Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A eutanásia é um tema complexo e controverso que envolve questões éticas, legais e morais.
É uma prática que consiste em acabar com a vida de uma pessoa que sofre de uma doença
incurável ou de uma condição terminal, com o objetivo de evitar o sofrimento prolongado e
insuportável. Embora seja ilegal em muitos países, a eutanásia tem sido objeto de debates
acalorados em todo o mundo, com argumentos que vão desde a autonomia individual até a
dignidade humana. Neste trabalho, iremos explorar os diferentes tipos de eutanásia, os
argumentos a favor e contra essa prática, bem como os desafios éticos e legais associados à
sua implementação.
Objetivo Geral:
Analisar a eutanásia como tema complexo e controverso, com base em diferentes
perspectivas e aspectos éticos, legais e sociais.
Objetivos Específicos:
1.Identificar e descrever as principais práticas e modalidades de eutanásia
2.Analisar os principais argumentos sobre eutanásia, incluindo aspectos éticos, religiosos,
filosóficos e legais.
Eutanásia
A eutanásia é um termo muito conhecido e divulgado em ramos da Ciência, da Religião, do
Direito, da Bioética, entre outros. Entretanto, seu significado e sua terminologia podem
apresentar divergências entre os profissionais. Por isso, é necessário discutir acerca dessas
situações para restringir qualquer dúvida sobre o tema.
O que é eutanásia?
Segundo Silva, a eutanásia ganhou destaque nos últimos anos. Entretanto, há de se averiguar
seus vários significados encontrados atualmente no mundo contemporâneo:
Sentido etimológico: boa morte, sem dor;
Luta contra o sofrimento, a qualquer preço;
Supressão da vida de um doente a pedido dele próprio, ou dos familiares, ou dos próprios
profissionais da medicina;
Decisão de abster de meios extraordinários, considerados ‘despropositados’ na fase terminal,
e vistos como obstinação terapêutica;
Direito à própria morte, com o significado de morte apropriada, que outros chamam de morte
digna (SILVA, 2007, p.5-6).
Assim sendo, a eutanásia é abreviar a dor e o sofrimento daquele que sofre de uma patologia
incurável, ou seja, sem perspectiva de cura, e que não tem mais expectativa de viver.
Além desses sentidos apresentados acima, a eutanásia se divide quanto ao ato praticado e
quanto ao consentimento.
Quanto ao ato
Eutanásia, quanto ao ato, está relacionada à atividade do agente que pratica a ação. Pode ser o
médico, o enfermeiro ou alguém próximo ao doente, como familiares e amigos. Há três
formas de eutanásia: ativa, passiva e de duplo efeito:
Ativa
A eutanásia ativa é quando uma pessoa (consciente) age de propósito para ceifar a vida do
que sofre de uma doença incurável, em razão de compaixão e dignidade, para diminuir o
sofrimento do enfermo (SIQUEIRA; SCHRAMM, 2005).
Passiva
Eutanásia passiva (ortotanásia ou distanásia) é o "deixar morrer", ou seja, é uma omissão
intencional de profissionais em situação na qual, se houvesse intervenção, salvar-se-ia a vida
do enfermo (SIQUEIRA; SCHRAMM, 2005).
Nesses casos, ocorre a omissão de socorro, crime previsto no Código Penal brasileiro em seus
artigos 133 e 134, denominado de omissão imprópria, pois o agente tinha o dever de cuidado.
Sendo assim, ele responde pelo resultado ocorrido (BRASIL, 1940).
Duplo efeito
É aquela que se usa para acelerar a morte do paciente por meio de procedimentos médicos
que buscam o alívio para o enfermo, por exemplo, ministração de morfina para administração
da agonia, ocasionando, posteriormente, stress respiratório e óbito (SIQUEIRA; SCHRAMM,
2005).
Quanto ao consentimento
A eutanásia, quanto ao consentimento, liga-se ao que o paciente "quer", ou seja, é a opinião
do paciente sobre a possibilidade de sua morte. Pode ser voluntária, involuntária e não-
voluntária.
Voluntária
Eutanásia voluntária é aquela que ocorre a pedido do paciente terminal, ou seja, o enfermo
pede a ajuda de um ser humano para praticar o ato da eutanásia. Enfim, é expor o seu desejo
de querer morrer (SIQUEIRA; SCHRAMM, 2005).
