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2023
Dedico este trabalho a Aécio Luís de Barros.
Você foi e sempre será a minha maior fonte de inspiração!
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a quem me permitiu ser quem eu sou hoje: meus pais
Francisca e Aécio (in memoriam). Se hoje eu sou realizada no caminho que estou seguindo,
eu devo isso a vocês! Agradeço muito a meu pai por ter despertado em mim desde cedo o
interesse pela ciência, pela tecnologia, pela vida e pelas formas de se resolver os problemas do
mundo. Com certeza foram passos iniciais muito importantes para eu me tornar
Biotecnologista. Obrigada especialmente à minha mãe, que sempre foi carinho e acolhimento,
e que mesmo depois das coisas terem ficado mais difíceis sem meu pai, nunca desistiu de
fazer o impossível para realizar os meus sonhos! Agradeço a minha irmã Cibelle, você sempre
foi uma extensão de quem eu sou, você é o Edward do meu Alphonse; às minhas tias Mercês
e Jardane, por terem sido os principais suportes durante todos esses anos longe de casa. A
Marina e Simone, que também foram um grande suporte, muito obrigada pela tranquilidade
de morar com gente de bom coração e por fazerem parte de uma das minhas maiores
felicidades: a adoção de Mischa! Obrigada, enfim, a toda a minha família! Aos tios Maria,
Derico, Rosinha, Sonsom, Ted, Marta, Expedita, Emília, Netinha e Mury; aos que não estão
mais aqui, mas continuam sempre comigo: Cruzinha, Fogoió e Luís. Amo vocês; e a meus
primos, que se eu fosse agradecer um a um não ia caber tanto aqui, mas a gente sabe o quanto
sempre fomos presentes na vida uns dos outros.
Aos meus amigos, toda a minha gratidão. Vocês são parte essencial de mim!
Obrigada Teresa, Amanda, Eduarda, Nininha e Zé, por me acompanharem até hoje, somando
mais de 15 anos de amizade; Joãozinho, Marina, Marcondes, Emerson e tantos outros
picoenses dos quais me aproximei recentemente, por tanto em tão pouco tempo; Cecília,
Mirna, Lígia, Luciana, Manu, Bia e Camila, por poder contar com vocês para tudo. Lucas,
Laura, Brena, Raquel, Natália, Carlos, Júlio, Daniel, Pablo, Arthur e Biu, por se fazerem
sempre presentes, mesmo sem os nossos encontros semanais de RPG; Obrigada ainda aos
amigos de turma que fizeram parte dessa jornada desde o começo do curso: Cristian, Matheus,
Bellini, João Marcos, Guilherme e Vic, vocês têm um lugar especial nessa conquista; e aos
amigos Louise, Carolis, Amandinha, Tork, Mambinha e Dedei, pelos conselhos sobre
experiências acadêmicas que contribuíram muito no meu crescimento dentro da universidade.
Aos meus companheiros de todos os dias: Edu, Sofia, Bandeirinha, Daniel, Doni,
Sara, Leo e Luquinhas, obrigado por serem apoio nos momentos mais cansativos. Encontrar
vocês nos corredores da UFPB sempre teve o poder de restaurar minhas energias. Obrigada
também aos meus queridos amigos do Vôlei do Castelo, nossos momentos de jogos e
descontração foram essenciais para manter minha saúde mental e física. Eu gostaria também
de agradecer especialmente aos que estiveram mais presentes nessa reta final: meus melhores
amigos Rita e Fernando. Sem vocês eu não conseguiria a força que eu precisava para vencer o
cansaço desse fim de curso. Obrigada pelo seu suporte incondicional.
- Eduardo Galeano.
RESUMO
Pleurotus ostreatus (Shimeji preto) tem atraído o interesse crescente de agricultores, não
apenas pelas suas características sensoriais e nutricionais desejáveis, mas principalmente por
suas características de cultivo menos exigentes em relação a outras espécies. Dessa forma,
surge uma busca por substratos alternativos capazes de baratear a produção e aumentar a
produtividade do cultivo regional. Esse estudo teve como objetivo avaliar a viabilidade de
aproveitamento de resíduos regionais na formulação de substratos para cultivo do cogumelo
comestível P. ostreatus, averiguar a influência da luz e da temperatura no desenvolvimento do
micélio e a utilização do coco verde reciclado como recipiente de produção, fornecendo
arcabouço científico para a futura introdução da fungicultura no estado da Paraíba. A
influência da luz e da temperatura foram avaliadas a partir da inoculação do fungo em duas
formulações: TL1 [Bagaço de malte (98%) + gesso agrícola (2%)] e TL2 [Milho de pipoca
(100%)]. Os tratamentos foram mantidos no claro, escuro e fotoperíodo de 12h claro/12h
escuro, e numa faixa de temperatura de 20°C, 25°C e 30°C, respectivamente. O crescimento
micelial foi avaliado durante 15 dias de cultivo. Para os ensaios de produção, os resíduos sem
tratamento prévio utilizados foram: coco verde descartado como recipiente, bagaço de malte,
vagem de feijão verde sem o grão, fibra da cana-de-açúcar, borra do café e gesso agrícola
como suplemento. Foram testadas 18 formulações e 10 foram selecionadas para os ensaios de
produção baseado no vigor e densidade do micélio. Não foi comprovada influência da luz no
crescimento vegetativo de P. ostreatus. A influência da temperatura foi clara, evidenciando
melhor crescimento na temperatura de 25°C. A formulação T3 [Bagaço de malte (98%) +
borra do café (2%)] apresentou o melhor Rendimento (67,74%); A melhor Eficiência
Biológica (20,83%) foi observada na formulação T14 [Vagem do feijão (50%) + Bagaço de
malte (50%)]; T15 [Vagem do feijão (95%) + bagaço da cana-de-açúcar (5%)] obteve maior
Produtividade (0,36 g/dia); T13 [Vagem do feijão (100%)] proporcionou a maior Perda de
Matéria Orgânica (46,66%) e o maior Consumo de Composto (85,71%) foi obtido na
formulação T16 [Vagem do feijão (85%) + bagaço da cana-de-açúcar (15%)]. Dentre as
formulações testadas para produção dos cogumelos, T3, T4, T7, T14 e T15 se sobressaíram,
apresentando bons aspectos biológicos (tempo de colonização do substrato, período de
emissão de primórdios e tempo de formação dos basidiomas), além de valores satisfatórios
para os parâmetros produtivos. O endocarpo do coco verde reciclado se mostrou adequado
como recipiente para produção. As demais formulações de substratos testadas se mostraram
promissoras e necessitam de ajustes para que a produção seja aumentada.
