Você está na página 1de 17

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA – UFJF

O MÉDICO DIANTE DA DOR E DA


MORTE, EUTANÁSIA, DISTANÁSIA,
ORTOTANÁSIA

GRUPO “ H ”

Anderson da Silva Sarmento

Carolina Rocha de Faria

Karin Aviles Cruz de Mendes

Lis Vera Calderon

Rafael Melo

JUIZ DE FORA – MG

MAIO/2011

1
A missão tradicional do médico é aliviar o sofrimento humano; se puder curar,
cura; se não puder curar, alivia; se não puder aliviar, consola.

Ao pensar na morte, seja a simples idéia da própria morte ou a expectativa


mais do que certa de morrer um dia, seja a idéia estimulada pela morte de um
ente querido ou mesmo de alguém desconhecido, o ser humano maduro
normalmente é tomado por sentimentos e reflexões.

Esses pensamentos, ou melhor, os sentimentos determinados por esses


pensamentos variam muito entre as diferentes pessoas, também variam muito
entre diferentes momentos de uma mesma pessoa. Podem ser sentimentos
confusos e dolorosos, serenos e plácidos, raivosos e rancorosos, racionais e
lógicos, e assim por diante. 

A dor e a morte pertencem à singularidade e necessidade da condição


humana "A dor é um mistério que atormenta" e a "morte é o preço da vida".
Ambas realidades acompanham necessariamente a vida humana. Onde esta
surge, carrega consigo as duas companheiras inseparáveis: dor e morte.
Como substantivos a dor e morte são únicas, inconfundíveis. Como adjetivos,
elas se multiplicam indefinidamente. Uns adjetivos afetam a natureza humana
enquanto corpo, alma, espírito, cultura. Outros traduzem qualidades positivas
ou negativas da existência humana. Dor e morte injustas, revoltadas, aceitas,
redentoras, inúteis, etc.

1. HISTORIA
A discussão a cerca dos valores sociais, culturais e religiosos envolvidos na
questão da eutanásia vem desde a antiguedade:

Índia: os incuráveis eram jogados no rio Ganges, suas narinas e a boca


obstruídas com a lama sagrada.

Esparta: RN deformados/anciãos eram arremessados do alto do monte Taijeto

Grécia: Platão, Sócrates e Epicuro defendiam a idéia de que o sofrimento


resultante de uma doença dolorosa justificava o suicídio.

2
Aristóteles, Pitágoras e Hipócrates, ao contrário, condenavam o suicídio.

Egito: Cleópatra VII (69aC-30aC) criou uma "Academia" para estudar formas
de morte menos dolorosas.

Atenas: Senado tinha o poder de decidir sobre a eliminação dos velhos e


incuráveis – conium maculatum

O Polegar para baixo dos Césares era autorização à morte, permitindo aos
gladiadores feridos evitar a agonia e o ultraje.

Fávero: “Os nossos índios ainda abandonam à sorte os filhos enfermos e


incuráveis.” 

NO SECULO XX, esta discussão teve um de seus momentos mais acalorados


entre as décadas de 20 e 40. Foi enorme o número de exemplos de relatos de
situações que foram caracterizadas como eutanásia, pela imprensa leiga.

O movimento pró-eutanásia surgiu na Inglaterra, por volta de 1900, com base


nas teorias de Charles Darwin de que os fracos devem morrer e de que só os
mais fortes são dignos de viver.

Alemanha (1922) muito antes de o nazismo começar seu avanço, o jurista Karl
Binding e o psiquiatra Alfred Hoche escreveram Legalizando a Destruição da
Vida Sem Valor: eutanásia para os deficientes físicos e mentais.

Na Europa - eutanásia associando-a com eugenia (1939 – Programa nazista de


eutanásia – código Aktion T4). Nestes casos, a eutanásia era, na realidade,
um instrumento de "higienização social", com a finalidade de buscar a perfeição
ou o aprimoramento de uma "raça", nada tendo a ver com compaixão, piedade
ou direito para terminar com a própria vida.

