Você está na página 1de 4

Pacientes idosos

Introdução

CONSIDERAÇÕES NA PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS PARA PACIENTES IDOSOS

Para fins de definição em farmacoterapia, consideramos idosas as pessoas acima de 65


anos de idade. Estima-se que nos Estados Unidos este grupo de pacientes receba uma
quantidade desproporcional de medicamentos: cerca de um terço de todas as
prescrições.

Aumentando-se a idade do paciente, verificamos que elevam-se os custos de


internação, o tempo de hospitalização e o risco de reações adversas a medicamentos
(RAM).

A partir de agosto de 1998, nos Estados Unidos, o FDA passou a exigir que os
fabricantes de medicamentos incluam uma subseção na bula dos produtos com
orientações sobre o uso em pacientes acima de 65 anos, com especial atenção a oito
grupos de drogas: psicotrópicos, anti-inflamatórios não esteroidais, digoxina,
antiarrítmicos, bloqueadores de canal de cálcio, hipoglicemiantes orais,
anticoagulantes e quinolonas.

Mudanças na composição do organismo do idoso e a ação de drogas

O tecido adiposo aumenta em termos percentuais com o decorrer do tempo. Entre a


idade de 25 e 75 anos, o tecido adiposo aumenta em 14-30% do peso corporal total.
Esse fato pode resultar em um aumento significativo do volume de distribuição de
drogas lipofílicas, como o diazepam, e contribui para aumentar a meia-vida ou
prolongar a acumulação tecidual e atrasar a eliminação desses tipos de medicamentos

O volume do fluido extracelular, volume de plasma e a água total diminuem com a


idade. Enquanto com 20 anos de idade a proporção de água total é de 55-60%, ela
declina para 45-55% perto dos 80 anos de idade. Esse fato pode resultar em uma
diminuição significativa do volume de distribuição de drogas hidrofílicas, como o lítio, e
contribuir para aumentar o pico sérico destas substâncias e potencialmente sua
toxicidade, exigindo o ajuste da dose por meio de monitorização terapêutica.

A diminuição do tamanho e do peso do fígado em 41% e do fluxo sanguíneo em 47%


como efeitos da idade prejudicam a capacidade deste órgão de metabolizar drogas da
circulação sistêmica. As reações metabolizadoras de fase I (hidroxilação, dealquilação,
oxidação, redução, hidrólise) são reduzidas, levando à diminuição das dosagens de
droga. Entretanto, as reações de fase II (conjugação e glucoronação) parecem não ser
afetadas com a idade.
O rim é a principal via de excreção de muitos medicamentos, e o declínio na sua
função com o decorrer da idade reduz sua capacidade de eliminar drogas que sejam
primariamente excretadas pelos rins. O número total de glomérulos diminui cerca de
30-40% aos 80 anos de idade. Isso se reflete em um declínio no clearance de creatinina
(ClCR), que não é necessariamente acompanhado por um aumento na creatinina
sérica. Esse fato exige que a maior parte das drogas tenha sua dose ajustada para o
idoso, bem como o intervalo entre doses.

Mudanças na sensibilidade aos medicamentos

Mudanças na afinidade da ligação das drogas aos sítios receptores, eventos pós-
receptores e mecanismos de controle homeostático podem resultar em diferenças na
sensibilidade intrínseca a medicamentos entre os pacientes idosos.Uma resposta
atenuada aos beta-adrenérgicos tem sido observada em pacientes idosos. Esse fato
pode contribuir para uma redução ou ausência de resposta taquicárdica às ações
vasodilatadoras de medicamentos bloqueadores de canal de cálcio ou hidralazina. Os
idosos apresentam um aumento na resposta aos anticoagulantes orais e requerem
doses menores de varfarina em comparação com pacientes jovens para conseguir o
mesmo grau de anticoagulação.

Muitos estudos têm demonstrado um grau maior de depressão do sistema nervoso


central com os benzodiazepínicos entre os idosos, apesar de as concentrações
plasmáticas serem similares às da população jovem.

Drogas que contribuem para prejuízos funcionais

TABELA

PRINCÍPIOS DE PRESCRIÇÃO DE DROGAS PARA IDOSOS

1. Avaliar a necessidade da farmacoterapia. Sempre que possível deve-se tentar lançar


mão de terapias não medicamentosas.

2. Traçar um histórico cuidadoso sobre hábitos e uso de medicamentos. Deve-se incluir


drogas prescritas, não prescritas, fitoterápicos, álcool, cafeína e outras informações
dietéticas e sobre alergias.

3. Conhecer a farmacologia das drogas prescritas.Aprofundar-se nas drogas mais


utilizadas pelo paciente idoso.