Pleurotus ostreatus (Black Shimeji) has attracted growing interest from farmers, not only
because of its desirable sensory and nutritional characteristics, but mainly because of its less
demanding cultivation characteristics compared to other species. Thus, there is a search for
alternative substrates capable of making production cheaper and increasing the productivity of
regional cultivation. This study aimed to evaluate the feasibility of using regional residues in
the formulation of substrates for the cultivation of the edible mushroom P. ostreatus, to
investigate the influence of light and temperature on the development of the mycelium and the
use of recycled green coconut as a production container, providing a scientific framework for
the future introduction of fungiculture in the state of Paraíba. The influence of light and
temperature were evaluated from the inoculation of the fungus in two formulations: TL1
[Malt bagasse (98%) + agricultural gypsum (2%)] and TL2 [Popcorn corn (100%)]. The
treatments were carried out in light, dark and photoperiod of 12h light/12h dark, and in a
temperature range of 20°C, 25°C and 30°C, respectively. The mycelial growth was evaluated
during 15 days of cultivation. For the production tests, residues without previous treatment
were used: discarded green coconut as a container, malt bagasse, green bean pods without the
grain, sugarcane fiber, coffee grounds and agricultural gypsum as a supplement. Eighteen
formulations were tested and 10 were selected for production trials based on mycelium vigor
and density. The influence of light on the vegetative growth of P. ostreatus has not been
proven. The influence of temperature was clear, showing better growth at 25°C. Formulation
T3 [Malt bagasse (98%) + coffee grounds (2%)] showed the best Yield (67.74%); The best
Biological Efficiency (20.83%) was observed in the T14 formulation [Bean pod (50%) + Malt
bagasse (50%)]; T15 [Bean pod (95%) + sugarcane bagasse (5%)] obtained the highest
productivity (0.36 g/day); T13 [Bean pod (100%)] was obtained in the T16 [Bean pod (85%)
+ sugarcane bagasse (15%)] formulation. Among the formulations tested for mushroom
production, T3, T4, T7, T14 and T15 stood out, showing good biological aspects (substrate
colonization time, period of emission of primordia and time of formation of basidiomata), in
addition to natural values for the productive parameters. The endocarp of recycled green
coconut proved to be suitable as a container for production. The other substrate formulations
tested proved to be promising and underwent adjustments so that production could be
increased.
1 INTRODUÇÃO _______________________________________________________ 15
2 OBJETIVOS _________________________________________________________ 17
2.1 OBJETIVO GERAL _____________________________________________________ 17
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ______________________________________________ 17
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ________________________________________ 18
3.1 PRODUÇÃO E CONSUMO DE COGUMELOS NO BRASIL _____________________________ 18
3.2 ASPECTOS BIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS DO GÊNERO PLEUROTUS ___________________ 20
3.3 CULTIVO AXÊNICO DE PLEUROTUS SPP. _______________________________________ 25
3.3.1 Pleurotus ostreatus ____________________________________________________ 29
3.4 RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS NO CULTIVO DE COGUMELOS COMESTÍVEIS _____________ 30
3.4.1 Bagaço de malte ______________________________________________________ 32
3.4.2 Bagaço da cana-de-açúcar ______________________________________________ 33
3.4.3 Vagem do feijão verde sem a casca ________________________________________ 35
3.4.4 Coco verde descartado _________________________________________________ 36
3.4.5 Borra do café _________________________________________________________ 38
4 MATERIAL E MÉTODOS _____________________________________________ 40
4.1 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO TRABALHO _______________________________________ 40
4.2 ORIGEM DO COGUMELO ___________________________________________________ 40
4.3 EXAME MACRO E MICROSCÓPICO DAS ESTRUTURAS ______________________________ 40
4.4 TÉCNICA DA FITA ADESIVA PARA CAPTURA DOS ESPOROS _________________________ 41
4.5 TIPOS E ORIGENS DOS SUBSTRATOS __________________________________________ 41
4.6 PROCESSAMENTO DOS SUBSTRATOS__________________________________________ 42
4.7 DETERMINAÇÃO DO CONTEÚDO DE UMIDADE E MASSA SECA DOS SUBSTRATOS _________ 45
4.8 PRODUÇÃO DA SEMENTE __________________________________________________ 45
4.9. AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA LUZ NO CRESCIMENTO MICELIAL __________________ 46
4.10 AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NO CRESCIMENTO MICELIAL _________ 46
4.11 SELEÇÃO DOS SUBSTRATOS POR MEIO DA AVALIAÇÃO DO VIGOR, DENSIDADE E
CRESCIMENTO MICELIAL PARA PRODUÇÃO DA SEMENTE E BASIDIOMA DO PLEUROTUS OSTREATUS
________________________________________________________________________ 47
4.12 EFEITO DOS SUBSTRATOS NO TEMPO DE CRESCIMENTO PARA PRODUÇÃO DA SEMENTE DO
PLEUROTUS OSTREATUS ____________________________________________________ 47
4.13 ENSAIO DE PRODUÇÃO DO PLEUROTUS OSTREATUS _______________________________ 48
4.14 AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS BIOLÓGICOS __________________________________ 48
4.15 AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS PRODUTIVOS __________________________________ 49
Umidade do cogumelo ______________________________________________________ 49
Rendimento _______________________________________________________________ 49
Eficiência biológica ________________________________________________________ 49
Produtividade: ____________________________________________________________ 50
Perda de matéria orgânica (PMO %) __________________________________________ 50
Percentagens de consumo de composto (CC %) __________________________________ 50
4.16 ANÁLISE ESTATÍSTICA ___________________________________________________ 50
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO _________________________________________ 52
5.1 ANÁLISE MACRO E MICROSCÓPICA DE PLEUROTUS OSTREATUS _______________________ 52
5.2 INFLUÊNCIA DA LUZ E DA TEMPERATURA NO DESENVOLVIMENTO MICELIAL DO PLEUROTUS
OSTREATUS ________________________________________________________________ 53
5.2.1 Influência da luz no desenvolvimento micelial _______________________________ 53
5.2.2 Influência da temperatura no desenvolvimento micelial ________________________ 55
5.3 AVALIAÇÃO QUALITATIVA DO VIGOR E DENSIDADE MICELIAL DE PLEUROTUS OSTREATUS NAS
DIFERENTES FORMULAÇÕES DE SUBSTRATOS A PARTIR DOS RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS ____ 57
5.4 EFEITO DOS SUBSTRATOS NO DESENVOLVIMENTO MICELIAL DO PLEUROTUS OSTREATUS PARA
PRODUÇÃO DA SEMENTE _____________________________________________________ 60
5.5 ANÁLISE DOS PARÂMETROS PRODUTIVOS _____________________________________ 65
6 CONCLUSÕES _______________________________________________________ 71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_________________________________________72
GLOSSÁRIO_____________________________________________________________78
15
1 INTRODUÇÃO
Apesar do consumo de cogumelos ser bastante presente mundo afora, esse consumo
não é representativo na dieta do brasileiro, em decorrência da baixa produção nacional e do
seu elevado custo. Segundo a Associação Nacional de Produtores de Cogumelos (ANPC), no
Brasil, a maioria dos 300 produtores de cogumelos são micro e pequenos agricultores, sendo
uma importante complementação de renda para esses pequenos produtores da agricultura
familiar. A produção é pequena, principalmente quando comparada à de outros países, e
encontra-se restrita às regiões Sul e Sudeste, tornando o país dependente de importações.
