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A chorona (Lenda hispano-


americana)
 23 novembro 2021  Visitas: 6645

No âmbito do estudo do Módulo 2 (O meu passado e o


meu presente) do Curso de Português Língua de
Acolhimento, os formandos efetuaram a recolha e
reescrita de lendas que marcaram a sua infância. Uma
delas foi recolhida pela formanda Luz Marina Espitia,
natural da Venezuela.

A chorona (Lenda hispano-americana)

A chorona é uma lenda hispano-americana que, segundo a


tradição oral, representa o espírito de uma mulher que
afogou os seus filhos e, posteriormente, arrependida e
amaldiçoada, procurou-os à noite em rios, vilas e cidades,
assustando com o seu avassalador chorar todos aqueles
que a veem ou ouvem à noite.

Assim, reza a lenda que esta foi uma história de terror


familiar que tem origem no início do século XVI, na América
do Sul. Em noites de lua cheia, vizinhanças inteiras teriam o
sono perturbado pelo choro insistente de uma mulher
desesperada. Ela estaria à procura dos seus dois filhos. Mas
encontrá-los seria impossível: ela própria teria matado as
crianças.

Segundo a lenda, essa chorona, como ficaria conhecida,


chamava-se Maria. Apaixonada por um homem que a sua
família desaprovava, ela decidiu fugir com o amante, e teve
dois filhos com este. Até que, certo dia, Maria descobriu que
estava a ser traída pelo marido com outra mulher.

Arrasada e cega de raiva, a mulher pegou nos seus filhos —


símbolos daquele matrimónio desastroso – e afogou-os num
lago. Dois dias depois, quando o ataque de fúria passou,
Maria voltou ao rio para encontrar os filhos. Descobriu os
dois na margem oposta — ambos já sem vida.

Assim, com a dor insuportável da culpa e do


arrependimento, esta morreu de depressão. Mas a sua
agonia não teria acabado com a morte. Desde então, o seu
fantasma vagaria flutuando pelas cidades, com um vestido
branco e um véu que cobre o seu rosto pálido. O espectro
levanta as mãos para o céu e chora.

Poderia ser só uma lenda triste se a história não fosse


ganhando detalhes assombrosos. Maria não apenas flutuaria
aos prantos. Ela também roubaria crianças para substituir as
suas.

Esta lenda é a mais clássica do México, e teve tanto sucesso


que vários países fizeram adaptações para as suas culturas,
como o Brasil. Até dentro do próprio México, há versões
mais ou menos diferentes da lenda original. Um dos relatos
mexicanos alternativos fala de uma índia que se teria
tornado amante de Hernán Cortés, o conquistador espanhol
que destruiu o Império Asteca. Ela ter-se-ia arrependido de
apoiar os colonizadores, e daí a choradeira.

Outra versão diz que se teria afogado junto com os filhos.

(recolhida e traduzida por Luz Marina Espitia – PLA A2)

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