observar se tem sinais de excesso ou se tem
sinais de deficiência acontecendo dentro dessa lesão que o paciente vem relatando.
Quando a gente vai para o Yin, a gente já vai visualizar o Yin como
alterações de estrutura, ok? Então estrutura óssea, estrutura muscular, então coisas
mais densas, tecidos, propriamente ditos, a gente vai ter alterações de Yin, ok?
Então o que seria uma deficiência de Yin? Na nossa visão, principalmente a gente
está tratando mais com dor, com lesões articulares e tudo mais, a visão é: as
degenerações, as artroses, principalmente, a degeneração de um tendão, uma
tendinose, uma artrose, tudo que tem “ose” no final quer dizer degeneração. Então
tudo o que tiver o “ose” no final vai ser uma degeneração e vai ser classificada como

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uma deficiência de Yin. E, dessa forma, a gente vai ter que tonificar esse Yin, para
fazer com que o paciente consiga, sim, voltar a melhorar o seu quadro clínico.
Será que existem deficiências que são, de alguma forma, impossíveis de
se retornar ao equilíbrio? Lógico, gente, tem patologias que são patologias crônicas
e que a gente não vai conseguir melhorar 100% o paciente. Então o paciente que já
está numa fila de cirurgia, que tem uma artrose já muito grave, muito degenerativa, e
ela já tem indicativo de protetização, qual seria o trabalho lá na auriculoterapia, na
acupuntura, no shiatsu, na Medicina Tradicional Chinesa como um todo? Não
visualizar a patologia.
Isso é o que eu falo muito para vocês: parem de pensar na lesão, vamos
pensar com o pensamento chinês, com o pensamento oriental, que é o quê? O meu
paciente precisa ter a melhor qualidade de vida para que ele tenha uma boa
sobrevida. Então não importa muito se o joelho dele está com degeneração, o que
me importa é: será que eu consigo fazer um trabalho na auriculoterapia para que
esse paciente sinta menos dor no joelho e eu consiga prorrogar essa patologia, eu
consiga prorrogar essa lesão, e, dessa forma, esse paciente, na verdade, ser levado
à cirurgia muito mais tarde, daqui a uns 10 ou 15 anos, ou quem sabe nem mais
precisar da cirurgia, ok?
Então, dessa forma, a gente pode trabalhar em cima da dor do paciente,
em cima da melhora do movimento do paciente, visando uma tonificação do Yin, que
vai fazer com que as sinóvias, as articulações sinoviais, melhorem sua liquefação e
façam com que esse paciente tenha uma melhor qualidade de vida.
E mesmo que depois ele faça um novo exame de imagem e ainda
apresente artrose: “ah, a acupuntura, auriculoterapia, shiatsu, não regrediu a
artrose”, mas a função do paciente melhorou? É isso que é muito importante. Por
isso que eu falo: na hora que a gente está avaliando o paciente, mais importante do
que a patologia são os sintomas que incomodam esse paciente. Se numa próxima
avaliação esse paciente relata que: “nossa, como eu estou conseguindo agora
sentar melhor e levantar da cadeira”, “como agora eu consigo limpar melhor minha
casa e não sinto tanta dor”, “nossa, como agora eu consigo pegar meu netinho e
antes eu tinha muita dor na coluna e não conseguia”. Sempre a melhora da função é
muito mais funcional para o terapeuta do que realmente tratar ou curar uma
patologia médica, tá?

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Então a gente vai trabalhar em cima disso e principalmente nesse curso a