2 OBJETIVOS
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Ainda que exista desafios para a comercialização in natura, ela é uma opção mais
viável e atrativa, apesar do prazo de validade sob refrigeração ser de apenas 7 a 10 dias. O
tratamento de branqueamento do Champignon em conserva, por exemplo, pode ser prejudicial
à saúde e alterar o verdadeiro sabor do cogumelo. Além disso, são necessários 2 kg do
cogumelo in natura para que se obtenha 1 kg em conserva, dobrando assim o custo de
produção. Já as espécies de Pleurotus (Hiratake e Shimeji) e Shiitake são mais adaptáveis às
condições de cultivo brasileiras e possuem, consequentemente um custo de produção menor,
sendo menos suscetíveis a doenças e necessitando de pouco ou nenhum uso de agroquímicos
na produção (ALBUQUERQUE; SOUSA, 2021).
20
O ciclo reprodutivo dos cogumelos pode ser resumido nas seguintes etapas (Figura
5): dois micélios monocarióticos, de linhagens opostas, se encontram; ocorre então a fusão de
suas hifas; os núcleos migram, resultando na formação de micélio secundário dicariótico;
desse processo, surgem os primórdios da frutificação, e posteriormente há a formação do
cogumelo, que produz então mais esporos, estes vão germinar e dar origem a um novo
micélio primário. A partir disso, inicia-se um novo ciclo de reprodução (URBEN et al, 2017).
a e b: grampos formados durante divisão celular. a’ e b’: células-filhas. Fonte: Silveira (1968).
A produção de cogumelos passa por etapas essenciais, que devem ser seguidas tanto
em pequena escala, quanto em escalas industriais (Figura 6). As etapas gerais para a
fungicultura envolvem: (A) preparação do inóculo (semente ou spawn), que consiste na
inoculação do micélio primário em um grão previamente tratado para crescimento da parte
vegetativa e posterior inoculação no substrato onde o cogumelo será produzido; (B)
preparação do substrato, etapa de seleção de fontes de nutrientes para o crescimento do fungo,
de preferência materiais ricos em celulose. Essa etapa também envolve os processos
mecânicos de corte e trituração para facilitar a colonização do fungo através do aumento da
superfície de contato. Os substratos devem ser esterilizados para evitar a contaminação,
umidificados e, se necessário, corrigidos para adequação do pH. Para garantir um bom
crescimento, pode-se ainda suplementar os meios/substratos para melhorar a relação
Carbono/Nitrogênio; (C) inoculação, etapa em que o fungo é posto em contato com o
substrato, seguindo as diretrizes de biossegurança e garantindo a colonização pela espécie
almejada; (D) Incubação, que consiste no tempo necessário para que ocorra a completa
colonização do meio e (E) frutificação, que começa com o aparecimento dos primórdios e
compreende o tempo até o ponto de colheita (ALMEIDA, 2018; LACERDA, 2021).
P. ostreatus é mais valorizado do que outras espécies de Pleurotus por causa de seu
sabor delicioso, grandes quantidades de proteínas, carboidratos, minerais (cálcio, fósforo,
ferro) e vitaminas (tiamina, riboflavina e niacina) e baixo teor de gordura (ODUNMBAKU;
ADENIPEKUN, 2018). Vários materiais têm sido utilizados na preparação de o composto
para o cultivo de P. ostreatus, como serragem, palha de bananeira, casca de café e vários
resíduos celulósicos (SIQUEIRA et al., 2016).
P. ostreatus é caracterizado por alto teor de água e baixo poder calorífico, tornando-o
adequado para inclusão em dietas. Os píleos de P. ostreatus são valorizados não só pelo seu
sabor, mas também pelo seu valor nutricional, especialmente em dietas vegetarianas
(BELLETTINI et al., 2016). Essas propriedades, atualmente, tornaram P. ostreatus o mais
popular e cogumelo consumido (LESA et al., 2022).
Por ser uma espécie amplamente estudada, com produção mundial bem estabelecida
e grande possibilidade de adaptação às mais variadas condições de cultivo, P. ostreatus se
tornou uma opção altamente viável para que se construa uma produção significativa de
cogumelos comestíveis, de baixo custo, e que possa ser difundida para todo o país, incluindo
as regiões em que não se tem a fungicultura bem estabelecida.
30
Fonte: https://ultimate-mushroom.com/edible/5-pleurotus-ostreatus.html
No Brasil, cerca de 50% dos resíduos urbanos coletados são orgânicos. Possui
características nutritivas ideais para compostagem e outras aplicações de recuperação de
massa orgânica. Esse potencial acaba sendo economicamente desperdiçado quando seu
destino é o descarte em aterros sanitários. Dessa forma, alternativas que busquem adequar o
gerenciamento de resíduos agroindustriais são de extrema importância. Uma alternativa com
muito potencial para a reutilização desses resíduos é a sua aplicação na formulação de
substratos para o cultivo de cogumelos comestíveis, como por exemplo, P. ostreatus
(ZÁRATE-SALAZAR et al., 2020). Os fungos, quando cultivados neste tipo de resíduo,
podem não só converter a biomassa lignocelulósica em alimento, como também gerar
produtos biomedicinais com benefícios para a saúde. A bioconversão do material
lignocelulósico em alimentos e outros produtos contribui para a gestão de resíduos agrícolas e
industriais; além disso, apresenta um dos processos de reciclagem orgânica mais econômicos
(TORRES et al., 2017).
