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AO JUÍZO DA ____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAPINZAL

JULIETE FREIRE DUARTE, brasileira, nutricionista, portadora da


cédula de identidade RG nº 9.999.999 SSP/SC, inscrita no CPF n° 888.888.888-88,
por si e como representante do menor FIUK FREIRE DUARTE, portador da
cédula de identidade n° 7.777.777, inscrita no CPF sob o nº 666.666.666-66,
nascido em 27/09/2020, ambos residentes e domiciliados na rua da Liberdade,
n.º 10, Centro, na cidade de Capinzal, neste ato representados por suas
procuradoras, que esta subscreve (procuração em anexo), vem,
respeitosamente, perante a Vossa Excelência, ajuizar a presente:

AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO, CUMULADA COM GUARDA UNILATERAL,


ALIMENTOS, VISITAS, PARTILHA DE BENS E PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA
DE URGÊNCIA ANTECIPADA.

Em face de RUDOLFO DUARTE, brasileiro, engenheiro, portador da


cédula de identidade RG n° 3.333.333, inscrito no CPF sob o n° 222.222.222-22,
podendo ser localizado na Avenida Beira Rio, n.º 2110, centro, Herval d’Oeste-SC,
pelo que passa a expor:

I - DA JUSTIÇA GRATUITA.

A requerente não possui condições de arcar com as custas e


despesas processuais e honorários advocatícios sem comprometer os sustentos
próprios ou de sua família, conforme declaração de hipossuficiência econômica
anexa, nos termos do art. 98 do CPC/2015 e da Lei 1.050/60.
II - DOS FATOS.
II.1 - DO CASAMENTO E DO DIVÓRCIO

A autora é casada com o requerido pelo regime da comunhão parcial de


bens, desde a data de 26 de outubro de 2015, conforme certidão de casamento
anexa. Durante a constância do casamento, o casal teve um filho, chamado Fiuk,
nascido em 27 de setembro de 2020, conforme certidão de nascimento anexa.
Durante o casamento, o casal teve inúmeros desentendimentos, que
levaram a separação desde o dia 10/03/2021, logo após o carnaval. Diante do
desentendimento, Rudolfo deixou a residência do casal e está morando com
seus pais, na cidade de Herval d’Oeste, sendo que Juliete atualmente cuida
integralmente sozinha do filho de um ano de idade.

Na constância da união, o casal adquiriu os seguintes bens:


a) bem imóvel: um terreno urbano, localizado no município de Capinzal-SC,
com 400,00m², sobre o qual foi construída uma casa residencial
unifamiliar, registrado sob a matrícula 1.25 no Ofício de Registro de
Imóveis da Comarca de Capinzal-SC. Avaliado em R$ 530.000,00.
b) bem móvel/veículo: b.1) marca/modelo VW/GOLF, ano modelo/ano
fabricação 2020/2021, licenciado junto ao DETRAN em nome do requerido
Rudolfo, com tabela fipe no valor de R$ 70.000,00.
b.2) marca/modelo JEEP/COMPASS, ano modelo/ano fabricação
2021/2021, licenciado junto ao DETRAN em nome da requerente Juliete, com
tabela fipe no valor de R$ 150.000,00.
c) bens móveis que guarnecem a residência do casal, avaliados em R$
15.000,00.
Considerando que inexiste amor entre o casal e sequer a possibilidade
de reconciliação, pretende a primeira requerente a dissolução do vínculo
matrimonial, bem como regularizar a guarda do menor, prestação de alimentos
e visitas.
II.2 - DA PROLE

II.2.1 - DA GUARDA UNILATERAL

Desde a separação do casal, o filho menor encontra-se na guarda de fato


da genitora, uma vez que o requerido saiu da casa onde residiam e foi viver com
seus pais.
A Constituição Federal, em seu artigo 227, nos ensina acerca dos direitos
da criança e do adolescente, sendo importante dar destaque, aqui, ao que
dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente em relação aos deveres dos pais
e a guarda:

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral


e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos
direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,
à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material,


moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor
o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.

