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PARTE 3

SUMÁRIO

UNIDADE 5 - Planejamento e controle financeiro da agroindústria 101


5 Planejamento e controle financeiro ...................................................... 101
5.1 Contabilidade Oficial ..................................................................................... 102
5.1.1 Conceito de ativo, passivo e patrimônio líquido .......................... 105
5.1.2 Receitas, despesas e resultado do exercício ................................... 107
5.2 Contabilidade Gerencial Simplificada ..................................................... 109
5.2.1 Centro de responsabilidade ............................................................... 110
5.2.2 Controles de campo e de escritório .................................................. 111
5.2.3 Etapas da contabilidade gerencial simplificada ......................... 112
5.3 Orçamentação ................................................................................................. 114
Resumo ..................................................................................................................... 117
Atividades ................................................................................................................ 117

UNIDADE 6 - Comercialização de produtos agroindustriais .......... 119

6 Sistema de comercialização ........................................................................... 119


6.1 Funções de Comercialização .............................................................. 121
6.1.1 Funções de permuta ..................................................................... 121
6.1.1.1 Compra .............................................................................. 121
6.1.1.2 Venda ................................................................................. 121
6.1.2 Funções físicas ............................................................................... 122
6.1.2.1 Beneficiamento e embalagem .................................... 122
6.1.2.2 Transporte ......................................................................... 122
6.1.2.3 Armazenamento ............................................................. 123
6.1.3 Funções auxiliares ......................................................................... 123
6.1.3.1 Financiamento ................................................................. 123
6.1.3.2 Padronização .................................................................... 124
6.1.3.3 Assunção de risco ............................................................ 124
6.1.3.4 Informação de mercado ................................................ 124
6.2 Instituições de Comercialização ........................................................ 125
6.3 Níveis de Mercado ...................................................................................125
6.3.1 Integração do mercado ...............................................................126
6.4 Canais, Fluxos e Margens de Comercialização .............................. 127
6.5 Agrobusiness Brasileiro ......................................................................... 128
Resumo ..................................................................................................................... 131
Atividades ................................................................................................................ 131
unidade

5
ObjeTiVOS deSTa unidade
PLanejaMenTO e COnTROLe
FinanCeiRO da aGROindÚSTRia • Compreender os concei-
tos básicos de contabili-
dade e planejamento nas
atividades agroindustriais;

• Analisar a importância da
contabilidade e planeja-
mento na organização da
agroindústria.

5 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO

O processo administrativo tem por objetivo maior, a decisão.


Antonialli (1999) ressalta que estas decisões vão das rotineiras
(a elaboração dos programas diários de produção) até as não-
rotineiras (decisão de investimento em uma nova atividade
agropecuária ou serviço).

Antonialli (2003) resume que a contabilidade precisa fornecer


informações em três diferentes faces:

• Registro: é a acumulação de dados; cujo aspecto da contabilidade


permite que as partes internas e externa avaliem o desempenho
e a posição da empresa;
• Direção da Atenção: são os relatórios e as interpretações
de informações que ajudam aos gestores a concentrar-se
nos problemas, imperfeições, ineficiências e oportunidades
operacionais. A direção da atenção está comumente
associada ao planejamento e controle do momento, à análise
e investigação de relatórios contábeis internos de rotina;
• Solução de Problemas: este aspecto da contabilidade envolve a
quantiicação concisa dos méritos relativos de possíveis alternativas
de ação, muitas vezes com recomendações para o melhor
procedimento. A solução de problemas está comumente associada
à decisões não-repetitivas, à solução que exigem análises contábeis
especiais de relatórios.

O sistema contábil é o maior sistema de informação quantitativas


de quase todas as empresas e, é um meio formal de se reunir dados
para ajudar e coordenar as decisões com base nos objetivos da
organização. Um sistema contábil eficaz dá informações para três
finalidades amplas:

1. Relatórios internos para gestores, para uso no planejamento e


controle das atividades de rotina;
2. Relatórios internos para gestores, para serem usados no planeja-
mento estratégico, nas tomadas de decisões especiais na formula-
ção das políticas globais e de longo prazo;
3. Relatórios externos para acionistas, para o governo e para outras
partes externas.

A contabilidade inanceira (oicial) tem maior interesse pela terceira


inalidade (relatórios externos) e, tem se orientado, tradicionalmente,
para os aspectos históricos da organização.

A contabilidade gerencial tem por característica distintiva orientar sua


ênfase nas inalidades internas de planejamento e controle (SILVA, 1992).

5.1 Contabilidade oficial

A contabilidade é conceituada como a ciência que estuda e controla


o patrimônio das entidades. Sua inalidade é fornecer informações
sobre a composição do patrimônio dessas entidades e suas variações
(FRANCO, 1992).

Assim o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio e seu campo


de aplicação são as entidades econômico-administrativas. Para atingir
seu objetivo, seja ele econômico ou social, as entidades utilizam os bens
patrimoniais necessários a seus ins (ANTONIALLI, 2003).

102 TeCnOLOGia de aLiMenTOS


Dessa forma, Antonialli (2003) airma que as entidades podem englobar
tanto aquelas com ins lucrativos (empresas), quanto aquelas sem ins
lucrativos (sociais, ilantrópicas, de lazer, ensino, pesquisas etc.) que,
também possuem um patrimônio que precisa ser administrado e,
sobre ele fornecer informações a todos os que, direta ou indiretamente,
mantém vínculos de interesse com ela.

Acrescenta Iudícibus (2000) que, para a contabilidade alcançar sua


inalidade ela processa o registro de todos os fatos relacionados com a
formação, a movimentação e as variações do patrimônio administrativo,
vinculado à entidade, objetivando assegurar seu controle e fornecer
informações ao grupo de pessoas que se interessam pela contabilidade
ou que dela necessitam.

Para Crepaldi (1997) a contabilidade rural destaca-se como o principal


instrumento de apoio às tomadas de decisão durante a execução e o
controle das operações da empresa.

Quanto à inalidade, segundo Antonialli (2003), a contabilidade pode ser


executada para atender dois objetivos essenciais: o iscal e o gerencial.

Quando falamos na inalidade iscal, a contabilidade destina-se


essencialmente para ins externos (governo, acionistas, bancos
etc.) destacando-se a confecção no caso de pessoas jurídicas dos
demonstrativos contábeis oiciais (Balanço Patrimonial e Demonstração
do Resultado do Exercício) amparado por documentos comprobatórios
como notas iscais, duplicatas, entre outros.

No caso do produtor rural, além das notas iscais, ele deve preparar
outros comprovantes para declaração do imposto de renda, guias para
transporte de animais (GTA), declarações para obtenção do cartão de
produtor rural, entre outros.

Destacando a inalidade gerencial, a contabilidade deve fornecer


informações para ins internos da empresa rural (proprietários,
administradores, gerentes etc.) ou seja, visam fornecer informações para
auxiliar o produtor nas tomadas de decisão.

Existe um conjunto de regras, normas, ou princípios que formam o


arcabouço teórico que sustenta toda a ciência contábil.

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Existem também dois métodos fundamentais para se proceder a
escrituração contábil dos fatos e transformações que movimentam a
empresa: o método das partidas simples (contabilidade simpliicada) e
o dos método das partidas dobradas.

O método simpliicado, as operações realizadas são registradas uma


única vez (débito ou crédito), não se fazendo a contrapartida.

