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Nota de apresentação 5

Agradecimento 6

1. Antecedentes e caracterização dos peões 11


1.1 As crianças 14
1.2 Os idosos 19
1.3 Os portadores de deficiência 20

2. Localização de travessias de peões 25


2.1 A velocidade 27
2.2 Distâncias de travagem 28
2.3 Distâncias de visibilid<1de 29
2.4 Distâncias de visibilidade de paragem (Dp) 29
2.5 Tempos de re::i.;ção e de percepção 30
2.6 A visibilidade em intersecções 35

3. Características a conferir à travessia de peões 49


3.1 Separadores e refúgios para peões 49
3.1.1 Separadores 49
3.1.2 Refúgios 52

4. Peões e tráfego motorizado 61


4.1 O percurso mais curto 61
4 .2 Mobilidade 62
4.3 Orientação 63
4.4 As condições atmosféricas 63
4.5 A poluição sonora e atmosférica 64
4.6 Os veículos e o mobiliário urbano como obstáculos 67

5. A circulação pedonal. Problemas e soluções 73


5.1 O risco inerente ao atravessamento de peões 73
5.2 Os factores humanos em jogo 74
5.2.1 A visibilidade e a visão 74
5.2.2 A legibilidade e interpretação das mensagens 77
5.2.3 A sensibilidade ao contraste 77
5.3 Passadeiras de peões e semáforos com botoneira 79
5.4 Outros tipos de soluções para as travessias 84
5.5 Passeios e caminhos para peões. A mobilidade reduzida 90
5.6 Técnicas de guiamento e alerta para portadores de deficiência 103
5.6.1 Os objectivos 103
5.6.2 A função de guiamento e a função de alerta 106

6. A circulação automóvel. Problemas e soluções 117


6.1 Os veículos e as suas características 117
6.2 As vias. Hierarquia viária urbana 120
6.2.1 A hierarquia urbana 121
6.2.2 A estrutura viária e a sua avaliação 126
6.2.3 As capacidades das vias 127
6.3 A circulação automóvel 129
6.3.1 A noção de risco e a envolvente 129
6.3.2 As descontinuidades no meio rural 132
6.3.3 As descontinuidades no meio urbano 133
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6.4 A gestão de intersecções 135
6.4.1 A legibilidade 135
6.4.2 A visibilidade 138
6.4.3 Os espaços destinados à circulação 139
6.4.4. A circulação e a segurança 141

6.5 A sinalização semafórica 143


6.5.1 Tipos de funcionamento semafórico em intersecções 144
6.5.2 Conceitos e aspectos gerais de funcionamento 145
6.5.3 Dimensionamento de programas semafóricos 149

7. Capacidades 153
7.1 Os conceitos 155
7.2 Cálculo das capacidades em intersecções prioritárias 161
7.3 Cálculo de capacidade em rotundas 167
7.3.1 Conceito de capacidade 167
7.3.2 Recolha de dados 167
7.3.3 Fluxos de dimensionamento e sua conversão 167
7.3.4 Método de cálcu lo de capacidades 168
7.3.4.1 O método TRL 169
7.3.4.2 O método FCTUC 170
7.3.4.3 Cálcu lo da capacidade com sobresaturação de uma ou mais e ntradas 170
7.3.5 Níveis típicos de capacidade 171
7.3.6 Atrasos e filas de espera 174
7.4 Exemplos de aplicação 175

8. O estacionamento 179
8.1 As barreiras 182
8.2 O estacionamento e a sua acessibilidade 191

9. Métodos de redução de velocidade 205


9.1 Os porquês 207
9.2 A ve locidade em zonas não residenciais 209
9.3 A ve locidade em zonas residencia is 210
9.3.1 As lombas 211
9.3.2 As "chicanes" 219
9.3.3 Estreitamentos da faixa de rodagem 223

10. As travessias urbanas 227


10.1 Características do tráfego e velocidades 231
10.2 As medidas 232

Bibliografia 251
[ NOTA DE APRESENTAÇ~O

Portugal é, de entre os 19 países da Conferência Europeia de Ministros dos Transportes, aquele onde é
maior a relação entre o número de peões mortos em acidentes rodoviá rios e o tota l da população. Na
rea li dade, cerca de um quarto dos mortos em acidentes de viação são peões. E, mais de 60% dessas
mortes verificam-se no interior das localidades.

Para a redução destes altíssimos índices de sinistralidade, é necessário actuar em simultâneo, em duas
áreas distintas, de forma complementar e indissociável:

• desenvolvendo a educação rodoviária, com vista a originar, por parte de peões e condutores, um
comportamento adequado a cada situação;
• moldando o ambiente rodoviário, de forma a tornar mais segura a circulação dos peões e mais fácil
a convivência entre estes e os condutores.

No que se refere ao primeiro dos objectivos citados, tem a PRP, desde há anos, desenvolvido intensa
actividade, nomeadamente nas escolas e através de campanhas de sensibilização, levadas a cabo nos
órgãos de Comunicação Social.

A PRP decidiu agora intervir também no segundo dos citados objectivos, através da produção deste
Manual e sua distribu ição, quer às entidades que têm responsabilidade das intra-estruturas viárias
(nomeadamente os Departamentos Técnicos das Autarquias), quer aos Estabelecimentos de Ensino
que intervêm na preparação de técn icos de tráfego.

Esperamos sinceramente que este trabalho possa contribuir, de modo significativo, para a melhoria,
absolutamente indispensável, das condições da circulação rodoviária e muito em particula r da
mobilidade pedonal, porque, pensando bem, Peões somos todos nós.

PREVENÇÃO RODOVIARIA PORTUGUESA


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As medidas apontadas, neste Manual, visam proporcionar a um universo de interessados na
problemática da segurança rodoviária e na sua promoção, algumas ferramentas de carácter técnico
que auxiliem no processo de análise e decisão. Não constitui como é óbvio uma cobertura integral
deste domínio, mas sobretudo pretende estabelecer ligações intrínsecas entre a engenharia de tráfego
e a segurança dos utilizadores da infra-estrutura rodoviária, em particular, dirigidas à escala urbana.

Hoje em dia e cada vez mais, as questões relacionadas com a segurança rodoviária têm prioridad e no
domínio das infra-estruturas construídas. O bem estar do cidadão, utilizador incontornável dos vá rio s
modos de transporte e em especial do rodoviário, nas suas deslocações indispensáveis e induzidas
pela vida moderna, é cada vez mais fruto de atenção, seja na óptica Ambiental seja na da Segurança.
Lamentavelmente, no século XXI, a mobilidade pedonal, a mais antiga e natural mobilidade humana é
ainda considerada pelas estatísticas como a mais arriscada, face ao número de mortos e feridos graves
que dela resultam. Em especial nas cidades, e sobretudo no nosso país, o peão é considerado um
utente de Alto Risco, seja por razões relacionadas com a sua vulnerabilidade intrínseca, sej a por falta
de adaptação das condições envolventes, designadamente o meio físico, que é a estrada o u a rua.

Uma melhor compreensão deste fenómeno e a sensibilização dos técnicos rodoviários para a
necessidade de adaptações físicas da infra-estrutura podem contribuir, com elevado grau de eficácia,
para uma melhoria da situação actual, até porque, como é reconhecido, o comportamento humano,
factor decisivo a ter em conta, pode ser modelado pelo ambiente rodoviário envolvente.
A actividade da engenharia é sem dúvida nuclear neste processo de adaptação.

Tal como tinha sido feito em 1995, com a publicação do livro Peões. Contribuição para uma infra-
estrutura viária adequada a uma circulação mais segura, pretendeu-se levar a cabo uma compilação
de matérias e relevar os conceitos desenvolvidos e aplicados noutros países, sistematizando ainda a
experiência vivida em Portugal. Determinante para esta tarefa foi sem dúvida o apoio e a
disponibilidade de técnicos ilustres, académicos conceituados e artífices do saber, a quem presto de
forma singela as minhas homenagens e o testemunho do meu agradecimento, através das refe rências
bibliográficas que o Manual contém.

Mais uma vez, alguns dos erros assinalados pretendem apenas retractar situações-problema, com o
objectivo de, pedagogicamente, servirem de ensinamento na procura da solução mais adequada.

Temos a obrigação de aprender com a experiência alheia e de saber procurar, com i nteligência, a
melhor forma de resolver os nossos problemas, corrigindo os nossos erros com sentido crítico e
capacidade de adaptação à realidade nacional.
Mas temos essencialmente a obrigação de tentar fazer melhor, não errando por omissão ou
negligência.
O contributo de todos e de cada um é importante.
A Prevenção Rodoviária Portuguesa honrou-me com a oportunidade, pretendendo inserir este Manual
como mais um contributo no esforço que o Plano Nacional de Prevenção Rodoviá ria exige a todos nós.
Espero ter estado à altura desse desafio.

J. M. Sousa Marques


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At-~TEC:E[1Et-~TE~::;
E CARACTERIZAC~O DOS PEÕES
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•l~I •••I ANTECEDENTES E CARACTERI ZAL_-,:Ao DOS PEÕES
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Andar é a forma mais natural e usual de Trata-se de declarações de grande relevância


locomoção, e todas as pessoas caminham porque, para além de cerca de um século
todos os dias mesmo que seja só até ao seu depois do aparecimento do automóve l e de
meio de transporte mais utilizado. todos os avanços que tem sido obtidos nas
várias disciplinas do con hecimento técnico,
Todavia, enquanto antigamente as urbes as sociedades não obtiveram eficácia sufi-
eram concebidas e construídas para peões, a ciente, não deram uma resposta completa ao
partir do início do sécu lo, a existência do problema, sendo conside rado hoje como
automóvel co locou outras exigências e uma primeira prioridade a resolução destas
desafios, em especial, quando se trata de questões ao nível europeu.
deslocações motorizadas, exactamente nes- É notório que se trata de uma questão cuja
ses aglomerados urbanos mais antigos. óptica de resolução terá certamente dois
Aumenta, nestes casos, o risco de ac id ente e domínios: um que resu lta da circunstância
dificuldades adicionais à movimentação dos do espaço urbano não se encontrar vocac io-
peões. nado para a protecção do peão, e outro que
Em 1999, na Conferência de Paris <11 parece advi r de uma concepção demasiado
emergiram algumas conclusões importantes dirigida para o automóvel induzindo veloci -
dos peritos em segurança rodoviária acerca dades inadequadas ao bem estar e à
deste tema, tendo sido reconhecido entre segurança dos mais vulneráveis. Aliás, uma
outras que: outra declaração igualmente im portante
ainda no âmbito da Conferência refere
• a segurança do tráfego é manifestamente justamente que:
insuficiente em áreas urbanas;
• a segurança rodoviária para as crianças é • a veloc idade é excessiva, particularmente
inadequada; em zonas urbanas.
• a segurança rodoviária para os utili -
zadores mais vulneráveis (crianças,
idosos, indivíduos de mobilidade reduzi-
da, peões em geral) é também insu-
ficiente.

(1) Fonte: ECMT, Proceedings of Paris Conference, NOV 99.


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ANTECEDENTES E CARACTERIZAr~:Ao
- DOS PEÕES

Felizmente, começam não só a desenhar-se existente, em particular o de mais elevado


algumas intenções de planear o espaço valor patrimonial, de forma a devolvê-lo ao
urbano de uma outra forma, como também e peão.
principalmente, a repensar o espaço urbano

Zonas antigas na península ibérica dedicadas apenas à circulação pedonal.

Fig.
1.2 Zonas antigas nas quais o automóvel ainda persiste em coexistir com o patri mónio constru ído .


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ANTECEDENTES E CARACTERIZAr~:Ao DOS PEÕES
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As distâncias perco rridas pe los peões são Caminhar é, ass im, o modo de locomoção
norma lmente lim itadas. A lgumas centenas ma is utilizado para as distâncias até 1,5-
de metros para fazerem compras ou para se 2.0km.
deslocarem até uma i nsta lação terciária, mas
o mesmo já não se verifica se se trata de
alcançar outro t ipo de t ransporte.

%
100
90
80 Automóvel

70
60
50
40
30
20
10
o
o 2 3 4 5 6 Km

Fig.
1.3 Deslocações em função da distância e por modo de transporte.

A distribu ição do tráfego de peões, durante o etários mais elevados, e em especial nos d ias
dia, depende norma lmente do objectivo de úteis, o recurso à deslocação pedona l é, por
deslocação. O tráfego de peões di lui-se entre necessidade económ ica, a mais preferida.
as 11 h e as 16h-17h, correspondentes às As crianças, os jovens, os idosos e os que
deslocações para efectuar compras, período possuem baixos rend imentos possuem
possuindo pontas coinc identes com o início menos possibi lidades de acesso a um carro.
e o fim dos empregos. Deste modo, os jovens e os idosos andam
ma is do que qualquer outro grupo, e as
Investigações rea li zadas, por exemplo, em mul heres mais do que os homens. Acresce
países nórdicos, têm demonstrado que a que o horizonte de vida nas sociedades
maioria das pessoas que não têm emprego, modernas se pro longou fruto de vários
e entre estes, particu larmente donas de casa factores, designadamente a melhoria dos
e reformados, não possuem acesso a uma cu idados de saúde. Po r este motivo, é
viatura e, por isso, têm necessidades de tendencia lmente esperado um aumento do
recorrer a outros meios de transporte. universo constituído pe los níveis etários
Também em Portuga l a situação não d ifere mais e levados, sendo certo que esse
muito . aumento corresponde a um au mento das
Apesar do cresc i mento exponenc ial do necessidades de mobilidade.
automóvel no nosso país, para os n íveis
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•••••••• •• ANTECEDENTES
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E CARACTERI ZAr~:Ao DOS PEÕES
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Para além da indispensável atenção para a intra-estrutura, com vista a adequar a


com as crianças, os idosos são e serão no envolvente rodoviária a esta nova realidade,
futuro, uma preocupação a ter em conta, em numa perspectiva vocacionada para a
particular para quem gere o espaço público e segurança destes utilizadores.

Fig.
1.4 Os idosos estão cada vez em maior número nas pirâmides etárias dos países desenvolvidos. As ca ract erística e as
exigências da sua mobilidade devem ser tidas em conta e constituir pre ocupaçã o dos t écnicos.

1. 1 As crianças _ _ _ _ .,_.
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As capacidades físicas e mentais de uma apresenta importantes déficits de adaptação,
criança desenvolvem-se gradualmente; Só ao nível da sequência comportamental: a
por volta dos 11 ou 12 anos é que se poderá busca de informação, a percepção da
dizer que possuem a mesma habilidade que informação, o tratamento da informação e a
um adulto, para enfrentar o tráfego moto- acção. Estes deficits vão progressivamente
rizado. sendo reduzidos até à idade dos 12 anos.

Depois do desenvolvimento de trabalhos Podemos indicar alguns dos diversos


clássicos de Sandels (1968, 1979) sobre o factores que influenciam a não percepção do
comportamento da criança em circulação, é perigo:
consensual considerar que a génese do
acidente que envolve a criança se situa muito Caract eríst icas m orfo lóg icas: a sua
mais ao nível da sua não percepção do pequena estatura (relativa à altura dos
perigo do que do assumir do risco. obstáculos visuais, nomeadamente os
veículos e o próprio mobiliário urbano);
O comportamento da criança enquanto peão


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••:• At·~TECEDEMTES E CAF.:ACTE~:I ZAr:-:iiü DOS PEi~iES
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Ca ract erísticas percept ivas: dificuldades de compreender as intenções do condutor e
de localização do som e dificuldades de visão de se colocar na pele deste, as dificuldades
periférica, dificuldades na busca de infor- em gerir o espaço, o tempo e as velocidades,
mação. Por exemplo, 39% das crianças a compreensão da sinalização). Se a criança
acidentadas não procuraram qualquer infor- apresenta certas particularidades ao nível da
mação (não se acautelaram) antes de percepção da informação, o seu envolvi-
atravessar a rua; 60% das mesmas não viram mento nos acidentes pode também estar
o veículo que as atropelou (Older, 1974). ligado ao tratamento da informação, signi-
ficando que ela não poderá compensar,
C ar act e rísticas cognitivas: (a percepção como fazem os adultos, as lacunas dessa
de uma série de acontecimentos discretos, informação, antes de tomar a decisão (antes
independentes, mais do que a natureza de passar à acção).
dinâmica do tráfego rodoviário, a dificuldade

Fig.
1.5 O atravessamento de uma rua ou de uma estrada deve ser feito com o apoio do adulto.

Se as carências estruturais da criança estão dos adultos (sejam pais, educadores ou


definidas e clarificadas a estes quatro níveis, gestores do ambiente urbano e rodoviário)?
como é possível ao adulto deixar que o
atravessamento de uma rua ou estrada se Na proximidade de uma escola não só o
faça sem o apoio do adulto (pais ou um ambiente rodoviário deve ser ponderado em
supervisor-educador)? função destas dificuldades, de visão pe-
riférica, de audição, do próprio tamanho da
Sabendo-se que até aos 12 anos existem criança, como também das dificuldades
potenciais que não atingiram o seu nível adicionais que advêm para o condutor acerca
final, como é possível que a criança-peão de atitudes menos cautelosas da criança.
não mereça uma maior atenção por parte



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1~:
•:• ANTECEDENTES E CARACTERIZAC_:~o DOS PEuES
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Fig.
1-6 A criança merece uma atenção especial dos pais, educadores e gestores da via pública.

Colocar a sina lização adequada na prox1m1- ajudar a criança (deixando que seja o adulto
dade de uma escola não é decerto suficiente. a assum ir e a perceber o risco e a
É necessário exp li car ao condutor por que é consequente responsabilidade de mandar
que a sua atitude nas proximidades deve ser parar o trânsito na altura mais adequada -
diferente, e que comportamento realmente pa ra isso se encontra mais preparado - e é
se espera dele. sem dúvida uma forma de retirar ao
condutor o ónus de, porventura, não tomar
Quanto às crianças, é necessano que a as devidas caute las face à presença da
sociedade reconheça e ace ite as diferenças, Escola).
não apenas na letra, mas na prática e Não existem argumentos legais ou burocrá-
providencie para que todos tenham iguais tico-administrativos suficientes que justifi-
condições de segurança. quem uma ausência de cuidados especiais
para utentes também especiais, como são as
É hipocri sia ensinar (treinar) apenas a cri anças.
criança.
A betoneira accionada pela criança, não é
O condutor deve estar consc iente das decerto, a so lu ção acertada. Quer pela
dificuldades que va i encontrar, ao lidar com possibilidade de ser "esquecida" e, conse-
este tipo de utentes. Também ele deve quentemente, não utilizada, quer pelo tempo
perceber que riscos está a correr quando que decorre desde o seu accionamento até à
circula na proximidade de uma Escola. As paragem dos veícu los, tempo induto r de
patrulhas escolares, pelo menos, são no stress (ansiedade) que motiva o atravessa-
tempo e também no espaço um meio de mento .


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At·ffECEDEt·~TES E CAF.:ACTEF.: I ZAí='liO DO::; PEÕE::;
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Por outro lado, um elemento importante no especialmente se for dado, não duma forma
que concerne à tomada de risco pela criança teórica, mas na prática das situações que
é o conceito de jogo. Efectivamente, estudos sabemos serem aquelas, que os nossos
conduzidos na Suécia (Sandels, 1968) sobre a filhos vão enfrentar, enquanto peões. É
etiologia dos acidentes com crianças-peão, e preciso entender que, mesmo muito bem
depois também confirmados no Japão ensinadas, as crianças não podem operar
(Hoshi, 1976) e ainda na Grã Bretanha como adultos, porque possuem limitações
(Grayson, 1975), vieram a revelar que a rua físicas e mentais que condicionam o seu
pode ser, de facto, um espaço de jogo, de comportamento.
"teatralidade", por outras palavras, um palco
(o que se aplica também ao adolescente). Crianças com menos de 4 anos de idade
Acresce que em 30% dos casos de acidentes devem ser mantidas em constante vigilância.
estudados na Suécia, envolvendo este As zonas de recreio e as casas devem estar
conceito de jogo, os mesmos acidentes completamente separadas do tráfego
envolviam também um factor social que rodoviário.
precipitou o acidente: a criança corria para
alguém, ou fugia de alguém. Crianças mais velhas, mas ainda não em
idade escolar, conseguem aprender regras
Emocionalmente, são inconstantes e suJe1- básicas da circulação e parecem ser capazes
tas, sem inibições, às suas próprias reacções de reagir com aparente segurança. Contudo,
e impulsos, esquecendo-se, muitas vezes, do a sua percepção limitada, a sua imaturidade,
mundo que as rodeia. Mesmo com cerca de a sua imprevidência e o elevado nível de
8 anos, é normal ficarem confusas e reagi - actividade, tornam-nas particularmente vul-
rem, sem pensar ou, se quisermos, reagindo neráveis. O primeiro ano escolar marca uma
da forma que elas consideram mais adequa- mudança no comportamento, que aumenta a
da e que, vulgarmente, é a mais perigosa. É maturidade e estabelece até correcções nos
normal que uma criança que se encontre seus hábitos. Isto não é, contudo, suficiente
confusa, num cruzamento movimentado, e, por isso, continua nestas idades a ser
decida que, para atravessar, a forma mais importante que as crianças evitem os locais
correcta de resolver a situação é correr o de trânsito complexo, quando se dirigem à
mais depressa possível. escola ou a zonas de recreio. Mesmo que
isso exija uma passagem superior sobre uma
Portanto e em suma, temos todos nós rua movimentada, ou um tratamento espe-
- adultos - uma responsabilidade acrescida: a cial que garanta a continuidade de um
de tentar circular com atenção especial para percurso pedonal, por exemplo.
com os peões, mas, muito especialmente, para
com aqueles, cujo comportamento pode ser
imprevisível. Devemos compensar essas
carências com cuidados especiais da nossa
parte, enquanto condutores.

Como pais, teremos naturalmente de ter


presente que não basta educar, muito
embora o ensinamento seja essencial,


mo ·--==•!
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..... ·=· ••••
ANTECEDENTES E CARACTERIZAÇ~O DOS PEÕES

Outro aspecto i mportante diz respe ito à necessidade de prever um simples banco,
necessidade de eliminar obstácu los da su- para se sentarem e descansarem ou mesmo
perfície do cam inh o dos peões, para evitar as sa nitários ao longo de um percurso.
quedas o u s imp les tropeções, bem como a

Estas pequenas "ratoeiras" para o c idadão com mobi li dade cond icionada, em particu lar os que possuem
deficiências de v isão, são obstáculos d ifíceis de superar.

A utili zação de revestimentos ca lcários, particu larmente sujeitos a polimento, associados a deficiente
drenagem são altamente peri gosos para todos os peões mas em especial para os invisuais .


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No capítulo anterior tentamos caracterizar a segurança rodoviária. Não pode ser exercido
situação de vulnerabilidade dos peões em com desconhecimento porque uma escolha
geral e, em particular, definir alguns grupos errada conduz à in seg urança do cidadão ou a
de utilizadores com condições especiais que uma armadilha para o condutor.
devem ser conhecidas e atendidas quer pelo Lembremos que em Portugal em 2002, o
condutor quer pelo gestor da via publica. número de vítimas se distribuía por inter-
Quer para os condutores quer para a área da secções (apenas 17%) e fora das intersecções
engenharia é fundamental que se conheçam (o restante), denunciando um número eleva-
os comportamentos e as regras de actuação. díssimo em locais onde certamente existem
A escolha de um local destinado à travessia travessias com e sem passadeiras de peões
de peões não deve resultar de um mo - materiali zadas.
vimento reivindicativo ou de satisfação Fora das localidades e no mesmo ano,
pessoal. Deve ser um acto bem pensado e verificou-se que 93% das vítimas ocorreram
que obedeça a princípios de engenharia de fora das intersecções.

DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS PEÕES VÍTIMAS


DENTRO DAS LOCALIDADES - ANO 2002
7111 indivíduos

FERIDOS LIGEIROS 86% FERIDOS GRAVES 11 %

Fig.
2. 1 Distribuição percentual de peões vítimas dentro das loca lidades.

Por isso, localizar convenientemente uma exige um entendimento adequado, no senti-


passagem ou travessia de peões correspon- do de não contrariar frontalmente os hábitos
de a um exercício complexo, onde os parâ- do peão. Passa naturalmente pela análise do
metros e conceitos de dimensionamento se caminho mais curto, normalmente utilizado,
conjugam com as reais necessidades dos e pela introdução, através de passos
utentes. sucessivos, de restrições simples, mas
eficazes.
Área subjectiva, sem dúvida, e que, por isso,


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LOCAL I ZAC_·iio
, DE TRAI..JESS IAS DE PEijEs J
••• ••••• ••
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Tomemos, por exemplo, o atravessamento nações da via e, muito especialmente, as
de uma rua. distâncias de visibilidade que são propor-
cionadas ao peão, designadamente às
Qual o primeiro aspecto a ser considerado? crianças.
Certamente o atravessamento que garanta o
percurso mais curto ao peão, desde o ponto E porquê as crianças? Porque constituem um
de origem da sua deslocação até ao ponto de grupo de utentes com características
destino da mesma. especiais. Menos alertadas para os perigos,
menos preparadas para a decisão, com
Se, porventura, for realizado um vídeo de sentidos que não estão sufici entemente
uma rua para peões, isto é, uma rua onde desenvolvidos, com menor altura que um
tenha sido retirado o tráfego automóvel, sem adulto e, por isso, menos visíveis. Por todos
serem retirados os passeios e outros equi- estes condicionamentos, mostram-se po-
pamentos habituais, verificar-se-á que o tencialmente mais vulneráveis aos seus
peão assume sem qualquer restrição em próprios erros e aos erros dos outros, como
termos de segurança, percursos aleatórios e foi suficientemente explicitado no anterior
sem qualquer padrão tipificado, seguindo capítulo.
quase sem excepções o caminho menos
extenso, para os percursos de atravessa- Quando se trata de definir critérios no
mento que realiza. âmbito da engenharia ou em qualquer outro
âmbito técnico, é vulgar que as decisões de
Tendencialmente, é este o comportamento projecto tenda m a ser dirigidas e pondera-
que o mesmo peão adoptará numa rua com das, em função das méd ias, e não em função
tráfego motorizado, sendo este comporta- das franjas.
mento progressivam ente condicionado à
autodisciplina e à maior ou menor raciona- Ora no caso da segura nça dos peões e,
lidade que ele imprime ao seu próprio particularmente, no âmbito em questão, a
comportamento, resultante de uma maior ou decisão deve ser condicionada também à
menor formação cívica, nomeadamente, na análise das situações m enos comuns, por
área da segurança rodoviária e da análise de serem as mais vulneráveis e resultarem, se
risco. não forem d evidamente ponderadas, em
consequências graves para os próprios e
Como tal, e para além dos ensinamentos que para a sociedade onde se inserem.
todos deveríamos receber sobre este tema, Atenção, pois neste caso, às minorias.
questão que obviamente não aprofundare-
mos aqui, é indispensável, da parte de quem
escolhe o local da passagem, ter em conta
pormenores técnicos específicos, tais como,
as velocidades praticadas pelos veículos na
proximidade do local em estudo, as distân-
cias de visibilidade que o local proporciona
ao condutor, as distâncias de travagem que
se conseguem no local, em função do tipo e
estado do pavimento existente, das incli-


...i.··i ·.....=
••••• •••••
• •••Loc-
• ·A_L_I _z_A_ç._l_ic_,_ º_E_ T
_ F.:_A_'.J_E
_~_;_s_I_A_s_·_º _E_ P
_E
]D
_ õ_E_==_;_________

A deter m inação da ve loc idade não deve deve ser ig ualmente t ida em conta e, muito
resultar simplesmente dos lim ites que em especial, verificadas as condições locais,
eventualmente estejam impostos no loca l, no sentido de averiguar quais os meios que
pois esses limites são normal e facilmente deverão ser utilizados para elim inar essas
u ltrapassados por percentagens significati- velocidades. No capítulo 9 - Métodos de
vas de utentes, especia lmente, se fo rem Redução de Ve locidade encontrar-se-ão algu-
motociclistas, categoria de veícu los com mas pistas que permitem nortear a actuação
exp ressão significativa no nosso país, em do técnico .
gera l, e, em certos distritos, em particu lar.
A impossibi lidade de utilizar equipamentos
Uma medição de ve locidades é norma lmente de medição, não deverá reverter o favor de
o método aconselhado. Como é que pode ser um processo empírico. Dever-se-ão, antes,
realizado? Uma so lução será justamente o rea l izar med ições entre dois pontos de
recurso a equipamento adequado, mas que extensão prev iamente fixados. Depois, e por
não é acessíve l a todas as autarq uias. Outra amostragem, poder-se-ão medir os tempos
alternativa será reco rrer à co laboração da de percurso entre estes dois pontos e
entidade fiscalizadora, se esta possuir este ca lcu lar, então, a velocidade.
equipamento. Neste caso, as medições no
loca l, embora possam ter o apoio destas Não correspondendo integra lmente ao mes-
entidades, não devem ser feitas na sua mo va lor de cálculo, a d iferença existente
presença, por causa do efeito desencoraja- não se mostra de molde a afectar o objectivo
dor que a "farda" possui para o utente. A em v ista.
ve locidade, que se pretende medir, é O processo de cálcu lo, para determinação da
efectivamente a velocidade praticada usual e ve loc idade V15, manter-se-á vá lido.
livremente pelos condutores e será uma
ve locidade instantânea. Agora, com algumas certezas em re lação à
velocidade que, em muitos casos, surpreen-
Depois de efectuada a medição, que deve derá quem efectua o cálculo, poder-se-á
compreende r os períodos horários que se- iniciar o passo seguinte.
jam sign ificativos quer de d ia quer de noite,
em função do uso que se prevê venha a ser
dado à passagem ou à travessia, dever-se-á
anal isar a distribu ição das ve loc idades e
destacar aquela que não é excedida, senão
por 15% dos condutores. Designar-se-á por
velocidade V15 e será esta que deve ser
tomada para referênc ia, nesta prime ira
aná lise.
Contudo, a ponderação da franja dos 15%,
que excedem a velocidade de referência,


LOCALIZAÇAO OE TRAVESSIAS OE PEÕES
••
••

2.2. Distâncias de travagem


______, m
A distância de t ravagem de um ve ícu lo de- se traduzirá em acrésc im o de extensão na
pende, como se sabe, de múltiplos facto res, travagem.
alguns dos quais difíceis de quantificar num
processo de cá lculo acess ível, como se Outro facto a ponderar, corresponde às
pretende. inclinações longitud inais da v ia em causa. As
inclin ações afectam as distâncias de trava-
Depende, em primeiro lugar, do veículo em gem de um veículo em marcha: aum entam,
causa e do se u estado de conservação. Varia, no se nti do descendente, tendo um efeito
contudo, fundamentalmente, em função do idêntico, mas de sent ido contrário, no caso
sist ema ex istente nos órgãos de travagem, ascende nte.
do seu estado de funcionamento e da m assa
acelerada o u em movimento. Também as cond ições meteorológicas são
factor sign ificativo, pois u m piso molh ado
Aspecto igu alm ente de referir e a co nsiderar diminui as condições de aderência.
será o estado dos pn eus da v iat ura .
Sabe-se, através das conclusões de estudos
Ao nível do condutor, dependerá certa m ent e realizados na Holanda, que a probab ilidade
dos tempos de reacção e estes são função do de um utente ser envo lv id o num acidente
próprio ho m em e das suas faculdades físicas rodoviário nesse país aumenta para o dobro,
e mentais, no momento. quando o piso está molhado.
Esta situação é parcia lm ente exp licada pelo
Existe, portanto, um mundo de imprevistos facto dos veícu los nestas c ircunstâncias
nesta matéria que cond icion ará o res ultado "des li zarem", fenómeno que resu lta da
final. Naturalmente que, ao longo do pro- ex istência de uma película de água entre o
cesso de cá lculo, o que se torna importante pneu e o piso.
não é, como já se vê, a aplicação imed iata e
automática de uma fórmula, mas a per- A película de água constitui um impedimento
cepção da globalidade do problema, que ao atrito o que resu lta em dificuldades sign i-
deverá afectar o produto fin al, através do ficativas, para o condutor, relativamente ao
juízo criterioso de quem exec uta o cá lcu lo, domínio da direcção e dos t ravões. Deste
introduzindo, se necessário, correcções, q ue modo, o risco de acidente aumenta.
contribuam para a simplic id ade do processo.
A experiência de quem executa o cá lculo é,
obviame nte, muito importante.

