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Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Equipamentos de Climatização

Ar Condicionado - Definição
Pela ABNT o processo de condicionamento de ar objetiva o controle de:
• Temperatura,
• Umidade,
• Renovação e a Qualidade do Ar;
• Distribuição do ar.

Nota: Norma ABNT NBR 16401-1 Instalação de ar-condicionado – sistemas centrais


e unitários.

Necessidade da Climatização
• Conforto térmico;
• Processo produtivo.

Exemplos de Adequação ao Processo


• Tecelagem: umidade elevada;
• Armazenamento de Papel: baixa umidade;
• Fábrica de sorvetes: baixíssima temperatura;
• CPD: baixas temperaturas;
• Preservação de Acervo.

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Exemplos de Adequação ao Processo Industrial


• Controle de Teor de Umidade;
• Taxa de Reação Química;
• Precisão e uniformidade dos produtos;
• Eletricidade Estática.

Exemplos de Adequação ao Comercio


• Maior tempo de permanência dos clientes;
• Aumento do volume de Vendas.

Exemplos de Conforto Térmico em empresas


• Aumento na eficiência dos trabalhadores;
• Aumento de produtividades ;
• Menor índice de erros;
• Maior susceptibilidade.

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Fundamentos da Refrigeração

Tipo de equipamento de Climatização


• Condicionador de Ar de Janela;
• Sistema Dividido Air-Split;
• Sistema Multi-Split;
• Self Contained;
• Resfriadores de líquido (Chiller) com Fan-Coil

• Condicionador de Ar de Janela (CAJ)

Tem capacidades entre 6.000 a 30.000 BTU/h.

São sistemas compactos em que todos os equipamentos frigoríficos, montados em


fábrica, onde e estão a serpentina de resfriamento de expansão direta (evaporador),
conjugada a uma unidade condensadora resfriada a ar, montado em gabinete
projetado para ser instalado no ambiente, em janela ou em abertura na parede
externa, com insuflação do ar por difusor incorporado ao gabinete.

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Pontos Positivos Condicionador de Ar de Janela


• Equipamento de baixo custo;
• Instalação fácil;
• Abertura na parede/janela voltada para o exterior;
• Suporte, em geral metálico;
• Adequado para condicionamento de recintos individuais ou ambientes coletivos de
pequeno porte.

Pontos Negativos Condicionador Ar de Janela


• Não propicia a distribuição do ar;
• Não permite qualidade do ar, pois não possibilita o uso de filtros de ar eficiente;
• Não possibilita o controle da umidade;
• Normalmente são ruidosos;
• Rendimento energético baixo (Coeficiente de Desempenho).
A Eficiência Energética e dada pelo coeficiente de desempenho (COP) que a relação
entre o calor trocado no evaporador , QL, (carga térmica do equipamento), em W, e a
energia elétrica gasta no compressor, W, isto é:

Exemplo
Aparelho de Janela de Capacidade QL = 12000BTU/h - 3488 W – 1 TR
Consome de Energia Elétrica W = 1265 W Fonte: CAJ Springer

COP Aparelho de Janela = 2,75


(*) Quanto maior o COP de um equipamento maior será a economia elétrica do
equipamento

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• Condicionador de Ar Sistema Dividido Air-Split

Com capacidades entre 9.000 e 34.000 BTU/h.


Modelos de Teto: Até 60.000 BTU/h
Modelos Maiores (Splitão): Até 180000 BTU/h

Condicionador de ar constituído por uma unidade de tratamento de ar de


expansão direta, de pequena capacidade, instalada dentro do ambiente, designada de
unidade interna, geralmente projetada para insuflação do ar por difusor incorporada ao
gabinete a unidade interna é interligada por meio de tubos, que fazem o transporte de
fluido refrigerante, a uma unidade condensadora externa designada unidade externa.
Simplificando o sistema Split é similar ao Condicionador de ar de Janela, onde
o compressor e o condensador estão instalados em uma unidade externa denominada
de unidade condensadora, o evaporador esta separado esta instalado em uma
unidade interna denominado de evaporador
.

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Pode ser instalado em diversas posições

Tipos de unidade Evaporadora (Unidade Interna)

Hi-Wall Teto

Piso Teto Cassete

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Embutir (Built-in)
A unidade evaporadora de embutir é a única em que a insuflação de ar, é feita por
intermédio de um duto e não esta incorporado ao corpo da máquina.

Tipos de Unidade Condensadora (Unidade Externa)

Descarga Vertical Descarga Horizontal


Os climatizadores tipo Air Split de grande capacidade são conhecidos popularmente
como Splitão

Unidade Condensadora Unidade Evaporadora

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Pontos Positivos Condicionadores de Ar tipo Air Split


• Equipamento de baixo custo;
• Instalação fácil, pois exige pouca interferência na alvenaria;
• Baixo Nível de Ruído;
• Não necessita de Abertura na parede/janela voltada para o exterior;
• Mais econômico quando comparado com o CAJ;
• Adequado para condicionamento de recintos individuais ou ambientes coletivos de
pequeno ou grande;
• Mercado em Expansão.

Pontos Negativos Condicionadores de Ar tipo Air Split


• Mão de obra especializada para a instalação quando comparado com o CAJ;
• O dispositivo de expansão, quando instalado no interior da unidade condensadora
diminui a eficiência;
• O aumento do comprimento das linhas (tubos) de interligação diminui a eficiência do
equipamento.
• Não é possível o uso de uma vazão de ar estipulada pelo calculo da carga térmica.
• Temperatura de insuflação muito baixa, em torno de 10°;
• Não propícia uma boa distribuição do ar, pois incide ar diretamente sobre as pessoas
(Exceto para os equipamentos com duto e difusor Built-in).

COP Condicionador de ar Air Split = 2,86

• Condicionador de Ar Sistema Dividido Multi-Split (VRV)

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É um equipamento semelhante ao condicionador de ar Air-Split, sendo que


utilizamos uma única unidade condensadora (externa) para duas ou mais unidades
evaporadora (interna)
Considerado um sistema central em que um conjunto de unidades de
tratamento de ar de expansão direta, geralmente instaladas dentro do ambiente a que
servem, designadas unidades internas (indoor unit), cada uma operada e controlada
independentemente das demais, é suprido em fluido refrigerante em vazão variável
(VRV) por uma unidade condensadora central, instalada do lado externo (outdoor unit).

Varias Unidades Evaporadoras

Sistema Bi Split Sistema Tri Split

Sistemas de maior capacidade podem ter várias unidades condensadoras

Pontos Positivos Condicionador de Ar Sistema Dividido Multi-Split


• Pequeno consumo de energia;
• Baixo Nível de Ruído;
• Não necessita grandes interferências na estrutura do prédio para ser instalado;

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Pontos Negativos Condicionador de Ar Sistema Dividido Multi-Split


• Equipamento de alto custo;
• Mão de obra muito especializada para a instalação;
• Alto custo de manutenção, por necessitar de mão de obra especializada;
• O grande comprimento das linhas (tubos) necessita de muito fluido refrigerante, o
que aumenta o risco, em caso de vazamento do efeito estufa;
• Não é possível o uso de uma vazão de ar estipulada pelo calculo da carga térmica;
• Temperatura de insuflação muito baixa, em torno de 10°;
• Não propícia uma boa distribuição do ar, pois incide ar diretamente sobre as pessoas
(Exceto para os equipamentos com duto e difusor Built-in).

COP Condicionador de ar Sistema Dividido Multi-Split = 3,12

• Condicionador de Ar Self Contained

Tem capacidade: 5,0 TR (60.000 BTU/h) a 40 TR (480.000 BTU /h)

Assemelha-se, em diferente escala ao condensador de janela, com maior


capacidade frigorífica, montada de fabrica, comportando uma unidade de tratamento
de ar com serpentina de resfriamento de expansão direta conjugada a uma unidade
condensadora, resfriada a ar ou a água, incorporada ao gabinete da unidade. O
condicionador é previsto para insuflação do ar por dutos. O condensador pode ser
desmembrado da unidade para instalação a distância. O condicionador pode também
ser apresentado dividido, para, instalação à distância da unidade condensadora.

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Todas as partes do sistema frigorífico contida nele mesmo.

Sistema para aplicação em instalações de médio e grande porte.


Com insuflação de ar direto ou através de dutos de ar
Muito utilizado em Agencias Bancarias, Escritórios, Restaurantes, Lojas.

De acordo com o tipo de condensação

Condensação a ar incorporada Condensação a ar remota

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Condensação a água com torre de resfriamento

Pontos Positivos Condicionador de Ar Self Contained


• Independência de Operação;
• Tecnologia simples;
• Permitem boa Distribuição de Ar;
• Insuflação e temperatura determinada no calculo da carga térmica;
• Podem garantir a umidade relativa e temperatura estipulada em projeto.

Pontos Negativos Condicionador de Ar Self Contained


• Nível de Ruído, podendo necessitar de casa de máquinas com isolamento acústico;
• Dependendo da tecnologia do compressor utilizado pode apresentar alto consumo de
energia;
COP Condicionador de ar Self Contained = 2,77

• Condicionador de ar com Resfriadores de líquido (Chiller) com Fan-Coil

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Neste sistema o fluido utilizado para resfriar o ar é água galada, ao contrario de outros
sistemas que utiliza como meio de resfriar o ar o fluido refrigerante que passa no
interior de tubos no evaporador.
A água gelada é produzida em uma central de água gelada, comumente denominada
de Chiller. A água gelada, impulsionada por bombas, e conduzida para uma
serpentina, semelhante a um evaporador, onde o ar insuflado por um ventilador
atravessa esta serpentina, para o ambiente a ser climatizado.

É uma central de ar condicionado de grande capacidade, muitas vezes denominado


Sistema de Água Gelada, Sistema de Resfriamento Indireto.

Tem Capacidade: 20 TR (240.000 BTU/h) a 400 TR (480.000 BTU /h)

O resfriador de liquido é denominado de Chiller.

Desenho esquemático de sistema de água gelada

O resfriamento do ar é feito no interior de resfriador, denominado de Fan-Coil.

Resfriador de ar do sistema de água gelada Fan-Coil (Ventilador-Serpentina)

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De acordo com o tipo de Condensação

Condensação a ar – Chiller resfriado a ar

Condensação a água – Chiller resfriado a água

Pontos Positivos Climatização por sistema de água gelada


• Independência de Operação;
• Não agride o meio ambiente, pois usa água como fluido secundário,;
• As tubulações podem ser de aço, mais barato que o cobre utilizado nos sistemas
Multi-Split;
• Insuflação e temperatura determinada no calculo da carga térmica;
• Podem garantir a umidade relativa e temperatura estipulada em projeto Não agride o
meio ambiente, pois usa água como fluido secundário;
• O Chiller não necessita estar próxima aos Fan-Coil;
• É considerado pela maioria dos projetistas o sistema de climatização mais seguro
para grandes empreendimentos

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Pontos Negativos Climatização por sistema de água gelada


• Tubulação de aço exige maior complexidade para instalação comparada com os
tubos de cobre;
• Necessidade de prover manutenção nas bombas;
• Necessita de mão de obra especializada para manutenção;

COP Condicionador de ar Sistema de água gelada = 2,84

• Comparativo de entre Equipamentos de Climatização – Resumo

(*) Quanto maior o COP de um equipamento maior será a economia elétrica do


equipamento

Se for necessário Climatizar o local como proceder?


1. Calcular a Carga Térmica;
1.1. Determinar Vazão de ar de Insuflação;
1.2. Determinar a Temperatura de Insuflação;
2. Equipamento de Climatização;
2.1. Determinar tipo de Distribuição de Ar Desejado;
2.2. Selecionar um Equipamento de Climatização.

Conclusão
Não importa qual o equipamento de climatização se utilize. Para a seleção do mesmo
é necessário se calcular a “carga térmica”.

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Conforto Térmico
Com os valores de Temperatura, Umidade Relativa e Velocidade do Ar,
recomendados pela ABNT, está garantido o Conforto Térmico de todas as pessoas?
Não estes valores são estatísticos. A carta de conforto da ASHRAE fornece uma
relação estatística da media de temperatura e umidade relativa que a maioria das
pessoas aprecia.

No verão a maioria das pessoas aprecia para conforto térmico T = 24 °C e UR = 50%.

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Noções de Carga Térmica

Introdução
O calculo rigoroso da carga térmica é de vital importância para o projeto de
condicionamento de ar.
A carga térmica é definida como o calor sensível e latente a ser fornecido ou
(1)
extraído do ar por unidade de tempo, para manter as condições desejadas no
recinto a ser climatizado.
A capacidade do equipamento se determina com as exigências instantâneas de
máxima carga real ou efetiva. Geralmente é impossível medir com exatidão as cargas
reais máximas de um recinto, o que se faz é uma estimativa dessas cargas, existem
diversos métodos de calculo, todos eles baseados em diversas tabelas e gráficos.
Como existem diversos métodos para fazer isto, com precisão muito próxima,
usaremos os métodos aplicados pela TRANE, sendo este aprovados pela ASHRAE
(American Society of Heating, Refrigerating and Air Conditioning Engineers) e
apoiados por tabelas da ABNT

(1) Calor extraído, conhecido como “carga térmica de verão”, aonde nosso curso será
enfatizado. O calor fornecido é conhecido como “carga térmica de inverno”.

Sistema de Unidades
Procuramos utilizar durante este curso as unidades oficialmente definidas no
Sistema Internacional (SI) contudo como o mercado esta ainda esta acostumado a
trabalhar no antigo sistema vigente no Brasil, ou seja o Sistema Métrico (SM) e no
ultrapassado Sistema Britânico (SB), estas unidades de medidas poderão aparecer
durante os cálculos da carga térmica.

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Unidades S.M. S.B. S.I.


Comprimento (L) m ft m
Massa (m) Kg Lb Kg
0 0
Temperatura (T) C F K (0C)
Entalpia (h) Kcal / Kg BTU / Lb J / Kg
0 0 0
Condutibilidade Térmica (k) Kcal / h.m. C BTU / h.ft. F W / m. C
2 0 2 0 2 0
Coeficiente Global de Transm. de Calor (U) Kcal / h.m . C BTU / h.ft . F W/m . C
Transferência de Calor Kcal / h BTU / h (TR) W

Estudo do local
Para uma estimativa realista da carga térmica de condicionamento de ar, um
estudo mecânico e arquitetônico do local deve ser considerado nos seguintes
aspectos:

1°. Orientação do edifício: Observar a situação do local a ser condicionado com


relação a:
• Pontos cardeais, necessários para o estudo da incidência solar e vento sobre o
ambiente a ser condicionado.
• Vizinhos, se existe alguma construção que cause sombra.
• Superfícies geradoras de reflexo sobre o ambiente a ser condicionado, tais
como a água (lagos, rios), estacionamentos, prédio vizinho com vidros
reflexivos etc..

Figura: Orientação geografica do edificio.

2°. Destino do local: Determina para que fim se destina o local, por exemplo;
biblioteca, sala de aula, teatro, escritório, banco e etc.. Está informação fornecera
dados e subsídios para que saibamos a “Temperatura do ambiente” a ser
condicionado, dissipação de calor pelas pessoas.

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3°. Dimensão do local: Comprimento, largura e pé direito (PD), dimensão de portas e


janelas.

4°. Colunas e vigas: Verificar se existem vigas, colunas e luminárias que poderão
interferir no projeto da distribuição da rede de dutos e difusores.

5°. Materiais de construção: Determinar os tipos de materiais que compõe a


construção, tais como; tipos de tijolos, reboco, divisórias, janelas, etc..Devemos
observar também a espessura destas paredes, pois com estes dados determinaremos
o Coeficiente Global de Transmissão de calor “U”.

6°. Teto: Verificar se existe espaço (altura) entre o piso e o forro para instalar os dutos
de maneira que o pé direito não fique muito baixo.

Figura: Dutos para a distribuição do ar.

5°. Colunas e vigas: Verificar se existem vigas, colunas e luminárias que poderão
interferir no projeto da distribuição da rede de dutos e difusores.

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6°. Materiais de construção: Determinar os tipos de materiais que compõe a


construção, tais como; tipos de tijolos, reboco, divisórias, janelas, etc..Devemos
observar também a espessura destas paredes, pois com estes dados determinaremos
o Coeficiente Global de Transmissão de calor “U”.

7°. Condições externas de acabamento: Devemos observar as cores exteriores das


paredes e telhados como também se existe sombra ou reflexão de luz feita pelos
prédios vizinhos. Verificar se o espaço entre o forro e o telhado (ático) é ventilado ou
não. Determinar também se os ambientes circunvizinhos ao local estudado possuem
ou não condicionamento de ar, no caso de não haver, verificar qual a temperatura do
mesmo. Observar também se o piso esta sobre o solo, porão ou área ocupada
(determinando se existe ou não condicionamento de ar).

8°. Sombras: Verificar as dimensões, côr, materiais de construção das persianas


externas, marquise, toldo, etc., que por ventura realizam sombras na fachada do local
a ser condicionado. Também deve ser verificado se existem persianas ou cortinas
internas, e a cor das mesmas.

9°. Portas: Tipos (Giratórias, Guilhotina, Basculante). Dimensões, cor, tipo de material
(madeira, vidro, plástico, etc.) e quantidade, como também, se elas permanecerão
fechadas ou abertas, e se o ambiente externo a ela tem condicionamento de ar.

10°. Condições externas (vizinhos): Conforme já foi mencionado no item n°1 e n°7.

11°. Ocupantes: Número de pessoas, tempo de ocupação, natureza da atividade,


conforme item n°2. O calor liberado pelas pessoas pode ser determinado através da
Tabela 11.
Quando o numero de ocupantes for desconhecido pode-se fazer uma estimativa
através da Tabela 10.

12°. Iluminação artificial: Potência na hora de ponta, tipo de lâmpadas


(incandescente, fluorescente) se é iluminação direta ou indireta, se a luminária é
pendente ou fixa no teto, o tipo de ventilação sobre as luminárias. Caso a quantidade
de lâmpadas for desconhecida, estimar a potência utilizando a Tabela 12.

13°. Equipamentos: Equipamentos elétricos,eletrônicos,mecânicos, de uso comercial


e domestico, devem ter sua capacidade determinada. Caso o equipamento libere
vapor de água, como cafeteiras, equipamentos de “Banho Maria”, equipamentos de

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queima de gás ou outro combustível, as cargas devem ser divididas entre sensível e
latente, conforme valores recomendados na Tabela 13.

14°. Motores elétricos: A potência elétrica de entrada nos motores não é


necessariamente a potência dissipada no ambiente, a qual varia de acordo com o
rendimento (eficiência) de cada tipo e fabricante de motores elétricos, desta forma
para determinarmos o calor dissipado pelo motor ao ambiente a ser climatizado
utilizaremos valores médios que estão descritos na Tabela 13.

15°. Ventilação: É a quantidade de ar em m3/h x Pessoa que deve ser colocado de ar


externo, para renovação do ambiente que esta sendo climatizado. Verificar a Tabela 9,
e Tabela 9A, (valida a partir de Setembro. 2008), tomando o cuidado de utilizar em
sobreposição a ela o valor mínimo de 27 m3/h x pessoa, segundo Portaria 3523 da
Agência Nacional da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde.

16°. Armazenamento térmico: Compreende o horário de funcionamento do sistema


(8, 12, 16 ou 24 horas por dia), este período vai estar diretamente relacionado com o
calor armazenado nas estruturas do prédio (paredes, telhados, janelas, etc.), como
também pelo armazenamento de calor fornecido pelas luminárias aos moveis e
equipamentos. Ou seja, quanto, menor o tempo de funcionamento do equipamento
mais difícil será retirarmos o calor armazenado, este valor não será utilizado em nosso
calculo da carta térmica.

17°. Funcionamento continuo ou intermitente: Está relacionado com o


funcionamento do equipamento com o calor armazenado, conforme visto acima.

Equipamentos e serviços
Ao executarmos o projeto para instalação do equipamento de condicionamento de ar
devemos observa os seguintes itens:

1) Espaços disponíveis: Verificar se o local da futura casa de máquinas tem espaço


físico suficiente para instalação do equipamento condicionador de ar conforme
especificações do fabricante, e prevendo serviços de manutenção. Normalmente uma
localização central de uma casa de máquinas, com os respectivos equipamentos,
sempre que possível é preferível a uma localização descentralizada.

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2) Acessibilidade: Observar que deva existir condições de acesso do equipamento


desde a entrada do prédio até o seu local de instalação. (escadaria, elevadores,
corredores, portas, etc.)

3) Entrada de ar exterior: Identificar local de fácil instalação de dutos e dampers


para captura de ar externo de renovação, para o interior da casa de máquinas
0
.conforme prevê a portaria n 3523 da Agencia Nacional da Vigilância Sanitária do
Ministério da Saúde – e NBR 16401

4) Ponto de energia elétrica: Deve existir na casa de máquinas ponto de energia


elétrica, de acordo com a norma NBR.....Instalação Elétrica de Baixa Tensão, com
cabos e dispositivos de segurança de acordo com a capacidade do condicionador de
ar, para sua instalação e seu respectivo quadro elétrico, como também de tomadas
elétricas adicionais para ligar equipamentos de manutenção.

5) Ponto de água: É necessário que exista dentro da casa de máquina ponto de


água potável para manutenção do equipamento

6) Ponto de esgoto: Necessário ao escoamento da água de condensação gerada


no condicionador de ar e a utilizada durante a manutenção e limpeza.

7) Refrigeração (água gelada), Chiller: Infra estrutura para instalação da tubulação


de água gelada para os equipamentos tipo Fan-Coil.

Figura: Self-Contained com condensação a água.

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8) Circulação de Ar Externo: No caso de equipamentos com condensação a ar,


verificar a facilidade para captação do ar externo de condensação, como por exemplo,
para a utilização de Self-Contained com condensação de ar.

Figura: Self-Contained com condensação a ar.

9) Água de Condensação: Para equipamentos com condensação a água deve


existir infra-estrutura para instalação da tubulação de água de condensação e sua
respectiva torre de resfriamento.

Figura: Self-Contained com condensação a água e torre de resfriamento.

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10) Características de engenharia: Verificar a resistência da construção civil do local


onde será instalado o equipamento, para suportar o peso e a vibração gerada pelo
mesmo.

11) Dutos de ar existentes: Caso existam dutos de instalações anteriores estudar a


possibilidade do aproveitamento dos mesmos.

Figura: Dutos de distribuição de ar existente..

12) Acessibilidade ao equipamento: É necessário o fácil acesso à casa de maquina


e aos equipamentos em seu interior para serviços de manutenção.

13) Condições sonoras: A casa de máquinas e os equipamento externos, como


torres de resfriamento e condensadores remotos, devem ser instalados em locais
remotos aos ambientes ocupados pelas pessoas, ou serem instalados equipamentos
anti-ruído, respeitando os níveis sonoros conforme as normas de conforto e legislação
municipal local.

14) Códigos e regulamentações: Toda a instalação deve estar de acordo com as


normas municipais locais, estaduais, corpo de bombeiro e do Ministério do Trabalho.

Nota: Todos os dados observados no “Estudo do Local” e “Equipamentos e


Serviços” devem ser incluídos no relatório que será enviado ao cliente para
que o mesmo possa dar o seu aceite antes de inicio do calculo da Carga
Térmica.

