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EUTANÁSIA

X
CUIDADOS
PALIATIVOS
“O desafio de tomar decisões baseadas na ética, nas leis e na religião em momentos
de tristeza pela proximidade da morte.”
A finalidade deste trabalho é mostrar como
a eutanásia funciona, quais são suas
modalidades e finalidades. Sabemos que é
um assunto pouco falado, pois a morte em
si ainda é um “tabu” em nossa sociedade e
não um assunto tão corriqueiro.

Presenciamos todos os dias pelo meios de


comunicação, milhares e milhares de
pessoas morrendo por vários motivos,
Introduçã sejam eles por acidentes, homicídios ou
eventualidades, mas quando vemos ou

o ouvimos que uma pessoa tirou a própria


vida, sejam estas por meios legais ou não,
julgamos como se fosse o erro mais banal
do mundo, mas nunca nos perguntamos
qual foi, de fato, os pensamentos e as
decisões que foram tomadas até chegar ao
ato.

Afinal, o que é a morte? A resposta para


essa pergunta parece simples, mas a
realidade não é assim tão precisa.
Definição
A palavra eutanásia foi criada no séc. XVII pelo filósofo inglês Francis Bacon, quando
prescreveu, na sua obra “Historia vitae et mortis”, como tratamento mais adequado para as
doenças incuráveis (SILVA, 2000). Na sua etimologia estão duas palavras gregas: eu =
bem/boa, e thanatos = morte. Em sentido literal, a eutanásia significa “boa morte”, a
morte calma, a morte piedosa e humanitária. Por mais que ainda seja considerada um tabu,
a eutanásia sempre esteve em discussão. O tema gera opiniões controversas, quase
polêmicas. No entanto, seu debate é importante, já que o que está em questão são os
direitos do ser humano: direito à vida ou direito à morte.
TIPOS DE
EUTANÁSIA
QUANTO AO TIPO DE
AÇÃO:
EUTANÁSIA ATIVA: QUANDO HÁ A
INTENÇÃO DE CAUSAR A MORTE
PARA ALIVIAR A DOR DO PACIENTE;

EUTANÁSIA PASSIVA OU INDIRETA:


QUANDO A PESSOA EM ESTADO
TERMINAL MORRE POR CARÊNCIA
DE UMA ATITUDE DA EQUIPE
MÉDICA OU PELA SUSPENSÃO DE
UM TRATAMENTO, VISANDO
DIMINUIR O SOFRIMENTO;

EUTANÁSIA DE DUPLO EFEITO:


QUANDO A MORTE É ACELERADA
COMO UMA CONSEQUÊNCIA
INDIRETA DAS AÇÕES MÉDICAS
QUE SÃO EXECUTADAS’ VISANDO O
ALÍVIO DO SOFRIMENTO DE UM
PACIENTE TERMINAL.
QUANTO AO CONSENTIMENTO DO
PACIENTE:
EUTANÁSIA VOLUNTÁRIA: QUANDO A
MORTE É PROVOCADA ATENDENDO A
UMA VONTADE DO PACIENTE;

EUTANÁSIA INVOLUNTÁRIA: QUANDO


A MORTE É PROVOCADA CONTRA A
VONTADE DO PACIENTE;

EUTANÁSIA NÃO VOLUNTÁRIA:


QUANDO A MORTE É PROVOCADA SEM
QUE O PACIENTE TIVESSE
MANIFESTADO SUA POSIÇÃO EM
RELAÇÃO À ELA.
DISTANÁSIA
X
ORTOTANÁSIA
X
MISTANÁSIA
Distanásia é o prolongamento
artificial do processo de morte e por
consequência prorroga também o
sofrimento da pessoa. Muitas vezes o
desejo de recuperação do doente a todo
custo, ao invés de ajudar ou permitir
uma morte natural, acaba prolongando
sua agonia.
Conforme Maria Helena Diniz, "trata-
se do prolongamento exagerado da
morte de um paciente terminal ou
tratamento inútil. Não visa prolongar a
vida, mas sim o processo de morte"
(DINIZ, Maria Helena. O estado atual
do biodireito. São Paulo: Saraiva,
2001).
Ortotanásia significa morte correta, ou seja, a
morte pelo seu processo natural. Neste caso o
doente já está em processo natural da morte e
recebe uma contribuição do médico para que
este estado siga seu curso natural. Assim, ao
invés de se prolongar artificialmente o processo
de morte (distanásia), deixa-se que este se
desenvolva naturalmente (ortotanásia).
Somente o médico pode realizar a ortotanásia, e
ainda não está obrigado a prolongar a vida do
paciente contra a vontade deste e muito menos
aprazar sua dor.
A ortotanásia é conduta atípica frente
ao Código Penal , pois não é causa de morte da
pessoa, uma vez que o processo de morte já
está instalado.
Desta forma, diante de dores intensas sofridas
pelo paciente terminal, consideradas por este
como intoleráveis e inúteis, o médico deve agir
para amenizá-las, mesmo que a consequência
venha a ser, indiretamente, a morte do paciente.
(VIEIRA, Tereza Rodrigues. Bioética e direito.
São Paulo: Jurídica Brasileira, 1999, p. 90.)
Mistanásia ou eutanásia social, é a morte miserável
fora e antes da hora, que ocorre quando:
a) uma grande massa de doentes e deficientes não
ingressam no sistema de saúde por ser ausente ou
precário; ou ainda, quando do extermínio de pessoas
indesejáveis como ocorreu na Segunda Guerra
Mundial nos campos nazistas de concentração;
b) doentes crônicos ou terminais são vítimas de erro
médico, como por exemplo, diagnóstico errôneo;
c) pacientes são vítimas de má prática por motivos
econômicos, científicos ou sociopolíticos, por
exemplo, quando um médico intencionalmente retira
órgão vital de indivíduo com esperança de vida.
É óbvio que tal prática é incompatível como o nosso
ordenamento jurídico, por toda principiologia
constitucional, pela inviolabilidade do direito à vida, e
pela determinação do artigo 1º da CRFB em seu inciso
III ( Art. 1º A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa
humana ;) que exige um Estado forte e apto a garantir
a todos uma existência digna.
EUTANÁSIA
NO BRASIL
E NO
MUNDO
Brasil

No Brasil, a eutanásia é considerada


como crime de homicídio, uma vez que,
em nossa Constituição, a vida é vista
como um direito inviolável. A pena para
o ato é de 6 a 20 anos de reclusão. No
entanto, existem atenuantes que são
aplicados nos casos em que existe o
pedido do paciente em torno do alívio
de um sofrimento latente e inevitável,
mas para que isso ocorra, é necessário
que o paciente solicite ajuda para morrer
(segundo o artigo 122 do Código Penal).
Se assim acontecer, o ato é entendido
como “homicídio privilegiado”,
podendo haver a redução da pena em
um sexto ou um terço de acordo com a
decisão do juiz.
Urugua
i
É referido como o provável primeiro país
a abrir a possibilidade de despenalização
da eutanásia por via judicial,
caracterizada como “homicídio piedoso”
no Código Penal de 1934. Para isto é
necessário reunir determinadas
condições: que o agente não tenha
antecedentes honráveis (sem antecedentes
criminais), que o ato seja cometido por
motivo piedoso e que a vítima tenha feito
reiteradas súplicas para morrer.

Já o suicídio assistido é punido com pena


de seis meses a seis anos de prisão.
Holanda

Na Holanda, a legalização da eutanásia e a


descriminalização do suicídio assistido foram
aprovadas em abril de 2002. Foi o primeiro país a
permitir a prática dessas intervenções. Contudo, cabe
ressaltar que o país europeu impôs uma série de
restrições para controlar a prática, cabendo a uma
comissão regional de juízes, médicos e sociólogos o
exame de cada caso.
Os elementos necessários são, porém, que o paciente
possua uma doença diagnosticada como incurável e
apresente dores insuportáveis, sem possibilidade de
melhora. Além disso, o paciente deve fazer essa
decisão, ainda lúcido e é necessário o parecer de um
segundo médico sobre o assunto.
A idade permitida para a realização da intervenção é a
partir de 12 anos. Porém, até os 16, ela só pode ser
realizada com o aval da família. Depois, o
consentimento da família para a realização do
procedimento não é necessário.
Bélgica
A Bélgica e a Holanda são os únicos países do mundo
que permitem expressamente a prática da eutanásia. A
legalização na Bélgica ocorreu em maio de 2002, após o
parecer favorável do Comitê Consultivo Nacional de
Bioética, que até então tratava a prática como ilegal
dentro do país.
Ao entrar em vigor, a lei permitia a interrupção da vida
em qualquer indivíduo, mesmo os que não se
encontrassem em estado terminal. Os menores de idade
eram proibidos de realizar a eutanásia,
independentemente da autorização dos pais. Contudo, em
2014, essa lei sofreu uma reformulação e passou a
permitir o procedimento em qualquer idade, desde que os
responsáveis legais autorizem a operação e após
avaliação do médico responsável e de um psiquiatra
infantil. A nova versão da lei também limitou o
procedimento para pacientes em estado terminal. Estes
precisam fazer o pedido de maneira voluntária e refletida,
desconsiderando as pressões externas.
Por fim, assim como na Holanda, na Bélgica todos os
procedimentos são analisados por uma comissão especial
e, nos casos de eutanásia infantil, o processo é feito com
acompanhamento psiquiátrico.
Suíça