O método das partidas dobradas, ao contrário, dita um modo de


lançamento em cada transação, que é registrado em função de uma
contrapartida, ou seja, o mesmo valor é lançado em duas contas no
mínimo através de débitos e créditos simultâneos a im de manter o
equilíbrio patrimonial. Consequentemente, a soma dos débitos deverá
ser igual à soma dos créditos, em perfeito equilíbrio (ANTONIALLI, 2003).

Entretanto, apenas para ilustrar, um exemplo de partida dobrada


poderia ser: compra à vista de uma máquina através da emissão de
cheque da empresa, neste caso, aumenta a conta “Máquinas” (ativo)
que é debitada e, como contrapartida, diminui a conta “Banco Conta
Movimento” (Passivo) que é creditada.

As técnicas contábeis estão relacionadas a todos os procedimentos


básicos de condução do processo contábil que, são padronizadas e
seguidas por todos os contadores. Silva (2001) resume as técnicas
contábeis nos seguintes passos:

1. Deinição do plano de contas: tem como função possibilitar


a adequada forma de controle do patrimônio da entidade
contabilizada. Dessa forma, deve-se prever um elenco de todas as
contas necessárias aos registros contábeis. O plano de contas é
composto, basicamente, por uma relação de contas patrimoniais
(Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido) e contas de resultado (Receitas e
Despesas), agrupadas segundo suas funções e, complementada por
instruções que expliquem a sua composição e seu funcionamento;
2. Escrituração: refere-se ao registro de todos os fatos contábeis
(transações) que possam ser expressas em termos monetários no Livro
Diário, bem como nas Fichas do Razão, devidamente comprovadas
através de documentos. No livro diário cada lançamento é chamado
de partida de diário e, são efetuados em ordem cronológica à medida
que vão ocorrendo no cotidiano das empresas. Já, as ichas do razão
tem a função de agrupar os lançamentos em cada conta individual.
Passado o mês é preciso levantar o Balancete de Veriicação para

104 TeCnOLOGia de aLiMenTOS


relacionar todos os saldos diferentes de zero de cada conta da
contabilidade, este saldo é o mesmo que consta em cada Ficha
do Razão. O Balancete de Veriicação é uma forma de checar se o
total de débitos das contas confere com o total de créditos, a im
de manter o equilíbrio patrimonial. Atualmente, existem softwares
especíicos de contabilidade que facilitam o processo de escrituração
e processamento e emissão dos relatórios da contabilidade;
3. Elaboração das demonstrações contábeis: após o encerramento
do período contábil é possível elaborar as demonstrações contábeis
que expressam a situação patrimonial, além do resultado (lucro
ou prejuízo) do período. As principais demonstrações contábeis-
inanceiras de uma empresa são o Balanço Patrimonial e a
Demonstração do Resultado do Exercício;
4. Auditoria: trata-se do exame ou a veriicação da exatidão dos
procedimentos contábeis. Existem dois tipos de pessoas que fazem
a auditoria na contabilidade das empresas: o primeiro, é o auditor
independente (ou externo), ou seja, aquele que não possuí vínculo de
emprego com a empresa sendo remunerado para realizar o trabalho
de auditoria, é um proissional liberal, embora possa estar vinculado
a uma empresa de Auditoria; o segundo é o auditor interno que, é
empregado da empresa em que faz o exame da contabilidade;
5. Análise das demonstrações inanceiras: também conhecida
por “análise de balanços”, refere-se ao processo de análise das
demonstrações inanceiras da empresa com objetivo de levantar
aspectos sobre sua “saúde inanceira”. O objetivo dessa análise pode
ser diversos: medidas de desempenho, concessão de créditos (por
bancos e inanceiras), investimentos, entre outros.

5.1.1 Conceito de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido

São três os componentes básicos da contabilidade: o Ativo, o Passivo e


o Patrimônio Líquido.

O Ativo representa todos os bens de uma entidade. Exemplos:


dinheiro em espécie, dinheiro guardado no banco, duplicatas a
receber proveniente de vendas a prazo, estoques de produtos,
móveis para uso da empresa, veículos, edifícios, terrenos, máquinas,
entre outros. Todos os componentes do Ativo acham-se do lado
esquerdo do Balanço Patrimonial, quando este é disposto em seção
contínua (ou bilateral).

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Já o Passivo representa todas as obrigações inanceiras que uma
empresa tem para com terceiros, em resumo são todas as dívidas da
empresa. Exemplos: duplicatas a pagar, salários a pagar, aluguéis a pagar,
encargos sociais a pagar, empréstimos a pagar, juros a pagar, impostos
a pagar, entre outros. Todos os componentes do Passivo acham-se do
lado direito do Balanço Patrimonial.

E o Patrimônio Líquido, também chamado de capital próprio, registra


o valor que os proprietários da empresa tem aplicado no negócio. Na
realidade, o Patrimônio Líquido representa a diferença entre o Ativo
e o Passivo, ou melhor, todos os bens e direitos que a empresa possui
(Ativo) subtraído do total de suas dividas (Passivo).

Nesse sentido, existe uma equação básica na contabilidade que


regulamenta todo seu funcionamento, tal equação é bem simples:

ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Na realidade, essa equação diz respeito aos relexos que as transações


ocorridas provocam na situação econômica-inanceira das empresas.

Com a inalidade de ilustrar os conceitos acima, apresentamos na Tabela


1, uma exemplo de um Balanço Patrimonial simpliicado, disposto em
seção bilateral, da Empreendimentos Camila LTDA.

TABELA 1 - Exemplo simpliicado de Balanço Patrimonial

Empresa Empreendimentos Camila LTDA. - BALANÇO PATRIMONIAL


encerrado em 31/12/XX

ATIVO PASSIVO
Caixa 500 Duplicatas a pagar 1.300
Bancos 800 Salários a pagar 450
Duplicatas a receber 250 Impostos a pagar 250 2.000
Material em estoque 300
Imóveis 4.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Máquinas 2.500 Capital Social 6.500
Veículos 750 Lucros acumulados 600 7.100
TOTAL DO ATIVO 9.100 Total Passivo + Patrimônio Líquido 9.100
Fonte: Adaptado de ANTONIALLI (2003)

106 TeCnOLOGia de aLiMenTOS


Nota-se no exemplo da Empresa Empreendimentos Camila LTDA.
que, naquela data (pois o Balanço Patrimonial é estático), o Ativo da
empresa totalizava $ 9.100,00 composto por uma série de contas que
apresentavam os respectivos saldos naquela data. Da mesma forma, o
Passivo totalizava $ 2.000,00 e, o Patrimônio Líquido $ 7.100,00. Dessa
forma, a equação básica da contabilidade foi satisfeita, ou seja, ATIVO =
PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO.

5.1.2 Receitas, Despesas e Resultado do Exercício

As Receitas de uma empresa são consideradas como o dinheiro que


ela recebe ou tem direito de receber, proveniente de suas operações
(vendas de mercadorias, produtos ou serviços). As receitas, também,
podem ser derivadas de juros sobre depósitos bancários ou títulos e, de
outros ganhos eventuais. A obtenção de receitas resulta, pois, em um
aumento do Patrimônio Líquido. Alguns exemplos de receitas podem
ser: receitas de vendas, receitas de aluguel, receitas de juros (inanceiras),
entre outras.