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Cálculo de carga térmica


A carga térmica pode ser dividida em Carga Térmica Externa e Carga Térmica Interna.
Carga Térmica Externa é denominada a carga térmica que tem seus valores devido à
carga de calor exterior ao ambiente climatizado.
Podemos citar como carga térmica externa:
1) Insolação pelas janelas,
2) Insolação pelas paredes,
3) Temperatura do ar exterior,
4) Pressão do vapor de água,
5) Ventos que sopram contra as paredes do edifício (infiltração de ar exterior),
6) Ar exterior necessário para a renovação. (1)

Carga Térmica Interna é denominada a carga térmica que tem seus valores devido à
carga de calor gerada no próprio local a ser condicionado.
Podemos citar como carga térmica interna:
1) Pessoas
2) Iluminação;
3) Utensílios e equipamentos;
4) Maquinas elétricas;
5) Motores elétricos;
6) Tubos e dispositivos de água quente;
7) Outras fontes de calor.

(1) O ar externo para renovação, tende a aumentar a capacidade do equipamento que será
utilizado para vencer a carga térmica do local, e o mesmo será levado em consideração no
momento da escolha deste equipamento, e não durante o calculo da carga térmica do
local.

Exemplo de calculo de carga térmica


Como exemplo iremos determinar a carga térmica de uma sala de aula, para isso
foram observados todos os itens que constam do estudo do local, detalhados
anteriormente.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 25


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Cliente: ESCOLA TECNICA DE ENSINO DE MECÂNICA


Local: SÃO PAULO – SP.
Necessidade: CLIMATIZAR SALA DE AULA N°25 PARA TEMP ERATURA DE
CONFORTO.
Temperatura de conforto: 24°C ±1°C.
Não será feito controle de umidade relativa
Detalhes do Local
• Quantidade de pessoas: 32 Alunos.
• Iluminação: 12 Lâmpadas Fluorescentes 110W/cada.
• Equipamentos: 2 Micro computador 250 W/cada.
• 1 Impressora 55W
• 1TV +1 Vídeo 150W
• 1 Retroprojetor 300 W
• 1Cafeteira Elétrica 2 litros
• Ambientes vizinhos sem condicionamento de ar com exceção da secretaria,
conforme consta no croquis abaixo.
• Janelas com caixilhos de metal, antigas com falta de ajuste, dimensões
conforme croquis em anexo.
• Janelas com persianas internas de cor clara.
• Construção, conforme consta no croquis em anexo, com paredes externas na
côr bege.
• Telhado com telhas de fibrocimento, cor cinza claro, e forro com isolamento
térmico de lã de vidro de 5,0 cm de espessura.
• Piso inferior ocupado por oficina, sem condicionamento de ar, e sem nenhum
equipamento que gere uma alta carga térmica.
• O condicionador de ar será do tipo Self com condensador de ar remoto.
• Os detalhes pertinentes tais como ponto de força, esgoto, água, etc., serão
solicitados futuramente ao cliente quando do final dos cálculos da carga
térmica e já ter definido o tamanho do equipamento condicionador de ar quer
será utilizado.
• Maiores detalhes estão descritos no croquis.

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Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

CORREDOR
SEM CONDICIONAMENTO
T = 32ºC
5 6
4

8,2m 7

8
35 SAGUÃO SEM
CONDIC.
SALA
T = 32ºC
27 6,4m

SEM
CONDIC. SALA 25 SECRETARIA
T = 32ºC T = 24 ± 1ºC COM CONDIC.
UR = 55% T = 24ºC
PD = 4,5m

TEMP. EXTERNA 2 2 1 2
T = 32ºC
(MÉDIA-NORMALIZADA) N

01 - Parede Externa (Leste) - Cor Bege - Alvenaria e = 0,4m


02 - Janela Vidro Comum com caxilho metálico com persianas
internas clara 2,0 x 3,95m
03 - Divisoria de madeira foleada e = 0,055m
04 - Porta madeira macissa 2,0 x 0,8m e = 4cm
05 - Parede Interna (oeste) - Alvenaria e = 0,2m
06 - Janela Interna (oeste) comum 2,0 x 0,7m
07 - Parede Interna (norte) - Alvenaria e = 0,2m
08 - Telhado de fibrocimento cor cinza claro

OBSERVAÇÕES
Ocupantes 32 pessoas
Equipamentos: 12 lâmpadas Fluorescente 110W = 1320W
Computador = 800 W
Impressora = 55 W
TV e Video
Cafeteira Eletrica 2 litros = 450 W
Nota: 1º andar com telhado de fibrocimento com forro em fibra de vidro
de 5cm de espessura
Piso tipo laje com taco e = 18cm
Andar inferior sem condicionamento
Sala 25 (sala de aula)
SENAI "Oscar Rodrigues Alves"
V.R.Gerner Fev/2004
(sem escala - croqui)

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 27


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

CÁLCULO

1. Coeficiente Global de Transmissão de Calor (U)

Todo o material que compõe uma determinada superfície possui uma


“Resistência Térmica” RT a passagem de calor, em situações que ocorrem efeitos
combinados de transmissão de calor por condução e convecção, para uma melhor
compreensão é interessante ter uma noção de “Resistência Térmica Total” de um
sistema.
Seria muito pouco prático, se, cada vez que se fizesse uma alteração da
temperatura em uma superfície onde está havendo Transmissão de Calor ( Q& ) , fosse
necessário recalcular todas as resistências térmicas.
Define-se então um termo o qual aplicado a uma equação simplificada nos
fornecerá a nova quantidade de calor transferida, desde que, evidentemente, não
ocorram variações que alterem as características do material e espessura que
compõe a superfície ou seja não altere sua Condutibilidade Térmica ou os
Coeficientes de Transmissão de Calor.
Esse termo denomina-se “Coeficiente Global de Transmissão de Calor”, cujo
símbolo é “U”
Quando utilizamos o “Coeficiente de Transmissão de Calor” (U) a equação da
Transmissão de Calor ( Q& ) para qualquer tipo de parede, ou superfície será a seguinte:

Q& = U . A.∆T
Onde:

Q = Transmissão de calor
U = Coeficiente Global de Transmissão de Calor
A = Área de troca de calor
∆T = Diferença de Temperatura entre os fluídos
Unidades do “Coeficiente Global de Transmissão de Calor – U”

Símbolo Sistema Métrico Sistema Sistema


Britânico Internacional
Transferência de Q& Kcal BTU W
Calor
h h
Área A m2 ft2 m2
Diferencial de ∆T ºC ºF ºC
Temperatura
Coeficiente Global U Kcal BTU W
de Transmissão de
Calor h.m2 º C h. ft 2 .º F m 2 .º C

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 28


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

1.1. Coeficiente Global de Transmissão de Calor (U), para uma “Superfície


Plana Simples”

Para podermos visualizar como se comporta a transmissão de calor entre


fluídos separados por uma “Superfície Plana Simples” (parede), vamos observar a
figura abaixo, onde a parede possui junto a ela, em ambos os lados, uma película de
massa fluida, que neste caso é o ar.

Película 1 (h1) Película 2 ( h2)


Fluído 1 Parede K Fluído 2

Q&

T1 T2

e
Onde:
T1 = temperatura do lado 1 [ºC]; [ºF]; [ºC]
T2 = temperatura do lado 2 [ºC]; [ºF]; [ºC]
e = Espessura das paredes [m]; [ft]; [m]

K BTU W
K = Condutividade térmica da parede ; ;
h.m, º C h. ft.º F m.º C

Kcal BTU W
h1 = coeficiente de película do lado 1 2
; 2
; 2
h.m .º C h. f .º F m .º C

Kcal BTU W
h2 = coeficiente de película do lado 2 2
; 2
; 2
h.m .º C h. f .º F m .º C

Como é demonstrado, no curso de Transmissão de Calor, o fluxo de calor (Q)


em uma “Superfície plana simples” entre fluídos, o qual denominamos Coeficiente de
Película (h), pode ser calculado pelas seguintes equações:

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 29


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

A.∆Tt
Q& =
1 e 1
+ +
h1 K h2
Onde:

1 e 1
+ + = RT Resistências Térmicas por Unidade de Área.
h1 K h2

O inverso da “Resistência Térmica por unidade de Área” é o Coeficiente Global


de Transmissão de Calor U.

1 1
U= ou seja U=
RT 1 e 1
+ +
h1 K h2

Desta forma a equação da Transmissão de Calor, fica representada da seguinte


forma:

Q& = U . A.∆T

Onde:

∆T = Diferencial de temperatura entre fluídos (T1 – T2) [ºC]; [ºF]; [ºC]


A = Área total de transmissão de calor [m2]; [ft2]; [m2]

1.2. Transmissão de Calor entre Fluídos Separados por Superfícies Planas


Superpostas

Como no caso anterior, onde foi deduzida a equação da Transmissão de calor


por condução, por uma parede simples, vamos utilizar o mesmo raciocínio, para
paredes planas superpostas, ou em série, como pode ser observado na figura abaixo:

Fluído 1
Fluído 2
Película 1 Parede 1 Parede 2 Parede 3
k1 k2 k3 Película
Película 2 2

T1 T2

e1 e2 e3

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 30


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Onde:

T1 e T2 = Temperatura do fluído dos lados 1 e 2 [ºC]; [ºF]; [ºC]

K BTU W
K1; K2; K3 = Condutividade térmica das paredes ; ;
h.m, º C h. ft.º F m.º C

Kcal BTU W
h1 e h2 = Coeficiente de película dos lados 1 e 2 2
; 2
; 2
h.m .º C h. f .º F m .º C

e1 , e2 , e3 = Espessura das paredes [m]; [ft]; [m]

A = Área de Transmissão de calor [m2]; [ft2]; [m2]

Kcal BTU
Q = transmissão de calor ; ;[W ]
h h

De acordo com os conceitos utilizados, em transmissão de calor por condução,


em configuração de parede semelhante, a “Equação de Transmissão de calor será:

A.(∆T )
Q& = ou Q& = U . A.(∆T )
1 e1 e e 1
+ + 2 + 3 +
h1 K1 K 2 K 3 h2
Onde:
1 e1 e e 1
+ + 2 + 3 + = RT Resistências Térmicas por Unidade de Área
h1 K1 K 2 K 3 h2

Sendo:
(U) O Coeficiente Global de Transmissão de Calor, para fluídos separados por superfícies
planas superpostas (paredes em série)

1 Kcal BTU W
U= e suas unidades 2
; 2
; 2
1 e1 e e 1 h.m .º C h. f .º F m .º C
+ + 2 + 3 +
h1 K1 K 2 K 3 h2

Onde:

∆T = Diferencial de temperatura entre fluídos (T1 – T2) [ºC]; [ºF]; [ºC]


2 2 2
A = Área total de transmissão de calor [m ]; [ft ]; [m ]

Nota:
A Condutividade térmica das paredes( K ), é função do material da parede; alguns
valores de (K) para materiais normalmente utilizados em construção civil podem ser
encontrados nos anexos desta apostila como Tabela 14.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 31


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Coeficiente de Película (h)


O coeficiente de película (h) é função de uma série de variáveis envolvendo
constantes físicas e geométricas, superfícies de troca de calor, escoamento do fluido,
entre outras, desta forma os projetistas de condicionadores de ar costumam utilizar
valores tabelados para este coeficiente, e que apresentam um erro desprezível nos
cálculos do Coeficiente Global de Transmissão de Calor (U), alguns valores para (h)
são:

Coeficiente de Película (h), para uso em climatização


Estado do Ar kcal / h . m2 . 0C W / m2 . 0C
Ar Parado 8,05 9,36
Ar em movimento (3,3 m/s) 19,50 22,67
Ar em movimento (6,7 m/s) 29,30 34,07

1.3. Cálculo dos coeficientes globais de transmissão de calor U


Abaixo são apresentados os cálculos dos Coeficientes Globais da Sala 25 que
serão utilizados no projeto da carga térmica deste local

1.3.1. Coeficiente global de transmissão de calor U – Divisória


A divisória é constituída de duas placas de Eucatex com um preenchimento
interno de cavacos de madeira, conforme pode ser verificado no desenho baixo.

Enchimento de
Madeira KM Espessura da Divisória eD = 5,5 cm
Espessura do Eucatex eE = 5,0 mm
Eucatex KE Espessura do Cavaco eM = 2,25 cm (1)

Condutibilidade Térmica (k) – Tabela 14


Camada de Ar CA
Eucatex kE = 0,034 kcal / h.m.0C
Madeira kM = 0,1 kcal / h.m.0C

hE hI Coeficiente de Película (h) – Nota acima


Interno hI = 8,00 kcal / h.m2.0C
Externo hE = 29,0 kcal / h.m2.0C

Condutância Térmica do Ar (CAR) (2)


CAR = 5,36 Kcal / h.m2.0C
eM eE

eD

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 32


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

(1) Para determinarmos o Coeficiente Global de Transmissão de Calor consideraremos


que a parte interna da divisória é constituída de uma massa de ar, perfazendo 50 % do
volume ocupado, e os outros 50 % são ocupados pelo cavaco de madeira, desta
maneira será considerado nos cálculos que a espessura interna da divisória, ou seja, a
Espessura do Cavaco de Madeira eM = 2,25 cm, o espessura real entre as duas
placas de Eucatex é de e = 4,5 cm.
(2) A Condutância térmica do ar é o inverso do da resistência térmica (RT) do ar que esta
estanque entre as placas da divisória ou no ático (espaço entre o forro e o telhado de
telha de fibrocimento), este valor varia em função de uma série de variáveis que aqui
2 0
será estipulado como CAR = 5,36 Kcal / h.m . C, para maiores informações consultar
ASHRAE Handbook – Fundamental.

O Coeficiente Global de Transmissão de Calor da divisória e sua respectiva


equação podem ser resumidos da seguinte maneira:

1
U=
1 e emadeira 1 e 1
+ + + + +
he Keucatex Kmadeira Car Keucatex hi

1 Kcal
U = → Udiv = 1,156
1 0,005 0,0225
+ + +
1
+
0,005 1
+ h.m 2 .º C
29 0,034 0,1 5,36 0,034 8

1.3.2. Coeficientes globais de transmissão de calor U – Forro/Telhado


O telhado em fibrocimento, com o forro constituído de placas de isolamento
térmico de lã de vidro, o espaço entre o forro e o telhado (ático) pode ser considerado
como uma área onde o ar é mantido ali estanque, conforme pode ser verificado no
desenho abaixo.
No calculo será considerado como se este conjunto telhado, massa de ar do
ático e forro de lã de vidro fosse uma única parede constituída destes três materiais.

Telha Fibrocimento KF
hE eF
Camada de Ar CAR

Ático Isolamento Térmico KI

Paredes
hI
eI

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 33


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Onde:

Espessura da Telha eF = 6,05 mm Coeficiente de Película (h) – Nota acima


(Telha de Fibrocimento) Interno hI = 8,00 kcal / h.m2.0C
Espessura do Isolante eI = 5,0 cm Externo hE = 29,0 kcal / h.m2.0C
(Forro de Lã de Vidro)

Condutibilidade Térmica (k) – Tabela 14


Condutância Térmica do Ar (CAR) (1)
Telha kF = 0,35 kcal / h.m.0C
CAR = 5,36 kcal / h.m2.0C
Lã de vidro kI = 0,034 kcal / h.m.0C
(Ar no Ático)

(2)
AI / AF = 0,9

(1) A Condutância térmica do ar é o inverso da resistência térmica (RT) do ar que esta


estanque entre as placas da divisória ou no ático (espaço entre o forro e o telhado de
telha de fibrocimento), este valor varia em função de uma série de variáveis que aqui
2 0
será estipulado como CAR = 5,36 Kcal / h.m . C, para maiores informações consultar
ASHRAE Handbook – Fundamental.
(2) Correção entre as áreas do forro (AI) e telhado (AF), pois os cálculos de transmissão de
calor são realizados para superfícies que possuem áreas iguais em seus dois lados, no
caso do telhado e forro isto não acontece, pois o telhado é inclinado e possui uma área
superior (AF) a área do forro de lã de vidro (AI)

1
U =
1 elv 1  et 1
+ + + 0,9 x  + 
hi Klv Catico  Kt he 

1
U =
1 0,05 1  0,006 1 
+ + + 0,9 x  + 
8,0 0,034 5,36  0,35 29 

Kcal
UForro = 0,547
h..m 2 .o C
1.3.3. Coeficiente global de transmissão de calor U – Piso
O piso é constituído de piso de madeira (tacos), sobre uma laje de concreto,
conforme desenho abaixo;

eT
eT
hI Taco Madeira KM

Argamassa KA

Concreto KC
eC
Argamassa KA

hE
eA

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 34


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Onde:

Espessura da Argamassa eA = 2,0 cm Coeficiente de Película (h) – Nota acima


(Argamassa de Cimento)
Espessura do Concreto eC = 13,0 cm Interno hI = 8,00 kcal / h.m2.0C
(Concreto Geral)
Externo hE = 29,0 kcal / h.m2.0C
Espessura do Taco eT = 1,0 cm

Condutibilidade Térmica (k) – Tabela 14


Argamassa kA = 0,62 kcal / h.m.0C
Concreto kC = 1,22 kcal / h.m.0C
Taco kT = 0,14 kcal / h.m.0C

1
U =
1 etaco ea ec ea 1
+ + + + +
hi Ktaco Ka Kc Ka he

1
U =
1 0 , 01 0 , 02 0 ,13 0 , 02 1
+ + + + +
8 ,0 0 ,14 0 , 62 1, 22 0 , 62 29

Kcal
Upiso = 2,488
hm 2 º C

1.3.4. Coeficiente global de transmissão de calor U – Porta


O piso é constituído de piso de madeira, tacos, sobre uma laje de concreto,
conforme desenho a seguir;

Porta KM
Espessura da Porta eP = 4,0 cm
(Madeira Dura)

Condutibilidade Térmica (k) – Tabela 14


Madeira kM = 0,14 kcal / h.m.0C
hE hI

Coeficiente de Película (h) – Nota acima


Interno hI = 8,00 kcal / h.m2.0C
Externo hE = 29,0 kcal / h.m2.0C

eP

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 35


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

1
Uporta =
1 emadeira 1
+ +
he Kmadeira hi

1
Uporta =
1 0,04 1
+ +
29 0,14 8

Kcal
Uporta = 2,246
hm 2 º C

1.3.5. Coeficiente global de transmissão de calor U – Janela


As janelas, tanto a externa face leste como a interna ao corredor do prédio, são
constituídas de uma estrutura de caixilho metálico com vidro comum. Como a área do
caixilho metálico é muito pequena em relação ao vidro e pode ser considerada
desprezível na determinação do coeficiente global de transmissão de calor, onde foi
considerado somente o vidro, conforme desenho a seguir:

Vidro KV Espessura do Vidro eV = 3,0 mm


(Vidro Comum)

Condutibilidade Térmica (k) – Tabela 14


Vidro kV = 0,68 Kcal / h.m.0C

hE hI

Coeficiente de Película (h) – Nota acima


Interno hI = 8,00 kcal / h.m2.0C
Externo hE = 29,0 kcal / h.m2.0C

eV

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 36


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

1
Uvidro =
1 evidro 1
+ +
he Kvidro hi

1
uvidro =
1 0,003 1
+ +
29 0,68 8

Kcal
Uvidro = 6,101
hm 2 º C

1.3.6. Coeficiente global de transmissão de calor U – Paredes Internas


As paredes internas, que é vizinha ao corredor do prédio, denominada de
oeste (O), e a parede vizinha ao saguão e secretaria, denominada de parede norte
(N), são constituídas de tijolo de barro revestida de argamassa, conforme desenho a
seguir;

Tijolo de Barro KT
Espessura da Argamassa eA = 2,0 cm
Argamassa (Argamassa de Cimento)
Espessura do Tijolo eT = 18,0 cm
(Tijolo de Barro Comum)

Condutibilidade Térmica (k) – Tabela 14


Argamassa kA = 0,62 kcal / h.m.0C
hE hI Tijolo kT = 0,62 kcal / h.m.0C

Coeficiente de Película (h) – Nota acima


Interno hI = 8,00 kcal / h.m2.0C
Externo hE = 29,0 kcal / h.m2.0C
eT eA

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 37


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

1
U =
1 e1 et e1 1
+ + + +
hi Ka Kt K1 hi

1
U =
1 0,02 0,16 0,02 1
+ + + +
29 0,62 0,62 0,62 8

Kcal
Uparede(int ernas ) = 2,074
h.m 2 .o C

1.3.7. Coeficiente global de transmissão de calor U – Parede Externa


A paredes externa, denominada leste (E), é constituída de tijolo de barro
revestida de argamassa, conforme desenho a seguir;

Tijolo de Barro KT Espessura da Argamassa eA = 2,0 cm


(Argamassa de Cimento)
Argamassa Espessura do Tijolo eT = 36,0 cm
(Tijolo de Barro Comum)

Condutibilidade Térmica (k) – Tabela 14


Argamassa kA = 0,62 kcal / h.m.0C
Tijolo kT = 0,62 kcal / h.m.0C
hE hI

Coeficiente de Película (h) – Nota acima


Interno hI = 8,00 kcal / h.m2.0C
Externo hE = 29,0 kcal / h.m2.0C

eT eA

1
Upc =
1 e1 et e1 1
+ + + +
hp K1 Kt K1 hi

1
Upc =
1 0,02 0,36 0,02 1
+ + + +
29 0,62 0,62 0,62 8,0

Kcal
Upc = 1,243
hm2 º C

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 38


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

1.4. Coeficiente Global de Transmissão de Calor (U)


O Coeficiente Global de transmissão de calor de todas as superfícies que compõe
a sala 25 pode ser resumido na tabela abaixo.

SUPERFICIE ÁREA U U
2
(m ) (kcal/h x m x °C) (W/h x m2 x °C)
2

Divisória (parede sul) 28,8 1,156 1,344


Forro (teto + telhado) 52,2 0,547 0,636
Piso (laje + taco) 52,2 2,488 2,893
Porta (madeira) 1,6 2,246 2,612
Janela corredor (janela oeste) 1,4 6,101 7,094
Parede corredor (parede oeste) 33,9 2,074 2,412
Parede norte (saguão) 28,8 / 2 = 14,4 2,074 2,412
Parede norte (secretaria) 28,8 / 2 = 14,4 2,074 2,412
Janela leste (externa) 23,7 6,101 7,094
Parede leste 13,2 1,243 1,445

Nota: O coeficiente global de transmissão de calor (U), deve ser sempre calculado,
pois mesmo que utilizemos programas de computador para calculo de carga
térmica (Softs), os quais normalmente são importados, e são caracterizados
com materiais de construção de seu país de origem (EUA), e como na maioria
dos casos não existe compatibilidade dos materiais de construção utilizados nos
exterior com os do Brasil, os valores do Coeficiente Global de Transmissão de
Calor U também são diferentes .

Ver também a Tabela 14A, onde se encontra alguns Coeficientes Globais de


Transmissão de Calor (U) para alguns matérias e superfícies utilizados em construção
no Brasil.

2. Calculo da transmissão de calor por condução (Qc)


É a quantidade de calor que é transmitido através das superfícies, devido a uma
diferença de temperatura, pode ser calculado conforme a equação abaixo.

∆T)
Qc = A . U. (∆

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 39


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Onde:

Qc = transmissão de calor por condução kcal/h ou W


A = área da superfície m2; m2
U = coeficiente global de transmissão de calor kcal/h . m2 . °C ou W/ m 2 . °C
∆T = diferença de temperatura (Text – Tsala) °C ou K.