Na Suíça a eutanásia direta é crime, mas a ajuda ao


suicídio não. Pode ser praticada por um médico ou outra
pessoa. E só é considerado crime se for praticado por
motivos egoístas.
A eutanásia ativa não está legislada mas o homicídio a
pedido da vítima é punível com pena de prisão até três
anos ou multa. São legais a eutanásia passiva, através da
interrupção dos tratamentos, e a eutanásia indireta, em
que a morte não é diretamente visada mas aceite como
consequência indireta da administração de morfina.
Há duas organizações – a Dignitas e a Exit – que ajudam
doentes terminais a suicidar-se, desde que o paciente
tenha discernimento, manifeste a sua vontade consciente e
livremente, o seu pedido seja sério e reiterado, o
sofrimento físico ou psíquico que o atinja seja intolerável
e o prognóstico do desfecho da doença seja a morte ou,
pelo menos, uma incapacidade grave. A Exit só aceita
pacientes nacionais ou domiciliados na Suíça mas
a Dignitas acolhe nacionais e estrangeiros.
Estados Unidos
Nos Estados Unidos a eutanásia é criminalizada,
sem exceção, mas o suicídio assistido é
permitido em cinco estados. No Oregon, o
primeiro a fazê-lo, a decisão é anterior à da
Holanda - data de 1997 (resultado de um
referendo em que 51% dos eleitores aprovaram
a Lei a Morte com Dignidade).
Os pacientes têm de ser maiores de idade, estar
conscientes e apresentar um pedido reiterado,
por duas vezes de forma verbal e uma terceira,
por escrito, diante de uma testemunha. Têm de
ter uma doença incurável e uma previsão de
menos de seis meses de vida. Washington (em
2009, através de referendo), Vermont (em 2013,
por lei) e Montana (em 2009, depois de um caso
concreto permitido pelos tribunais e depois
aprovado pela mais alta instância judicial do
Estado) avançaram com legislação semelhante
ao do Oregon. Em 2015 foi a vez de a
Califórnia seguir os passos do Oregon.
A eutanásia ainda é um tabu para
grande parte das sociedades que
entendem que a vida ainda é o bem
mais precioso de um ser humano.
O argumento, embora esteja
absolutamente correto, passa a ser
contestado no momento em que o
sofrimento agudo torna-se a
realidade constante do indivíduo.
Há ainda o debate acerca da
laicidade do Estado, que deve
defender todo o direito de crenças e
ainda o direito de não ter uma
crença religiosa, de tal forma que
aqueles que decidam por não
possuir tal crença não tenham que
se submeter aos valores religiosos
de outros.
CUIDADOS
PALIATIVOS
A origem do termo “Cuidado Paliativo”
advém de uma discussão sobre o modo
de lidar com os pacientes ditos fora de
possibilidades terapêuticas ou terminais.
A concepção de cuidados paliativos data
da época das Cruzadas Religiosas,
quando monges ocupavam as
hospedarias à beira das estradas,
conhecidas como hospices, que eram
áreas destinadas à assistência a
moribundos, geralmente soldados
feridos nas batalhas.
Nessa época, havia o predomínio de
práticas de saúde de caráter mágico-
religioso e a preocupação sanitária do
Estado era voltada para os pobres. O
primeiro hospices que se tem notícia
data de 1842, fundado em Lyon, para os
moribundos (PESSINI, 2001).

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