Qua nto aos pavimentos, o tipo e o seu


estado de conservação são factores que
introdu zirão também alg uma s variáveis.
Pavim entos m ais polidos o u degradados não
garantem uma aderência conveniente, o que


.•••••••••..•• •••••
1 dª 1

.
••• LOCALIZA1_:Ao DE TRAVESSIAS DE PEÕES
• ••••

2.3. Distâncias de visibilidade

A possibilidade de se ver em frente é uma fim de que o condutor possa evitar obstácu-
das características mais importantes para a los inesperados.
segurança e eficácia da tarefa de conduzir.
As distâncias de visi bilidade podem ser
Quando se trata do caminho de ferro, analisadas, segundo três perspectivas: as
dizemos que a circulação está confinada a distâncias necessá rias para a paragem, as
um trilho bem definido e sem graus de distâncias necessárias para realizar uma
liberdade. Contudo, mesmo neste caso, é ultrapassagem e o método de medição
necessário introduzir sistemas de controlo destas distâncias para efeitos de dimensio-
electrónico, por exemplo, e proporcionar o namento e traçado.
necessário treino ao maquinista.
As distâncias de visibilidade em intersec-
No entanto, no caso da circulação rodoviária, ções, conceito que se ap lica normalmente
o "trilho" e a velocidade das viaturas estão veículo-veícu lo, serão analisadas mais adian-
totalmente dependentes do condutor, cujo te, mas de uma forma também extensiva aos
treino, na grande maioria dos casos, é peões.
elementar.
Concentrar-nos-emos, por agora, nas distân-
Para se atingir o objectivo da max1ma cias de visibilidade aplicadas à paragem de
segurança rodoviária, é indispensável garan- veícu los.
tir uma distância de visibilidade suficiente, a

2.4. Distâncias de visibilidade de paragem (Dp)

Recorde-se, em primeiro lugar, que a Deste modo, a distância de paragem mínima


distância de visib ilidad e é a extensão de pode ser subdividida em duas distâncias:
estrada ou rua que é visível à frente do aquela que é percorrida pelo veículo, desde o
condutor. momento em que o obstáculo se torna visí-
vel até que o condutor aplica o travão, e a
A distância de v isibilidade mínima deve ser distância percorrida pelo mesmo veícu lo,
suficiente, para um condutor parar a sua desde que o travão é accionado até à
viatura antes de atingir um obstáculo fixo ou imobilização da viatura.
móvel, no seu caminho . A esta distância
chama-se distância de visibilidade de para-
gem.
=•••·= ••••= LOCAL I ZAr;:,:iio DE TRAI..JE::;S IAS DE PEÕES
OJ ••• •
•••••••• •••••
'---'=----
•• ••••

2.5. Tempo de reacção e de percepção


m
Têm sido efectuados variados testes para Em determinadas condições, a percepção é
determinar o tempo de reacção do condutor, quase instantânea. Contudo, em muitos
ou seja, o tempo necessário para fazer actuar casos, o condutor terá de associar o objecto,
os travões. Nalguns casos, esses testes que se encontrava à sua frente, com outros
apontam valores de cerca de 0.5 segundos, obstáculos adjacentes e fixos, tais como
noutros, valores de cerca de 1 segundo e até vedações, muros, árvores, equipamentos de
mais. segurança, etc., e aperceber-se de que o
objecto se encontra parado. Naturalmente
Como já se referiu, quando se trata de que tudo isto leva algum tempo.
questões de segurança, não devemos ter em
conta apenas os valores médios, mas sim os Quando se trata de um obstáculo em movi-
valores que são aplicáveis à maioria dos mento e, neste caso, interessa-nos particular-
operadores; por isso, é esse o valor que deve mente o peão, o condutor do veículo terá
ser escolhido, para a determinação das essencialmente de ser capaz de ajuizar, se o
distâncias de paragem. trajecto imprimido pelo peão e a própria
velocidade da locomoção são susceptíveis
Por outro lado, devemos ter também em de o colocar em "rota de colisão". Mais, terá
atenção o tempo de percepção, isto é, o de ser capaz de fazer opções complexas, tais
tempo necessário para compreender que os como, num lapso de tempo curto, assumir ou
travões têm de ser usados. Esta parcela prever a reacção do peão e agir de acordo
corresponde ao lapso de tempo que se com isso.
desenvolve, desde o momento em que o
obstáculo é visível para o condutor, até ao Todos estes juízos, difíceis e falíveis, vão ser
momento em que ele se apercebe de que é encarados pelo condutor, segundo a sua
necessário parar, para evitar a colisão. própria experiência e formação.

-.,.' I

·t
:·.·
.,_

.·····.··.·

Fig.


Veículos e peões em "rota de colisão" definem pontos de conflito específicos na intra-estr utura .
••• •••1 LOCALIZA1_:Ao DE TRAUESSIAS DE PEÕES
1 J•
•••• •• ••
• ••••
••••• •••••

O tempo de percepção dependerá, portanto, mais atento. Mas, por outro lado, distâncias
de vários factores, nomeadamente da maiores associadas a velocidade mais eleva-
distância ao objecto, da rapidez natural com das tornam mais difícil a percepção, devido a
que cada condutor reage, das suas possi- um acréscimo das dificuldades de visão.
bilidades ópticas, da visibilidade atmosférica
e da velocidade com que o objecto se des- Testes em laboratório e testes em estrada,
loca, se for o caso. Este último aspecto faz realizados nos EUA, provaram que os valores
acrescer substancialmente o grau de dificul- encontrados em laboratório correspondem
dade, uma vez que se torna mais difícil apenas a um quinto dos valores em estrada,
ajuizar a velocidade do que a distância. A o que demonstra a importância da influência
associação dos dois parâmetros torna-se um do ambiente envolvente em todo este
exercício altamente complexo, o que terá processo.
obviamente reflexos no tempo de percepção.
Com as cautelas devidas, tendo em conta as
Tem sido extremamente difícil avaliar os inúmeras variáveis e a aleatoriedade do
tempos de percepção. A maior parte das comportamento humano, aceitam-se nor-
experiências realizadas faz combinar os dois malmente valores de 1.5 segundos, para o
tempos: tempo de percepção e tempo de tempo de percepção e de 2.5 segundos, para
reacção. o somatório dos tempos de percepção e
reacção, quando se consideram situações de
Dir-se-ia que, quando se praticam velocida- plena estrada. Em zonas urbanas ou de
des mais elevadas, os tempos de percepção influência urbana, poderão ser tomados,
são menores, _uma vez que o condutor está para efeitos de cálculo, 1.5 segundos.

0 0
Fig.
2.3 Tempos e distâncias de paragem (Dp).

Nos quadros seguintes poderão verificar-se situações diferenciadas de pavimento


as distâncias de paragem para diferentes molhado e seco:
velocidades, tendo em conta também as


••• •••1 LOCAL I ZAr:s.:~O
1 .; • DE TPAI..JESS IA~; DE F'EeiES
•••• •• ••
• ••••
••••• •••••

Velocidade Velocidade Reacção e percepção Distância Coeficiente Dt Dp


de projecto assumida de atrito
Tempo
(Km/h) (Km/h) (s) (m) (m) (m)

50 45 2.5 30 0.36 22 60
65 57 2.5 40 0.33 40 80
80 70 2.5 48 0.31 62 110
100 80 2.5 57 0.30 90 145
105 90 2.5 60 0.30 100 160
115 95 2.5 64 0.29 11 6 180
120 100 2.5 67 0.28 133 200

Quadro
__ 2,_1 Distâncias de paragem em Pavimentos Molhados.

Velocidade Velocidade Reacção e percepção Distância Coeficiente Dt Dp


de projecto assumida de atrito
Tempo
(Km/h) (Km/h) (s) (m) (m) (mi

50 45 2.5 35 0.62 15 50
65 65 2.5 45 0.60 27 70
80 80 2.5 46 0.58 44 100
100 100 2.5 67 0.56 65 130
105 105 2.5 73 0.56 77 150
11 5 115 2.5 80 0.55 91 170
120 120 2.5 83 0.54 106 190

Distâncias de paragem em Pavimentos Secos.

Como se verifica, os coeficientes de atrito Assi nale-se também que os va lores indica-
ma is eleva dos denu nciam, em pavimento dos para Dt. e Dp. correspondem a valores
seco, melh ores cond ições de aderência para arredondados, mas, nem por isso, menos
a mesma ve locidade, quando comparados vá li dos.
com os pavimentos molhados.
A gama de ve locidades indicadas cobre uma
Por outro lado, à medida que a ve locidade vasta área do espectro possíve l, em zonas
aumenta, o co ntacto do pneu com o piso d i- sub urbanas e até rurais, dando-se i ndicação
m in ui, donde resultam coeficientes menores das ve loc idades de projecto, para o caso de
e, conseq uente m ente, piores co nd ições de se traba lhar com estradas novas (em pro-
aderência . jecto) ou estradas e arruament os já em


••• •••
•••• •• ••1 LOCALIZAC_:~O DE TRAUESSIAS DE PEÕES
1 J•
••••• •••••
• ••••

funcionamento, caso em que deverão utili- indicarem ve locidad es de 40km/ h - 50km/ h,


zar-se as velocidades que são medidas no os tempos de reacção e percepção de 2.5 s
local, tal como já se referiu (velocidades considerados significam que essas velocida-
instantâneas ou de operação). des correspondem a velocidades de projecto,
em meio suburbano ou rural.
Outro aspecto, a ter em conta, diz respeito
aos tempos de reacção e percepção que, Deste modo, e considerando agora valores
como se disse, em zonas urbanas podem de 1.5 s, resulta o quadro seguinte (Quadro
assumir-se com o valor total de 1.5 s. 2.3), mais apropriado às cond ições do meio
urbano.
De facto, e apesar dos quadros anteriores

Velocidade assumida Tempo de reacção Distância


Distância
com pavimento Coeficiente
de travagem de paragem
molhado de atrito
(m)
Tempo Percurso
(Km/h) (s) (m)

45 1,5 21 062 16 37

45 1,5 19 0,36 22,5 41,5

50 1,5 25 0,60 23,3 48,5

50 1,5 21 0,34 29 50

55 1,5 27 0,60 28 55

55 1,5 23 0,33 36 59

65 1,5 33 0,58 44 77

65 1,5 27 0,31 54 81

72 1,5 40 0,56 61 103

72 1,5 30 0,30 68 98

75 1,5 42 0,55 72 114

75 1,5 30 0,30 75 106

80 1,5 46 0,55 87 133

80 1,5 34 0,29 87 120

Quadro
2-3 Distâncias mínimas de paragem (Dp), em zonas urbanas.

Obs: convém considerar, para efeitos de projecto, um acréscimo de 5 a 10 m sobre os valores


indicados.

Na figura 2.3 apresentam-se os valores expressiva com a possibi l idade de se


indicados no quadro 2.3, de forma mais efectuarem interpolações.


••• •••1 LOCAL I ZA1._-:.,Ao DE TF.:AUE::;:::I A::: DE PEi~iE::;
1 .: •
• • • ••
•••••••• •••••
• ••••

_ Distância total 120 m


- - Distância percorrida
no tempo de reacção

Om
40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100

Velocidade (Km/h)
Fig.
2-4 Distâncias de visibilidade de paragem, em função da velocidade (meio urbano).

Poder-se-ão ainda re lacionar as distâncias de Admitiram-se também curvas específicas


paragem, em função de algumas caracterís- para a proximidade de intersecções, em que
ticas geométricas de estrada ou da rua, como a atenção dos condutores é, em geral, maior.
sejam as inclinações longitudinais ou as
características em p lanta, re lacionando-as
com a velocidade.

Vel= 70km/h Q)
Q)EL
'O

"' C)
-~ l'!
ge"'
a.
.!11
'O

inclinações (- a descer,+ a subir)

Vel= 50km/h Vel= 30km/h

801--- - - 1 -- --1 401-----+-----<


\

60 301--- --+-----I
\

40
' e,r,-:--....
1 -
\ '
11/e
f'S Crv, - -
-
-.-ves

7 0 ~ - - ~ - - ~ 30 10.____ ___,___ ___,


-10 o +10 -10 o +10 -10 o +10

Fig.
2-5 Distâncias de visibi lidade de paragem, em função das características da via (Norma Sueca) .


'/

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••• •••
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• • •
••••••••••
LOCALIZAÇ~O DE TRAVESSIAS DE PEÕES
••
-----==;;;;_----------==----'-'--=------=
- -::..c. .-:::.:·-:·-
.:=-=----------------=-~------____J
w

As distâncias de paragem formam os lados do triângu lo de


visibil idade e sâo medidas at é ao ponto onde esses lados se
intersectam.
Veículos, que se aproximem simu ltaneamente do cr uzamento,
podem parar antes de atingirem o ponto de conflito.

Fig.
2.8 Triângu los de visibilidade para intersecções sem controlo de prioridade.

Na situação de se considerar que um veícu lo zero. Contudo, nestes casos, dever-se-á con-
tem de parar na v ia secundária, então o siderar uma distância de 3.0m para o interior
cálcu lo daria apenas va lores para a distância da via secundária, como sendo a posição
de travagem do veículo da via principal, uma mais usual dos olhos do condutor que se
vez que, a uma veloc id ade zero, correspon- encontra parado.
deria uma distância de paragem também

Os olhos do conduto r devem


considerar-se situados a 3.0m da
linha que define o limite da fa ixa
de rodagem principal (qua ndo não
existe passadeira de peões).

Fig.
2.9 Posição do veículo em relação à zona de paragem.
... .
1
••• •••
••
·=• • • 1 LOCAL I ZAr,,,:Ao
••••• •••••
• ••••
- DE TRAI..JE::;:3I A::; DE PEi~iES

Considera-se, neste caso, que a barra de STOP Quando existe uma passadeira de peões
se encontra a 0.50111 do prolongamento da materializada, deve considerar-se o afasta-
linha de delimitação da fa ixa de rodagem da mento de 2.5111, a partir da barra de paragem
via prin cipa l, e que a frente da v iatura se que protege a passadeira.
encontra imobilizada a 0.50111 daquela barra.

····. ··:··

_ _, ,, .,,:;1 ooooíl íl
t:::::11-=>

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. ;._ ~

.. -....
_ ~

Os olhos do co ndutor devem con siderar-


'
.• , se situados a 2.5m da barra de paragem
_:.;; quando existe passad eira.
Fig.
2.10 Posiçã o do veícu lo, em relaçã o à passadeira de peões.

O posicionamento de uma passadeira deverá nomeadamente face à distância de v isibili-


atender, ainda, a critérios de armazenamento dade de paragem, tendo em conta a gestão
mínimo para o veículo que tem de parar nas de tráfego e os sentidos das vias principa l e
imediações da passadeira. sec un dária, o triângulo de v isib ilidade, a
garantir também ao peão, e o pos iciona-
Suponhamos, por exemp lo, uma passadeira mento do veícu lo face à barra de stop, se ela
a localiza r num a via secundária e numa existir, deverá ser também considerado ou
intersecção. ve rificado, se a posição resultante para a
travessia garantir a acomodação de um
Depo is de atend id os os parâmetros já veículo que efectue a manobra de viragem à
referidos e definidores da sua loca lização, direita.

,, = . . . _..,; J
Fig.
2.11 Acom odação do veículo, que vi ra à direita, sem implicações no fluxo principal.


••• •••1 LOCALIZAC_:AO DE TRAUESSIAS DE PEÕES
1 J•
•••• •• ••
• ••••
••••• •••••

De facto, convirá, por um lado, não afectar a denominado de d ivergência, ou seja, o local
f luência da v ia principa l e, por outro, eli minar em que dois movimentos de tráfego se
o risco potenc ial de um acidente num ponto separam.

-~_:/ íl íl íl íl ílíl _;.- :


~·::·~ ~·t~;':•,
[ 4 ·---·
. · _. · ...~- .. \·..• -: . . ,-.~.- .• · ··-: :.·:'~·.·.· >.. ..~·.,

Fig.
2.12 Ponto de divergênc ia (separação de movimentos de tráfego).

Este conceito é, ali ás, i mportante para se da teoria dos pontos de conflito e de
poder efectuar a esco lha da travessia numa conceitos de capa cidade, merece atenção
intersecção, dado que, e para além dos particu lar, conjugada com a aná li se do
conce itos refe ri dos, a compreensão do comportame nto do condutor, como veremos
funcionamento da mesma intersecção, à luz ma is à frente.

Movimentos Movimentos Movimentos


de tráfego divergentes de tráfego convergentes de tráfego secantes

Fig.
2.13 Pontos de conflito orig inados por vários movimentos de tráfego.

Outro aspecto a ter em consideração, mas ta l modo que não se situe na curva, mas
q ue se art icu la com o anterior, diz respe ito à semp re q ue possível, na tangente da mesma
conveni ência em loca lizar a passade ira, de curva e sobre o alinhamento recto, se existi r.
1
•••·= ••••1 LOCAL I ZAr:,:~o DE T~:Al.)E!3S; IAS DE PEi~ÍES
•••• •• ••
••••• •••••
• ••••

De facto, um peão invisua l atravessa sobre a curva, o levará para fora da zona da
segundo um ângu lo recto em relação ao travessia.
lanci l, o que, no caso da travessia se localizar

·,!,: '
Fig.
2-14 O atravessamento dos invisuais faz-se perpendicularmente aos lancis.

No que respeita a distâncias de v isib ilidade calcu lado da segu inte forma:
entre veículos e peões, o triângulo deverá ser

A extensão mínima necessária


para a distância X encontra-se
na Tabela seguinte:

A distância VI deverá se r, no
mínimo, igual à distância de
paragem do veícu lo, para a
velocidade considerada.
Fig.
2.15 Distâncias de visibilidade entre veícu lo e peão.

Velocidade de projecto X
(Km / h ) (m)

30 3

50 4

70 5

Quadro
2·...
__ 4 Distâncias entre o peão e o ponto de conflito das trajectórias (peão veícu lo) .


1•••.1 ••••1 LOCAL I ZAC_,:~O DE TF.'.AI..JE::/:.;IA::; DE PEi~iE::;
•••• •• ••
• ••••
••••• •••••

No caso dos peões, não deverão exist ir v isibilid ade em intersecções diz respeito, em
obstácu los, de altura super ior a 0.70m, áreas urbanas, à prioridade que se pretende
dentro do triângulo de visibilidade. Quand o dar à circulação pedonal, e ao efeito de
se trata de triângulos de visibilidade entre continuidade de um percurso. Se se entender
veículos, 1.0m de altura será o va lor de que o peão no percurso que se desen rola
referência, igu alm ente dentro de todo o sobre um passeio deve ter toda a prioridade,
triângulo de v isibilidade. sem que sequer, esse seu percu rso seja
interromp id o na trajectória e na altimetria,
Estes va lores serão cons id erados, em então o co nce ito altera-se. Neste caso, é
relação ao plano em que se situa a fa ixa de necessário que o passeio não seja interrom-
rodagem ou, em relação ao p lano em que pido, nem sequer rebaixado na zona da
situam os peões (passeios o u berma s). intersecção, devendo a v iatura que provém
da via secundária passar sobre o passe io, ou
Uma outra abordagem das questões da seja, no território que é do peão.

Fig.
2.16 Exemplos de passeios em continuidade. O veícu lo que provém da via secundária penetra no "território"
do peão.
••• •••
• ••
•••
•••
•• • •
.= LOCAL I ZAÇHO DE TF.'.AI..JESS I A'.3 DE
••••• •••••••
• ••

A árvore e o alinh amento de árvo res sucessivas,


tapam a visibilid ade ao condutor pondo em ri sco a
travessia de peões.

Triângu lo de
visib ili dade
comprometida
.....'· pela posição de

-~·;
':-··

..
,.
estacionamento

·R
_.:.@ Triângulo de visibilidade
comprometida pela
presença de veícu los
estaciona dos e por se
situar demasiado "dentro"
do estacionamento

Rua de sentido
único com esquinas
dentro do triâ ngulo


de vis ibilidade Posição correcta
: •••J••••: LOCALIZAC_:Ao DE TRAVESSIAS DE PEÕES
•••• •• ••
••••• •••••
• ••••

2.6. A visibilidade em intersecções


__, . ,.
li}II

A zona de visibilidade é a zona qu e um Nos esquemas das figs. seg uintes, podem
condutor pode ver livremente, num só olhar. ver-se as zonas denominadas triângulos de
visibilidade, quer para peões-veículos, quer
Quando nos referimos a uma intersecção, p ara veículos-veículos.
consideramos como triângulo de visibilidade
a zona que efectivamente pode ser vista sem
impedimentos.

peão

0,75 m

·-·- ·-·-
obstáculo

lugar do condutor

1,5m

1 ponto de colisão
_..,_.___ ___ _ -_ _11,~:_ __ __ __ ~
~ ~ !!Sit!!!::_ _ _ .....,..,..,,..
. .,,-=....., .,..,,.,. . . .
.... 1 . . .. . ........ .
- - - - - -'~

·,
- ~- - - - ' - ~

.........
''\.: ·.
,,

-:
1'

1
/

.· . -.
. ' · · ·. · :'

-....... --!
._.- .......

Fig.
2.6 Visibilidade em intersecções.

Repare-se que o posicionamento dos veícu- trata de veículo-veículo, a posição dos mes-
los ou dos peões é importante. Quando se mos em relação ao limite da faixa de roda-


••• •••; LOCAL I ZAi...-_:~O DE TRAl.JESS IAS DE PEÕES
; .1 •
•••• •• ••
• ••••
••••• •••••

gem (seja o passeio, seja a berma) deverá Os esquemas segu intes (Fig. 2.6 e 2.7)
cons id erar um afastamento de cerca de mostram os triângu los de visi bilidade neces-
1.5m, contado da posição do condut or. sários para situ ações de intersecções com
reg im e de prioridade estabelecido e sem
Se se trata de peão-veículo, deverá conside- regime de prioridades imposto.
rar-se que o peão se encontra no passeio e
afastado 0.75m, em relação ao obstácu lo que Obviamente que os triângulos de v isibilidade
im pede a v isibili dade. ocuparão maior área, nos casos de intersecções
não controladas, dado que a velocidade de
Naturalmente que, quando se trata de v ias aproximação dos veícu los, que circulam numa
de se ntido único, o mesmo critéri o tem das v ias, será maior e, como é sabido, é em
ap licação, mas ago ra referido à zo na latera l função da velocidade que se determina uma
esq uerda da via de se ntid o único. distância de travagem maior ou menor.

Em qualquer i ntersecção, independente-


mente do método de contro lo, são necessá-
rias áreas de v isibil idade para o exterio r das
vias. Os princípios, pa ra a determ inação da
sua extensão, estão ilu strados pelas áreas
sombreadas, na fig. 2.6.
Um v eícul o, parado na aproximação da
intersecção, tem suficiente visibilidade para
cruzar ou inserir-se na rua intersectada.

Fig.
2.7 Triângulos de visibilidad e para intersecções com control o de prioridade ou de paragem .


=
•••J••••= LOCALIZAr~·~o DE TRAUESSIAS DE PEÕES
• • • ••
•••••••• •••••
• ••••

Fig.
2-17 Exemplos de loca lização de travessias e de obstáculos à visibilidade.

De qualquer modo, poder-se-ão admitir iluminação, em linha, ou de va rias árvores,


obstácu los dentro do triângu lo de v isibilida- também alinhadas e próximas da fa ixa de
de com alturas superiores às indicadas, se se rodagem, constituem impedimento à visibi lida-
tratar de obstácu los, de largura inferior a de, se, por sua vez, o traçado da rua ou da
0.30m, tais como, postes, colunas de il u- estrada for susceptível de possuir alinhamentos
minação ou m esmo árvores, cujo tronco não idênticos. Estabelecem uma barreira visual que,
exceda aqu ele va lor. para além dos inconvenientes para o peão,
constitu em também um obstácu lo demasiado
Contudo, a presença de várias colunas de próximo, para a segurança do condutor.

Fig.
2.18 Obstáculos à visibilidade.

No caso da existência destes obstáculos, em Se ta l não for possível, seg uir-se-ão varias
linha, deverá tentar-se a escolha de uma hipóteses: remoção das colunas de iluminação
localização adequada como primeira alternativa. para posições recuadas, medida que possui


••• •••1 LOCAL I ZAC_:i1o DE TRAI..JESS IAS DE PELiES
•1 •.;• • •
•• ••••
•••••••• •••••

vantagens bilaterais, e de preferência, colocação exemplo paredes), com eliminação das respec-
de armaduras em obstáculos existentes (por tivas colunas.

Situação a remodelar: ali-


nhamentos das colunas,
das árvores e do traçado
da via.

Nova configuração
geométrica da via.

Fig.
2. l9 Obstáculos à visibilidade (remodelação - alternativa 1).

No que respeita à pos1çao do tronco das de rodagem, ganhando largura adic ional
árvores, outros problemas se levantam, já para o passeio, na zona da travessia.
que a árvore deve, por princípio, ser preser-
vada. Outro caminho, poderá ser o estabelecimento
de sentido único na via em causa, com redução
Sign ifica que a intervenção deve surgir na da largura da via, em toda a extensão. Outra
área de remodelação física da v ia ou dos possibilidade a encarar, será a de reduzir a
passeios. largura do passeio oposto, mantendo a largura
da faixa de rodagem e ganhando um acréscimo
Uma possibilidade será a de reduzir a faixa de largura, no passeio com árvores.

Redu ção da largura da v ia,


estabelecendo sentido único (a
alteração da geometria facilita
a red ução da velocidade).
Fig.
2.20 Obstáculos à visibilidade (remodelação - alternativa 2) .

• I
••• •••1 LOCAL I ZAC_:Ao DE TRAI..JESS IA::; DE PEi~E:3
1 .: •
•••• •• ••
• ••••
••••• •••••

Redução do passeio oposto


e colocação de armaduras
nas paredes.
Fig.
2.2 1 Obstáculos à visibilidade (remodelação - alternativa 3).

Naturalmente que o caso, em consideração, pouco, exaustivas. Constituem apenas


está agravado por alinhamentos que formas de encarar as soluções mais
reduzem a visib ilidade, nos dois lados da via. correntes, muito embora outros condicio-
namentos locai s possam sugerir outras
No entanto, as pistas, que se indicam, não atitudes.
são, de forma alguma exc lu sivas nem, tão


••••••••••
• ••
••
••••••
•••••••• •••••••

r·H- c,H- r·rEC• 1·••.-.TI -.H-.....
••• r-=. _. r:. ·=· . 1.... .:, H- r·nt r:. I C•
... ... ·11FEC• r=.
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H r-=• H --- ..- I
...•1..1 E!:;!:;
_-_-H-_-_-[I_-.. E-~•••_- F' E-_.... t"i.. E·=;
_-_ -_ -_-_-_-_-_-_-_,,,.
-_··--_
••••••••
1 .:
•••••• .• CAPACTEP t ST I CA::; A COMFEP I F.: Ft TF.:AI...IESS IA DE PELiE:::
•••••••• •••••••

- - - = - -••- - - - - = = = = - = - = - = - - - - - = - - -
w
A travessia de peões deve ser ana li sada aspecto merecerá um tratamento mais pro-
segundo vários parâmetros. fundo, quando se ana li sarem as "Travessias
de Povoação".
Em prim eiro lugar, é importante considerar o
tipo de estrada ou de via urbana. A travessia pode ser apenas um loca l em que
a concentração de peões que pretendem
Neste capítu lo, importa saber se se trata de at ravessar a v ia possu i algum significado,
uma zona vincadamente urbana, ou se a via mas sem necessidade espec ial de tratamento
se encontra funcionalmente caracterizada face aos vo lum es de tráfego, em presença.
por tráfego de passagem. De facto, o com-
portamento do conduto r e do peão varia em Depreende-se, desde já e face ao exposto,
função das características geométricas da v ia uma relação qualitativa importante, em que
e, deste modo, das ve locidades que são se envo lve o peão e o condutor.
permitidas.
Por o utro lado, a quantificação desta questão
Poder-se-ão apontar medidas para a adapt a- é importante, para se definirem regras de
ção das v ias a uma ou outra função, mas este actuação.

3. 1 Separadores e refúgios para peões .,_.


----------'~
3. 1. 1 Separadores tas", constituíd as por sin alização horizontal,
com o mesmo objectivo, mas obviamente
O separador é uma peça que, tal como o sem expressão f ísica .
próprio nome indica, pretende estabelecer
uma separação, por vezes, entre vias do Pretende-se, com a existência destes separa-
mesmo sentido de tráfego, na maior parte dores, estabelecer uma gestão mais disci-
dos casos, entre v ias de sentid os d ife rentes. plinada dos vários movimentos de tráfego
envo lv idos numa i ntersecção e, mu itas
Os separadores físicos têm expressão, em vezes, utilizá-los de uma forma polivalente
relação às cotas do pavimento. Isto é, são para apoio de uma travessia de peões.
sobre levados. Não se exclui a hipótese de se Nestes casos, são também refúgios.
considerarem as denominadas "zonas mor-
••••••••••
••• •• CARACTERÍ STICAS A CONFERIR A TRAUESSIA DE PEÕES
••••••
•••••••• •••••••

••

Normalmente, co ns id eram -se separado res, as placas qu e se situam nas vias secundá-
os que se situam na via principal, e refúg ios, rias.

..., ~--
separador .. • .. •• •
-
• separador •

. ... . .. . . .. .. . . . ' .. . . . .. . .. . .

. ·. . . .. .. .
1 •

... •
Separadores, na via principal,
com v ia de armazenamento
para vi ragem à esq uerda.
Fig.
3., Separadores e refúg ios.

Os separadores devem se r implantados, de velocidade, nest es casos, é aprec iável,


tal modo que as vias de tráfego não sofram ex iste m regras particu lares, que devem ser
redução das suas características, especial- cumpridas, relativamente à geometria dos
mente, se se trata de locais com velocidades se paradores.
iguai s ou superiores a 60km/h. Porque a

Fig.
3-2 Separador instalado num a estrada francesa. As vais não sofreram redução de largu ra.


•••••••••
••• •• CARACTERÍSTICAS A CONFERIR A TRAUESSIA DE PEÕES
•••••••
•••••••• •••••••

••

Fig.
3 .3 Separador insta lado numa estrada sueca.

Deste modo, os disfarces para o alargamento não devem ser inferiores a 1.25m, ou seja,
da faixa de rodagem necessários, para uma transição de 25m, na v ia principal, para
possibilitar a in sta lação de um separador, um separador teórico de 1m de largura

a ____ 3.5.!!1-------- 1m
- ----

Fig.
3.4 Separadores. Disfarces.

Por outro lado, a sina lização horizontal, para Também a geometria do "nariz" deve prever
protecção do "nariz" do separador, é um uma forma assimétrica, que estabe leça, para
aspecto essencia l, para o guiamento do larguras totais iguais ou supe riores a 3m,
condutor. Dever-se-á, como mínimo abso lu- afastamentos mínimos de 0.50m, tal como se
to, garantir 0.30m de afastamento da pintura ilustra, na fig . 3.3 segu inte.
(gui a) ao lancil, comp lementando a sua
protecção com sinali zação adequada e, Recuos da ordem de 0.50m, como já referido,
sempre que possíyel, com iluminação ou devem ser disfarçados ao longo de uma exten-
equipamentos retro-reflectores. são de 5 a 10 vezes este valor (entre 2.5m e 5m).


••••••••
1 d ~ CARACTERÍSTICAS A CONFERIR A TRAUESSIA DE F·Er_iE~_;
••••••
•• • •
••••• •••••••
••

0,30m
A sinalização horizontal deve estar
afastada do lancil (m íni mo absoluto
0.30m, mínimo desejável 0.50m) . A
fo rm a do "nariz" deve ser assimé-
trica, de modo a garanti r-se um
afastamento (rec uo) m ínimo de
0.50m.
Fig.
3.5 Separadores e protecção com sinalização horizontal.

