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Direito Tributário II

Aula 01

Eduardo Maneira
Conceito de Tributo
“Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.”

• O tributo:
Não é voluntário (compulsória);
Está previsto em lei (instituída em lei);
Não é penalidade (que não constitua sanção de ato ilícito)
Não é arbitrário nem discricionário (cobrada mediante
atividade vinculada);
É em dinheiro (prestação pecuniária em moeda);

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Legislação Tributária
“Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis,
os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as
normas complementares que versem, no todo ou em parte,
sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.”

“Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e


das convenções internacionais e dos decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades
administrativas;
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição
administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;
III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades
administrativas;
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios.”
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Fontes do Direito Tributário

• A Constituição Federal – outorga competências


• Lei complementar – concretiza normas constitucionais
• Tratados internacionais – reparte jurisdições
• Lei ordinária
• Medida provisória criam tributos
• Lei delegada

• Resolução
• Decreto legislativo
• Convênios instrumentalizam
• Decretos
• Normas complementares
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A tipificação em graus

-1º Círculo:
-competência
constitucional
-CF
-2º Círculo:
-LC -Delimitação
decorrente do
-Lei “definição” por Lei
Ordinária Complementar
-3º Círculo:
-Delimitação
decorrente da eleição
da regra-matriz de
incidência tributária
em lei ordinária
Medidas Provisórias

“Art. 62. (...) § 2º Medida provisória que implique instituição ou


majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II,
IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia
daquele em que foi editada. ”

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Fontes do Direito Tributário

Resolução do Senado:

• Estabelece alíquotas de ICMS para


operações interestaduais e de
exportação (art. 155, §2º, IV);

• Estabelece alíquotas mínimas e


máximas para operações internas
(art. 155, §2º, V, a e b);

• Estabelece alíquotas máximas para


o ITCMD (art. 155, §1º, IV).

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Fontes do Direito Tributário

Convênios de ICMS: autorizam benefícios fiscais.

ADCT:

“Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do


primeiro dia do quinto mês seguinte ao da promulgação da
Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a
redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores. (...)
§ 8º Se, no prazo de sessenta dias contados da promulgação da
Constituição, não for editada a lei complementar necessária à
instituição do imposto de que trata o art. 155, I, "b", os Estados e o
Distrito Federal, mediante convênio celebrado nos termos da Lei
Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, fixarão normas
para regular provisoriamente a matéria.”
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Fontes do Direito Tributário

CONVÊNIO ICM 66/88 (sem eficácia após a LC


87/1996)

“Cláusula primeira
Ficam aprovadas as normas constantes do Anexo único,
destinadas a regular provisoriamente a instituição
do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação - ICMS.”

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Constituição Federal de 1988

Art. 59. O processo legislativo


compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar
disporá sobre a elaboração,
redação, alteração e consolidação -9
das leis.
Funções da Lei Complementar
• Instituir alguns tributos previstos na CF/88;
• Dirimir conflitos de competência;
• Regular limitações constitucionais ao poder de
tributar;
• Editar normas gerais de direito tributário de caráter
nacional;
• Definir tratamento diferenciado às pequenas
empresas;
• Prevenir desequilíbrios concorrenciais

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Superioridade Hierárquica?
Michel Temer:

“Não há hierarquia alguma


entre a lei complementar e
a lei ordinária. O que há são
âmbitos materiais diversos
atribuídos pela Constituição
a cada qual destas espécies
Hugo de Brito Machado: normativas”

“Na verdade, a lei


complementar é
hierarquicamente superior à
lei ordinária (...) não é
razoável entender-se que -11
pode ser alterada ou
revogada por Lei Ordinária.”
Superioridade Hierárquica?
RE 377457 - É legítima a
revogação da isenção
estabelecida no art. 6º, II, da
Lei Complementar 70/1991
pelo art. 56 da Lei
9.430/1996, dado que a LC
70/1991 é apenas
formalmente complementar,
“1. A revogação da isenção mas materialmente
concedida pela Lei ordinária”
Complementar nº 70/91 por
Lei Ordinária fere o Princípio
da Hierarquia das Leis.”
(RESP 554.842/PR, 2º Turma,
Rel. Castro Meira, DJ de
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28/06/2004)
Superioridade Hierárquica?

CTN (Lei Ordinária LC 70/1991 (instituiu


5.172/1966) a COFINS)

É formalmente lei É apenas


ordinária, mas formalmente lei
materialmente lei complementar, mas
complementar em materialmente uma
razão de ter sido lei ordinária, porque
recepcionado pela a instituição de
CF/88. contribuições sociais
não exige lei -13
complementar.
Constituição Federal de 1988
Art. 146. Cabe à lei complementar: (...)
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos
impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos
geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência
tributários.”