Em 1972, o Dr. Philip Handler, presidente da Academia Nacional de Ciências


dos EUA, declarou que já era hora de o governo elaborar uma política nacional
para eliminar os recém-nascidos defeituosos.

Uruguai (1934) - eutanásia no seu Código Penal, através da possibilidade do


"homicídio piedoso“, esta legislação continua em vigor até o presente.

3
Em 1968, a Associação Mundial de Medicina adotou uma resolução contrária a
eutanásia.

Brasil (1996) - projeto de lei 125/96 no Senado Federal, instituindo a


possibilidade de realização de procedimentos de eutanásia, sua avaliação nas
comissões especializadas não prosperou.

Colômbia (1997) estabeleceu que "ninguém pode ser responsabilizado


criminalmente por tirar a vida de um paciente terminal que tenha dado seu
claro consentimento". Primeiro país sul-americano a constituir um Movimento
de Direito à Morte.

Estado do Oregon (1997), legalizou o suicídio assistido, que foi interpretado


erroneamente, por muitas pessoas e meios de comunicação, como tendo sido
autorizada a prática da eutanásia.

Holanda e Bélgica legalizaram a eutanásia -2002

VATICANO

Eutanásia, é prática contraria o decálogo não matarás. 

(Santo Agostinho in Epístola) "Nunca é lícito matar o outro: ainda que ele o
quisesse, mesmo se ele o pedisse (…) nem é lícito sequer quando o doente já
não estivesse em condições de sobreviver”

PAPA Pio XII 1957 – Empregar apenas os meios ordinários, “Se parecer que a
tentativa de reanimação constitui, na realidade, para a família um ônus tal que
não se lhe possa em consciência impor, pode a família licitamente insistir para
que o médico interrompa as suas tentativas, e o médico pode licitamente
obedecer-lhes”.

Pio XII, 1958 - “é permitido com o consentimento do paciente, o uso moderado


de analgésicos ministrados para diminuir os sofrimentos, ainda que se preveja
que apressem o momento da morte”.

Doutrina do duplo-efeito: “Uma ação com dois efeitos pode ser justificada, se o
efeito benéfico for intencional e o maléfico previsto, mas não procurado.”

4
Declaração do Vaticano sobre a Eutanásia em 1980

“Não se pode impor a ninguém a obrigação de recorrer a uma técnica que,


embora já em uso, representa um risco ou é demasiado onerosa. Recusá-la
não equivale a um suicídio, significa, antes, a aceitação da condição humana,
ou preocupação de evitar adotar um procedimento médico desproporcional aos
resultados que se podem esperar, ou vontade de não impor despesas
demasiado pesadas à família ou à coletividade”.

1.1 DEFINIÇÃO DA MORTE


A morte, o senso comum era parada do coração. Nos anos 60 o conceito foi
modificado, devido constatação do coma, devido reversão da PCR, por meio de
massagem e ventilação pulmonar artificial.

O desenvolvimento tecnológico PROMOVEU uma alteração conceitual sobre o


momento da morte.

Ao Final dos anos 80, a viabilidade dos transplantes rompeu uma barreira
conceitual e introduziu a noção de MORTE ENCEFÁLICA (resoluções CFM
1346/91 e 1480/97) como critério de fim de vida (Brasil e vários países) de uma
pessoa com a possível disponibilidade de órgãos e tecidos de seu corpo
(disponibilidade terapêutica).

A ocorrência da morte deixou se ser considerada fenômeno súbito e terminal,


tornando-se processo evolutivo, dinâmico, complexo e, sobretudo, seqüência
de eventos terminativos.

A morte encefálica, equivale a morte clínica, é dever do profissional interromper


os meios de manutenção artificial dos órgãos vitais de paciente em estado de
vida vegetativa, incuráveis já com morte encefálica, isso não caracteriza
eutanásia e nem qualquer delito contra a vida, pois se trata de paciente morto,
não de doente terminal.

