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VIDA OU MORTE

Os argumentos pró e contra sobre o direito de morrer por aqueles que convivem com a iminência do fim.

Questão que envolve ética e moral: Você é capaz de ser contra a eutanásia e, ao mesmo tempo, respeitar a liberdade e o
desejo de morrer de alguém que sofre de um mal incurável?

Grupo 01: Posição favorável

Grupo 02: Assumirão posição contrária.

Atividade- Uso de argumentos( mínimo 5):

Referir-se a ideias de um especialista no assunto

Exemplificar fatos ocorridos que se relacionem diretamente com a questão colocada

Apresentar provas

Valer-se de valores éticos e morais envolvidos

Explicitar a relação de causa e consequência.

A eutanásia

A eutanásia é justamente um destes temas polêmicos que envolvem o direito à vida e gera uma série de
posicionamentos. Afinal, é crime ou não?

As implicações jurídicas em torno da vida humana são inúmeras e, por tais razões, debates com posicionamentos
divergentes a respeito da vida e das garantias fundamentais previstas na Constituição Federal de 1988 não deixam de
existir.

Certo é que os debates que giram em torno do conceito e preservação da vida não são simples e muitas vezes devem
ser observados sob o olhar técnico de outras áreas, como a medicina.

Não são raros os casos em que a dignidade humana se confronta diretamente com o direito à vida, principalmente nas
situações de doenças que não têm cura e há muito sofrimento ao paciente. Nestas situações, há o direito de exercer a
eutanásia?

Diante da importância e complexidade do tema, iremos abordar um pouco mais sobre a eutanásia. Confira!

O que é eutanásia?

Eutanásia pode ser conceituada como o ato de antecipar a morte de alguém, de forma indolor, para extinguir o
sofrimento oriundo de uma doença incurável que causa muita dor à pessoa acometida.
Geralmente é proporcionada por um profissional da saúde e a pedido expresso e inequívoco do paciente em
sofrimento.

O termo nasceu em meados do século XVII a partir de estudos do filósofo inglês Francis Bacon que, em sua obra
“Historia vitae et mortis” (1623), prescreveu a eutanásia como tratamento de doenças incuráveis.

Em linhas gerais, a eutanásia é a morte humanizada de alguém em árduo sofrimento, de modo que mantê-la viva não
é minimamente digno para um ser humano. A pessoa não vive e não realiza quaisquer atos da vida, sendo a eutanásia
uma alternativa de tratamento quando não há mais o que se fazer e não há perspectiva de melhora.

Eutanásia é crime?

O que a lei diz sobre a eutanásia no Brasil

Os debates sobre a eutanásia giram em torno dos aspectos legais, medicinais e religiosos.

Segundo o Código Penal, a eutanásia configura crime de homicídio privilegiado, nos termos do §1º, do art. 121,
vejamos:

Art. 121. Matar alguém:

Pena – reclusão, de seis a vinte anos.

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço

A prática do ato, então, é considerada juridicamente crime, com redução de pena.

Penalização

A pena pelo cometimento do crime de homicídio varia de seis a vinte anos de reclusão.

Na hipótese de eutanásia, poderá haver diminuição de ⅙ a ⅓ da pena.

Existem exceções?

A eutanásia pode ser classificada em duas espécies: Eutanásia e Ortotanásia. Uma delas é considerada crime, a outra
não.

Entenda a diferença a seguir!

Eutanásia X Ortotanásia

Conforme dissemos, a eutanásia pode ser definida como o ato de propiciar a “morte boa” do paciente acometido por
doença incurável que traz muito sofrimento, a fim de que tal sofrimento seja extinto, considerando a dignidade da
pessoa humana.
O ato de propiciar a morte do paciente que está em constante e severa fase de sofrimento, diante da irreparabilidade
do estágio da doença, assim como diante da impossibilidade de ocorrer a cura é a chamada eutanásia ativa.

Segundo Marcelo Novelino, a eutanásia é a:

“ação médica intencional de apressar ou provocar a morte – com exclusiva finalidade benevolente – de pessoa que se
encontra em situação considerada irreversível e incurável, consoante os padrões médicos vigentes, e que padeça de
intensos sofrimentos físicos e psíquicos”. Esta pode ser: voluntária, quando consentimento é manifestado
expressamente; não voluntária, quando feita sem conhecimento da vontade do paciente; ou involuntária, quando
realizada contra a vontade do paciente, sendo esta a única hipótese em que há um consenso acerca do caráter
criminoso da conduta. […]”

Por sua vez, a eutanásia passiva é chamada de ortotanásia, a qual trata-se da implementação de medidas paliativas
para tratamento do paciente com doença incurável, de modo que se possam aliviar a dor e o sofrimento deste sujeito,
mesmo que isso signifique diminuir o tempo de vida.