As Despesas de uma empresa são os gastos por ela desembolsadas ou


devidos, necessárias ao desenvolvimento de suas operações. Também,
pode-se entender as despesas como sendo o consumo de bens e
serviços, que, direta ou indiretamente, deverá produzir uma Receita.
Diminuindo ou aumentando o Passivo, uma despesa é realizada com a
inalidade de se obter uma receita cujo valor seja superior à diminuição
que provoca no Patrimônio Líquido. Alguns exemplos de despesas
podem ser: despesas com salários, despesas com aluguéis, despesas
com material de limpeza, despesas com propagandas, despesas com
energia elétrica, despesas inanceiras (juros), entre outras.

O Resultado de uma empresa é a diferença entre Receitas e Despesas


em um determinado período contábil. O Resultado será positivo (lucro),
o que irá aumentar o Patrimônio Líquido da empresa, quando as receitas
forem maiores que as despesas. Já, o resultado negativo (prejuízo), o que
irá diminuir o patrimônio líquido da empresa, se dá quando as receitas
forem menores que as despesas. Tais deinições são encontradas em
Marion (2003) e Gouveia (1993).

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Segundo Antonialli (2003), o período contábil (também, denominado
exercício social ou exercício contábil), é o espaço de tempo escolhido
para que a contabilidade mostre a situação patrimonial e inanceira
da empresa na evolução de seus negócios. Para inalidades externas, o
período contábil normalmente é de um ano e, muitas vezes, corresponde
ao ano calendário.

TABELA 2 - Balanço Patrimonial da Agropecuária Pinheiro Verde LTDA

Agropecuária Pinheiro Verde LTDA - BALANÇO PATRIMONIAL (encerrado


em 31 de dezembro) - valores em $

ANO X3 ANO X4
ATIVO CIRCULANTE (AC) 63.997 118.252
Caixa 4.305 3.468
Banco conta movimento 3.384 2.032
Estoques 23.094 54.112
Duplicatas a receber 33.214 58.640

ATIVO RALIzÁVEL A LONGO PRAzO (RLP) 2.350 -

ATIVO PERMANENTE (AP) 25.456 80.890


Investimentos 2.320 5.580
Imobilizado 23.136 71.910
Diferido - 3.400
TOTAL DO ATIVO 91.803 199.142

PASSIVO CIRCULANTE (PC) 44.167 68.979


Fornecedores 25.858 40.679
Salários a pagar 5.469 8.890
Impostos a pagar 2.340 3.560
Empréstimos bancários 10.500 15.850

PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAzO (ELP) 9.400 75.488

PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) 38.236 54.675


Capital 25.891 30.135
Reservas e Lucros acumulados 12.345 24.540

TOTAL DO PASSIVO + PATR. LÍQUIDO (P + PL) 91.803 199.142

Fonte: Adaptado de ANTONIALLI (2003)

108 TeCnOLOGia de aLiMenTOS


TABELA 3 - Demonstração de Resultados do Exercício da Agropecuá-
ria Pinheiro Verde LTDA

Agropecuária Pinheiro Verde LTDA. - Demonstração do Resultado do


Exercício (encerrado em 31 de dezembro) - valores em $.

ANO X3 ANO X4
VENDAS (V) 159.435 207.334
(-) Custo dos Produtos Vendidos (CPV) (120.543) (153.679)

(=) LUCRO BRUTO 38.892 53.655

(-) DESPESAS OPERACIONAIS (26.061) (42.324)


Despesas de Vendas (8.112) (10.443)
Despesas Administrativas (9.954) (11.450)
Despesas Financeiras (7.995) (20.431)

(=) LUCRO OPERACIONAL 12.831 11.331

(-) RESULTADO NÃO OPERACIONAL (1.432) (2.437)

(=) LUCRO ANTES IMPOSTO DE RENDA 11.399 8.894


(-) Impostos de renda (2.922) (3.123)
(=) LUCRO LÍQUIDO (LL) 8.477 5.771
Fonte: Adaptado de ANTONIALLI (2003)

5.2 Contabilidade Gerencial Simplificada

A contabilidade pelo método simpliicado não é obrigatória por Lei, não


exige pessoal especializado para sua execução, é menos precisa que o
método das partidas dobradas, porém, mais fácil de ser conduzida. Por
esses motivos, ela é mais indicada para pequenas e médias empresas
rurais que não são obrigadas pela legislação brasileira a efetuarem
registros contábeis oiciais. O único momento em que o Governo
(Receita Federal) exige alguma prestação de contas dessas empresas é
na declaração do Imposto de Renda do produtor rural (cédula rural) que
ocorre uma vez por ano.

De acordo com Antonialli (2003) pelo método simpliicado, as operações


realizadas pela empresa são registradas uma única vez (debitadas ou

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creditadas), não existindo a contrapartida como no caso das partidas
dobradas.

Segundo Pedoveze (2000), o método simplificado foi elaborado


antes do conhecimento ou a criação da figura do patrimônio
líquido, ou do conceito de receita e despesa como elementos
patrimoniais.

Na literatura brasileira, há poucos trabalhos que discutem a conta-


bilidade gerencial simplificada, com isso, não há um padrão a ser se-
guido. As iniciativas utilizadas pelos empresários seguem critérios
individuais. Nesse sentido, o método aqui exposto foi uma iniciati-
va de sistematizar o processo contábil simplificado apresentando
conceitos extraídos da contabilidade oficial procurando adaptá-los
à realidade das empresas rurais e respeitando suas características e
peculiaridades.

5.2.1 Centro de Responsabilidade

O processo de escrituração contábil precisa ser planejado, ou seja,


deve-se deinir o que se pretende contabilizar e quais os critérios que
envolvem este processo. Os conceitos que serão utilizados aqui tem
origens na contabilidade gerencial e são denominados Centros de
Responsabilidade. Os centros de responsabilidades são os seguintes:

Centros de Custo: são unidades de acumulação de custos e despesas


que, devem ser rateados ao inal de cada período ou ciclo produtivo.
Podem ser entendidos como atividades meio, ou seja, existem em
função de outras atividades ou mesmo são prestadores de serviços
que deverão ser apropriados pelas atividades que os utilizam. Alguns
exemplos: tratores, veículos, silagem de milho, fábrica de ração, despesas
gerais e administrativas, entre outros.

Centros de Lucro: são unidades de acumulação de receitas, despesas e


custos e estão relacionados com as atividades im da empresa, ou seja,
produzem bens e serviços cujo objetivo é a comercialização. Alguns
exemplos são: bovinos de leite, café, milho, feijão, gado de corte, suínos,
frango de postura, entre muitos outros.

110 TeCnOLOGia de aLiMenTOS


Centros de Investimento: são unidades de acumulação de despesas
e custos, que irão ampliar o patrimônio da empresa. Alguns desses
investimentos são bens duráveis e deverão ser depreciados ao longo
de sua vida útil. Alguns exemplos: compra de máquinas, compra de
animais, investimento em estoques, consórcios etc. É muito comum
a confusão entre despesa e investimento, esse erro pode levar o
empresário à conclusões erradas nas análises dos resultados da
empresa.

A separação do negócio em centros de responsabilidade possui algumas


vantagens, entre elas pode-se citar:

• facilita a organização e classiicação dos registros contábeis;


• possibilita a distribuição dos custos e despesas entre as atividades
internas da empresa;
• simpliica o cálculo dos custos e resultados por atividade e,
• torna o processo contábil mais didático e coniável.