1.2 QUAL A DEFINIÇÃO DE PACIENTE TERMINAL?

 Presença de uma enfermidade avançada, progressiva, incurável,


irrecuperável;
 Fora de possibilidades terapêuticas (FPT);

5
 Necessita de cuidados paliativos.
1.3 QUAIS OS PRINCIPIOS ETICOS?

 Preservação da vida,
 Alívio do sofrimento,

 Beneficência,

 Não-maleficência,

 Autonomia e Justiça.

Enquanto se considerar que o paciente pode vir a se recuperar, o princípio de


PRESERVAÇÃO DA VIDA prevalecerá sobre qualquer outro.

Pacientes com morte inevitável, o princípio do ALÍVIO DO SOFRIMENTO


preponderará e agir no melhor interesse do paciente pode exigir uma conduta
restritiva, ou seja, a não manutenção de um procedimento agressivo, com a
implementação de CUIDADOS PALIATIVOS e conforto físico, afetivo e
emocional ao paciente e sua família.

1.3.3 BENEFICIENCIA

Evitar submeter o paciente, a intervenções cujo sofrimento resultante seja


muito maior do que o benefício eventualmente conseguido.

 Proporcionar uma morte digna


 Evitar a distanásia e
 Oferecer cuidados paliativos
São atitudes legais e eticamente permitidas que envolvem o conceito de
qualidade de vida.

Não é considerada eutanásia quando a intenção é aliviar o sofrimento e não


levar à morte.

1.3.4 NÃO MALEFICIENCIA

 Evitar intervenções que determinem desrespeito à dignidade do paciente


como pessoa.

6
 Na fase em que a morte é inevitável, ou seja, a cura for impossível, deve
predominar o princípio de não-maleficência.
 Evitar o sofrimento ou aliviá-lo.

1.3.5 AUTONOMIA

 Liberdade de ação com que cada pessoa escolhe. Respeitar a


autonomia implica no reconhecimento de que a pessoa é um fim em si
mesmo, livre e autônoma, capaz de autogovernar-se e de decidir por
si mesma.
 Confere aos seres humanos o direito de escolher livremente seu próprio
destino e requer a obtenção de consentimento livre e esclarecido do
paciente ou responsáveis legais.
 O exercício do princípio da autonomia na situação do paciente terminal,
em nenhum momento deve ser unilateral, muito pelo contrário, ela deve
ser consensual da equipe e da família.

1.3.6 JUSTIÇA

 O princípio da justiça deve ser levado em conta na decisão final, embora


não deva prevalecer (inferior) sobre os princípios da beneficência, da
não-maleficência e da autonomia.
 Se o paciente está na fase de morte inevitável, e são oferecidos
cuidados desproporcionais, estaremos utilizando recursos que poderiam
ser aplicados em outros pacientes.

2. EUTANÁSIA
A origem etimológica da palavra Eutanásia é eu=bem e thánatos=morte

O termo Eutanásia vem do grego, podendo ser traduzido como "boa morte“ ou
"morte apropriada”. Sinônimos morte harmoniosa, morte sem angústia, morte
sem dor, morte sem sofrimento, morte fácil.

Foi proposto por Francis Bacon (1623) em sua obra “História da Vida e da
Morte”, onde sustentou a tese que nas enfermidades incuráveis era

7
absolutamente humano e necessário dar uma boa morte e abolir o sofrimento
dos enfermos.

Atos motivados por compaixão que provocam a morte para abreviar a


agonia/sofrimento/dor de um doente incurável, tem a preocupação com a
dignidade da pessoa e a QUALIDADE de VIDA.

Suspensão ou omissão deliberada de medidas que seriam indicadas naquele


caso, A FIM DE MATAR.