Involuntária
A eutanásia involuntária é aquela proferida sem o consentimento ou a vontade do enfermo.
Esse tipo de ato, sem a licença, é considerado homicídio, de acordo com o Código Penal
brasileiro de 1940, em seu art. 121 (matar alguém)
(SIQUEIRA; SCHRAMM, 2005). Portanto, a eutanásia involuntária ocorre quando o
paciente está em situação em que não pode responder pelos seus atos, mas, se estivesse em
condições, teria optado pela sua morte.
Não-voluntária
Eutanásia não-voluntária ocorre quando não se conhece em hipótese nenhuma a vontade do
agente (SIQUEIRA; SCHRAMM, 2005). Enfim, o enfermo está em estado súbito de
inconsciência.
Eutanásia no cristianismo
Com a difusão do Cristianismo, renovou-se a mentalidade. Ao seguir-se a máxima do
mandamento divino “não matarás”, ninguém pode permitir que um ser humano inocente seja
morto, mesmo que esse alguém esteja a sofrer de uma doença incurável. Ou seja, o
cristianismo trouxe a ideia segundo a qual o sofrimento é redentor e purificador, donde
emergiu o princípio da santidade da vida. Assim, a existência humana tem valor absoluto, é
inviolável e deve ser preservada até nas situações de extremo sofrimento.
Segundo o cristianismo, só Deus é criador e senhor único de cada vida humana. O Concílio
Vaticano II confirmou, solenemente, a dignidade da pessoa humana e o seu direito à vida,
condenando os crimes contra a vida: “homicídios de qualquer espécie, genocídios, abortos,
eutanásia e o suicido deliberado”. Ainda neste Concílio é afirmado que eutanásia se ―opõe à
própria vida e viola a integridade da pessoa humana‖, ou seja, esta Constituição Pastoral
designa que tudo que se oponha à vida,
como a eutanásia, é efectivamente uma infâmia.
O respeito pela vida humana é considerado um dos alicerces da sociedade. A consideração, o
respeito, o apreço pela vida, na óptica da igreja, é, antes de mais, acreditar na existência de
Deus, um Deus amoroso Criador, Autor da Vida.
A análise que pode ser feita é que, de acordo com o cristianismo, ninguém pode atentar
contra a vida. Quem o fizer está a opor-se ao amor de Deus, cometendo um crime grave.
Deus dá a vida e só Ele pode tirá-la.
O cristão tem o dever de se conformar aos desígnios de Deus, ou seja, de acordo com a
doutrina cristã, a dor física é um elemento obrigatório da condição humana.
A Igreja Católica também se opõe à eutanásia porque acredita que a morte não pode ser
considerada uma solução para o sofrimento humano. Em vez disso, a Igreja Católica promove
a assistência médica e a assistência espiritual aos doentes e moribundos, a fim de aliviar sua
dor e sofrimento, e ajudá-los a viver suas vidas até o fim.
A Igreja Católica acredita que a eutanásia é uma questão de justiça e misericórdia, e que a
vida humana deve ser protegida e valorizada em todas as circunstâncias, independentemente
da idade, da saúde, do status social ou econômico da pessoa. A Igreja Católica incentiva seus
fiéis a cuidar dos doentes e dos moribundos com amor e compaixão, a fim de aliviar seu
sofrimento e promover sua dignidade como filhos de Deus.
Eutanásia no islamismo
O Islão opõe-se à eutanásia e ao suicídio assistido. O Alcorão e a Suna, textos fundamentais
da doutrina islâmica, não abordam de forma específica a questão da eutanásia. No entanto, de
acordo com a lei islâmica, Alá é o criador da vida. Assim, as pessoas não são donas da sua
vida, nem têm o direito de com ela terminar ou de solicitar a alguém que o faça. Para os
muçulmanos, a vida é sagrada, na medida em que Deus está na sua origem e determina o seu
destino: ―Deus faz viver e morrer (3:156); ―Ninguém morre a não ser com permissão de
Deus. É um contrato a prazo fixo (3:145).
A posição do Islã sobre a eutanásia é complexa e varia de acordo com as diferentes escolas de
pensamento islâmico. No entanto, em geral, a maioria das autoridades islâmicas é contrária à
eutanásia e a considera uma forma de suicídio assistido.