2.1. Determinação da transmissão de calor por condução

Text = 32°C. (1)

Tsala = 24°C. (2)

ÁREA U ∆T (Text – Tsala) Q


(m2) (Kcal/h x m2 x °C) (°C) (kcal/h)
SUPERFICIE
Divisória (parede sul) 28,8 1,156 (1)
32 – 24 (2) 266,34
Forro (teto + telhado) 52,2 0,547 (1)
32 – 24 (2) 228,42
Piso (laje + taco) 52,2 2,246 (1)
32 – 24 (2) 1038,98
Porta (madeira) 1,6 6,101 (1)
32 – 24 (2)
28,74
Janela corredor (janela oeste) 1,4 6,101 (1)
32 – 24 (2) 68,33
Parede corredor (parede oeste) 33,9 2,074 (1)
32 – 24 (2) 562,46
Parede norte (saguão) 28,8/2 2,074 (1)
32 – 24 (2)
238,92
Parede norte (secretaria) 28,8/2 2,074 (3)
24 – 24 (2) 0
Janela leste 23,7 6,101 (1)
32 – 24 (2)
1156,74
Parede leste 13,2 1,243 (1)
32 – 24 (2) 131,26
Qc Total 3720,24

(1) As temperaturas externas de diversas cidades (capitais) brasileiras são tabeladas


segundo a norma NBR 16401, conforme tabela abaixo item 2.1.1, onde para este
projeto, cidade de São Paulo, adotou-se uma temperatura media de verão TBS = Text =
0
32 C
(2) A temperatura interna é uma condição de projeto para conforto, recomendada na NBR
16401, conforme item 2.1.2, em nosso caso, projeto da sala 25, foi estabelecida como
TInt = Tsala = 24 C ± 1 C.
0 0
0
(3) A temperatura interna da secretaria (contígua a sala 25) é de Tsec. = 24 C, neste caso,
∆T = 0, não havendo passagem de calor por esta área da parede.
(4) As temperaturas das salas e corredores vizinhos (contíguas) a sala 25, que não
possuem condicionamento de ar devem ter uma temperatura inferior a temperatura
externa, conforme item 2.1.3, mas para fins didáticos foi considerado estas
temperaturas como a mesma do ambiente esterno Tcontíguo = 32C

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 40


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

2.1.1 Temperaturas Externas (1)


Os dados climáticos de 34 principais cidades brasileiras encontram-se na NBR
16401, - Instalações de Ar Condicionado – Sistemas Centrais e Unitários – Parte 1, a
seguir parte da tabela que refere-se a cidade de S.Paulo.

Fonte: NBR 16401 segundo recomendação do ASHRAE Fundamentals Handbook 2005 – Capitulo 28

Nota: Em nosso projeto da sala de aula estamos adotando para São Paulo – SP uma
condição climática de TBS = Text = 32 0C com UR de 60 %

2.1.2 Temperatura Interna (2)


Os parâmetros internos de conforto interno estão estipulados na NBR 16401 para
produzir sensação aceitável de conforto térmico em 80 % ou mais das pessoas.
Estes parâmetros são válidos para grupo homogêneos de pessoas, usando roupa
típica da estação e em atividade sedentária ou leve.

Parâmetros de conforto para Verão: tsala =22,5 0C a 25,5 0C para UR de 65 %


tsala =23,0 0C a 26,0 0C para UR de 35 %
A velocidade média do sobre os ocupantes não deve ultrapassar 0,20 m/s a 0,25 m/s.

Parâmetros de conforto para Inverno: tsala =21,0 0C a 23,5 0C para UR de 60 %


tsala =21,5 0C a 24,0 0C para UR de 30 %

A velocidade média do sobre os ocupantes não deve ultrapassar 0,15 m/s a 0,20 m/s.

Nota: Em nosso projeto da sala de aula estamos adotando um projeto para verão
com temperatura interna de tsala = 24 0C ± 1 0C com UR de 55 %

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 41


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

2.1.3 Temperatura de ambientes contíguos (4)


A temperatura das salas vizinhas ao local (contíguos) deverá ter uma temperatura
estimada ou calculada quando não se enquadrar nos casos abaixo. Os valores
estimados se referem a uma condição de verão, e são recomendados pela ASHRAE –
Fundamentals 93 pagina 26-7 e TRANE Manual Trane Air Conditioning pagina 25.

• Salas e Corredores não Condicionados


tINT = tExterna Máxima – 2,8 0C (ASHRAE)
tINT = tExterna Máxima – (3,0 a 4,0 0C) (TRANE)

• Cozinha, sala de máquinas ou sala de caldeiras.


tINT = tExterna Máxima + (8,0 a 28 0C) (ASHRAE)
tINT = tExterna Máxima + (8,0 a 11,0 0C) (TRANE)

Nota: Em nosso projeto da sala de aula estamos adotando um projeto para verão
com as temperatura dos ambientes internos vizinhos como tINT = 32 0C.

2.2. Calor por condução


No projeto da carga térmica da sala 25, o calor ganho por condução através das
paredes, janelas e telhados será de:

Qc = 3720,2 kcal/h.
Qc = 4325,9 W

3. Ganho de calor por insolação (Qi)

A intensidade da radiação solar que atinge a atmosfera é de 1209 KJ/m2 em


dezembro, quando no hemisfério sul a terra está mais próxima do sol, este valor tende
a variar de acordo com a época do ano. Esta intensidade da radiação é diminuída ao
encontrar partículas de vapor de água, ozônio e poeira, presentes na alta atmosfera,
antes de atingir a superfície da terra. Esta intensidade de radiação solar aquece,
elevando a temperatura, de telhados, paredes, janelas, enfim, toda a superfície da
terra, e conhecida como Insolação.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 42


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

O valor desta intensidade depende da situação geográfica, latitude, do instante


considerado (hora, mês), poluição (partículas sólidas em suspensão) e finalmente de
sua orientação geográfica.
Existem diversos métodos, baseados em tabelas e gráficos, como descrito
no item 3.4, que facilitam os cálculos do calor ganho por insolação, sendo
diversos os seus autores, porem, os mais aceitos são os produzidos pela
ASHRAE, CARRIER AIR CONDITIONING, e TRANE AIR CONDITIONING.
(1)
Em nosso curso aplicaremos tabelas da TRANE , por serem mais fáceis de se
utilizar,e com resultados bem aproximado em relação às outras tabelas

(1) Esta tabela da TRANE AIR CONDITIONING foi elaborada e adaptada para ser usada a
0
30 de latitude sul.

3.1. Calculo do ganho de calor por insolação Qi

Qi = Ai . U . ∆Teq

Onde:
Qi = Calor ganho por insolação kcal/h; W.
Ai = Área da superfície que recebe insolação m2; m2·
U = Coeficiente global de transmissão de calor kcal/ h x m2 x °C ; W/ m2 x °C.
∆Teq = Temperatura Equivalente (2) ou Gradiente de Temperatura °C ; °C

(2) Temperatura Equivalente ou Gradiente de Temperatura e a diferença de temperatura,


entre uma superfície (parede, janela, telhado) do local a ser climatizado e a temperatura
sol-ar externa, ela representa o efeito da insolação sobre a superfície e depende de
fatores tais como: face considerada, latitude, hora, proteção contra os raios solares, tipo
de superfície e cor das mesmas. Seus valores estão dispostos nas tabelas anexas Tabela
1 a Tabela 6.

3.2. Determinação do ∆Teq


∆Teq = São os valores retirados da tabela da TRANE Air Conditioning Manual,
1965, para a latitude de 300, e são apresentadas nas tabelas em anexo, sendo:

Tabela 1 até a Tabela 3: Insolação em diversos horários, para Superfícies Opacas,


paredes e telhado, em função da orientação geográfica e
cor da superfície.
Tabela 4 até a Tabela 6: Insolação em diversos horários, para Superfícies
Transparentes, janelas e telhados de vidro em função
da orientação geográfica e da existência ou não de
cortinas ou persianas.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 43


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

3.2.1. Calculo do ganho de calor por insolação


O ganho de calor por insolação deve ser considerado o maior valor, em um
determinado horário. Como a insolação acontece ao mesmo tempo em diversas
superfícies, e algumas vezes em diferentes orientações geográficas, com diferentes
horários de máxima insolação é necessário montar uma tabela, como a apresentada
abaixo, para facilitar o calculo e assim poder obter o máximo valor do calor ganho por
insolação.

Locais que recebem ∆Teq Horário (hs)


insolação Qi 06:00 07:00 8:00 9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00
Parede Leste ∆Teq
0
Qi = Ai . U . ∆Teq C 0 0 1,1 9,4 14,5 12,8 8,9 2,9 0
(Tab. 2)
∆Teq
Qi=13,2.1,243.∆
Qi
Qi = 16,408 . ∆Teq Kcal/h 0 0 18,049 154,19 237,92 210,02 146,03 47,583 0

Janela Leste ∆Teq


0
Qi = Ai . U . ∆Teq C 13,3 37 48,5 43 29,4 10 0 0 0
(Tab. 2)
∆Teq
Qi=23,7.6,101.∆
Qi
Qi = 144,59 . ∆Teq Kcal/h 1923,1 5349,8 7012,8 6214,5 4250,9 1445,9 0 0 0

Telhado ∆Teq
0
Qi = Ai . U . ∆Teq C 0 0 0 1,7 9,4 15 20 22,1 23,5
(Tab. 2)
∆Teq
Qi=52,2.0,547.∆
Qi
Qi = 28,553 . ∆Teq Kcal/h 0 0 0 48,54 268,39 428,29 571,06 631,02 670,99

Qi Total (Kcal/h) 1923,4 5349,8 7030,9 6417,2 4757,2 2084,8 717,09 678,61 670,99

3.3. Calor por Insolação Qi


O calor por insolação, no projeto da sala 25, que corresponde à somatória dos
calores devido á incidência solar ocorrendo simultaneamente na parede leste, na
janela leste e no telhado se verifica às 8:00 h e o seu valor é de:

Qi = 7030,9 kcal/h.
Qi = 8175,6 W

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 44


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

3.4. Outros métodos de calculo de carga de Insolação


Alem do método acima apresentado, que como foi exposto é da TRANE, a carga
térmica de insolação pode ser também calculada pelo equacionamento que está
descrito e proposto pela ASHRAE em várias metodologias diferentes para o calculo,
que tiveram diversificação principalmente a partir da implementação dos cálculos via
computador. Um dos principais métodos, ou modelo é o;
o CLTD (Cooling Load Temperature Difference) ou DTCR (Diferença de
Temperatura para Carga de Refrigeração)
o CFL (Cooling Load Factor) ou FCR (Fator de Carga Térmica de
Refrigeração)
Este método apresenta coeficientes apropriados em função das condições físicas
do ambiente a ser condicionado, e suas tabelas são típicas para o hemisfério Norte,
ou mais apropriadamente para os EUA, como também os materiais de construção são
típicos deste pais, e para sua utilização devemos adapta-lo para as condições do
Brasil.
Este método é mais trabalhoso em sua utilização, devido ao grande número de
tabelas e adaptações que se necessita realizar.

Nota: A resultado final dos cálculos pelo método da TRANE e o ASHRAE, para a carga
térmica de insolação, varia em torno de ± 10 %, o que justifica no calculo de
carga térmica de nosso exemplo, pelo método da TRANE, devido a sua
simplicidade de utilização.

4. Calor por Iluminação artificial (QL)

4.1. Introdução
É o calor fornecido ao ambiente a ser climatizado pelas das lâmpadas de
iluminação artificial.
Podemos estabelecer que a potência elétrica da lâmpada será a mesma do
calor fornecido ao ambiente a ser climatizado (1) .

(1) Na realidade nem toda potência elétrica da lâmpada é transformada em calor, pois uma
parte desta energia é transformada em luminosidade e o restante em calor.

A equação que utilizamos para determinar o calor fornecido por iluminação por
lâmpadas incandescentes será:

QL= N . W (W)

QL= N . W . 0,86 (kcal/h)

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 45


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Onde:
QL= calor de iluminação kcal/h; W.
N= n° de lâmpadas.
W= potência da lâmpada W.
0,86= fator de conversão W x 0,86=kcal/h

Nas equações utilizadas para lâmpadas fluorescentes deve ser acrescentado um


adicional de 25 %, devido ao calor fornecido pelo reator ,obtendo-se a seguinte
expressão:

QL= N . W . 1,25 (W)

QL= N . W . 1,25 . 0,86 (kcal/h)

Onde:
0,86= fator de conversão w x 0,86=kcal/h
1,25= porcentagem (25%) de calor liberado pelo reator.

Nota: No caso de reatores eletrônicos este fator pode ser considerado como 1,075

4.2. Calculo do ganho de calor por Iluminação artificial QL


Na sala 25 o calor liberado por iluminação aonde existe 12 lâmpadas fluorescentes
de 110 W cada, será de.

QL= 12 . 110 . 1,25 . 0,86


QL= 1419 kcal/h
QL= 1650 W

4.3. Suposição de carga de iluminação.


Existem alguns casos em que o local a ser climatizando esta em reforma ou em
construção, não tendo sido ainda definido o tipo de iluminação ou a quantidade de
luminárias; neste caso devemos fazer uma suposição de qual será a provável carga de
(2)
calor por iluminação no local. Para isto utilizamos a Tabela 12 dos anexos, NBR
16401 Instalações de Ar Condicionado – Sistemas Centrais e Unitários – Parte 1, para
estabelecer a quantidade de calor que será dissipado pelas lâmpadas.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 46


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

(2) Estes valores estão baseados em uma mínima necessidade possível de iluminação, sendo
o correto utilizarmos as Normas Trabalhistas (NBR) e os Códigos Municipais locais para
estabelecermos o nível de iluminação requerida e a capacidade das lâmpadas para gerar
este nível de iluminação.

QL= A . W (W)
2
m

QL= A . W . 0,86 (kcal/h)


2
m
Onde:
QL= calor de iluminação Kcal/h ; W.
A = Área do local. m2, m2
W / m2 = Provável potência elétrica do local, conforme Tabela 12.
0,86 = fator de conversão W x 0,86 = Kcal / h

5. Ganho de calor por equipamentos (QE)


5.1. Introdução
Os equipamentos elétricos (e de combustão) fornecem calor na forma de calor
sensível e algumas vezes também calor latente para o ambiente a ser climatizado.
(3)
A Tabela 13 dos anexos fornece uma base de calculo para o calor liberado por
estes equipamentos, podendo sua equação ser resumida da seguinte forma:

QES = PS (W)
QES = PS . 0,86 (kcal/h)

QEL = PL / 0,86 (W)


QE L= PL (kcal/h)

Onde:

QES = Calor Sensível liberado pelos equipamentos kcal/h


QEL = Calor Latente liberado pelos equipamentos kcal/h
PS = Potência sensível do equipamento W ou kcal/h (tabela 13).
PL = Potência latente do equipamento kcal/h (tabela 13).

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 47


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

(3) Na Tabela 13 a13C encontramos valores médios da quantidade de calor liberada


em Kcal/h por alguns equipamentos. Pode-se também obter a potência dos
equipamentos na etiqueta de identificação dos mesmos, em W ou kW, e
posteriormente multiplicado este valor por 0,86 para ser transformado em Kcal/h.
Na realidade nem toda potência elétrica dos equipamentos é transformada em calor,
pois uma parte desta energia é transformada em trabalho de funcionamento do
equipamento, mas como os fabricantes destes produtos não fornecem a quantidade
de calor liberado,será considerada esta potência elétrica como sendo o calor total
liberado.
OBS: Quando em um local existir uma quantidade muito grande de um determinado
equipamento, como por exemplo 50 microcomputadores, será necessário obter do
fabricante dos mesmos o valor do calor que é rejeitado pelo modelo do equipamento
existente, caso contrario o local terá uma carga térmica superdimensionada.

5.2. Calculo do ganho de calor por equipamentos QE


5.2.1. Calculo do ganho de calor sensível por equipamentos QES
Os equipamentos que fornecem calor sensível no local são aqueles que
apenas aumentam a temperatura de bulbo seco, em nosso caso seriam:
• 2 Micro computador = 500W. (250 W / cada – incluindo CPU e monitor)
• 1 Impressora = 55W
• 1TV +1 Vídeo = 150W
• Retroprojetor = 300W

Nota: Nos anexos Tabela 13C, recomendação pela NBR 16401 Instalações de Ar
Condicionado – Sistemas Centrais e Unitários – Parte 1, valores para o calor
liberado por microcomputadores e impressoras são menores, mas nos
presentes cálculos, para fins didáticos, consideramos estes valores super-
dimensionados, como no caso do microcomputador para 250 W, onde a
tabela 13C, da NBR 16401, recomenda uma dissipação de calor da CPU de
75W e para o monitor 80 W , perfazendo um total de 155W (75 + 80) .

A potência elétrica total dos equipamentos será de:

PS = 500 W + 55 W + 150 W + 300 W = 1005 W

O Calor Sensível liberado será de:

QES = PS . 0,86 (kcal/h)


QES = 1005 W . 0,86 (kcal/h)
QES = 864,3 kcal / h

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 48


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

• Cafeteira Elétrica 2 litros (Banho Maria)

Na Tabela 13 encontramos o item em que mostra valores médios para calor


liberado por uma cafeteira,com “Banho Maria”, no caso o calor sensível será de
150 kcal/h por litro, como a cafeteira que esta na Sala 25 tem 2 litros o calor sensível
liberado por ela será de 300 kcal/h, este valor devera ser somado com os outros
valores de calor sensível gerado pelos equipamentos que se encontram na sala.

QES = 864,3 kcal /h + 300 kcal/h


QES = 1164,3 Kcal / h

Ganho de calor sensível por equipamentos


QES = 1164,3 kcal / h
QES = 1353,8 W

5.2.1. Calculo do ganho de calor latente por equipamentos QEL


Os equipamentos que fornecem calor latente no local são aqueles que
além de aumentarem a Temperatura de Bulbo Seco aumentam também a
umidade do local, em nosso caso seria a cafeteira por banho Maria a qual já
teve sua parcela de calor sensível calculada acima.
Na Tabela 13 pode-se obter os valores médios para calor liberado por uma
cafeteira por “Banho Maria”, no caso o calor latente será de 50 Kcal/h para cada
litro como a cafeteira é de 2 litros o calor latente liberado será de 100 kcal/h.

Ganho de calor latente por equipamentos


QEL = 100 kcal / h
QEL = 116 W

5.3. Ganho de calor por equipamentos QE


Resumo do calor gerado no interior da sala 25 pelos equipamentos.
Ganho de calor sensível por equipamentos
QES = 1164,3 kcal/h
QES = 1353,8 W
Ganho de calor latente por equipamentos elétricos
QEL = 100 kcal/h
QEL = 116 W

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 49


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

6. Calor liberado por pessoas (QP)


6.1. Introdução:
As pessoas que estão dentro do ambiente a ser condicionado liberam calor
para o ambiente, este calor é composto de Calor Sensível QPS e Calor Latente QPL.
A quantidade de calor liberado (sensível e latente) por uma pessoa pode ser
previsto por valores fornecidos pela Tabela 11, em kcal / h x pessoa, em função da
temperatura de bulbo seco que e se encontra o ambiente e do tipo de atividade que
esta pessoa executa, podendo sua equação ser resumido da seguinte maneira:

QPS = N . FS (kcal/h)

QPL = N . FL (kcal/h)
Onde:
QPS = Calor Sensível liberado pelas pessoas kcal/h
QPL = Calor Latente liberado pelas pessoas kcal/h
N= Número de pessoas no local
FS = Fator de calor sensível liberado por pessoa kcal /h.pessoa (tabela 11).
FL = Fator de calor latente liberado por pessoa kcal /h.pessoa (tabela 11).

6.2. Calculo do ganho de Calor liberado por pessoas QP


6.2.1. Calculo do ganho de calor sensível por pessoas QPS
A sala 25 tem capacidade para 32 alunos, e com ajuda da Tabela 11, no item
Escola Secundaria, com a temperatura interna de bulbo seco 24 0C, obtemos o
FS = 60 kcal/h.pessoa; desta forma o calor sensível liberado será de:

QPS = N . FS (kcal/h)
QPS = 32 pessoas . 60 kcal/h.pessoa
QPS = 1920 kcal/h
QPS = 2232,6 W

Ganho de calor sensível liberado por pessoas:


QPS = 1920 kcal/h
QPS = 2232,6 W

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 50


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

6.2.2. Calculo do ganho de calor latente por pessoas QPL


Com ajuda da Tabela 11, no item Escola Secundaria, com a temperatura
0
interna de bulbo seco 24 C, obtemos, na coluna de Fator de Calor Latente liberado
por pessoa, FL = 40 kcal/h.pessoa, desta forma o calor latente liberado pelas pessoas
será de:

QPL = N . FL (kcal/h)
QPL = 32 pessoas . 40 kcal/h.pessoa
QPS = 1280 kcal/h
QPS = 1488,4 W

Ganho de calor latente liberado por pessoas: QPL = 1280 kcal/h


QPS = 1488,4 W
6.3. Ganho de calor liberado por pessoas QP
6.3.1. Ganho de calor sensível liberado por pessoas: QPS = 920 kcal/h
QPS = 2232,6 W
6.3.2. Ganho de calor latente liberado por pessoas: QPL = 1280 kcal/h
QPS = 1488,4 W
6.4. Previsão do n° de pessoas (N P)
Quando não temos a informação do n° de pessoa s que ocupará o local, sendo
assim devemos nos informar com o responsável da obra, caso este não possua a
informação , deveremos consultar o “Código de Obras do Município”, e para prédios
de locais de trabalho consultar as normas do “Ministério do Trabalho” que fornece o n°
de ocupantes por metro quadrado, em função da finalidade de uso do mesmo. Como
referência, mas não em substituição aos Códigos oficiais, podemos também, utilizar a
(1)
Tabela 10. da antiga NBR 6401, ou a tabela atualizada, Tabela 9A , coluna D,
da NBR 16401 Instalações de Ar Condicionado – Sistemas Centrais e Unitários –
Parte 3
A Tabela 10 fornece o valor em metros quadrados que cada pessoa deve ocupar
em um determinado local, m2 / pessoa.

(1) A Tabela 10 é apenas referencial, jamais deve ser usada como valor definitivo,
devemos sempre dar preferência para o Código de Obras do Município ou as NBR do
ministério do Trabalho.

A Previsão do número de pessoas (NP) em função da área do local pode ser


encontrado o da seguinte maneira:

NP = A / FOC

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 51


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Onde:
NP = Previsão do número de pessoas
A = Área do local (m2)
FOC = Fator de ocupação do local (tabela 10).

Por exemplo, caso não soubéssemos o número de alunos que ocuparão a sala de
aula n025,

A = Área do local = 53 m2 (8,2m x 6,4m)


FOC = Fator de ocupação do local (tabela 10) = 1,5 m2/pessoa

Nota: A Tabela 10, da antiga NBR 6401, não tem referência a salas de aula, utiliza-se
o local como “Auditório – Conferências” .

A quantidade de pessoas prevista (NP) será de:

NP = A / FOC

NP = 53 m2 / 1,5 m2/pessoa

NP = 35 pessoas

Este valor está muito próximo do que foi utilizado no projeto da sala 25, onde a
quantidade real é de 32 pessoas.

