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Universidade Federal do Maranhão

Centro de Ciências Exatas e Tecnologia


Curso de Matemática
Álgebra II

Discentes: Matheus Rodrigues Linhares Guimarães 2020038976

Grupos Cı́clicos
Definição 1 Se G é um grupo e a ∈ G, escrevemos

hai = {an : n ∈ Z} = {todas as potências de a};

hai é chamado de subgrupo cı́clico de G gerado por a.

Um grupo G é chamado cı́clico se houver algum a ∈ G com G = hai; nesse caso a é


chamado gerador de G.
É fácil ver que hai é, na verdade, um subgrupo: 1 = a0 ∈ hai ; an am = an+m ∈ hai ; a−1 ∈
hai.
Um grupo cı́clico pode ter vários geradores diferentes. Por exemplo, hai = ha−1 i.

Lema 1 Seja G um grupo e assuma que a ∈ G tem ordem finita k. Se um an = 1, então


k | n. Na verdade, {n ∈ Z : an = 1} é um conjunto de todos os múltiplos de k.

Proposição 1 Se G = hai é um grupo cı́clico grupo de ordem n, então ak é um gerador de


G se e somente se gcd (k, n) = 1.


Prova 1 Se ak é um gerador, então a ∈ ak , então há um s com a = aks . Portanto,
aks−1 = 1, então o lema 2 nos mostra que n | (ks − 1); isto é, existe um inteiro t com
ks − 1 = tn, ou sk − tn = 1. Portanto, (k, n) = 1.
Por

k outro lado, se 1 = sk +

tn,
então a = a
sk+tn
= ask (Por que atn = 1), e então
a ∈ a . Portanto, G = hai ≤ ak , e então G = ak .

Corolário 1 Seja I um subconjuntno de Z de modo que

(i) 0 está em I;

(ii) se a e b estão dentro de I, então a − b está em I;

(iii) se a está em I e q está em Z, então qa está em I.

Corolário 2 O número de geradores de um grupo cı́clico de ordem n é φ (n).

1
Proposição 2 Cada subgrupo S de um grupo cı́clico G = hai é ele mesmo cı́clico. Na
verdade, am é um gerador de S, onde m é o menor inteiro possı́vel com am ∈ S.

Prova 2 Podemos assumir que S é não trivial; isso é, S 6= {1}, para a proposição é obvia-
mente verdadeiro que S = {1}. Seja I = {m ∈ Z : am ∈ S}; é fácil verificar que I satisfaz
o corolário 2. (i): 0 ∈ I, para a0 = 1 ∈ S. (ii): Se m, n ∈ I, então am , an ∈ S, e então
am a−n = am−n ∈ S; Portanto, m − n ∈ I. (iii): Se m ∈ I e i ∈ Z, então am ∈ S, e então
(am )i = aim ∈ S; portanto, im ∈ I. Visto que S 6= {1}, há algum 1 6= aq ∈ S; portanto,
q ∈ I e I 6= {0}. Pelo corolário
positivo em I, então k | m para

1, se k é o menor inteiro
cada min I. Afirmamos que ak = S. Claramente, ak ≤ S. Para a inclusão inversa,
pegue s ∈ S. Agora s =
am para algum m, de modo que m ∈ I e m = kl para algum l.
Portanto, s = am = akl ∈ ak .

Exercı́cios Resolvidos
A2. Considere G = Z × Z com a seguinte operação de adição: (a, b) + (c, d) = (a + c, b + d).
Mostre que f : G → G, f (x, y) = (0, 3x + 5y) é um homomorfismo, determine seu
núcleo e dê alguns exemplos de elementos N (f ).

Solução: Sejam (a, b) , (c, d) ∈ G. Temos:

f ((a, b) + (c, d)) = f (a + c, b + d) = (0, 3 (a + c) + 5 (b + d)) = (0, 3a + 3c + 5b + 5d)


= (0, (3a + 5b) + (3c + 5d)) = (0, 3a + 5b) + (0, 3c + 5d) = f (a, b) + f (c, d) .

Logo, f é um homomorfismo. Se (x, y) ∈ N (f ), então f (x, y) = (0, 0) = elemento neutro


do contradomı́nio de f =⇒ (0, 3x + 5y) = (0, 0) =⇒ 3x + 5y = 0, de onde concluı́mos que

N (f ) = {(x, y) ∈ R × R | 3x + 5y = 0}

Por exemplo, (0, 0), (5, −3), (−5, 3), (−10, 6) ∈ N (f ). 