2.1 TIPOS DE EUTANÁSIA

 Voluntária: quando a morte é provocada atendendo a pedido explícito


ou presumido desta, em nome da compaixão por quem está sofrendo,
numa condição considerada já desumana, e com a intenção de dar
término a esse sofrimento,tem sido descrita como suicídio assistido ou
homicídio por requisição.

 Involuntária: Ocorre quando a morte é provocada contra a vontade do


paciente = Homicídio.

 Não voluntária: Caracteriza-se pela inexistência de manifestação da


posição do paciente em relação a ela.

 Eugênica: é a eliminação indolor dos doentes indesejáveis, dos


inválidos e velhos, no escopo de aliviar a sociedade do peso de pessoas
economicamente inúteis.

2.2 Modo de atuação do agente

 ATIVA: quando a morte é provocada, decorre de uma conduta positiva,


comissiva, geralmente é negociada e planejada entre paciente e
profissional ou parente que vai efetuar o ato.

 PASSIVA: quando a morte advém da omissão ou suspensão de


medidas indispensáveis para salvar a vida.

8
2.3 À intenção que anima a conduta do agente:

 INDIRETA/duplo efeito: a ação produz a morte, mas a intenção daquele


que age não é a supressão da vida. Dá-se quando a morte é acelerada
como uma conseqüência indireta das ações médicas, que são
executadas visando o alívio do sofrimento de um paciente terminal.

2.4 À finalidade do agente:

 SOCIAL/ECONOMICA: a sociedade se recusa a investir recursos no


tratamento de doentes com enfermidades sem perspectiva de cura e de
custos elevados.

2.5 ARGUMENTO PRO-EUTANÁSIA

 Incurabilidade
 Dores e sofrimento insuportável
 Autonomia/Autodeterminação do paciente
 Ônus econômicos
 Inutilidade

2.6 ARGUMENTOS CONTRA A EUTANÁSIA

2.6.1Considerações de princípios - Irrenunciabilidade da vida humana;

2.6.2 Considerações de ordem prática :

 Relatividade dos diagnósticos de incurabilidade e prognósticos de morte


iminente;

 Subjetivismo do limite da insuportabilidade da dor;

 Dificuldade de acertar com a definitividade ou temporaneidade da


vontade de morrer do paciente;

 Dúvida sobre a validade da liberdade e do consentimento prestado;

 Dificuldade de distinguir entre o autêntico motivo altruístico da piedade


e um suposto motivo egoístico-oportunista;

9
2.6.3Considerações de oportunidade:

 Idoneidade moral e profissional do médico;

 À desconfiança do aparelho médico-hospitalar;

 À fuga aos internamentos hospitalares;

 Situações jurídicas que supõem a eutanásia como um antecipação da


morte natural.

3. DISTANÁSIA
Morte lenta, ansiosa e com muito sofrimento - Aurélio dicionário.

Sinônimo: tratamento inútil (fútil), obstinação/encarniçamento terapêutica ou


futilidade médica.

Prolongamento do processo de morrer de um paciente, adiando o


INEVITÁVEL, trata-se da atitude médica que, visando “salvar a vida” do
paciente terminal, submete-o a grande sofrimento, aumentando a quantidade
de vida, sacrificando a dignidade, considerada má prática médica.

Ligada aos paradigmas tecnocientíficos e comercial empresarial da medicina.

Há postergação da morte com sofrimento e indignidade, mas não haverá


prolongamento da vida.

O tratamento desnecessário implica em violações aos parâmetros éticos e


morais: princípios da beneficência e da autonomia.

Recursos desperdiçados com caprichos e condutas questionáveis,


irresponsabilidade de se disponibilizar recursos já tão escassos para a
manutenção de enfermos sem reais possibilidades de restabelecimento da
saúde e de um adequado nível de vida.

10
Há violação à dignidade da pessoa no momento em que se inicia tratamento
sabidamente ineficaz face à inevitabilidade da morte e irreversibilidade do
processo que a ela conduz.