Nota: A Tabela 9A, da NBR 16401, atualizada, no item D, recomenda que uma Sala
de Aula, o número de ocupantes para cada 100 m2 é de 35 pessoas, como a
sala de aula tem 53 m2, equivale a capacidade de este local ser de 17 pessoas.
Pode-se observar que a norma NBR 6401, que recomendou 35 pessoas, esta
mais próxima da realidade, de uma sala de aula

7. Calor devido a infiltração do ar externo (QIA)

7.1. Introdução
O ar externo ao ser introduzido no ambiente climatizado pelas frestas de portas e
janelas, aberturas de portas tendem a aumentar o Calor Sensível QIAS e Calor Latente
QIAL no ambiente.
Este ar tem sua vazão dependente do tamanho da abertura e da velocidade do
vento, como esse calculo pode tornar-se muito complexo a NBR 6401 recomenda a
utilização das tabelas Tabela 07 e Tabela 08 dos anexos.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 52


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Tabela 07: Determina valores médios para a infiltração de ar, em m3 / h.pessoa, no


momento em que uma pessoa passa por uma porta, tipo Giratória ou Vai-
e-Vem. Esta tabela também fornece parâmetros para a infiltração de ar
externo no ambiente quando uma determinada porta esta
constantemente aberta.
Tabela 08: Determina valores médios para a infiltração de ar através de frestas, em
m3/h.metro de fresta, de portas e janelas, levando em consideração o
seu estado de ajuste.

7.2. Calculo da vazão volumétrica de ar externo infiltrado VIA


No caso da sala 25, a sala permanecera com a porta sempre fechada, durante o
período da aula, assim, a infiltração de ar ocorrera através das Frestas dos caixilhos
(1)
metálicos das janelas . Estas janelas são muito antigas, alem de não terem vedação
são muito mal ajustadas.
Para determinarmos a vazão volumétrica de ar externo infiltrado pelos caixilhos
podemos utilizar a seguinte equação:

VIA = C . FIA (m3/h)

Onde:
VIA = Vazão volumetrica de ar externo infiltrado m3/h
C = Comprimento da fresta m
FIA = Fator de infiltração pelas frestas, m3/h.metro de fresta (Tabela 8).

7.2.1. Determinação do Fator de infiltração pelas frestas FIA


O Fator de infiltração pelas frestas, FIA, na Tabela 8, vamos considerar o
pior caso, como se as janelas fossem de caixilho de madeira (2) :

FIA = 6,5 m3/h.metro de fresta

(1) Não será considerado a infiltração pelas frestas da porta, já que a mesma esta
localizada em um corredor interno, local em que a velocidade do vento é desprezível,
não propiciando a infiltração de ar.
(2) Na Tabela 08 encontramos para uma janela guilhotina com caixilho de metal sem
3
vedação uma infiltração de 4,5 m /h metro de fresta ,portanto como foi informado
anteriormente, estas janelas são muito antigas, e será considerado desta forma, como
opção do projetista, o maior valor possível para infiltração em janela, que neste caso
3
será de 6,5 m /h.metro de fresta

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 53


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

7.2.2. Determinação do Comprimento das frestas C frestas


As janelas da sala 25 têm as seguintes características, conforme mostrado no
desenho a seguir.

JANELA SALA 25
Caixilho de Aço com vidro comum

FRESTAS

2,5 3,95

1,0

2,0

C frestas = 2,5 + 2,5 + 2,5 + 1,0 +1,0


C frestas = 9,5 m de frestas/janela

Como na sala 25 existem 3 janelas o comprimento total das frestas será de:
C frestas = 3 janelas . 9,5 m de frestas/janela

C frestas = 28,5 m de frestas

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 54


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

7.2.3. Calculo da Vazão Volumétrica de ar externo infiltrado VIA

VIA = C . FIA (m3/h)

VIA = 28,5 m de frestas . 6,5 m3/h.metro de fresta

VIA = 185,25 m3/h

7.3 Determinar a da Vazão em Massa de ar externo infiltrado mIA


Para os cálculos do calor devido a infiltração do ar externo QIA, teremos que utilizar a
vazão em massa de ar externo infiltrado mIA, desta forma é necessário determinar, o
volume especifico νE do ar externo infiltrado, para transformarmos a Vazão
Volumétrica de ar externos infiltrado (VIA), calculado acima, em Vazão em Massa de
ar externo infiltrado (mIA)
A norma, NBR 6401 Instalações de Ar Condicionado para Conforto, oferece valores
médios da temperatura externa, TBSE, Umidade Relativa, URE, no verão para a cidade
de São Paulo, e outras capitais do Brasil, nela encontramos os seguintes valores:
TBSE = 32 0C
URE = 60 %
Com a carta psicrométrica da cidade de São Paulo -SP, pode-se obter os dados
relativos ao ar externo. (Pressão Atmosférica em São Paulo–SP PAtm=92,6 Kpa
= 0,926 bar).
As cartas psicrométricas para S.Paulo-SP são encontradas na Tabelas 18 no
Sistema Internacional (SI) e Tabela 19 no Sistema Métrico (SM).

Nota: A norma NBR 16401 não possui as recomendações de infiltração de ar pelas


frestas de janelas ou abertura de porta, como estava contido na norma NBR
6401, desta forma podemos utilizar como referência para este tipo de infiltração
de ar as recomendações do ASHRAE Handbook Fundamentals 2005, capítulo
22 – “Ventilation and Infiltration”

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 55


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Ar Externo
TBSE = 32 0C
hE URE = 60 %

Volume Especifico
E νE = 0,975 m3/kg

Entalpia
hE = 81,2 kJ / kg
URE hE = 19,4 kcal / kg

TBSE νE

mIA = Vazão volumétrica de ar externo Infiltrado ÷ Volume Especifico do ar

mIA = VIA / νE

mIA = 185,25 m3/h / 0,975 m3/kg

mIA = 190 kg / h

7.4 Determinações das condições do ar interno da sala (S)


Com a carta psicrométrica encontramos os dados relativos as condições do ar
da sala a ser climatizada, sabendo que as condições de projeto do ar da sala são :
TBSS = 24°C e umidade relativa UR E = 55%
TBSS = 25 0C
URS = 55 %
Com a carta psicrométrica da cidade de São Paulo -SP, pode-se obter os
dados relativos ao ar interno.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 56


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

URS Ar Interno
TBSS = 24 0C
URS = 55 %

hS

Entalpia
hS = 52,3 kJ / kg
hS = 12,5 kcal/kg
S

TBSS νS

7.5 Calor devido a infiltração do ar externo QIA


O ar externo ao entrar no ambiente climatizado pelas frestas acrescentara uma
carga de calor de infiltração QIA à sala, este calor deve ser dividido entre Calor
Sensível QIAS e Calor Latente QIAL , o qual será calculado pelas seguintes equações e
com o auxilio da carta psicrométrica.

QIA = QIAS + QIAL


QIA = mIA . ( hS – hE )
QIAS = mIA . (hS - h∆ )
QIAL = mIA . (h∆ - hE )

Onde:
QIA = Calor Total devido a infiltração do ar externo kcal/h
QIAS = Calor Sensível devido a infiltração do ar externo kcal/h
QIAL = Calor Latente devido a infiltração do ar externo kcal/h
mIA = Vazão em Massa de ar externo infiltrado kg/h
hS = Entalpia do ar da sala kcal/kg (Carta Psicrométrica)
hE = Entalpia do ar externo kcal/kg (Carta Psicrométrica)
h∆= Entalpia relativa ao ar da sala e ar externo kcal/kg (Carta Psicrométrica)

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 57


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Com a carta psicrométrica da cidade de São Paulo -SP, pode-se obter


os dados relativos ao ar da sala e externo, como foi feito acima, e desta
maneira obter-se a Entalpia relativa h∆.

hE

h∆
E
hS
QIAL
QIA

S ∆
QIAS

Ar Interno Ar Externo
0 0
TBSS = 24 C TBSE = 32 C
URS = 55 % URE = 60 %
Entalpia Entalpia
hS = 52,3 kJ / kg hE = 81,2 kJ / kg
hS = 12,5 kcal/kg hE = 19,4 kcal / kg

h∆.= 60,3 kJ /kg


h∆.= 14,4 kcal/kg

7.5.1. Calculo do Calor Sensível devido a infiltração do ar externo (QIAS)


Com ajuda da Carta Psicrométrica, e da Equação da Troca de Calor obtemos
o calor sensível devido a infiltração do ar externo, será:

QIAS = mIA . (hS - h∆ ) (kcal/h)


QIAS = 190 kg/h . ( 12,5 – 14,4 ) kcal/kg
QIAS = (-) 361 kcal/h

Ganho de calor sensível devido a infiltração do ar externo: QIAS = 361 kcal/h


QIAS = 420 W

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 58


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

7.5.2. Calculo Calor Latente devido a infiltração do ar externo (QIAL)


Com ajuda da Carta Psicrométrica, e da Equação da Troca de Calor obtemos o
calor latente devido a infiltração do ar externo, que será:

QIAL = mIA . (h∆ - hE ) (kcal/h)


QIAL = 190 Kg/h . ( 14,4 – 19,4 ) kcal/kg
QIAL = (-) 950 kcal/h

Ganho de calor latente devido a infiltração do ar externo: QIAL = 950 kcal/h


QIAL = 1105 W

Nota: O sinal (-) é apenas uma referencia para indicar que o ar infiltrado esta perdendo calor.

7.5.3. Ganho de calor devido a infiltração do ar externo QIA

7.5.3.1. Calor Sensível devido a infiltração do ar externo: QIAS = 361 kcal/h


QIAS = 420 W
7.5.3.2. Calor Latente devido a infiltração do ar externo: QIAL = 950 kcal/h
QIAL = 1105 W
8. CARGA TERMICA TOTAL
A carga térmica total é a somatória dos calores devido às diversas fontes de calor que
incidem no local, divididas entre calor sensível e latente.

Fonte de calor Calor sensível Calor latente


kcal/h W kcal/h W
Condução - paredes/janelas 3720,24 4325,9 - -
Insolação - paredes/janelas 7030,9 8175,6 - -
Iluminação artificial 1419 1650 - -
Equipamentos 1164,3 1353,8 100 116
Pessoas 1920 2232,6 1280 1488
Infiltração 361 420 950 1105
Total 15.615,44 18.157,9 2.330,0 2.709

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 59


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

8.1. Carga Térmica na Sala 25


8.1.1. Carga Térmica Sensível: QTS = 15.615,44 kcal/h
QTS = 18.157,9 W

8.1.1. Carga Térmica Latente: QTL = 2.330,0 kcal/h


QTL = 2709,0 W

8.1.1. Carga Térmica Total: QTT = 17.945,44 kcal/h


QTT = 20.866,9 W

Q = 17.945,44 kcal/h = 20.866,9 W = 71243,4 BTU/h = 5,9 TR

Nota: O calculo da carga térmica poderia ter sido finalizado neste momento com a
escolha de um aparelho condicionador de ar que tivesse uma capacidade
maior ou igual a 17.945,44 Kcal/h, contudo é necessário que se realize uma
renovação de ar no ambiente, colocando no interior do mesmo uma quantia de
ar externo para higienização, este processo acarretará em um aumento do
valor da carga térmica, o qual será calculado no capitulo a seguir.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 60


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Capacidade do Equipamento

Introdução
Calculada a carga térmica do local que se deseja climatizar, o próximo passo
antes de escolher um equipamento condicionador de ar, de uso comercial, adequado,
será necessário calcular :
• Vazão de Ar de Insuflação
• Capacidade Térmica do Equipamento

VAZÃO DE AR DE INSUFLAÇÃO
Para uma determinada necessidade de carga térmica é necessário uma vazão
(1)
de ar de insuflação , para determinarmos a mesma utilizaremos os conceitos de
psicrométrica aplicada para a qual será também introduzido alguns novos conceitos:

(1) Estamos utilizando aqui a palavra Insuflação, ao contrario da palavra normalmente


usada que não existe na língua portuguesa Insuflamento.

1. Linha de Razão (2)


A linha de razão da carga térmica da sala é uma linha reta, traçada na carta
psicrométrica, ligando os pontos que representam o estado a ser mantido na sala e é
fundamental para se determinar a vazão de ar de insuflamento.
A representação da linha de razão depende do tipo de da carta psicrométrica
que estamos utilizando e pode ser definida como Fator de Calor Sensível (fcs) ou
Multiplicador (m).

(2) A Linha de Razão que estamos nos referindo é referente ao local, contudo a Linha de
Razão, também, pode ser Total, e representa o balanceamento térmico da instalação,
incluído todas as cargas de calor sensível e latente que procedem do ar exterior de
renovação.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 61


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

1.1. Fator de Calor Sensível (fcs)


O fator de calor sensível do local (fcs) é a razão entre o Calor Sensível (QTS) e
o Calor Total (QTT ) da carga térmica total do ambiente, é representado na carta
psicrométrica por uma reta que passa pelos pontos das condições da sala (S) e do ar
insuflado (I), ou seja, representa o caminho energético do ar insuflado que esta sendo
difundido na sala.
O fator de calor sensível do local (fcs), é representado na carta psicrométrica
por uma reta, e a sua inclinação determina um número de graus de temperatura de
buolbo seco (TBS), por um número de gramas de conteúdo de umidade. A inclinação
desta linha, indica então, a relação entre as trocas de calor latente e sensível que
ocorrem na sala, e a determinação deste valor é vital para a seleção de estados
econômicos da insuflação de ar que será feita na sala.
Para se manter a sala com uma determinada temperatura (TBS) e umidade
relativa (UR) fixadas em projeto o ar insuflado devera estar sempre localizado sobre a
linha do fator de calor sensível do local (fcs), se isto não ocorrer, ou uma temperatura
errada ou uma umidade errada será mantida na sala.
A equação Fator de Calor Sensível (fcs) é:

1 Calor Sensível Q TS
fcs = = =
m Calor Total Q TT

Após ter calculado o fator de calor sensível (fcs) ele pode ser localizado na
“Escala do Fator de Calor Sensível” (ao lado da escala do teor de umidade).A partir
desse valor deve ser traçado uma reta, denominada “Linha de Fator de Calor
Sensível” (conforme linha tracejada na figura abaixo) que passe pelo “Ponto de
Referência” o qual é localizado na maioria das cartas psicrométricas a uma TBS = 24
0
C e UR = 50 % , conforme pode ser verificado na carta psicrométrica da Tabela 18 ,
Tabela 20 e 21.
Esta reta que representa o fator de calor sensível do local (fcs) é transferida,
paralelamente, utilizando-se régua e esquadro, passando pelo ponto S que
representa os estados da sala de TBSS e URS, conforme linha cheia na figura abaixo.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 62


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Escala do Fator de Calor Sensível

50%
Linha de Fator de Calor Sensível
URS

Ponto de Referência

Paralelas
Linha de Fator de Calor
Sensível, passando pelo
ponto da sala S
fcs
S
I

24 0C

TBS
TBSS

1.2. Multiplicador (m)


O multiplicador (m) é um adimensional que representa a razão entre o Calor
Total (QTT ) e o Calor Sensível (QTS) da carga térmica de um ambiente. O
multiplicador é o inverso do Fator de Calor Sensível é o inverso do multiplicador.
Seu significado indica ,quanto do calor sensível esta contido na carga térmica
total, ou seja pode ser usada para determinar as condições do ar insuflado necessário
para manter uma temperatura e umidade em um dado local..
O multiplicador é representado na carta psicrométrica por uma reta que passa
pelos pontos das condições da sala (S) e do ar insuflado (I), ou seja, representa o
caminho energético do ar insuflado que esta sendo difundido na sala. A equação do
multiplicador é:

QTS
Calor Total QT T
m= ==
Calor Sensível QT S

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 63


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Escala do Multiplicador
m
URS

m
Paralelas

S
I

TBSS

Após o multiplicador ser calculado ele pode ser localizado na forma de uma
reta na “Escala do Multiplicador”, que se encontra na carta psicrométrica (no caso da
carta psicrométrica que estamos utilizando, para São Paulo-SP, será a Tabela 19), e
transferido, na forma de uma paralela, utilizando-se régua e esquadro, para dentro da
carta psicrométrica, passando pelo ponto S que representa os estados de TBSS e URS,
conforme figura acima.

.
1.3. Calculo do Fator de Calor Sensível (fcs) (3)
O Fator de Calor Sensível (fcs) da sala 25, será:
Carga Térmica na Sala 25 (Calculado Anteriormente)
Carga Térmica Sensível: QTS = 15615,44 kcal/h
Carga Térmica Total: QTT = 17945,44 kcal/h

QT S 15615,44 kcal/h
fcs
fcs = = = 0,87
m = 1,15
QT T 17945,44 kcal/h

1.4. Calculo do multiplicador (m) (3)


O multiplicador (m) da sala 25, será:
Carga Térmica na Sala 25 (Calculado Anteriormente)
Carga Térmica Sensível: QTS = 15615,44 kcal/h
Carga Térmica Total: QTT = 17945,44 kcal/h

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 64


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

QT T 17945,44 kcal/h = 1,15


m= =
QT S 15615,44 kcal/h

(3) Em projeto utilizamos somente uma das razoes da sala ou o Fator de Calor Sensível
(fcs) ou multiplicador (m), o mais importante é que a carta psicrometrica seja referente
a altura do local que esta nosso projeto de condicionamento de ar da sala 25, que se
encontra na cidade de S.Paulo –SP, dispomos das cartas psicrometrica da Tabela 18 e
Tabela 19.

2. Temperatura de Insuflação TI
A temperatura de insuflação (TI), é determinada na carta psicrométrica,
passando a reta do multiplicador ou do fator de calor sensível pelo ponto que
representa as condições da sala (S) e o ar insuflado (I). A Temperatura de Insuflação
(TI) será determinada no ponto quando esta reta cortar a linha de Umidade Relativa de
90 %, que será o ponto de insuflação (I).

2.1. Temperatura de Insuflação TI (Fator de Calor Sensível)


Podemos obter a Temperatura de Insuflação pela carta psicrométrica que tem
como linha de razão o fator de calor sensível, no caso, da cidade de S.Paulo-SP, a
Tabela 18.
Após ter calculado o fator de calor sensível (fcs) ele pode ser localizado na
“Escala do Fator de Calor Sensível” ou seja fcs = 0,87. A partir desse valor deve ser
traçado uma reta, denominada “Linha de Fator de Calor Sensível” (conforme linha
tracejada na figura abaixo) que passe pelo “Ponto de Referência” o qual esta
localizado na carta psicrométricas da Tabela 18 a uma TBS = 24 0C e UR = 50 %
Esta reta que representa o fator de calor sensível do local (fcs) é transferida,
paralelamente, utilizando-se régua e esquadro, passando pelo ponto S que
representa os estados da sala de TBSS=24°C e URS=55%, até cruzar a linha de
umidade relativa UR = 90 %, conforme linha cheia na figura abaixo.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 65


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Escala do Fator de Calor Sensível


90%
50%
Linha de Fator de Calor Sensível
URS

Ponto de Referência
Linha de Fator de Calor Sensível,
passando pelo ponto da sala S Paralelas
fcs =0,87
cruzando com a linha de UR =
90 %
fcs
S
I

24 0C

TBS
TBSS
TI

2.2. Temperatura de Insuflação TI (Multiplicador)


Podemos obter a Temperatura de Insuflação pela carta psicrométrica que tem
como linha de razão o multiplicador, no caso a Tabela 19.
A reta do multiplicador (m) na carta psicrométrica é obtida traçando uma
paralela ao multiplicador, determinado na “Escala do Multiplicador” fazendo-a passar
pelo ponto (S), que representa as condições da sala, conforme mostrado na figura
abaixo.

UR = 90%
m = 1,15
URS

S m

TI TBSS

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 66


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

2.1. Calculo da Temperatura de Insuflação TI


Lembrando que o ponto de insuflação do ar do difusor ( ou grelha),
normalmente possui uma umidade relativa de 90% (valor assumido pela maioria dos
projetistas).
O ponto de insuflação encontra-se na linha do multiplicador, ou do fator de
calor sensível, quando esta cruza a linha de UR = 90%.
Com a carta psicrométrica da cidade de São Paulo, utilizando qualquer um dos
métodos acima, ou seja, pelo fator de calor sensível (fcs) ou do multiplicador (m),
podemos determinar a temperatura de insuflação da sala 25 como sendo de:

TI = 15 0C

Conclusão: Para que tenhamos uma temperatura ambiente de 24°C com UR 55%,
para as condições de calor sensível e latente calculada (QTS =
15615,44 Kcal/h, QTL = 2330 Kcal/h), é necessário que o ar seja
insuflado na sala com
Ti = 15°C e UR 90%.

3. Difusão ∆TZ
∆TZ) é chamada a diferença de temperatura entre a temperatura da
Difusão (∆
sala a ser climatizada (TBSS) e a temperatura de Insuflação (TI).
Quanto maior a altura das bocas de insuflação e quanto maior o número de
bocas, maior pode ser a difusão (1) .
Usando bocas de insuflação de grande indução (que provocam uma grande
mistura com o ar da sala), podemos aumentar a difusão ∆TZ sem perigo das pessoas
receberem o ar frio (verão) ou ar muito quente (inverno) que são lançados por estas
bocas

∆TZ = TBSS - TI

Valores Recomendados para Difusão (1)


Por valores práticos, de acordo com o GUIDE da ASHRAE, determinou-se que
para um bom projeto a difusão deve estar entre:

No caso de Projetos de Verão: 6,7 0C a 11,1 0C;


No caso de Projetos de Inverno: 8,3 0C a 19,5 0C.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 67


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Nota: A difusão pode ser considerada com outros valores, caso seja recomendada,
por catálogo técnico, pelo fabricante das bocas de insuflação, como grelhas e
difusores, que serão utilizados no local.

3.1 Calculo da difusão ∆TZ


No Projeto da sala 25, sabendo os valores da temperatura da sala a ser
climatizada (TBSS) e a temperatura de Insuflação (TI), podemos determinar a difusão
da sala 25 como sendo:
TBSS = 24 0C
TI = 15 0C

∆TZ = TBSS - TI
∆TZ = 24 0C - 15 0C

∆TZ = 9 0C

∆TZ ) de 9 0C, para o projeto da sala 25, esta de acordo


O valor da difusão (∆
com a recomendação pratica da difusão estar entre 6,7 0C a 11,1 0C

4. Vazão de Ar em massa de Insuflação mI


É a vazão de ar necessária, que esta vindo do condicionador de ar, com uma
temperatura de insuflação (TI ) e uma umidade relativa de UR = 90 %, para se manter
a temperatura do local que esta sendo climatizado nas condições desejadas de
temperatura (TBSS) e umidade relativa (URS).
A equação para determinar-se a vazão de insuflação (mI) pode ser
determinado a partir da seguinte equação:

QTS = mI x CAR x ∆T

Onde:
QTS = Carga Térmica Sensível (kcal/h)
mI = Vazão de Ar de Insuflação (kg/h)
CAR = Calor especifico médio do ar (0,24 Kcal / Kg °C) ; (1,0 kJ / kg °C)
∆T = TBSS - TI = difusão (0C)

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 68


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

4.1. Calculo da Vazão de Ar em massa de Insuflação mI


A vazão de ar necessária (mI) para deixar-se a sala 25 com as condições do
ar ambiente de TBSS = 24°C e URS = 55%, retirando-se a carga térmica da mesma
será de.
QTS = Carga Térmica Sensível = 15615,44 kcal/h
mI = Vazão de Ar de Insuflação (Kg/h) = ?
CAR = Calor Especifico Médio do ar = 0,24 kcal / Kg °C (1,0 kJ / kg °C)
0
TI = Temperatura de Insuflação = 15 C
TBSS = Temperatura da Sala = 24 0C
∆T = TBSS - TI = difusão = 24 0C - 15 0C = 9 0C

QTS = mI x CAR x ∆T
15615,44 Kcal/h = mI x 0,24 Kcal / Kg °C x (24 - 15) 0C

mI = 7229 kg / h

4.2. Vazão de Ar volumétrica de Insuflação VI


Transformaremos a vazão em massa de ar de insuflação (mI), de kg / h, para
vazão volumétrica de ar de insuflação (VI) em m3 / h, devemos multiplicar a vazão
em massa pelo volume especifico do ar de insuflação (νAR).