A3. Sejam G = (GL3 (R) , ·), J = (R, ·) e f : G → J definida por f (X) = det X =
determinante de X.

a) Mostre que f é um homomorfismo;

b) Determine N (f ) e dê exemplo de elementos do núcleo de f .

Solução: a) Sejam X, Y ∈ G. Temos

f (XY ) = det (XY ) = det (X) det (Y ) = f (X) f (Y ) .

Fica mostrado dessa forma que f é um homomorfismo de grupos.


b) Seja A um elemento genérico do núcleo de f . Então, A é uma matriz quadrada 3 × 3
tal que f (A) = det (A) = 1 = elemento neutro de J. Portanto,

N (f ) = {A ∈ GL3 (R) | det (A) = 1} .

2
Assim, qualquer matriz 3 × 3 de elementos reais cujos determinantes seja igual a 1 pertencem
ao núcleo de f . Por exemplo,
     
1 0 0 2 0 0 −1 0 0
 0 1 0  ,  7 3 0  e  0 9 10 
0 0 1 5 −4 16 0 1 1
pertecem a N (f ). 
A4. Mostre que um grupo G é abeliano se, e somente se, f : G → G definida por f (x) = x−1
é um homomorfismo.
Solução: (⇒) Suponhamos G um grupo abeliano e sejam x, y ∈ G. Então,
f (xy) = (xy)−1 = y −1 x−1 = x−1 y −1 = f (x) f (y) .
Logo,f é um homomorfismo.
(⇐) Suponhamos que f seja um homomorfismo de G em G. Então, para quaisquer
x, y ∈ G, temos: f (xy) = f (x) f (y) =⇒ (xy)−1 = x−1 y −1 . Calculando-se o inverso
−1 −1
de cada membro da igualdade anterior, obtemos: (xy)−1 = (x−1 y −1 ) =⇒ xy =
−1 −1 −1 −1
(y ) (x ) =⇒ xy = yx, e daı́, concluı́mos que G é um grupo abeliano. 
A5. Sejam G um grupo e g ∈ G. Mostre que f : G → G definida por f (x) = g −1 xg é
isomorfismo de G em G (neste caso, f é denominado automorfismo d e G).
Solução: Sejam x, y ∈ G dois elementos genéricos.
• f (xy) = g −1 (xy) g = g −1 xeyg = g −1 xgg −1 yg = f (x) g (y); logo, f é um homomor-
|{z}
=e
fismo.
• Suponhamos f (x) = f (y). Então g −1 xg = g −1 yg. Multiplicando-se por g à esquerda e
por g −1 à direita, obtemos: gg −1 xgg −1 = gg −1 ygg −1 ⇒ x = y; logo, f é uma função injetora.
|{z} |{z} |{z} |{z}
=e =e =e =e
• Dado b ∈ G = contradomı́nio de f , considere o elemento a = gbg −1 ∈ G = domı́nio de
f . Então, f (a) = f (gbg −1 ) = g −1 (g bg −1 )g = b; logo, f é uma função sobrejetora.
| {z } | {z }
=e =e
Dos três itens mostrados acima, concluı́mos que f é um isomorfismo de grupos. 
A7. Descreva os seguintes grupos cı́clicos:
• H = [−3] em (Z, +)

• J = [−3]
  em (Q∗ , ·)
• K = 3 em (Z7 , ·)
Solução: Se o grupo for multiplicativo, então o grupo cı́clico gerado por x é o conjunto
de todas as pôtencias de expoente inteiro de x; se o grupo for aditivo, então o grupo gerado
por x é o conjunto de todos os múltiplos de x. Sendo assim, temos: 
• H = [−3] = múltplios de −3 = n{−3k | k ∈ Z} o = {. . . , −9, −6, −3, 0, 3, 6, 9, . . .}
• J = [−3] = potências de −3 = (−3)k | k ∈ Z = . . . , 91 , − 13 , 1, −3, 9, . . .

0 1 2 3
• K = 3 = potências de 3 em Z∗7 . Como 3 = 1, 3 = 3, 3 = 9 = 2, 3 = 27 =
 
4 3 5 6 5
6, 3 = 3 · 3 = 18 = 4, 3 = 12, 5, 3 = 3 · 3 = 15 = 1 = elemento neutro de (Z∗7 , ·). Logo,
K = 1, 2, 3, 4, 5, 6 = Z∗7

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