gente vai focar muito em conversar sobre padrões energéticos e como melhorar
esses padrões energéticos do paciente, fazendo com que ele tenha uma melhora do
quadro geral.
Então deficiência de Yin o que é? Degeneração tecidual, degeneração
articular, degeneração sanguínea. Então, por exemplo, uma anemia, uma perda de
hemoglobina, a perda de hemácias, uma diminuição, por exemplo, do sistema
imunológico do paciente... No sistema imunológico eu posso ter uma visão Yang e
uma visão Yin. Sim, porque se o meu corpo não está reagindo a uma infecção ou
uma inflamação, pode ser que ele não esteja tendo energia para combater a
infecção, como também pode ser que o paciente esteja imunodeprimido, então num
exame, por exemplo, laboratorial, eu vou ver que os leucócitos, eosinófilos, estão
baixos ao invés de estarem altos, quando ele está fazendo uma inflamação ou uma
infecção. Nesse caso, se o paciente está com uma imunidade baixa, o meu foco vai
ser tanto tonificar o Yin, para quê? Para que esse organismo produza mais
anticorpos, produza mais soldados. Como também, se eu observar uma inércia
desse corpo, uma falta de energia desse corpo em tratar o corpo como um todo,
faltando energia nesse ponto, eu também vou tonificar o Yang nesse corpo.
Calma que aos poucos a gente vai entendendo um pouco mais e a gente
vai trabalhar muito em cima desse conceito e evoluir muito em cima disso, para que
faça mais sentido na hora do tratamento do paciente. É só uma aula que a gente
está começando no primeiro conceito, que é o conceito de Yin-Yang.
O quarto conceito de Yin-Yang é quando a gente está falando num
conceito de elevação do Yin. O que seria um excesso de Yin? Excesso de Yin a
gente vai classificar como excesso de matéria, tá? Então a primeira coisa que vem
na nossa cabeça é ou o aumento de crescimento ósseo, que são os chamados
osteófitos – o bico de papagaio, esses esporões – isso tudo pode ser classificado
como excesso de Yin, tá?
Então o excesso de Yin é crescimento de matéria. E também os tumores
como um todo. Então o paciente que faz um câncer, que faz um tumor, que tem um
crescimento de uma matéria, que tem um crescimento de uma célula de gordura, se
ele tem um crescimento de alguma estrutura dentro do corpo dele, isso pode ser
interpretado como excesso de Yin.

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Um outro exemplo muito comum é um paciente que está ganhando peso,


ou seja, ele está ganhando matéria. Se ele está ganhando matéria, ele está
ganhando um excesso de Yin. Esse excesso de Yin, por exemplo, do engordar,
pode ser por uma deficiência, vamos pensar, pode ser porque o paciente come
muito? Sim, pode ser porque o paciente come muito. Então é a causa, a gente vai
ter que focar, por exemplo, num tratamento para diminuir essa ansiedade, diminuir
essa vontade de comer do paciente.
Ou, por exemplo, ele pode ter uma deficiência de Yang, ele pode ter uma
deficiência de hormônios no corpo, que não estão queimando as calorias. Então é o
caso do paciente que não come muito, mas o que falta para ele realmente é a
atividade física.
Então por isso que as pessoas muitas vezes se prendem muito ao que...
Como o protocolo para emagrecimento: a primeira coisa que a gente tem que pensar
é o quê? O que engorda o seu paciente, o que causa a alteração dentro do corpo do
seu paciente? Então se é um excesso de Yin, um excesso de matéria, pode ser
excesso de matéria tumoral dentro do corpo, pode ser um excesso de matéria
óssea, um crescimento de estrutura, como os bicos de papagaio, como também as
alterações de esporão que acontecem pelo corpo. Os edemas crônicos também são
excesso de Yin, então como é que eu classifico um edema crônico, um edema de
Yin-Yang e um edema de Yin? O edema de Yang é um edema traumático, que tem
sinais do quê? De calor, rubor, edema. Isso é um excesso de Yang. Quando eu
pego um edema e esse edema é frio, é denso, ele não melhora com o frio, de forma
nenhuma, ele prefere o calor, então isso é excesso de Yin, ok?
E, dessa forma, a gente vai entender o seguinte: se o paciente tem uma
deficiência de Yang, cansaço excessivo, muita gente resolve isso muito facilmente
pegando uma xícara de café e tomando. Então é um fitoterápico, tá? Eu posso fazer
isso com a auriculoterapia, eu posso fazer isso com acupuntura, com shiatsu, como
eu posso fazer também com que a pessoa tome algum medicamento ou algum
fitoterápico, que não deixa de ser um medicamento, e esse medicamento causa um
excesso de Yang. Por exemplo, num excesso de Yang, eu posso tomar um chá de
camomila, por exemplo, que vai fazer com que a energia corporal caia, tá?
Então a gente tem que entender isso, mas tomar um certo cuidado
também, por quê? O que está causando esse cansaço no paciente? Será que ele
está dormindo pouco, ele não está nutrindo o Yin? Se ele não está nutrindo o Yin,
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esse Yang está baixo. Sempre que eu aumento o Yang, eu acabo consumindo um o
Yin. Essa interrelação entre o Yin e o Yang é muito importante, por quê? Quando a
gente visualiza o símbolo do Yin-Yang, o símbolo do Yin-Yang é um símbolo... deixa
eu pegar aqui um símbolo para vocês, clássico, do Yin-Yang, que é esse símbolo
aqui. Esse símbolo do Yin-Yang, onde o escuro é o Yin e o claro é o Yang,
pensando lá no início do vídeo, que a gente falou sobre Yin-Yang, é exatamente
focando que o lado claro da montanha, ou seja, o lado claro da imagem que eu
mostrei para vocês é o Yang e o lado escuro é o Yin.
Mas a gente notou, dentro dessa imagem, que como se fossem duas
gotas, uma percorrendo a outra, ainda assim, dentro da imagem, você nota que
dentro do preto tem um branco e dentro do branco tem um preto. O que isso
mostra? Que mesmo o Yin sendo o mais puro, ele contém Yang; e mesmo o Yang
sendo o mais puro, ele contém o Yin. E por que essa imagem é colocada nesse
sentido, como se fosse uma gota seguindo a outra? Isso mostra que, na verdade, o
Yin serve de matéria para o Yang. Então é um consumindo o outro e essa energia
contínua é que gera harmonia. Se eu aumento muito o Yang, acaba que eu
consumo o Yin.
Então o que a gente vai observar de alterações patológicas? Geralmente
os excessos, tanto de Yang, quanto de Yin, tendem a gerar uma deficiência do seu
antagonista. Como assim? Se eu tenho um excesso de Yang, isso significa que eu
estou queimando muita energia. Se eu estou usando muita energia, eu estou muito
agitado, estou fazendo muito exercício físico, estou trabalhando em excesso e tudo
mais, o que acontece? Essa energia precisa vir de algum lugar e de onde ela vai vir?
A gente vai ver isso mais para frente, que são os Qis, que são as
energias. Essa energia tem que vir de algum lugar, então ou ela está vindo de uma
alimentação ou está vindo da respiração ou está vindo de uma energia que a gente
chama de energia ancestral, ou seja, eu estou consumindo meus próprios órgãos e
vísceras, consumindo meus próprios músculos, eu estou consumindo a minha
essência.
Então, logicamente, se eu tenho um Yang exacerbado, eu preciso dar
nutrição ideal para esse Yang, para ele se manter alto. Se eu não mantenho esse
Yang alto com alimentação, com uma respiração ideal, uma alimentação bem-feita,
o que acontece? Ele vai acabar consumindo a matéria. Então um excesso de Yang