3. 1.2 Refúgios dos ra ios de v iragem, cons iderados nas


características geométricas da intersecção.
Os refúgios devem encontrar-se recolhidos
relativamente à via principal. Quando se trata d e zonas urba nas, e muito
Geralmente adaptam-se afastamentos iguais à embora se deva m respeitar os princípios
largura da berma existente na via principal, geométricos referidos, haverá que atender
quando se trata de estradas, de modo a não à largura da berma que, neste caso, não
manter a berma livre de obstáculos, em toda a existe, m as a um afastamento mínimo de
sua exte nsão. Contudo, o posicionamento do 1.5m, em relação à linh a que define o lim ite
"nariz" do refúgio deve ser também função da faixa de rodagem da v ia principa l.

Em zonas ur banas, deve garantir-


se um afast amento m ín imo de
1.5m, do "nariz" do refúgio à
linha que define o limite da fa ixa
de rodagem da via pri ncipal.
O af astamento adequado e a
di mensão do refúgio devem
resu ltar da aná lise das cond ições
de visibilidade e dos flu xos de
peões envolvidos, bem como
Fig.
dos ra ios de viragem à esquerda
3.6 Refúgios em zona ur bana. de e para a via principal.


Em estrada
••••••••
1 .1
••••••
•• •
.• CAF.'.ACTEF.'. Í '.: ;TI CA::; A Cot-~FEI? IR A T~:AUE::S IA DE

PEÕES GÇJ
••••• •••••••
••
~------=-=-~----
Quanto às suas dim ensões físicas, dois ti pos Nas fi g uras segu intes, in d icam-se as
de refúgios pod em ser considerad os: os de dimensões aconse lhadas para cada caso.
dim ensão "n or m al " e os de d im ensão
"g rand e" .

Refúgio de d imensão "g rande". Refúg io co m zona rebaixada, pa ra facilitar o percurso de peões.

C-----.;..;_._)],m
- ~ 5,6 ou 7m J

(__~)]~~::
c3ou5m _J_
=···,···: 7'= fº•"m
0,02 (mâx)
Refúgio de dimensão "normal"
(Refúgios com 3m dificilmente são usados Corte de um refúg io com ind icação de cotas.
como passadeira de peões).

Fig.
3.7 Dimensões dos refúgios.

Refúgio em pl ena estrada .


••••••••
d ~ CARACTERÍSTICAS A CONFERIR A TRAUESSIA OE PEÕES
1••••••

•••••• •••••••
••
••

Refúgio em zona urbana.

As cotas, a q ue se deve situar o plano 0.1 0m a 0.15m, para cond ições gera is de
superior do refúg io em re lação à fa ixa de implantação, podendo, em situações
rodagem (altura do lanc il), podem variar de excepcio nais, ati ngi r os 0.20m .

Rebaixamento de refúgios.

Quanto às alturas recomendadas para as refúg io, os valores não devem ultrapassar os
áreas "p isadas" pe lo peão, no próprio 0.04m .


----------===::----~=-=---
••••••••••
••• •• CARACTERÍSTICAS A CONFERIR A TRAVESSIA DE PEÕES
••••••
•••••••• •••••••

••

Fig.
3.11 Passeios intransponíveis e com !aneis não rebaixados

Fig.
3, 12 Lancis não rebaixados numa zona de travessia de peões com passadeira.

De facto, na maio r parte dos casos, é possível acarreta alguns inconvenientes, especialmente
adaptar cotas nulas, ou seja, é possível utilizar o para peões invisuais, por não detectarem o
próprio pavimento da faixa de rodagem para a apoio interm éd io que o refúgio constitui
circulação do peão, mas esta solução, contudo, quando executam uma travessia .

Zona de espera no separador utilizando o pavimento da faixa de rodagem.


•••••••••
••• •• CARACTERÍSTICAS A CONFERIR A TRAUESSIA OE PEÕES
•••••••
•••••••• •••••••

••

Um tratamento da superfície, que suscite tornando-se cada vez mais complexa, à


diferenciação sonora ao toque da bengala do medida que o tráfego aumenta e os
invisual, é uma boa solução, que deve ser intervalos aceitáveis são, portanto, mais
atendida, mesmo que se opte pelo rebaixa- raros, ou, à medida que aumenta o número
mento total do refúgio de vias, diminuindo assim a frequência de
intervalos válidos coincidentes.
Tratou-se o problema da instalação e
características a conferir aos refúgios, A travessia deve estar, nestes casos, minima-
quando localizados na proximidade de mente apoiada num refúgio, para que
intersecções. possam passar a existir duas fases de
decisão: uma, para os intervalos aceitáveis
Interessará referir também a instalação para um dos sentidos de tráfego e, outra,
destes equipamentos, em meio urbano, e para os correspondentes ao outro sentido.
não necessariamente na proximidade de
intersecções. Além disso, diminuir-se-á o tempo de expo-
sição do peão ao tráfego motorizado.
Sempre que existam duas ou mais vias por
sentido de tráfego, é indispensável proteger Para garantir que a decisão possua efectiva -
uma travessia pedonal de nível com a mente duas fases, é conveniente prever
introdução de um refúgio. barreiras físicas para o peão sobre o refúgio,
para que ele tenha um período de espera,
De facto, quanto maior é o número de vias de que o faça reflectir sobre a segunda fase da
tráfego, mais difícil se torna para o peão a travessia .
decisão de efectuar a travessia em segu-
rança. Um método usado, em vários países, nomea-
damente na Grã-Bretanha, obriga o peão a
A decisão sobre a melhor oportunidade, para circular num pequeno "corredor", de frente
realizar a travessia, recai na análise que o para o sentido de tráfego sobre o qual ele
peão faz sobre os intervalos entre os tem de tomar a decisão.
veículos, de cada corrente de tráfego.
Na figura 3.14, bem como na fotografia
Para uma rua de dois sentidos, por exemplo, seguinte, ilustra-se esquematicamente o que
há que coincidir os intervalos disponíveis já foi descrito.
para cada sentido e analisar se, destes, o
menor ainda é suficiente para realizar a Este método, simples e de baixo custo,
travessia. aplica-se naturalmente a qualquer tipo de
refúgio, desde que de dimensão "grande" e
A esta análise está subjacente a capacidade deve ter em conta a capacidade de
de estimar tempos, os quais resultam da "corredor", isto é, uma largura e extensão
conversão da distância a que se situam os compatíveis com os fluxos de peões em
veículos. Não é, portanto, uma decisão fácil, causa .


1••••••••
.: .• CAF.'.ACTEF.'. f ST I CAS A Cot·4FEF.'. I F.'. À TF.'.AI...IE::;::;IA DE F'EiJES ~
•••• •• ••••
••••• •••••••
••
'-====-------------=~==-------~------=------ .

É especialmente aconselhado, onde existam normalmente apressadas (por exemplo


atravessamentos de crianças ou de pessoas proximidade de escolas, fábricas, etc.).

Fig.
3.14 Desfasamento do percurso de peões numa travessia.

Dos balizamentos e outros equipamentos a


prever, fa laremos, em pormenor, no capítulo
4.


•••••••• •••••
•••• •• ••••••

••••• •• •• ••
F·Ei~iEE; E TRAFEGO MOTORIZADO
••• •
••• ••••• •••••• PEÕES E TRAFEGO MOTORIZADO
•••••••• •••••
•• ••
••

_ _mais
4.1 O percurso curto_____. 9li
_ UI
O princípio básico, a que deve obedecer uma caminhada e que, reduza a um m1nimo, ou
rede de caminhos para peões ou de elimine mesmo, pontos de conflito com o
passeios, é de garantir percursos, em tráfego motorizado.
segurança, sem confrontos com outro tipo
de tráfego. Para assegurar a utilização dessa rede e,
É importante garantir que um percurso portanto, a sua eficácia, é indispensável que
pedonal disponha no seu itinerário, de a mesma se mostre atractiva e cómoda para
elementos de conforto para o peão na sua o utilizador.

Muitos estudos demonstraram que a escolha for óbvio ou, se o peão tiver de começar a
de um · percurso depende do conhecimento caminhar em sentido contrário ao que
da distância que se tem de percorrer, e dos deseja. Nestes casos, um local de referência,
desvios, que se têm de fazer, em relação à importante ou muito atractivo, passará a ser
direcção em causa. Uma escolha racional decisivo para a escolha a fazer.
torna-se difícil, se o percurso mais curto não


••• •
••• ••••• •••••• PEÕES E TRAFEGO MOTORIZADO
•••••••• •••••
•• ••
••

Em todo o processo de decisão e, em Mesmo para um percurso de curta distância


especia l, no acto de planear, os percursos de o nível de atractividade para a deslocação a
peões, que envo lvem a proximidade de pé, depende muito das cond ições envol-
estradas ou ruas muito movimentadas, não ventes desse percurso, do piso, da confl i-
deverão ser considerados como percursos tualidade com o tráfego e das inclinações.
atractivos.

4.2 Mobilidade "9


- - - ~ - M'I
As principais v ias de peões devem ser exemplo. Não nos podemos esquecer que a
atractivas para todos os grupos de peões, mobilidade é determinada, em parte, pelos
incluind o naturalmente, os condicionados da tempos de espera em semáforos, pel.o
mobilidade. estado do piso ou dos revestimentos dos
passeios, pelas obstruções provocadas por
O sistema deve ser homogéneo e articu lado, obras, se as houver, e pelos volumes de
de forma a que não seja necessário ao peão peões em jogo.
recorrer à rua ou a trilhos em obras, por


•••••••• ••••• PEÕES E TRAFEGO MOTORI ZADO
•••• •• ••••••

••••• •• •• ••

Por outro lado, avenidas muito largas cada um dos lados e correspondem a um
constituem uma fronteira às actividades de acréscimo de distâncias a percorrer.

A sinalização de orientação é m1nima, se o gens de transporte público e respectivas


complexo viário para peões se tornar claro e carreiras, contendo ainda informações adi-
lógico na sua concepção. Naturalmente que cionais sobre eventuais restrições ou facili-
este aspecto se torna mais fácil de conseguir, dades para deficientes.
quando se trata de novos bairros residen-
ciais. Em zonas antigas, é consideravelmente O recurso a cores, sons e cheiros agradáveis
mais difícil obter bons resultados, mas, em facilitam a atractividade e, deste modo,
qualquer dos casos, é essencial que o utente potenciam o uso dessas vias, tornando-as
se sinta guiado, o que impõe, naquelas interessantes, aumentando assim o contacto
zonas, um reforço dos meios informativos. natural entre pessoas.

Dado que se pretende que os circuitos de A arquitectura, a localização e a distribuição


peões se afastem das vias de tráfego rodo- de actividades determinam largamente a
viário, o tipo de informação deverá recorrer a atractividade. Por outro lado, uma forte con-
mapas colocados nos circuitos de peões centração de áreas comerciais é mais nega-
mais importantes, mostrando a rede de vias tiva do que uma política complementar de
para peões, os números de polícia, as para- dispersão.

4.4 As condições atmosféricas _ .w


.,_

Outras condições, sejam atmosféricas, sejam ou mesmo à sombra de toldos e dos próprios
topográficas, também possuem peso impor- prédios.
tante . Devem ter-se cautelas particulares
relativamente aos ventos dominantes, evi- A vegetação possui vantagens adicionais,
tando que um percurso se estabeleça ao não só em relação à sombra já referida, mas
longo da direcção do vento, quebrando a sua também sob o aspecto eólico, reduzindo a
continuidade, de onde a onde. A sombra intensidade dos ventos e diminuindo a
deverá ser garantida, sempre que possível, incidência da chuva, para além de constituí-
especialmente em zonas muito quentes, rem filtros apreciáveis à poluição atmos-
como, no sul do país, com recurso a árvores férica.


••• •
••• ••••• •••••• PEÕES E TRAFEGO MOTORIZADO
•••••••• •••••
•• ••
••

4.5 A poluição sonora e atmosférica


m
No que se refere à poluição, faz-se notar que limites nacionais para a qua li dade de
as vias para peões não devem situar-se nas em issões gasosas que se podem ace itar,
proximidades de ruas com muito tráfego, para diferentes tipos de ambiente. Contudo,
especia lm ente se for tráfego pesado. As se quisermos ter uma visão mais clara do
pessoas devem poder fa lar umas com as problema, poderemos recorrer aos valores
outras, aos níveis normais de conversação, e limite publ icados pela Organização Mundial
não devem ser submetidas às emissões de Saúde, apenas para o monóxido de
gasosas. carbono, e verificar, através do gráfico da Fig.
4.1, o risco de se ultrapassarem esses
Não se encontram ain da estabe lecidos os va lores.

Distância ao
centro da via (m)

Fig. Milhares de veículos/dia


4.1 Exposição do peão ao monóxido de carbono em função do tráfego médio diário (O. M.S.).

A zona tracejada representa a área perigosa Tomemos o caso da Av. Marginal, com cerca
onde os limites indi cados pe la O.M. S., de 30 000v/dia e obter-se-á um valor para o
relativos ao monóxido de ca rb ono, poderão afastamento, que não tem nada a ver com a
ser exced idos. actua l loca lização dos passeios, onde, por
sinal, algu ns "atletas" praticam a corrida ou
Ass im, um peão submetido à proximidade a marcha, com alguma frequência .
de uma rua ou estrada muito movimentada,
digamos cerca de 16 000v/dia, teria de estar O ru ído provocado pelo tráfego depende,
a ce rca de 12m, para não correr o risco de entre outras coisas, da construção e caracte-
exceder os limites de absorção de monóxido rísticas do próprio pavimento, da velocidade
de ca rbon o. e da composição do tráfego e das caracte-
rísticas e afastamento da v ia em relação aos
Importa recordar que ta is vo lumes de tráfego préd ios.
são verificados em numerosas artérias do
nosso país.


••• •
PELÍES
1• •.:• •.•:• E ri;;:ÁFEGO MOTORIZADO ~
•• • •••••
••••• •• •• ••
-------
O ruído, normalmente medido em dBA, pode cerca de 50km/h para o tráfego que circula, e
ser obtido de duas maneiras. Através da sua ainda se considera não existirem obstáculos
medição, no local, com apare lh agem própria, nem vegetação entre a v ia e os prédios.
ou utiliza ndo diagramas que permitem a sua
predição. Para velocidades de 70km/h, pode assumir-se
um acréscimo de ruído de 4dBA, comparando
A título de exemplo, apresenta-se, no gráfico com o que resulta para a velocidade de
da Fig. 4.2, um tipo de diagrama que pode 50 km/h.
ser usado para estimar o ruído dentro e fora
da casa. Atenção, contudo, pois um diagra- Uma redução de velocidade de 50km/ h para
ma é um instrumento limitado que só tem 30km/h raramente produz uma redução
em conta algumas das premissas que significativa de ruído.
influenciam o problema .
Utilizando o diagrama, poder-se-á estimar,
Por exemplo, o diagrama seguinte (Fig. 4 .2) nas condições já referidas, qual deverá ser o
assume que a percentagem de veículos ruído dentro e fora de uma escola, por exem-
pesados, no fluxo tota 1, é de 10%, e que os plo, em função do seu afastamento à estrada
edifícios estão relativamente isolados e, por ou rua principal, em função do tráfego, e
isso, absorvem cerca de 25 dBA. compará-lo com os valores de referência,
que se assinalam:
Além disso, assume-se uma velocidade de

Distância ao
centro da faixa (m)

500

200

100
Nível sonoro durante o dia
(dBA)
50
INTERIORES < 30 30-40 > 40
20
EXTERIORES < 55 55- 70 > 70
10
PADRÃO A B e
5
No interior 30 35 40 45 50 55
A = Bom Padrão
No exterior 55 60 65 70 75 80
B = Padrão Fraco
(norma lme nte existente
em áreas residenciais a ntigas )
Nível sonoro durante o dia (dBA) C = Mau Padrão (evitar)
Fig.
4.2 Ruído em função da distância à fonte emissora.
•••••••• ••••• PEÕES E TRAFEGO MOTORIZADO
•••• •• ••••••

••••• •• ••••

EXEMPLIFICANDO: não excedesse o li mite do razoável (padrão


Uma esco la, situad a nas proximidades de B), naturalmente adm itindo uma ve locidade
uma estrada ou rua com um movimento de 50km/h e um vo lume de pesados, na
diário de 16 000v, deveria situ ar-se a cerca de constituição do tráfego, que não ultrapassas-
25m do eixo da via, para que o níve l de ruído, se os 10%.

Fig.
4.3 Afastamento de uma esco la em relação à fonte emissora.

Uma esco la, próxima da rua ou estrada, gera que se desenvolve de um só lado da estrada
problemas de poluição so nora, atmosférica e ou rua, elimina ou atenua os problemas
de atravessamento de peões. Uma escola referidos.
afastada, e integrada na zona residencial,

Fig.
4.4 Afastamento de uma escola em relação à fonte emissora. Loca lização preferível.


••• •
1 .1 .•1 ~
• PEi~ÍES E TPÀFEGO MOTOP I ZRDO
•••• •• ••••••
••••• •• •• ••
'--=-------====------=------=-----'

Exemplos de percursos de peões atractivos, sob o ponto de vista visual e ambiental.

4.6 Os veículos e o mobiliário urbano como obstáculos m


A largura de uma via a atravessar é aspecto atravessamento (Marques, J.1995).
a considerar na óptica do peão, quer devido Outro aspecto importante e com consequên-
ao tempo de exposição, quer em relação ao cias no risco de acidente do idoso, refere-se
encurtamento de um percurso, já que se ao estado dos passeios e à sua la rgura . Um
sabe que qualquer peão tenderá sempre a passeio mal conservado, de piso irregular ou
procurar a extensão mais curta para o de largura insuficiente, intrínseca ou provo-


••••• ••••• PEi~iES
••• E TF.'.fiFEGO MOTOF.'.IZADO
•••• •• ••••••

••••• •• ••••

cada por equ ipamentos urbano s insta lados, raj ar o seu uso e levar o peão a preferir a
ve ícu los estacionados, etc., pode desenco- fa ixa de rodagem.

Fig.
4.6 Peão a circular na faixa de rodagem devido a
veícu los estacionados nos passe ios.

Fig.
4.7 O estacionamento sobre o passeio
impossib il ita o seu uso pelo peão.

A passadeira não pode conduzir o peão para uma zona de estacionamento (à esquerda) e os equipamentos urbanos
colocados no passeio não podem reduzir a um mínimo o espaço destinado ao peão (à direita) .


•••••••• ••••• PEÕES E TRAFEGO MOTORIZADO
•••• •• ••••••
••••• •• ••

•• _ _Jm
Na Grã Bretanha verificou -se que 93% do s cuidados do peão que se prepara para
acid entes com peões ocorriam fora do s atravessar, podendo também, por distracção
passeios ou em loca is qu e não possuíam constituir um risco ad ic ional. Do mesmo
qualquer refugio para o peão. modo, um a transição brusca da cota do
passeio para a fa ixa de rodage m constitui,
Numa aná li se mai s fina: um lancil elevado na pe las mesm as razões, um risco ad icional.
zona de travess ia pedonal aumenta os

Fig.
4.9 Um lancil muito elevado pode constitui r um "tropeção" para o peão em particula r para os mais idosos.

Em sum a, conviria não esquecer, como a envo lvente a uma mobilid ad e que é
corolário importante, que se formos capaz de acon se lh áve l preservar em re spe ito pelo
ter em atenção esta franja de utili zadores bem estar e sa úde pública, e que é legítima
cada vez mais numerosa, adapta ndo padrões garantir so b o ponto de v ista social, se m
de dimensionam ento dirigidos às s ua s prejudicar qualquer um dos outros utiliza-
dificuldades, estamos sem dúvida a adaptar dores.


••••••••••
• •••••
••
•••• •• ••
••••• ••••• ••
••
A CIRCULAC~O PEDONAL.
PROBLEMAS-E SOLUÇÕES.
... .
1••••••••

~___
dLu A CIRCULA~_~Ao PEDONAL . PROBLEMAS E SOLUC_:ÕES.
•••••••• •••••• ••
•• _ _ _ _ ; = . . ~ ~ ~ - - - = - - - -
m
Neste capítu lo, exp licam-se alguns conceitos ma is v ulneráve l do sistema rodov iár io e
relacionados com a circu lação pedonal e interpretado nas suas diversas especif ici-
introdu zir-se-ão elementos específicos para dades de modo a que todos, sem excepção,
dimensionamento, v isando o peão. O peão possam beneficiar de um ambiente v iário
será considerado sempre como o eleme nto cómodo e seguro.

5. 1 O risco inerente ao atravessamento de peões

Os veícu los gozam de prioridade de passa- restantes, devem atravessar, procurando


gem, na faixa de rodagem, excepto quando intervalos de tempo ent re veícu los o u
se disponibilizam determinadas facilid ades usando loca is devidamente protegidos para
na estrada ou no arruamento urbano. esse efe ito.
Esta simpl es afirmação remete para o peão
O método mais simples de reduzir o número uma responsabilidade particular e pressupõe
de acid entes com peões é guiá- los para o exercício de uma capacidade: a de
determinados locais de at ravessame nto. proceder à ava liação dos i ntervalos de tempo
Possui a dupla vantagem de concentrar os entre v iaturas e de esco lh er de forma
peões e alertar os condutores para o correcta o momento mais adequado para
cump rim ento de certas regras, que terão de atravessar.
observar.
Quanto à escolha do local de atravessa-
Todavia, na prática, nem sempre os condu- mento, é uma tarefa para a qual a engenharia
tores estão suficientemente alerta para a tem de participar activamente, pois depende
travessia e pode acontecer que os peões, de uma esco lh a prévia quanto:
espec ialm ente as crianças, suponh am que o
loca l de atravessamento é mais seguro do • às cond ições de visibilidade (aná li se de
que na realidade é. geometrias e velocidades);
• às cond ições de guiamento (obstácul os
Pa ra ser considerada uma medida positiva é, co locados);
po rtanto, necessário, não só co nce ntrar os • à boa identificação do local de travessia
loca is de atravessame nto, mas também (sinalização, identifi cação).
gara ntir que, numa extensão de 50 m, não se
manifestem outras travessias, pois, de outro
modo, o número de acidentes tenderá não a
reduzir-se, mas a aumentar. Mas, para esse efeito, nem semp re ex iste um
loca l para atravessamento do peão devida-
Os peões, utentes m ais vu ln eráveis que os mente preparado no domín io da engenh aria .


i••••••••
.•i :.... A e I PCULRÇAO PEDOt-~RL. PPOE:LEMRS E SOLUÇi~iEs.
•••••••• •••••• ••
••

Esta circunstância, ocorre não apenas nas dificuldades são expe rime ntadas, não ape-
cidades mas na periferia de zonas urbanas nas pelo peão mas pelos condutores e que
de pequena e média dimensão. A questão riscos são gerados perante essas dificulda-
nestes casos reside em saber que condições des. E que outros riscos emergem se deter-
prevalecem para além do desejo do peão minados in stru mentos forem utilizados para
para atravessar num determinado local. Que favorecer a travessia.

5.2 Os _
_ factores humanos
__ Ili
em jogo__________, MI

As condições de visibilidade são determi- Para além destas legítimas perguntas, que mais
nantes para a escolha da velocidade e a visão uma vez se inserem no domínio do indivíduo,
é decisiva na percepção dos elementos uteis como elemento do Sistema, outros elementos
que nos envolvem. fazem igualmente parte do mesmo Sistema,
sendo certo que a intra-estrutura desempenha
Quatro condutores em 5 ultrapassam o limite um papel importante. Efectivamente, ela cons-
de velocidade em zona urbana. titui o elemento em que o homem (como
Três condutores em 5 ultrapassam o limite agente-executor) pode actuar de forma mais
de velocidade em estrada rural. rápida e com resultados mais imediatos, desde
que seja possível identificar não apenas as
Estas afirmações, embora não traduzam carências de concepção, chamadas de con-
rigor científico, são vulgarmente apontadas vencionais, mas também aquelas particulari-
como realidades do quotidiano que preten- dades que estimulam negativamente o indiví-
dem sublinhar atitudes e comportamentos duo enquanto condutor, ou peão. A interface
do foro individual. Homem-Envolvente é consequentemente, ma-
téria muito importante a considerar neste
A verdadeira questão está em sabe r porque capítulo.
será que os condutores não cumprem a
velocidade imposta por lei, e se adaptam
sistematicamente ao ambiente que os envo l-
ve em função da sua percepção do risco 5.2. 1 A visibilidade e a visão
subjectivo.
É sabido que 90% das informações necessá-
Será que existe em nós uma cultura de risco? rias para o acto de conduzir são obtidas
. . . Será uma tendência para desafiar a através da Visão .
autoridade, reflectida na limitação de
velocidade? É portando de aceitar que sobre o órgão da
... Serão razões perceptivas que condi- visão recaia a maior quota de responsabilida-
cionam a decisão? de quanto a eventuais erros de percepção.


... .
1••••••••
.: :... A CI F.:CULA1.-_.:Ao PEDot·~AL-. PF.:OE:LEMA::; E ::;OLUt_
•••••••• •••••• ••
••
----------====----=---------='------_____J
-,:i~iE::;.
GJ
Mas também é verdade que a informação mem, daí que a informação sensorial (pri-
recolhida através da visão pode não ser mária) recolhida através da retina seja muito
proporcionada ao condutor ou ao peão sem importante para a decisão que o condutor
a ocorrência de factores de distorção, e neste toma ao escolher a velocidade que pratica.
caso, são perfeitamente possíveis erros de
percepção, de avaliação e finalmente, deci- Além disso, é preciso notar que realmente a
sões inadequadas. nossa percepção visual não constitui uma
cópia da nossa imagem na retina, e que exis-
No que se refere à velocidade, por exemplo: te uma tendência para interpretar a informa-
Dado que a percepção diminui à medida que ção visual a 3D. Ou seja, a nossa percepção
a velocidade aumenta, tal como o campo de pode não corresponder exactamente à
visão, o que faz o condutor adaptar a sua realidade.
velocidade ao ambiente envolvente? Será
que as condicionantes perceptivas do órgão Por isso, um método que permita, através da
da visão são responsáveis por informação visão e das suas limitações e inexactidões,
que seria útil mas não é percepcionada, ou aumentar a sensação de velocidade, poderá
será o condutor que não consegue processar traduzir-se numa medida eficaz para o con-
a informação necessária, no tempo escasso trole e redução da velocidade. Este desejo é
que dispõe, para exercer uma condução particularmente válido para zonas urbanas.
segura?
Outro aspecto interessante a ter em conta diz
Estudos realizados na Califórnia (Burg, A. respeito ao campo de visão útil para o con-
1968) vieram a demonstrar que era possível dutor. Este campo de visão corresponde à
estabelecer uma relação directa entre a área que é coberta pela visão do condutor,
acuidade dinâmica e estática da visão de numa única fixação do olhar, e onde se reco-
condutores com mais de 54 anos de idade e lhe informação necessária às várias etapas
a taxa de acidentes experimentada por esses da sequência comportamental, tal como foi
condutores. descrita anteriormente.
Sabe-se que efectivamente, para um condu-
Considerando que a acuidade visual decres- tor padrão, este campo de visão útil varia
ce normalmente com a idade, infere-se uma com a velocidade praticada, diminuindo quer
relação entre o desempenho visual e o risco para velocidades inferiores ao normal, quer
de acidente. para velocidades superiores.

Parece também que a percepção possui uma


ligação directa ao comportamento do ho-


E••••••••
.·E :.... A e I PCULAÇiiO PEDot·mL. PPOBLEMAS E SOLuçeiES .
•••••••• •••••• ••
••

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v•50km/h

---

30 Km/h

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.·. ·. .:· .-
. .. -: :·::. _:._ ·::·. : .-. . . . _.
Fig.
5.1 O peão não está incluído no campo de v isão no caso A, mas já é visto no caso B para uma ve locidade de circulação
infe rior (30km/h).

Parece haver, portanto, uma influ ência no Assim acontece, rea lmente quando o condu-
ca mpo de v isão útil, provocada pe lo desem- tor conduz em sob recarga, ao procurar em
penho m ental, ou seja, uma saturação provo- t ermos perceptivos, focar a maio r distância,
cada pe la co ndução em velocidade excessiva não inclui informação a distâncias ma is
dá origem a um a red ução do campo de próximas.
v isão.

Fig.
5.2 Uma condução rápid a reduz o campo visua l, excluindo informação útil que se encontre próxima do condutor.
Como se tratasse de um túnel.


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5.2.2 A legibilidade e interpretação Para os níveis etários ma is elevados, a
das mensagens dificu ldade de leitura não corresponde nor-
malmente à velocidade excessiva que é
eventualmente praticada, mas justamente a
Esta circunstância que é traduzida pe la uma dim inuição do campo de visão útil oca-
redução do campo v isual, torna imperativa a sionado pe la idade.
f ixação do o lh ar a uma distância compatíve l
com a v isi bilidade necessária a uma Sendo uma tarefa complementar à tarefa da
condução ráp ida. cond ução, a leitura e i nterpretação de um
Essa necessidade exc lui, por vezes, a capaci- sinal informativo, com mensagens-destinos,
dade de receber informação, nomeadamente obriga a uma alteração do desempenho do
escrita, que seja legível através de si nais condutor. Rea lmente, obriga a um i ncre-
informativos, dado que essa legib ili dade é mento da carga mental, o que em mu itos
estabelecida para as ve locidades de projecto, casos se traduz num abrandamento se nsíve l
que em muitos destes casos se situam de ve loc idade. Para condutores não familiari-
aquém da ve loc idade de operação. zados com o percurso, e inseridos num fl uxo
de tráfego intenso, torna -se particu larmente
Ou sej a, mesmo que a visib ilidade o perm ita arriscado, nomeadamente se se trata de
(e é certo que nem sempre assim acontece), conduto res idosos.
a mensagem transm itida por um sinal rodo-
v iário necessita de um determinado tempo
de expos ição , para ser processada e co m-
preendida, sendo necessário que ele se situe
no "tú nel" de visão (enq uadramento visua l) 5.2.3 A sensibilidade ao contraste
do co ndutor para que a dimensão do
lettering utilizado perm ita a construção das
pa lavras. Outro aspecto importante, na relação entre
as capacidades visuais do condutor e o meio
A reacção de muitos condutores sobre a envolvente, refere-se à sensibil idade ao con-
d ificu ldade de leitura para além de mu itos traste. De facto, esta capac idade, para além
casos de ilite racia (ma is de 50% dos portu - de estar re lacionada com a idade do condu-
gueses segundo estudo promovido pe lo tor, perdendo-se progressivamente à medida
Ministério da Educação, 2000), e retirados que a idade vai avançando, é por vezes
que sejam os casos de deficiente dimensio- causadora de percepções erradas, em função
namento da sinali zação, provém certamente de out ras variáveis como por exemplo as
da ve locidade praticada, ou eventualmente condições cl imatéricas, o pavimento e as
de dificu ldades de ac ui dade visua l. zonas envo lventes.


A CIRCULAÇ~O PEDONAL. PROBLEMAS E SOLUÇÕES .
••
••

Uma envolvente com padrões de contraste para sobrestimar as distâncias e, consequen-


muito baixos, o que acontece por exemplo, temente, para subestimar as velocidades.
com o nevoeiro, estabelece uma tendência

Fig.
5.3 O nevoeiro conduz a uma distorção da percepção da distância que é av aliada.

Fig.
5.4 A condução sob o efeito do spray levantado pelos rodados dos veículos, em particular dos pesados, associada a
encandeamento, origina situações de baixo contraste.

Trata-se, portanto, de uma distorção da limitarmos a considerar que acidentes que


percepção da distância, que ocorre em ocorrem com nevoeiro, sejam remetidos
situações de baixo contraste. Importa neste para o cenário da irresponsabilidade do
caso explicar que assim é, e não nos condutor.


.•••••••••••
.•••.•• ••••.•• ••••
1 .: :... A C I F.'.CULAÇAO
- PEDOt-~AL. PF.'.OBLEt·1A::; E SOLUC_:i~ÍE::;. Q]
------=--------=-=----------=---------'

Aliás, a degradação das capacidades visuais necessita de oito unidades de intensidade


que ocorre vulgarmente durante a noite, que luminosa (por exemplo em cand.lux/cm2)
conduz a dificuldades de avaliação de para ter o mesmo desempenho, sendo uma
distâncias, tende a ser compensada pela necessidade que progride exponencial-
existência das marcas na estrada, como por mente.
exemplo, a presença de guias (marcas
longitudinais). Este guiamento serve para o Em suma, as conclusões que se podem
condutor manter uma trajectória, mas não retirar são simples e directas.
serve para melhorar a segurança de um Não é possível garantir tecn icamente a
atravessamento pedonal. Neste caso, só a segurança de um peão quer de dia quer de
iluminação pública ou a retrorreflexão do noite, em vias cujas velocidades de opera-
vestuário do peão pode contribuir de forma ção sejam superiores a 50-60km/h, se não
eficaz. houver uma intervenção dedicada para esse
fim. Mesmo a passadeira de peões materia-
É oportuno referir que a condução nocturna, lizada não oferece as garantias de segurança,
torna-se de facto mais difícil, também em muito em particular durante a noite, necessá-
função da idade. Enquanto um condutor de rias ao peão. Os dados que disponibiliza
20 anos necessita de uma unidade de podem ser insuficientes para o condutor,
intensidade luminosa, o condutor de 64 anos com antecipação, poder reagir.