LIVRO PRIMEIRO: STN LIVRO SEGUNDO: Normas Gerais


-Legislação Tributária;
- Competência Tributária; -Aplicação da Legislação Tributária;
- Limitações da -Interpretação e Integração;
Competência Tributária; -Obrigação Tributária;
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- Impostos; -Crédito Tributário;
-Exclusão de Crédito Tributário.
Legalidade Tributária e Delegação

“Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos


das leis em função das quais sejam expedidos, determinados
com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta
Lei.”

Todos os elementos essenciais da obrigação tributária


devem estar previstos em lei (material, espacial, temporal,
pessoal e quantitativo).

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Conteúdo do Princípio da Legalidade Tributária
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:
I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;
II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o
disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
III - a definição do fato gerador da obrigação tributária
principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo
52, e do seu sujeito passivo;
IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo,
ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões
contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela
definidas;
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de
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créditos tributários, ou de dispensa ou redução de
penalidades.
Conteúdo do Princípio da Legalidade Tributária
Art. 97. (...)
§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a
modificação da sua base de cálculo, que importe em
torná-lo mais oneroso.
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins
do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor
monetário da respectiva base de cálculo.

Recurso extraordinário. 2. Tributário. 3. Legalidade. 4. IPTU. Majoração da


base de cálculo. Necessidade de lei em sentido formal. 5. Atualização
monetária. Possibilidade. 6. É inconstitucional a majoração do IPTU sem
edição de lei em sentido formal, vedada a atualização, por ato do
Executivo, em percentual superior aos índices oficiais. 7. Recurso
extraordinário não provido. (RE 648245, Rel. GILMAR MENDES, Tribunal
Pleno, julgado em 01/08/2013) -17
Conteúdo do Princípio da Legalidade Tributária
“O veículo introdutor da regra tributária no
ordenamento jurídico há de ser sempre a lei (sentido
lato), porém o princípio da estrita legalidade diz mais
que isso, estabelecendo a necessidade de que a lei
adventícia traga no seu bojo os elementos descritores
do fato jurídico e os dados prescritores da relação
obrigacional. Esse plus caracteriza a tipicidade
tributária (...).”

“Forma crescente de desrespeito ao Princípio da


Legalidade que deve ser apontada é quando o próprio
Legislativo – com o beneplácito de parte dos tribunais –
abriu mão de seu dever de tratar, sem qualquer
interferência do Poder Executivo, da matéria tributária. -18
A Constituição Federal não prevê tal delegação.”
Legalidade Tributária e Delegação

“TRIBUTO – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. A exigibilidade de tributo


pressupõe lei que o estabeleça – artigo 150 da Constituição Federal.
ICMS – REGIME DE APURAÇÃO – ESTIMATIVA – DECRETO –
IMPROPRIEDADE. A criação de nova maneira de recolhimento do
tributo, partindo-se de estimativa considerado o mês anterior, deve
ocorrer mediante lei no sentido formal e material, descabendo, para tal
fim, a edição de decreto, a revelar o extravasamento do poder
regulamentador do Executivo.” (RE 632265, Rel. MARCO AURÉLIO,
Tribunal Pleno, julgado em 18/06/2015)

TRIBUTO – BASE DE INCIDÊNCIA – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE


ESTRITA. A fixação da base de incidência da contribuição social alusiva
ao frete submete-se ao princípio da legalidade. CONTRIBUIÇÃO
SOCIAL – FRETE – BASE DE INCIDÊNCIA – PORTARIA –
MAJORAÇÃO. Surge conflitante com a Carta da República majorar
mediante portaria a base de incidência da contribuição social -19
relativa ao frete.” (RMS 25476, Rel. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno,
julgado em 22/05/2013)
A lei não pode delegar a modulação de alíquotas

As únicas exceções ao Princípio da Legalidade


Tributária estão previstas no próprio corpo da CF:

• Imposto de Importação;
• Imposto de Exportação;
• Imposto sobre Produtos Industrializados;
• Imposto sobre Operações Financeiras;
• Cide-Combustíveis.

