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“LUÍS DE CAMÕES”
DEPARTAMENTO DE DIREITO
MESTRADO EM DIREITO
ESPECIALIDADE EM CIÊNCIAS JURÍDICAS
Eutanásia
Fevereiro de 2023
Lisboa
1. TEMA
Eutanásia
2. DELIMITAÇÃO
O direito de morrer com dignidade e os diferentes tipos de eutanásia.
4.OBJETIVOS
4.1. Objetivo geral
Pretendo analisar as diferentes perspetivas em relação a eutanásia e se estas põem em causa o
artigo 24º da CRP.
2
5. JUSTIFICAÇÃO
Ao longo dos anos, este tema gerou inúmeras discussões nos campos da ética, religião,
medicina e questões jurídicas. Pode ser entendido como um ato benevolente de um médico, para
permitir que um paciente morra pacificamente sem sofrimento, ou visto, por outros como uma
reversão de seus objetivos. Portanto, é uma questão de consciência moral, que não pode ser
considerada correta ou incorreta, estes juízos de valor dependem do sentido e pensamento ético e
moral de cada pessoa. Por outro lado, este é um tema polêmico, e esta prática só é permitida em
alguns países, com muitas restrições/condições e políticas específicas.
A Eutanásia é um tema, que pode ser considerado correto ou errada e irá sempre gerar debates, pois
depende do que cada pessoa considera ser a morte. A cultura e religião são fatores que influenciam
bastante a opinião do ser humano. As diferentes opiniões dependem destes fatores mencionados, para
além da experiência estética e consciência ética de cada um.
Em suma, apesar do misto de sentimentos contraditórios que o tema possa causar ou as vertentes
pelas quais possa ser analisado, através da crítica da faculdade do julgar de cada indivíduo, o mais
importante a salientar são os intervenientes no processo, o paciente e a entidade médica, e de que estes
devem estar cientes das suas ações e das consequências dos seus atos uma vez que a situação se pode
tornar irreversível.
3
6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No seculo XVII é proposto pela primeira vez por Francis Bacon na sua obra “Tratado da
vida e da morte” o termo eutanásia, alguns autores que se posicionaram a favor da eutanásia David
Hume (On suicide), Karl Marx (Medical Euthanasia) e Schopenhauer. No entanto, há outros
autores que defendem que a eutanásia apareceu anteriormente, onde Platão nos seus textos já
mencionava a eutanásia em palavras como “deixar morrer” e “matar”. Em esparta por exemplo
obrigavam que lançassem os recém-nascidos do alto do monte Taígeto, na cultura birmanesa, os
idosos e os doentes graves eram enterrados vivos nas populações nómadas sul-americanas1.
Na Índia antiga, quando surgem as crises da fome, as pessoas que eram consideradas
inúteis tapavam a boca e o nariz com barro e depois eram lançadas ao Rio Ganges. O próprio
imperador, Júlio César, determinou que os gladiadores feridos gravemente fossem mortos de
forma a não estender mais o sofrimento.
A eutanásia na antiguidade era vista como uma espécie de resolução para os “problemas”
da sociedade, ou seja, não existia tanto a valorização da vida humana e sim do que era conveniente
para a vida económica e financeira2.
Atualmente existem apenas quatro países, todos europeus, que regulam algum tipo de
eutanásia ativa ou suicídio assistido sendo eles Holanda, Bélgica, Suíça e Luxemburgo. Ressalte-
se que o estado do Oregon, nos Estados Unidos, também o fez. Embora com soluções legais
diferentes, em vários países onde é praticada a morte assistida, o sofrimento intolerável do doente
e o seu grau de consciência para tomar essa decisão são condições essenciais para a prática.
A palavra Eutanásia é derivada do grego e consiste em "eu" (bom) e "thanatos" (morte).
Esta significa "boa morte”3 uma morte pacífica sem dor, se entende, de um modo geral, a
1
Raimundo, Ângela Oliveira Narciso – O direito a uma boa morte: a procura de uma justifica o para a n o punibilidade
da eutanásia ativa direta. Coimbra: Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, 2014. 19-23f. Disserta o de Mestrado
em Ciências Jurídicas Forenses.
2
Roxin, Claus – “A Apreciação Jurídico-Penal da Eutanásia”, Revista Brasileira de Ciência Criminal, vol. 32, 2000, p. 01.