--~---------~
8.1
5.3 Passadeiras de peões e semáforos com botoneira

Colocando de parte a questão das travessias obrigatoriedade de paragem ao condutor,


de peões, quando integradas em inter- quando actuada a luz vermelha .
secções semaforizadas, restam, para um
atravessamento de nível, as passadeiras de Desde então, muitas passadeiras de peões
peões e as travessias protegidas com semá- foram convertidas neste tipo de semáforo
foros de botão (betoneira). actuado por botoneira, muito embora não
tenha sido possíve l demonstrar, nomeada-
Estes são os dois métodos mais comuns de mente, em estudos efectuados pe lo TRRL,
proteger o peão, parti lhando os peões e os que a segunda confere mais segurança que a
veículos, períodos de tempo presumivel- primeira.
mente equilibrados face à procura.
Contudo, parece ter-se concluído que, em
No início dos anos 60, no Reino Unido, foi alguns casos, muito embora tenha sido
experimentado o método que introduziu se- reconhecida uma segurança adicional sob o
máforos nas passadeiras de peões, conferin- ponto de vista do peão, em termos econó-
do assim a vantagem adicional de introduzir micos, não era uma boa solução .


!••••••••
.•! 1.... A CI PCULAÇAO PEDOMAL. PF.:OE:LEMA:::: E SOLUÇi~iES.
•••••••• •••••• ••
••

Interessa dizer também que estes estudos ela está supostamente protegido, criando, em
foram desenvolvidos num país, em que as muitos casos, situações muito difíceis para o
regras, quer para os peões, quer para os automobilista. Esta sensação de segurança
condutores são idênticas às que existem, em aparente para o peão, resulta, muitas vezes,
Portugal. De facto, o peão só tem prioridade em acidentes para o condutor (veícu lo-veículo
de passagem numa passadeira, quando se ou veículo-peão).
encontra já a caminhar sobre ela, devendo,
em qualquer caso, garantir, antes de iniciar a Deste modo, há países que preferem estabe-
travessia, que os condutores possuem tem- lecer os melhores locais para a travessia,
po suficiente, para abrandar e parar. Julga - dimensioná-los, de modo a tornarem-se evi-
mento que, certamente ficará em exclusivo dentes para o utilizador, mas não conferindo
ao critério do peão. ao peão a vantagem de atravessar sobre uma
passadeira.
Curiosamente, em alguns países, preferiu-se Obviamente que, nos casos devidamente
alterar a filosofia de resolução desta questão, justificados pelo próprio processo de cálculo,
eliminando, sempre que possível, a passadeira recorre-se aos semáforos com botoneira,ou,
(zebra). De facto, em muitos casos, o peão tem de preferência, integra -se a travessia de
a tendência de avançar sobre a passadeira peões na intersecção mais próxima, semafo-
com poucas cautelas, assumindo que sobre rizando-a.

Fig.
5.5 Travessia de peões semaforizada com botoneira numa artéria importante e uma passadeira num acesso
secundário .


a~aL-~
••••••••
•• • •
A CIRCULAÇAO PEDONAL. PROBLEMAS E SOLUÇÕES.
••••• ••••• ••
••

Fig.
5.6 Pormenor da betoneira e grafismo associado.

No nosso país abusa-se da colocação de Daí que não seja possível aplicar uma
passadeiras, mesmo fora das localidades, e simples passadeira para peões em locais
remete-se muitas vezes para o condutor o onde se pratiquem velocidades acima de 50-
ónus de uma paragem forçada e nem 60km/h, especialmente se se trata de uma
sempre bem sucedida, com prejuízo evidente artéria com mais de uma via em cada sentido
para a integridade física do peão, que se (Fig .5.5).
julga protegido ao atravessar num local que Para além das razões apontadas, há a referir
alguém, supostamente de forma correcta, o facto das distâncias de paragem se torna-
escolheu para ele. rem demasiado elevadas.


.=•••••••••••
.•••·=.•• :....A CI F.:CULAç:Ao
•••••• ••
••
- PEDOMAL. PF.:OBLEMAS E SOLl_l1.,~:i~ES.
-

Note-se que o peão tem a tendência para se Compreende-se agora, e especialmente pa ra


preocupar primeiro, e mu itas vezes apenas, v ias de tráfego sign ificativo, as vantagens de
com os veícu los que estão mais próx imos utilizar um refúgio para permitir a espera, em
dele, ou seja, com o sentido de tráfego que segurança , na zona central da fa ixa de
directamente o afecta, re legando para uma rodagem.
segunda fase o sentido mais afastado.

{em cima) Vista da zo na envolvente à faixa de rodagem de ca racterísticas tipicamente rurais.


{em baixo) Travessia de peões com passadeira, numa estrada de 2x1 vias. Trata-se de uma escolha que certamente
não obedeceu a critérios técnicos.

Outra q uestão, que importa ana lisar, d iz e dado q ue a travessia do peão depende dos
respe ito ao pe ríodo de espera do peão interva los de tempo proporcionados pe lo
ocasionado pe los vo lumes de tráfego q ue tráfego, à medida que o tráfego aumenta,
utili zam na fa ixa de rodagem . Quanto maior reduz-se a frequência de intervalos ace itáve is
é o vo lume, maior também é o período de para o peão, como já se referiu, no Capítu lo
espera q ue o peão tem de suportar. De facto, 2.


•••••••• •••••
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Significa, portanto, que o peão se torna mais as core s e respectiva se qu ência para o
impaciente perante o acto de atravessar, condutor são as seguintes:
preparando-se para aceitar um risco cada vez
Verd e - A m arelo - Ve rmelho
maior, à medida que dimi nui a frequência de a que co rrespond e pa ra o peã o:
intervalos aceitáveis. Vermelh o - Verde

Quando equacionada a utilização de semáforos Na Grã-Bretanha, a sequência não é exacta-


com botoneira, conclui-se que, embora não mente a mesma, permitindo, de algum modo,
existam neste caso riscos significativos para o uma maior flexibi lidade ao condutor e um maior
peão, surge o problema dos tempos de espera equilíbrio dos tempos de espera envolvidos:
para o tráfego supostam ente intenso. Verde - Amarelo - Vermelho - Amarelo intermitente
correspondendo ao peão:
Vermelho - Verde - Verd e intermitente
Haverá ainda que atender à necessidad e de
insta lar, nas proximidad es das passadeira s e
Nesta s circunstâncias, dever-se-á recorrer a
das travessias de semáforos com betoneira,
determinados períodos de tempo mínimo
gradeamentos que evitem a travessia dos
para o "verde" .
peões fora do local protegido, aproveitando
a paragem dos veícu los, provocada por 4 segundos para travessias at é 7,5m de extensão;
5 segundos para travessias até 10,5m de extensão;
aqueles equipamentos, para passar entre
6 segundos para travessias até 12,5m de extensão;
eles. A lém do risco ad icional provocado, 7 segundos para travessias com mais d e 12,5m de
causa ainda perturbações acrescidas ao extensão.

arranque uniforme do flu xo de tráfego com


reflexos nos períodos de espera. No quadro 5.1, indicam-se as sequ ênci as
utilizadas que denun ciam m ais claramente
A instalação de semáforos com botoneira as situações de compromisso entre o peão e
não respeita, em Portugal, o mesmo princí- veículo, e que resultam numa minimização
pio que é aplicado na Grã-Bretanha. Por cá, de tempos de espera .

SINAIS EXIBIDOS
PEAIODO TEMPOS
PA RA PEÕES PA RA VEICULO$

Verde fixo (prossiga, se a via estiver 20-60 seg. (lixo)


1 Peão vermel ho parado (espere) livre) 6-60 seg. (VA)
Amarelo fixo (páre, excepto se tal não 3 seg.
2 Peão vermelho parado for seguro) (obrigatóri o)
Vermelho fixo (páre, espere atrás da
3 Peão vermelho parado 1 a 3 seg.
linha de stop sob re a via)
4 a 7 seg. (em algu-
Peão verde a and ar com sinal sonoro, se instalado
4 Verm elho fi xo mas circunstâncias
(a travesse com cuidado)
mais 2 seg.

Peão verde intermitente Vermelho fixo O ou 2 seg.


5
(não i nicie o at ravessamento)
Amarelo i nterm itente
6 Peão verde interm itente 6 a 18 seg.
(dê p rio ridade aos peões na
p assadeira - eles têm prioridade)

7 Peão vermelho p arado Amarelo intermitente 1 a 2 seg.

8 Peão verm e lho parado Verde fixo


!••••••••
.•! :.... A CI F.:CULAÇ~O PEDot·~AL ª PPOBLEMAS E ~::OLIJÇijEs.
•••••••• •••••• ••
••

5.4 Outros tipos de solução para as travessias _ _ m,


_,.

Quando não se torna possíve l conceber uma Por vezes, a elim inação do tráfego moto-
travessia de peões com os instrumentos já rizado constitu i uma alternativa que, embora
refer idos, há que encontrar so luções rad ica l, pode constituir benefícios elevados
desniveladas, para segregação completa de para a preservação de uma zona de interesse
veícu los e peões. particu lar (uma zona histórica ou uma zona
comercial, por excelência).
Não se pretende dizer que se possa decidir a
questão automaticamente, fazendo reca ir Tendo em conta os volumes de tráfego
simplesmente a so lução neste t ipo de infra- motorizado e de peões, desenvolveram-se
estrutura. métodos que permitem servir de referência
às várias opções que se colocam aos técni-
Outras formas de abordagem são também cos. Contudo, o uso destes métodos, como
possíve is e desejáveis, especialmente se se aliás já foi rea lçado, deve se r sempre condi-
trata de fluxos de peões mu ito elevados e cionado à aná lise das cond ições locais. Mes-
dissem inados ao longo de uma rua. Haverá mo que os volumes dos intervenientes não
que ponderar, por exemp lo, se face ao loca l apontem para va lores muito elevados, deve
onde ocorrem estas travessias, out ras so lu- ter-se particu larmente em ate nção a prox imi-
ções de remode lação da gestão interna da dade de escolas, de lares de idosos ou de
ci rcu lação não serão preferíve is, obrigando, todos aqueles que possuam d ificuldades
por exemp lo, a criar alternativas para o adiciona is, para efectuar a travessia em
tráfego dessa rua, fazendo, deste modo, segurança.
ba ixar a sua intensidade.
Nos gráficos da Fig. 5.8, indicam-se as áreas
Outras soluções existem, em que se provoca de cada so lução, de níve l ou desn ive lada, em
a m istura de tráfego de peões e motorizado, função dos volumes de tráfego.
não priv il egiando nem uns nem outros, por
intermédio da elim inação dos lancis dos O risco de acidente aumenta sign ificativa-
passeios, po r exemplo . Deste modo, não se mente com o aumento da ve locidade. Com
define a fronte ira entre a zona de circulação ve loc idades superiores a 60km/h, o peão tem
do peão e do veícu lo, e as travessias, sendo d if icu ldades em ju lgar correctamente a
consta ntes, obrigam o t ráfego motori zado a ve loc idade de aproximação dos veícu los, ao
uma redução efectiva de ve locidade. mesmo tempo que ex iste um va lor já
importante para a distância de paragem dos
Sign if ica, porta nto, que a aná lise desta veícul os e d im inu i a vontade do condutor em
questão não deve ser fe ita ape nas segundo parar a sua viatura.
uma única perspectiva e apenas para o loca l
em consideração, mas, por vezes, deve ser Resu lta, portanto, que a ve locidade li m ite
alargada a um estudo mais lato que, alte- nestas circunstânc ias deverá ser 50km/h
rando as co nd ições prevalecentes, aj uda a onde existem travessias de peões.
aten uar outras questões perti nentes com que
a zona urba na se depare .


•••••••• A
1 .: :...
•••• •• ••
••
••••• ••••• ••
C I PCULAl.-_,:Ao PEDOt-~AL. PF.'.OBLEMAS E SOLUl._-,:i~iE::: .
_ __::..:...._____ w
Infere-se que sempre que a velocidade dentro do limite dos 50km/h, tais como, a
exceder este valor, há que introduzir medidas remodelação geométrica do traçado, criação
que permitam fixar a ve locidade em valores de refúgios e separadores, passeios, etc.

Peões/ Hora Nº de peões na hora


(Média) de ponta máxima

500 1000
1
\
\ Atravessamento sinalizado
400 \ Noruega
Solução
desnivelada
300 \
100
-.. -...
200
----
Atravessamento não sinalizad~
100 Inglaterra

o i___._~_..,____.___.._ _.____.__...__.____,__
O 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 50 100 250 500 1000 2000
Peões/ Hora Nº de veículos na hora
(Média) de ponta máxima
Fig.
5.8 Gráficos de referência para o uso de travessias com ou sem semáforos e desniveladas.

Este assunto será tratado, em pormenor, no o atravessamento de nível, digamos de outro


capítu lo re lativo à travessia de povoações e modo, se não for possível, em projecto,
tráfego de passagem. ating ir os objectivos apontados, o ganho em
Quando a opção for a de esco lher uma segurança depois de executada a obra, será
passagem desnivelada para o tráfego de negligenciável, tendo sido preferível a opção
peões, a sua loca lização e o seu desenvolvi- por uma apropriada travessia de nível bem
mento deverão ser cuidadosamente estuda- protegida, além de economicamente se
dos, de modo a que se atinj am os propósitos tornar mais vantajoso.
pretendidos, isto é, dar a possibilidade ao
peão de efectuar a travessia, usando a fa- Se a opção continuar ainda a ser a desnivela-
cilidade concedida. Esta facilidade deve ser da, então é indispensável garantir um blo-
convidativa e cómoda, sem agravar, de queamento dos desvios possíveis para os
forma exagerada, o percurso do peão. peões, para que a passagem desnivelada
seja utilizada pela grande maioria.
De facto, se os peões continuarem a preferir


rnl ,: :, &:::;
••••• ••••• ••
••
A Cl Rc_u_L_A_ç-=
·~=(=---1-=P
:cc..E
.:::::._
o_o_t·~_A_L_._ P_F.'.OBLEMA::: E :::OLUÇLÍES. ~
É importante também considerar neste caso estes, por sua vez, mais dificuldade em
as protecções e outros cuidados adicionais, ace itar a paragem, para cederem o direito de
tendo em vista, naturalmente, a atractividade passagem ao peão).
e a segurança da travessia de nível.
Por estes motivos, há que analisar se a
Para se ser bem sucedido é, portanto, travessia é convidativa e, se o não é, há que
indispensável garantir que o peão não torná-la como tal. O gráfico seguinte explica
atravesse a via numa distância de cerca de a forma como essa atractividade diminui, em
50m para cada lado da passagem, que se função da extensão da travessia.
pretende introduzir, porque, só se a maioria
dos peões a utilizar, é que haverá a certeza de Se se admitir que se pretende que 85% dos
que ela é, de facto, eficaz e que o risco de peões atravesse a v ia no local da travessia
acidente será reduzido a um mínimo. em questão, então, teremos de garantir que
a extensão do desvio (Dt-Da) não seja
Obviamente que o critério para a instalação superior a 3m, para uma rua com largura até
de uma travessia se baseia nos gráficos já 10m. Se o for, então teremos de obrigar o
descritos nos quadros anteriores, até porque, peão a atravessar na travessia considerada,
também como já referido, o risco de acidente guiando-o até lá, utilizando, por exemplo,
aumenta com a velocidade dos veículos (o um gradeamento adequado que impeça a
peão tem mais dificuldade em julgar a transposição da rua, segundo o percurso
distância e os intervalos entre veículos e menos extenso.

Partida

( largura da rua) . ..
100
20m
80

60
(largura da rua)
40 10m

20

O 3 10 20 30 40 Destino
Extensão do desvio (metros) Extensão do Desvi o= Dt-Da Percurso do peão
Fig.
5.9 Atractividade de uma travessia .


i••••••••
..••••.• ••••.• ••••
.•! :.... A CI F.'.CULAÇiiO PEDot·4AL. PF.'. OBLEMAS E SOLUÇÕESª
L)
-
gente sente-se normalmente insegura em
Se pretendermos que essa perce ntagem de
peões atinj a os 100%, então teremos de garantir passagens inferiores, especialmente de noite.
que não possa mesmo existir qualquer hipótese
de desvio e, neste caso (sa lvo cond ições mu ito Uma vantagem favoráve l às passagens infe-
especiais), teremos de insta lar o ta l impedi- riores diz respe ito ao acesso, que é ini cial-
mento f ísico, que fo i referido, numa extensão mente descendente e, portanto, mais cómo-
compatível com a regra, já enunciada, de não do e ma is co nvi dativo de ser utilizado. O
have r atravessamentos numa distância de 50m, inve rso ap lica-se às passagens superiores.
para cada lado da travessia considerada.
Acresce ainda a circunstância de, nestes
Na maior parte dos casos, a escolha entre uma casos, o desenvolvimento e a extensão do
passagem aérea o u uma passagem inferior é percurso de acesso ser infe ri or à de uma
det erm inada por razões topográficas. É passagem superior (têm de ser vencidos
importante não esquecer que mu ita gente cerca de 3m de gabarit, neste caso, contra
prefere a passagem aérea, por ser a céu aberto cerca de 5m, para a passagem superio r). As
e por ter maiores possibilidades de ver quem fotos dão uma boa imagem da situação
vem e quem passa, a uma certa distância. Muita descrita.

Fig.
5.10 Desenvolv im ento e extensão de um a passagem su perior. A travessia de n íve l não é evitada no segundo exemp lo.
No primeiro caso, o gradeamento colocado no sepa rador centra l impede a travessia.
i••••••••
.•i :.... A CI F.'.CULAÇ~O PEDot-~ AL = PF.:OE:LEMAS E SOLUÇÕES=
•••••••• •••••• ••
••

A estrutura metálica é a solução mais Quando a opção recair em passagens


adaptada em passagens superiores para superiores, é indispensável garantir, não só
peões em áreas urbanas. A presença de uma largura compatível com o número de
rampas aumenta considerave lm ente a exten- peões, mas ainda protecções laterais, que
são dos percursos mas serve, como convém, desencorajem o balançar das crianças e
a todos os utilizadores. A ex istência de pilar mesmo a passagem através dos guarda-
centra l cria exigências de protecção especial corpos.
no separador central.
Outro aspecto a considerar, será a protecção
Os acessos devem ser concebidos em contra actos de vanda lismo para com os
rampa. Apenas, quando as cond ições veículos que se deslocam por baixo, cujas
existentes não o permitirem, se poderá repercussões podem sign ificar, não só os
encarar a hipótese de escadas. Todavia, é estragos materiais, mas a ocorrência de
importante lembrar que as escadas não acidentes, tanto mais graves quanto mais
oferecem uma solução satisfatória para os elevada for a velocidade praticada.
deficientes ou para os condicionados da
mobilidade, em geral, grupos de utentes que,
efectivamente, devem merecer uma atenção
especia l como tem vindo a ser frisado.

Fig.
5.11 Guarda -corpos e rede como elementos dissuasores do vandalismo e como elementos de protecção .


•••••••• A CI F.:CULAC_:HO PEDOt-~AL. PF.'.OE:LEMAS E SOLU1~_:eiE::; .
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•••• •• ••
• • ••••• ••
= - - -••- = - - - = = - - = = = - - = - - - - = - - - - ~ ~ -
~ -•••
rn
No que se refere às passagens inferiores, que evite a sensação de constrangimento e
importa garantir mecanismos que dêem melhore a segurança pessoal. De preferên-
protecção à iluminação interior, peça funda- cia, as passagens inferiores devem ser apro-
mental para a sua utilização pelos peões, veitadas, de forma a possuírem v ida própria
especialmente, de noite, devendo garantir-se isto é, deve existir a presença de comércio
também um a largura indispensáve l à traves- que, de algum modo, as torna economica-
sia, que preveja uma sobre-largura adicional mente mais viáveis.

Fig.
5.1 2 Nas passagens inferiores, as geometrias em ângulo devem ser evitadas por razões de visibilidade, ligadas à
segurança do peão.

Devem evitar-se geometrias em ângulo, de A higiene e limpeza destes locais é importan-


modo a permitir uma visibilidade integral de te, uma vez que, sem estes aspectos conse-
toda a extensão da passagem inferior. O van- guidos, torna-se muito difícil obter atractivi-
dalismo e a marginalidade poderão atenuar- dade.
se, desta forma, por se tornarem mais evi-
dentes.


••••••••
·=•• 1...•• A CI F.:CULAC_:Ao PEDOt·4AL. PF.:OBLEMA'.:; E '.30LUC_:i~iE::;.
•1 •
••
••••• ••••• •• ••

5.5 Passeios e caminhos para peões. A mobilidade reduzida

As larguras de passeios deverão depender 10 A 15 PESSOAS POR METRO DE LARGURA


não só do volume de peões considerado mas E POR MINUTO
também do tipo de peões que utiliza esses
passeios. ou seja, um mínimo de 60p/h e por metro de
largura.
Significa, portanto, que importa ter em conta
o tipo de utente, especialmente o deficiente Quanto às larg uras normai s e mínimas
motor e o visual. admissíveis, para um passeio ou caminho de
peões, em função do tipo de utili zado r, o
No que se refere à capacidade, poder-se-á Quadro seguinte fornece os valores de
admitir: referência {Quadro 5.3).

TIPO DE UTENTE Largura Normal Largura Normal


(m) (m)

Peões em fila 0,75 0,60

Cadeiras de rodas 0,90 0,90

Cadeiras de rodas e peões 1,50 1,20

Duas cadeiras de rodas 2,25 1,80

Larguras de passeios.

A largura mínima indicada só é admitida em


casos pontuais.
Em seguida, fornecem-se alguns elementos
dimensionados relativos a estes equipa-
mentos .


•••••••• ••••••
••••• CI RCULFtÇAO cnLI
Pl~'.OBLEMA::: E .,.., lí:i:i.iE::;
_ -:,- ·- ª
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1_1.1.
a
b
e
j l 1 1_1.1.
a
b
e
Peão c/ bengala
j l l l_l.
a
b
e
j
Deficiente motor c/ cadeira de
l 1

Cego ou deficiente visual


c/ bengala rodas

a= 0,90 m; em estrangulamentos b = 1,20 m; em estreitamentos e= 1,50 m; em zonas estreitas d = 2,20; altura livre
pontuais "apertados" (postes locais curtos (5,00 a 10,00 extensas ao longo de uma de obstruções
de iluminação, sinais de trânsito) m de extensão) rua (mínimo)

Fig.
5.13 Elementos de dimensionamento (a).

Dimensões:

Em estrangulamentos po ntuais "apertados" a= 0,50 m


(postes de ilum inação, sinais de trânsito e outro
mobiliário urbano)

Em zonas estreitas extensas ao longo de uma rua


b = 0,70 m Altura livre de obstruções d = 2,20m

Peões com dificu ldades de locomoção sem benga la

V ista lateral do utente em cadeira de rodas

Circuito descrito por uma cadeira de rodas, rodando


1,80(mln, l,SO)
sobre si própria, diâmetro = 1,50 m
v1rmca,mtdkh,

Dimensões:
Vertical:
I; eixo óptico normal, em pé
li; eixo óptico norma l, sentado
Ili; limites do campo de visão
Horizontal:
IV; ângulo de visão norma l
Secção horizontal Secção vertica l V; ângulo de visão máximo

Fig.


5.14 Elementos de dimensionamento (b).
••••••••
=
••••·=•• =...•• A e I F.'.CULAr::,:Ao PEDOt·mL. PF.'.OBLEMA~:; E SOLUl._-.:i~iES.
••••• ••••• ••
••

Quer as dim ensões laterais da cadeira de circulação das cadeiras no mobiliário


rodas, quer os ângulos de visão, permitem urbano, em geral.
estabelecer valores úteis para a loca lização
das botoneiras em semáforos, mapas Permite, ainda, servir de referência para a
urbanos e sua visualização, e até a altura dos determinação de áreas necessárias, em
lancis, de modo a evitar o embate do suporte refúgios e, obviamente, em passeios e outros
para os pés do deficiente e facilitar a caminhos para peões.

1,50
1,61 __ _ - - -- -----------------------------------------------------i-
nível dos olhos

1,17 0,23
1,26 0,44
---- ----- ----- -------- --

Fig.
5.15 Elementos de dimensionamento (c).

A altura dos olhos do deficiente, quando O posicionamento da sina lização e, particu-


comparada com a altura dos olhos de um peão larmente, dos postes, que a suporta, são
em pé, servirá para garantir a v isibilidade questões a ter em conta, quando se estabe-
necessária; e as distâncias conseguidas, aferi- lecem as largu ras normais (e mínimas) de
das com as velocidades de circulação dos um passeio.
veículos motorizados, poderão ser úteis para
avaliar questões de segurança nas travessias.

Dimensões:

a > 2,20m (altura livre)


b > 2,50m (altura de sinais fixos com informação local e
nomes de ruas)
e> 2,00m (a ltura de sinais fixos com os números de
Polícia)
Fig.
5.16 Posição em altura de elementos do mobiliário urbano .


1
••••••••
·= 1... A CI PCULAC_:Ao PEDot·~AL . PF.'.OE:LEMA::; E '.: ;OLUl._-,:i~iE::;.
•••• •• ••
••••• ••••• ••
••

e
b

b = 1,50 m Passeio com e sem gradeamento


b = 1,80 m, caso deva ser possibilitada a
passagem mútua (mín im o)
c > O, 10 m (0,04)

Fig.
5.17 Elementos de dimensionamento (d).

Fig.
5.18 Passeio protegido com gradeamento com poste co locado incorrectamente.

O gradeamento aberto, próprio para apo iar o próprio para desencorajar o atravessamento
deficiente motor e o invisual, torna-se menos indisciplinado de peões ou de animais.


••••• ••••••
••• r:- I i::·c··:1 IL H- f':H·:I,' n- PEDOt·~AL.
• • • •••••• A
•••
r;;. - ·- ~.. PPOE:LEMAS E SOLUÇtiES •
••••• ••••• ••
••

a = 0,85 a 0,90 m para apoio do


deficiente com capacidade de
deslocação ou de v isão limitada. e
= (0,75 m para deficientes em b <0, 1O m (0,04) para apoio de deficientes visua is usando bengala.
cadeiras de rodas e 0,60 m para e >0,45 m; no início e no fim da rampa o corrimão deve ser prolo ngado
crianças e pessoas baixas) = 1,00 m vertica lmente até ao chão {ou até à parede)
nos lados abertos de escadas

Fig.
S.19 Elementos de dimensionamento {e).

Dimensões:
horizontal h > 1:6 h> 1:6 horizontal h = inclinação
h1 = 1:6
h2 = 1:12 (1:9)
Pequenas rampas e inclinações
a= 10 cm
admissíveis em passeios, tendo b < 2 cm (drenagem)
em co nta a cade ira de rodas c = diferença de altura remanescente
a> 10 cm
d > 20 cm

Larguras disponíveis e protecção


Dimensões: de obstáculos em passe ios.
b = 1,20 (0,90) m
c = 0,75 (0,60) m
Larguras disponíveis e protecção d = 0,10 a 0, 15 m (murete) f = > 2,20 m

Fig.
5.20 Elementos de dimen sionamento {f) .


•••••••• A CI F.:CULAi-::-:~O PEDOt·~AL ª PPOE:LEMA::; E ::;OLUC:_:i~ÍES.
1 .: :...
•••• •• ••
••••• ••••• ••
••

Colocação de postes para impedir a circulação de veículos, sem impedir a circu lação de cadeiras de rodas
a= 1,20 m (0,90 m, mínimo).

Dimensões:

a = 0,60 m (lajetas de aviso)


b = 1,20 m (0,90 m)
d = 0,60 (incluindo vegetação densa ) tendo em
atenção cr ianças escondidas a brincar

Fig.
5.21 Elementos de dimensionamento (g).


A CIRCULAÇAO PEDONALª PROBLEMAS E SOLUÇÕESª

----=--- Dimensões:

A elevação do fundo das baías,

D acima do chão, não deve exceder


O, 10 m (d), caso contrá rio, deverá
se r instalada uma trave pa ra guia.
A ltura das baías - 0,75 a 0,95 m

A protecção de zonas de t rabalhos é


indispensáv el para a segurança dos
condutores, mas também para a ci rculação
de peões, especialmente dos deficientes .

...
\,•
Dimensões: t: ~· .. .
:.~ . .

Largura b>1,20 m \·.......


Espaço para manobra de cadeiras de rodas
a= 1,50 m I .{: ·.,
Altura do corrimão c = 0,75 a 0,95m I 1 :;>:: ,:-.· l \
Altura da guia lateral d = O, 10 m

l t 1
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w\ .:·-· I11
!:.· . -
\ 1
....
1
Fig.
5.22 Elementos de dimensionamento (h) .


...•• .....
5.•5 :.... A CIRCULAÇj!lO PEOOMAL. PROBLEMAS E SOLUÇÕES.
~ tl(li
•••••• •••••• ••
••
----
Para se vencerem desníveis, várias so luções problemas de "fronteira" física . Tendo em
podem ser encontradas, consoante as carac- conta as in clin ações mínimas adm itidas para
terísticas dos passe ios ou dos cam inh os para pequ enas rampas( > 1:6), indicam-se, a títu lo
peões. Vu lgarmente, estas questões colo- de exemp lo, os casos que se podem classi-
cam-se, sempre que existem lancis ou outros ficar de ma is comuns .

Fig.
5.23 Rampas para deficientes.

Atende-se especialmente, na necessidade de do loca l, em q ue se manifesta o desnível, e


introduzir uma peça ve rtica l de cerca de que deverá prever as características ilustra-
1,20m de altura, que constitui uma referência das.
v isua l e física importante para o balizamento


i••••••••
.•i :.... A CI RCULAÇHO PEDOt~AL . PF.'.OBLEMA~:: E ~30LUÇi~iES.
•••••••• •••••• ••
••

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Fig. /
5.24 Balizamento de rampas (a) .

Quando a largura de passeio e a altura de rampa, em para lelo, pode constitu i r uma boa
lancil, a ser vencido, não possibi litarem o alternativa.
uso das so luções anteriores, o recurso a uma
••• ••••• :i,·

1 dL- A CIRCULAC_:~O PEDONAL . PROBLEMAS E SOLUC_:0ES.


•••• •• ••
••••• ••••• ••
••

Balizamento e implantação de rampas num espaço pedona l (b).


. . . .
••••••••
1 .1 1...
a] ••• ••• ••
•• •• • •• ••

A CI F.:CULAÇHO
.. PEDot·4AL º PF.:OE:L.EMAS E '.:;OLUÇi~iES
.. n

' ·

Fig.
5.26 Balizamento de rampas (e).

O tratamento dos passeios, de um e de outro se pretender ganhar extensão para a rampa,


lado de um a via de pouca importância, ficará avançando no sentido da faixa de rodagem,
com o aspecto representado acima. desde que esse avanço não represente pe-
rigo para a circulação de veículos, espec ial-
O utras so luções são igualmente possíveis, se mente para os de duas rodas.

, o.1s

).0,90

~ 0 ,90

Fig.
5.27 Alternativas para a concepção de uma rampa .