4. Geralmente as doses prescritas devem ser menores, sobretudo para doenças


crônicas, em que o objetivo é o controle, não a cura.

5. Monitorar níveis plasmáticos de drogas e sua resposta farmacológica. Os pacientes


devem ser continuamente questionados sobre o efeito das drogas em relação à
eficácia e efeitos colaterais.
6. Simplificar os regimes terapêuticos e encorajar a adesão ao tratamento.Pacientes
idosos normalmente apresentam déficits de memória e, quanto mais simples forem os
regimes posológicos, menor será o risco de esquecimento e troca de medicamentos.

7. Revisar regularmente o plano terapêutico e descontinuar as drogas desnecessárias.


Acompanhamento constante garante melhores resultados terapêuticos.

8. Recordar as drogas que podem causar doenças. Efeitos adversos de drogas podem
apresentar-se atipicamente nos idosos ou podem mimetizar doenças.

DOENÇA DE ALZHEIMER

O termo “demência” refere-se a uma série de sintomas encontrados geralmente em


pessoas com doenças cerebrais e que resultam na destruição e perda de células
cerebrais. A perda de células cerebrais é um processo natural, mas em doenças que
levam à demência isso ocorre em ritmo acelerado e faz com que o cérebro da pessoa
não funcione de uma forma normal.Os sintomas da demência implicam, normalmente,
uma deterioração gradual e lenta da capacidade mental do paciente, que nunca
melhora. O dano cerebral afeta o funcionamento mental da pessoa (memória,
atenção, concentração, linguagem, pensamento etc.) e isso, por sua vez, repercute no
comportamento.

A doença afeta a memória e o funcionamento mental (p. ex., o pensamento e a fala),


mas pode também conduzir a outros problemas, como confusão, mudanças de humor
e desorientação no tempo e no espaço.

Inicialmente, os sintomas, como dificuldades de memória e perda de capacidades


intelectuais, podem ser tão sutis que passam despercebidos tanto pela pessoa como
pela família e pelos amigos. No entanto, à medida que a doença progride, os sintomas
tornam-se cada vez mais visíveis e começam a interferir no trabalho rotineiro e nas
atividades sociais. As dificuldades práticas com as tarefas cotidianas como vestirem-se,
lavar--se e ir ao banheiro, tornam-se gradualmente tão graves que, com o tempo, a
pessoa fica completamente dependente.

A doença de Alzheimer não é infecciosa nem contagiosa; é uma doença terminal que
causa uma deterioração geral da saúde.

Fator idade

Cerca de uma entre vinte pessoas acima dos 65 anos de idade e menos de uma entre
cada mil pessoas com menos de 65 anos têm a doença de Alzheimer. No entanto, é
importante notar que, apesar da tendência das pessoas de ficarem esquecidas com o
passar do tempo, a maioria com mais de 80 anos permanece mentalmente lúcida. Isso
significa que, apesar de a probabilidade de ter doença de Alzheimer aumentar com a
idade, não é a idade avançada em si que provoca a doença.
Fator sexo

Alguns estudos têm sugerido que a doença afeta mais as mulheres do que os homens.
No entanto, isso pode ser uma interpretação equivocada, porque as mulheres vivem
mais tempo do que os homens. Isso significa que, se os homens vivessem tanto tempo
quanto as mulheres e não morressem de outras doenças, o número afetado pela
doença de Alzheimer poderia ser sensivelmente igual ao das mulheres.

Fatores genéticos/hereditariedade

Para um número extremamente limitado de famílias, a doença de Alzheimer é uma


disfunção genética. Os membros dessas famílias herdam de um dos pais a parte do
DNA (a configuração genética) que provoca a doença.

Em média, metade dos filhos de um pai afetado vai desenvolver a doença. Para os
membros das famílias que desenvolvem a doença de Alzheime, a idade de incidência
costuma ser relativamente baixa, normalmente entre os 35 e os 60 anos. A incidência
é razoavelmente constante dentro da família.

Traumatismos cranianos

Tem se afirmado que uma pessoa que sofreu um traumatismo craniano grave corre
um risco maior de desenvolver a doença de Alzheimer. O risco torna-se maior se, no
momento da lesão, a pessoa tiver mais de 50 anos, tiver um gene específico (apoE4) e
tiver perdido os sentidos logo após o acidente.

Outros fatores

Não há dados conclusivos para se afirmar que um determinado grupo de pessoas, em


particular, é mais ou menos propenso à doença de Alzheimer. Raça, profissão,
situações geográficas e socioeconômicas não determinam a doença. No entanto, já há
muitos dados que sugerem que pessoas com um elevado nível de educação têm um
risco menor do que as que possuem um nível baixo de educação.

Você também pode gostar