VI = mI x νAR

Onde:
VI = Vazão de Ar volumétrica de Insuflação (m3l / h)
mI = Vazão de Ar em massa de Insuflação (kg/h)
νAR = Volume Especifico do ar de Insuflação (m3 / kg ) (1)

(1) O volume especifico do ar de insuflação pode ser determinado na carta psicrometrica


0
do ar, com os valores de temperatura de insuflação, TI= 15 C, e umidade relativa de
UR = 90 %

4.2.1. Calculo da Vazão de Ar volumétrica de Insuflação VI


No caso da sala 25 sabemos que:
mI = Vazão de ar em massa de insuflação mI = 7229 kg / h
νAR = Volume Especifico do ar de Insuflação νAR = 0,9075 m3 / kg (2)

(2) Determinado na carta psicrométrica da cidade de São Paulo para uma temperatura de
0
insuflação TI = 15 C e umidade relativa de UR = 90 %

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 69


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Desta forma a vazão de ar volumétrica de insuflação (VI) será:

VI = mI x νAR
VI = 7229 kg / h x 0,9075 m3 / kg

VI = 6561 m3 / h

Desta forma as vazões e temperatura de insuflação para a sala 25 podem ser


definidas como :

Vazão de ar em massa de insuflação mI = 7229 kg / h

Vazão de ar volumétrica de insuflação VI = 6561 m3 / h

Temperatura de Insuflação TI = 15 0C

Nota: A temperatura de insuflação TI = 15 0C, é o valor que deve ser insuflado na


sala, em nosso exemplo esta sendo considerado que esta será a
temperatura do ar na saída do evaporador do equipamento condicionador
de ar.
Caso o ar de insuflação ganhe calor pelos dutos, durante o processo de
distribuição de ar, a temperatura de insuflação na saída do evaporador deve
ter seu valor reduzido a fim de compensar este acréscimo de calor. Em
casos de dutos bem isolados a temperatura na saída do evaporador, em
relação a temperatura do projeto, pode ter o valor reduzido em ∆TI = 1 0C a
0
2 C.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 70


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

CAPACIDADE TERMICA D0 EQUIPAMENTO

Nos cálculos anteriores foi determinado a Vazão de Ar de Insuflação (mI) e a


sua respectiva temperatura de Insuflação (TI) para o local a ser climatizado nas
condições de projeto desejadas (TBSS e URS) com a retirada a carga térmica do local.
Estes valores de vazão e temperatura de insuflação serão fornecidos pelo
equipamento condicionador de ar, contudo deseja-se também determinar qual será a
capacidade deste equipamento.
Não se pode definir que a capacidade térmica do condicionador de ar seja a
que foi calculada como Carga Térmica Total (QTT ) do local, pois será necessário
ainda no ambiente a ser condicionado, com a presença de pessoas, se inserir uma
quantidade externa de ar com a finalidade de higienização, a qual chamaremos de Ar
de Renovação , este acréscimo de ar, que tem a mesma temperatura do ar externo
(TBSE), aumentara a quantidade de calor que deverá ser removido pelo equipamento
de condicionador de ar.
Denomina-se a quantidade de ar externo que é introduzida no ambiente de “Ar de
Renovação”. Até Outubro de 2000 o Ar de Renovação era apenas uma recomendação
normativa que constava em algumas literaturas técnicas e da antiga NBR 6401 –
Instalações de Ar Condicionado para Conforto, mas atualmente esta prática é uma
obrigação legal que é fiscalizada pela ANVISA - Agência Nacional da Vigilância
Sanitária do Ministério da Saúde.
Podemos afirmar que de todo o processo envolvendo o Calculo de Carga Térmica
para Climatização esta é a parte que requer maior cuidado pois esta diretamente
ligado com a saúde das pessoas que estão confinadas em um ambiente fechado.

Nota: Após a morte do ministro das Comunicações, Sergio Motta, em Abril de 1998, ao
contrair uma bactéria que se aloja no ar-condicionado, a Legionella, o Ministério da
Saúde baixou portaria exigindo a higienização mensal dos aparelhos de ar-
condicionado e a necessidade da Renovação de Ar em locais que as pessoas estejam
confinadas, estando ou não o ambiente climatizado.

1. Vazão de Ar de Renovação VREN


Segundo a legislação é necessário que se introduza em ambiente confinados,
como os que estão sendo climatizados, uma quantidade de ar para que se consiga
alcançar os seguintes itens:
1. Satisfação das necessidades de oxigênio dos ocupantes.
2. Diluição de odores presentes até um nível aceitável socialmente.
3. Diluição da concentração de CO2 até um nível baixo satisfatório.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 71


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

A taxa de ar fresco necessária para atender estes requisitos mencionados


depende da densidade de ocupação e de seu uso, pode-se determinar o numero de
trocas de ar em função do volume da sala (numero de trocas de ar / volume da sala),
contudo pode não ser econômico especificarmos taxas de substituição do ar para
salas que tenham grandes valores de altura de pé direito.
Outras maneiras de se considerar, que é preferivelmente mais econômica, é
considerarmos o número de trocas de ar em função do número de pessoas
3
(m / h . pessoa), que é o método adotado em instalações de condicionamento de ar.
Vamos descrever três dos métodos atuais mais recomendados para a determinação
da Vazão de Ar de Renovação:
• Renovação de Ar segundo NBR 6401;
• Renovação de Ar Portaria 3523/90;
• Renovação de Ar segundo NBR 16401.

Renovação de Ar segundo NBR 16401


A antiga norma NBR 6410 Instalações de Ar Condicionado para conforto
Térmico (Tabela 9) foi atualizada, em Setembro de 2008, para se adaptar a norma
americana ANSI / ASHRAE 62.1:2004, e seu novo número passou a ser
NBR 16401 Instalações de Ar Condicionado – Sistemas Centrais e Unitários.
Os valores da vazão do Ar de Renovação estão contidos na norma NBR 16401
Instalações de Ar Condicionado – Sistemas Centrais e Unitários – Parte 3 , e estes
valores podem ser observados nos anexo na Tabela 9A - Ar exterior para renovação.
A Norma ASHRAE 62.1:2004 definiu os valores, da vazão de ar de renovação,
conforme a tabela (Tabela 9A), para que a concentração de CO2 no interior de
ambientes confinados esteja de acordo com as necessidade de conforto e de
metabolismo das pessoas, baseados nas atividades deste ambiente, por exemplo,
para uma sala de aula a concentração media de CO2 deve ser de 700 ppm (parte por
milhão).
Nos calculos da vazão de ar de renovação de ar, a ASHRAE 62.1:2004,
tambem estimou que a área externa, onde o ar estava sendo captado, tinha uma
concentração de CO2 entre 350 ppm a 400 ppm.
A vazão de ar de renovação (VREN), ou como esta designada no capitulo 3,
pagina 4, da norma NBR 16401, “Vazão Eficaz (Vef)”, deve ser determinada
aplicando-se a seguinte equação:

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 72


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

VREN = Vef = Pz * Fp + Az * Fa

Onde:
VREN = Vef = Vazão de Ar de Renovação (L/s);
Pz = Número máximo de pessoas no local a ser ventilado;
Fp = Vazão de ar exterior por pessoa, expressa em litros por segundo (L/s.pessoa); (1)
Az = Área útil ocupada pelas pessoas, expressa em metros quadrados (m2);
Fa = Vazão de ar exterior por área útil ocupada (L/s.m2). (1)

(1) Valores adotados para Fp e Fa, estão estipulados na Tabela 9A.

Na sala de aula 25
No que se refere a Sala de Aula, na Tabela 9A, que se encontra originalmente,
na NBR 16401, encontramos, a recomendação para a vazão de ar exterior Fp e Fa,
em três níveis de exigência, conforme se encontra descrito nas notas de rodapé da
Tabela 9A.
(2) O nível (1, 2 ou 3) de ar externo a ser utilizado no projeto deve ser definido entre o
projetista e o cliente.

(3) O nível de qualidade o ar adotado podem ser definidos como:


Nível 1 – Nível mínimo de ar exterior para ventilação.
Nível 2 – Nível intermediário da vazão do ar exterior para ventilação.
Nível 3- Vazão de exterior para ventilação que segundo estudos existem
evidências de redução de reclamações e manifestações alérgicas.

Nota: Um parâmetro para definir qual o nível de qualidade do ar a ser adotado, durante o
projeto, pode ser tomado como referencia a qualidade do ar externo, ou seja, em locais
em que a concentração de CO2 esta elevado (acima de 450 ppm) é ideal adotarmos o
Nível 3.

(2)
No exemplo para o projeto da sala 25, vamos definir o Nível 3 , de qualidade
do ar.

Calculando pelo método da NBR 16401, no caso da sala 25 sabemos que;

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 73


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Pz = Número máximo de pessoas no local a ser ventilado = 32 pessoas;


Fp = Vazão de ar exterior por pessoa = 7,5 L/s.pessoa (3);
Az = Área útil da sala 25, ocupada pelas pessoas = 52,2 m2;
Fa = Vazão de ar exterior por área útil ocupada = 0,9 L/s.m2. (3)

VREN = Vef = Pz * Fp + Az * Fa
VREN = Vef = 32 pessoas * 7,5 L/s.pessoa + 52,2 m2 * 0,9 L/s.m2
VREN = Vef = 286,98 L/s
VREN = Vef = 1033,128 m3 / h

Conclusão
A Renovação de Ar segundo NBR 16401, recomenda para a sala de aula, para
o Nível 3 de exigência, uma vazão de ar de renovação de:

V REN = 1033 m3/h

Renovação de Ar segundo Portaria 3523/90


A Portaria GM/MS n0 3523/98 de 28 de Agosto de 1998, da Agência Nacional da
Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, determina que salvo casos especiais como
bancos e lojas (1)
onde a renovação de ar deve ser de 17 m3/ h . pessoa em outros
anbientes a renovação deve ser no mínimo de 27 m3 / h . pessoa.
A Equação para determinar-se o vazão de ar pode ser resumida da seguinte forma:

VREN = N . FREN

Onde:
VREN = Vazão de ar externo para renovação m3/h
N= Número de pessoas no local
FREN = Fator de ar exterior para renovação m3/ h . pessoa (2)

(1) A portaria 3523/98 estabelece que a troca mínima de ar para renovação, em


3
ambientes climatizados para conforto, deve ser de 27 m / h . pessoa , exceção feita
para instalações em locais que a presença de pessoas é por um período muito curto de
3
tempo como agencias bancarias e lojas, onde este valor passa a ser 17 m / h .
pessoa.

(2) Durante a determinação do Fator de Ar Exterior para Renovação , em um determinado


projeto que estamos trabalhando, com exceção para lojas e agencias bancarias, a
3
vazão de ar de renovação mínima que devemos adotar será de 27 m / h . pessoa,
para satisfazer a portaria 3523/98, mesmo que a Tabela 9 recomende um valor inferior
a este.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 74


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Na sala de aula 25
No que se refere a Sala de Aula, a Vazão de Ar de renovação pela
recomendação da Portaria 3523/90, será;

N = Número máximo de pessoas no local a ser ventilado = 32 pessoas;


FREN = Fator de ar exterior para renovação = 27 m3/ h. pessoa.

VREN = N . FREN
VREN = 32 pessoas . 27 m3/h.pessoa
VREN = 864 m3/h
Conclusão
A Renovação de Ar segundo Portaria 3523/90 de 28 de Agosto de 1998,
recomenda para a sala de aula, uma vazão de ar de renovação de:

V REN = 864 m3/h

Renovação de Ar segundo a NBR 6401


Antes da NBR 16401 ter sido atualizada, em Setembro de 2008, a norma
vigente para instalações de climatização era a norma NBR 6401 Instalações Centrais
de Ar Condicionado para conforto Térmico. No que se refere ao assunto “Renovação
de Ar” os valores passaram por algumas modificações como conforme pode ser
observado no anexo na Tabela 9.
A norma NBR 6401 Instalações Centrais de Ar Condicionado para conforto
Térmico, estava sendo complementada pela Portaria GM/MS n0 3523/98 de 28 de
Agosto de 1998, da Agência Nacional da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde.
A Equação para determinar-se o vazão de ar pode ser resumida da seguinte
forma:

VREN = N . FREN

Onde:
VREN = Vazão de ar externo para renovação m3/h
N= Número de pessoas no local
FREN = Fator de ar exterior para renovação m3/ h . pessoa (1)

(1) Valores adotados para Fp e Fa, estão estipulados na Tabela 9.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 75


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Na sala de aula 25
Na sala de aula de numero 25, do projeto em questão, é uma instalação de ar
condicionado para conforto, desta forma deve-se providenciar uma quantidade de ar
para renovação, pela NBR 6401, sabendo-se que no local temos:

N= Número de pessoas no local = 32 pessoas


FREN = Fator de ar exterior para renovação = 45 m3/ h . pessoa (2)
.

(2) O valor encontrado na Tabela 09, da NBR – 6401 Instalações de Ar Condicionado para
3
conforto Térmico 3 esta entre 50 e 40 m / h . pessoa, onde adotaremos o valor médio
3
de 45 m /h . pessoa, (quarenta e cinco metros cúbicos por hora por pessoa) para
Salas de Aula.

VREN = N . FREN
VREN = 32 pessoas . 45 m3/ h . pessoa

VREN = 1440 m3/ h


Conclusão
A Renovação de Ar segundo NBR 6401, recomenda para a sala de aula uma
vazão de ar de renovação de:

V REN = 1440 m3/h

1.1. Vazão de Renovação de Ar para o projeto da sala 25


E recomendado que se escolha o maior valor entre os valores calculados entre
os métodos da NBR-16401 e o da Portaria 3523/90, pode-se descartar o método da
NBR-6401 já que esta norma não esta mais sendo utilizada.
Devemos considerar que a finalidade do ar de renovação a ser insuflado no
interior de uma sala é manter a concentração de CO2 dentro de níveis aceitáveis pelo

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 76


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Ministério da Saúde, lembre-se para sala de aula a concentração media de CO2 deve
ser de 700 ppm, este valor pode chegar no máximo a 1000 ppm para qualquer tipo de
ambiente segundo exigencia da ANVISA.
Assim concluimos que não basta incerirmos num recinto, onde exista pessoas
confinadas, uma vazão de ar de renovação se esquecermos que a concentração de
CO2 ultrapassou o limite estabelecido pela Agência Nacional da Vigilância Sanitária
do Ministério da Saúde (ANVISA).
.
No projeto da sala 25, que se encontra em um prédio na cidade de
S. Paulo (SP), em um local considerado muito poluído, utilizaremos uma Vazão de Ar
de Renovação com elevado nível de segurança, desta forma adotaremos:

VREN = 1440 m3/ h

Nota: Para fins de projeto, no exemplo da sala de aula 25, estamos considerado uma
vazão de ar de renovação de 1440 m3/h.
Estamos utilizando neste projeto, da sala 25, a Vazão de Ar de Renovação,
VREN = 1440 m3/h, obtido com a NBR-6401, pois o valor recomendado por ela
apresenta maior nível de segurança.
Lembre-se que quanto maior a Vazão de Ar de Renovação introduzida em um
recinto, menor será o nível de CO2 obtido neste local.

1.2. Calculo da Vazão em Massa do Ar de Renovação mREN


Para transformarmos a vazão em volumétrica do ar de renovação (VREN ), de
3
m / h, para vazão em massa de ar de renovação (mRENI) em kg / h, devemos dividir
a volumétrica (VREN ) pelo volume especifico do ar de insuflação (ν AR).

mREN = VREN / νAR

Onde:
mREN = Vazão de Ar em massa de Renovação (kg/h)
VREN = Vazão de Ar volumétrica de Renovação (m3 / h)
νAR = Volume Especifico do ar de Renovação (m3 / kg ) (1)

(1) O volume especifico do ar de renovação pode ser determinado na carta psicrométrica


do ar, com os valores de temperatura externa do local (TBSE) e umidade relativa
externa de URE . Estes valores de temperaturas (TE) e umidade relativa (URE) externas
são tabelados na norma NBR 6401, para as principais cidades brasileiras.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 77


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

No caso da sala 25 sabemos que:


VREN = Vazão de ar em volume de renovação VREN = 1440 m3/ h
νAR = Volume Especifico do ar de renovação ν AR = 0,9752 m3 / kg (2)

(2) Determinado na carta psicrométrica da cidade de São Paulo para uma temperatura do
0
ar de renovação TBSE = 32 C e umidade relativa de URE = 60 %

Desta forma a vazão de ar volumétrica de insuflação (VI) será:

mREN = VREN / νAR


mREN = 1440 m3/ h / 0,9752 m3 / kg

mREN = 1477 kg / h

Desta forma as vazões e temperatura de ar de renovação para a sala 25


podem ser definidas como:
• Vazão de ar em massa de renovação mREN = 1477 kg / h
• Vazão de ar volumétrica de renovação VREN = 1440 m3/ h
• Temperatura do ar de renovação TBSE = 32 0C
• Umidade relativa do ar de renovação URE = 60 %

2. Vazão de Ar de Retorno mRET


Uma parte do ar que é insuflado no ambiente a ser climatizado, como vazão de
ar de Insuflação (mI), após se difundir pelo ambiente, e levado de volta para o
condicionador de ar, ou para a casa de máquina, para novamente passar pelo
evaporador do condicionador de ar e ter sua temperatura reduzida, a temperatura de
insuflação (TI) e novamente ser insuflado no ambiente climatizado. Este ar que
retorna por sucção do equipamento condicionador de ar e conhecido como Ar de
Retorno, para o qual deve-se determinar qual será a Vazão de Ar de Retorno (mRET).
Devemos lembrar que este ar de retorno (mRET) devera ser Misturado com o ar
de renovação (mREN) para que os dois juntos perfaçam uma mistura, a qual é
conhecida, Vazão de Mistura (mMIS), a qual tem o mesmo valor numérico da vazão de
insuflação (mI), conforme pode ser observado na figura abaixo, desta forma;

Vazão de ar de insuflação mI = Vazão de ar de mistura mMIS


Vazão de ar de insuflação = Vazão de ar de renovação mREN + Vazão de Ar de Retorno
mRET
mI = mREN + mRET
Ou seja
mRET = mI - mREN

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 78


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Difusor

TBSI
mRET
mI
URI = 90 %

TBSS
TBSS URS URS

mI
Sala
mRET

mI

Evaporador

mI mREN
mMIS
(Mistura) TBSE URE

mMIS = mI = mRET + mREN


Ventilador

Condicionador de AR

2.1. Vazão de Ar de Mistura mMIS


Conforme pode ser observado no desenho acima a vazão do ar de retorno
(mRET) ira se misturar com o a vazão do ar de renovação (mREN), antes do resfriador do
condicionador de ar, ou evaporador, esta mistura e conhecida como vazão de ar de
mistura (mMIS). A vazão de ar de mistura ira passar pelo resfriador e ventilador e a
partir daí será chamada de vazão de ar de insuflação (mI).
Vazão de ar de insuflação = Vazão de ar de mistura mMIS
mI = mMIS
mMIS = mI = mREN + mRET

2.2. Calculo da Vazão de Ar de Retorno mRET


Para a sala 25 foi determinado anteriormente que:
Vazão de ar de insuflação mI = 7229 kg / h
Vazão de ar de renovação mREN = 1477 kg / h
Desta forma a Vazão de ar de retorno pode ser determinada como:
mRET = mI - mREN
mRET = 7229 kg / h - 1477 kg / h
mRET = 5752 kg / h

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 79


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

2.3. Determinar a Vazão de Ar de Mistura mMIS


No ar de mistura ou vazão de mistura (mMIS) como é conhecida, é a própria
vazão de insuflação, no caso da sala 25;
Vazão de ar de insuflação = Vazão de ar de mistura mMIS = 7229 kg / h

2.4. Vazão de Ar de Retorno x Ar de Exaustão


A “diferença” entre o valor das vazões do ar de insuflação (mI) e o ar de retorno
(mRET), que é a própria vazão de renovação, normalmente é retirada da sala
naturalmente, devido a abertura das portas, ou por outras frestas existentes no local.
Caso isto não ocorra é necessário que esta “diferença” seja retirada por intermédio de
um exaustor. Lembre-se para que a vazão do ar de insuflação seja introduzido no local
a ser climatizado e necessário retirar-se do mesmo pelo retorno e ou exaustão o
mesmo valor desta vazão.

Figura: Retirada da “diferença” vazão da ar de insuflação com o ar de retorno.

3. Entalpia da Mistura (hMIS) e Temperatura de Mistura (TBSMIS)


A entalpia de mistura é determinada pelas entalpias do ar de renovação hREN ,
e pela entalpia do ar de retorno hRET, e suas respectivas vazões

A entalpia da mistura hMIS, pode ser determinada a partir do balanço de massa


e energia, da mistura;
Balanço de Massa: mMIS = mREN + mRET
Balanço de Energia: mMIS x hMIS = mREN x hREN + mRET x hRET

Onde:
mMIS = Vazão de ar de mistura (kg / h) – Calculado acima
mREN = Vazão de ar de renovação (kg / h) – Calculado acima

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 80


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

mRET = Vazão de Ar de Retorno (kg / h) – Calculado acima


hMIS = Entalpia do ar da Mistura (kcal / kg) – A
hREN = Entalpia do ar de Renovação (kcal / kg) – Obtido na carta psicrometrica
hRET = Entalpia do ar de Retorno (kcal / kg) – Obtido na carta psicrometrica

Na equação do Balanço de Energia a incógnita é a Entalpia do ar da Mistura


(hMIS), já que as outras entalpias podem ser obtidas na carta psicrométrica sabendo-se
as temperaturas e umidade relativa do ar da sala e do ar externo, sendo assim a
incógnita pode ser determinada como:

hMIS = mREN x hREN + mRET x hRET


mMIS

Com o valor da Entalpia do ar da Mistura (hMIS), na carta psicrométrica pode-se


obter o valor da temperatura da mistura (TBSMIS).