A distanásia é um ato profundamente desumano por ofender a dignidade


humana e outros direitos fundamentais, a tal ponto, que é preciso reivindicar a
reapropriação da morte, e não mais a vida.

O conceito de tratamento fútil pode ou não ter concordância entre médicos,


juristas e bioeticistas, dependendo da argumentação utilizada.

4. ORTOTANÁSIA

Morte natural, do grego: orthos: normal e thanatos:morte, morte no tempo certo

Há omissão ou suspensão de tratamento de manutenção da vida que se


mostram desproporcionados/perderam sua indicação, por resultarem inúteis
para aquele indivíduo, no grau de doença em que se encontra , A FIM DE NÃO
PROTELAR O SOFRER EM VÃO.

NOVO PARADIGMA: Aqueles que abraçam o legado de Hipócrates regressem


à condição de menos técnicos e mais médicos de homens, almas e corações.

Promove o conforto do paciente, sem interferir no momento da morte, sem


encurtar o tempo natural de vida, nem adiá-lo indevida e artificialmente,
possibilitando que a morte chegue na hora certa.

Respeita o princípio Constitucional da dignidade humana sem ultrapassar


limites jurídicos, éticos e teológicos.

Sob a perspectiva da ética humanizada, a ortotanásia é uma exigência ética e


moral, a ser buscado pela Medicina e pelo Direito, dentro da inegabilidade da
condição de mortalidade humana.

11
5. CODIGO DE ETICA MEDICA
Princípios fundamentais:

V - Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o


melhor do progresso científico em benefício do paciente.

VI - O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em


seu benefício. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento
físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar
tentativa contra sua dignidade e integridade.

XXI - No processo de tomada de decisões profissionais, de acordo com seus


ditames de consciência e as previsões legais, o médico aceitará as escolhas
de seus pacientes, relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos por
eles expressos, desde que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas.

XXII - Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a


realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e
propiciará aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados paliativos
apropriados.

Direito do médico

II - Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas


cientificamente reconhecidas e respeitada à legislação vigente.

Art. 32. Deixar de usar todos os meios disponíveis de diagnóstico e


tratamento, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor do
paciente.

Muitos médicos entendem que suspender ou não indicar medidas de suporte


avançado de vida caracteriza, em qualquer circunstância, omissão de socorro,
interpretação literal e equivocada do art.32.

O artigo apresenta uma formulação que permite questionar se o controle do


sofrimento pela tecnologia e o atrasar do momento de morrer são sempre do
interesse do paciente.

12
À Luz do principio da beneficência e não-maleficência, “fazer tudo” em favor do
paciente TERMINAL pode ser lhe oferecer CUIDADOS PALIATIVOS, evitar a
distanásia e proporcionar uma morte digna.

Art. 14. Praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela


legislação vigente no País.

Art. 35º. Exagerar a gravidade do diagnóstico ou do prognóstico, complicar a


terapêutica ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros
procedimentos médicos

Mais significativo no Art. 36 § 2°, que incentiva os médicos a não abandonar


seu paciente por ser este portador de moléstia crônica ou incurável, mas deve
continuar a assisti-lo ainda que para cuidados paliativos.

Art. 41. Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu
representante legal.

Parágrafo único. Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico


oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações
diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em
consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de
seu representante legal.

O modelo paternalista onde apenas o médico assume a decisão conflitante é


vedado nos:

Art. 24. Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir


livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua
autoridade para limitá-lo.

Art. 31. Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de


decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas,
salvo em caso de iminente risco de morte.

13
6. CONSTITUÇÃO FEDERAL
Art 1º, III - reconhece a dignidade da pessoa humana como fundamento do
Estado Democrático de Direito.

Art 5º, III - diz expressamente que ninguém será submetido a tortura nem a
tratamento desumano ou degradante e inciso XXXV garante ao paciente
recorrer ao judiciário para impedir qualquer intervenção ilícita no seu corpo
contra a sua vontade.