5.2.2 Controles de Campo e de Escritório

Definidos os centros de responsabilidades, deve-se então partir


para o estabelecimento dos controles de campo e de escritório,
de forma a coletar todos os dados envolvidos nas atividades
agropecuárias. Os controles de campo procuram fazer uma “ponte”
entre a realidade do campo e o escritório, no sentido de coletar
os principais eventos que ocorrem no cotidiano de cada centro de
responsabilidade (ANTONIALLI, 2003). No caso da empresa rural os
principais controles de campo são:

• Controle de mão de obra: é preciso controlar onde cada empregado


trabalhou diariamente, ou seja, para qual atividade, ou centro de
responsabilidade;
• Controle de estoques: lançar as saídas de produtos consumidos
como gastos periódicos;
• Controle de tratores e veículos: é preciso controlar os serviços
realizados no período, bem como as manutenções;
• Controle zootécnicos: quantidade de leite, produtividade,
nascimentos, mortes, inseminações etc.

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• Controles agrícolas: área plantada, produção, produtividade etc.
• Levantamento do inventário: tem efeito para controle do valor do
patrimônio e cálculo das depreciações. A depreciação é um fundo
para repor o bem no inal de sua vida útil devido ao uso ou desgaste,
dessa forma, é considerada como uma despesa que irá compor o
custo de produção. No cálculo das depreciações trabalha-se com o
método linear, determinando cotas de depreciação constantes. A
fórmula para cada bem inventariado é:

COTA DE DEPRECIAÇÃO = (Valor Atual - Valor Residual)


Vida Útil

Quanto aos controles de escritório, eles estão mais envolvidos com o


processo de contabilidade propriamente dito. Além disso, há controles
auxiliares à contabilidade que exercem papel extremamente importante
na administração inanceira das empresas, entre elas destacam-se o
controle de contas a pagar e de contas a receber.

5.2.3 Etapas da Contabilidade Gerencial Simplificada

Segundo Sette e Antonialli (2002) as etapas da contabilidade gerencial


simpliicada a serem seguidas são: registros, deinição do plano de
contas, codiicação, formulação das planilhas e fechamento. Observe:

• Registros: devem ser efetuados levando em consideração todas


as entradas (créditos) e saídas (débitos). Estes lançamentos são
registrados em livro de conta corrente ou em banco de dados
específicos. Deve-se anotar separadamente cada item comprado
ou vendido que consta na nota fiscal, facilitando a classificação
ou codificação. Após o registro as notas fiscais e demais
documentos podem ser arquivados. No processo de registro
deve-se anotar a data, um breve histórico discriminando o
produto ou insumo comprado ou vendido, a quantidade, o valor
de débito ou crédito e, o código do centro de responsabilidade
que irá absorver o lançamento. Para cada registro deve ser
atribuído um código que representa uma conta dos centros de
responsabilidade;
• Plano de contas: deve ser definido com critério; serão as contas
que irão compor cada planilha dos centros de custo, lucro ou
investimento da empresa rural. Estas planilhas formam o relatório

112 TeCnOLOGia de aLiMenTOS


gerencial do período e, deverão incorporar todas as prováveis
receitas e/ou despesas da atividade. Ao definir uma conta, o
empresário deve estar consciente de quais tipos de registros
ela poderá absorver. Deve-se evitar contas muito genéricas que
induzem a erros de interpretação. O planejamento do conjunto
de contas em cada planilha deve englobar todos possíveis
lançamentos da atividade. Desta forma esse padrão pode ser
seguido todos os meses, fazendo com que os relatórios fiquem
padronizados e facilitem sua interpretação e comparações com
os demais meses;
• Atribuição de códigos: tem a função de facilitar a classificação das
entradas ou saídas registradas para efeito de sua transferência
para as planilhas de cada centro de responsabilidade. Esses
códigos podem constar das iniciais de cada planilha dos
centros de responsabilidade, seguindo do número da conta
classificada;
• Elaboração das planilhas: leve-se em consideração os centros
de responsabilidade que possuem contas específicas de acordo
com as particularidades e exigências do produtor. Deve ser
lembrado que cada planilha é um relatório gerencial e, deve
trazer as informações que auxiliem o produtor nas tomadas de
decisão. Dessa forma, a planilha deve ser formulada na linguagem
do produtor para facilitar sua interpretação. Na formulação
dos centros de lucro, pode-se adotar o conceito de Margem de
Contribuição. A Margem de Contribuição é a diferença entre as
vendas (receitas) e os custos variáveis. Subtraindo-se da Margem
de Contribuição os custos fixos, chega-se ao resultado líquido da
atividade (lucro ou prejuízo);
• Fechamento: denominado também de encerramento da
contabilidade gerencial. No inal do período determinado, deve-se
transferir para as planilhas todos os registros efetuados, respeitando
os respectivos códigos que foram atribuídos, e fazendo os cálculos
necessários exigidos em cada planilha de centro de custo, centro de
lucro e centro de investimento. Recomenda-se fazer o fechamento
mensal da contabilidade gerencial simpliicada, independente do
término do ciclo do centro de responsabilidade, a im de estabelecer
uma rotina de operação.

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TABELA 4 - Exemplo de Registros de receitas e despesas

Agropecuária Pinheiro Verde LTDA


REGISTROS - LIVRO DE CONTA
ANO 1 - Setembro
DATA HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO CÓDIGO
01/09 40 sacos ração Ipê para vaca 413,20 GL-2.3
01/09 5 tubos Ubrecilin seringa 8,54 GL-2.6
02/09 15 pinos plantadeira Jumil 21,60 SG-1.10
04/09 15 sacos de ração de postura 141,35 PO-2.3
05/09 44 litros de iodo preparado 56,55 GL-2.6
07/09 50 litros de diesel 130,12 T1-1.3
08/09 01 iltro de óleo para trator 20,99 T1-1.4
09/09 40 doses de sêmen - Pecplan 3.180,00 Estoque
10/09 Compra de 20Kg de ácido bórico 80,00 CA-1
12/09 Assistência Veterinária 120,00 GL-2.11
16/09 Recebimento de leite (vide nota) 3.733,40 GL-1.1
17/09 01 frasco de Azium 5,06 GL-2.6
18/09 Oi/Telemar (telefone da fazenda) 96,89 DGA-1.9
19/09 Lona plástica para silos 138,73 SG-1.9
20/09 Compra 30 sacos sulfato de amônia 987,09 CA-3
21/09 Compra de impressora para computador 430,00 INV.
23/09 37 litros de álcool 64,57 V1-1.3
24/09 20 sacos de adubo 20-05-20 810,00 CA-2
28/09 CEMAR (energia elétrica) 768,09 DGA-1.8
29/09 Venda 80 sacos de feijão 5.237,60 FE-1.1
Rateio-
30/09 Pagto. 4 empregados da fazenda 5460,98
Controle
30/09 Recebimento de leite (vide nota) 6789,50 GL-1.1

Fonte: Adaptado de ANTONIALLI (2003)

5.3 Orçamento

Você sabe o que é Orçamento? é o processo de traduzir, em termos


monetários, as consequências esperadas de uma decisão que se pretende
tomar relativa a ações futuras. Em outras palavras, o orçamento consiste
em determinar quanto vai custar a decisões forem implementadas. Sua
inalidade é mostrar os montantes de recursos necessários naquele
período, bem como permitir a análise de prioridade de gastos e a
visibilidade das projeções feitas em função das disponibilidades atuais
e futuras de recursos (WESH, 1996).