3.1. Calculo da Entalpia da Mistura hMIS


Em nosso exemplo podemos determinar a entalpia da mistura pela equação anterior,
com auxílios dos valores anteriormente determinados tais como;
mMIS = Vazão de ar de mistura = 7229 kg / h
mREN = Vazão de ar de renovação = 1477 kg / h
mRET = Vazão de Ar de Retorno = 5752 kg / h
hMIS = Entalpia do ar da Mistura (kcal / kg) = ?
hREN = Entalpia do ar de Renovação (kcal / kg) = 81,2 kJ/kg = 19,4 kcal/kg
hRET = Entalpia do ar de Retorno (kcal / kg) = 52,3 kJ/kg = 12,5 kcal/kg

Calculando:

m REN xhREN + m RET xhRET


hMIS =
m MIS

1477 kg / hx81,2kJ / kg + 5752kg / hx52,3kJ / kg


hMIS =
7229kg / h

hMIS = 58,2kJ / kg = 13,94kcal / kg

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 81


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Sabendo-se que a entalpia da mistura (hMIS) , encontra-se sobre a linha da


mistura, conforme figura a seguir, com a ajuda da carta psicrométrica pode-se obter a
temperatura da mistura.

Nota: A temperatura da mistura (TBSMIS) só tem a finalidade de determinarmos um


parâmetro de temperatura que esta entrando no evaporador do condicionador
de ar, na realidade o que se utiliza nos cálculos, como veremos a seguir é a
entalpia de mistura (hMIS)

Linha de Mistura URE URS


E
Linha da entalpia da mistura calculada
M
hMIS = 58,2 kJ / kg

Ponto de Mistura (M)


S

TBSS TBSM TBSE

3.2. Temperatura de Mistura TBSMIS (Método Pratico)


Caso se queira pode-se também calcular a temperatura da mistura, ao invés do
método gráfico, a partir da entalpia da mistura, anteriormente descrito, pode-se adotar
um artifício, muito utilizável, que proporciona um erro insignificante na sua resolução,
ou seja, na equação do Balanço de Energia utilizar no lugar das entalpias as
temperatura, ficando resumido da seguinte maneira:
Balanço de Massa: mMIS = mREN + mRET
Balanço de Energia: mMIS x TBSMIS = mREN x TBSREN + mRET x TBSRET

TBSMIS = mREN x TBSREN + mRET x TBSRET


mMIS

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 82


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

O ar de retorno (mRET) possui as mesmas condições do ar da sala, da qual esta


sendo retirado, desta forma ;

TBSRET = TBSS
URRET = URS

Onde:
mMIS = Vazão de ar de mistura (kg / h) – Calculado acima
mREN = Vazão de ar de renovação (kg / h) – Calculado acima
mRET = Vazão de Ar de Retorno (kg / h) – Calculado acima
TBSMIS = Temperatura do ar da Mistura (0C)
TBSREN = Temperatura do ar de Renovação (0C)
TBSRET = Temperatura do ar de Retorno (0C)

Os valores podem ser colocados na carta psicrométrica conforme figura abaixo,


aonde pode ser observada a Linha da Mistura, que é traçada por uma reta ligando o
estado do ar da sala (TBSS e URS) representando o ar de retorno, e o ar externo (TBSE
e URE), representado o ar de renovação.

Pode ser observado que sobre a Linhas de Mistura esta o ponto conhecido
como Ponto de Mistura (M), que representa o estado do ar de mistura dentro da carta
psicrométrica.

Linha de Mistura URE URS


E

Ponto de Mistura (M)


S

TBSS TBSM TBSE

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 83


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

3.2.1. Calculo da Temperatura de Mistura TBSMIS


Em nosso exemplo podemos determinar a temperatura da mistura pela
equação acima, com auxílios dos valores anteriormente determinados tais como;
mMIS = Vazão de ar de mistura = 7229 kg / h
mREN = Vazão de ar de renovação = 1477 Kg / h
mRET = Vazão de Ar de Retorno = 5752 kg / h
TBSMIS = Temperatura do ar da Mistura = ?
TBSREN = Temperatura do ar de Renovação = 32 0C (URE = 60 %)
TBSRET = Temperatura do ar de Retorno = 24 0C (URS = 55 %)

TBSMIS = mREN x TBSREN + mRET x TBSRET


mMIS

TBSMIS = 1477 kg / h x 32 0C + 5752 kg / h x 24 0C


7229 kg / h

TBSMIS = 25,6 0C

Resumindo determinamos que ;


TBSMIS = Temperatura do ar da Mistura = 25,6 0C
mI = Vazão de ar de insuflação = mMIS = Vazão de ar de mistura = 7229 kg / h

4. Capacidade Térmica do Equipamento (QT)


A temperatura da mistura acima pode ser interpretada como o resultado da
media das temperatura e vazões em massa do ar de retorno (mRET e TBSRET) e do ar
de renovação (mREN e TBSREN), este ar, o qual chamamos de ar de mistura (mMIS), que
tem o mesmo valor numérico do que a vazão do ar de insuflação (mI), este devera
passar pelo evaporador do condicionado de ar, Self-Contained, que estamos utilizando
em nosso projeto, , ou resfriador no caso de equipamentos tipo Fan-Coil, e ter sua
temperatura abaixada até a temperatura de insuflação (TBSI).
Para que a temperatura da vazão de ar de mistura seja reduzida, necessitamos
retirar uma quantidade de calor desta massa de ar que ira passar pelo condicionador
de ar, a qual é denominada de Capacidade Térmica do Equipamento (QT), a que pode
ser calculada da seguinte maneira;

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 84


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

QT = mI . ( hI – hMIS )

Onde:
QT = Calor Total a ser retirado do ar pelo condicionador de ar (kcal/h)
mI = Vazão de ar de insuflação = mMIS = Vazão de ar de mistura (kg / h)
hI = Entalpia do ar de insuflação (kcal/kg) (Carta Psicrométrica)
hMIS = Entalpia do ar de mistura (kcal/kg) (Ponto de mistura na Carta Psicrométrica,
ou calculado como no item )

O calor total retirado do ar que passa pelo condicionador de ar, ou seja a


Capacidade Térmica do Equipamento (QT), pode ser representado na carta
psicrométrica, por uma linha reta que sai do ponto que representa o ar de mistura (M),
com sua respectiva temperatura (TBSMIS), ate o ponto que representa o estado do ar de
insuflação com sua respectivas temperaturas e umidade relativa (TI e URI = 90 %),
esta reta pode ser observado no desenho da carta psicrométrica abaixo;

90% URE URS


Ponto de Mistura
E

Linha do Calor Total


QT m

Ponto de Insuflação S

TI TBSS TBSM TBSE

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 85


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

4.1. Calculo da Capacidade Térmica do Equipamento (QT)


Em nosso exemplo podemos determinar a Capacidade Térmica do
Equipamento (QT) pela equação acima, com auxílios dos valores anteriormente
determinados tais como;

QT = Calor Total a ser retirado do ar pelo condicionador de ar = ?


mI = Vazão de ar de insuflação = mMIS = Vazão de ar de mistura = 7229 kg / h
hI = Entalpia do ar de insuflação = 9,92 kcal/kg = 41,52 kJ/kg (Carta Psicrométrica)
hMIS = Entalpia do ar de mistura = 13,90 kcal/kg = 58,2 kJ/kg (Ponto de mistura na
Carta Psicrométrica de São Paulo)

QT = mI . ( hI – hMIS )
QT = 7229 kg / h . (9,92 – 13,90 ) kcal/kg
QT = 28.771,42 kcal / h
Ou
QT = mI . ( hI – hMIS )
QT = 7229 kg / h . 1h / 3600 seg (41,52 – 58,2 ) kJ/kg
QT = 33,49 kW

4.2. Carga Sensível e Latente do Equipamento (QT)


Alguns catálogos de fabricantes algumas vezes solicitam para o
selecionamento de seus equipamentos condicionadores de ar que a carga térmica
seja dividida em “Calor Sensível” e “Calor Latente” antes da entrada do evaporador.
A Carga Térmica antes do evaporador é a própria carga de mistura, desta
forma o que temos que fazer é decompor o Calor Total a ser retirado do ar pelo
condicionador de ar (QT) em Calor Sensível a ser retirado pelo condicionador de ar
(QST) e Calor Latente a ser retirado pelo condicionador de ar (QLT)
Com a carta psicrométrica da cidade de São Paulo -SP, pode-se obter
os dados relativos ao ar da sala e externo, como foi feito acima, e desta
maneira obter-se a Entalpia relativa h∆.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 86


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

hM

h∆
M
HI
QLT
QTA

I ∆
QST

Ar Insuflado Ar Mistura (M)


0
TBSI = 15 C TBSMis = 25,6 0C
URI = 90 % URMis = 56,7 %
Entalpia Entalpia
hI = 41,52 kJ / kg hMis = 58,2 kJ / kg
hI = 9,92 kcal/kg hMis = 13,9 kcal / kg

h∆.= 52,27 kJ /kg


h∆.= 12,48 kcal/kg

4.2.1. Calor sensível a ser retirado pelo condicionador de ar (QST)


Com ajuda da Carta Psicrométrica, e da Equação da Troca de Calor obtemos
o calor sensível a ser retirado pelo condicionador de ar:

QST = mI . (hI - h∆ ) (kcal/h)


QST = 7229 Kg/h . ( 9,92 – 12,48 ) kcal/kg
QST = (-) 18.498,56 kcal/h

Ganho de calor sensível retirado pelo condicionador de ar: QST = 18.498,56 kcal/h
QST = 21,54 kW

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 87


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

4.2.2. Calor latente a ser retirado pelo condicionador de ar (QLT)


Com ajuda da Carta Psicrométrica, e da Equação da Troca de Calor obtemos o
calor latente a ser retirado pelo condicionador de ar:

QLT = mI . (h∆ - hMis ) (kcal/h)


QLT = 7229 kg/h . ( 12,48 – 13,9 ) kcal/kg
QLT = (-) 10.265,18 kcal/h

Ganho de calor latente retirado pelo condicionador de ar: QLT = 10.265,18 kcal/h
QLT = 11,95 kW
Nota: O sinal (-) é apenas uma referencia para indicar que o ar infiltrado esta perdendo calor.

5. Capacidade Térmica do Equipamento (QT) (1)


A Capacidade do equipamento condicionador de ar, para ser selecionada em
um catalogo técnico de fabricantes de condicionador de ar, pode ser resumido da
seguinte forma:

Ganho de calor sensível retirado pelo condicionador de ar: QST = 18.498,56 kcal/h
QST = 21,54 kW

Ganho de calor latente retirado pelo condicionador de ar: QLT = 10.265,18 kcal/h
QLT = 11,95 kW

Capacidade Térmica Total do Condicionador de ar: QT = 28.771,42 kcal / h


QT = 33,49 kW

(1)
A capacidade do equipamento condicionador para ser utilizado na sala 25,
de nosso projeto demonstrativo, deve ter as seguintes características

Vazão de insuflação mI = 7229 kg / h = 6561 m3/h


Capacidade Térmica QT = 28.771,42 kcal / h
ou
QT = 33,49 kW = 120564 kJ / h = 115220,6 BTU / h = 9,6 TR

(1) Para adquirirmos o equipamento condicionador de ar de um fabricante devemos


fornecer a ele alem da vazão de ar (mI) e da capacidade térmica (QT), a pressão
estática (PS) que o ventilador deve fornecer, mas para determinarmos este valor
necessitamos realizar o projeto da distribuição do ar com sua respectiva rede de dutos.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 88


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Planilha de Carga Térmica


Calculo da Carga Térmica Método da planilha

Introdução
O método pratico para calculo da carga térmica utilizando a planilha não oferece a precisão do
método tradicional e seu uso só é recomendado para condicionadores de ar compacto,
tipo janela, ou sistemas divididos, air-split, de pequenas capacidade. Essa planilha foi
criada justamente para facilitar o trabalho do técnico que tem que auxiliar o cliente a
escolher o condicionador de ar, de uma maneira rápida, que melhor atenda às
necessidades do ambiente a ser climatizado.
Lembrando que este método não é recomendado quando se deseja um
sistema de condicionamento de ar completo com distribuição de ar através de dutos,
vazão de ar de insuflação e controle da umidade relativa.
Existe diversas destas planilhas em utilização no mercado. Contudo a que será
aqui apresentada a Tabela 15, que foi desenvolvida pela ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas) e apresentada na Norma NBR-5858 (Condicionador de Ar
Doméstico).
A NBR-5858, já teve uma planilha anterior em que os seus cálculos são
apresentados no Sistema Métrico de Unidades (SM), Tabela 16, e o resultado da
carga térmica, naturalmente, em kcal/h , posteriormente esta planilha foi adaptada
para os padrões do Sistema Internacional de Unidades (SI), passando desta forma a
fornecer capacidade em kJ/h. Nos anexos destes apontamentos encontramos estas
duas planilhas.
Para que você possa aprender como usar essa planilha, vamos apresentar um
exemplo que vai descrever passo-a-passo, tudo o que tem que ser considerado e
calculado para a obtenção dos dados que, colocados nesse formulário, vão fornecer a
carga térmica correta para o ambiente escolhido.
Após preencher o cabeçalho identificando seu cliente, e antes de começar o
preenchimento do formulário propriamente dito, você precisará recolher dados sobre:
• as dimensões (medidas) do ambiente;
• as quantidades de janelas, as portas e os vãos livres com as respectivas
dimensões;
• o tipo de parede: leve (espessura até 15 cm) ou pesada (espessura maior
do que 15 cm);

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 89


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

• a localização geográfica das paredes e janelas, ou seja, se elas estão ao


norte, sul, leste, oeste, etc.;
• a quantidade de lâmpadas com as respectivas potências elétricas;
• a quantidade de aparelhos elétricos e suas respectivas potências elétricas;
• a quantidade de pessoas que freqüentarão o local;
• o tipo de teto: telhado ou laje;
• o piso: sobre o chão ou entre andares.
Para obter esses dados, você deve, inicialmente, inspecionar a sala e, em
seguida, fazer a medição do piso, paredes e aberturas do local. Depois disso, você vai
representar, em uma folha, os contornos do ambiente em um desenho chamado de
croqui e que conterá todos os detalhes que você mediu: paredes e aberturas, portas e
janelas. Vai, também, determinar a orientação solar, indicando os pontos cardeais
(norte, sul, leste e oeste) e identificando o lado norte com uma seta.
Digamos, então, que você terá que instalar um condicionador de ar em uma sala com
8,2 m de comprimento, 6,4 m de largura e 4,50 m de altura, localizada no primeiro
andar de um prédio na cidade de São Paulo e que possui três janelas de 2,0 m por
3,95 m, protegidas por persianas, sendo todas voltada para a direção Leste.

(Ver o croquis da sala 25 – Pagina 13)

Como você pode perceber, além do croqui, você deve anotar, também, todos
os dados relativos ao ambiente: quantidade de pessoas, quantidade de lâmpadas e
respectiva potência consumida, equipamentos com as respectivas potências.
Agora vamos passar os dados para o formulário. Faça isso na seqüência em
que são apresentados. Comece, portanto, pelos dados de insolação (incidência de sol)
das janelas que recebem os raios solares diretamente. Veja a seguir.

1 – Janelas (insolação)
Inicialmente, você calcula a área da cada janela. Assim, como a janela tem 2 m
de largura por 3,95 m de altura, a área de cada janela será 2 x 3,95 e obtém 7,9 m2.
Se houver mais de uma janela no recinto, e elas estiverem na mesma parede,
como é o nosso caso, e portanto, na mesma posição em relação ao sol, você soma
todas as áreas das janelas dessa parede que você calculou.
No croquis notamos que existem três janelas na direção leste então é
necessário somar as áreas das três janelas que estão nesta parede.
Assim, na parede voltada para o leste existe uma área total de janelas de 3 x
7,9 m , o que perfazem um total de 23,7 m2, podemos arredondar este valor para 24
2

m2, e o transportar para o formulário na linha leste.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 90


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

CALOR RECEBIDO – FONTES NORMAIS QUANT. FATORES DE MULTIPLICAÇÃO kJ/H

CALOR A B C D
RECEBI 1 – USAR
DO DE: CARA CTE R ÍST IC AS SEM C/ C/ ÁREA X APENAS O
PROTEÇÃO PROTEÇÃO PROTEÇ FATOR MAIOR VALOR
* INTERNA* ÃO DA COLUNA.
EXTERNA
2 – P/ TIJOLOS
2 DE VIDRO,
NORTE M 1000 480 290
CONSIDERAR A
2 METADE DOS
NORDESTE M 1000 400 290
JANELAS (INSOLAÇÃO)

VALORES
CALCULADOS.
LESTE 24 M
2 1130 550 360

2
SUDESTE M 840 360 290
1

2
SUL M 0 0 0

SUDOESTE M2 1680 670 480

OESTE M2 2100 920 630

2
NOROESTE M 1500 630 400

Esse valore será multiplicado pelos fatores de multiplicação (colunas A, B ou


C), de acordo com a condição da janela em relação ao sol. O resultado, será escrito e
na coluna D. No nosso exemplo, as janelas têm persianas. Assim, a área da janela na
parede leste terá como fator de multiplicação 550. O formulário ficará assim:

CALOR RECEBIDO – FONTES NORMAIS QUANT. FATORES DE MULTIPLICAÇÃO kJ/H

CALOR A B C D
RECEBI 1 – USAR
DO DE: CARA CTE R ÍST IC AS SEM C/ C/ ÁREA X APENAS O
PROTEÇÃO* PROTEÇÃO PROTEÇ FATOR MAIOR
INTERNA* ÃO VALOR DA
EXTERNA COLUNA.

NORTE M2 1000 480 290 2 – P/


TIJOLOS DE
VIDRO,
M2
JANELAS (INSOLAÇÃO)

NORDESTE 1000 400 290 CONSIDERAR


A METADE
LESTE 24 M2 1130 550 360 13200 DOS
VALORES
CALCULADOS
SUDESTE M2 840 360 290 .
1

SUL M2 0 0 0
2
SUDOESTE M 1680 670 480
2
OESTE M 2100 920 630

NOROESTE M2 1500 630 400 13200

Nota: Se existisse mais do que uma janela em posições geográficas diferentes só


devemos considerar o resultado de maior valor. A unidade do resultado esta de
acordo com o Sistema Internacional (SI) (kJ/h (lê-se: quilo Joule/hora)

Observe no formulário, que se existisse janelas voltadas para o sul têm o fator
de correção igual a 0 (zero), pois não recebem insolação. É o mesmo caso das
janelas constantemente sombreadas por construções adjacentes e que, por isso, são
consideradas como sendo voltadas para o sul já que não recebem insolação direta.
Nesse caso, também, o fator de multiplicação é 0 (zero).

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 91


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

O que foi calculado até aqui, refere-se ao calor recebido diretamente do sol pelas
janelas (Insolação pelas Janelas).

2 – Janelas (condução)
Devemos considerar, agora, o calor ganho por condução através de todas as
janelas, isso tem relação com a quantidade das janelas e a espessura do vidro dessas
mesmas janelas. Nesse cálculo já não se considera o fator insolação (direção do sol) e
as áreas de todas as janelas são somadas. No nosso caso as três janelas (24 m2)
estejam dotadas de vidro comum. O fator de multiplicação, nesse caso é 210. O
formulário ficará assim:

CALOR RECEBIDO – FONTES NORMAIS QUANT. FATORES DE MULTIPLICAÇÃO kJ/H

V ID RO C OMU M 210
24 m
2
5040
(CONDUÇÃO)
JANELAS
2

T IJ OLO DE V ID RO m2 105

Nota: Não importa a posição geográfica das janelas ou se elas recebem insolação,
todas as janelas do ambiente a ser climatizado devem ter sua área somada para
o calculo do calor por condução pelas janelas.

3 - Paredes

O dado seguinte refere-se às paredes. Você deve calcular a área das paredes,
incluindo portas (que devem sempre estar fechadas em ambientes climatizados), mas
excluindo as janelas, porque elas já estão calculadas nos itens 1 (Janelas –
Insolação) e 2 (Janelas – Transmissão).
Além disso, você deve verificar se há paredes:
• externas voltadas para o sul.
• constantemente sombreadas por prédios que ficam próximos. Essas
devem ser consideradas como se estivessem voltadas para o sul,
• contíguas a ambientes com condicionadores de ar, pois essas não devem
ser consideradas.
No desenho do nosso exemplo, não há parede externa voltada para o sul, e a parede
norte fica, metade dela, ao lado de um ambiente com condicionador de ar.
Calculando:
• Parede leste: 8,2 x 4,5 = 36,9 m2

Desse valor (36,9) subtrai-se a área da janela (24 m2) :


36,9 – 24 = 12,9 m2

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 92


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

• Parede sul (interna): 6,4 x 4,5 = 28,8 m2


Esta parede é uma divisória de madeira o que pode ser considerado uma
parede leve pelos padrões da construção civil.
• Parede oeste ( corredor interno): 8,2 x 4,5 = 36,9 m2
Esta parede possui uma porta, a qual deverá estar fechada, durante o
funcionamento do condicionador de ar, e foi considerada como parte
integrante do calculo da área da parede.
• Parede norte ( interno):
Esta parede possui metade dela, 3,2 m (6,4 m ÷ 2) vizinha com uma sala
que possui condicionamento de ar (secretaria), desta forma esta meia
parede não será considerada nos cálculos da transmissão de calor pelas
paredes. Só será considerado a parte da parede que esta no ambiente
interno sem condicionamento de ar, desta forma o valor área da parede
norte será:
3,2 x 4,5 = 14,4 m2

Todos esses valores são transportados para a planilha e, depois de


multiplicados pelo fator de multiplicação correspondente. Observe que, para as
paredes externas os fatores de multiplicação correspondem ao tipo de parede:
• leve (menos de 15 cm): fatores de correção 55 (direção sul) ou 84 (outras
direções)
• pesada (15 cm, ou mais): fatores de correção 42 (direção sul) ou 50 (outras
direções).

Resumindo:
• Paredes externas (leste - alvenaria) = 7,8 m2 + 15,6 m2 = 12,9 m2. –
construção tipo pesada
• Paredes internas (sul – Divisória) = 28,8 m2.
• Paredes internas (oeste e ½ norte) = 36,9 + 14,4 = 51,3 m2
• Parede Interna Total = 28,8 + 51,3 = 80,1 m2.