Pela alta variedade de substratos que podem ser utilizados, o cultivo de cogumelos
oferece a possibilidade de complementação de renda para pequenos e grandes agricultores, de
maneira sustentável, o que torna esta atividade cada vez mais importante pela situação de
crise econômica e ambiental que se agrava no planeta. Além do importante papel de
bioconversão do resíduo em alimento, o substrato residual resultante do cultivo de cogumelos
comestíveis pode ainda ser utilizado como forragem para animais, condicionador de solo ou
fertilizante natural ou como alimento para animais, fechando o ciclo de aproveitamento da
matéria-prima (MARTINS et al., 2018).
Fonte: https://www.clubedomalte.com.br/blog/receitas-e-harmonizacoes/como-maturar-queijo-com-o-
bagaco-do-malte/
Fonte: https://blog.syngentadigital.ag/como-reaproveitar-o-bagaco-da-palha-de-cana/
A alta quantidade de lignina torna o coco impróprio para a indústria de papel. Por
outro lado, a celulose e hemicelulose podem tornar os cocos um matéria-prima interessante
para a produção de bioetanol. No entanto, são necessários pré-tratamentos severos para
remover o alto teor de lignina e aumentar o teor de celulose e hemicelulose (SOARES et al.,
2016). Pensando em uma alternativa mais barata para o reaproveitamento desse resíduo, sem
a necessidade de pré-tratamentos, foi investigada a utilização do endocarpo do coco verde
descartado como recipiente para a produção de cogumelos comestíveis. O uso de um
recipiente biodegradável, como o coco verde, é ideal para acomodar o substrato e para a
produção, pois fornece nutrientes extras e retenção de umidade, considerando que o
endocarpo em conjunto com o epicarpo possui morfologia semelhante às árvores hospedeiras
dos macrofungos em seu habitat natural (SOUSA, 2020; ALBUQUERQUE; SOUSA, 2021).
Fonte: https://www.meridiano.com.br/blog/borra-de-cafe-rende-mais/
Devido ao seu impacto ambiental, riqueza nutricional e fácil obtenção, esse resíduo
foi escolhido para ser reaproveitado como suplemento teste em formulações de substratos
utilizadas no cultivo do P. ostreatus, averiguando se o seu uso pode incrementar a produção.
40
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.2 Origem do cogumelo: A matriz do Shimeji Preto (P. ostreatus) foi isolada de corpos
frutíferos comercializado na região metropolitana de João Pessoa/PB em 2022. Para obtenção
do micélio foi realizada a Técnica de cultura de tecidos. O cogumelo foi cuidadosamente pré-
lavado em água destilada e com um bisturi esterilizado em álcool 70% previamente flambado,
foi feito corte longitudinalmente na região do himênio interno e inoculado numa placa de
Petri contendo meio sólido ágar-Sabouraud-dextrose 2 % com a seguinte composição: 5 g/L
de peptona de carne, 20 g/L de glicose, 5 g/L de peptona de caseína e 15 g/L de ágar
bacteriológico. Após o inóculo, a placa foi incubada por um período de 15 dias em
temperatura ambiente (28 ± 2°C). Após crescimento do micélio, a colônia foi purificada,
avaliada micro e macroscopicamente, e posteriormente mantida sob refrigeração a 4°C em
meio de manutenção ágar-Sabouraud-dextrose 2 %, conforme metodologia descrita por
Furlan et al. (1997).
4.3 Exame macro e microscópico das estruturas: foi utilizada a metodologia descrita por
Lopes et al. (2008), adaptada para avaliação microscópica. Inóculo do micélio foi transferido
para placas de Petri contendo meio ágar-Sabouraud-dextrose 2% e cobertos com uma
lamínula previamente flambada. As placas foram mantidas à temperatura ambiente e as
lamínulas com micélio aderido foram retiradas sucessivamente, nos períodos de 24 – 48 – 72
– 96 – 120 horas após o início do experimento, colocadas invertidas sobre uma lâmina estéril,
contendo uma gota do corante azul de lactofenol e analisadas ao microscópio óptico para
visualização das estruturas vegetativas. Para avaliação macroscópica, um disco do micélio foi
inoculado no centro da placa de Petri contendo o meio ágar-Sabouraud-dextrose 2 %. Em
seguida, a placa foi mantida em temperatura ambiente (28 ± 2oC). As observações foram
feitas durante 15 dias para caracterização do aspecto macroscópico da colônia e comprovação
da pureza e viabilidade da cultura.
41
4.4 Técnica da fita adesiva para captura dos esporos: na parte inferior do basidioma estão
dispostas as lamelas. Sobre elas pressionou-se um pedaço de fita adesiva transparente para
capturar os esporos. Em seguida a fita foi pressionada em uma lâmina contendo uma gota de
corante azul de lactofenol e posteriormente analisada ao microscópio óptico (ARANGO;
CASTAÑEDA, 1995).
4.5 Tipos e origens dos substratos: foram utilizados arroz, milho de pipoca, bagaço de
malte, vagem de feijão sem o grão, bagaço da cana-de-açúcar, coco verde (endocarpo), borra
do café e gesso agrícola (Figura 14). Todos os substratos foram adquiridos no mercado local
da região metropolitana de João Pessoa, conforme especificado na Tabela 1.
A B C D
E F G H
A: vagem do feijão verde sem semente desidratada; B: coco verde tratado e autoclavado; C:
Bagaço da cana-de-açúcar cortado; D: Gesso agrícola; E: Milho de pipoca pré-cozido; F:
Bagaço de malte (resíduo cervejeiro); G: Arroz com casca e H: Borra do café após
processamento sem adição de açúcar. Fonte: Autoria própria, 2022.
42
Arroz com casca (Oryza sativa L.): o grão foi lavado com água corrente para retirar o
excesso do amido, pré-cozido com água destilada e gesso agrícola durante 8 min em micro-
ondas, potência alta e em seguida autoclavado a 121°C por 60 minutos (Metodologia adaptada
de SALAMI et al., 2016).
Bagaço de malte (Hordeum vulgare L.): esse resíduo foi oriundo do processamento da
cerveja e devido a umidade alta (80%) não passou por nenhum pré-tratamento. Após coleta
foi acondicionado em sacos plásticos e mantidos sob refrigeração a 4oC.