114 TeCnOLOGia de aLiMenTOS


Segundo Noronha (1987) há diversas fontes de dados que servem direta
ou indiretamente para a elaboração do orçamento, entre elas destacam-se:

• Dados da contabilidade da própria empresa: destaca-se nesse


sentido, para facilitar a elaboração do orçamento que a contabilidade
deve ser feita separando-se nos lançamentos as diversas atividades
da empresa, preferencialmente, através da contabilidade de custos
ou a separação em centros de responsabilidade;
• Dados de amostragens de outras fazendas: quando a empresa
não possui seu próprio sistema de contabilidade, poderá usar
estimativas dos seus coeicientes técnicos e compará-las com
resultados de outras empresas da região;
• Recomendações técnicas: muitas vezes os coeicientes usados nos
orçamentos são obtidos de publicações técnicas sobre produção
agropecuária;
• Dados de censo: estes consistem talvez os menos precisos ao
serem considerados em âmbito de empresas individuais, embora
sejam importantes para análises mais agregadas. Quanto maior
a importância da variável considerada no orçamento, menos
aconselhável torna-se o usos destes dados. Por outro lado, esses
dados podem ser úteis me estudos de pré-viabilidade e levantamento
piloto de regiões pouco estudadas.

As empresas mais organizadas, dependendo do tipo de atividades


econômica e suas necessidades especíicas, utilizam com frequência
três tipos de planejamento de caixa:

1. Planejamento para exercício social: tem por objetivo antever as


variações das necessidades de caixa durante o ano, permitindo à
direção da empresa reletir sobre a estrutura inanceira projetada
para o inal do exercício. Na prática esta estimativa encontra-
se frequentemente subdividida em períodos menores (mensal
ou trimestral). As decisões estratégicas permitirão analisar os
orçamentos de caixa e ixar a política inanceira a ser adotada para
o exercício. Assim, em função das aplicações, serão escolhidas as
possíveis fontes: capital próprio, empréstimos a curto prazo e/ou
longo prazos etc;

2. Planejamento de curto prazo: geralmente para um semestre,


subdividido em períodos mensais, tendo como principal objetivo
determinar os créditos de curto prazo, com período inferior a seis
meses, a serem obtidos. Nesse caso, as decisões estratégicas que
afetam o capital de giro são consideradas como um dado, e o papel
do planejamento será o de controlar a sua implementação;

PLanejaMenTO e COnTROLe FinanCeiRO da aGROindÚSTRia | unidade 5 115


3. Planejamento de curtíssimo prazo: geralmente para um mês,
subdividido em semanas e estas por sua vez subdividido em dias,
tendo como objetivo básico, acompanhar e controlar os ingressos
e desembolsos realizados diariamente pela empresa. Com o auxílio
deste planejamento o administrador inanceiro decide, no momento
oportuno, quais as fontes a serem utilizadas nas diversas aplicações
da empresa.

Podemos ver segundo Antonialli (2003) que os objetivos dos orçamentos


deverão estar intimamente relacionados com as premissas e políticas
da empresa para o período projetado. As políticas orçamentárias da
empresa devem estar amparadas nas seguintes áreas ou setores da
empresa: vendas, compras, estoques, pessoal, administrativa, inanceira
e investimentos.

Segundo Noronha (1987) os orçamentos podem ser úteis para subsidiar


as decisões em vários aspectos das empresas agroindustriais:

• Orçamento parcial: envolve modiicações parciais na organização


da empresa;
• Orçamento unitário: focaliza uma unidade produtiva, por unidade
de área ou unidade animal;
• Orçamento por atividade: normalmente é calculado multiplicando-
se o orçamento unitário pelo número de unidades que formam a
atividade;
• Orçamento de blocos ou grupos de atividades: envolvem
empresas que apresentam muitas atividades, às vezes, agrícola que
competem com a pecuária, outras vezes a complementam;
• Orçamento total: envolvem a empresa como um todo, podem
ser obtidos através da agregação de orçamentos unitários ou por
grupos de atividades, é utilizado quando se pretende analisar novas
atividades, modiicar radicalmente um sistema de produção, ou
ainda, fazer o controle orçamentário de uma atividade existente;
• Orçamentos por grupos de empresas: são usadas quando se
pretende planejar o desenvolvimento de determinada região ou
comunidade rural.

Ressalta Antonialli (2003) que o objetivo fundamental do estudo de


orçamento é demonstrar como eles são usados na formação do luxo
de caixa, e esses tipos mais comuns servem para avaliar outros aspectos
da administração rural. Esses orçamentos estão, normalmente, inter-
relacionados no processo de planejamento da empresa.

116 TeCnOLOGia de aLiMenTOS


Resumo

Caros alunos, vimos que para a sobrevivência de uma empresa rural


Wall Street - O Dinheiro Nunca
(agroindústria), os princípios e procedimentos do planejamento Dorme. Dirigido por Oliver
Stone. Após cumprir pena por
inanceiros são de suma importância para os objetivos da organização. fraudes inanceiras, Gordon
Gekko (Michael Douglas) deixa
De uma maneira geral, o empresário agroindustrial visa atingir objetivos a prisão. Impossibilitado de
operar no mercado inanceiro,
previamente determinantes que podem ser a sobrevivência, crescimento, ele dedica seu tempo a realizar
prestígio e lucro. Vimos também, que as atividades agropecuárias são palestras e a escrever um livro,
onde critica o comportamento
conduzidas dentro de um contexto em que, geralmente, os recursos de risco dos mercados.

são escassos (terra, trabalho e capital). Esse fato faz com que sejam
tecnicamente recomendáveis e economicamente viáveis. Portanto, com
as técnicas de contabilidade vimos que as empresas podem planejar
suas atividades, almejar a maximização dos lucros e a conquista de
retornos inanceiros compensadores do capital investido em seus
empreendimentos agropecuários.

1 Elabore o Balanço Patrimonial de sua empresa (ou aquela


na qual trabalha) através das orientações expostas nesta
Unidade.

PLanejaMenTO e COnTROLe FinanCeiRO da aGROindÚSTRia | unidade 5 117


ANTONIALLI, L.M. Contabilidade gerencial. Lavras: UFLA/FAEPE, 1999. 70p.

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WELSCH, G.A. Orçamento empresarial. São Paulo: Atles, 1996.

118 TeCnOLOGia de aLiMenTOS


unidade

6
ObjeTiVOS deSTa unidade
COMeRCiaLiZaÇÃO de PROduTOS
aGROinduSTRiaiS • Conhecer os métodos de
análise da comercializa-
ção de produtos agroin-
dústrias;
• Entender o papel da co-
mercialização no desen-
volvimento das relações
do agronegócio brasileiro;
• Conhecer as característi-
6 SISTEMA DE COMERCIALIZAÇÃO cas no agronegócio bra-
sileiro.

Você sabe o que é sistema de comercialização caro Aluno? A comercia-


lização pode ser deinida como uma série de atividades realizadas por
instituições empenhadas na transferência de bens e serviços desde o
ponto de produção inicial até o consumidor inal. O objetivo do Siste-
ma de Comercialização é a criação de condições que viabilizem o con-
sumo, e nesse sentido, desenvolverá as utilidades de forma, de lugar, de
tempo e de posse que são primárias ao bom funcionamento do proces-
so de transferência de produtos. O desenvolvimento destas utilidades
conduzirá ao perfeito deslocamento do produto até o seu consumo, ou
seja, o produto terá a forma adequada, estará no lugar onde o consumi-
dor geralmente o adquire, no momento (tempo) da procura e ao preço
e condições adequadas à sua posse (preço compatível com a renda do
consumidor e com os custos de produção e comercialização).