5••••••••
.•5 :....
•••••••• ••••••
A C I F'.CULAÇAO PEDOt·41=tL. PF.'.OE:LEMA8 E SOLUÇijE'.::. @
--- ••
•• _________ ___,

Significa isto que, se a largura do arrua- dificuldades em vencer um aclive desta


mento não resultar (vias de tráfego inferiores ordem, e uma cadeira movida apenas pelo
a 3.00m), pode ser ponderada esta solução próprio deficiente motor, não conseguirá ir
com alternativa viável. além dos 1:16. Estes va lores já se conside-
Contudo as rampas, não servem apenas para ram muito favoráveis. Daí que se tenha de
vencer pequenas diferenças de cotas . adm itir que, para rampas de ordem dos
Quando se trata de uma passagem superior, h> 1: 1O, o deficiente necessite de ajuda,
por exemplo, as rampas deverão ainda devendo mesmo, neste caso, considerar-se a
obedecer a dimensões especiais face à sua insta lação de corrimões.
extensão.
Quanto à extensão das rampas, não deve m
Deste modo, e enquanto nos casos ante rio- exceder os 8.00-9.00 m (d e preferência 6.00m)
res as inclinações mínimas admissíveis se se m possuirem um paramar de espera, de
situavam em h> 1:6, no caso vertente, convirá ce rca de 1,50m de largura, com 1,50m de
não excede r o valor de h> 1: 1O. De facto, uma exten são.
cadeira de rodas eléctrica começará a ter

a e H a e

Dimensões:

b f =t. a= 6 (4) cm

1
b > 6 cm
c = 4,0 cm
d = 4 a 4,5 cm
e=5cm
f= 8 mm

( 1) (2) (3)
.....

Fig.
5.2B Corrimões.

Quando se colocam escadas, por exemplo, gradeamento de protecção late ral, o qual
em passagen s superiores, elas devem possui um papel importante de apoio e
obedecer às dimensões que se recomendam, equilíbrio e, ainda, de referência visual.
a seguir. Atenção particular é devida ao Quando aplicado de nível e como elemento


••••••••
5~5L•~
•• • •
A CIRCULAÇAO PEDONAL. PROBLEMAS E SOLUÇÕES.
••
••••• ••••• ••

Dimensões:

a = 0,32 a 0,34 m
b=0,14a0,15m
c > 0,45 m
d = 0,60 m (elemento
táctil de alerta) a
e<0,10m
h = 0,85 a 0,90 m
= 1,00 m

Fig.
5.29 Elementos de dimensionamento de escadas.

desencorajador de atravessamento de O início e fim das escadas, bem como o


peões, deverá manter as mesmas caracterís- próprio corrimão, devem ser concebidos em
ticas já recomendadas. cores contrastantes.

Dimensões:

b> 0,70 m
c = 0,45 m
d = 0,60 m (elemento
táctil de alerta)
e<0,10m
h = 0,85 a 0,90 m
= 1,00 m ------ ~

Fig.
5.30 Elementos complementares do dimensionamento de escadas .


i••••••••
.•i :.... A eI F.'.CULAç:Ao PEDOt·~AL . PF!.OBLEMAS E SOLUÇÕES.
•••••••• •••••• ••
••

5.6 Técnicas de guiamento e alerta para portadores de deficiência m


5.6. 1 Os obj ectivos
Outro aspecto, decisivo para a melhoria das
As questões de mobil idade enfrentadas por cond ições de mobilidade do invisual ou para
portadores de deficiência sej a motora, ou o deficiente visual, e ainda para o seu
vis ual variam significativamente. gu iamento, refere-se ao piso de pavimentos
contrastantes, na textura e na cor, e a sua
As estatísticas mostram, por exemplo, que, ap licação ao lon go dos passeios ou dos
na Holanda, cerca de 100.000 pessoas (0,8% cam inhos para peões.
da popu lação} possuem deficiências de
visão, existindo mais de 10.000 invisuais. Obv iame nte que o uso da cor só se torna
Destes, cerca de 60% movimentam-se no importante para o deficiente visual e, neste
exte rior sem auxílio . Na A leman ha, os caso, cores claras e berrantes servem de
estudos efectuados demonstraram que as pontos de referência. Como guiamento
pessoas com deficiências de visão deslocam- co ntinuado, os lancis sobreelevados ou os
se, gera lmente, a pé e utilizam o Transporte rodapés exteriores de um edifício, ou mesmo
Público. um cante iro com relva ao longo de um
camin ho, podem constituir boas soluções.
Na ma ioria dos casos, usam a bengala, de
modo a detectarem obstáculos ao longo dos Quando se trata de atravessar uma rua,
percursos. Por isso, torna-se importante haverá que enfrentar algun s problemas. O
garantir larguras mínimas de passeio ou de invisual deverá nessa altura, confiar inteira-
cam inh o para peões, c uj as ex igência foram, mente no sentido de aud ição, para o fazer
al iás, sobejame nte descritas neste cap itul o, em segurança. Para tanto, o som causado
uma vez que o uso da benga la obriga à sua pe lo tráfego, transforma-se aqui no gu ia
constante movimentação, para um e outro mais importante. Excepto, se a mistura e
lado, do portador de deficiência. intens idade dos sons derem origem a
confusão.
Por outro lado, não é de todo aconse lhável
que os obstácu los ou obstruções sejam Quando existe equ ipamento semafórico, um
tota lmente eliminados dos percursos para sina l sonoro adequado pode ser usado, para
peões, dado que, ao detectá-los, os portado- auxi liar os invisu ais. Quando o uso de ta l
res de deficiências v isuais tomam co ntacto sistema se tornar incómodo para os
com referências importantes, para a sua res identes, vizinhos da em issão da fonte
deslocação. sonora, então pode recorrer-se a sistemas
tácte is, que emitem frequências de dois
Parece sim, importante, que esses obstácu- tipos, em função do "verde" ou do
los resu ltem, portanto, em informações "vermelho" para o peão.
ad icionais, sem cont udo, se transformarem
em pontos críticos e perigosos.


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••
A CI F.'.CIJLAÇHO PEDOHAL. PROBLEMAS E SOLUÇÕES.
•••••• •••••• ••
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Um passeio ou cam inh o para peões, bem devem ser colocados em pos ição trans-
concebido e executado, deverá apresentar versa l, a fim de evitar o ressalto, mesmo
uma superfície só lida, bem drenada, sem li geiro, que sempre causam às cadeiras de
configurar pendentes pronunciadas e rodas que por aí circu lam.
bruscas e oferecendo boa aderência, quer
em tempo seco, quer em tempo húmido. Ainda se localizados na área de circulação, o
sum idouro contínuo ou a cobertura da va leta
As juntas devem encontrar-se bem disfarça- com uma grelha metálica, em posição
das e os drenas e caixas devem loca lizar-se, longitudinal, em re lação ao passeio, pode
de preferênc ia, e sempre que possível, fora constitu ir um auxílio precioso ao gui amento
das áreas destinadas à circulação. de invisua is ou de deficientes visuais, dado
que a textura diferenciada proporciona um
Quando loca lizados na área destin ada à som próp rio ao toque da bengala.
circu lação, os drenas ou sum idouros não

A grelha metálica e a calçada em fiada como função de guiamento.

Todavia, o efe ito táctil provocado por uma mento necessário e desejável, para este tipo
textura diferenciada, colocada transversal- de deficiência.
mente, deve ser utilizado como um instru-


••••••••••
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•••••••• •••••• A CIRCULAÇHO PEDONAL . PROBLEMAS E SOLUÇÕES .


••••• ••••• •• ••
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.•! :.... A e I PCI.JLl:::iç~o PEDOt-~AL. F'F.:OE:LEMAS E !:;OLUÇi~iE::;.
•••••••• •••••• ••
••

Fig.
5.32 A textura ranhurada como função de encam inhamento (guiamento).

Serve para denunciar a prese nça de uma quando se analisa um percurso de peões
diferença de cota no passeio, por exemplo, destinado ao deficiente visua l ou invisual: a
tal como já foi referido, seja ela mais suave primeira diz respeito à função GUIAMENTO e
ou abrupta (escadaria). a outra à função ALERTA.

Serve igualmente para referenciar a entrada Por outras pa lavras, um obstáculo situado
de um edifício ou o simples abrigo de uma num passeio, pode constituir, obviamente, e
paragem de Transporte Público. sem criar uma redução de la rgura abaixo do
valor mínimo, uma referência importante
(função Guiamento), mas terá de ser
protegido, devidamente, com equipamentos
5.6.2 A função de guiamento e a tácteis (função Alerta).
função de alerta

Poder-se-á dizer, então, que existem duas


preocupações fundamentai s a atender,


...
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A Cl PCULR1:_:Ao PEDOt·~AL. F'F.'. OBLEMA::; E ::;ou_11:_:UE::;.
••
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••

Equipamentos tácteis de alerta para protecção de um obstácu lo.

Fig.
5.34 Elementos tácteis de alerta para a travessia de peões.
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•••• •• •• A CIPCULAÇHO PEDOt·~AL .
••••• ••••• ••
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E .-. - LI ,-.·:i.·E·-·
·=·u - '::r·u ·=· li

Fig.
5.35 Elementos tácteis de referência(a) . Função de aler1a.

Pa ra a fun ção de A lerta, pode recorre r-se com o as qu e se esquematiza m a seg uir.
ta m bém ao uso de peças pré-fa bri cadas, ta is

Foto 1

Foto 2


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• •·=• 1...• A e I PCULAl..-_,:Ao PEDot-~AL
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li PF.'. OE:LEMAS E '.::OLUC_:i~ES. 1<11
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Foto 3

Foto 4

Fig.
5.36 Elementos tácteis de alerta (b). Na Foto 3 e Foto 4 recorre-se a um sepa rador central po uco sob reelevado


(inco rrecto na foto 3) incorporando elementos tácte is que d enunciam ju stamente a sua presença .
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FI C I l·?CULAÇHO PEDOt·~AL. PPOE:LEMA::; E SOLIJÇi~iES.

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Elementos tácteis de alerta (b).

Fig.
5-38 Elementos tácteis de referência(a). Função de alerta. Elementos tácteis de referência (e).

Como já foi referido, pode recorrer-se ao uso podendo e devendo recorrer-se a materiais
de peças pré-fabricadas, com ranhuragem que, exercendo a mesma função, sejam
paralela ao percurso de peões, ou transver- característicos do país ou da zona, que se
sa l, para mudança de direcção do invisual. mostrem economicamente vantajosos.

Todavia, neste domínio, o que importa reter


é, fundamentalmente, o objectivo em v ista,


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••• ••••• •••••• A CIRCULAÇ~O PEDOHAL" E .::,U 1;:,.1_1 - .: , •
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••••• •••••• ••••

A calçada à portuguesa é disso um bom exemplo.

Materiais naturais e característicos


da zona podem ser utilizados para
a função de gui amento.

Fig.
5.39 Elementos tácteis de referência (d). Em praças, é possível usar o desenho u rbano para referenciar percu rsos (com
o uso de materiais d iferenciados), protegendo o inv isual de obstácu los. A protecção das árvores, com recurso a
g relha s e malhas metá li cas verticais, contribui para evitar a col isão.
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CI PCULAÇHO PEDOMAL. PPOBLEMAS E SOLUÇÕES.

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d
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Solução integrada numa zona de peões

a= col ocação tran sve rsa l (f unção de alerta)

c = zona de passeio re baixado

d = 0,60 m

f = ranhurag em t ransversal para encaminh ame nto do


invi sual pa ra a t ravessia

g = ra nhuragem longitudinal ao longo do percu rso

f = lancil de O, 10 m de altu ra

k = postes de referência (h=1,20 m)

1= 1,20 m
/
m = zona rampeada de passeio (1,20 m)

Fig.
5 .40 Soluções exemplificativas em travessia s (guiamento e alerta).


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C I PCULA1:_:Ao PEDot-~AL. PPOE:LEMA::; E ::;OUJí:i:tiE::;.

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A altu ra a que devem situ ar-se os parcóme- caso) e de deficientes motores ou v isua is.
tros ou máquinas de em issão de bilhetes de Para estes, deve existir, em comp lemento,
parqueamento, bem como a posição das um aviso sonoro que aux ilia a percepção dos
botoneiras junto às colunas dos semáforos, é tempos de atravessamento e de espera.
função da presença de crianças (no seg undo

Fig.
5.41 A acessibilidade dos equ ipamentos.
•••••••• ••••
•••• •• ••••••
••••• ••••• ••••
A CIRCULAÇ~O AUTOMÓUEL.
PROBLEMAS E SOLUC0ES.
-
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•••••••
•• A CI F.:CULAC_:HO AUTOMÓUEL. PROBLEMAS E sou_11:_:ÕES •
•••••••• ••••••• ••
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A lguns dados relativos a esta temática serão também, como elementos de intervenção na
fornecidos, de segu ida, como instrumentos melhoria das condições ex istentes, isto é,
imp ortantes para o dimensionamento de sem projectos d e remode lação ou de
novas soluções, q uando encaradas de raiz e, beneficiação.

_
6. 1 Os _
veículos_ _
e as suas _ _ I.\W
características l'J9

A variedade de ve ícu los que c ircu lam em Camiões compre endem os veícu los pesa-
zo na urbana tornou-se cada vez mais lata. dos que, embora não c ircul em em todas as
Desde os ve ícu los utilitários até aos veícu los artérias e não tendo funç ões de d istribu ição
pesados de várias dimensões e taras, todos porta a porta, podem ter necess idade de
eles representam de um a fo rm a uma neces- recolh er e transportar resíduos só li dos em
sidade de oc upação de espaço, quer no que muitas das ruas de um aglomerado.
se refere ao parq ueamento quer à circul ação Semi reboques compreendem aqueles que
propriame nte dita. Neste co ntexto, é cada pela sua dimensão são determinantes pa ra o
vez mais importante conhecer as característi- projecto das v ias onde são adm itidos.
cas dimensionais das v iaturas, especia lm en-
te quando se pretende remodelar, aproveitar Existem outras formas de agrupar os veícu-
e adaptar. Em suma, quando se pretende los, em particular se se estiver a equacionar
projectar de forma optimizada e dirigida, por as funções q ue possuem e a forma de
vezes, a determinadas categorias de veícu- organ izar a v ia urbana.
los. É pois, conveniente co nhecer aquelas Nestes casos, os veícu los podem ser tratados
características de molde a prever as áreas e de forma segregada e individualizada, fun-
os gabarits necessários. ção de regras de prioridade a adaptar, o seu
Para o efe ito, e para melhor sim plificação, grau de vu ln erab il idade perante out ros
agrupam-se de segu ida os ve íc ulos que se ut ili zadores da via púb li ca, etc ..
consideram relevantes e de acordo com as Nestes casos, também os transportes indi-
suas dimensões: v idu ais motorizados, compre endendo as
v iatu ras ligeira s e as motos, correspondem
Duas rodas compree nd em as bicicletes e os ao grupo mais expressivo em quantidade e,
cicl omotores. através deles, se fazem a maior parte das
Motociclos compreendem todos os duas deslocações urbanas.
rodas motorizados de 50cm 3 a 1500cm 3 . Os t ransportes co lectivos correspondem
V iaturas particulares compreendem todos também a um grupo sensível, fruto da sua
os veícu los de quatro rodas utilitários. função, existindo muitas vezes a necessidade
Comerciais ligeiros compreendem os de de lh es conferi r prioridade e até de os
transporte de peq uena distribuição ligeira- separa r da circul ação convenciona l, quer sob
mente maiores que os veícu los utilitários. o ponto de vista f ísico, quer em algumas
Autocarros compree ndem os de transporte circunstâ nc ias, sob o ponto de v ista tempo-
colectivo de passageiros regu lares e even- ral, de forma a garantir- lh es competit ividade
tuais. acresc id a.


A CIRCULAÇAO AUTOMÓUEL. PROBLEMAS E SOLUÇ~ES.
li

Os táxis precisam de beneficiar, do mesmo Os veículos de emergência devem poder


modo, de um regime de prioridades particu- aceder a todos os imóveis. Em zonas resi-
lares e na maioria dos casos beneficiam em denciais deve ser fácil o acesso a bocas de
articulação com os transportes colectivos. incêndio e estas não devem situar-se a mais
Mas também carecem de espaços apropria- de 50-100m da casa mais afastada.
dos para a entrada e largada de passageiros.
É importante conhecer as características de
Os veículos de mercadorias, que procedem à cada veículo, no sentido de obter informação
distribuição de bens e produtos, devem útil para a geometria do espaço urbano,
poder estacionar não apenas nos centros de designadamente no que respeita a raios de
produção e nos centros de distribuição, mas giração que, muitas vezes, são determinan-
em locais de comércio e hotelaria. O acesso tes para garantia da acessibilidade que se
deve ser facilitado no espaço, mas limitado pretende oferecer e, deste modo, para
no tempo. cumprimento da função de cada um .

1.80

JJ ,.l,,I, H
1.78 3,60 0,723
Fig. 1.11 2,10 o,83

6.1 Viatura ligeira e comercial ligeira. Dimensões e raios de viragem.


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A CI RCULAC_-HO AUTOMó~JEL • PROBLEMAS E SOLUÇÕES.
•••• •• ••••••
••••• ••••• ••••

2.50
Ll
2,50

~ 1 J ,l
2,38 3,90 1,36 3,01 4,89 1,55
Fig.
6.2 Viaturas comerciais de 2 e 3 eixos. Dimensões e raios de viragem.

,1,--,}
2,50

,r---}
2,50
\ k l l
3,00 5,60 2,40
Fig.
6.3 Autocarro e autocarro articu lado. Dimensões e raios de viragem .
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•• • A CI PCULAr:,:HO AUTOMÓI..JEL. PPOE:LEMAS E SOLU1:_:iJES •
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j 3,77J 7,06
0,941 3~80 1,28
1,64
.l 1,20 5,00 1,10 2,90 5,30 1,30

15,39 18,00
Fig.
6.4 Viaturas pesadas com e sem reboq ue. Dimensões e raios de viragem.

6.2 As vias. A hierarquia viária urbana .,..


- - - - - - - . . J~
A hierarquização de uma rede v iária é um Em últ ima instância, é possíve l defin ir as
passo essencial para uma boa gestão, e a características geométricas de projecto,
base de uma política de transportes. desde as velocidades de circulação às capa-
cidades e, em consequência, as dimensões
Perm ite, nomeadamente, estabelecer va lên- transversais das v ias em causa .
cias na rede v iária e organ izar discipli nada-
mente as suas cond ições de acessibi li dade.


5•••.•5 ::..•• A C I F.:CUL..AÇAO fiUTOMÓI..JEL . F'POBLEMAS E '.: :OLUÇi~iES.
•••••• ••••••• ••
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6. 2. 1 A hierarquia urbana conjunto, a imposição de circulação a veloci-


dades reduzidas, por parte dos veículos
motorizados, garante uma razoável compati-
Através da descrição do tipo e características bi li dade com as restantes funções.
dos veícu los, infere-se que também os
arruamentos urbanos devem dar resposta a Daqu i, resulta natural a adopção de uma
um conjunto diversificado de funções, hierarquização funcional da rede v iária,
variando desde a garantia da mobilidade, baseada em dois grandes conjuntos de vias:
através em grande parte da circu lação
motorizada à garantia de acessibilidade aos • as vias estruturantes viradas fundamental-
diferentes espaços. Nestes dois grandes mente para o serviço da função de circula-
domínios estão contidos o suporte de deslo- ção e,
cações pedonais ou outras não motorizadas, • as vias locais viradas fundamenta/mente
e até funções sociais próprias da normal para as funções de acesso e de vivência
vivênc ia urbana. l ocal.

Quando se avaliam as características e Esta separação entre funções razoavelmente


necessidades intrínsecas destas diversas incompatíveis não deve ser entendida como
funções, é natural que sejamos conduzidos, um dogma do planeamento urbano.
tendencialmente, para uma qualificação das
v ias urbanas no sentido de as especia lizar, Bastará o facto de que, na esmagadora maio-
tendo em v ista, justamente, aque las funções. ria dos casos, o p rocesso de definição de
uma hierarquização viária se processar
Mas, no entanto, rapidamente se conc lui pe la relativamente a redes urbanas já existentes
identificação de dois conjuntos de funções que servem espaços urbanos perfe itamente
razoave lm ente incompatíveis entre si. consolidados, para concluir que em muitos
casos não será viáve l uma separação
Um deles resume-se à função de circu lação completa das funções.
motorizada associada às deslocações de
média e grande dimensão, onde as necessi- Para além disso, uma lógica de utilização
dades se ligam normalmente à garantia de eficiente dos espaços urbanos e das infra-
condições fluidas, rápidas e seguras de estruturas de apoio, nomeadamente as
deslocação providenciadas por eixos viários viárias, leva a que em muitas situações não
com capacidade suficiente. seja adequada a duplicação de eixos viários
em espaços próximos, apenas pa ra que se
No outro conjunto, a de acesso motorizado possa proceder a uma segregação completa
aos espaços urbanos, com necessidades de funções.
li gadas à facilidade de circulação em marcha É assim habitual adaptar um número mais
reduzida e de manobra de acesso aos alargado de tipologias de v ias, cada uma
espaços de estacionamento. delas adequada para determinadas propor-
Outras funções estão ligadas às deslocações ções das funções circu lação e acesso.
em modos não motorizados, particu larmente Propõe-se a adopção de um conjunto de
o modo pedonal, e as actividades proporc io- quatro tipo logias, duas (vias colectoras ou
nadas pela vivência urbana em geral. Neste arteriais e vias distribu id oras prin ci pais)
•=••• • ••• A CI RCULA 1-_:~o AUTOMÓI..JEL •
.•; 1... ... PROBLEMAS E SOLUÇÕES.
•• • •
••••• ••••• ••
••

ligadas predominantemente mas com pesos ligadas predominantemente mas também


diferentes à função de circulação e consti- com pesos diferentes ao serviço dos espaços
tuindo a rede estruturante fundamental do onde se pretende dar prioridade à vivência
conjunto do espaço urbano; e as outras duas urbana e que constituirão as redes viária
(vias distribuidoras locais e de acesso local) locais.

% de utilização % de utilização
comovias de para acesso
movimentos aos terrenos
rápidos circundantes
motorizados

- - Arteriais-- Dist. Principais- Dist. Local - - Acesso Local -


Fig.
6.5 Função circulação e acessibilidade.

Na figura 6.5 procura apresentar-se, de uma Todas as vias que sirvam o tráfego de
forma esquemática, as diferenças nos pesos atravessamento do espaço urbano cana liza-
relativos das funções circulação e de acesso do por estradas de importância nacional ou
existentes nas diferentes tipologias. regional deverão também ser englobadas
Note-se que a mesma lógica que leva à nesta classe.
adopção de várias tipologias de vias, leva a Nesta medida as vias devem ser dimensio-
que se deva esperar a existência de alguma nadas e geridas de modo a garantir elevados
variação do peso relativo das funções princi- níveis de fluidez, rapidez e segurança dos
pais das vias, mesmo dentro de cada classe. fluxos motorizados em circulação evitando
De entre as vias estruturantes, as vias assim soluções geométricas que provoquem
colectoras/arteriais representam a classe problemas de congestionamento ou que não
mais exclusivamente virada para o serviço permitam a circulação a velocidades signifi-
das deslocações de média e longa dimensão, cativas, tendencialmente superiores a
estando a função de acesso reduzida a uma 80Km/h.
expressão mínima .


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•••• •••• ••••
A C I F.~CULAÇriO AUTOMÓI..JEL. PF.:OE:LEMAS E SOLUÇLiE:3 .
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Deste facto, resulta que este tipo de vias adjacentes. Estas deverão ser seleccionadas
deverá possuir um conjunto alargado de de entre as que menos gerem situações que
características: conflituem com a função de circulação.
• Deverão formar uma rede contínua que Estas vias devem ser dimensionadas e
permita uma ligação natural entre todos geridas de modo a garantir bons níveis de
os pontos servidos; segurança e, pelo menos, razoáveis níveis de
• só deverão existir veículos motorizados; fluidez e rapidez dos fluxos motorizados em
• número limitado de cruzamentos, de circulação, adaptando so luções geométricas
preferência com características que permi- que evitem problemas de congestionamento
tam limitar ao máximo a perturbação na e que permitam a circulação a velocidades
fluidez e rapidez dos fluxos principais de razoáveis, da ordem dos 50Km/h.
tráfego (cruzamentos ou rotundas desni-
veladas); preferencialmente este tipo de Deste facto, resulta que este tipo de vias
vias apenas tem ligação directa a outras deverá possuir um conjunto alargado de
vias estruturantes; características:
• nas vias mais importantes deverá ser • atendendo às suas funções, este conjunto
expressamente proibido o acesso directo de vias poderá não formar uma rede
aos terrenos adjacentes; nas menos contínua;
importantes poderá ser aceitável admitir o • preferencialmente só deverão existir
acesso na mão a espaços comerciais ou veículos motorizados;
de serviços geradores de níveis significati- • os cruzamentos deverão ter uma tipologia
vos de tráfego (de ordem de grandeza e características específicas que garantam
próxima de uma via distribuidora os níveis necessários de capacidade;
principal); • Preferencialmente este tipo de vias liga-se
• proibido o estacionamento ao longo de ou às vias colectoras ou às vias
toda a via; distribuidoras locais;
nas vias mais importantes, não deverão • será em princípio aceitável o acesso aos
existir trajectos pedonais imediatamente terrenos adjacentes, devendo, no entanto,
adjacentes ou cruzando-as de nível, ter-se particular cuidado com as situações
devendo estes atravessamentos ser próximas dos cruzamentos que possam
sempre garantidos de forma desnivelada; afectar o seu desempenho;
nas vias menos importantes, poderá, em • autorizado o estacionamento, desde que
alguns casos, aceitar-se um número muito efectuado "ao longo" e afastado dos
limitado de atravessamentos pedonais de cruzamentos, de modo a proteger o seu
nível que deverão sempre ser regulados desempenho (afastamentos da ordem dos
por sinalização luminosa. 25/50 metros serão em princípio aceitá-
veis);
De entre as vias estruturantes, as vias • existirão trajectos pedonais formais
distribuidoras principais representam a adjacentes às vias devendo, no entanto,
classe que tem como função principal fazer a procurar-se que os pontos de atravessa-
ligação das vias colectoras às redes locais mento de nível sejam em número limitado
dimensão, sendo, no entanto, necessá rio e em princípio regulados por sinalização
atender às necessidades das actividades luminosa.
urbanas que se desenvolvem nos espaços


=•••·= •••• A e I F.:CULAi-:,:iio AUTOMÓI..JEL. PF.:OBLEMAS E SOLUC_:i~ÍES.
•••••••
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As vias distribuidoras locais representam a longo" quer "em esp inha", mesmo próxi-
c lasse que tem como função principal mo dos cruzamentos;
cana lizar e distribuir dentro dos espaços • existirão naturalmente trajectos pedonais
loca is o tráfego com destino e origem na forma is adjacentes às v ias, sendo o seu
rede estruturante. Ta l deverá ser feito de atravessamento mais ou menos livre;
forma que não ponha em causa a sua deverão existir um número razoável de
qualidade ambiental nem a sua capacidade atravessamentos formais, normalmente
de servir a normal vivência urbana. Os níveis do tipo passadeira, destinados particular-
de tráfego de atravessamento deverão ser mente a servi r os peões mais vu lneráveis.
mantidos a valores bastante reduzidos.
Estas vias devem ser dimensionadas e As v ias de acesso local destinam-se apenas a
geridas, de modo a garantir muito bons servir o acesso directo aos espaços
níveis de segurança, particularmente para os adjacentes e aos movimentos pedonais.
peões, e razoáveis níveis de fluidez através Estas v ias devem ser dimensionadas e
de velocidades moderadas (eventualmente geridas, de modo a garantir muito bons
limitadas a 30/40 Km/h) e níveis de capac id a- níveis de segurança, particularmente para os
de moderados. Atendendo a que apenas peões, e condições mínimas de fluidez
servem tráfego local, que deverá ser limita- através de velocidades muito moderadas
do, nesta classe de vias deverá deixar de se (eventualmente limitadas a 20/30 Km/h) . Os
pensar em capacidade real das v ias, passan- prob lemas de capacidade das vias não se
do a fa lar-se de capacidade urbana e deverá sequer co locar.
ambientalmente sustentável, o que corres- Deste facto, resulta que este t i po de vias
ponderá à adopção de limites máximos deverá possuir o seguinte conjunto de
bastante limitados para os níveis de tráfego características:
adm issíveis.
• atendendo às s uas funções, este conjunto
Deste facto, resulta que este tipo de vias de vias não deverá cr iar redes com
deverá possuir um conjunto bastante bem continuidade significat iva;
definido de características: • o desempenho dos cruzamentos, ao nível
da capacidade, não deverá ser tido em
• atendendo às suas funções, este conjunto conta, sendo apenas importante ter em
de v ias deverá ao longo do aglomerado atenção os prob lemas de segurança
urbano criar um conjunto de redes associados aos movimentos pedona is;
contínuas associadas a cada espaço local • o acesso aos terrenos adjacentes é livre;
e que poderão ou não ter lig ações entre si; • autorizado o estacionamento quer "ao
• o desempenho dos cruzamentos ao nível longo" quer "em espinha" desde que não
da capacidade tenderá a não ser crucial, ponha em causa actividades socia is ou
passando a ser particularmente impor- lúdicas consideradas importantes;
tante ter em atenção os prob lemas de • poderão não ex istir trajectos pedonais
segurança, especialmente os associados formais sendo que nesse caso toda a rua
aos movimentos pedonais; será um espaço de partilha entre o
• o acesso aos terrenos adjacentes é no automóvel e o peão, com prioridade a dever
essencial livre; ser dada ao peão; não se justifica, portanto,
• autorizado o estacionamento quer "ao a existência de atravessamentos forma is.

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•••·= •••• A C I RCULAÇ_.HO
•••••••
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AUTOMl~ll.)EL . PROBLEMA'.:; E sou_11:_:eiES. GJ
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Na figura 6.6 apresentam-se duas v isualiza- conceitos atrás apresentados para cada tipo
ções do que pode ser a aplicação prática dos de v ia.

Fig.
6.6 Perfis transversais de diferentes tipos de via.
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i••• A CI RCULAÇ~O AUTO Mê1I..JEL . PF~OBLEMAS E S;OLUÇi~iES.
•• • • •
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6.2.2 A estruturação viária e a sua sendo portanto capazes de captar, de uma
avaliação forma natural, o tráfego a que se destinam.
Será ainda essencial realizar uma identificação
rigorosa dos espaços locais, residenciais e
Existe um conjunto de cuidados básicos a ter outros, a defender e das respectivas necessida-
quando se está a proceder à definição da des de acessibilidade, através da rede estrutu-
estrutura da rede viária. rante e de mobilidade interna a serem servidas
pelas respectivas redes locais.
Uma das primeiras decisões a tomar prende-
se como o número de classes de vias a Após a identificação de uma determinada
utilizar, dependendo da complexidade e estrutura para a rede viária, é essencial que
dimensão do espaço urbano em causa. antes da sua adopção, se proceda a uma
Em espaços urbanos de dimensões modera- avaliação sistemática do seu potencial desem-
das, não se justificará, em princípio, a penho no que diz respeito à sua capacidade para
implantação de uma rede com características condicionar da melhor forma as escolhas de
de rede colectora do tráfego, já que os trajecto por parte dos condutores.
volumes de tráfego de atravessamento e de Um dos testes essenciais consiste na pesqui-
média dimensão serão reduzidos, não sa de eventuais ligações entre pontos de
justificando os custos de investimento e origem/destino com algum significado que
ambientais envolvidos. sejam efectuados com recurso a circuitos,
onde uma parte intermédia do trajecto tenda,
Nestes casos, poderá optar-se por uma estrutura de uma forma natural, a ser efectuada em
com três níveis, transferindo-se para a rede eixos de importância inferior a outros utiliza-
distribuidora principal as funções normalmente dos a montante e jusante.
atribuídas à rede colectora. De notar que, neste
caso, haverá que dar uma atenção especial aos Como regra, todos as deslocações devem ser
problemas de compatibilização do tráfego com feitas em trajectos "convexos", onde o início
características mais ou menos local e do tráfego e o fim da viagem é feito em vias menos
de atravessamento. Tal passará pela adopção de . importantes, enquanto que o seu meio é
medidas, habitualmente designadas de acalmia tendencialmente feito em vias mais
de tráfego, que permitam a compatibilização de importantes.
comportamentos dos diferentes utentes da via,
como se verá em capítulo posterior. Um teste associado a este consiste na
procura de situações onde se preveja que
Outra das tarefas fundamentais, prende-se redes locais venham a suportar níveis
com a quantificação das necessidades de demasiado elevados de tráfego de ligação de
mobilidade, através da rede estruturante, de zonas próximas.
modo a ser feita uma caracterização Estas situações deverão também, na medida
adequada das características e localizações do possíve l, ser evitadas.
para os diversos eixos.
Por outro lado, durante e após a implemen-
Essa quantificação pretende oferecer níveis tação da estrutura adaptada, é igualmente
de capacidade compatíveis com a procura, importante que se processa a uma avaliação
garantindo, assim, bons níveis de fluidez e contínua do seu desempenho.