Fora destas hipóteses, a lei não pode delegar ao Poder


Executivo a redução e restabelecimento da alíquota
dos tributos.
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A lei não pode delegar a modulação de alíquotas

“- A essência do direito tributário - respeitados os postulados fixados pela


própria Constituição - reside na integral submissão do poder estatal a rule
of law. A lei, enquanto manifestação estatal estritamente ajustada aos
postulados subordinantes do texto consubstanciado na Carta da Republica,
qualifica-se como decisivo instrumento de garantia constitucional dos
contribuintes contra eventuais excessos do Poder Executivo em matéria
tributaria. (...) - O legislador, em consequência, não pode deslocar para a
esfera institucional de atuação do Poder Executivo - que constitui instância
juridicamente inadequada - o exercício do poder de regulação estatal
incidente sobre determinadas categorias temáticas - (a) a outorga de
isenção fiscal, (b) a redução da base de calculo tributaria, (c) a concessão
de crédito presumido e (d) a prorrogação dos prazos de recolhimento dos
tributos -, as quais se acham necessariamente submetidas, em razão de sua
propria natureza, ao postulado constitucional da reserva absoluta de lei em
sentido formal.” (STF, Tribunal Pleno, ADI n.º 1296 MC, Rel. Min. CELSO
DE MELLO, julgado em 14/06/1995)
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A lei não pode delegar a modulação de alíquotas
Lei 10.865/2004: Delegação Inconstitucional?

“Art. 27. (...) § 2º O Poder Executivo poderá, também, reduzir e restabelecer, até os
percentuais de que tratam os incisos I e II do caput do art. 8º desta Lei, as alíquotas
da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre as receitas
financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de não-cumulatividade das
referidas contribuições, nas hipóteses que fixar.”

Decreto 5.442/2005: Isenção ilegal?

“Art. 1o Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição


para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS incidentes sobre as receitas financeiras,
inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas
sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa das referidas contribuições.”

Decreto 8.426/2015: Majoração de alíquotas ilegal?

“Art. 1º Ficam restabelecidas para 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento) e 4% (quatro por
cento), respectivamente, as alíquotas da Contribuição para os Programas de Integração Social e de
Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP e da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social - COFINS incidentes sobre receitas financeiras, inclusive
decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao
regime de apuração não-cumulativa das referidas contribuições.
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E se a alíquota for ilegalmente reduzida?
Legalidade tributária é uma A Legalidade se satisfaz com a
garantia do contribuinte: indicação da alíquota máxima

“Quanto à redução geral de alíquotas, à “4. A Lei nº 10.865/2004, instituidora da


primeira visa não se vislumbra qualquer COFINS e PIS, estabeleceu a hipótese de
afronta ao princípio da legalidade, uma sua incidência, fato gerador, sujeito
vez que tal princípio não tutela o Poder passivo, base de cálculo e alíquotas,
Público, mas os contribuintes: aplica-se sendo que o seu art. 8º estabeleceu as
aos gravames impostos aos particulares, alíquotas e o art. 27, § 2º possibilitou ao
e não às desonerações tributárias de Poder Executivo reduzi-las ou
caráter geral.” (Leandro Paulsen e Andrei restabelecê-las, dentro dos limites
Velloso. “Contribuições”, p. 82) legalmente fixados. (...)
6. Tanto a instituição da alíquota zero
quanto o restabelecimento das referidas
alíquotas são decorrência da autorização
legislativa prevista no art. 27, § 2º da
Lei nº 10.865/2004, não havendo que se
falar em violação ao princípio da
legalidade.” (TRF2, 3ª Turma, AC
23 0079138-22.2015.4.02.5101, 03/05/2018)
Precedentes preocupantes: contribuições profissionais
“Tendo em conta que a fiscalização dos conselhos profissionais
envolve o exercício de poder de polícia, de tributar e de punir,
estabeleceu-se ser a anuidade cobrada por essas autarquias um
tributo, sujeitando-se, por óbvio, ao regime tributário pátrio.
Precedente: (...)
8. No tocante à legalidade tributária estrita, reputa-se ser
adequada e suficiente a determinação do mandamento tributário
no bojo da lei impugnada, por meio da fixação de tetos aos
critérios materiais das hipóteses de incidência das contribuições
profissionais, à luz da chave analítica formada pelas categorias da
praticabilidade e da parafiscalidade. Doutrina. 9. Ações Diretas de
Inconstitucionalidade improcedentes.” (ADI 4697, Rel. Min. EDSON
FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 06/10/2016)

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Tratados Internacionais

Câmara
fase de

fase de
celebração
negociações

Senado
DL (Presidente do
autenticação Senado)
(rubrica ou assinatura) Ratificação/ Troca de
Notas/Carta de
Ratificação: obriga-se
Internacionalmente
Ratificação Decreto Executivo:
é o ato unilateral dá da
pelo qual o Presidente
publicidade à troca de
República, autorizado pelo Congresso, confirma um Tratado
e declara que ele pode produzir efeitos na esfera
internacional.notas
Tratados Internacionais

Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou


modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela
que lhes sobrevenha.