Os componentes elementares do sistema de comercialização podem


ser caracterizados como determinados aspectos associados à consti-
tuição do sistema. Conforme Castro Júnior (2001), dentre uma inini-
dade de componentes existentes, os que merecem destaques, são:
a) Objetivo: concentra-se no consumidor, levando-se em consideração
os seus padrões de exigência. Assim, o grau de eiciência da
comercialização poderá ser mensurado a partir do grau de satisfação
do consumidor. Deine a quem servir;
b) Objeto: é o produto que irá atender ao objetivo de satisfazer as
necessidades dos consumidores através da criação das utilidades
básicas. Deine com o que servir;
c) Participantes: relaciona-se aos responsáveis pela execução das
atividades que irão deinir a comercialização. Podem ser agrupados
em intermediários e instituições que são representantes pelas
categorias dos comerciantes e transformadores, agentes e auxiliares.
Deine quem faz;
d) Atividades Comercializadoras: são ações desenvolvidas com o objeto,
para a execução das funções de compra e venda, armazenamento,
transporte, beneiciamento e/ou industrialização e embalagem.
Deine o que se faz com o objeto;
e) Regulamentação: está associada às leis e aos regulamentos que são
mecanismos da sociedade, deinidos com o intuito de controlar as
atividades comerciais. Esta regulamentação deve ser orientada no
sentido de conduzir a competição a um nível sadio e à honestidade
dos objetivos dos sistemas de comercialização e econômico. Deine
como pode ser feito.

O produto através da comercialização, passa por diferentes mercados


no percurso entre o produtor e o consumidor inal. Esse deslocamento
pode ser observado na Figura 24 onde estão identiicados 3 mercados
distintos: produtores - atacadistas; atacadistas - varejistas; varejistas -
consumidor inal.

Figura 1 - Fluxo resumido do sistema de comercialização de produtos agrícolas

Fonte: Teixeira et. al (2004)

120
120 TeCnOLOGia de aLiMenTOS
6.1 Funções de Comercialização

O processo de comercialização deini-se em três principais funções: 1)


de permuta, que consiste da transferência de título ou propriedade
- compra e venda acrescentando aos produtos a utilidade de posse;
2) físicas, que subdividem em armazenamento, beneiciamento e
embalagem e transporte, adicionando aos produtos as utilidades
de tempo, forma e lugar, respectivamente, e; 3) auxiliares, que
contribuem na execução das funções de permuta e físicas, e consistem
da padronização, inanciamentos, assunção de riscos, informação de
mercado, entre outras.

6.1.1 Funções de Permuta

6.1.1.1 Compra

Segundo Castro Júnior (2001) em busca da eiciência da irma, deve-


se sempre estar atento à qualidade da matéria-prima adquirida pois
esta reletirá substancialmente no padrão do produto inal. A compra
em grandes volumes é uma opção na busca da ampliação do poder
de barganha e consequentemente menores custos, contudo faz-se
necessário, em muitos casos, a parceria entre os produtores (associações,
cooperativas etc.). Vale ressaltar também, a necessidade de uma
estrutura que disponha de um serviço de informação de mercado,
ligado sistematicamente com os serviços regulares de preços e previsão
de safras e negócios. Instituições como bolsas de mercadorias (físicas
e futuras) constituem fontes de produtos, garantia de fornecimentos
futuros e são centros de formação de difusão de informação do mercado.

6.1.1.2 Venda

Assim como a compra, esta é uma função que exige esforços especíicos
da irma, envolvendo custos administrativos e operacionais, além de
dispositivos especíicos.

COMeRCiaLiZaÇÃO de PROduTOS aGROinduSTRiaiS | unidade 6 121


No processo de venda, as operações que mais se destacam são: a
negociação direta entre compradores e vendedores, sendo esta a mais
comum e tradicional; através de bolsas de mercadorias de negócios físicos,
utilizando-se dos serviços de corretagem; por meio de cooperativas
e associações, que utilizam de várias formas e procedimentos para
melhorar as condições de negociações; através de leilões, que podem
ser realizados por intermédios de bolsas (commodities) ou mesmo no
mercado primário (local, regional, nacional); e, os mercados de derivados
(futuros, opções, CPR etc.), que têm suas participações cada vez mais
elevadas no processo de transferência do produto.

6.1.2 Funções Físicas

6.1.2.1 Beneficiamento e embalagem

É uma atividade que exige unidades industriais, tecnologias próprias


e incorre em elevados custos. É nessa fase que o produto adquire a
forma deinitiva para o consumo, sendo a preocupação direcionada
para a conservação, aparência, além de se tentar facilitar a aquisição,
o transporte e o armazenamento. Esses procedimentos são realizados
pelos atacadistas terminais, favorecendo o aumento da importância e
da força deste mercado.

6.1.2.2 Transporte

Possui como função o agrupamento dos produtos, nas diversas e


longínquas unidades de produção servidas por vias de qualidade
inferior conduzindo-os aos mercados terminais, que serão distribuídas
aos centros de consumo até os pontos de vendas locais e por im aos
consumidores. Existem algumas características importantes associadas
aos transportes no Brasil, dentre elas, as que merecem destaque são:

a) Transporte X Sazonalidade: a capacidade exigida de transporte ao


longo do ano sofre lutuações decorrentes de períodos de safra e
entressafra;

122
122 TeCnOLOGia de aLiMenTOS
b) Transporte X Distâncias entre produção e consumo: problemas
como as longas distâncias entre os centros de produção e consumo,
baixa tonelagem de carga e estradas deicientes, podem muitas
vezes inviabilizar a comercialização;
c) Transporte X Custos: Na safra agrícola de 1998/99, por exemplo, as
proporções icaram em 57%, 37% e 6% para rodoviário, ferroviário e
hidroviário, respectivamente. Já os custos do frete para esse período
foram de US$ 20,00 a US$ 50,00/ton para o rodoviário, US$ 10,00
a US$ 15,00/ton para o ferroviário e de US$ 6,00 a US$ 10,00 para
hidroviário;
d) Modalidades de transporte: as modalidades relacionadas à
comercialização agrícola que merecem ser destacadas são: o
rodoviário, que absorve do total da capacidade existente; o
ferroviário; o hidroviário; e o aeroviário.

6.1.2.3 Armazenamento

Constitui-se na função de viabilizar o consumo, o transporte e a


exportação gradativos através da distribuição igualitária, durante o ano,
daqueles produtos de safra ixa. Outra função é a de constituir facilidade
de estocagem, que viabiliza a produção e facilita sua comercialização.
São duas as condições de armazenamentos utilizados: em condições
naturais ou a seco e em condições artiiciais ou a frio.

6.1.3 Funções Auxiliares

São as atividades que favorecem a realização das funções produtivas e


criadoras das utilidades de tempo, lugar, forma e posse.

6.1.3.1 Financiamento

Consiste na antecipação de recursos para a realização de certa atividade


ou função criadora. Essa função pode ser assumida pelo próprio
intermédio ou transferida a terceiros, como o sistema inanceiro. Em
qualquer situação, o custo do inanciamento equivale aos juros, se

COMeRCiaLiZaÇÃO de PROduTOS aGROinduSTRiaiS | unidade 6 123


de bancos, ou deixados de receber, se capital próprio. Os principais
mecanismos do setor agrícola podem ser resumidos em:

• Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM), Políticas de


Financiamento da Produção e Políticas de Estoques Reguladores;
• Certiicado de Mercadoria com Emissão Garantida (CMG);
• Cédula do Produto Rural (CPR).