-
1
•••·= ••••
•••••••
•• • • •
••••• ••••• ••
A C I RCULAC_-~o AUTOMl~ll.)EL. PROBLEMA::; E SOLU1:_:ijEs . QJ
••
'--=-------=---=-===----=-------=----______J
Um dos critérios de avaliação mais impor- Variará, neste últi mo caso, da via rápida
tantes relaciona-se com o nível de serviço urbana às vias de acesso local. É importante
oferecido pela rede estruturante, já que reter que a articulação entre vias se deverá
eventuais situações de congestionamento ou fazer entre as do m esmo grupo ou do grupo
fluidez deficiente tendem a provocar pro- imediatamente inferior, não sendo desejável
cessos de escolha (rat-running), que resul- a ligação a grupos não sequentes.
tam na inva são das redes locais por parte de
tráfego exterior. Assim, uma via pertencente ao Grupo A não
deverá articular-se a uma via do Grupo C,
Outro dos critérios de avaliação, prende-se mas a vias de Grupo A ou B.
com a existência de níveis elevados de
tráfego em troços das redes locais. A título indicativo, referem-se no Quadro 5.2.
Tal poderá indiciar o já referido fenómeno de os perfis transversais e as capacidades que
"rat-running" mas poderá também denun- eles conferem.
ciar uma má estruturação da rede com
subestimação da função real dos troços em
causa, situação eventualmente perigosa,
justificando assim uma reavaliação da
estrutura adaptada.

Finalmente, será também fundamental


avaliar o grau de adequação do comporta-
mento dos condutores às características das
vias onde, correctamente, circulam. Se
existir um afastamento significativo em
relação ao comportamento esperado, tal
poderá ter consequências bastante negativas
ao nível da sinistralidade e/ou da qualidade
ambiental e urbana, caso em que se poderá
tornar necessário adaptar soluções de
acalmia de tráfego, que permitam a compati-
bilização deste comportamento, relativa-
mente aos interesses dos outros utentes da
via.

6.2.3 As capacidades das vias

A hierarquia estabelece cinco grandes


grupos, devendo ser considerados apenas
quatro, quando se trate de uma rede viária
de âmbito concelhio.


••••• ~•• A CIRCULA(_~AO AUTOMÓUEL. PROBLEMAS E SOLUÇÕES.
•••
• • • ••••
•••••••• ••••••• ••••

CAPACIDADES {u .v.1./ h)

2 v ias (1* 1) 4 v ias (2*2)


T IPO DE VIA S
(Hierarq uizadas) 6,00 m 6,50 m 7,00 m 12,00 m 13,00 m 14,00 m

Tota l em ambas as direcções Total numa direcçã o

Grupo A 3000

Grupo B 1350 1500 2000 2200 2400

Grupo C 800 1000

Grupo D 300 a 500 450 a 600

u.v.l. - Uni dades de Veículos Lige iros


Grupo A- Vias rá pidas urbanas. Nós desnivelados ou nivelados e acessos condicionados.
Grupo B- Vias principais . Ausência de estacionamento.
Grupo C- Vias secundárias. Restrições pa ra veíc ulos estacionados. Inte rsecções de boa ca pacidade.
Grupo D- Vias terciárias. Capacidade condicionada po r veículos estacionados e por intersecções.

Ca pacid ades para di versos tipos de v ias.

Qu anto m ais se desce na hi erarqu ia v iária, e Ist o, po rqu e a largura de passe ios está
salvo raras excepções, m aior é a necess idade relac io nad a co m uma m aior ou m eno r
de prev er m aiores larguras de passeios e procura de tráfego de peões.
m enores larguras para as vi as, dado que à
m edi da qu e se pen etra m ais no t ec ido
urbano, m aio res sã o os vo lumes de peões a
co nsid erar.


••
i•••.•i 1:..
..••••..• ••••.• ••••
A CI RCULAÇ~O AUTOMÓ 1.JEL. PROE:LEMA:3 E SOLUÇÕES.
_ _ _ _ __ _ _ _ J
fij1
Ili
6.3 A circulação automóvel
- -~
6.3. 1 A noção de risco e a envolvente minada pela geometria da via e não pelo
conteúdo marginal.
Falou-se, em capítu los anteriores, na impor-
tância de alguns factores proporcionados c) quer em situação rural quer urbana, o
pela estrada na esco lha de ve locidade e no condutor tem uma percepção de velocida-
desempenho do condutor. Lembramos tam- de abaixo da que realmente é praticada,
bém quão importante é a ve loc idade que se aumentando este diferencial à medida
pratica em re lação aos peões. Considerações que o número de vias e a hierarquia da
sim il ares se poderiam fazer em re lação aos estrada também aumenta.
utentes de veícu los de duas rodas, mas este
tema não se insere nos objectivos deste Ou seja, a estimativa da ve locidade real-
Manua l. mente praticada é mais errónea, falhando à
medida que aumenta o número de vias da
Não referimos ainda a importância e a infra-estrutura e à medida que melhora o
interacção de alguns elementos da infra - tipo de infra-estrutura.
estrutura e da sua envo lvente no comporta-
mento dos condutores, nem as consequên- Consequentemente, sendo o risco subjectivo
cias de determinadas atitudes de alguns no bem inferior ao risco objectivo, é particular-
domínio da segurança de outros e na de si mente preocupante que o condutor conside-
próprios. re que circu la a velocidades inferiores às
rea lmente praticadas, especialmente, se
Mas será que o meio envolvente determina estamos na proximidade de uma curva ou se
ou influencia a circu lação automóve l e, em vamos iniciar uma ultrapassagem. Este
particu lar, o homem enquanto condutor? perigo potencia l é natura lmente maior nas
v ias principais.
B.Fieldes, autor austra liano e investigador no
domín io da interface homem-envolvente, Uma medida importante, a ter em conta na
concluiu após experiências levadas a cabo, área da engenharia, poderá ser a redução da
justamente na Austrá li a, em estrada, e largura da fa ixa de rodagem, el im inação do
confirmadas e val idadas em laboratório, que: número de vias com a antecedência necessá-
ria, para que uma curva realmente apertada
a) O ambiente marginal à estrada era menos seja descrita pelo condutor com a percepção
importante em situação rural que em de uma zona insegura, e não com a per-
situação urbana. cepção i nduzida por um bom traçado (amp lo
e linear).
b) em zona urbana, as características da
estrada, nomeadamente a sua largura e a Estes casos são particu larmente relevantes
largura das vias, era mais relevante para num nó de auto-estrada, à saída de um ramo
o condutor que o ambiente que circunda unidireccional, especialmente se os raios de
a estrada. O risco subjectivo (a sensação curvatura em planta descerem para va lores
de maior ou menor segurança) é deter- da ordem dos 40m (caso de loops) .
m .......
••• •• A CIF.'.CULA1~_:HO AUTOM1~11..JEL. PROBLEMAS E ~ULU~UE~.
I ai•ª
•••••••• ••••••• ••
~ ••- -~ - - - ~
- - - -:i.· -

Mas, um a verte nte é a que exp li ca a influ ên- gra u de perigosidade que esses conteúdos
cia dos conte údos das áreas marg in ais no represe ntam para a circu lação rodoviária.
comportamento humano, outra vertente é o

Árvores 28%

Guradas de
Outros 10% segurança 10%

Guardas de betão 2%

Guardas de po ntes
e pontões 6%

Sinalização
vertical 6%

Fig.
6.7 Distrib uição perce ntual de mortos por despiste e por obj ecto ati ngido, 1998.

N a fig ura anterio r, é nít ida a infl uê ncia refo rça a importância da sua protecção,
nefasta das árv ores à beira da estrada {+25% através de guardas de segura nça ou outros
dos m ortos ). Esta circunstância não reti ra a eq uipamentos.
imp ortâ ncia do revestimento vegeta l, ape nas

Estra da es lovena com protecções m arg in ais em g uarda de seg ura nça m etál ica .

-
•••••••• •••• A CIRCULAÇAO AUTOMÓUEL.
• • • ••••
•••••••• ••••••• ••
••

Aliás, uma outra conclusão do mesmo autor, (Marques, J., 1995) a estruturas arbóreas
foi a de que, em ambiente rural, uma estrada simétricas e progressivamente mais próx i-
amp la foi considerada pelo condutor como mas da fa ixa de rodagem, para aumentar a
ma is segura, enquanto que uma estrada noção de risco subjectivo e assim obter uma
arborizada possui uma forte influência no eventual redução de ve locidade.
condutor, que a considera menos segura.
A prática de arborizar as infra-estruturas
Também aqu i, a importância da arborização, rodoviárias surgiu nos anos 50 e 60, embora
é mais uma vez acentuada, no estabe leci- num quadro de referências diferente do
mento do risco subjectivo de cada um. actua l (actua lmente constroem-se especial-
mente v ias de dupla faixa, em vez de faixas
O papel da visão periférica é também nestes de rodagem simples bordejadas por espécies
casos muito importante para a percepção da arbóreas).
velocidade, dado que nesse campo visua l o
fluxo óptico é mais preenchido por elemen- No entanto, a tarefa da arborização continua
tos vectoriais fortemente re lacionados com a a ser vá lida e muito pertinente, desde que
magnitude do movimento. seja sa lvaguardada a distância de protecção
à v ia, o que normalmente acontece por força
A liás, mais do que acu idade v isua l estática da existência de bermas e de guardas de
ou deficiências de sensibilidade cromática, a segurança protectoras do despiste lateral.
visão periférica desempenha um pape l mais
i mportante na ocorrência de acidentes.

Elementos de referência marginais permitem


"constru ir" a noção de ve locidade de forma
mais acentuada e até sobrestimá-la, enquan-
to que, se na v isão periférica os elementos se
encontrarem distantes, não constituem refe-
rências diferentes daquelas, que se situam
ao nível da acuidade visua l.

Naturalmente que em zonas urbanas, um


estrada latera lmente contida (com árvores e
outros elementos) ou murada, dá ao condu-
tor uma percepção de ve locidade elevada e
de inseg urança . O que vem ao encontro do
uso destes mecanismos na área da engenha-
ria, para aumentar a noção de risco
subjectivo, aproximando-o do nível de risco
objectivo.

No tratamento de zonas de transição de um


ambiente rura l para urbano, que merecem
um cuidado especia l, é sugerido o recurso


.=•••••••••.·=.•• •....
••• •••
A e I RCULA~-:Ao
••
•••• ••
- AUTOMÓI..JEL. PROBLEMAS E SOLUÇi~iES.
-

L - = -

Fig.
6.9 Fiada de árvores de um e outro lado da faixa de rodagem, caracte rística dos anos 60. A introdução de uma
rotu nda, bem mais recente, manteve na placa central árvores pertencentes à fiada lateral. Ao manter o
alinhamento arbóreo dá-se uma noção de linearidade perigosa ao co ndutor, em particu lar du rant e a condução
nocturna.

Não parece, contudo, aconselhável a existên- das descontinuidades no meio rural, diz
cia de árvores assimetricamente colocadas, respeito ao estádio de construção da rede
por exemplo, apenas num dos lados da faixa v iária nacional e aos efe itos percursores de
de rodagem, porque essa informação visua l, impactes na segurança rodoviária, origin a-
recolhida na v isão periférica, distorce a trajec- dos pela fa lta de uma estratégia de ligações
tória do condutor, provocando uma tendência comp lementares. Ou seja, a construção de
de aproximação para o lado em que o fluxo eixos importantes e de hierarquia superior,
óptico é mais rápido, ou seja, em direcção ao quanto à c lassifi cação dada pe lo Plano
local onde se situam as árvores. Esta Rodoviário Nacional, deveria ter sido com-
constatação, referida por Dan iel R. Mestre em pletada pe las ligações de nível i ntermédio
Visual Factors in Driving (2000), pode ser a até que, funcionalmente, o tráfego que
resposta a alguns acidentes {despistes), verifi- circu la na rede principal pudesse degradati-
cados em estradas sem tráfego e, aparente- vamente ser conduzido até a uma rede de
mente, sem factor causal associado. nível inferior. A este fenómeno, que pode ser
ate nu ado ao longo do tempo, po r acertos
nos critérios de afectação financeira que
v isem uma reali zação física no domínio do
6.3.2 As descontinuidades no meio planeamento, e posteriormente na concre-
rural tização no terreno, acresce um outro aspecto
incontornável que se traduz pela necessi-
dade de uma gestão adequada dos acessos
Um outro aspecto ig ualm ente importante marginais.
mas que pertence a uma outra abordagem


••••• ••• A L ~I~.·1-~I_ILH-Ç~H~Ll AI_IT1_1~1,_~ 1 JEL. F'RJBLEM-~ E ~OLLl~~E~
••••
•••• •• ••••••
••••• ••••• •• •• - r:- - - - = - - - - -··__... _ _ _L_ · _ _R_~_. _ _ s - -1::0._u_:_
: o •_ ___J~J
A existência de acessos d issem inados é já uma coe rênc ia e uma estabilidade no
em si uma pertu rbação que se man ifesta ambiente envo lvente que permita o reconhe-
certament e, e negativame nte, na expectacti- cimento por parte do condutor, do comporta-
va do condutor. mento adequado especialme nte no dom ínio
Cada acesso representa um conj unto de das velocidades.
pontos de co nflito, concentrados, de maior
ou men or gravidade em função da sua M as não existem descontinuid ades ape nas
tipologia. Representa muitas vezes a em áreas rurais. Vejamos o que se passa nas
presença inusitada de um veícu lo parado na áreas urbanas.
via principa l a aguardar o momento certo
para a viragem à esq uerda.
Pode representar uma descontinuidade na
d istâ ncia de visibi lidade, muitas vezes assumi- 6.3.3 As descontinuidades no meio
da pelo condutor como distâ ncia de ultrapas- urbano
sagem, interrompida por linhas co ntínuas no
eixo e por si nais verticais de proibição de
ultrapassagem, apa rentemente sem justifica- O número de acidentes em áreas urbanas é
ção . E o q ue o co ndutor não entende, todos os d ias suficientemente evidenciado. O
normalmente o condutor não cumpre. homem, co mo agente rea lizador, é respon-
sáve l por diversos factores, nomeadamente,
E assim se va i construindo a noção de que a pelas disfunções da própria hierarquia viária,
sin alização não correspo nde às necessida- factor tão i mportante quer ao níve l d a
des, não é utilizada com critério, não tem intervenção do planeamento e do projecto,
credibili dade. quer ao níve l da gestão e explo ração da
própria via (cri ação de acessos à posteriori,
Efectivamente, um a das questões que mais est abe lecimento de pólos de geração de
preocupa actualm ente os in vestigadores, tráfego motorizado e d e peões em situação
quer do Reino Unido quer da Holanda, diz ind evida), e um conjunto de outras decisões
respeito à necessidade de co loca r à dispo- que se inserem, q uer na área da engenharia
sição do co ndutor uma rede viária c uj a quer da arqu itectura. Mas é ju stamente ao
hierarqu ia seja facilmente ap reend ida, numa nível da engenharia, que importa conceber e
tentativa de perm it ir que seja a própria concretizar ca da vez mais frequentemente
envo lvente a sugerir e a determinar, atrav és intersecções que permitam decisões fasea -
das suas características, a ve loc id ade de das, co m um número mínimo de movimen-
circu lação dos ve ículos, de forma natural e tos de tráfego em presença e sempre com a
não imposta (o co nceito de se lf-exp laining preocupação de auxili ar o condutor na
roads) . esco lha do melhor posicio namento na via,
através de sinalização ho rizontal adequada.
A existênc ia no nosso país, de estradas co m
caract erísticas que provêm dos anos 50 M as também os peões experim enta m dificul-
(a lg um as delas em alguns trechos absorvi- dades idênticas em intersecções, especial -
das por nú cleos urbanos) articuladas com m ente se forem idosos, e se aq uelas forem
outras vias de caracte rísticas mu ito d ife ren- particu larm ente comp lexas no que se refere
tes, resulta ntes do PRN de 1990, não oferece aos movimentos de tráfego em presença.


••• ••
1• •d~
• •••• A CIRCULAí~:~O AUTOMÓUEL. PROBLEMAS E SOLUC_:ÕES .
•••••••• ••••••• ••
••

O mesmo conceito de simplificar, sempre proceder à gestão de uma intersecção


que possível, a geometria e o número de particularmente complexa, e com vo lumes
conflitos em pontos muito próximos, é de tráfego consideráveis, pode comportar
também aqui aplicável. algumas dificuldades aos peões mais id osos.
Há que notar que o uso de semáforos para

Fig.
6.10 Intersecção sem aforizada.

Por vezes tendem a atravessar, face à com- reflectir, embora se entendam as conse-
plexidade da decisão, por arrastamento com quências para a gestão semafórica, so bre a
os outros peões, sem tomar as devidas velocidade recomendada para uma travessia
precauçõ es, ou tendem mesmo a afastar-se pedonal, sendo certo que um estudo levado
destes loca is embora proteg idos por semá- a cabo na Suécia evidenciou que 90% dos
foros, para localizações em que lhes parece peões idosos atravessam uma artéria a
ser menos comp lex o o atravessamento. ve locidades inferiores a 1,2m/s.

Os tempos de atravessamento numa passa- De facto, uma velocidade de 1,0m/ s é


deira semaforizada também nem sempre recomendada para idosos entre os 65 e os 69
permitem a travessia completa do idoso, e a nos de idade, sugerindo -se em alguns
nem sempre é compreensível e visível , para trabalhos (CEMT1999, Johansson 1993) que
este, o sinal de verde para o peão. se adapte a velocidade de 0,85m/s para os
Quanto à penúltima questão, importa idosos em geral.


••• •• A CIRCULAC_:Ao AUTOMÓUEL ª
: d~
•••••••
•••••••• ••••••• ••
••
PROBLEMAS E SOLUÇÕES . ]w
Apesa r das dif icu ldades enumeradas quanto ao níve l da enge nh aria, refere-se fu ndamen-
às intersecções semaforizadas, é preciso ta lmente à simplif icação das geometrias e do
notar que elas são preferíve is a so luções de número de movim entos de tráfego numa
intersecções geridas pe la regra de prioridade intersecção.
à direita. O esforço que importa desenvolver

6.4 A gestão de intersecções


_ ____. 11111
MI
As intersecções, quer em meio urbano q uer 6.4. 1 A legibilidade
rura l, introduzem alterações importantes no
reg ime de circu lação de um a v ia. Desde logo Um a intersecção é legível se, de fo rm a
po rqu e se ndo um elemento que introduz antecipada, o co nduto r se ape rceber do loca l
um a descontinuid ade na infra-estrutu ra, tem da intersecção e da sua forma de funciona-
efeitos também releva ntes nos flu xos que m ento, ind ependenteme nte da sinali zação.
circu lam nessa infra-estrutura. Pode ava li ar-se a leg ibi lidade na aproxima-
Esses efe itos trad uzem-se, não apenas nas ção e a leg ibili dade interna da intersecção.
caracte rísticas físicas do traçado, qu e nesses A leg ibilidade de aproxim ação deve poten-
loca is precisarão certa mente de uma gestão c iar um a alteração comportame ntal do
adeq uada que perm ita os movim entos de co ndutor. Pode ser consegu ida através de
entrada e saída da v ia principa l, mas tam- uma ruptura da linearidade do t raçado ou da
bém, no compo rtam ento dos utili za dores, monotonia v isual da v ia em que se encontra.
sej am e les peões sej am co ndutores de Esse co ntraste pode ser co nsegu ida à custa
ve ículos. da introdução de determ inados element os
Natura lmente que a adequ ação f ísica do ou pela sua ausê ncia:
loca l aos movim ent os em presença é
importante para a gestão dos confl itos, em • Co locação de um elemento vegeta l no
particu lar para a sua m inimização. Mas essa meio do espaço f ísico;
adeq uação terá de ter em co nta não apenas • A interrupção de uma fi ada de arvores ao
as circunstâncias preva lecentes de forma longo da v ia.
qualifi cada - quais são os conflitos - mas
também quantif icada, o u seja a sua fre-
qu ência em f unção do vo lum e de tráfego de
cada movim ento.
!•••.•! 1:..•• R CI F.:CULRÇ~O RUTOMÓl.)EL. PF.'.OBLEMR::; E SOLUÇijEs.
•••••••• ••••••• ••
••

Fig.
6. 11 Os ciprestres quebram a continuidade do espaço físico que uma placa centra l reduzida não garante.

Fig.
6.12 Placa central de dimensão significativa, com elementos arbustivos na zona periférica e árvore no centro da p laca.

Ou por interméd io de alterações f ís icas:

• Co locação de um elemento esc ultórico;


• Marcação de passade iras e reforço da sinalização horizontal;
• Alterações do perfil da v ia (separador central , estreitamento da via, ad ição de
novas v ias para determinados movimentos).
A CIRCULAÇ~O AUTOMÓUEL. PROBLEMAS E SOLUÇÕES .
==

Fig.
6.13 Um elemento escultórico marca uma ruptura na linearidade do traçado.

Fig.
6.14 A ausência de elementos na placa central da rotunda perm ite uma leitura completa da linearidade do anterior
traçado e não do obstácu lo que a p laca ce ntral representa.

A leg ibilidade interna traduz-se numa melhor simples e tornar-se claras, sendo necessá rio
co mpreensão da geometria e do funciona - que sejam familiares do condutor, ou seja,
mento da intersecção. Nestes casos que não quebrem a expectativa do utilizado r. A
possuem impacto re leva nte no domínio sinalização deve ser visíve l, bem legível e
comportame ntal, as alterações devem se r sem ambiguidades.


•••·= •••• H- r__: I ~·. 1-_:I_ILH- r:;,:H·J,·r_, H-1_1rr_1t•1_t·11..JEL. F·F.·nE·LEt1H- ,-. E , .,-,LI ,,-.·JsºE-
1• • • •••• rs .. _ , ' .: , .: , _ _ ::,· U '.: ; •
•• • • •
••••• ••••• ••••

Uma intersecção (ate nte-se nos sinais de cedência de prioridades que não são visíveis na foto da esquerda ) cujo
d esenho quebra a expectativa do condutor. Perante a li nearidade do traçado, não é expectável a existência de um
entroncamento.

6.4.2 A visibilidade A sin alização, o mobiliário urbano e as


espéc ies vegetais devem se r estud ados de
Ao entrar numa intersecção, é suposto qu e o forma a garantir uma v isibi lidad e entre
co ndutor possa disfrutar de um campo de 0,60-2,0m de altura, o estacionamento de-
v isão suficientemente alargado que lhe ve ser eliminado ou impedido na aproxi-
perm ita percepc ion ar outros ve ícu los ou mação.
peões que se aprox imem, seja pe la v ia
secundária seja pe la sua próp ria v ia. O triângulo de v isibi lidade deve ser garantido e
Em particular e para q uem circ ul a na v ia por isso verificado em todas as suas exigências
sec un dária é necessário satisfaze r alg umas de acordo com as velocidades de aproximação
cond ições: e respectivas distâ ncias de visibil idade.
As ve loc idades de aproximação devem
ser reduzidas;

Semáforos encobertos por tapume e por árvore.


•••••••• •••• A CIRCULAÇ~O AUTOMÓUEL. PROBLEMAS E SOLUÇÕ~ w
•••• •• ••••••
••••• ••••• ••••

Todos os obstáculos, que possam impedir a mente quais as cond ições que são oferec idas
v isibi li dade da sinali zação insta lada, devem ao condutor. Se necessário, pode recorrer-se
se r evitados. A ve rificação destas cond ições a co locações em pórtico, quer para a
é in dispensável, não apenas no loca l mas à sin alização se mafórica quer para os sin ais
distância, por forma a constata r-se previa- convencio nais.

,--- - -- -- -- ------ --- - --- - - ---,,


'
--- ----' ' ' /
/

---
/
-

A visibi lidade está consegu id a na aproximação à via princ ipal. Foi eliminado o estacionamento, estreitada a via e
m aximizado o t ri ângulo de visibi lidade.

6.4.3 Os espaços destinados à • Uma co nseq uente dim inuição da capac id a-


circulação de g loba l;
• Um percurso g loba l acrescid o para os
As intersecções demasiado largas podem peões.
aprese ntar os seg uintes probl em as:
• As trajectórias ficam m al definidas altera n- Quando se reduz o espaço destinado à circu-
do os loca is de confl ito espe rados; lação na intersecção, pode aten uar-se os
• Ve locidades mu ito elevadas na entrada das inconve nientes referidos, mas te m os outros
intersecções; efe itos em p resença. Designadamente, redu-
• Um aum ento do tempo de atravessame nto ze m-se os ra io s de c urvatura pa ra os
da intersecção com uma exposição ao movimentos de v iragem à direita, o que
risco exagerada dos peões e dos ve ícul os introduz um ab randamento de ve locidade.
de duas rodas;


••• ••
·=• ••• • A CI F~CULAr:,:Ao
1••••••• AUTOM1j1..JEL . PPOBLEMAS E SOLUÇ_.L'.iES.
uJ ••
••••• ••••• ••
'------==-----=-
••

Mas teremos de ava li ar quais as conse- intersecção, para o caso mais desfavorável,
quências para a trajectória dos ve ícu los ou seja, movimento simu ltâneo de pe-
pesados ou eléctricos, muito embora não sado/pesado.
seja estritamente necessário dimensionar a

Fig.
6 ,18 Os carros eléctricos, ta l como os veículos pesados, com trajectórias de viragem m uito amplas, exigem espaço
adicional, neste caso, ocupando o passeio. No entanto, a intersecção não é dimensionada pa ra este caso especia l,
embora o tenha em conta.

Outras so lu ções poderão ser encaradas, da, ou mesmo a criação de zonas galgáveis
como por exemplo, um recuo do loca l de tal como são vu lgarmente adaptadas em
paragem no caso de intersecção semaforiza- cruzamentos giratórios, na placa centra l.

Fig.
6 ,19 Placa central de pequenas dimensões que prevê o galgamente de veícu los.

-
.•••••••••..•• ....
1 d~
•• A CIRCULA1~~Ao AUTOMÓUEL.
•• •• ••
••• ••
PROBLEMAS E SOLUí~:ÕES. [{{J
- - - - - - - - = - - - - - - - -------=-=------_____.:________-

É semp re conven iente estabelecer ortogona- Se não se garantir a ortogona lidade perfeita,
lidade nos ramos da intersecção . então, e se se tratar de uma intersecção em
As vantagens são óbvias: T, de preferência, as viragens à direita para a
Melhora-se a v isibilidade; v ia princ ip al podem ser ligeiramente difi-
Dim inui-se a extensão dos percursos de cultadas e as v iragens à direita para a v ia
peões; sec und ária resultarem em consequ ência
Ficam simplificadas as manobras de v ira- também lig eiramente facilitada s.
gem dos veículos.

lca~ L \__
Fig.
6-20 O caso B é o preferível, e o caso C é preferível ao caso A mas ate nção, uma acentu ada distorção da ortogonalidade
no caso C pode provocar riscos acrescidos para a travessia dos peões, por aumento da velocidade do movimento
de v iragem à direita.

6.4.4 A circulação e a segurança so luções mais evo luíd as. Normalmente, a


evo lu ção natural de uma intersecção, que
está suj eita a volumes de tráfego evolutivos,
Em meio urba no, a intersecção tipo é passa por uma gest ão de simpl es reg im e de
ut ilizada por todo o lado onde o tráfego, as prioridade para um a gestão automática do
cond ições de seg urança e de exp loração, o tráfego, através da in stalação de eq uipa-
permitem. mento semafó ric o. Posteriormente, pode
introdu zir-se na gestão autom áti ca um
A intersecção mais simpl es, no entanto, elevado grau de flexibilidade nos tempos de
apenas permite suportar cargas de tráfego ve rde, destinados aos movimentos de
m édias ou fracas, sendo que intens id ades tráfego, por interméd io de controladores que
mais elevadas só poderão ser geridas com respondem à variação das cargas.
••• ••
•••• •• •••••• A CIRCULAf~~Ao AUTOMÓUEL. PROBLEMAS E SOLUC_:ÕES .
: d~
••••• ••••• •• ••

No entanto, mesmo que algumas inter- ve is, co mo po r exemplo a instalação de ilhas,


secções ten ham cargas de tráfego pouco refúg ios, v ias de viragem à esquerda e
significativas, a sua função e importânci a sepa rado res adequados. Se a sinali zação ho-
estratég ica na rede v iári a pode levar à rizontal já era importante antes da reformula-
insta lação de um contro le automáti co do ção, agora ela torna-se ain da mais dec isiva
tráfego. na gestão da intersecção.
Outro motivo releva nte qu e justifica não
ra ras vezes a in stalaçã o de se m áforos num a Uma adaptação geométrica resulta in evita-
dada intersecção, m esmo que os vo lumes de ve lm ente no aprove itamento de espaços
tráfego sejam fracos, refere-se a questões de outrora marg i na is. Po r defeito o u po r
seg urança. excesso, acontece ser necessário tratar de
forma integrada o espaço marginal remanes-
A presença de peões e de travess ias peri- cent e ou desaproveitado.
gosas, designadamente para alguns níveis
etários (cri anças, idosos) ou a existência de Por isso, torna-se importante qu e a adapta-
co ndições geométricas deficientes que não ção da geometria da intersecção resulte
são alteráveis ou impossíveis de m elh orar depo is, num todo agradáve l, numa mais
devido a razões ponderosas, conduzem por va li a para o espaço urbano onde se in sere.
vezes à insta lação de se máforos em inter-
secções qu e, à partida, não necessitariam O estádio ma is evol uído n a cadeia d e
desse eq uipam ento. remode lações de uma intersecção é sem
dúvida o se u desnivelam ento. Ou seja, a
A in sta lação de equ ipamento se m afó rico e limin ação de fluxos descontínuos em
num a intersecção tipo muito simp les, exige, determ inados m ovimentos de tráfego e a sua
normalmente, a sua adaptação geométrica e conversão em flu xos co nt ínuos.
a introdução de alguns detalh es in dispe nsá-

Fig.
6.20 Placa central de pequenas d im ensões que prevê o galgamento de veícu los .


:••··=• ::..
••• ••

• •
••••• ••••• ••
••
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A CI F.:CULfiÇHO AUTOMúl..JEL. PPOE:LEMA::; E ::;uu_11::,:uE::; •
_ __ _ _ _ ,
_ .:i,• -

w
Em zonas urbanas, este estád io evo lutivo desligada, é possíve l aceitá-la como uma
poderá dar resposta às exigências do tráfego ma is va lia. De outra forma, ela representa
mas levanta um conjunto de prob lemas uma rotura com o tecido urbano onde se
comp lexos que denunciam uma errada insere, traduz uma exagerada cedência
integração da intersecção no tecido urbano e perante as necessidades de alguns t ipos de
traduz um deficiente funcionamento da uti lizadores motorizados e assim sendo, não
hierarquia v iária p reva lecente. estabelece os equ ilibrios indispensáveis que
Qua ndo se tenta de respo nder às ex igências pe rm item uma adequada qualidade funcio-
da procu ra com um desn ive lamento, tere- na l da mobilidade de pessoas e bens.
mos de ter em atenção que, para responder
a esses quesitos, estaremos certamente a A so lução passa, muitas vezes, por deslocali -
esq uecer outros utili zadores da v ia, como zar fluxos de elevada intensidade, adaptando
por exemplo os peões ou os ve ícu los de duas a rede v iária na sua hierarqu ia, dispersando
rodas. o tráfego por outras alternativas de percurso.