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acaba levando a um consumo de matéria, até o momento em que a matéria é tão


pouca que o Yang volta a se normalizar.
Então o que a gente pode notar com isso? Que um excesso de Yang por
um longo período tende a levar o paciente para uma deficiência de Yin. Ou seja, se
eu faço muito exercício físico, se eu treino muito, faço muita musculação, uso muito
meu joelho, no final de 40 anos de atividade física intensa, quando você vai olhar
minha articulação do joelho, ela vai estar com uma lesão degenerativa. Ou seja, um
excesso de Yang, um excesso de exercício físico, levou a uma deficiência, levou a
uma alteração lá do meu joelho, que levou a uma degeneração.
Assim como todo excesso de Yin, principalmente a gente vai focar na
obesidade, nas tumorações, tá? Um tumor ou uma obesidade tendem a consumir o
Yang, tá? Por quê? Se eu tenho mais matéria, se eu tenho mais metabolismo,
imagina o seguinte: meu corpo foi feito para ter 80 quilos e eu peso 180 quilos, ou
seja, eu peso 100 quilos a mais do que eu deveria. Se eu peso 100 quilos a mais do
que deveria, quando eu caminho eu gasto muito mais energia do que eu deveria.
Então muita gente não pensa nisso, mas uma pessoa que deveria pesar X, pesa 2X
ou às vezes 3X, ou seja, carrega três pessoas em cima dela, ela consome três
vezes mais energia do que deveria. Só que o que acontece é que essa energia
acaba que não sai desse excesso de Yang, ela é consumida por outras partes do
corpo – ou pela via alimentar ou pela via essencial.
Então é uma bola de neve e isso precisa ser equilibrado. Porque, por
exemplo, num obeso, que tem principalmente uma alteração metabólica – a
obesidade levou a uma alteração metabólica – ou o próprio câncer, que já tende a
uma alteração metabólica local, eles consomem energia sem gastar a eles mesmo.
Ou seja, um obeso não vai consumir um tecido de gordura para se movimentar. Olha
que incrível! Ele deixa de consumir a gordura, porque o corpo dele tem a gordura
como uma estrutura essencial para a sobrevivência, e começa a consumir músculo,
começa a consumir metabolismo, ou seja, começa a levar a uma deficiência de
Yang.
Ou seja, a gente tem quadros clássicos que são excesso de Yang,
deficiência de Yang, excesso de Yin, deficiência de Yin, mas a gente pode ter
correlações acontecendo. Ou seja, um excesso de Yang mantido por um longo
período levará a uma deficiência de Yin em alguma parte do corpo. Como o oposto