6.1.3.2 Padronização

A padronização consiste em se isolar o produto em classes pré-


estabelecidas, considerando os níveis de qualidade, a exigência dos
consumidores e os padrões de manuseio. O mercado, através dos
seus agentes e dos órgãos de apoio, é que se responsabilizam pela
padronização.

6.1.3.3 Assunção de risco

O risco está associado a qualquer atividade econômica e


consequentemente tem que ser assumido por qualquer pessoa
(física e/ou jurídica) que se prepõe a fazer um investimento. Os riscos
podem ser classiicados como físicos ou de mercado. Os primeiros
estão relacionados às perdas físicas do produto enquanto o segundo
caracteriza-se por alterações nas tendências do preço.

6.1.3.4 Informação de Mercado

A informação pode ser deinida como o mais importante fator na


concessão do poder de barganha. As principais informações para
a atividade econômica giram em torno do preço e dos fatores que o
inluenciam.

124
124 TeCnOLOGia de aLiMenTOS
6.2 Instituições de Comercialização

Castro Júnior (2001) os deine como aqueles que desenvolvem as


atividades ou funções adicionadas de utilidades. Podem ser classiicadas
da seguinte maneira: Intermediários comerciais e Intermediário agentes.

1. Intermediários comerciais:

a) atacadistas e industriais - são instituições que adquirem a mercadoria


com o objetivo de realizar alguma função para posteriormente
vendê-la a outros atacadistas e/ou varejistas;
b) varejistas ou retalhistas - são comerciantes que têm como função
transferir o produto ao consumidor inal.

2. Intermediários agentes:

a) comissários, vendedores e viajantes - trabalham para terceiros,


efetuando compra e venda de produtos;
b) corretores e bolsas - proporcionam condições favoráveis à
comercialização dos produtos recebendo em troca comissões e
emolumentos;
c) intermediários especuladores e atravessadores - adquirem o produto
exclusivamente para ins especulativos, não adicionando qualquer
utilidade ao mesmo;
d) instituições auxiliares - governo, associações, sistema inanceiros,
seguradoras, bolsas de mercadoria e a termo, CEASAs, instituições
de estudo e informação de mercado.

6.3 Níveis de Mercado

Nível de mercado refere-se ao local de compra/venda em relação à


posição do produto o luxo geral da comercialização. Assim, o mercado
é classiicado em três níveis básicos: o mercado local, o mercado
atacadista e o mercado varejista.

O Mercado Local: constitui-se na primeira etapa e da comercialização


de produtos agrícolas. É nessa etapa que o produtor vende o produto
colhido.

COMeRCiaLiZaÇÃO de PROduTOS aGROinduSTRiaiS | unidade 6 125


O Mercado Atacadista: composto primariamente por intermediários
atacadistas que operam com grandes quantidades de produtos. É
nesse nível que são realizadas as funções terminadoras dos produtos
agropecuários, onde são processados e adquirem a forma inal para o
consumo.

Já Mercado Varejista: constituído por varejistas que têm a função de vender


bens inais. Estão localizados em centros de consumo, são diversiicados e
vendem produtos em pequenas quantidades aos consumidores.

6.3.1 Integração do Mercado

A integração consiste da execução de várias funções em um ou vários


níveis de mercado. A implementação da integração tem como objetivo
a obtenção de uma maior poder de barganha individual e a redução
do grau de concorrência (Castro Júnior, 2001). Existe três tipos de
Integração, vamos conhecê-los?

• A Integração Horizontal: consiste da ampliação do volume de


negócios da irma, no mesmo estágio de produção, através do seu
crescimento e/ou pela combinação de duas ou mais irmas. Observe:

a) de níveis de mercado - ocorre quando a irma se expande no mesmo


nível de mercado (local, atacado ou varejo);
b) de funções de mercado - caracteriza-se quando a irma amplia
suas atividades na própria função que exerce (compra ou venda,
transporte, armazenamento, beneiciamento, embalagem etc).

• A Integração Vertical: esse tipo de integração pode ser caracterizada


pela absorção de níveis de mercado e/ou funções de comercialização
não exercidas anteriormente, através de expansão e/ou de junção
de duas ou mais irmas. Assim:

a) integração para trás - ocorre em direção ao setor a jusante no nível


de mercado com o objetivo de se obter maior controle sobre a
matéria-prima, assegurando um luxo estável e planejado em tempo
e qualidade desejados (fornecedores);

b) integração para frente - direcionada ao setor a montante do nível


de mercado permitindo organizar melhor a produção e oferecer
produto mais adequado aos consumidores.

126
126 TeCnOLOGia de aLiMenTOS
6.4 Canais, Fluxos e Margens de Comercialização

Os canais de comercialização podem ser deinidos como os vários “ca-


minhos” existentes que são percorridos pelo produto desde que sai
da unidade de produção até chegar ao consumidor. Ao se enfatizar
um canal especíico, pode-se enriquecê-la através do acréscimo das
funções desenvolvidas por cada uma das instituições envolvidas e o
número destas.

A margem de comercialização pode ser conceituada como a parcela


do valor inal do produto que ica no sistema de comercialização, nas
mãos dos intermediários para remunera seus serviços e insumos, exceto
a matéria-prima.

As margens, dependendo dos objetivos e da profundeza do conheci-


mento, podem ser enfocadas de várias formas:

I. Margem absoluta e relativa

A margem absoluta refere-se a valores monetários e pode ser considerada


também como custo bruto da comercialização. O seu cálculo constitui-
se da subtração do valor de venda de compra, em certa instituição ou
nível de mercado.

A margem relativa constitui-se da margem absoluta expressa em termos


percentuais considerando o preço inal do produto. A utilidade dessa
forma de apresentação concentra-se na maior facilidade de comparação
entre margens de produtos diferenciados, em diversos mercados e em
diversos tempos.

II. Margem bruta e líquida

A margem bruta é representada pela margem absoluta sem que sejam


considerados os custos da execução dos serviços de comercialização. Na
deinição da margem líquida deve-se subtrair da margem bruta os custos
incorridos na execução dos serviços. A obtenção da margem líquida
pressupõe uma análise dos custos das atividades comercializadoras ou
dos serviços dos intermediários.

COMeRCiaLiZaÇÃO de PROduTOS aGROinduSTRiaiS | unidade 6 127


III. Margem institucional e funcional

A margem institucional refere-se à margem recebida pela instituição


intermediária, podendo ser considerada como unidade isolada (irma)
ou como um nível de mercado (atacado, varejo). A margem funcional
refere-se à margem associada à função executada, sendo portanto, o
próprio custo da função, em termos absolutos, ou considerando-se a
margem relativa, o custo em relação ao preço inal.

IV. Participação do produtor

A participação do produtor refere-se à parcela do valor inal do produtor


recebido pelo produtor para cobrir seus custos e lucros. Esta também
pode ser considerada em termos absolutos e relativos.

6.5 Agribusiness Brasileiro

Por agribusiness deve-se entender a soma total das operações de


produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de
produção nas, do armazenamento, do processamento e distribuição
dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles. Estão,
consequentemente, neste conjunto todos os serviços inanceiros, de
transporte, classiicação, marketing, seguros, bolsas de mercadorias,
entre outras. Todas essas operações são elos de cadeias que se tornaram
cada vez mais complexas à medida que a agricultura se modernizou e a
realização de seu produto no mercado passou a depender mais e mais
de serviços que estão fora da fazenda (MENDES, 2007).