Ou seja, na ortotanásia, há adoção de medidas pelos profissionais da saúde para o fim de amenizar o sofrimento do
paciente em estado terminal, mesmo que ocorra a redução do tempo de vida. Não há intervenção médica para
propiciar a “morte boa”, apenas para paralisar o tratamento, focando na extinção da dor.

É um processo de humanização e aceitação da morte, em outras palavras.

Por tal razão, o próprio Conselho Federal de Medicina editou a Resolução 1805/2006, considerando ausência de lei
sobre a ortotanásia, tornando facultativo aos médicos a realização da ortotanásia mediante solicitação dos familiares.

Neste sentido, confira a Resolução:

“Art. 1º É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente
em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal.

§ 1º O médico tem a obrigação de esclarecer ao doente ou a seu representante legal as modalidades terapêuticas
adequadas para cada situação.

§ 2º A decisão referida no caput deve ser fundamentada e registrada no prontuário.

§ 3º É assegurado ao doente ou a seu representante legal o direito de solicitar uma segunda opinião médica.

Art. 2º O doente continuará a receber todos os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento,
assegurada a assistência integral, o conforto físico, psíquico, social e espiritual, inclusive assegurando-lhe o direito da
alta hospitalar.”

Dessa forma, nota-se que é desumano e contra os princípios fundamentais previstos na Constituição Federal, insistir
no tratamento ineficaz, causando dor e sofrimento ao paciente e aos familiares.

Outros países e a eutanásia


Os países Holanda, Suíça, Bélgica, Uruguai, Luxemburgo e o mais recentemente, Espanha, regularizam a eutanásia
mediante permissão por lei.

Para tais países, a humanização da morte é um ato de dignidade, que deve ser priorizado a qualquer sujeito que esteja
em sofrimento em razão de uma doença incurável.

Não há, para os legisladores dos respectivos países, nada mais digno do que propiciar uma morte tranquila ao
paciente em sofrimento.

Argumentos a favor da legalização da eutanásia

No Brasil, a eutanásia, apesar de não ser tipificada como crime, se encaixa como homicídio privilegiado, de acordo
com o parágrafo primeiro, do artigo 121, do Código Penal Brasileiro.

No entanto, os argumentos favoráveis à legalização da eutanásia partem dos próprios profissionais da saúde, que
dizem respeito à autonomia do paciente em sofrimento decidir pela morte como forma de acabar com tanta dor.

Na impossibilidade do próprio paciente manifestar tal desejo, os familiares ou representantes legais poderiam
representá-lo, já que a família também suporta o sofrimento junto ao paciente em estado terminal.

Outro aspecto favorável à legalização é a dignidade humana.

Segundo a Constituição Federal de 1988, todos têm direito a uma vida digna.

No entanto, um paciente em estado terminal, cuja doença não tem cura e sequer há possibilidades de regressão, não
há que se pensar em dignidade humana, muito pelo contrário.

Argumentos contra a eutanásia

Os argumentos contra a eutanásia são basicamente relativos ao conceito de vida e aspectos religiosos, pois existem
crenças religiosas que não admitem qualquer forma de ceifar uma vida, mesmo quando fala-se em sofrimento.

Conforme mencionado anteriormente, a eutanásia não é crime, mas pode se encaixar como homicídio privilegiado ou
até mesmo instigação ao suicídio, quando alguém age a pedidos do paciente doente.

No aspecto religioso, entende-se pelo cometimento de assassinato promover a morte do paciente em estado terminal,
o que seria uma espécie de autorização do homicídio, crime expressamente tipificado na lei brasileira.

De outro lado, existe o entendimento de que o paciente acometido da doença incurável, suportando dor e sofrimento,
estaria abalado e, consequentemente, sem condições de tomar uma decisão. Ou seja, poderia ser uma decisão tomada
por alguém incapaz, em tese.

Este argumento reforça a intervenção sobre a autonomia do próprio paciente decidir sobre a vida dele mesmo, o que é
um dos argumentos reforçados por médicos em prol da legalização.

E por fim, outro ponto contrário à legalização é inerente à responsabilidade ética dos médicos e demais profissionais
da saúde que deveriam priorizar e lutar pela vida do paciente em qualquer situação.

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