Teorias
Doutrinárias

Limitação de
Lex Specialis Leis Nacionais
jurisdição

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Tratados Internacionais

RE 80.004 de 1977

“Embora a Convenção de
Genebra que previu uma lei
uniforme sobre letras de câmbio e
notas promissórias tenha
aplicabilidade no direito interno
brasileiro, não se sobrepõe ela às
leis do País, disso decorrente a
constitucionalidade e consequente
validade do Dec.-lei nº 427/63,
que instituiu o registro obrigatório
da Nota Promissora em Repartição
Fazendária, sob pena de nulidade
do título.” (DJ 29/12/77) – Min.
Xavier de Albuquerque
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Tratados Internacionais

CONVENÇÃO DE VIENA SOBRE O DIREITO DOS


TRATADOS

Decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009.

Artigo 26 - Pacta sunt servanda


Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por
elas de boa fé.

Artigo 27 - Direito Interno e Observância de Tratados


Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito
interno para justificar o inadimplemento de um tratado.
Esta regra não prejudica o artigo 46.
Tratados Internacionais
“Direito Tributário. Recepção pela Constituição da República de 1988 do
Acordo Geral de Tarifas e Comércio. Isenção de tributo estadual prevista
em tratado internacional firmado pela República Federativa do Brasil.
Artigo 151, inciso III, da Constituição da República. Artigo 98 do Código
Tributário Nacional. Não caracterização de isenção heterônoma. Recurso
extraordinário conhecido e provido. (...) 2. O artigo 98 do Código
Tributário Nacional ‘possui caráter nacional, com eficácia para a União, os
Estados e os Municípios’ (voto do eminente Ministro Ilmar Galvão). 3. No
direito internacional apenas a República Federativa do Brasil tem
competência para firmar tratados (art. 52, § 2º, da Constituição da
República), dela não dispondo a União, os Estados-membros ou os
Municípios. O Presidente da República não subscreve tratados como Chefe
de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência
de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituição.
4. Recurso extraordinário conhecido e provido.” (Pleno, Rel. para acórdão
Min. CÁRMEM LÚCIA, DJe 11.04.2008)

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Tratados Internacionais

• Lei 9.779/1999 • Art. 7º Convenção OCDE

Art. 7o Os rendimentos do 1 - Os lucros de uma empresa


trabalho, com ou sem vínculo de um Estado Contratante
empregatício, de (Holanda) só são tributáveis
aposentadoria, de pensão e os nesse Estado (Holanda); a não
da prestação de serviços, ser que a empresa exerça, sua
pagos, creditados, entregues, atividade no outro Estado
empregados ou remetidos a Contratante (Brasil), por meio
residentes ou domiciliados no de um estabelecimento
exterior, sujeitam-se à permanente alí situado (Brasil).
incidência do imposto de
renda na fonte à alíquota de
25% (vinte e cinco por cento).

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Tratados Internacionais
7. A antinomia supostamente existente entre a norma da convenção e o
direito tributário interno resolve-se pela regra da especialidade, ainda que
a normatização interna seja posterior à internacional.
8. O art. 98 do CTN deve ser interpretado à luz do princípio lex specialis
derrogat generalis, não havendo, propriamente, revogação ou derrogação
da norma interna pelo regramento internacional, mas apenas suspensão
de eficácia que atinge, tão só, as situações envolvendo os sujeitos e os
elementos de estraneidade descritos na norma da convenção.
9. A norma interna perde a sua aplicabilidade naquele caso especifico, mas
não perde a sua existência ou validade em relação ao sistema normativo
interno. Ocorre uma "revogação funcional", na expressão cunhada por
HELENO TORRES, o que torna as normas internas relativamente
inaplicáveis àquelas situações previstas no tratado internacional,
envolvendo determinadas pessoas, situações e relações jurídicas
específicas, mas não acarreta a revogação, stricto sensu, da norma para as
demais situações jurídicas a envolver elementos não relacionadas aos
Estados contratantes.” (STJ, RECURSO ESPECIAL Nº 1.161.467 – RS, Rel.
Min. CASTRO MEIRA, julgado em 2012)
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Questão de Aula
A União Federal instituiu uma contribuição sobre a totalidade
das receitas auferidas pelas empresas à alíquota de 9,25%. Em
2004, optou por reduzir a zero a alíquota incidente sobre as
receitas financeiras (Decreto 5.442/2005), com base em
autorização legal (art. 27, §2º, da Lei 10.865/2004).

Em 2015, buscando recursos para fazer frente aos gastos


elevados, a União editou o Decreto 8.426/2015 que revogou o
anterior (Decreto 5.442/2005), e restabeleceu parcialmente a
alíquota da contribuição para 4,65%.

Pergunta: O Decreto 8.426/2015 que restabeleceu a alíquota


viola o art. 97, inc. II e IV do CTN? Justifique.

32
Obrigado!

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