No nosso exemplo, consideramos as paredes de alvenaria e internas e


externas como sendo pesadas, com exceção da parede de divisória considerada como
leve.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 93


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

CALOR RECEBIDO – FONTES NORMAIS QUANT. PAREDE LEVE PAREDE PESADA kJ/H

E XT E R NA S : D IRE Ç Ã O S UL m2 55 42
PAREDES

E XT E R NA S : OUT RA S D IR E Ç ÕE S 84 50
12,9 m 2
645
3

INTERNAS (NÃO CONSIDERAR ENTRE 33


AMBIENTES CONDICIONADOS)
80,1 m2 2643,3

Nota: Lembre-se de que se existir alguma parede constantemente sombreada por


construções adjacentes, estas devem ser consideradas como se parede fosse
voltada para o sul.
4 - Teto
O item seguinte na planilha refere-se ao teto. Você deverá calcular sua área e
classifica-lo segundo os seguintes tipos:
• Laje exposta ao sol (sem isolação).
• Laje exposta ao sol (com isolação térmica de 2,5 cm ou mais).
• Entre andares.
• Sob telhado sem isolação.
• Sob telhado com isolação.
No exemplo apresentado a área do teto é 52,5 m2 (8,2 x 6,4). Lembre-se de
que essa sala está no primeiro andar de um prédio, sob telhado, com o forro com
isolaçào térmica placas de fibra de vidro. Ficando o preenchimento da planilha assim:

CALOR RECEBIDO – FONTES NORMAIS QUANT. FATORES DE MULTIPLICAÇÃO kJ/H

2
LAJE EXPOSTA AO SOL (SEM ISOLAÇÃO) m 315
2
LAJE EXPOSTA AO SOL (C/ ISOL. 2,5CM OU MAIS) m 125
m2
TETO

ENTRE ANDARES 55
4

SOB TELHADOS COM ISOLAÇÃO 75 3937,5


52,5 m2
2
SOB TELHADOS SEM ISOLAÇÃO m 210

5 - Piso
O próximo item da planilha é o piso, No nosso exemplo, trata-se de uma sala
no primeiro andar, sob um ambiente não condicionado, portanto, a área de 52,5 m2
será multiplicada pelo fator 55:

CALOR RECEBIDO – FONTES NORMAIS QUANT. FATORES DE MULTIPLICAÇÃO kJ/H

5 NÃO CONSIDERAR O PISO 52,5 55 2887,5


PISO D IR ETA ME NTE SOBRE O S OLO m2

Nota: Se o piso estiver diretamente sobre o solo ou sob um ambiente que for
condicionado não devera ser considerado.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 94


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Até agora, reunimos os dados sobre as fontes de calor externo. Os próximos


itens referem-se às fontes de calor interno, ou seja: as pessoas, iluminação artificial,
aparelhos elétricos.

6 – Número de pessoas
O item 6, por exemplo, refere-se ao número de pessoas que freqüenta o
ambiente no qual o condicionador será instalado.
No nosso exemplo, vamos considerar que se trata de uma sala de aula na qual
estão 32 pessoas. A planilha ficará assim:

CALOR RECEBIDO – FONTES NORMAIS QUANT. FATORES DE MULTIPLICAÇÃO kJ/H


6
PESSOAS NÚMERO DE PESSOAS N O
32 630 20160

7 – Iluminação e aparelhos elétricos


Outra fonte de calor interno, como já vimos, são as lâmpadas, os motores, os
aparelhos elétricos. No escritório de nosso exemplo existem:
• Quatro luminárias com 12 lâmpadas fluorescentes de 110 watts cada uma:
totalizando 1320 W
• 2 Micro computador = 500W. (250W / cada micro)
• 1 Impressora = 55W
• 1TV +1 Vídeo = 150W
• Retroprojetor = 300W
• Uma cafeteira elétrica de 2 litro: 460 W

1320 + 2x250 + 55 + 150 + 300 + 460 = 2785 W

Transportando os calores para a tabela e multiplicando pelos respectivos


valores:

CALOR RECEBIDO – FONTES NORMAIS QUANT. FATORES DE MULTIPLICAÇÃO kJ/H

7 - ILUMINAÇÃO E APARELHOS ELÉTRICOS 2785 W 4 11140

8 – Portas e vãos
As portas e vãos sempre abertos para ambientes nos quais não há aparelho
condicionador de ar são considerados neste item. Portanto, sua área deve ser
calculada.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 95


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

No nosso exemplo, o ambiente vizinho, corredor, não existe condicionamento


de ar para onde a porta se abre, mas a mesma esta sempre fechada e neste caso
não precisa ser considerado. Observe a planilha:

CALOR RECEBIDO – FONTES NORMAIS QUANT. FATORES DE MULTIPLICAÇÃO kJ/h

2
8 – PORTAS E VÃOS (SEMPRE ABERTOS P/ ÁREAS NÃO m 630
CONDICIONADAS)

9 - Subtotal
Após fazer todos os cálculos parciais, deve-se somar todos os resultados
obtidos. Esse subtotal é lançado na coluna kJ/h. No nosso exemplo, o resultado dessa
soma é.
13200 + 5040 + 645 + 2643 + 3938 + 2888 + 20160 + 11140 = 59654 kJ/h

9 – SUBTOTAL: SOMAR TODOS OS VALORES DA XXXX


COLUNA QUANTIDADE X FATOR
59654

Esse resultado deve, então, ser multiplicado pelo fator climático da região.

Fator climático
O Brasil é um país muito grande e suas regiões apresentam condições
climáticas diferentes entre si. Por isso, foram calculados coeficientes de correção,
chamados de fator geográfico para cálculo de carga térmica de resfriamento,
correspondentes a cada uma das regiões climáticas do país. Veja os coeficientes e
sua distribuição no mapa a seguir.

Ver nos anexos o mapa do Brasil com os coeficientes de correção – Norma


ABNT de acordo com as regiões
10 – Carga térmica total
Esses coeficientes têm que ser considerados no cálculo de carga térmica para que
seja garantido que o aparelho apresente um desempenho de acordo com as
necessidades dos clientes de cada região. Como no nosso exemplo, a sala a ser
climatizada está localizada na cidade de São Paulo, o fator de correção é 0,85. O
resultado é:

10 – CARGA TÉRMICA TOTAL 59654 (ITEM 9) X 0,85 (FATOR DO MAPA) = 50706 kJ/h

E o formulário totalmente preenchido ficará assim:

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 96


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

FORMULÁRIO PARA CÁLCULO SIMPLIFICADO DE CARGA TÉRMICA

DATA:
CLIENTE :SENAI “Oscar Rodrigues CALCULISTA: Valter Gerner
18/02
Alves” – Sala 25
CALOR RECEBIDO – FONTES NORMAIS QUANT. FATORES DE MULTIPLICAÇÃO kJ/H

CALOR A B C D
RECEBI 1 – USAR
DO DE: CARA CTE R ÍST IC AS SEM C/ C/ ÁREA X APENAS O
PROTEÇÃO PROTEÇÃO PROTE FATOR MAIOR VALOR
* INTERNA* ÇÃO DA COLUNA.
EXTER
NA 2 – P/ TIJOLOS
m2 DE VIDRO,
NORTE 1000 480 290 CONSIDERAR A
METADE DOS
2 VALORES
NORDESTE m 1000 400 290
JANELAS (INSOLAÇÃO)

CALCULADOS.
LESTE 1130 550 360
24 m
2 13200
2
SUDESTE m 840 360 290
1

2
SUL m 0 0 0
2
SUDOESTE m 1680 670 480

OESTE m2 2100 920 630

NOROESTE m
2
1500 630 400 13200

24 5040
(CONDUÇÃO)

V ID RO C OMU M m2 210
JANELAS
2

T IJ OLO DE V ID RO m2 105

E XT E R NA S : D IRE Ç Ã O S UL m2 55 42
PAREDES

E XT E R NA S : OUT RA S D IR E Ç ÕE S 1 2 ,9 m 2 84 50 645
3

INTERNAS (NÃO CONSIDERAR ENTRE 8 0 ,1 m 2 33 2643,3


AMBIENTES CONDICIONADOS)

LAJE EXPOSTA AO SOL (SEM ISOLAÇÃO) - m2 315 -

LAJE EXPOSTA AO SOL (C/ ISOL. 2,5CM OU MAIS) - m2 125 -


TETO

5 2 ,5 m2 3937,5
4

ENTRE ANDARES 55
2
SOB TELHADOS COM ISOLAÇÃO - m 75 -

SOB TELHADOS SEM ISOLAÇÃO - m2 210 -

5 NÃO CONSIDERAR O PISO 5 2 ,5 m


2
55 2887,5
PISO D IR ETA ME NTE SOBRE O S OLO
6
PESSOAS NÚMERO DE PESSOAS NO 32 630 20160
2 7 85 W 4 11140
7 - ILUMINAÇÃO E APARELHOS ELÉTRICOS

8 – PORTAS E VÃOS (SEMPRE ABERTOS P/ ÁREAS - m2 630 -


NÃO CONDICIONADAS)

9 – SUBTOTAL: SOMAR TODOS OS VALORES DA XXXX


COLUNA QUANTIDADE X FATOR
59654
10 – CARGA TÉRMICA TOTAL 59654 (ITEM 9) X 0,85 (FATOR DO 50706kJ/h
MAPA) =

Determinação dos equipamentos


Antes de determinarmos que tipo de equipamento será instalado no ambiente
do nosso exemplo, você deve saber que a capacidade térmica de um aparelho
condicionador de ar pode ser expressa por várias unidades de medida:
• BTU/h,
• kcal/h,

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 97


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

• kcal/h,
• kW,
• W,
• TR.
No Brasil, as unidades de medida adotadas são aquelas do Sistema
Internacional (SI). Por esse sistema, as unidades de capacidade térmica são dadas
em W, kW, kJ/seg ou kJ/h. Essa última unidade (kJ/h) é a que se refere ao valor total
obtido na planilha: 50706 kJ/h.
Apesar dessa recomendação técnica, contudo, muitos fabricantes de aparelhos
condicionadores de ar continuam a caracterizar a capacidade térmica dos aparelhos
que comercializam por meio do antigo Sistema Britânico (SB) com a unidade de
medida BTU/h.
Então, comercialmente, os condicionadores de ar são encontrados nas
seguintes capacidades térmicas:
• 7000 BTU/h
• 7500 BTU/h
• 10000 BTU/h
• 12000 BTU/h
• 15000 BTU/h
• 18000 BTU/h
• 21000 BTU/h
• 30000 BTU/h

O problema é que a planilha que você preenche para determinar a carga


térmica do aparelho a ser instalado dá um resultado em kJ/h. Como resolver esse
problema?
É fácil, é só transformar kJ/h (a unidade de capacidade térmica de sua planilha)
em BTU/h. Para isso, você deve multiplicar o resultado obtido na sua planilha por
0,948. Seu cálculo ficará assim:

Capacidade térmica da Fator de conversão da Capacidade térmica da


carga térmica pelo SI unidade carga térmica pelo SB
50706 kJ/h X 0,948 = 48069 BTU/h

O resultado desse cálculo nos diz que, teoricamente, o aparelho que você
deveria instalar no ambiente do nosso exemplo deve ter uma capacidade térmica de
48069 BTU/h.
Porém, como você viu na lista de capacidades térmicas dos aparelhos
comercializados em nosso país, não existe nenhum aparelho com essa capacidade. O

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 98


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

que se deve fazer, nesse caso, devido o longo comprimento da sala, é melhor utilizar
dois ou mais aparelhos, fixos nas janelas, cuja capacidade seja igual ou
proximamente superior àquela do valor calculado.
No nosso caso podemos escolher usar dois aparelhos condicionadores de ar,
com capacidades diferentes, um de 30000 BTB/h e outro de 21000 BTU/h. (*)
(*) Para facilitar a manutenção o ideal seria que os aparelhos, em um mesmo
ambiente, fossem da mesma capacidade.

Observação
Convém salientar que alguns fabricantes de origem européia, asiática e
americana, já comercializam seus aparelhos em W (Watt), unidade de capacidade
térmica do Sistema Internacional. Portanto se você precisar transformar o valor de sua
planilha (em kJ/h) para W, basta multiplicar seu resultado pelo fator de conversão
0,278. Com o resultado do nosso exemplo, você teria:

Capacidade térmica da Fator de conversão da Capacidade térmica da


carga térmica pelo SI unidade carga térmica pelo SB
50706 kJ/h X 0,278 = 14096 W
50706 kJ/h X 0,239 = 12119 Kcal/h

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 99


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 100


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Insolação

Introdução
Insolação é a forma de energia emitida pelo sol na forma de energia eletromagnética,
que incide sobre o planeta terra provendo luz e calor.
A insolação atinge a terra, em um mesmo instante, de maneira desigual, devido a
esfericidade do planeta e da inclinação do seu eixo. A insolação também tem seu
valor modificado devido a rotação da terra em torno do seu eixo (24 horas), que
proporciona a alternância entre dia e noite, e do movimento de translação (365,25
dias), responsável pelas estações do ano.
A distâ
ncia média da terra ao sol é de aproximadamente 1,5 x 108 km. A terra se encontra
mais próxima ao sol em torno do dia primeiro de Janeiro, e mais distante em primeiro
de Julho. A intensidade a radiação solar, que incide no topo da atmosfera, varia
inversamente com co quadrado da distância entre a terra e o sol, sendo assim,
concluímos que a terra receberá mais energia solar em Janeiro do que em Julho.

Figura – Movimento da terra em torno do sol indicando as estações do ano no hemisfério sul.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 101


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Termos Básicos para Insolação


Existem alguns termos básicos, de uso comum, para ser utilizado como referência
quando se trata da incidência da radiação solar (I ) direta sobre a superfície da terra.
Para determinar a real posição de incidência (I) dos raios solares sobre uma
superfície da terra, devemos conhecer algumas termos básicos para a insolação como
descritos a seguir.

• Latitude (L)
A latitude um local na superfície da terra medida acima e abaixo do equador, ou seja,
para norte e para sul do equador, entre 90º sul, no Pólo Sul (ou pólo antártico)
(negativa), e 90º norte, no Pólo Norte (ou pólo ártico) (positiva). A latitude no equador
é igual a 0º. O modo como a latitude é definida depende da superfície de referência
utilizada.
A latitude da Praça da Sé no centro da cidade de São Paulo - SP é de 230 32’ o sul do
equador, próxima ao “Tropico de Capricórnio (230 27’)”.
As cidades brasileiras se encontram entre as latitudes ao Norte do Pais, Oiapoque
(AP) 30 50’ 35” na Latitude Norte, e ao Sul, Chui (RS) 330 41’ 28” na Latitude Sul.

Nota: O projeto de carga térmica da sala de aula, que realizamos no inicio desta
apostila, a Rua 1822 n0 76, na cidade de São Paulo - SP, encontra-se a
Latitude 23035’9” Sul, para nossos cálculos iremos considerar como LSP= 23,50.

• Longitude
É o angulo localizado em um lugar na Terra medido em graus, de zero a 180 graus
para leste ou para oeste, a partir do Meridiano de Greenwich, que passa no centro da
cidade de Londres, na Inglaterra.
A longitude da Praça da Sé no centro da cidade de São Paulo - SP é de 460 30’ para
oeste do meridiano de Greenwich.

Nota: O projeto de carga térmica da sala de aula, que realizamos no inicio desta
apostila, a Rua 1822 n0 76, na cidade de São Paulo - SP, encontra-se a
Longitude de 46035’57” Oeste.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 102


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Figura: Reapresentação da linhas dos ângulos de Latitude (L) e Longitude.

• Hora Solar (T)


Representa o tempo em horas, antes e depois do meio dia, que é definido como a
hora em que o sol esta mais alto no céu. O sol nasce aproximadamente a Este e põe-
se a Oeste, encontrando-se a Norte ao meio-dia solar.

Nota: Não confundir hora solar com a hora do relógio, ou seja, a hora legal. A hora
legal (dos relógios) está adiantada em relação à hora solar: no Inverno está
adiantada cerca de 36 minutos, enquanto que no verão a diferença passa
para cerca de 1h36m. Devido a pequena variação entre a hora legal e hora
solar, vamos considerar a hora legal como a hora solar (não considerar o
horário verão)

Figura : O relógio solar é um típico marcador de tempo da Hora Solar (T).

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 103


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

• Angulo horário (H)


É o deslocamento angular do sol a partir o meio-dia. Pode ser resumido a partir da
seguinte equação:

360
H= xT
24

Cada hora solar (T) equivale a um angulo solar de H = 150. Exemplos:

Hora Solar - T Angulo Solar – H Hora Solar - Angulo Solar – H


(h) (graus) T (graus)
(h)
6:00 -900 12:00 00
7:00 -750 13:00 150
8:00 -600 14:00 300
9:00 -450 15:00 450
10:00 -300 16:00 600
11:00 -150 17:00 750
12:00 00 18:00 900

• Declinação (d)
É o deslocamento angular do sol em relação ao plano do equador terrestre. Como o
eixo da terra é inclinado em cerca de 23,50 (230 27’) em relação ao eixo do plano de
rotação ao redor do sol, o valor da declinação varia no decorrer do ano entre +23,50 a
-23,50. A declinação é expressa em graus norte ou sul (tendo como referência o
equador). A geometria de declinação pode ser observada na figura a seguir.

Figura: Angulo de declinação da terra em relação ao plano do equador.

O eixo de rotação da terra esta inclinado em 230 27’ graus (23,50 = 23, 5 graus) com
relação a sua órbita em torno do sol. No seu movimento orbital a terra conserva o seu

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 104


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

eixo orientado na mesma direção. A inclinação do eixo da terra tem bastante


conseqüência, porque juntamente com a rotação diária da terra, e sua translação
anual em torno do sol, a inclinação é responsável pela radiação solar sobre a
superfície da terra, pela mudança da duração das horas do dia e da noite.

Nota: Como curiosidade pode-se mencionar que o movimento de rotação da terra em


torno do seu próprio eixo tem uma velocidade na altura do equador de 1674
km/h, e o movimento de translação em torno do solo tem como velocidade
máxima 109044 km/h

Figura: Posição da terra em relação aos raios solares, ocasião do solstício de verão no hemisfério sul

Durante o solstício de verão, no dia 22 de Dezembro, no hemisfério sul, o pólo norte


esta inclinado em 230 27’ (23,5 graus) para longe do sol, sendo a época de inverno no
hemisfério norte, e todos os pontos que estão acima do “Circulo Ártico”, 66,5 graus,
ficam 24 horas na escuridão, enquanto que os locais abaixo do “Circulo Antártico”,
66,5 graus ficam com luz 24 horas diárias. Na ocasião do solstício de inverno em 22
de Junho, a situação a invertida.
Para cálculos, no hemisfério sul, consideramos o ângulo de declinação (d) como
positivo ou negativo, da seguinte forma:
• Solstício de Verão (22 ou 23 Dezembro) d = + 23,50
• Solstício de Inverno (22 ou 23 Junho) d = - 23,50
Na ocasião do equinócio de outono e primavera, ambos os pólos norte e sul estão
eqüidistantes do sol e todos os pontos da superfície da terra têm 12 horas de luz e 12
horas de escuridão, neste caso a declinação será d = 00.
Para cálculos, no hemisfério sul, consideramos o ângulo de declinação (d) como 00
durante os equinócios,
• Equinócio da Primavera (22 ou 23 Setembro) d = 00
• Equinócio de Outono (20 ou 21 Março) d = 00

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 105


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Nota: Solstício = A palavra Solstício, deriva do latim, sol + sistere (solstitium), que
significa parado, imobilizado e está associada à idéia de que o Sol estaria
como que estacionário. Marca a época do ano em o Sol, no seu movimento
aparente na esfera celeste, atinge o máximo afastamento angular do
Equador.
Equinócio = é uma palavra que deriva do latim (aequinoctium), e significa “noite
igual”, e refere-se ao momento do ano em que a duração do dia é igual à da
noite sobre toda a Terra.

• Calculo da declinação
Percebemos que a declinação varia a cada dia ao longo do ano, podemos com a
equação a seguir determinar a declinação (d):

send ≅ − sen23,5.sen[360.(284 + n) / 365]


0

Onde:
d = declinação em graus
n = número de dias do ano, contado a partir de 10 de Janeiro, por exemplo, dia
8 de Fevereiro, n = 39 (31 dias de Janeiro + 08 dias de Fevereiro)

Exemplo:
Dia do Ano n sen d d Dia do Ano n sen d d
(graus) (graus)
0
21.Janeiro 21,1 0,349129 20 23.Julho 204 -0,34762 -200
18.Fevereiro 49 0,210257 120 23.Agosto 235 -0,189 -110
22.Março 81 0 00 22.Setembro 263,5 0 00
20.Abril 110 -0,19207 -110 23.Outubro 295,5 0,210257 120
21.Maio 141 0,3495 -200 20.Novembro 323,5 0,349503 200
22.Junho 173 -0,41012 -23,50 21.Dezembro 355 0,410148 23,50

Nota: Valores positivos do ângulo de declinação (d), referem-se ao hemisfério sul, ao


verão e primavera, e valores negativos (-) ao inverno e outono.
Ângulo de declinação (d) igual a zero refere-se ao equinócio de outono, 22 de
Março e equinócio de primavera, 22 de Setembro.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 106


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• Trajetória do sol
O sol nasce no leste e se põe no oeste, na região abaixo do equador, percorre a
trajetória voltada para o Norte, conforme figura a seguir. Podemos observar que todas
as superfícies com face voltada para o Sul estarão sempre na sombra.
Na realidade como estamos ma superfície da terra, temos a impressão de que o
sol esta se movendo, quando na realidade o movimento de rotação da terra é
que determina o momento de nascer e se por do sol.
Com os pontos cardeais é possível localizar qualquer lugar sobre a superfície da
Terra, são eles: o Norte e o Sul que apontam na direção dos pólos terrestre; o Leste
e o Oeste que apontam para o lado do nascer e do por do Sol, cruzando a linha
Norte-Sul, como mostra a figura.

Nota: Cuidado o Leste e o Oeste não apontam sempre para o ponto onde o Sol
nasce ou se põe e sim para o lado do nascente ou lado do poente. Devido a
Latitude e ao constante movimento de rotação e translação da terra,
durante o ano, o Sol nasce em pontos diferentes do lado do nascente e se põe
em pontos diferentes do poente. Por isso, não podemos dizer que o
Sol nasce sempre a Leste e se põe sempre a Oeste.
Na realidade não deveríamos dizer que o “sol nasce no leste e se põe no
oeste”, mas o melhor seria dizer “O sol nasce no lado Leste e põe no
lado Oeste do local em que estamos na superfície da terra”. Dependendo
da Latitude e época do ano que nos encontramos a diferença, entre o
nascente (ponto onde o Sol nasce) e o Leste verdadeiro, assim como o poente
(ponto onde o sol se põe) e o Oeste verdadeiro, podem ser muito
grandes.

Figura: Trajetória solar, com nascente a Leste (E) e poente a Oeste (W)

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 107


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

• Angulo Horario do Nascer (HNASCER) e Pôr do Sol (HPÔR).


Para um dado horário é fácil obter o angulo solar, e com ele a hora solar, do nascer
(HNASCER) e do por do sol (HPÔR), para uma determinada região, utilizando-se a
equação a seguir.

HNASCER = (−)arcocos(− tanL. tand) HPÔR = (+)arcocos(− tanL. tand)

Onde:
HNASCER = Angulo horário do nascer do sol em graus
HPÔR = Angulo horario do pôr do sol em graus
L = Latitude do Local em graus
d = declinação do local em uma referida data do ano em grau.
Exemplo:
Determine o angulo horário de nascer do sol (HNASCER) e de se pôr (HPÔR), para a
cidade de S.Paulo durante o equinócio de verão (21.Dezembro) e equinócio de
inverno (22.Junho)
Sabemos que: S.Paulo. L = 23,50
Declinação 21.Dezembro d = 23,50
22 Junho d = -23,5
Verão

HNASCER= (−)arcocos(− tanL. tand) HPÔR = (+)arcocos(− tanL. tand)

HNASCER= (−)arcocos(−tan23,5. tan23,5) HPÔR = (+)arcocos(− tan23,5.tan23,5)

HNASCER= (−)100,90 HPÔR =100,90


(Aproximadamente 5:15hs) (Aproximadamente 18:45 hs)

Inverno

HNASCER= (−)arcocos(− tanL. tand) HPÔR = (+)arcocos(− tanL. tand)

HNASCER= (−)arcocos(− tan23,5. tan− 23,5) HPÔR = (+)arcocos(− tan23,5. tan− 23,5)

HNASCER= (−)79,10 HPÔR = 79,10


(Aproximadamente 6:45hs) (Aproximadamente 17:15 hs)

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 108


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Nota: Repare que durante o horário do solstício de verão temos uma maior
quantidade de horas claras, 13,5 horas (5:15 hs – 18:45 hs), enquanto no
solstício de inverno a quantidade de horas claras diminui, 10,5 horas ( 6:45 hs
– 17:15 hs).