3
Brito, António José dos Santos Lopes de; RIJO, José Manuel Subtil Lopes – Estudo Jurídico da Eutanásia em Portugal.
Direito sobre a Vida ou Direito de Viver? Coimbra: Almedina, 2000, p. 25.
4
“provocação da morte de uma pessoa numa fase terminal da vida para evitar o sofrimento
inerente a uma doença ou a um estado de degenerescência”. É a provocação intencional da morte.
Atualmente existem apenas quatro países, todos europeus, que regulam algum tipo de
eutanásia ativa ou suicídio assistido sendo eles Holanda, Bélgica, Suíça e Luxemburgo. Ressalte-
se que o estado do Oregon, nos Estados Unidos, também o fez. A morte medicamente assistida foi
despenalizada em cinco países europeus Holanda, Bélgica, Suíça, Luxemburgo e Espanha, com
modelos diferentes.
Os primeiros países a despenalizar a morte medicamente assistida foram a Holanda e a
Bélgica em 2002 e o mais recente foi a Espanha em 2021.A eutanásia não defende a morte, mas a
escolha da morte por quem a concebe como a melhor opção. Portanto, a escolha da morte não
pode ser irrefletida. As componentes biológicas, sociais, culturais, económicas e psicológicas têm
de ser avaliadas, contextualizadas e pensadas, de forma a assegurar a verdadeira autonomia do
indivíduo que, atesta a impossibilidade do arrependimento. Contra a eutanásia há razões de ordem
religiosa, ética, política e social. No ponto de vista religioso, a eutanásia é uma apropriação do
direito à vida humana, que só a deus pertence. Na visão da ética médica4, há quem ponha em causa
o juramento de Hipócrates, que vincula os profissionais de saúde ao respeito pela vida do paciente.
1. Eutanásia ativa provoca a morte a outro por a o, 4 implica a utilização ativa de processos que
visam diretamente levar morte da pessoa por exemplo, injeção letal.
2. Eutanásia passiva, a morte do doente ocorre por falta de recursos necessários para manter o
funcionamento dos órgãos vitais por exemplo, interromper cuidados médicos necessários para a
pessoa continuar viva.
Eutanásia ativa direta5: “efetiva antecipação do momento da morte natural por administração de
fármaco ou conjunto de fármacos letais, em satisfação de um pedido voluntário”.
A palavra Ortotanásia significa “morte natural”. Significa assim que o paciente deixa de utilizar
os equipamentos e medicamentos que o fazem continuar vivo, sendo visto assim como uma morte
natural e deixando a doença seguir seu curso normal, sendo apenas recebido suporte paliativo por
exemplo um doente em estado vegetativo, não havendo tendência para que recupere.
4
SOUSA Dias, A. (2018, fevereiro 14). A eutanásia não é um ato médico. Pode ser um direito de cidadania,
mas sem médicos. Entrevista à DN/TSF. > Pinto da Silva. A. (2007).
5
Silva, Miguel Oliveira da, – Eutan sia, Suic dio Ajudado, Barrigas de Aluguer: Para um debate de Cidad os, Editorial
Caminho, 2017, p. 92.
5
A ortotanásia é uma forma de eutanásia passiva6 pois não existe ato que provoque a morte, mas
também não existe nada que impeça de morrer, como é o caso da distanásia que é caracterizada como o
contrário da eutanásia, pois implica o ato de prolongar ao máximo a vida de uma pessoa com uma doença
incurável é vista como uma forma dolorosa e lenta de morrer ao contrário da eutanásia que é vista como
uma “boa forma de morrer”, tal como já foi mencionado anteriormente.
Independente do comportamento que o indivíduo tenha perante a sociedade terá sempre direito a
dignidade humana7 a Constituição da República Portuguesa protege e enuncia os direitos fundamentais de
todo o cidadão. Se formos a ver, a título explicativo, temos consagrada na nossa Constituição, no artigo
24 no 2, a inexistência da pena de morte e no artigo 33 e artigo 6, a proibição da extradição nos casos em
que resulte lesão irreversível da integridade física ou a pena de morte.
A Eutanásia é um tema, que pode ser considerado correto ou errada e irá sempre gerar debates, pois
depende do que cada pessoa considera ser a morte. A cultura e religião são fatores que influenciam
bastante a opinião do ser humano. As diferentes opiniões dependem destes fatores mencionados, para
além da experiência estética e consciência ética de cada um.