Vagem do feijão verde sem grão (Phaseolus vulgaris L.): após coleta, as vagens do feijão
verde foram colocadas em estufa de secagem com circulação de ar por um período de 72 h a
60 ± 5oC. Após secagem, elas foram submersas em água corrente por 24 h. Em seguida, a
água foi escoada e as vagens foram deixadas numa plataforma sólida para secar externamente,
por aproximadamente 2 h em temperatura ambiente (28 ± 2oC). Após isso, a vagem foi
triturada em moinho de facas e em seguida acondicionada em sacos plásticos e mantidos sob
refrigeração a 4oC (Figura 15) (ZANETTI; RANAL, 1997).
43
Milho de pipoca (Zea mays var. everta): o grão foi cozido em fogo alto em uma panela de
pressão por 90 minutos. Após a cocção, o extrato proveniente do cozimento foi drenado e o
grão foi deixado em temperatura ambiente (28 ± 2°C) para secar externamente por
aproximadamente 60 minutos. Em seguida acondicionado em sacos plásticos e mantidos sob
refrigeração a 4oC (BONATTI et al., 2004).
Bagaço da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.): esse resíduo não passou por
nenhum tratamento específico, apenas foi cortado, com o auxílio de uma tesoura, em pedaços
que variavam dos 2 a 5 cm de comprimento e em seguida acondicionado em sacos plásticos e
mantidos sob refrigeração a 4°C.
Borra do café (Coffea sp.): esse resíduo foi obtido do café coado (produto comercial) sem
adição de açúcar. Não passou por nenhum pré-tratamento, apenas foi acondicionado em sacos
plásticos e mantidos sob refrigeração a 4oC.
Coco verde descartado (Cocos nucifera L.): o coco verde foi aberto ao meio, lavado com
água corrente, retirado a polpa e autoclavado a 121°C por 30 minutos e em seguida mantido
sob refrigeração a 4oC até o momento do uso. O endocarpo foi utilizado como recipiente para
produção do Shimeji Preto (ALBUQUERQUE; SOUSA, 2021).
44
4.7 Determinação do conteúdo de umidade e massa seca dos substratos: não foi
adicionada água após formulações com os diferentes substratos, mas o conteúdo de umidade
(U) foi determinado pelo método gravimétrico com o emprego de calor, o qual se baseia na
perda de peso do material quando submetido ao aquecimento, até atingir peso constante.
Todos os tratamentos foram mantidos em estufa de secagem a 105°C por 24 h e a
determinação do conteúdo de umidade do substrato foi determinado pela diferença da
biomassa úmida e seca conforme Equação 01 (ASSOCIATION OF OFFICIAL
ANALYTICAL CHEMISTS-AOAC, 1995).
U (%) = MI – MF
MI
Onde:
MI = Massa inicial da amostra
MF = Massa final da amostra
Eq. 01
MS (%) = 100 – U
Eq. 02
4.11 Seleção dos substratos por meio da avaliação do vigor, densidade e crescimento
micelial para produção da semente e basidioma do Pleurotus ostreatus: foram utilizados
os tratamentos TC a T18. Os substratos foram pesados (10 g) e misturados manualmente e
acondicionados em tubos de ensaio (2,5 x 20 cm), vedados com algodão, e posteriormente
autoclavados a 121°C por 30 minutos. Após esterilização, foi realizada a inoculação com 2 %
da semente produzido no milho de pipoca. Em seguida, os tubos foram incubados no escuro
em temperatura ambiente. A velocidade de colonização do cogumelo nas diferentes
formulações foi avaliada por meio da medição do crescimento do micélio (mm) com o auxílio
de régua milimetrada, considerando o topo do substrato como ponto 0 (zero) (PEDRA;
MARINO, 2006). Neste experimento, não foi levado em consideração à velocidade de
crescimento micelial do cogumelo em si e sim, das médias de crescimento (cm/dia) do
cogumelo em função de cada substrato. Para avaliação do vigor e densidade, o micélio foi
classificado como: micélio forte (caracterizado com alta densidade, compacto e vigor
acentuado); micélio mediano (caracterizado com média densidade, pouco compacto e menor
vigor) e micélio fraco (caracterizado com baixa densidade e escasso e sem vigor)
(BERNARDI et al., 2013). Para todas as avaliações, foi realizado um experimento em
triplicata.
4.13 Ensaio de produção do Pleurotus ostreatus: foi utilizada a técnica de cultivo axênico,
na qual os tratamentos/substratos são esterilizados e enriquecidos com nutrientes, permitindo
que o fungo cresça sem competição e obtenha maior produtividade (PEDRA; MARINO,
2006). A partir da caracterização do crescimento micelial, densidade e vigor, os melhores
tratamentos foram reproduzidos no coco verde reciclado. 100 g do substrato/tratamento foram
acondicionados no endocarpo do coco verde. Os cocos contendo os substratos foram
colocados dentro de sacos de polipropileno (27 cm x 41 cm), vedados com abraçadeira de
nylon e autoclavados a 121°C por 30 minutos (Figura 18). Após a etapa de esterilização, foi
realizada a inoculação com 2% da semente. Em seguida, os cocos foram incubados no escuro
em temperatura ambiente por 15 dias e em seguida aberto para frutificação. Após abertura dos
sacos, todos os tratamentos foram submetidos a um sistema de rega com água corrente por
micro aspersão, manualmente com borrifadores, diariamente. Após frutificação, os
basidiomas foram colhidos quando apresentaram o máximo desenvolvimento, verificado pelo
início do desenrolamento das margens do píleo. Para cada tratamento foi realizado um
experimento com três repetições.
4.14 Avaliação dos parâmetros biológicos: durante o período de cultivo, foram analisados
aspectos biológicos do cogumelo como: tempo de colonização do substrato, período de
emissão de primórdios e tempo de formação dos basidiomas.
Figura 18: Tratamento do coco verde reciclado usado como recipiente para produção do
Pleurotus ostreatus.
4.15 Avaliação dos parâmetros produtivos: durante o período de cultivo, foram analisados
parâmetros de produção do cogumelo em função do substrato de cultivo, como: Umidade do
cogumelo (U), Rendimento (R %), Eficiência Biológica (EB %), Produtividade (Pr g/dia-1),
Consumo do composto (CC %) e Perda da matéria orgânica (PMO %).
Onde:
MCU = Massa úmida dos corpos frutíferos, g
MSSI = Massa seca de substrato inicial, g
Eficiência biológica: a eficiência biológica (EB %) do processo foi determinada pela relação,
proposta por BISARIA et al. (1987), entre a massa dos corpos frutíferos secos e a massa de
substrato seco (Equação 04).