Dessa forma, o conceito engloba os fornecedores de bens e serviços para


a agricultura, os produtores rurais, os processadores, os transformadores
e distribuidores e todos os envolvidos na geração e luxo dos produtos
de origem agrícola até o consumidor inal. Participam também desse
complexo, os agentes que afetam e coordenam o luxo dos produtos,
tais como o governo,os mercados, as entidades comerciais, inanceiras
e de serviços.

Essa forma moderna de pensar a agricultura é a visão sistêmica, onde


o todo é maior do que a soma de suas partes. Essa visão contrapõe

128
128 TeCnOLOGia de aLiMenTOS
à tradicional, que se concentra nos elementos do sistema, como
segmentos independentes de um todo, desconsiderando o que há
de mais importante num sistema: o mecanismo de interação entre os
vários elementos que o compõem e, mais do que isso, os efeitos que as
mudanças de um elemento podem trazer ao sistema com um todo.

Para os empresários, o estudo do agribusiness não é um mero exercício


acadêmico, mas um instrumental de grande importância para o
planejamento estratégico de suas empresas.

A partir da matriz de insumo-produto de cada setor que é levantada


pelo censo econômico, é possível, por exemplo, inferir o efeito
multiplicador na cadeia, de cada alteração da demanda. É possível, para
um determinado cenário sobre o comportamento da renda nacional,
projetar, por exemplo, como se comportaria o consumo de frangos
a um estímulo de renda e, a partir daí, estimar, segundo a análise de
insumo-produto, quanto será necessário aumentar a oferta de rações
e, em consequência, de milho e soja, ou quanto se utilizará a mais de
insumos nessas lavouras. Informações como esta ou sobre as tendências
de consumo são um importante sinalizador para investimentos das
empresas (MENDES, 2007).

O termo agroindústria não deve ser confundido com agribusiness, pois


o primeiro faz parte do segundo. No agribusiness, a agroindústria é a
unidade produtora integrante dos segmentos localizados nos níveis
de suprimento à produção, transformação e acondicionamento, e que
processa o produto agrícola, em primeira ou segunda transformação,
para sua utilização intermediária ou inal (MENDES, 2007).

O agribusiness envolve os agentes que produzem, processam e


distribuem produtos alimentares, as ibras e os produtos energéticos
provenientes da biomassa, num sistema de funções interdependentes.
Nele atuam os fornecedores de insumos e fatores de produção, os
produtores, os processadores e os distribuidores.

As instituições e organizações do agribusiness podem ser enquadradas


em três categorias majoritárias. Na primeira, estão as operacionais, tais
como: os produtores, processadores, distribuidores, que manipulam e
impulsionam o produto isicamente, através do sistema. Na segunda,
iguram as que geram e transmitem energia no estágio inicial do

COMeRCiaLiZaÇÃO de PROduTOS aGROinduSTRiaiS | unidade 6 129


sistema. Aqui aparecem as empresas de suprimentos de insumos e
fatores de produção, os agentes inanceiros, os centros de pesquisa e
experimentação, entidades de fomento e assistência técnica e outras.
Por último, situam-se os mecanismos coordenadores, como o governo,
contratos comerciais, mercados futuros, sindicatos, associações e outros,
que regulamentam a interação e a integração dos diferentes segmentos
do sistema.

As funções do agribusiness podem ser descritas em sete níveis, a saber:

Suprimentos à produção;

• Produção;
• Transformação;
• Acondicionamento;
• Armazenamento;
• Distribuição e,
• Consumo.

Em síntese, pode-se ter uma melhor visão do agribusiness de acordo


com o quadro a seguir:

QUADRO 1 - A complexidade do agribusiness.

FORNECEDORES DE PROCESSAMENTO
PRODUÇÃO DISTRIBUIÇÃO E SERVIÇOS DE
INSUMOS E BENS E
AGROPECUÁRIA CONSUMO APOIO
DE PRODUÇÃO TRANSFORMAÇÃO
Sementes Prod. animal Alimentos Restaurantes Veterinário
Calcário Lav. Têxteis Hotéis Agrônomo
Fertilizantes permanentes Vestuário Bares P&D
Reções Lav. temporárias Calçado Padarias Bancário
Defensiv. agrícolas Horticultura Madeira Feiras Marketing
Prods. veterinários Silvicultura Bebidas Supermercados Vendas
Extração Comércio Transporte
Combustíveis Álcool Exploração Armazenagem
Tratores Indúst. rurais Papel/papelão Portuários
Colheitadeiras Fumo Assist. técnica
Implementos Óleos essenciais Inform.
Máquinas mercado
Bolsas
Motores Mercad.
Seguros

Fonte: ABAG - Associação Brasileira de Agrobusiness

130
130 TeCnOLOGia de aLiMenTOS
Resumo

Caros alunos, a abordagem da comercialização agrícolas e apresenta


A Qualquer Preço. Dirigido por
como a atividade mais complexa dentre aquelas que envolvem o sistema Ramin Bahrani. O agricultor
Henry Whipple quer que o
da agricultura, uma vez que se trata do momento em que a produção seu ilho rebelde Dean ajude a
expandir o império da família.
assume a condição de mercadoria. Essa condição envolve a integração
de mercados, compreendendo diversos segmentos que se apropriam
da produção e passam a impor metas de quantidade e de qualidade,
formando cadeias, redes ou arranjos produtivos.

1 Faça uma análise sinótica da atual conjuntura do agribusiness


brasileiro.

COMeRCiaLiZaÇÃO de PROduTOS aGROinduSTRiaiS | unidade 6 131


CASTRO JÚNIOR, L.G de. Comercialização de produtos agrícolas no
complexo agroindustrial. Lavras: UFLA/FAEPE, 2001. 68p.

MENDES, J.T.G. Comercialização agrícola. Texto disponível: <xa.yimg.


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TEIXEIRA, L., NEVES, M.F., SCARE, R.F. Auditoria e sistema de informação


em canais de insumo do agronegócio: proposta de uma ferramenta
de pesquisa. Gestão e Produção. v.11, p. 399-411, set-dez, 2004.

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132 TeCnOLOGia de aLiMenTOS
Currículo do Professor-Autor

Eduardo Mendonça Pinheiro

Mestrando em Engenharia de Produção pelo Instituto Tecnológico


de Aeronáutica (ITA), São José Campos - SP. Mestrando em
Agroecologia pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), São
Luís - MA. Especialista em Gestão Agroindustrial pela Universidade
Federal de Lavras (UFLA), 2005, Lavras - MG. Licenciatura Plena,
Programa Especial de Formação Pedagógica para Formadores
da Educação Profissional pela Universidade do Sul de Santa
Catarina (UNISUL), 2008, Tubarão - SC. E Bacharel em Agronomia
pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), 2004, São
Luís - MA. Atualmente, Técnico Municipal de Nível Superior da
Prefeitura Municipal de São Luís - MA. Professor substituto da
Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Professor de Gestão
Agroindustrial do E-TEC Brasil pela UEMANET. Consultor sênior pelo
Programa Alimentos Seguros (PAS). Instrutor e palestrante. (e-mail:
eduardomp1979@gmail.com).

CuRRÍCuLO dO PROFeSSOR 133

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