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c O que é

a A Eutanásia é o ato intencional de proporcionar a alguém uma morte rápida e


r indolor para aliviar o sofrimento causado por uma doença incurável e que provoca
o
l
um grande sofrimento.

História da Eutanásia em Portugal


l Em 1995 iniciou-se a discussão deste tema em Portugal. Nessa altura já era possível
a encontrar um parecer e, por sua vez, uma imposição do Conselho Nacional de Ética
u para as Ciências da Vida (CNECV), relativo à despenalização da morte medicamente
r
assistida, defendendo que “A aceitação da eutanásia pela sociedade civil e pela lei
a
conduziria à quebra de confiança que o doente tem no médico e nas equipas de
saúde e poderia levar a uma liberalização incontrolável de ‘licença para matar’.
m 15 anos mais tarde, em 2010, o tema voltou a ser debatido em praça pública, apôs a
a
r
Associação Portuguesa de Bioética ter apelado ao Parlamento que legalizasse o
i testamento vital, que é um documento que permite que os cidadãos maiores de
a idade manifestem que tipo de tratamento e de cuidados de saúde pretendem, ou
n não, receber quando estiverem incapazes de expressar a sua vontade, que veio a ser
a legalizado dois anos depois.
l
Em 2015 o assunto voltou novamente ao parlamento mas, desta vez, a discussão
a partiu da sociedade civil que fundou o Direito a Morrer com Dignidade, promovendo
u uma manifestação, defendendo que era “impiedoso acabar com o sofrimento inútil e
r sem sentido. É urgente despenalizar e regulamentar a Morte Assistida”. Em Janeiro
a de 2017 a Federação Portuguesa Pela Vida entregou uma petição na qual
argumentava que a eutanásia é sempre um homicídio apoiado pelo Estado ou um
suicídio assistido pelo Estado, e que a este não cabe criar o direito de alguém ser
morto por outrem, nem validar esta opção como legítima. Em 2018, no dia de
votação dos diplomas de despenalização da eutanásia no Parlamento, reuniram-se
no exterior algumas centenas de pessoas a contestar a possível aprovação, gritando
“Por favor, não matem os velhinhos”. Nessa mesma votação a legalização da
eutanásia foi vetada pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa. Em
m 2020 vários deputados aperfeiçoaram a proposta que tinha sido rejeitada e
a
contornaram as falhas que o Presidente da República tinha apontado anteriormente.
r
i A 5 de novembro, foi aprovado pelo Parlamento o decreto, mas a 29 do mesmo mês,
a a lei foi novamente vetada, com a solicitação que fossem esclarecidas algumas
n contradições. Na última versão, apresentada este ano, vários conceitos foram
a reformulados, como a possibilidade de acompanhamento psicológico durante o
processo, a exigência de prazo de dois meses entre o pedido e a concretização da
eutanásia e a não exigência de doença fatal, o que previamente foi um problema
apontado por Marcelo. No entanto, apesar de várias tentativas de legalização da
Eutanásia por diversas entidades, ao longo de 28 anos, este continua a ser um
procedimento “tabu” e não aceite em Portugal.

Prós
c  Alivio da Dor e do sofrimento insuportável pelo qual o paciente passa;
a  Respeito pela sua autonomia pessoal, ao ter uma morte indolor;
r  Evitar o sofrimento dos familiares e dos amigos do paciente;
o  Direito à escolha da vida pela morte.
l
Contras
c  Determina quando a vida de alguém termina;
a  Para pessoas com crenças em certas religiões, este procedimento é considerado
r suicídio;
o
 Destruição da relação médico-paciente;
l
 Riscos de abusos ou de maus usos desta prática.