Onde:
MCS = Massa seca dos corpos frutíferos, g
MSSI = Massa seca de substrato inicial, g
Pr [g.dia-1] = MCS
TC
Eq. 05
Onde:
MCS = Massa seca dos corpos frutíferos, g
TC = Tempo total do cultivo, dias
Perda de matéria orgânica (PMO %): índice que avalia a decomposição do substrato pelo
fungo. Tal índice é baseado na perda da matéria orgânica decomposta pelo fungo que é
determinado por meio da diferença entre a massa seca do substrato inicial, e a massa seca do
substrato residual. A PMO será avaliada conforme Sturion (1994), expressa pela seguinte
fórmula (Equação 06):
Onde:
PMO= Perda de matéria orgânica, %
MSSR= Massa seca do substrato residual, g
MSSI= massa seca de substrato inicial, g
Percentagens de consumo de composto (CC %): índice foi calculado baseado na massa
seca do substrato após cultivo pela massa inicial seca do composto, conforme Equação 07.
CC (%) = CF x 100
CI
Eq. 07
Onde:
CF = Composto final de matéria seca
CI = Composto inicial de matéria seca
51
4.16 Análise estatística: os dados foram submetidos à análise de variância dos valores
médios das amostras, através do Teste de Tukey com nível de significância de 5 % de
probabilidade de erro, utilizando-se o programa estatístico SISVAR 4.2.
52
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A) Cultura pura em placa de Petri contendo meio ágar-Sabouraud-dextrose 2 %, com 15 dias de crescimento
após inoculação. B) Micrografia evidenciando um grampo de conexão (1) e anastomose (2). Fonte: Autoria
própria, 2022.
7
6 4,6 4,6
5 2,7
2,8 3,1
4 Claro
3
Fotoperíodo
2
1 Escuro
0
TL1 TL2
Tratamentos
Figura 22: Crescimento micelial de Pleurotus ostreatus: claro (A), escuro (B) e fotoperíodo
(C).
TL1 [Bagaço de malte (98 %) + gesso agrícola (2 %)] e TL2 [Milho de pipoca (100 %)]. Fonte: Autoria própria,
2022.
8 7,3 7,2
6,33 5,96 20°C
5,63 5,56
6 25°C
30°C
4
0
TL1 TL2
Tratamentos
Esse resultado está em concordância com os experimentos realizados por Rout et al.
(2015), que apontaram o crescimento micelial nas temperaturas de 25 °C e 30 °C como
primeiro e segundo melhores respostas, respectivamente, tanto para P. ostreatus quanto para
outras espécies do gênero Pleurotus.
TL1 [Bagaço de malte (98 %) + gesso agrícola (2 %)] e TL2 [Milho de pipoca (100 %)].
Fonte: Autoria própria, 2022.
Figura 25: Avaliação do crescimento, vigor e densidade micelial de Pleurotus ostreatus nas
diferentes formulações/tratamentos.
1 – TC controle [Arroz (98 %) + gesso agrícola (2%)], 2 - T1 [Bagaço de malte (100%)], 3 - T2 [Bagaço de
malte (98%) + gesso agrícola (2%)], 4 - T3 [Bagaço de malte (98%) + café (2%)], 5 - T4 [Bagaço de malte
(96%) + café (2%) + gesso agrícola (2%)], 6 - T5 [Bagaço de malte (95%) + bagaço da cana-de-açúcar (5%)], 7
- T6 [Bagaço de malte (85%) + bagaço da cana-de-açúcar (15%)], 8 - T7 [Bagaço de malte (70%) + bagaço da
cana-de-açúcar (30%)], 9 - T8 [Bagaço de malte (50%) + bagaço da cana-de-açúcar (50%)], 10 - T9 [Bagaço de
malte (95%) + bagaço da cana-de-açúcar (5%) + gesso agrícola (2%)], 11 - T10 [Bagaço de malte (85%) +
bagaço da cana-de-açúcar (15%) + gesso agrícola (2%)], 12 - T11 [Bagaço de malte (70%) + bagaço da cana-de-
açúcar (30%) + gesso agrícola (2%)], 13 - T12 [Bagaço de malte (50%) + bagaço da cana-de-açúcar (50%) +
gesso agrícola (2%)], 14 - T13 [Vagem (100%)], 15 - T14 [Vagem (50%) + Bagaço de malte (50%)], 16 - T15
[Vagem (95%) + bagaço da cana-de-açúcar (5%)], 17 - T16 [Vagem (85%) + bagaço da cana-de-açúcar (15%)],
18 - T17 [Vagem (70%) + bagaço da cana-de-açúcar (30%)] e 19 - T18 [Vagem (50%) + bagaço da cana-de-
açúcar (50%)]. As setas amarelas indicam os tratamentos selecionados para o ensaio de produção. Fonte: Autoria
própria, 2022.
1 - Micélio forte, 2 - Micélio mediano e 3 - Micélio escasso. Fonte: Autoria própria, 2022.
59
O forte vigor observado nos tratamentos T13, T14, T15 e T16, compostos
principalmente por vagem de feijão verde, está em concordância com os resultados obtidos
para outra espécie do gênero Pleurotus. Rettore et al. (2011) afirmaram que não há
necessidade de suplementação da palha de feijão. Ela se mostrou um excelente substrato para
o cultivo do Pleurotus sajor-caju em regiões onde a cultura do feijoeiro é abundante; ainda,
os autores descreveram esse resíduo como uma importante fonte de enriquecimento para
outros resíduos agrícolas, principalmente quando se utilizam resíduos com uma relação C/N
muito elevada.
TC (controle): Arroz (98 %) + gesso agrícola (2%); T1: Bagaço de malte (100%); T2: Bagaço de malte (98%) +
gesso agrícola (2%); T3: Bagaço de malte (98%) + café (2%); T4: Bagaço de malte (96%) + café (2%) + gesso
agrícola (2%); T5: Bagaço de malte (95%) + bagaço da cana-de-açúcar (5%); T6: Bagaço de malte (85%) +
bagaço da cana-de-açúcar (15%); T7: Bagaço de malte (70%) + bagaço da cana-de-açúcar (30%); T8: Bagaço de
malte (50%) + bagaço da cana-de-açúcar (50%); T9: Bagaço de malte (95%) + bagaço da cana-de-açúcar (5%) +
gesso agrícola (2%); T10: Bagaço de malte (85%) + bagaço da cana-de-açúcar (15%) + gesso agrícola (2%);
T13: Vagem (100%); T14: Vagem (50%) + Bagaço de malte (50%); T15: Vagem (95%) + bagaço da cana-de-
açúcar (5%) e T16:Vagem (85%) + bagaço da cana-de-açúcar (15%). Fonte: Autoria própria, 2022.