É evidente que o que se busca proteger é o bem estar das crianças e,


nesse sentido, o Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina tem decidido
nesse sentido:
APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. AÇÃO DE GUARDA C/C
ALIMENTOS E REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS. HOMOLOGAÇÃO DE
ACORDO EM RELAÇÃO AO DIREITO DE VISITAS E CONVIVÊNCIA.
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA, QUE DETERMINOU A GUARDA
UNILATERAL EM FAVOR DA GENITORA E ARBITROU ALIMENTOS
DEVIDOS PELO GENITOR EM FAVOR DA MENOR COM 11 (ONZE) ANOS
DE IDADE, NO PATAMAR DE 25% (VINTE E CINCO POR CENTO) SOBRE
OS RENDIMENTOS LÍQUIDOS DO DEMANDADO. INSURGÊNCIA DE
AMBAS AS PARTES.
JUSTIÇA GRATUITA. REQUERIMENTO DA BENESSE APRESENTADO EM
CONTESTAÇÃO E NÃO ANALISADO PELO JUÍZO A QUO. NOVO PEDIDO
DEDUZIDO PELO DEMANDADO APÓS A SENTENÇA DE MÉRITO.
HIPOSSUFICIÊNCIA DEMONSTRADA. BENEPLÁCITO CONCEDIDO.
APELAÇÃO DO RÉU. PRETENDIDA A MODIFICAÇÃO DO DECISUM DE
PRIMEIRO GRAU PARA FIXAR A GUARDA DA FILHA DO EX-CASAL DE
FORMA COMPARTILHADA, AO ARGUMENTO DE QUE OS LITIGANTES
POSSUEM BOA CONVIVÊNCIA E QUE NÃO HÁ ÓBICES AO EXERCÍCIO
COMUM DAS RESPONSABILIDADES PARENTAIS. MÃE QUE EXERCE A
GUARDA UNILATERAL DA CRIANÇA DESDE O TÉRMINO DO
RELACIONAMENTO. LITIGANTES QUE RESIDEM EM MUNICÍPIOS
DISTINTOS. MUDANÇA DE ROTINA DOMICILIAR QUE, NO CASO,
NÃO SE MOSTRA CONVENIENTE PARA O BEM DA CRIANÇA.
QUADRO FÁTICO QUE PERMITE, EM OBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO
DO MELHOR INTERESSE, A MANUTENÇÃO DA GUARDA UNILATERAL
AOS CUIDADOS DA GENITORA. SENTENÇA MANTIDA, NO PONTO.
PEDIDO DE MINORAÇÃO DA VERBA ALIMENTAR PARA 17% (DEZESSETE
POR CENTO) SOBRE OS VENCIMENTOS BRUTOS DO RECORRENTE.
IRRESIGNAÇÃO COMUM DAS PARTES. ANÁLISE DADA MATÉRIA EM
CONJUNTO COM A IRRESIGNAÇÃO DA AUTORA.
[...]
(TJSC, Apelação n. 0304850-23.2018.8.24.0075, do Tribunal de Justiça
de Santa Catarina, rel. Stanley da Silva Braga, Primeira Câmara de
Direito Civil, j. 15-07-2021). (grifo nosso)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE GUARDA AJUIZADA PELO GENITOR.


SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA, COM A FIXAÇÃO DA GUARDA
UNILATERAL EM FAVOR DA GENITORA E REGULAMENTAÇÃO DO
DIREITO DE VISITAS DO AUTOR. IRRESIGNAÇÃO DO REQUERENTE.
ALEGADA NULIDADE DA DECISÃO POR AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO. INTELIGÊNCIA DOS ART. 93, IX, DA CONSTITUIÇÃO
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E DO ART. 489 DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. AUSÊNCIA DE MÁCULA. FUNDAMENTAÇÃO PER
RELATIONEM QUE NÃO ENSEJA NULIDADE DO DECISUM. TESE DE
CERCEAMENTO DE DEFESA EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE APRECIAÇÃO
DAS PROVAS PRODUZIDAS PELO AUTOR. INSUBSISTÊNCIA. PRINCÍPIO
DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO. MAGISTRADO QUE
FUNDAMENTOU SUA DECISÃO NOS ELEMENTOS DE PROVA
CONSTANTES NOS AUTOS. PREFACIAL RECHAÇADA. MÉRITO.
PRETENSÃO DE MODIFICAÇÃO DA GUARDA. QUESTÃO QUE DEVE SER
APRECIADA SOB AS BALIZAS DO ART. 1.583 DO CÓDIGO CIVIL E DO
PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. "No tocante à
guarda unilateral, a referida lei apresenta critérios para a definição do
genitor que oferece "melhores condições" para o seu exercício, assim
considerando o que revelar aptidão para propiciar aos filhos os
seguintes fatores: "I - afeto nas relações com o genitor e com o grupo
familiar; II - saúde e segurança; III - educação" (CC, art. 1.583, § 2º). Fica
afastada, assim, qualquer interpretação no sentido de que teria
melhor condição o genitor com mais recursos financeiros. A ordem
dos fatores a serem observados na atribuição da guarda unilateral não
deve ser considerada preferencial, tendo todos eles igual importância.
Na realidade, deve o juiz levar em conta a melhor solução para o
interesse global da criança ou adolescente, não se olvidando de outros
fatores igualmente relevantes como dignidade, respeito, lazer,
esporte, profissionalização, alimentação, cultura etc (ECA - Lei n.
8.069/90, art. 4º)." (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro.
v. 6. 9ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2012. p. 294). CASO CONCRETO
EM QUE HÁ EXTREMA ANIMOSIDADE ENTRE OS GENITORES E,
EMBORA NÃO HAJA CIRCUNSTÂNCIAS DESABONADORAS DA
CONDUTA DO AUTOR COMO PAI, OS ELEMENTOS COLHIDOS
INDICAM MELHORES CONDIÇÕES DA GENITORA EM ATENDER AS
NECESSIDADES DA MENOR. PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA
CRIANÇA. PRESERVAÇÃO DA GUARDA UNILATERAL DA INFANTE À
GENITORA. SENTENÇA MANTIDA NESTE ASPECTO. MULTA POR
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. APELANTE QUE BUSCA O AFASTAMENTO DA
PENALIDADE IMPOSTA NA ORIGEM. POSSIBILIDADE. ALTERAÇÃO DA
VERDADE DOS FATOS NÃO EVIDENCIADA. PROVIMENTO NO PONTO.
HONORÁRIOS RECURSAIS INDEVIDOS. MAJORAÇÃO DOS
HONORÁRIOS DE DEFENSOR DATIVO EM RAZÃO DA INTERPOSIÇÃO DO
RECURSO, NOS TERMOS DA RESOLUÇÃO N. 05/2019 DO CONSELHO
DA MAGISTRATURA DESTE TRIBUNAL. RECURSO CONHECIDO E
PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n.
0054518-91.2014.8.24.0005, de Balneário Camboriú, rel. Rosane
Portella Wolff, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 17-09-2020).

Portanto, uma vez que a primeira requerente já vem exercendo a guarda


de fato, bem como possui condições de manter a integridade física e mental de
seu filho, uma vez que ele conta com um ano de idade, ainda está em
aleitamento materno, requer a concessão da guarda unilateral do menor FIUK,
com a expedição do respectivo termo de guarda em seu favor.

II.3 DOS ALIMENTOS

Sanada e fixada a guarda em favor da genitora, faz-se necessário a fixação


dos alimentos provisórios, uma vez que os cuidados com o menor englobam
alimentação, vestuário, transporte, medicamentos, educação, material escolar,
lazer. Dessa forma, dispõe os artigos 1.694 e 1.695 do Código Civil:

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir


uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo
compatível com a sua condição social, inclusive para atender às
necessidades de sua educação. §1º Os alimentos devem ser fixados na
proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada.

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem
bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria
mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem
desfalque do necessário ao seu sustento.
A planilha a seguir demonstra os gastos mensais ordinários dos
requerentes:

DESPESA VALOR

ÁGUA R$ 150,00

LUZ R$ 200,00

ALIMENTAÇÃO/MERCADO R$1.500,00

GÁS R$ 110,00

Como dito acima, são as despesas ordinárias para a manutenção da vida,


sendo que no decorrer dos dias poderão surgir despesas extras, como médicos,
exames farmácia, material escolar, vestimentas e etc, ficando o genitor
responsável pelo pagamento de 50% de toda despesa extraordinária que surgir.
É indispensável a prestação de alimentos pelo genitor, uma vez a
impossibilidade da genitora arcar com tudo sozinha, observando o binômio
necessidade/possibilidade. Assim sendo, requer que seja fixada a pensão
alimentícia no valor de 1 (um) salário mínimo vigente, a ser descontado da folha
de pagamento do genitor e depositado na conta corrente da genitora, no
BANCO X, conta corrente 00000-0, agência 01.
De tal forma, os dados do empregador são: Construtora HGH, pessoa
jurídica de direito privado, com sede na Rua 1, Distrito Industrial de Herval
d’Oeste-SC, inscrita no CNPJ sob o n.º 00.000.000/0001-00.

II.4 - DAS VISITAS

No tocante às visitas, requer que sejam reguladas da seguinte forma: a)


primeiro e terceiro final de semana de cada mês com a genitora; b) segundo e
quarto final de semana de cada mês com o genitor. As visitas deverão acontecer
mediante aviso prévio a genitora, dando oportunidade de organização da rotina
do menor, bem como da própria mãe.

II.5 - DO NOME DA CONJUGE VIRAGO

Em razão do divórcio e, conforme autoriza o artigo 1578, caput e §1º, a


cônjuge virago voltará a usar seu nome de solteira, Juliete Freire.

II.6 -DA PARTILHA DOS BENS

Em relação à casa adquirida pelo casal, é necessário entender que


ela serve como o lar da mãe e de seu filho menor, atendendo integralmente
suas necessidades com espaço, cuidado e qualidade de vida.
Desta forma, a requerente Juliete pugna por sua manutenção na casa,
indenizando o cônjuge Rudolfo no valor de R$ 265.000,00, proveniente da venda
de seu carro e financiamento pessoal particular que será feito exclusivamente
para a aquisição.
Em relação aos veículos, cada qual permanecerá com os seus,
devidamente registrados e licenciados junto ao DETRAN/SC, sendo que Juliete
realizará a venda de seu veículo JEEP COMPASS.

III - DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA

Quando for evidente o perigo de dano e a probabilidade do direito, o


Código de Processo Civil autoriza que sejam adiantados os efeitos da sentença
por meio das tutelas.
Em face da necessidade da criança ter seu sustento garantido por meio
dos alimentos provisórios, fundamentado pelo artigo 4º da Lei 5.478/68 e o
atendimento aos requisitos legais do binômio necessidade do alimentado e
possibilidade econômica do alimentante.
Diante disso, com a necessidade do menor ter o seu sustento garantido, é
indispensável a fixação de alimentos provisórios, no montante de 1 (um) salário
mínimo vigente, tendo como fundamento artigo 4º da Lei 5.478/68 e o artigo 300
do Código de Processo Civil.
IV - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência o que segue:

1. que seja deferido o pedido da justiça gratuita a parte autora;


2. o deferimento do pedido de tutela provisória de urgência em caráter
antecipatório para condenar o requerido ao pagamento dos alimentos
provisórios, no importe de 1(um) salário mínimo vigente, o que
corresponde ao valor de R$ 1.100,00 (um mil e cem reais), bem como a
concessão da guarda provisória unilateral a genitora, expedindo-se o
respectivo termo;
3. a designação de audiência de conciliação, para que as partes busquem
entrar em comum acordo;
4. em não havendo acordo, a citação do requerido para contestar o
presente feito, sob pena de confissão quanto à matéria de fato alegada,
nos termos do art.344 do CPC;
5. total procedência dos pedido de divórcio, bem como a fixação de
alimentos definitivos, a guarda unilateral em favor da genitora e a
regulação das visitas, nos termos expostos e requeridos;
6. a condenação definitiva ao pagamentos de pensão alimentícia no valor
de 1(um) salário mínimo vigente, o que corresponde ao valor de R$
1.100,00 (um mil e cem reais), a ser descontado da folha de pagamento
do genitor e depositado na conta corrente da genitora, conforme acima
especificado;
7. a produção de todas as provas em direito admitidas;
8. a condenação do réu em todas as custas, despesas processuais e
honorários advocatícios.

V - Dá-se a causa o valor de R$ 700.000,00.

Termos em que pede e espera deferimento.

Joaçaba-SC, 01 de outubro de 2021.

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