Nota: A equação utilizada para determinar o angulo de nascer (HNASCER) e por do sol
(HPÔR) esta baseada na suposição de que o sol nasce quando o seu centro
esta no horizonte. De fato quando a parte superior do disco solar esta no
horizonte (tal como é visível da Terra) corresponde a um angulo de β = 16’
(0,270), em vez de zero graus. Por outro lado devido aos fenômenos de
refração na atmosfera terrestre para baixos ângulos de altitude solar (β),
o Sol aparece no horizonte quando de fato esta com uma altitude de β=34’,
mas aparentemente corresponde a uma altitude de β=50’ (0,830)

• Altitude do sol (β)


É o angulo que o raio direto do sol, faz com a horizontal num determinado local da
superfície da terra. Repare que na figura a seguir o angulo de altitude solar é
representado em um local abaixo da linha do Equador, e neste caso, a inclinação se
dá sobre o Norte. Lembre-se os locais da terra abaixo do Equador o sol sempre incide
nas superfícies voltadas a face Norte, enquanto as superfícies com face voltadas para
o Sul estão na sombra.

Figura: Angulo de altitude solar (β) sobre a superfície da Terra em um local abaixo do equador

Devido a inclinação da terra em relação a órbita em torno do sol (23,50), e ao seu


movimento de rotação, a altitude do sol varia a todo momento, sendo que a maior
altitude (β1) ira ocorrer durante o verão, e a menor altitude (β3) durante o inverno,
conforme pode ser observado na figura a seguir

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 109


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Figura: O angulo de altitude solar (β) varia de acordo com a época do ano, latitude e hora do dia.

A altitude do sol para uma determinada localização na superfície da Terra, pode ser
determinada com a seguinte equação:

senβ = send.senL+ cosd.cosL.cosH

Onde:
β = Altitude do Sol em graus;
d = declinação do local em uma referida data do ano em graus;
L = Latitude do Local em graus;
H = Angulo Horário em graus.

Exemplo: Determinar para a cidade de São Paulo a altura solar no período das 6:00 hs
até as 18:00 durante o Solstício de Verão:
São Paulo-SP - Latitude L = 23,50 -
Solstício de Verão - 21.Dezembro
d = 23,50
Aplicando a equação

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 110


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Altura Solar (β) em S.Paulo-SP no Solstício de Verão


Horário Angulo 21.Dezembro S.Paulo - SP sen β Altura Solar
Solar (H) Declinação (d) Latitude (L) β
6:00 -900 23,50 23,50 0,159001 9
0

7:00 -750 23,50 23,50 0,376667 22


0

800 -600 23,50 23,50 0,579500 35


0

9:00 -450 23,50 23,50 0,753677 49


0

10:00 -300 23,50 23,50 0,887327 63


0

11:00 -150 23,50 23,50 0,971344 76


0

12:00 00 23,50 23,50 1,000000 90


0

13:00 150 23,50 23,50 0,971344 76


0

14:00 300 23,50 23,50 0,887327 63


0

15:00 450 23,50 23,50 0,753677 49


0

16:00 600 23,50 23,50 0,579500 35


0

17:00 750 23,50 23,50 0,376667 22


0

18:00 900 23,50 23,50 0,159001 9


0

Exemplo: Determinar para a cidade de São Paulo a altura solar no período das 6:00 hs
até as 18:00 durante o Solstício de Inverno:
São Paulo-SP - Latitude L = 23,50 -
Solstício de Verão - 21.Junho d = - 23,50
Aplicando a equação

Altura Solar (β) em S.Paulo-SP no Solstício de Inverno


Horário Angulo 21.Dezembro S.Paulo - SP sen β Altura Solar
Solar (H) Declinação (d) Latitude (L) β
6:00 -900 -23,50 23,50 0,159001 ---
0 0 0 0
7:00 -75 -23,5 23,5 0,376667 3
800 -600 -23,50 23,50 0,579500 15
0

9:00 -450 -23,50 23,50 0,753677 26


0

10:00 -300 -23,50 23,50 0,887327 35


0

11:00 -150 -23,50 23,50 0,971344 41


0

12:00 00 -23,50 23,50 1,000000 43


0

13:00 150 -23,50 23,50 0,971344 41


0

14:00 300 -23,50 23,50 0,887327 35


0

15:00 450 -23,50 23,50 0,753677 26


0

16:00 600 -23,50 23,50 0,579500 15


0

17:00 750 -23,50 23,50 0,376667 3


0

18:00 900 -23,50 23,50 0,159001 ---

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 111


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

• Azimute do sol (Φ)


Azimute solar, no hemisfério sul (abaixo da linha do equador) é o angulo, de projeção
horizontal dos raios solares, com o Norte verdadeiro, sendo que este angulo será
sempre medido no sentido horário. O azimute solar de 0º graus corresponde ao Norte,
e aumenta no sentido dos ponteiros do relógio. O azimute varia de 00 a 3600.

Figura: O angulo de altitude solar (β) e azimute solar (Φ) no hemisfério sul.

A projeção do angulo de incidência solar sobre a superfície da terra, que caracteriza o


azimute solar (Φ), define que por conceito este angulo seja sempre tomado a partir da
orientação norte no sentido horário.

Por exemplo para a cidade de São Paulo-SP, latitude L =23,50, no dia 18 de


Fevereiro, as 9:00 h, o angulo de incidência do sol, sobre a superfície horizontal,
medido a partir da orientação norte, terá uma azimute solar de Φ = 830 ,conforme esta
representado na Figura a seguir. O angulo do azimute solar, pode ser calculado, ou
encontrado na Tabela 21.

Figura: Azimute solar as 9:00 h, no dia 18 de Fevereiro. O angulo, Φ = 830, é medido a partir da
orientação Norte no sentido horário.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 112


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Para o mesmo local, São Paulo-SP, e mesmo dia 18 de Fevereiro, mas as 15:00 h, o
angulo do azimute solar será de Φ = 2770. Repare que devido ao conceito de azimute
solar, o angulo sempre deve ser medido a partir da orientação norte, no sentido
horário, conforme figura a seguir.

Figura: Azimute solar as 15:00 h, no dia 18 de Fevereiro. O angulo, Φ = 2770 , foi medido a partir
da orientação Norte no sentido horário.

Nota: Alguns técnicos utilizam a medida do angulo do azimute solar, sem considerar o
conceito de que o angulo deve ser no sentido horário, sendo assim a medida do
azimute após as 12:00 terá um valor negativo, é no exemplo as 15:00 h, angulo
será de Φ = - 830 (2770 – 3600)

Como o azimute do sol (Φ ) sempre é medido no sentido horario do plano do Norte


verdadeiro com a projeção dos raios solares, a sua equação deve ser definida antes e
depois das 12:00 hs, sendo assim as equações serão escritas como:

Antes das 12:00 hs Depois das12:00 hs

φ = 180 − φBHN φ = 180 + φ BHN


O Angulo do azimute básico para o hemisferio norte (ΦBHN) será determinado pelas
seguintes equações:

ou
senH send . cos L − cos d .senL. cos H
tan φ BHN = cos φ BHN =
senL. cos H − cos L. tan d cos β

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 113


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Onde:
Φ = Azimute do Sol em graus;
ΦB = Azimute do Sol básico, no hemisferio norte, em graus
H = Angulo Horário em graus;
L = Latitude do Local em graus;
d = declinação do local em uma referida data do ano em graus.
β = Altura Solar em graus.

Exemplo: Determinar para a cidade de São Paulo o azimute do sol no período das
6:00 hs até as 18:00 durante o Solstício de Verão:
São Paulo-SP - Latitude L = 23,50 -
Solstício de Verão - 21.Dezembro d = 23,50
Aplicando a equação

Azimute do sol (Φ) em S.Paulo-SP no Solstício de Verão


Azimute
Horário Angulo 21.Dezembro S.Paulo - SP Basico para Azimute
o
Solar (H) Declinação (d) Latitude (L) Hemisferio do sol
Norte
ΦBHN Φ

6:00 -900 23,50 23,50 68 112

7:00 -750 23,50 23,50 73 107


0 0 0
800 -60 23,5 23,5 77 103
0 0 0
9:00 -45 23,5 23,5 81 99
0 0 0
10:00 -30 23,5 23,5 84 96
0 0 0
11:00 -15 23,5 23,5 87 93

12:00 00 23,50 23,50 0 180


0 0 0
13:00 15 23,5 23,5 87 267
0 0 0
14:00 30 23,5 23,5 84 264

15:00 450 23,50 23,50 81 261


0 0 0
16:00 60 23,5 23,5 77 257
0 0 0
17:00 75 23,5 23,5 73 253
0 0 0
18:00 90 23,5 23,5 68 248

Exemplo: Determinar para a cidade de São Paulo o azimute do sol no período das
6:00 hs até as 18:00 durante o Solstício de Inverno:
São Paulo-SP - Latitude L = 23,50 -
Solstício de Verão - 21.Junho d = - 23,50
Aplicando a equação

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 114


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Azimute do sol (Φ) em S.Paulo-SP no Solstício de Inverno


Azimute
Horário Angulo 21.Dezembro S.Paulo - SP Basico para Azimute do sol
o
Solar (H) Declinação (d) Latitude (L) Hemisferio Φ
Norte

ΦBHN
6:00 -900 -23,50 23,50 --- ---
0 0 0
7:00 -75 -23,5 23,5 117 63
0 0 0
800 -60 -23,5 23,5 125 55
9:00 -450 -23,50 23,50 134 46
0 0 0
10:00 -30 -23,5 23,5 146 34
11:00 -150 -23,50 23,50 162 18
12:00 00 -23,50 23,50 180 0
0 0 0
13:00 15 -23,5 23,5 162 342
14:00 300 -23,50 23,50 146 326
0 0 0
15:00 45 -23,5 23,5 134 314
0 0 0
16:00 60 -23,5 23,5 125 305
17:00 750 -23,50 23,50 117 297
0 0 0
18:00 90 -23,5 23,5 --- ---

• Carta Solar
Uma outra maneira de conhecer a Altitude do Sol (β) e o Azimute do Sol (Φ), alem
dos cálculos e da Tabela 21, e com o auxilio das Cartas Solares, que são
representações do percurso do Sol na abóbada celeste nas diferentes horas do dia e
períodos do ano. Nelas são normalmente desenhadas as projeções da trajetória do
Sol em datas particulares – solstícios e os equinócios, e em algumas outras datas
intermediárias. A carta solar, além de variar em função da data e da hora, também é
especifica para a latitude do lugar. A Tabela 22, representa a carta Solar para a cidade
de São Paulo-SP.
A utilização da carta solar é relativamente simples, onde pode ser observado, algumas
informações básicas:
• Anel externo com ângulos em relação ao norte, ou seja o Azimute do Sol (Φ);
• Um seguimento de ângulos internos em relação ao solo, ou seja Altitude do
Sol (β);
• Malha interna para localizar data e horário.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 115


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

Figura: Carta Solar e seus pontos de referencia.

Exemplo: Determinar para a cidade de São Paulo-SP, latitude L =23,50, no dia 23


de Fevereiro, as 9:00 h, o a Altitude do Sol (β) e o Azimute do Sol (Φ),
utilizando-se a carta Solar.

Nota: A Tabela 21, para a cidade de São Paulo-SP, latitude 23,50, foi definido para o
dia18 de Fevereiro, ficando os ligeiramente diferentes aos valores de Altitude
Solar e Azimute do Sol encontrados na Carta Solar, que são para o dia 23 de
Fevereiro.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 116


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• Determinação da Altitude do Sol (β)

Figura: Determinação da Altura Solar, na cidade de São Paulo-SP no dia 23 de Fevereiro co auxilio da Carta Solar.

Altitude do Sol (β) = 460

• Determinação do Azimute do Sol (Φ)

Figura: Determinação do Azimute do Sol, na cidade de São Paulo-SP


no dia 23 de Fevereiro com auxilio da Carta Solar

Azimute do Sol (Φ) = 830

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 117


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

• Azimute solar da Parede (φ)


Este é o angulo que a projeção horizontal do raio solar faz com a direção normal a
uma determinada parede.

Figura: O angulo de altitude solar (β) e azimute solar da parede (φ) no hemisfério sul.

O azimute solar da parede (φ) é uma excelente ferramenta de calculo para determinar
qual é a real posição de incidência solar sobre uma superfície vertical, seja ela, por
exemplo, uma parede ou uma janela.
A quantidade de radiação solar sobre as superfícies, como será definido a seguir,
depende do angulo de atuação solar sobre a mesma, que pode ser facilmente
observada na figura a seguir, que representa a incidência solar sobre as faces Norte,
Sul, Leste e Oeste.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 118


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Figura: Insolação em diferentes fachadas de uma superfície observados em uma Carta Solar.

A posição geográfica de uma superfície pode ser definida em função do Azimute da


Parede (Ψ), que representa o angulo entre a normal da superfície com o norte (N),
conforme pode ser verificado na figura a seguir.

Figura: Posição geográfica de uma superfície em função do Azimute da Parede (Ψ).

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 119


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A posição da superfície em relação a sua situação geográfica pode ser definida pela
equação a seguir;

Ψ = φ −ϕ ϕ =φ −Ψ

Onde:
Ψ = Azimute da Parede, em graus
Φ = Azimute do Sol, em graus;
φ = Azimute Solar da Parede, em graus.

Exemplo: Determinar o Azimute da Parede (Ψ) e o Azimute Solar da Parede(φ)


para uma parede Nordeste, na cidade de São Paulo-SP, latitude L =23,50,
no dia 23 de Fevereiro, as 9:00 h,.
Solução:
• O Azimute do Sol (Φ), para esta condição, foi determinado anteriormente
como:
Φ = 830
• O Azimute da Parede (Ψ) na posição Nordeste (NE) é de:
Ψ = 450

Figura: Azimute de uma Parede (Ψ), na posição Nordeste (NE)

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 120


Carga Térmica em Condicionamento de Ar Valter Rubens Gerner

• O Azimute Solar da Parede (φ) será calculado pela equação:


ϕ =φ −Ψ

ϕ = 830 − 450

ϕ = 380
Conhecendo a orientação de edifício e a posição do Sol, pode ser, também,
determinadas as sombras projetadas pelo edifício, em função da data e da hora, sobre
pisos dos espaços externos, sobre outros prédios e sobre si mesmo (dependendo de
sua forma e orientação).

A figura a seguir representa o sombreamento feito sobre uma janela em função da


Altitude Solar (β) e do Azimute solar da Parede (φ) em um determinado horário, dia e
mês do ano.

Figura: Sombreamento sobre uma janela em função da Altitude (β) e Azimute Solar da Parede (φ).

Assim sendo, o conhecimento de como o Sol percorre o céu de determinada


localidade em função do dia/mês do ano, de quanto tempo ele fica acima do horizonte
e como aproveitar o calor solar quando houver interesse em aquecer e evitando ou
protegendo as construções quando o clima for quente é fundamental na hora de
calcular a carta térmica devido a insolação.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 121


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• Zênite Solar (θ)


O Zênite Solar (θ), também conhecido como “angulo de incidência da parede vertical”
é o angulo entre os raios solares e a posição vertical, ou seja é o angulo que o raio
direto do sol, faz com a vertical num determinado local da superfície da terra.
Lembre-se o a altitude do sol (β) é o angulo do raio direto do sol com uma
posição horizontal, na superfície da terra, sendo assim a equação do Zênite Solar,
pode ser escrita da seguinte maneira.

θ = 90 0 − β

Onde:
θ = Zênite Solar em graus;
β = Altitude do Sol em graus;

Figura: Angulo do zênite solar (θ ) sobre a superfície vertical da Terra em um local abaixo do equador

Radiação Solar
Para todos os aspectos a radiação solar é ma única fonte de energia disponível para a
continuação da vida na terra.
Embora a atmosfera seja muito transparente à radiação solar incidente, somente em
torno de 25% penetra diretamente na superfície da Terra sem nenhuma interferência
da atmosfera, constituindo a Radiação Direta. O restante é ou refletido de volta para o
espaço ou absorvido ou espalhado em volta até atingir a superfície da Terra ou
retornar ao espaço, conforme figura a seguir. O que determina se a radiação será
absorvida, espalhada ou refletida de volta depende em grande parte do comprimento
de onda da energia que está sendo transportada, assim como do tamanho e natureza
do material que intervém.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 122


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A radiação solar incidente em um ponto da superfície da Terra pode vir diretamente do


sol Radiação Direta ou decorrer da ação de espalhamento da atmosfera, Radiação
Difusa, que representa a reflexão causada pelas nuvens e por poeiras encontradas na
atmosfera, conforme mostrado na figura.
Para um dado ponto da superfície da terra chama-se de Radiação Global a soma da
contribuição da radiação direta com a difusa.
Na região equatorial se verifica o máximo de radiação difusa (muitas nuvens),
enquanto que a radiação direta é máxima entre 20º e 30º de latitude (norte e sul) –
regiões desérticas, com menor nebulosidade.

Figura: Radiação solar sobre a superfície da Terra e seu espalhamento e reflexão no espaço

Radiação Solar na superfície da Terra


O valor da radiação solar que atinge a terra varia de acordo com a distância da terra
ao sol, ou seja, em Janeiro quando esta aproximação é menor, cerca de 3,0 ¨%m ira
ocorrera um maior recebimento de energia solar, do que em Julho.
Juntamente com a distância media Terra - Sol, a aproximação de cada região do
planeta esta diretamente ligada sua inclinação de 23,5 graus, que faz com que cada

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 123


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hemisfério receba diferentes quantidades de energia, dependendo da posição em que


a Terra se encontra, ou seja, devido a esta inclinação, o hemisfério que estiver mais
próximo do sol, recebera maior energia solar, e estará na sua posição verão.
A aproximação da Terra – Sol, também esta diretamente relacionada com a latitude do
local, como já havíamos descrito anteriormente, ou seja, a radiação solar é mais forte
no equador e vai diminuindo conforme se afasta do equador.

Figura: Radiação Solar sobre a superfície da terra diminui a medida que se afasta do equador.

O horário do dia também influencia a quantidade de radiação solar que cada


localidade da superfície da terra esta sujeita, sendo a maior incidência solar quando o
angulo solar for de H = 00 (zero graus).
Podemos considerar como valor médio da radiação que atinge a camada superior da
atmosfera como 1367 W / m2 (1176 kcal/h.m2)

• Radiação direta do sol (ID)


Refere-se a parte da radiação que atinge a camada superior da atmosfera, e que em
linha reta, sem refletir em nuvens e poeira ou outros objetos atinge a superfície da
terra.
Do total apenas uma radiação de 945 W / m2 (813 kcal/h.m2) atingem a superfície da
Terra, proveniente diretamente do sol e o restante da radiação indireta recebida da
abóbada celeste.
Como já mencionados a Radiação Direta (ID) é determinada em função de uma série
de ângulos, tais como: Latitude do local, Declinação (medida ao meio dia, em relação
ao plano do equador), Inclinação entre o plano da superfície do local e a horizontal do
local, Azimute do sol, Altitude do sol.

• Radiação Difusa (Id)


Esta radiação também é conhecida como “Radiação Celeste” ou “Radiação
Espalhada”, esta radiação ocorre devido a natureza translúcida da atmosfera.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 124


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A Radiação difusa (Id) em adição a Radiação direta (ID) constitui o ganho de calor para
Terra. Este espalhamento da radiação proveniente do sol que atinge a superfície da
Terra ocorre devido a alguns fenômenos, tais como:

a) O espalhamento da radiação direta ocorre quando a energia radiante do sol


encontra as moléculas dos gases ideais, como nitrogênio e oxigênio.
b) O espalhamento devido a moléculas de vapor de água.
c) Absorção da radiação pelos gases ideais.
d) Espalhamento devido a partículas de poeira

A quantidade de radiação indireta varia com a hora do dia, do clima, da cobertura de


nuvens e a porção do céu onde ela é recebida, sendo assim em centros urbanos mais
poluídos, a radiação difusa sobre a superfície do local é menor do que em locais livres
de poluição.
Devemos lembrar que a radiação indireta não tem direção, sendo assim, não forma
nenhuma sombra.

• Radiação Refletida (Ir)


Trata-se da radiação refletida pelas superfícies circunvizinhas tais como prédios e
construções.

• Radiação Incidente Global (IG)


É a soma de todas as radiações que incidem em um local.

IG = ID + Id + Ir

Nota: Alguns autores consideram A Radiação Incidente Global (IG), somente como a
soma da Radiação Direta (ID) com a Radiação Difusa (Id);

IG = ID + Id

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 125


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Figura: Radiação nas camadas superior da atmosfera e Radiação Incidente Global sobre a superfície da Terra.

Os valores das Radiações Direta, Difusa e Global, podem serem encontradas em


tabelas para diferente latitudes (L) e Altura solar (β).

Nota: O instrumento utilizado para medir a radiação solar na superfície da Terra,


tanto direta (ID) como a difusa (Id), e denominado de “Piranômetro”, trata-se
de vários termopares, ou fotocélulas, ou termopilhas, revestidos por uma
superfície negra que absorve o calor radiante e a transforma em corrente
elétrica, conveniente convertida em escala referente.

Figura: Vista em corte de um protótipo de um “Piranômetro” desenvolvido

Trajetória Solar na superfície da Terra


Como já descrito anteriormente a trajetória solar e a radiação solar que a mesma ira
produzir sobre a superfície da Terra, e as construções que se encontram sobre ela,
esta diretamente ligado com a Latitude (L), altura solar (β), época do ano, que esta

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 126


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diretamente ligada com a declinação (d), Azimute do Solar (Φ), Azimute Solar da
Parede (φ) e Azimute da Parede (Ψ).
Na figura a seguir descrevemos a trajetória do sol, no dia 22 de dezembro, na cidade
de São Paulo – SP.

Figura: Trajetória Solar no hemisférico Sul, a latitude de 23,50 na cidade de São Paulo-SP.

Insolação sobre construções


A Insolação sobre as construções segue o trajeto do sol, conforme descritos na figura
acima, por exemplo na figura a seguir pode-se observar a insolação sobre uma janela
com face Nordeste (NE), onde pode ser observado a incidência dos raios de sol dentro
da sala através da abertura da janela.

Carga Térmica – Condicionamento de Ar - Cálculo 127


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Figura: Insolação sobre uma janela face Nordeste (NE) latitude de 23,50 na cidade de São Paulo-SP

Radiação solar sobre uma superfície


A ASHRAE fornece valores de radiação solar direta (ID) e difusa (Id) sobre
construções na superfície da terra para diferentes tipos de Latitude.
A quantidade de energia solar que atinge uma janela, como vimos vai depender da
latitude, do dia do ano, da hora do dia e da direção para a qual está voltada a janela.
A tabela a seguir refere-se a insolação sobre janela em varias posições geográficas
em um local a 23,50 de latitude sul no dia 22 de Dezembro.

Tabela: Insolação sobre janelas em diferentes faces geográficas, em um local de latitude de 23,50 em 22 de
Dezembro.

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