O tratamento controle [Arroz (98%) + gesso agrícola (2%)] foi o único ao atingir o
fundo dos sacos ao fim do décimo quinto dia, com 12,23 cm de média do crescimento
micelial. Nos demais tratamentos, as médias com os maiores valores foram obtidas nas
formulações T14 (10,70 cm), T9 (10,33 cm), T4 e T16 (9,93 cm), T13 (9,90 cm), T10 (9,76
cm) e T2 (9,33 cm), seguidas pelas médias das formulações T3 (9,30), T15 (9,05 cm), T1
(8,93 cm), T7 (8,80 cm), T8 (8,53 cm), T6 (8,46) e por último, T5 (7,73 cm), como mostrado
na Figura 28.
Figura 28: Média do crescimento micelial (cm) em sacos no período de 15 dias após
inoculação de Pleurotus ostreatus.
TC (controle): Arroz (98 %) + gesso agrícola (2%); T1: Bagaço de malte (100%); T2: Bagaço de malte (98%) +
gesso agrícola (2%); T3: Bagaço de malte (98%) + café (2%); T4: Bagaço de malte (96%) + café (2%) + gesso
agrícola (2%); T5: Bagaço de malte (95%) + bagaço da cana-de-açúcar (5%); T6: Bagaço de malte (85%) +
bagaço da cana-de-açúcar (15%); T7: Bagaço de malte (70%) + bagaço da cana-de-açúcar (30%); T8: Bagaço de
malte (50%) + bagaço da cana-de-açúcar (50%); T9: Bagaço de malte (95%) + bagaço da cana-de-açúcar (5%) +
gesso agrícola (2%); T10: Bagaço de malte (85%) + bagaço da cana-de-açúcar (15%) + gesso agrícola (2%);
T13: Vagem (100%); T14: Vagem (50%) + Bagaço de malte (50%); T15: Vagem (95%) + bagaço da cana-de-
açúcar (5%) e T16:Vagem (85%) + bagaço da cana-de-açúcar (15%). Fonte: Autoria própria, 2022.
A partir da corrida micelial durante 15 dias, foi calculada a média de crescimento por
dia, em cada substrato durante esse período. Esses valores, juntamente com o tempo total para
o desenvolvimento do micélio (tempo que o fungo colonizasse todo o substrato nos sacos) e a
umidade dos substratos estão descritos na Tabela 4, relacionando-se esses parâmetros com as
características do micélio primário. Em relação ao tempo total para a colonização completa, o
substrato que se sobressaiu foi T14, com média de 21,3 dias, aproximando-se dos 19 dias no
experimento controle (TC). Os substratos que também apresentaram boas médias para o
tempo de colonização completa foram as formulações T4 e T10 (22 dias), T6 e T13 (23 dias),
T1 (23,5 dias) e T2 (23,6 dias). As formulações T16 (24,3 dias), T9 (24,6 dias), T15 (25,5
dias), T5 (27 dias), T8 (27,6 dias) e T3 (28 dias) demoraram 5 dias a mais para proporcionar o
desenvolvimento completo do micélio em relação ao tratamento controle, e na formulação T7
esse crescimento estacionou no 15° dia e não houve colonização completa.
Após o período de colonização pelo micélio primário do fungo, durante 15 dias, foi
feita a abertura dos sacos para frutificação. Todos os tratamentos evidenciaram uma boa
colonização por P. ostreatus (Figura 29), incluindo os substratos que tiveram tempos de
colonização total maior nos ensaios para a produção da semente.
Figura 29: Endocarpo do coco verde reciclado colonizado pelo micélio primário de Pleurotus
ostreatus após 15 dias de crescimento no escuro, após abertura dos sacos.
TC [Arroz (98 %) + gesso agrícola (2%)], T3 [Bagaço de malte (98%) + borra do café (2%)], T4 [Bagaço de
malte (96%) + borra do café (2%) + gesso agrícola (2%)], T6 [Bagaço de malte (85%) + bagaço da cana-de-
açúcar (15%)], T7 [Bagaço de malte (70%) + bagaço da cana-de-açúcar (30%)], T9 [Bagaço de malte (95%) +
bagaço da cana-de-açúcar (5%) + gesso agrícola (2%)], T13 [Vagem do feijão (100%)], T14 [Vagem do feijão
(50%) + Bagaço de malte (50%)], T15 [Vagem do feijão (95%) + bagaço da cana-de-açúcar (5%) e T16 [Vagem
do feijão (85%) + bagaço da cana-de-açúcar (15%). Fonte: Autoria própria, 2022.
66
Os primórdios apareceram nos tratamentos T6, T14 e T15 no décimo oitavo dia do
ciclo de cultivo, em T3 no décimo nono dia, em T7 no vigésimo dia, em T13 no vigésimo
primeiro dia, em T4 no vigésimo terceiro dia e em TC, T9 e T16 no vigésimo quarto dia.
O ciclo produtivo foi finalizado aos 21 dias para T6, 22 dias para T14 e T15, 23 dias
para T3, 24 dias para T7, 25 dias para T13, 27 dias para T4 e 28 dias para TC, T9 e T16,
conforme explicitado na Tabela 5. Os corpos de frutificação observados ao fim do período de
cultivo de cada substrato no coco verde estão dispostos na Figura 31.
T4 15 23 27
T6 15 18 21
T7 15 20 24
T9 15 24 28
T13 15 21 25
T14 15 18 22
T15 15 18 22
T16 15 24 28
TC [Arroz (98 %) + gesso agrícola (2%)], T3 [Bagaço de malte (98%) + borra do café (2%)], T4 [Bagaço de
malte (96%) + borra do café (2%) + gesso agrícola (2%)], T6 [Bagaço de malte (85%) + bagaço da cana-de-
açúcar (15%)], T7 [Bagaço de malte (70%) + bagaço da cana-de-açúcar (30%)], T9 [Bagaço de malte (95%) +
bagaço da cana-de-açúcar (5%) + gesso agrícola (2%)], T13 [Vagem do feijão (100%)], T14 [Vagem do feijão
(50%) + Bagaço de malte (50%)], T15 [Vagem do feijão (95%) + bagaço da cana-de-açúcar (5%)] e T16
[Vagem do feijão (85%) + bagaço da cana-de-açúcar (15%)]. Fonte: Autoria própria, 2022.