Tipos de eutanásia

L A eutanásia é ato que, conforme as circunstancias em que é realizada, pode ser


a denominada de diversas formas. Primeiro temos a EUTANÁSIA VOLUNTÁRIA, que é
u quando esta é realizada a pedido do doente, atendendo à vontade do mesmo. Por
m outro lado, temos também a EUTANASIA INVOLUNTÁRIA, onde se vai contra a
a vontade do paciente, ao induzir a sua morte medicamente assistida. E por fim temos
r também a EUTANASIA NÃO VOLUNTARIA, ocorrendo quando o paciente não
c expressa a sua opinião sobre o assunto, sendo a decisão feita pelas pessoas mais
a próximas ou por especialistas.
r

Distanásia, Ortotanásia e a Mistanásia

l Distanásia, eutanásia, ortotanásia e a mistanásia são conceitos que indicam práticas


a médicas relacionadas com a morte do paciente. De forma geral, a eutanásia é
u conhecida pelo ato de antecipar a morte, a distanásia como o contrário da eutanásia
r uma morte lenta e dolorosa. A ortotanásia representa a morte natural, sem
a antecipação ou prolongamento. Já a mistanásia representa a morte miserável antes
da hora.   Estas práticas médicas são bastante discutidas e geram muitas opiniões
controversas, uma vez que há quem as apoie e outros que são totalmente contra.  

m A distanásia é uma prática médica relacionada com o óbito do paciente


a correspondente ao prolongamento desnecessário da vida por meio do uso de
r remédios que apenas trazem um sofrimento acrescido para o utente. Ao promover o
i prolongamento da dor e do sofrimento, a distanásia é considerada uma má prática
a
médica, pois, embora alivie os sintomas, não traz uma melhoria na qualidade de vida
n
a da pessoa, tornando simplesmente a sua morte mais lenta e dolorosa. 
c Já a ortotanásia é uma prática médica que promove uma morte natural, sem que o
a utente passe por tratamentos desnecessários, invasivos ou artificiais somente para
r se manter vivo e assim prolongar a sua morte, como a respiração por aparelhos, por
o exemplo. A ortotanásia quer principalmente manter a qualidade de vida do paciente,
l e da sua família, em casos de doenças graves e incuráveis, ao ajudar o controle de
sintomas físicos, psicológicos e sociais. Assim, na ortotanásia a morte é vista como
algo natural que irá acontecer a todo o ser humano, no entanto tem como objetivo
não abreviar nem adiar a morte, mas sim arranjar a melhor maneira de passar por
ela, mantendo a dignidade da pessoa que está doente. 
Quanto à mistanásia é um termo pouco utilizado, que consiste na morte miserável,
l
a morte antecipada de uma pessoa, resultante da maldade humana. Esta prática trata-
u se da “vida abreviada” de muitos, em nível social, por causa da pobreza, violência,
r negligência médica, negligência no atendimento hospitalar, drogas, chacinas, falta de
a infraestrutura e condições mínimas de se ter uma vida digna, entre outras causas.
Portanto, mistanásia é um termo novo para um problema antigo. 

Exemplos reais

Agora vamos passar a falar de exemplos mais concretos.


m
a - Uma mulher belga, de 24 anos, viu reconhecido o seu pedido a ser assistida na
r morte, uma vez que sofria de uma depressão profunda há vários anos. Sem
i nenhuma doença física, a mulher vinha a ser tratada há anos em vários hospitais
a
n psiquiátricos e tinha pensamentos suicidas desde os seis anos de idade. A
a autorização para ser ajudada a morrer foi-lhe concedida no Verão de 2015. Este caso
só nos mostra que as doenças que cada pessoa sofre não são somente físicas e que
as doenças psicológicas também matam. 
- A primeira portuguesa a recorrer ao suicídio assistido, na Suíça, tinha 67 anos. Em
l
2009, foi-lhe diagnosticado um cancro terminal, onde o prognóstico era de menos de
a
u um ano de vida. Sem filhos, a viver sozinha, foi a primeira portuguesa a conseguir
r que na Dignitas, a ajudassem a morrer antes que a doença tornasse o seu sofrimento
a insuportável.  
- No entanto o caso que mais rapidamente se associa ao problema da eutanásia é o
c
a
do espanhol Ramón Sampedro, cuja história inspirou o filme Mar Adentro.
r Tetraplégico desde os 25 anos na sequência de um mergulho que correu mal, o
o espanhol viveu 29 anos preso a uma cama porque os sucessivos pedidos para ser
l ajudado a morrer foram-lhe constantemente negados. A 12 de Janeiro de 1998, com
i 55 anos de idade, conseguiu que uma amiga lhe desse a beber uma dose letal
n
a
de cianeto de potássio. A amiga chegou a ser presa e indiciada por homicídio, mas o
tribunal nunca conseguiu provar o seu auxílio à morte de Ramon. Depois de tantos
anos deste caso, apenas em 2021 foi aprovada a eutanásia em Espanha. 