Um desnive lamento pode impli ca r extensões O recomendado, será sempre um bom


exageradas para os circu itos de peões ou de planeamento da rede e da estratégia de ins-
cicli stas, podendo introduzir velocidades de ta lação de serviços e pó los geradores de
ci rc ul ação de ve ícu los, que são incom- tráfego, uma adequada aval iação dos impac-
patíve is com os níveis de segurança que é tos por eles proporcionados, para que não
suposto acaute lar num tec ido urbano. constituam uma i njecção concentrada de
fluxos em determinados locais da rede sem
A menos que a so lução desn ive lada não cond ições de adaptabi li dade.
cond uza a estas sit uações, isto é, a menos
q ue ela não possua po ntos de contacto ou As so luções curativas são nestes, como
"zonas de atr ito" com o teci do urbano noutros casos, bem piores que as opções
desenvolvendo-se de forma independente e preventivas.

6.5 A sinalização semafórica __ m


O fu ncioname nto de Programas de Sinali za- ção, são req ueridas estratég ias específicas
ção Semafórica visa um aprove itame nto de planeamento e de gestão de capacidades
raciona l do espaço de circu lação rodoviário, o u de conflitos no sistema rodov iário,
perm it i ndo que os d iversos utentes em co nduzin do à elaboração de programas de
intersecções de níve l transponham superfí- sin alização luminosa semafórica, nos quais
cies de conflito em segurança. são criadas co ndições de compatibi li dade na
co ndução de fl uxos de trânsito.
Existin do imposições no espaço de circ ula-


1•••• d~ •• A CIRCULAC_:~O AUTOMÓUEL. PROBLEMAS E SOLU(_:ÕES •
• • ••••
•••••••• ••••••• ••
••

A coordenação de fluxos de trânsito em Dentro dos semáforos bicolores, são conta-


corredores de progressão semafórica surge dos ainda os que servem os Transportes
frequentemente, por seu lado, como um Públicos, os quais apresentam condições
objectivo de planeamento, necessário para luminosas específicas.
coordenação, aumentando-se, assim, a flui- Para os peões, utilizam-se semáforos bicolo-
dez de circulação automóve l e, por conse- res de forma quadrada, contendo as
guinte, a capacidade de circulação nesses respectivas ópticas a silhueta de "peão".
troços.
Os sinais unicolores semafóricos, por seu
Em termos ambientais, é de referir, neste lado, apresentam gera lm ente, a condição
contexto, que a diminuição de mudanças de lumin osa de "amarelo intermitente", os
velocidades em corredores de progressão quais indicam no gera l perigo e uma atenção
proporciona uma movimentação de veículos que se deve ter em re lação a outros utentes
numa forma mais homogénea e controlada, de trânsito que, pela sua movimentação
contribuindo significativamente para uma numa intersecção viária, justificam essa
redução de emissões de gases e de ruídos. medida de segurança.

Os semáforos encontram-se ligados a uma


unidade de Comando de Programas situado
6.5. 1 Tipos de funcionamento na intersecção o qual incorpora um software
semafórico em intersecções que assegura o processamento de ligações
semafóricas que resultam no funcionamento
de programas.
Enquadrando a sinal ização luminosa sema-
fórica na sinalização prescrita no Código da Uma intersecção pode apresentar, em situa -
Estrada, é de referir que a mesma se ções excepcionais, os semáforos comp leta-
sobrepõe à sinalização vertical existente mente desligados (situação de "escuro"),
(Código da Estrada, Artº 7º "Hierarquia entre "escuro" na direcção principa l e "amarelo
Prescrições") e é complementada por mar- intermitente" nos ramos secundários, ou
cas rodoviárias opostas no pavimento duma "amarelo intermitente" na totalidade.
intersecção viária. As referidas marcas rodo- Estas situações surgem em tempos de falhas
viárias concorrem essencialmente para a no sistema de funcionamento semafórico,
condução de fluxos na intersecção, como em situações excepcionais de trânsito
também permitem a paragem localizada de (exemplo acidente), também de forma
veícu los em frente a semáforos que os programada em tempos de transição entre
servem. programas ou, em alturas de trânsito muito
Os semáforos são compostos geralmente reduzido.
por três partes que inclu em três ópticas de
luz vermelha, amare la e verde. Refere-se aind a a possibilidade do funciona-
São utilizados ainda outros semáforos mento de "tudo vermelho" em todos os
constituídos por duas ópticas, as quais semáforos que servem veículos, nos casos
podem apresentar várias alternâncias de de intersecções funcionando com detectores.
condição luminosa, incluindo amarelo
intermitente.

-
••• ••• A CIRCULAÇAO AUTOMÓUEL. PROBLEMAS E SOLUÇÕES.
••• ••••• •••••
•••••••• ••••••• ••
••

Neste último caso, na aproximação de um sequência de fases pertencentes a um


veículo à intersecção viária, é accionado uma programa semafórico.

Fig.
/
/
6.21 Situação de fluxos de trânsito com patíveis
condicionados entre veícu los e peões, com
uso do sinal unicolor de amarelo intermitente.

6.5.2. Conceitos e aspectos gerais de veículos compatíveis, isto é, sem pontos de


funcionamento conflito em Fases Semafóricas, de forma a
conseguir-se uma optimização temporal e
espacial no processo de condução desses
Na sinalização luminosa de trânsito regulada mesmos fluxos.
por semáforos, são agrupados pelotões de

Intersecção A lntell«:Çllô B Intersecção C

210 10H15M
Fase3 200 150 1OH05M 150210
30+150
150+{ L 50 Fase2
100 +-{L 150
30 +
.-L-540 50 450 J__400
r 50 350 J__ 500
300_j r 160 _j 150 _ j .-- 200
550--r 450
500 --r400
100
300 soo --r450
100 50
10H25M 7 L200 150 7 ~150
50+100 Fase4 1 - 1OHOOM
200 300 Fase1 250 300
200

Fig.
6.22 Representação de fases semafóricas por intersecção.

Uma sequência de fases semafóricas, funcio- um Ciclo de Serviço que se repete numa se-
nando num mesmo cruzamento, constitui quência temporal.


.rr . . .= ··=• :•... •
•••
•••• ••••• •• ••
A e I F.'.CULRr::,:HO AUTOMl~II..JEL. PROBLEMAS E SOLUÇÕES.

As fases de tempos de passagem na situação funci o nam ento dos já referidos Ciclos de
lum inosa de "verde" designam-se f ixas, se Serviço fl exíve is.
não são prolongáveis pe la v ia da detecção de
flu xos de trânsito, constituindo, essas fases, Para o funci onando em cruzamentos iso la-
um Ciclo de Serviço Fixo. Co nstit uem, por dos designa-se Programa uma sequênc ia
outro lado, um Ciclo de Se rvi ço Flexível se as proj ectada d e fases semafóricas. No referido
mesmas sofrem oscilações de duração de programa são representadas as situ ações de
te mpo pe lo uso de detectores. verde, amare lo e vermelho distintamente,
No nosso país, é vulgar designar por Funcio- bem como tempos referentes a situações de
namento Actuado ou Semi-actuado dum a amare lo intermitente ou a outras situa ções
intersecção aque les que apresent am, parcial luminosas (exemplo, Transportes Púb licos),
ou tota lmente, nas v ias de entra da, detec- respe itantes a cada Grupo Semafó rico.
tores de trâns ito que proporc ionam o

A detecção de trâns ito visa pelo menos três


obj ectivos: A detecção da presença d e veículos,
do interva lo de t empo entre eles e do gra u de
ocupação das v ias
1

Transição Um p rograma semaf órico pode se r


entre fases CI
CI= Ciclo de Serviço (s EG) determinado pela fl exibilização de fases
Grupos 7 \ 1
semafóricas, como resultado de valores
Semafóricos
(Sequência)
KI
1(2

"'
K4
K5
K6
K6(H ta)

.
FI
F2
- 1
PROGRAMAS COM FLEXIBILIZAÇÃO
DE FASES DOS T EMPOS DE "VERDE"
provenientes do uso de detectore s.

,.
F5
F6
F7

KS (amarelo lntermitonto)
o 10 20 30 40 50
T(seg)

Fig.
6-23 Representação de programas actuados e sem i-actuados.

II
Um co njunto de p rogramas que funcionam g nado por o nda verde". Embora com
em várias intersecções e que aprese ntam vantagens de optimização do escoa m ento de
II
Ciclos de Serviço de ig ual duração, poderão fluxo s, as ondas verdes" exigem atenção
ser acc ionados pe lo processo da M acrore- especial, porquanto no domínio da seg uran-
gu lação desses programas. ça rodoviária ex igem uma prática de ve loci-
Um a das caracte rísticas da Macroregulação é dades acima de determinados limiares, que
a sincronização programada de tempos de podem ser desaconselhados, se a vertente
"verde" em várias intersecções, constitu indo aca lm ia do tráfego esti ver também em
um conjunto de flu xos coord enado s no questão.
tempo, formando o que norm alm ente é desi-


1•••.: .••• A C I PCULAC_:HO AUTOMLIUEL . PF.:OBLEMA::; E :30LUt_-,:i~iE:: ;. ~
•••••••
•• • • •
••••• ••••• ••
••
------=----
- ---=----=----==---==-===---_.e:...__---'

A constitu ição de programas semafóricos em ass um e funções centrais d e m ac roregulação,


cada intersecção a coordenar encontra-se programas isolados, por seu lado, são con-
co ndici onada pela sincronização dos tempos tro lados por com andos próp ri os situados
de "verde" de determinados Grupos Sema- nas intersecções e que accionam os progra -
fóricos das várias intersecções, pertencentes mas funcionando com os já referidos Ciclos
a um corredor de circulação. de Se rv iço .

Enquanto a macroregu lação de programas é Neste âmb ito, opera-se a Microregu/ação de


comandada numa ce ntral de contro lo o u Programas.
num comando de uma intersecção que

PROGRAMA DE SINALIZAÇÃO SEMAFÓRICA

s,~
.•.,., ..
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PROGRAMA DE SINALIZAÇÃO S6MAFÓRICA
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. .. . . • j 1~ ,
Grupos semafóricos
em Coordenação

Fig.
6.24 Representação de programas semafóricos (D iagramas de barras) em coo rdenação. Em cada linha estão
representadas situações luminosas de cada grupo sem afórico.

3/03 5/05 1/01 7 /07 3/03 5/05 1/01 7/07


4/04 6/06 2/2. 1 8/08 4/04 6/6.1 2/2.1 8/08

~ 1---•
29
-3.r -- ~ -- --
(~: .- J>,_ -40· k• 14 14
8 ã 4 ,..12- ~ ln
-
::--- -- ---- . ! ::::
5
~· km/h
9 .:1 (53 -<-l....._ 45
40 km/h
-<-l....._
38 38 50 km/h 132

400 500
Fig.
6.25 As situações de coordenação semafórica encontram correspondênc ia em diagramas bidi m ensionais (tem po em
fu nção do espaço) designados de "ondas verdes".


: .: .•
••• ••
QJ ••••• ••••••• ••••
•••••••
•• •
A C I PCULAL,-_:iiO AUTOMÓI..JEL ª P~'.OE:LEMAS E SOLUC_:iJES ª

'---------=---

Cruz.1 Cruz.2 Cruz.3 Cruz.4

Relógio interno
100seg 100seg 100seg 100seg em Controlador

Programa1

Ligação

Sincronização!
(Paragem temporária
72seg 72seg 72seg 72seg de programas!)

Programa2

Fig.
6.25 Intersecções em coordenação sem afórica contêm Programas de igua l duração (mesmo ciclo de serviço),
funcionando de fo rm a sincronizada.

Nos semáforos tricolores surge a sequência fluxos de dois grupos semafóricos, nomea-
verde, ama rela e verme lh a, podendo o damente entre os que apresentam li nhas de
tempo interméd io de amare lo variar entre 3, confl ito que origin am tempos de segurança
4 e 5 seg, dependendo se a velocidade de mais prolongados.
passagem é respectivamente de 50, 60 ou 70
Km/h. O resultado do referido cálcu lo é resumido
Como referido anteriormente, o sin al de numa Matriz do Tempos Intermédios a qua l
"amarelo interm itente" traduz uma exigên- contem, em segundos, os tempos intermé-
c ia acresc id a de atenção para os utentes de dios entre grupos semafóricos nas relações
trânsito a que se destina. veícu lo limpa in tersecção após fim de
"verde" semafórico - veícu lo avança após
Entre os fluxos pertencentes a grupos início de "verde" semafórico.
semafó ricos distintos, incompatíveis, isto é,
que apresentam entre si pontos de confl ito Os tempos de segurança incluídos na
n a intersecção, deverão ex istir Tempos referida Matriz incorporam a software dos
Intermédios ou de Segurança, de form a a programas semafóricos instalados nos
v iabilizar uma seq uência de fases programa - comandos das intersecções, inviab ili zando a
da. sobreposição de tempos de passagem "em
O cálcu lo dos tempos interméd ios toma em verde" nos programas em funcion amento de
conta as situ ações mais desfavoráveis entre grupos semafóricos incompatíveis .


•••••••• •••• A CIRCULAÇAO AUTOMÓUEL. PROBLEMAS E SOLUÇÕES .
•••• •• ••••••
••••• ••••• •• ••
Os tempos intermédios são calcu lados em
planta a partir de linhas de conflito de
fluxos incompatíveis que se interceptam .

A Matriz dos tempos intermédios Matriz dos tempos intermédios (seg} - Exemplo:
apresenta os tempos de segurança
Os Avanca
mais desfavoráveis. Uma I'-... ,. Y.1.1 .. nmb.11u 21n1

- ""'
2/02 S'l>S Mie

característica é a sua simetria. '- X 04 03 03 04 04 04 @06


"°' X05 01 - - 03 11)5 04 - -
.,_,_, - X 02 04
03 04 - - - 05
1~ 03
04 04 X 04 04 06 05 - 04
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... 01 -
04 04 X 06 --- "~

ê9 21m 06 "''
02
01 03
- -
02
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,,,,. - - - - - - -- - - --
06 06 X

'"" 6: 03 02-- -- X
Ul'lt 03
- -
06 07 :crrn X

l egenda Sinais:
4 Sinal tJk«ilor ( ,0200 mm) / Vtk•los
• Sinal bkolor 1, ,0' 200 x 200 mm) ' Pe6.s
<I Sinal i,nlcofor a maroto intormltent• 1~ 200 1nm ) I Velcuto,
Qs:VefculosJUtentcs do Q Tempo inlerméd io
lntersecçao A
i:81 Conttolador (programa2.periodo 10.15m) grupo Semaf6fico Hmpaml entre fluxos Compatl\leis
avançam Condietonados

Fig.
6.27 Matriz dos tempos intermédios.

6.5.3 Dimensionamento de sagem que servem os vários grupos


programas semafóricos semafóricos nos programas das inter-
secções;
• A escolh a de Ciclos de Serviço que
Para um sector de intervenção (Zona de se rvirá de base para o dimensiona-
Projecto), leva-se a efeito um levantamento mento de Programas de Macroligação
das intersecções viárias de nível a funcionar com os quais se activam, como referi -
com semáforos e desenvo lve-se uma estraté- do, os programas nas intersecções em
gia de dimensionamento das intersecções, diversos períodos de tempo diurno e
através da selecção de pontos de contagem nocturno;
em vias incluídas no sistema de circulação • também a determinação de períodos de
semafórica, podendo, obviamente, abranger variação da intensidade de fluxos de
vias pertencentes a corredores de pro- trânsito que circulam em pontos nevrál-
gressão. gicas do sistema, normalmente em vias
principais de circulação, que irá deter-
A realização das contagens tem em vista minar os tempos horários de ligação de
vários objectivos: cada programa de Macroligação.
• Dimensionamento dos tempos de pas-


••• •• A CIRCULAí~:~O AUTOMÓVEL. PROBLEMAS E SOLUC_:ÕES .
•1 •d~
• ••••
•••••••• ••••••• ••
••

Em sistemas estabe lecidos de funciona - "verde" funcionand o em programas actua-


mento semafór ico que e nglobam várias dos ou semi-actuados, para a ligação de
intersecções, poderão ser utilizados ele- Programas de Macroligação em resposta à
mentos de detecção (uso de esp iras electro- variação das intensidades de fluxos de
magnéticas, infravermelhos, vídeo) com uso trânsito, por fim, para o registo de contagens
diverso, a saber: Para o dimensionamento de tráfego com objectivos mú ltiplos de
activo dos tempos de passagem ou em planeamento.

2
V E ÍC/H 10
,h
Programa 1 Programa2 Programa3
10
1 1
.Programa4
1 1
Programa5

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Horas do dia
Fig.
6-28 Representação de qua ntidades de tráfego por unidade de tempo, distribuídas ao longo do período ho rário de 24
horas do dia, como resultado de contagens.

Sintetiza ndo, a estruturação de um sistema • Um con hecimento das condições de


de sinalização semafórica pode envolver dois c ircul ação, nomeadamente do ordena-
modos de intervenção: mento viá rio, níveis de serviço das v ias
incluindo contagens de tráfego, etc.;
• Implementar um novo siste ma de sina- • O estabelecimento de objectivos de pla-
lização semafórica; neamento em contacto com as entida-
• Renova r e/o u ampliar a sinalização se- des responsáveis;
mafórica existe nte. • O desenvolvimento de programas den-
tro duma estrat égia faseada no tempo
Num ou noutro caso o projecto pressupõe: (diário / semana l);
• Um reajustamento dos programas após
• Um conhecimento das condições exis- a implantação dos mesmos;
tentes de sin alização (vertica l, vertical • Um acompanhamento desses progra-
semafórica e horizontal); ma s.


. .. .
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••
••••• ••••• ••
••
A CI PCULAÇHO AUTOMÓI..JEL . P~:OE:LEMA~:: E SOLUÇLiES.

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Por o utro lado, os fl uxos coordenados numa • Matriz dos Tempos Intermédios;
malha v iária pressupõem: • Matriz de Segurança de Luzes Verme-
lhas;
• Elaboração de Plantas Gerais de Quan- • Cálcu lo dos Tempos de "Amarelo"
tidades de Veíc ulos para Fluxos Direccio- entre "Verde" e "Vermelho";
nados referentes a diferentes períodos • Cá lcu lo dos Ciclos de Serv iço. (Adaptar
do dia; o ma ior dos ciclos ca lculado para inter-
• Elaboração de Diagramas Bidimensio- secções em coordenação!). Sequência
nais ou de "Ondas Ve rdes" (tempo em de fases semafóricas (Formação de
função do espaço) e t irar conclusões; Programas) tendo em conta eventua is
• Detecção de pontos ou trechos so- imposições de coordenação (Estratégia
brecarregados e situações cr ít icas na de coordenação de fluxo s!) / Flexibi li-
rede; zação de tempos "verde" pe lo uso de
• Defi nição de corredores de progressão detectores;
semafórica (Sentidos Principa is); Coor- • Esquemas de Transição entre progra-
denação de fluxos secundários (tempos mas regu lares ou entre esses progra-
m íni mos de espera ! ); mas e situações excepcionais de sinal i-
• Fases de tempos "verde" / Posiciona- zação semafórica (Exemplo "Tudo Es-
mento de amare los interm itentes (veí- curo").
cu los em simu ltâneo com peões, fluxos
de veícu los compatíveis co nd iciona- A macroregu lação de programas para troços
dos); ou redes pressupõe:
• Vias prioritárias para Transportes Púb li-
cos; • Defin ição de Programas de Macroregu-
• Integração de Pistas de Cicli stas, etc. lação referentes a Zonas ou Sectores
Viários em Coordenação;
A elaboração de programas semafór icos • Definição de tempos de ligação de Pro-
para cada intersecção pressupõe: gramas [Exemplo: Programa da manhã
(8H00 - 10H30) - Programa do meio do
• Cá lcu lo dos Tempos Intermédios; d ia (10H30 - 15H00)] / Alternativo: Defi-
• Po ntos de Co nfl ito / Conjugações de nição de condições de trâns ito (uso de
Sit uações de abandono, de arranque de contagens de tráfego pe lo uso de detec-
ve ícu los/peões; tores) para ligação de programas.
• Fluxos incompatíveis cond icionados;


•••••••• •••••
••
• • ••
••••
••••• •• ••••
C:AF'AC: I [IA[IE~:;
: ••••••••
.: .• CAPACIDADE::;
•••• •• •••
••••• • ••
••

7. 1 Os conceitos

Uma rua deve ser conceb id a para perm it ir a teóricos mais p uros, diríamos que a capaci-
passagem e circulação de veículos, sendo dade da rua depende apenas das suas
que o número de vias de circulação contri- características físicas mais básicas, designa-
buem para a passagem de uma maior ou damente o numero de vias (largura da rua).
menor quantidade de veículos. Deste modo, A capacidade de uma rua não é sinónimo de
a capacidade de uma secção corrente de ve loc id ade. Atribui-se com fac ilid ade à
uma dada artéria vai depender das caracte- prática de ve loc idades mais elevadas u ma
rísticas esco lhidas para a sua concepção, do maior capacidade, o que não é exacto. O
loca l onde se encontra implantada, das suas maior núm ero de ve ícu los que consegu im os
dimensões e também do género de utiliza- fazer passar numa determinada secção de
dores que possui (predominância de veícu los uma via rodoviária é atingido a ve loc id ades
pesados, ligeiros, presença significativa de relativamente cont idas, que rondam os
peões, etc.) . 50km/h.
Se trabalharmos apenas com os conce itos

Velocidade Km/h

@)
50
@) Veículos/h
15
o 500 1000 1500 2000

Relação entre a capac idade e a velocidade. Tanto é possivel obter débitos de 1500 veíc/h a 20km/h como a
90km/h.

Conclui-se, deste modo, que sendo impor- um factor decisivo para o aumento ou
tante para a gestão urban a um débito redução da gravidade dos acid entes rodo-
elevado, mas não uma ve locidade elevada, viários, a velocidade de 30km/h, à qual se
importa encontrar a velocidade mais baixa a atingem vo lumes de tráfego por hora de
que é possível potenciar o débito, e essa é cerca de 1500 veícu los, é perfeitamente
seg uram ente a de 50km/h. adeq uada para zonas residenciais das
Importa acrescentar que, sendo a velocidade c id ades. Esta prática é, ali ás, seguida por


••••••••
•••• •• ••.• CAPACIDADE~:;
1 .1
••••• •• •• ••
~--=---~---__...-

diversos países da Europa, garantind o, deste Na figura seguinte representa-se a mesma


modo, que um acidente com um peão, por quantidade de veículos em circu lação em
exemplo, seja minimizado nas suas conse- três ce nários diferentes: ve loc id ades de
quências, em particular se, como é natural, 60km/h, 40km/ h e 20km/ h. O espaço necessá-
nessa zona urbana as crianças e os mais rio para acomodar o mesmo número de
idosos forem os principais acto res em jogo. veíc ulos (9) é substancialm ente diferente.

60Km/h

· ,·Ü J "i if"•:,·


OJ
Ul OJ
OJ : _(:m'
····.· ......... ..
·.····· ·
OJ
40Km/h

UJ UJ
OJ UJ
l:filJl .......QJ
.
20Km/h

Ul UJ"" · ·:·~ ·.- .-0 )


Ul OJ UJ
OJ . J~, 01

A redução de espaço pode ser um instrume nto favo rável à redução de ve locidade sem afectar a capacidad e.

O método dos intervalos críticos é o manifestar entre ve ícu los e a compreensão


instrumento normalmente utilizado para, de temporal dessas conflitu ali dades. Ou seja,
forma muito prática, estim ar a capacidade um elevado grau de complexid ade de julga-
dos movimentos de tráfego ex iste ntes numa mento para o condutor, na percepção e
intersecção de níve l. ass unção do risco que representa a ex istên-
cia de outros agentes em presença.
Importa referir em primeiro lu ga r que uma Baseia-se no princípio muito simples de que
intersecção é o loca l onde se negoceia a um cond utor necessita de um interva lo de
possibilidade de passagem entre dois ou t empo mínimo para procede r à manobra que
m ais ve ícu los, haja o u não necessidade de pretende sem conflit u ar realmente com
ter em conta também a c irculação de peões. outro co ndutor. Os t empos críticos variam
A existência de mais do que um movimento naturalmente de cond utor pa ra cond utor e
de tráfego em presença estabelec e a são uma fun ção das velocidades que se
necess idade de entender trajectórias, os praticam.
locais em que a conflitualidade se pode


••••••••
•••• •• ••~ CAPACIDADES
1 d
••••• •• •• ••

Um condutor, proveniente de uma v ia se- os níveis de resposta dos próprios veícu los.
cundária e pretendendo entrar na via principal, Estão pois, subjacentes nesta aná li se, todos
tem de avaliar os veículos em presença, os os aspectos do sistema rodoviário e todas as
veícu los que se aproximam do local e, acerca re lações possíveis entre eles, com dom in ân-
desses, tem ainda de discernir sobre aqueles cias muito variáveis.
que são úteis à sua ava liação, para poder iniciar
ou dar contin uidade à sua manobra. Tudo isto, Quando os interva los de tempo, que são
depois de ter feito a " leitura" da intersecção suscitad os pela passagem dos ve ículos, são
interiori zando a sua configuração geométrica e a inferiores ao intervalo crítico que o condutor
gestão espacia l que lhe está conferida. que pretende fazer a manobra, está prepara-
do para aceitar, esse condutor não consegue
A complexidade do processo agrava-se com o executar o seu movim ento .
aumento do número e frequência de veículos Nestas circunstâncias, o condutor tenderá a
em presença, bem como já referido, com a sua esperar por uma oportunidade temporal, mas
ve locidade. Daí que o co ndutor "padrão" não o fará indefinid amente. Este período de
necessite de um maior intervalo crítico (um espe ra ocasionará, porventura, a acumu lação
período de tempo mais alargado ) para de outros veículos com o mesmo objectivo,
proceder à manobra naquelas circunstâncias. formando-se uma fila de espera.
Por outro lado, é sabido que os níveis de Se o tempo de espera for incompatível com o
desempenho não são constantes para diferen- nível de ans iedade suportável (e este depende
tes tipos de condutores, sendo importante da pressão que é exercida pelos condutores
para esse desempenho não apenas as carac- em fila de espera), o condutor que pretende
terísticas psicomotoras do condutor, como as inic iar a manobra pode ser compelido a fazê-
suas apt id ões relacio nadas com a sua lo, mesmo que reconheça um nível de risco
experiência e a sua idade. superior ao que está preparado para aceitar.
Existem po r consequência, aspectos relacio- Nestes casos, ele rem et e de algum modo para
nados com factores hum anos, mas também, terceiros a partilha desse risco, na esperança
motivados pela intra-estrutu ra e pela forma de forçar uma alteração no fluxo de t ráfego
como ela está co nceb ida e naturalmente com confl ituante, se m que daí resu lte um acidente.

Veícu los acidentados. A dimensão dos impactos está relacionado com prática de velocidad es diferentes a que
não é alheia a densidade do tráfego em presença na intersecção e também o tipo de int ersecção (configuraçã o
geométrica).
....
••••••••
1 .: .• CAPACIDADES

GJ •••••••• ••• ••••


L...===...-------=----=--~-----=----

O acidente pode resultar, não por uma da necessidade de alterar a sua gestão.
deficiente avaliação das circunstâncias em Naturalmente que a taxa de acidentes
que se executa a manobra, mas por ter sido representa um quociente entre o número de
assumido o pressuposto de que o risco ocorrênc ias e a quantidade de veículos
gerado vai ser partilhado por outros que se expostos (o universo dos veículos sujeitos à
encarregarão de o elimin ar. ocorrência) numa dada unidade de tempo.
Estes indicadores são referidos normalmente
Quando estas circunstâncias acontecem, a períodos de tempo de um ano.
aumentam os níveis de risco objectivo da Outro indicador útil é, referido no gráfico
intersecção, ou seja a taxa de acidentes seguinte e refere-se ao Índice de Gravidade.
verificada, constituindo um bom indicador

ÍNDICE DE GRAVIDADE DOS ACIDENTES ANO - 2002

4,0 ~ -- -
3,5 - r - - - - - - -- - - -----
3,0 +-- - - - -- - - - - -- -
2,5 - r - - - - - - -- - - -----
2,0 ··t -- - - - - - - -- - - --
1,5 +-- -- - - - - - - - -- -
1,0
0,5
0,0

DENTRO DAS LOCALIDADES FORA DAS LOCALIDADES

lndice de gravidade (mortos/100acidentes com vítimas por ano) em intersecções dentro e fora das localidades.

Uma intersecção num itinerário principal da intersecção não se mostra relevante, mas
raramente é crítico sob o ponto de vista da para intersecções novas e para aquelas em
capacidade . Contudo, pode ter grande que se prevê um aumento do número de
significado para a via secundária, para além veícu los por razões diversas, essa infor-
de poder influenciar de forma global as mação passa a ser relevante, pois pode
condições de segurança da intersecção . determinar a solução a adaptar ou a
Quando os volumes de tráfego em presença concepção da remodelação.
são baixos a inform ação sobre a capacidade


.. ...
!.•·l
•••••__••=·_·_ ••
••
c_:A_F_·A_,_
=:_I _;_
D_A_D_E_'.=_; _ ___:;:.___ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
lm
~
DISTRIBUIÇÃO DAS VÍTIMAS DENTRO DISTRIBUIÇÃO DAS VÍTIMAS FORA
DAS LOCALIDADES NAS DAS LOCALIDADES NAS
INTERSECÇÕES ANO - 2002 INTERSECÇÕES ANO - 2002

5500 1400
5000 -+--- -
"'"
1200
4500 o MORTOS 1147

4000 a F.GRAVES 1000


3500 D F. LIGEIROS ...
3000 800
CI MORTOS
2500 a !'. GRAVES
600
2000 o F. LIGEffiOS
1500 400
1000
500
o +--'._.___.__._,

Vítimas dentro e fora de localidades em intersecções.

Quando o aumento de tráfego não permite um Quando, para um tempo de ciclo adaptado
funcionamento correcto do regime de prio- como máximo, surgirem filas de espera para
ridade nas entradas que está instalado na um ou vários movimentos, há que ana li sar o
intersecção, torna-se indispensável proceder a seu comportamento no sentido de ava li ar as
alterações da geometria do loca l e insta lar um cond ições de saturação da intersecção. O
controle automático que, não estando depen- aparecim ento sistemático de fil as de espera
dente do julgamento do condutor, confira a denuncia a necessidade de reprogramar os
cada movimento de tráfego um período de tempos de verde dedicados a cada movi-
tempo específico para ele se efectuar, de novo, mento ou a inev itabilidade de uma inter-
com um m íni mo de risco. venção mais profunda que permita fazer
circu lar livreme nte os fluxos mais intensos.
Naturalmente que não basta conferir tempos de Esta remode lação, em gera l, cond uz ao
verde a cada movimento de tráfego. É desnivelamento da intersecção.
necessá rio que todos eles, em co njunto, não
permitam ultrapassa r um t empo total de espera Uma forma simples de aná lise, que perm ite
na intersecção que se recome nda de 120 ava li ar se uma dada intersecção precisa de
seg undos. Significa que um v eículo que chegou um modelo de gestão semafórica, e se
ao loca l de atravessamento no momento em outros dados não ex istirem, pode ser através
que lh e foi vedada a passagem com o sinal dos vo lumes de tráfego em presença na via
vermelho, terá de esperar, no máximo, 120 s até principal e secundária, e através da verifi-
que tenha uma nova oportunidade de passa- cação dos dom íni os de aplicação expressos
gem. Integradas neste tempo de ciclo estarão na figura segui nte:
também as travessias de peões.


••••••••
~ 1 .1 .• CAPACIDADES

~ L__--E==::.::=.·=i==i:...:_:__=_=___ --=-------=---=-----'-....:...:..__ _ _ _ _ _---'.::..__ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ___.,

Milhares
15
ODDOODCICC..
DDDOOOCIOOOO ..
DDDODllOQOODDOD.
~ DDOOD DDDD O DO CDtlt, .
ODODDDDDDDDDDDDDDD~

'.§ DDOODOOOOO DO DO O 00000 ..


DDDDOODDDOD O O O O O OOOOOOL
l"JDDDDDDDDO CI CID CIDDOOODOO 0 ._

·ªl
-.DDQDDODDD O O O O DDDDDODD DL
Q O O O O DOO O O O DO 00""""" " " "

o
"'º~:::::::::::Cruzamento ,
0
10 • ~:::::::~ Desnilvelado :~
õ:: "DDDDDODO DOOODDD DODL

iz "lQOOODOODOO DO O 000D,
'OD DDOOCD O C IJDDDDDD
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5 -,OOOOOOOODOODDDL
"OOODDDDDDODDDDD
~
::,
'1O00DDDDDDDDDDD.
"OD O DDDDDDDDODO l.