Estaria respeitando o princípio constitucional da Dignidade humana, e sob a


perspectiva da ética humanizada nada há que possa recriminar, a ortotanásia
que é uma exigência ética e moral, é a saída juridicamente autorizada para que
seja possível um processo de morrer acobertado de dignidade.

7. LEGISLAÇÃO
Lei Orgânica da Saúde (Lei nº8080/90 art. 7º,III), que reconhece que a
"preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e
moral”

Lei dos Direitos dos Usuários dos Serviços de Saúde do Estado de São Paulo
(Lei nº 10241/99) Lei Mário Covas, que assegura no seu art. 2º XXIII “São
direitos dos usuários, recusar tratamento dolorosos ou extraordinários para
tentar prolongar a vida e o de escolher onde morrer”, representa amparo legal
para não aplicar medidas de suporte avançado de vida quando não
adequadamente indicado.”

CÓDIGO Civil (ART 15), "Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com
risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica", o que autoriza o
paciente a recusar determinados procedimentos médicos.

Portaria 675/GM de 2006 – carta dos Direitos dos Usuários da Saúde, que
afirma que é direto do usuário o consentimento ou a recusa de forma livre,
voluntária e esclarecida, depois de adequada informação, a quaisquer
procedimentos, diagnósticos, preventivos ou terapêuticos, salvo se isso
acarretar risco à saúde pública.

14
São ainda direitos dos usuários não ser submetido a nenhum exame, sem
conhecimento e consentimento, bem como indicar um representante legal de
sua livre escolha, a quem confiará a tomada de decisões para a eventualidade
de tornar-se incapaz de exercer sua autonomia.

Assegurado o direito de opção pelo local de morte (ALTA A PEDIDO)

8. LEGISLAÇÃO – CODIGO PENAL


A eutanásia é CRIME

Art. 121. § 3º. "Se o autor do crime é cônjuge, companheiro, ascendente,


descendente, irmão ou pessoa ligada por estreitos laços de afeição à vítima, e
agiu por compaixão, a pedido desta, imputável e maior de dezoito anos, para
abreviar-lhe sofrimento físico insuportável, em razão de doença grave e em
estado terminal, devidamente diagnosticado: Pena - reclusão, de dois a cinco
anos".

Art. 122 – Induzir ou instigar ou prestar auxílio (...)

Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco, à
criança abandonada ou extraviada, ou a pessoa inválida ou ferida, ao
desamparado ou em grave e eminente perigo; ou não pedir, nesses casos
socorro da autoridade pública: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.

9. Resolução CFM 1805/2006

Art. 1º É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e


tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de
enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu
representante legal.

§ 1º O médico tem a obrigação de esclarecer ao doente ou a seu representante


legal as modalidades terapêuticas adequadas para cada situação.

15
Art. 2º O doente continuará a receber todos os cuidados necessários para
aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, assegurada a assistência integral,
o conforto físico, psíquico, social e espiritual, inclusive assegurando-lhe o
direito da alta hospitalar.

A Resolução não é punitiva, não é proibitiva, é doutrinária, traz uma


recomendação ético-profissional, não se opondo à legislação vigente.

Visa possibilitar ao médico, respeitado o livre arbítrio do indivíduo ou de seu


representante legal, limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que
prolonguem a vida do paciente em fase terminal, devido a doença grave e
incurável.

16
BIBLIOGRAFIA

Revista Bioética 2010; 18 (2): 275 – 88

Revista Bioética 2010; 18(3): 549 – 60

http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/issue/view/36

http://www.portalmedico.org.br/biblioteca_virtual/bioetica/ParteIIIeutanasia.htm

http://www.ufrgs.br/bioetica/euthist.htm

http://gballone.sites.uol.com.br/voce/morte1.html

http://www.jblibanio.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=49

17

Você também pode gostar