m
- Infelizmente não precisamos de ir à Suíça nem a Espanha para perceber o quão a
a eutanásia é algo ainda tão importante de ser falado e algo extremamente necessário
r como direito. Não necessitamos de sair de Beja para perceber que se esta lei fosse
i aceite, muitas coisas eram diferentes. Ainda há umas semanas, um cidadão de Beja,
a que possuía um cancro, começou a sentir se mal e foi ao medico onde lhe foi
n
a
diagnosticado uma mancha no pulmão. Passados alguns dias tirou a sua própria
vida com um tiro na cabeça e sem saber o que seria aquela mancha. Se a eutanásia
fosse aceite e fosse um direito, o sofrimento daquele homem teria sido escusado e
aquele senhor poderia ter tido uma morte digna assim como a merecia, ele e a sua
família. 
Curiosidades
l Uma das curiosidades mais interessantes sobre este tema é a origem da sua palavra.
a Em grego, eutanásia é, “eu + thanatos”. “Eu” em grego é bom e “thanatos” é morte,
u logo eutanásia seria uma morte boa. Por isso mesmo muitos filósofos da Grécia e
r
a
Roma antigas consideravam o suicídio uma morte boa, como resposta apropriada e
racional a vários males. A maioria dos médicos da Grécia antiga era relutante em
tratar casos ‘incuráveis’, deixando para os pacientes terminais poucas opções que
não a eutanásia. Já nas comunidades pré-celtas e celtas, os filhos matavam os seus
pais quando estes estivessem muito velhos e doentes. Na Índia, doentes incuráveis
eram atirados ao rio. No Egito criaram uma escola cujo objetivo consistia em estudar
formas de morte menos dolorosas. 
c Outra curiosidade, um pouco mais séria, é que o homicídio assistido ainda é crime
a em Portugal, mas há cidadãos a morrer por vontade própria na Suíça. De 2009 a
r 2020, a associação Dignitas ajudou oito pessoas com residência em território
o português a morrer. 
l
A Dignitas é uma associação com sede numa cidade suíça, que tem como lema “viver
m com dignidade, morrer com dignidade” e defende uma “abordagem integrada”
a
r
quanto ao problema do fim da vida, combinando “cuidados paliativos, prevenção do
i suicídio”, além de apoio psicológico, e que pode terminar na morte medicamente
a assistida. Antes de qualquer pessoa pensar em exercer o direito à eutanásia, essa
n mesma deveria ter um apoio psicológico de modo a estar certa de que esta seria a
a decisão mais correta a tomar. 