6
Januário, Rui; Figueira, Andr – O crime de Homic dio a Pedido. Eutan sia. Direito a Morrer ou Dever de Viver. Lisboa:
Quid Juris, 2009, p. 61
7
Januário, Rui; Figeuira, André – O crime de Homicídio a Pedido. Eutanásia. Direito a Morrer ou Dever de Viver. Lisboa:
Quid Juris, 2009, p. 237.),
6
7. METODOLOGIA
9. CRONOGRAMA
7
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
1.1- Termo e Conceito da eutanásia
1.2- Tipos de eutanásia
1.3- Eutanásia e suicídio assistido
CAPÍTULO II
2- Referências Históricas
CAPÍTULO III
3- Eutanásia no mundo
3.1- A Eutanásia na Alemanha
3.2- Eutanásia na Holanda e na Bélgica
3.3- Eutanásia no Brasil
3.4- Eutanásia em Portugal
4- Conclusão
5- Bibliografia
11.Fontes
Termination of Life Request and Assisted Suicide (Review Procedures) Act. Disponível
em:
https://wfrtds.org/dutch-law-on-termination-of-life-on-request-and-assisted- suicide-complete-
text/
Lei 25/2012, de 16 de julho
• Decreto-Lei n.o 48/95, de 15 de Março
• Regulamento n.o 14/2009, de 13 de Janeiro
• Decreto de 10 de Abril de 1976
• Declaração Universal dos Direitos do Homem
• Lei n.o 16/2011, de 22 de Junho
• “Lei dos Direitos dos Pacientes Terminais” (“Rights of the Terminally III Act
1995”) em https://www.legislation.gov.au/
12.Bibliografia
ALMEIDA, C. M. (2020). A Eutanásia. Portugal: Newsletter da Cirurgia C. Disponivel
em: https://ordemdosmedicos.pt/a-eutanasia/;
ASCENSÃO, José de Oliveira, Direito Civil Teoria Geral, VOL. I, 2-ª Edição, Coimbra
Editora, 2000;
9
BRITO, António José dos Santos Lopes de; RIJO, José Manuel Subtil Lopes. Estudo
Jurídico da Eutanásia em Portugal. Direito sobre a Vida ou Direito de Viver? Coimbra: Almedina,
2000, p. 25;
BRITO, Teresa Quintela, Direito Penal, Parte Especial: Lições Estudos e casos, Coimbra
Editora, 2007;
CAMPOS, Diogo Leite de; BARBAS, Stela. O Início da Pessoa Humana e da Pessoa
Jurídica. Disponível em: https://portal.oa.pt/upl/%7B0792df85-aaaa-47db-a7ec-c3bb7a4f2b6c
%7D.pdf.
FARIA, Rui, Coordenação de Luís Archer, Jorge Biscaia e Walter Osswald, Bioética,
Verbo, 1996.
KOVÁCS, M. J. (2003). Bioética nas questões da vida e da morte. São Paulo. Disponível
em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 65642003000200008;
10
NETO, Abílio, Código Civil Anotado, 20.ª Edição Actualizada, Ediforum, 2018.
RAIMUNDO, Ângela Oliveira Narciso – O direito a uma boa morte: a procura de uma
justificação para a não punibilidade da eutanásia ativa direta. Coimbra: Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra, 2014. P. 19 - 23. Dissertação de Mestrado em Ciências Jurídicas
Forenses;
SEMEDO, João. Morrer com dignidade: a decisão de cada um. Contraponto, 1ª Edição,
Maio de 2018,
SERRÃO, Daniel, Coordenação de Luís Archer, Jorge Biscaia e Walter Osswald, Bioética,
Verbo, 1996
SILVA, Miguel Oliveira da, – Eutanásia, Suicídio Ajudado, Barrigas de Aluguer: Para
um debate de Cidadãos. Editorial Caminho, 2017, p. 92;
SOUSA Dias, A. (2018, fevereiro 14). A eutanásia não é um ato médico. Pode ser um
direito de cidadania, mas sem médicos. Entrevista à DN/TSF. > Pinto da Silva. A. (2007).
SOUSA, Rabindranath Capelo de Teoria Geral do Direito Civil, VOL. I, Coimbra Editora,
VOL. I, 2003
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