Segundo o Islã, a vida humana é um presente de Deus e, como tal, deve ser protegida e
preservada. A eutanásia é considerada uma violação do direito à vida e um ato contrário aos
princípios islâmicos de justiça e compaixão.
No entanto, alguns estudiosos islâmicos argumentam que a eutanásia pode ser permitida em
circunstâncias extremas, como quando o paciente está sofrendo de dor insuportável e
incurável e a morte é inevitável. Nesses casos, a eutanásia pode ser considerada como uma
forma de aliviar o sofrimento do paciente, desde que seja feita de acordo com os princípios
éticos e legais islâmicos.
Em geral, o judaísmo considera a vida humana como um valor supremo e sagrado, que deve
ser preservado e protegido. A vida é vista como um presente de Deus, e cabe aos seres
humanos cuidar e proteger essa vida, mesmo em circunstâncias difíceis e dolorosas. Nesse
sentido, a eutanásia é considerada um ato que viola a santidade da vida e, portanto, é
geralmente proibida.
No entanto, o judaísmo também reconhece que existem situações em que o sofrimento e a dor
são insuportáveis e que a vida pode se tornar uma carga insuportável para o indivíduo. Nesses
casos, a questão da eutanásia é vista como uma questão de ética médica e moral, e cada
situação deve ser avaliada individualmente. Algumas correntes do judaísm permitem a
suspensão de tratamentos médicos que apenas prolongam o sofrimento do paciente, enquanto
outras correntes permitem a administração de medicamentos que aliviam a dor e o sofrimento
do paciente, mesmo que isso possa acelerar sua morte.
De acordo com a tradição judaica, a decisão sobre a eutanásia deve ser tomada por um rabino,
que avaliará a situação de acordo com os ensinamentos da Torá e do Talmud. No entanto, a
decisão final cabe ao indivíduo ou à sua família, que deve agir de acordo com sua própria
consciência e crenças religiosas.
Em resumo, embora a eutanásia não seja uma prática comum na tradição africana, existem
crenças e práticas que podem ser relacionadas à ideia de alívio do sofrimento em casos
terminais. No entanto, a eutanásia intencional ou ativa é geralmente considerada antiética
devido à visão da vida como um dom sagrado que não deve ser interrompido.
A tradição moçambicana é caracterizada por uma forte valorização da vida e da solidariedade
com os mais fracos e vulneráveis da sociedade. A eutanásia é geralmente vista como uma
prática contrária aos valores tradicionais e culturais de Moçambique.
Na tradição moçambicana, a vida é vista como um dom divino e sagrado que deve ser
protegido e valorizado. A morte é considerada uma transição para outro estado de existência
e não como um fim em si mesmo. A dignidade e o respeito pela vida humana são valores
centrais da cultura moçambicana e, como tal, a eutanásia é vista como uma ação contrária a
esses valores.
Em geral, a legislação moçambicana não permite a eutanásia e, por enquanto, essa prática
continua sendo ilegal no país. No entanto, é importante continuar a discussão sobre essa
questão e considerar as opiniões e valores de diferentes setores da sociedade ao decidir sobre
a legalização ou não da eutanásia em Moçambique.
A eutanásia, ou seja, a prática de pôr fim à vida de uma pessoa para aliviar o seu sofrimento,
não é regulamentada na Lei do Trabalho em Moçambique. A Lei do Trabalho regula as
relações laborais entre empregadores e trabalhadores, bem como as condições de trabalho,
direitos e deveres de ambas as partes.
Embora a eutanásia não seja mencionada na Lei do Trabalho, existem outras leis e
regulamentos em Moçambique que regulamentam a prática médica, incluindo a ética médica.
O Código de Ética Médica de Moçambique estabelece que é dever do médico respeitar a vida
humana desde a sua concepção até a morte natural, e que não é permitido aos médicos
praticar a eutanásia.
Referências bibliográficas
MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, Imprensa nacional, 2018,
Maputo.
GOLDIM, J. R.Breve Histórico da Eutanásia.Núcleo Internacional de Bioética. 2000.
SILVA, A. P. Eutanásia: prós e contras de uma legalização em Portugal. 2007. 153f.
Dissertação (Mestrado em Medicina Legal) - Universidade do Porto, Portugal, 2007.
SIQUEIRA-BATISTA, R.; SCHRAMM, F. R. Conversações sobre a “boa morte”: o debate
bioético acerca da eutanásia. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, n.
56 21, p. 111-119, 2005.