Figura 31: Frutificação de Pleurotus ostreatus no endocarpo do coco verde reciclado como
recipiente para cultivo.
TC [Arroz (98 %) + gesso agrícola (2%)], T3 [Bagaço de malte (98%) + borra do café (2%)], T4 [Bagaço de
malte (96%) + borra do café (2%) + gesso agrícola (2%)], T6 [Bagaço de malte (85%) + bagaço da cana-de-
açúcar (15%)], T7 [Bagaço de malte (70%) + bagaço da cana-de-açúcar (30%)], T9 [Bagaço de malte (95%) +
bagaço da cana-de-açúcar (5%) + gesso agrícola (2%)], T13 [Vagem do feijão (100%)], T14 [Vagem do feijão
(50%) + Bagaço de malte (50%)], T15 [Vagem do feijão (95%) + bagaço da cana-de-açúcar (5%) e T16 [Vagem
do feijão (85%) + bagaço da cana-de-açúcar (15%). Fonte: Autoria própria, 2022.
68
O estudo realizado por Girmay et al. (2016) relatou que o período de cultivo geral do
Shimeji Preto, tempo decorrido entre a semeadura e a colheita, variou de 27 a 40,67 dias em
substratos contendo sementes de algodão, palha de trigo, serragem e resíduos de papel. O
menor tempo de cultivo obtido no estudo foi de 27 dias, enquanto neste trabalho, 6 das 10
formulações testadas proporcionaram ciclos produtivos de P. ostreatus menores que 27 dias, e
nas demais, não se ultrapassou o período de 28 dias de cultivo.
A partir dos dados coletados após a colheita dos cogumelos, foi possível calcular os
diferentes parâmetros para avaliar a produção nos respectivos substratos acomodados no coco
verde reciclado. Os valores obtidos para Umidade do basidioma (U), Rendimento (R),
Eficiência Biológica (EB), Perda de Matéria Orgânica (PMO) e Consumo do Composto (CC)
estão expressos na Tabela 6. O substrato com maior Rendimento foi o tratamento T3
(67,74%), seguido do T15 (63,33%) e T6 (58,31%). Os demais tratamentos apresentaram
rendimentos inferiores quando comparados ao TC. Porém, nos tratamentos T14, T7, T4 e T13
esses valores ainda foram satisfatórios, apresentando potencial para fungicultura. Os
tratamentos T9 e T16 apresentaram rendimentos baixos quando comparados às demais
formulações, demonstrando que essas formulações, apesar de serem capazes de gerar
basidiomas, não seriam adequadas a um nível comercial.
Em relação à EB, o melhor valor obtido foi de 20,83%, no tratamento T14. Diversos
autores utilizaram a EB como parâmetro de análise da adequação do substrato como meio de
cultivo para as espécies estudadas. Quanto maior o valor de EB, maior a adequação do
substrato para o cultivo da espécie (CUEVA; HERNÁNDEZ; NIÑO-RUIZ, 2017;
CARVALHO et al., 2021).
69
A melhor produtividade foi observada no tratamento T15 (0,36 g/dia), indicando que
esse substrato proporciona uma rápida bioconversão de matéria orgânica em basidiomas,
quando comparado ao TC (0,17 g/dia). Melhores valores de produtividade também foram
quantificados nos tratamentos T13, T14, T9, T6 e T14, quando comparados ao TC. No
entanto, esses valores de produtividade ainda podem ser melhorados, tendo em vista que o
estudo de Alburquerque e Sousa (2021) para a espécie P. ostreatus var. florida avaliou
substratos com produtividades superiores aos encontrados para os substratos deste trabalho.
Parâmetros como o Rendimento e a Produtividade são parâmetros importantes para avaliar se
as condições de cultivo são viáveis no contexto de comercialização e geração de valor
agregado, sendo assim, como T16 obteve apenas 0,01 de produtividade, esse substrato não é
adequado à fungicultura de P. ostreatus.
TC [Arroz (98 %) + gesso agrícola (2%)], T3 [Bagaço de malte (98%) + borra do café (2%)], T4 [Bagaço de
malte (96%) + borra do café (2%) + gesso agrícola (2%)], T6 [Bagaço de malte (85%) + bagaço da cana-de-
açúcar (15%)], T7 [Bagaço de malte (70%) + bagaço da cana-de-açúcar (30%)], T9 [Bagaço de malte (95%) +
bagaço da cana-de-açúcar (5%) + gesso agrícola (2%)], T13 [Vagem do feijão (100%)], T14 [Vagem do feijão
(50%) + Bagaço de malte (50%)], T15 [Vagem do feijão (95%) + bagaço da cana-de-açúcar (5%) e T16 [Vagem
do feijão (85%) + bagaço da cana-de-açúcar (15%). 1U: Umidade do basidioma. 2R: Rendimento. 3EB:
Eficiência Biológica. 4Pr: Produtividade. 5PMO: Perda da matéria orgânica. 6CC: Consumo do composto.7CV:
Coeficiente de variação. Fonte: Autoria própria, 2022.
6 CONCLUSÕES
9 Dentre as formulações testadas para produção dos cogumelos, T3, T4, T7, T14 e T15
se sobressaíram, apresentando bons aspectos biológicos (tempo de colonização do
substrato, período de emissão de primórdios e tempo de formação dos basidiomas),
além de valores satisfatórios para os parâmetros produtivos.
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78
GLOSSÁRIO
Anastomose: ligação entre artérias, veias ou órgãos que estabelecem uma comunicação entre
si (no caso dos fungos, ligações entre as Hifas).
Bioconversão: Processo que envolve uma ou mais reações enzimáticas nas quais
microrganismos, particularmente fungos, transformam determinados compostos químicos em
produtos com estruturas semelhantes.
Dicariótica: Designação de hifas ou micélios de fungos cujas células possuem dois núcleos
haploides, os quais se dividem simultaneamente na formação de cada nova célula.
Hifas Hialinas: Essas estruturas também podem ser classificadas de acordo com a sua cor,
este tipo possui cor clara, quase transparente.
Hifas Septadas: Hifas divididas por septos, ou seja, pequenas paredes transversais que
atravessam a estrutura.
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