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também acontece: um excesso de Yin em uma determinada parte do corpo pode


levar a uma deficiência de Yang de forma crônica, ok?
Pode existir, aí é uma hipótese, será que pode existir um excesso de Yin
com um excesso de Yang? Sim. Isso é muito comum, por exemplo, nos quadros
mais críticos, mais graves, de doenças, doenças mais graves que têm sintomas
flogísticos intensos e, ao mesmo tempo, existem alterações de tecido. Exemplo: os
cânceres, tá?
O câncer em si leva a um excesso de Yin e muitas vezes, na fase aguda,
tem sinal flogístico, então o paciente tem dor, tem calor, tem rubor, tem edema no
local, na região, então esse é um caso em que existe um quadro tanto de excesso
de Yin, quanto excesso de Yang.
Pode ser, aí uma outra hipótese, pode existir também um quadro de
deficiência, um colabamento, um desabamento global, tanto do Yin, quanto do
Yang? Sim, também pode existir. Então geralmente isso é a fase senil, onde eu
tenho já as matérias já bem debilitadas. Estado senil, entre aspas, porque a gente
tem pessoas que são acamadas, ou que são levadas ao leito por uma doença
crônica, e que, na sua fase mais terminal, têm uma deficiência de matéria –
perderam massa muscular, perderam estruturas, perderam líquido sinovial,
perderam tendão, como também perderam a energia, não tem mais de onde tirar
energia pelo tempo acamada.
Então um paciente acamado de forma crônica, um paciente no CTI, um
paciente que tem uma doença degenerativa, um AVC muito grave, um AVE muito
grave, um derrame muito grave, que leva esse paciente a uma deficiência de massa
muscular, uma deficiência de massa cerebral, ao mesmo tempo ele vai deprimindo o
seu sistema imunológico, deprimindo o seu sistema global, deprimindo o seu
movimento, esse paciente tende a um desabamento completo do Yin e do Yang.
Então para fechar essa aula, o que a gente vai entender de interrelação
entre o Yin e o Yang? Vai ser o seguinte: o Yin e o Yang, eles devem permanecer
equilibrados, entre aspas, durante o dia. Ou seja, tem momentos em que eu estou
mais alegre, que eu estou mais disposto – geralmente eu, Marcos, tenho muito mais
disposição na fase da manhã; e na fase da noite, na verdade, o Yin vai tomando
conta e o meu Yang vai aparecendo. Se eu entender o princípio da colina, é
exatamente isso: uma hora o sol está na colina, chega uma hora que o sol deixa de
estar na colina e aí entra a escuridão, então entra o Yin.
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Então é comum entender dentro do seu metabolismo, dentro do seu


corpo. Não existe uma regra hoje em dia, porque a gente não vive mais só da luz
natural, então a gente tem que entender que cada pessoa trabalha num
metabolismo e vai ter seu tempo biológico respeitado. Logicamente que se ele
encontra o seu metabolismo dentro da fisiologia normal da luz solar, tende, pela
Medicina Tradicional Chinesa, a ter mais equilíbrio corpóreo.
Então o que seria o mais funcional? O paciente durante o dia ter um
acréscimo do seu Yang, como se fosse o sol: no meio-dia ele tem o ápice e depois
do meio-dia esse Yang vai deprimindo e começa a dar a ascensão ao Yin, que vai
ser o sono. O Yang vai cair para o Yin tomar conta, tá? Então a gente tem essas
alterações de Yin-Yang e isso é considerado fisiológico dentro da Medicina
Tradicional Chinesa.
O que é não fisiológico? É quando esse padrão se mantém
completamente por vários períodos e não existe a oscilação fisiológica, ok? Então o
que você tem que observar? Quais são os sinais do seu paciente. Anota, pega um
papel e na avaliação que tem no curso você vai anotar, lá na parte de Yin-Yang,
quais são os principais sintomas Yin, quais são os principais sintomas Yang, ok?
Então eu vou fazer uma live falando um pouco mais de características Yin
e um pouco mais de características Yang.

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