Livros e Opiniões pessoais

Há diversos livros referentes ao assunto que viemos aqui abordar hoje, sendo um
l
a desses “A Eutanásia não é resposta” um livro de David Cundiff, que vai de encontro a
u uma abordagem da qual eu discordo. Assim como o título nos diz o livro defende
r que a eutanásia não é solução para nada, questionando-se ao logo do mesmo se esta
a é ou não uma opção razoável, e se as dores e o sofrimento de um paciente têm de
ser prolongados a fim de preservar a vida, sem olhar à qualidade da mesma. Para
David Cundiff, o autor do livro, nenhuma dessas situações é necessária. E os
pacientes podem viver os seus últimos dias com um relativo conforto, com o amor e
o apoio da família, dos amigos e dos profissionais de saúde. Desta forma, este é um
livro que mostra como os doentes terminais, em especial os que sofrem de cancro
ou SIDA, podem viver com conforto e dignidade até à morte,  defendendo que o uso
adequado dos medicamentos modernos para a dor podem aliviá-la e impedir o
desespero que solicita a eutanásia. 
Como já referi anteriormente eu não concordo com as ideias defendidas neste livro,
nem com o livro em si, porque a meu ver a Eutanásia devia ser sim legalizada e cada
individuo, dependendo do estado de saúde em que se encontra devia poder tomar a
decisão mais consciente e melhor para ele, podendo decidir se quer proceder à
eutanásia ou não. E, do meu ponto de vista, ao estarmos a penalizar a morte
medicamente assistida estamos a fazer uma escolha por outros, não sabendo o
estado de saúde e mental das outras pessoas, daí ser a favor da legalização da
mesma.
c
Por outro lado, encontramos outro livro, que achamos bastante interessante, tendo
a como título “Eutanásia Descodificada”, de Gilberto Couto. Este trata de duas
r abordagens opostas quanto à eutanásia, onde o autor nos mostra a sua preocupação
o quanto as as opções com que seremos confrontados, quando se está num processo
l de morte sob «sofrimento intolerável». Ao longo do livro è nos feita uma questão
constante: Poderá uma pessoa, nestas circunstâncias, consciente e livremente
escolher ser ajudada a terminar com a sua vida?
O autor então analisa todos os argumentos, a favor ou contra a eutanásia, de um
ponto de vista critico, simples mas não superficial, deixando ao leitor o peso de
formar a sua opinião, já com todas as cartas na mesa. O interessante deste livro é a
capacidade que nos dá para tomar-mos uma opinião consciente, analisando todas as
teorias, sobre o tópico delicado que é a Eutanásia.
Para mim, e de acordo com as minhas crenças morais, acredito, igualmente com a
minha colega Laura, e com certos pontos de vista deste livro, que a Eutanásia deve
ser legalizada, dado que, a meu ver, torná-la ilegal é uma violação dos direitos dos
pacientes, e não significa que este não seja concretizada, mas sim que os doentes
utilizem métodos dolorosos e inseguros para a concretizar. Tendo isto em conta, a
eutanásia deve ser legitimada, permitido que todos, caso assim o entendamos,
tenhamos a opção de terminar-mos a nossa vida, de uma forma segura e tranquila,
dando paz a nós mesmos e aos nossos mais próximos.

Encontramos ainda este outro livro, “Eutanásia, homicídio a pedido da vítima e os


m
a
problemas de compartição em direito penal”, onde está representado uma relação
r entre a eutanásia com o código penal. Para alguém que se interesse com a forma
i como a eutanásia se enquadra numa área mais relacionada com a política e a justiça.
a Na minha opinião, vivendo nós numa sociedade dita livre, e possuindo cada
n individuo a sua liberdade, cada ser humano devia ter a liberdade de poder escolher a
a
sua forma de morrer e esta ser algo seguro e digna, dado que ao viver numa
sociedade livre, tudo o que não afeta o outro, deveria ser permitido. Não é justo
uma pessoa ter de se magoar voluntariamente simplesmente porque o estado acha
que ao legalizar a eutanásia as pessoas vão andar aí a matar-se só porque sim. A meu
ver roça o ridículo, ter um grupo de indivíduos a impedir-me de acabar com a minha
vida da forma que eu quero. Não é por a eutanásia não ser legal que as pessoas não
se matam, estas irão sempre arranjar alguma forma. A eutanásia apenas permite
que as pessoas que acham que chegou o seu tempo, acabem com a sua vida, como
desejam, de uma forma especial, envolvendo quem eles queiram e de uma forma
digna para eles e para os que os rodeiam.

Concluímos assim este trabalho com o objetivo de passar a mensagem que a


legalização da eutanásia não deve ser algo que esteja no poder de escolha do
estado, mas sim de cada individuo. Ao tornar a eutanásia um direito, esta não se
torna obrigatória, só morre medicamente assistido quem quiser. Mas é importante
cada um ter a consciência que tem essa opção, a opção de morrer sem dor,
tranquilamente, partir em paz, com ele e com todos. Por isso a morte de cada
individuo não deve ser um assunto para ser discutido em praça publica, mas sim uma
discussão interna do individuo, para com ele mesmo e para com o seu núcleo
familiar. Cada pessoa deveria ter a possibilidade de escolher onde morrer, quando
morrer e como morrer, no fundo ter o poder de decisão da sua própria vida até ao
fim.

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