...J
u.

o 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
FLUXOS NO EIXO PRIORITÁRIO (Velculos/dia) Milhares

Gráfico sobre as soluções adequadas a uma intersecção função dos volumes de t ráfego.

A processo de aná lise é simples. Com base e horizonta l, respectivamente. O ponto ass im
nos vo lumes de tráfego da via princ ipa l e defi nido estará contido numa zona do gráfico
secu ndária determina-se, na figura anterior, que recomenda um determ inado tipo de
a intersecção das linhas imagi nárias vertica l so lução .


••••••••
... .
1 .:
•• • •
.• CAPAC I DADE:3
••••• •• ••••
'=--------------==--=====---------=----------=-___J
1<11
7.2 Cálculo das capacidades em intersecções prioritárias m
O método que se descreve perm ite ca lcu lar o 3. movimentos que ATRAVESSAM a
volume máximo de ve ícu los {Mn) que pode estrada {ou rua) principa l;
ser escoado por uma v ia da estrada o u rua 4. v iragens à esquerda PARA a estrada
secundária, numa dada intersecção de nível. {ou rua) pri ncipal.

O vo lume máximo Mn é ju stamente a Também é possível aval iar os efeitos decorren-


capacidade dessa v ia. Se compararmos esse tes da existência de veícu los, numa mesma via
valor da capacidade com os vo lum es de da estrada ou ru a secundária, que pretendem
tráfego existentes, poder-se-ão determinar atravessar a v ia principal e também dos qu e
os atrasos prováveis a que estão sujeitos querem virar à esquerda ou à direita.
cada um dos fluxos que se movimentam
nessa intersecção. O cá lcu lo é baseado nas p revisões dos
vo lumes de tráfego direccionais na hora de
Se nd o ass im, é indispensável que se ponta, num dado ano horizonte qualquer que
estud em os diferentes movimentos em tenha sid o a opção.
presença, segundo uma ordem:
A figura seg uinte mostra a estrutu ra da
1. viragens à direita PARA a estrada {ou circu lação {movimentos de tráfego) na
rua) principal; estrada princi pal, movim entos esses que há
2. viragens à esquerda A PARTIR da que ter em conta quando se consideram as
estrada {ou rua) principal; viragens da ou para a estrada secundária.

,,,-
3
MH2 >
Viragem á direita para a via principal 1
MH=O 5MH1 1>+MHi)
MH1 >--. I
1 MN
'
Viragem á esquerda a partir da via /1----
principal MH2
MH1 > ~
2 2
MH =MH1 >+MH2
lt...
MH6 2>
Movimento de atravessamento da MH5
via principal MH3 _J, MH4
1 MH2
MH=0,5MH1 >+MH2+MH3+MH4
+MH5 +MH6 2 > MH1 1> ~t MN

Viragem á esquerda para a via MHB )l MH7


MH5
principal MH3 _ J ,
1
MH4
MH=0,5M H1 >+M H2+M H3+MH4 MH2 ~
+MH5 +MH7+MH8 MH1 1> ~ \
1
MN

Movimentos de tráfego na via principal.


••••••••
•••• •• ••.• CAPACIDADES
1 .1
••••• •• •• ••
~

O princípio básico do método é traduzido na dária. Mas não é independente quer do


segu inte constatação . reg ime de priorid ade a que está suje ito o
Os ve ícu los que pretendem sa ir de uma movimento em questão, nem do número de
estrada ou de uma rua secu nd ária precisam vias existentes, nem tão pouco da velocid ade
de um certo interva lo de tempo disponível de circulação, que neste caso deve ser
para realizarem a manobra. tomada como a ve locidade de operação (e
não a velocidade de projecto).
Esse int erva lo de tempo deve existir
qualquer que seja a influ ênc ia dos diversos Na figura segu inte indicam-se os intervalos
movimentos de tráfego, no movimento que críticos (em segundos) a considerar nas
pretende sa ir da estrada ou da rua secun- várias situ ações.

VELOCIDADE DE
TIPO DE MANOBRA CIRCULAÇÃO
50 Km/h 90 Km/h
2 4 2 4
Viragem à direita para a estrada principa l Vias Vias Vias Vias
Regulação da entrada com um sinal ? 5,0 5,0 6,0 6,0
Regulação da entrada com um sinal 9 6,0 6,0 7,0 7,0
Via especial de aceleração 3,0 3,0 4,0 4,0
Viragens à direita para rotunda 4,5 4,5 4,5 4,5
Viragem à esquerda a partir da estrada principal 5,0 5,5 5,5 6,0

Atravessamento da estrada principal


Regulação da entrada com um sinal ? 6,0 6,5 7,0 8,0
Regulação da entrada com um sina19 7,0 7,5 8,0 9,0

Viragem à esquerda para a estrada principal


Regulação da entrada com um sinal ? 6,5 7,0 8,0 9,0
Regulação da entrada com um sinal 9 7,5 8,0 9,0 10,0

Intervalos críticos em função da ve locidade e do tipo de manobra.

O primeiro passo para o cá lcu lo da fluxos que conflituam com ele. Esses fluxos
capacidade residua l de um determinado não estão dissociados da geometria e
movimento consiste em determinar a configuração das vias de tráfego, por isso, a
capacidade base. sua influên cia no escoamento do movimento
A capacidade base corresponde ao máximo que estamos a estudar é susceptível de
volume de tráfego que é possíve l escoar reduzir em valor abso luto a contabilização
num determinado movimento. É referido desses fluxos. Daí que as equações referidas
como Mno. na fig.7.7 possam sofrer alterações, em
particu lar no que respeita aos fluxos dos
Para um certo movimento de tráfego existem movimentos MH1 e MH6.

-
=••••••••
• ••=• •.• CAPACIDADES
•••••••• ••• ••
••

Deste modo: Assim, e uma vez determinado o valor de MH


1. se existir uma via especia I para as em veic/h (o somatório dos tráfegos que
viragens à di reita, pode desprezar-se o influenciam o movimento MN), poderemos
valor de MH1 (uma vez que se considera entrar no ábaco com o auxílio do intervalo
que para os movimentos MN a existência crítico entretanto escolhido, segundo as
de uma selecção prévia dos movimentos regras da prioridade ex istentes na inter-
de viragem à direita MH1 elimina a secção, tendo em conta a velocidade
influência desse movimento no movi- praticada no local e o número de vias da
mento MN) estrada ou rua principal.
2. se existir uma se lecção das viragens à
direita, que deixam a estrada ou rua Relacionando no eixo dos XX o valor de MH
principal, o movimento MH1 e MH6 e a curva correspondente ao intervalo crítico
podem ser eliminados ou parcialmente escolhido, encontraremos no eixo dos YY o
reduzidos (as razões são idênticas às valor da capacidade atribuível ao movimento
referidas no ponto anterior). MN que estamos a analisar.

Se a estrada ou rua principal tiver várias vias O valor obtido (capacidade base daquele
de tráfego, o MH1 deverá ser considerado o movimento) refere-se a uvl (unidades de
volume de tráfego da via mais à direita. veículos ligeiros).

Tabela - Coeficientes de conversão recomendáveis

INCLINAÇÃO
Classe de Veículo -4% -2% 0% 2% 4%
2 rodas 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
Ligeiros 0.8 0.9 1.0 1.2 1.4
Pesados e BUS 1.2 1.5 2.0 3.0 6.0

Uma unidade de veículos ligeiros equiva- conversão dos diferentes tipos de veícu los
lentes em dimensionamento de cruzamen- em veículos ligeiros, supondo trainéis de
tos, corresponde à medida utilizada na aproximação em patamar (ver Tabela) .


••••••••

GJ'-_· •••
..:.::..:..:_
• ••·_·_ ••
•••·-=•_ _·_
==·=-- • •• c_:H
_-_F_·A_l_=:_r_[_IH_-_[_IE_:_:;;__" - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

maxMN
(uvl/h)
1200 1

1100

1000

900
"' "' "' "'- "' "'- "'-
1""-
"r\.
'\
'\,_
intervalo críticoT -
9

800
r,...
"'- '~ "'-
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"' ~8

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700 1\." !"- "'- '- ....,
'----.
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500

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400 -...._....,_ -...... I"--- ....__
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~ ..........., "-..,....,,.__
300 -...._....,_
~ r---:: :::----- 8 r--.. ....__
.......
z
-..... r---...
200

100
~r-- 10.~~ Bs ;::::
r---
---
r--- r--. r--- r--.
~

---
~

r--_
- - -- -----

O 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 11001200 1300 1400 1500 1600

MH (vel/h)
Gráfico para a determinação de MN (capacidade teórica).

Sabemos agora qual o max1mo numero de ponde à capacidade residua l que pretende-
veícu los (em uvl/h) que podem ser escoados mos calcular e, dar-nos-à indicações úteis
pe lo movimento MN. so bre a forma como o movimento de tráfego,
Porém, o movimento MN possui um rea lmente se encontra a funcionar, ou seja, o
determinado volume de tráfego, medido, ou Nível de Serviço desse movimento.
previsto. Esse volume de tráfego deve ser A f igura seguinte hiera rquiza a qualidade do
convertido em uvl/h. funcionamento e relaciona ju stamente a
A diferença entre o va lor de MN e o va lor diferença entre máx. MN e MN com o Nível
calculado da capacidade (máx. MN) corres- de Serviço.

-
••••••••
1 .:
•••• •• ••.• CAF'AC IDADE::;
••••• •• •• ••

máx MN-Mn Existente NÍVE L


(u .v.e./ho ra) DE SERVIÇO

Congestionamentos <Ü F

Atrasos muito importantes O - 75 E

Atrasos consideráveis 76 - 125

Atrasos médios 126 · 175 C,D

Atrasos pequenos 176 - 250

Atrasos insignificantes 251 · 600 8

Sem atrasos > 600 A

Tabela para a determinação do Nível de Serviço de um movimento.

Todo o processo de cá lculo descrito pressu- MH4 está d e alguma forma dependente
põe que: também da oportunidade de passagem que
1. o tráfego na estrada ou rua principal lh e é conferida pelos fluxos principais.
não bloqueia o movimento de tráfego, Sig nifica que a i nterferência deste movi-
cuja capacidade residual estamos a mento MH4 com o fluxo MN é distinto, e o
ca lcular; se u g rau de interferênc ia depende dos
2. um eventua l congestionamento em volumes de tráfego que estão afectos a MH4
intersecções próximas não afecta a e à forma como se ac umul am na v ia
intersecção em estud o. principal.

Quando num ent roncam ento estamos a Por este motivo, importa ca librar a capacida-
ana lisar o movimento de viragem à esq uerda de máxima que é calcu lada para o movi-
da via sec und ári a para a via principal MN, mento de v ira gem à esquerda da via
ex iste um factor importante a ter em conta, sec und ária para a principal, tentando traduzir
para além de todo o processo de cá lc ul o aq uela interferência. Rea lm ente, o movi-
m atemát ico que traduz a influência dos mento de v iragem à esquerda MH4 interage
vários movimentos. É qu e, enqu ant o os com o movimento MN porq ue é prioritário
fluxos principais MH1 e MH2 possuem um em re lação a este. O in verso não é
regim e prioritário de funcionamento, o flu xo verdadeiro.

MH4
MH2
MH1

1 MN


....
••••••••
1 .: .• CAPACIDADES
(]] •••••••• ••• _
.____
••
•• _ _ _ ______
Para compreender aquela interacção é necessá- Com este valor percentual e usando o ábaco
rio saber em primeiro lugar em que condições seguinte é então possível determinar o factor
está a funcionar o movimento MH4, qual a sua de redução da capacidade a que está sujeito
capacidade máxima e que percentagem dessa o movimento de viragem à esquerda da v ia
capacidade máxima está a ser utilizada. secundária para a principal.

A percentagem é dada por volume existente


MH4/máx. MN = ~H (%).

1,0
e.
o
tCO
o, 0,8
::,
"O
Q)
L. 0,6
Q)
"O

-
L.
o 0,4
( .)
co
LL. 0,2

20 40 60 80 100 (%)

.6.H
Gráfico para a determinação do factor de redução.

Ou seja, depois de calculada a capacidade Corresponde, afinal, à probabilidade de


base do movimento MN (viragem à esquerda determinado flu xo ser afectado ou não por
da via secundária para a v ia principal), outro fluxo que com ele conflitua e que sobre
teremos de a afectar de um factor de redução ele tem prioridade. Se não existirem
dado pelo ábaco e que advém do facto de movimentos de viragem à esquerda na via
ex1st1rem movimentos de viragem à principal para a via secu ndária, este processo
esquerda na via principal que são prioritários de calibração não se aplica.
em re lação ao movimento em questão .

-
••••••••
•••• •• ••~ CAPACIDADES
1 d
••••• •• •• •• _ _Jw
7.3 Cálculo de capacidades em_r_o_tu
_n_d
_a_s_ _ ____. m
7.3. 1 Conceito de capacidade v iragem à esquerda e de ida em frente,
constituem dois dos principais facto res que
dificu ltam considerave lm ent e a reco lh a
Em intersecções giratórias, o conceito de manual por observação dos flu xos direccio-
capacidade geral da rotunda não tem um nai s.
significado prático. Com efe ito, não existe Se mpre qu e se prete nda ava liar a adequação
uma correspondência unívoca entre a geo- de diferentes tipologia s de so lu ções o u
metria de uma rotunda e a sua capacidade, elaborar estudos que exij am o conhecimento
sendo o desempenho geral da intersecção do s diferentes flu xos di recciona is, recomen-
também uma função da repartição direccio- da-se a adopção de uma metodologia de
nal do tráfego. reco lh a de dados centrada na contagem dos
Tendo por base as intersecções giratórias fluxos de entrada e saída dos n ramos
regidas pela regra da "prioridad e a quem aflu entes à rotunda e no registo de matrícu-
circu la no ane l", pode-se definir a capa- las em (n-1) ramos.
cidade de uma entrada (Qe) como o máximo Sempre que o objectivo do estudo se limite à
valor do débito da corrente secundária que, ava liação do nível de serviço oferecido pe la
de uma forma continuada, consegue inserir- intra -estrutura recomen da-se a ap licação de
se numa determinada corrente principal, ao um m étodo simplificado baseado na co nta-
longo de um detern:iinado período de tempo, gem dos fluxos de cada uma das entrada e
durante o qual, é garantida a formação de dos respectivos tráfegos conflituantes.
uma fila de espera contín ua na aprox im ação
a essa entrada e é expressa em unidades de
veícu los ligeiros equ ivalentes (uvle) por
unidade de tempo.
7.3.3 Fluxos de dimensionamento e
sua conversão

7. 3.2 Recolha de dados É genericamente consensual que a classifi ca-


ção do tráfego, nomeadamente a proporção
de tráfego pesado numa corrente não priori -
As contagens de tráfego numa intersecção tária, exe rce uma considerável influência ao
giratória são bem mais complexas que num nível da sua capacidade. É habitual adapta-
simpl es cruzamento ou entroncamento, rem-se coeficientes de equiva lência para
embora os va lores dos fluxos direccionais uniformi zação das várias classes de veículos,
seam variáveis indispensáveis ao processo através da sua conversão em unidades de
de cálculo . veículos li geiros equiva lentes (u.v. l.e.), sim-
A dimensão da ilha central e o comprimento plificadamente simbolizados por (uve).
dos trajectos associados aos movimentos de


,m ·- .....
!••.•5• .•"

••••• •• ••
CAPACIDADES
'---=-==.:=---=--- ••- - - - - - - - - ~ . . : ; : e __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ___,,

Assim, uma un idade de veícu los ligeiros em veículos ligeiros, supondo trainéis de
equiva lentes em dimensionamento de cruza- aproximação em patamar (ver Tabela 1
mentos, corresponde à medida utili zada na idêntica à apresentada em 7.2).
conversão dos diferentes tipos de veículos

Tabela 1 - Coeficientes de conversão recomendáveis

INCLINAÇÃO
Classe de Veículo -4% -2% 0% 2% 4%
2 rodas 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
Ligeiros 0.8 0.9 1.0 1.2 1.4
Pesados e BUS 1.2 1.5 2.0 3.0 6.0

7.3.4 Métodos de cálculo de em sofisticados programas computacionais.


capacidades De seguida, são apresentados dois modelos
estatísticos que poderão ser apl icados para
esti mação das capacidades em rotundas
Considera-se habitua lmente a existência de portuguesas. Atendendo às li mitações da
três tipos de modelos de estimação de validação ainda ex istentes do mode lo
capac idades: os estatísticos, os probabi- naciona l desenvolvido pela FCTUC, reco-
lísticos e os de simulação. menda-se que a estimação de capacidades
Os ESTATÍSTICOS, que procuram recons- em rotundas nacionais seja estimada pela
tituir de uma forma empírica a curva da aplicação desse mesmo modelo, embora
capacidade, por recurso a observações locais ba li zada pelos valores resu ltantes da
efectuadas durante períodos de saturação de ap licação do modelo original do TRL.
d iferentes entradas com características Qualquer um dos modelos apresentados
geométricas d iferenciadas e para níveis de pode ser decomposto em duas componentes
fluxos prioritários variados. fundamentais: a primeira representativa do
Os PROBABILÍSTICOS, baseados na peso das características geométricas e a
conj ugação da distribuição dos veículos da segunda do peso do tráfego conflituante.
corrente pri oritária com o processo de Refira-se que se se considerar a situação
chegada das vias secundárias, assumindo particu lar de não existir qua lquer tráfego
que ambas as distribuições obedecem a leis conflituante prioritário (Oc=0), a segunda
de aleatoriedade e assumindo uma componente da formulação anu la-se,
determ inada lei de aceitação de intervalos obtendo-se a habitualmente designada de
entre veícu los. capacidade geométrica como a correspon-
Os de SIMULAÇÃO são baseados na modela- dente à capacidade máxima da entrada
ção, veículo a veículo, das interacções entre sujeita unicamente à influência das caracte-
o fluxo de entrada e o prioritário do anel de rísticas geométricas da intersecção.
circulação, apresentando-se, de forma geral,


i••••••••
.•i ••• CAPACIDADES
•••••••• ••• ••
••

7.3.4. 1 O Método do TRL O modelo de base estatística desenvolvido


pelo TRL representa uma função linear que
relaciona a capacidade da entrada (Oe) com o
A Inglaterra é incontestavelmente o país com fluxo conflituante (Oc) e onde os coeficientes
maior trad ição na utilização de rotundas e o K, F e fc, representam parâmetros dependen-
"Transport Road and Research Laboratory", tes unicamente da geometria da intersecção
actua lm ente TRL, a instituição com maior (TA 23/81):
número de trabalhos desenvolvidos nesse
campo .

Qe = K(F - Í c * QJ sele xQC< F

ou,

Qe = Ü

onde: F e fc são parâmetros dependentes das


Oe é a capacidade da entrada características geométricas da entrada e da
Oc, é o fluxo conflituante, aqu i cons id erado rotunda, tal que:
como o tráfego de circu lação no anel em
frente à entrada;

K ..< }
= l- 0.00347(q,-30)-0.978tl / r ) ~ 0 . 0 5 .:
F=303X2 .····
..... .. .

fc =021tµ(l+0.2X ) : -:-···=-·
2

tp= l + 0.5 / (1 + M)
M = exp{(DCJ - 60)/10}
X2 = v + (e - v) / ( l + 2S)

S = 1.6(e- v) / !'

r7
\ _, I

onde (ver figura) I' - comprime nto médio efectivo do leque


r - ra io da entrada medido no ponto de
v - largura da via na aproximação da rotunda menor curvatura
e - largura efectiva da entrada junto à linh a DCI - diâmetro do círculo inscrito
de cedência de prioridade e na perpendicu lar f- ângu lo de entrada
ao lanci l


1••••••••
.: .• CAPACIDADE'.: ;

W •••
••••••••
~ - - - - - ~
•••
• ••
••

7.3.4.2 O Modelo FCTUC condições de circu lação e às características


dos cond utores portugueses.
Desde 1996 que a FCTUC se dedica ao O modelo apresentado baseia-se na
desenvolvimento de estudos no domínio das estrutura do modelo do TRL-UK (Kimber,
intersecções g iratórias, no âmbito dos q uais 1980) e foi calibrado com base em dados
procura desenvolver um modelo de registados em rotundas nacionais, apresen-
estim ação de capac idades, adaptado às tando a seguinte formu lação:

º· =K(F - .t;,. *QJ I

com:

K = l -o .00163(1> - 30)-3.43 1{+.-o.os}

F=335.47X2
fc =0.611 * t,1 (-0.457 + 0.2X2 )

I = I+ 0.983
,1 (l+M)

M = exp{(DCI - 60)/10}
X 2 =v+(e - v)/(1+2S)
S=l.6(e-v)lf'

onde cada parâmetro tem o mesmo sign ificado do apresentado em 7 .3.4.1:

7.3.4.3 Cálculo da capacidade com atin ge a saturação, o número de veícu los que
sobresaturação de uma ou mais co nsegue entrar na rotunda passa a ser con-
entradas dicionado pela capacidade dessa entrada, ou
seja, no máximo entram no cruzamento um
fluxo horário igual à sua capacidade.
Atendendo a que a capacidade da entrada
A capacid ade das diferentes ent radas, após em cada ramo é uma função do f luxo priori -
pelo menos uma delas te r ating ido o limi ar tário confl itu ante e que, por sua vez, este é
de saturação, terá que ser determinado uma função dos fluxos de entrada dos ramos
através da ap licação de um alg o ritm o de precedentes, a estimativa da capacid ade de
convergência interativa. cada entrada depende do processo de
Com efeito, e sempre que o fluxo de chegada convergênc ia iterativa.
é inferior à capacidade da entrada, pode Em termos práticos, o processo desenrola-se
assumi r-se que em termos m édios não have- ass umind o, numa primeira iteração, que não
rá formação de fil a de espera e portanto to- existem no interior nem afluem à rotunda
dos os ve ículos que chegam conseguem-se quaisquer veículos pe lo que a capacidade de
in serir no interior da rotunda. uma entrada arb itrária é equ iva lente à
A partir do instante em que o flu xo de capacidade geométrica. Segu indo o sentid o
chegada, em pelo menos uma das entrad as, de circulação, a capacidade da ent rada


••••••••
1 .:
•••• •• ••.• CAPACIDADES
••••• •• •• ••

consecutiva será uma função dos seus dessa capacidade, admitindo para o efeito
parâmetros geométricos e do fluxo confli- uma distribuição direccional do tráfego
tuante resultante do fluxo efectivamente representativa de situações típicas em
inserido na entrada anterior (correspondente estradas nacionais (70-30%) aplicada a uma
ao menor dos valores: capacidade ou fluxo intersecção com 4 ramos afluentes.
de chegada).

7.3.5 Níveis típicos de capacidade

A capacidade geométrica (Qe) depende


unicamente das características geométricas
da intersecção e refere-se ao máximo
número de veículos que se consegue inserir
no anel de circulação a partir de uma
determinada entrada, sempre que não existe
qualquer fluxo conflituante.
Por sua vez, a determinação da capacidade
global da rotunda é mais problemática na
medida em que depende dos níveis de
tráfego conflituantes nas diversas entradas
que, por sua vez, dependem da procura de
tráfego e de desempenho nas restantes
entradas.
Foram determinados os níveis mínimos e
máximos assegurados em termos de capa-
cidade geométrica da entrada, para as
principais tipologias de rotundas existentes.
Para o efeito, e por forma a avaliar o peso de
cada parâmetro geométrico no valor da
capacidade da entrada, fizeram -se oscilar
individualmente os valores de cada parâ-
metro entre os valores mínimos e máximos
recomendados, mantendo os restantes
parâmetros fixos e com os valores de base
apresentados na Tabela 2. Relativamente à
capacidade global, e embora este conceito
não tenha uma aplicação prática, optou-se
por apresentar uma estimativa quantificada


~
••••••••
1 .1 .• CAPACIDADE'.::;

~ L__:_E_:-=:=·-=ª=~i__=_=----===---------=-c::.......c=-==-..c=-=--------------------------____,,
Tabela 2 - Níveis de Capac idade

ESQUEMA RELAÇÕES ENTRE GEOMETRIA EVALORES DE CAPACIDADE

VALORES DE BASE VALORES MÍNIMOS VALORES MÁXIMOS

MINI-ROTUNDA PARÂMETROS GEOMÉTRICOS

DCl =20 m DCl =2 0m DCl = 20m


(ramo afluente com uma via
V=3.65m V=3,65m V=3,65m
em cada sentido)
e=4,5m e=4,0m e=7.0m
I'=5,0m I'=5, 0m I'=50,0m
r=15,0m r=6,0m r=30, 0m
$=25° cj>=60º $=20°

o .
.
,,'
'
p:::-- CAPACIDADE
º·= 1340
Üg=3140
GEOMÉTRICA DA ENTRADA (Üe) E CAPACIDADE GLOBAL (Üg) EM (UVLE/H)
0.= 725
Üg=1870
0.= 231 O

1NFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS GEOMÉTRICOS NA CAPACIDADE


Üg=4300

(valo res resu ltantes da variação de um parâmetro geométrico, ma ntendo os


restantes iguai s aos va lores de ba se)

1NTERVALOS DE VARIAÇÂO VARIAÇÕES NA CAPACIDADE VARIAÇÕES NA CAPACIDADE


DOS PARÂMETROS GEOMÉTRICA DA ENTRADA GLOBAL DA ROTUNDA
e=4,0 a 7,0m O. = 1255 a 1500 0g = 3020 a 3360
1'=5,0 a 50,0m O. = 1340 a 1420 0g =3140 a 3250
r=6,0 a 30,0 O. =855 a 1500 0g = 2150 a 3440
cj>=60º a 20º O. =1260 a 1350 0g =2980 a 3 160

VALORES DE BASE VALORES MÍNIMOS VALORES MÁXIMOS

ROTUNDA NORMAL PARÂMETROS GEOMÉTRICOS

DCl = 50m DCl = 50m DC l=5 0 m


(ramo de aproximação co m
V=3,65 m V=3,65m V=3,65m
uma v ia em cada sentido
e=7,0m e=4,0m e= 10,5m

:·u\
I'=12,0m I'=5,0m I'= 100,0m
r=20,0m r=15,0m r=50, 0m
$=25° $=60° cj>=20º
' ' '
\.\j' / CAPACIDADE GEOMÉTRICA DA ENTRADA (Üe) E CAPACIDADE GLOBAL (Qg) EM (UVLE/H)
. ''
', ......... ________ ,,,.,.' ,
'' º·= 1835
Üg= 3930
0.= 1180
Üg= 2920
º·=3480
Üg=5090

1NFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS GEOMÉTRICOS NA CAPACIDADE


\
... 1 (va lo res resultantesda vari ação de um pa râmetro geométrico, mantendo os
restantesiguaisaos va loresde base)

1NTERVALOS DE VARIAÇÃO VARIAÇÕES NA CAPACIDADE VARIAÇÕES NA CAPACIDADE


DOS PARÂMETROS GEOMÉTRICA DA ENTRADA GLOBAL DA ROTUNDA
e=4,0 a 10,5m O. = 1345 a 2055 0g =3250 a 4 190
1' =5,0 a 100,0m O. = 1595 a 2260 0g = 3620 a 4400
r=10,0 a 50,0 O. = 1525 a 2020 0g = 3400 a 4220
cj>=60º a 20° O. =1730 a 1850 0g = 3760 a 3950

V=7.0 0. =2365 0g =4510


••••••••
•••• •• ••.• CAPACIDADE:::
1 .:
••••• •• •• ••

Tabela 2 - Níveis de Capacidade (cont.)

VALORES DE BASE VALORES MÍNIMOS VALORES MÁXIMOS

ROTUNDA NORMAL DE PARÂMETROS GEOMÉTRICOS

DCl=60m DCl=60m DC l=60m


GRANDES DIMEN SÕES
V=7,3m V=7,3m V=7,3m
(ramo de aproximação com e=11,0m e=8,0m e=15,0m
duas vias em cada sentido) I'=15,0m I'=5,0m I'= 100,0 m
r=20,0m r= 15,0m r=50,0m
<!>=30° <!>=60° <!>=20º

CAPACIDADE G EOMÉTRICA DA ENTRADA (Oe) E CAPACIDADE GLOBAL (Qg) EM (UVLE/H)


Oe= 3145 Oe=2335 0.= 50 60
0 9 = 5450 0 9 = 4600 0g=5670
INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS GEOMÉTRICOS NA CAPACIDADE
(valores resultantes da var iação de um parâmetro geométrico, mantendo os
restantes igua isaos va loresde base)
1NTERVALOS DE VARIAÇÂO VARIAÇÕES NA CAPACIDADE VARIA ÇÕES NA CAPACIDADE
DOS PARÂMETROS GEOMÉTRICA DA ENTRADA GLOBAL DA ROTUNDA

e=8,0 a 15,0m O. = 2655 a 3425 0g = 5010 a 5530


1'=5,0 a 100,0m O. =2815 a 3560 0g = 5170 a 5530
r= 10,0 a 50,0 O. = 2605 a 3465 0g = 4850 a 5650
<!> =60° a 20º O. =2990 a 3195 0g = 5290 a 5510

Da aná li se do s valores apresentados na com 12m que lh es permita a formação de


Tabela 2, constata-se que uma entrada sem duas vias de entrada .
leque de uma rotunda normal, com uma Por sua vez, um a rotunda de grande s
unIca via de entrada, apresenta uma dimensões com duas v ia s de entrada,
capacidade de cerca de 1345 uve/h, sub indo assegura valores de capacidade global na
para 1835, quando um leque com 12m de ordem dos 501 O uvle/h, subindo para 5450,
compr imento permita a formação de 2 vias se providas de um curto leque com 15m de
de entrada (aumento de 37% ) e para 2365 na comprimento, que permita a formação três
presença de 2 vias de ent rad a contínuas de vias de entrada.
(aumento de 76%). Por sua vez, as mini- Da utilização do modelo, pode ainda concluir-se
rotundas com uma única via de ent rada, que o aumento da dimensão global da rotunda
apesar das suas reduzidas dimensões, (DCI) não se traduz num aumento sign ificativo
revelam-se extremamente eficazes ao nível dos valores de capacidade.
da fluidez, assegurando capacidades na Refira-se, a títul o de exemplo, que numa
ordem dos 1255 uve/h por entrada. rotunda normal, o aume nto do valor do DCI
Por outro lado, constata-se que uma rotunda de 30 para 50m se reverte no aumento :
norma l, constituída por entradas com uma • de cerca de 4% da capaci dade
única via é capaz de assegurar capacidades geométrica (65 uvl/h em 1770 uvle/ h);
globais na ordem dos 3250 uvl e/, sub indo • de cerca de 5% na capacidade global
para 3930, quando providas de um leque (200 uvl/h em 3730 uvle/ h) .


••••••••
•••••=•• ••.• c 1=iPF1C I DADE::;
1
••••• •• •• ••
'---------'-----------"--

7.3.6 Atrasos e filas de espera vál idas aproximações do tipo determinístico,


já que se admite que os veículos chegam e
partem em intervalos de tempo constante.
A previsão dos comprimentos das fi las de Estas situações são habitualmente
espera e dos atrasos impostos aos veículos suportadas por teorias convencionais, a
assume particu lar relevância aos diferentes ESTACIONÁRIA no primeiro caso e a
níveis da gestão da circulação. A evolução das DETER MINÍSTICA no segundo, sendo que
filas de espera e, consequentemente, os atrasos ambas se têm revelado insatisfatórias na
imputados aos diferentes ramos e nós da rede previsão dos atrasos no limiar do período de
viária, são factores determinantes ao processo saturação.
de decisão por parte do condutor na selecção Com efeito, e apesar de ser largamente
do itinerário a adaptar, pelo que a avaliação utilizada, a teoria estacionária (vulgarmente
destes indicadores assume igualmente designada de "steady-state") prevê a procura
importância ao nível do Planeamento dos constante no tempo e aponta para a
Transportes. A sua previsão constitui ainda um ocorrência de filas de espera infinitas, assim
elemento preponderante ao dimensionamento que a procura atinge o valor da capacidade
da intra-estrutura rodoviária, nomeadamente =
(rácios procura/capacidade (p) 1), não tendo
na definição dos comprimentos a disponibi lizar portanto aplicabilidade quando a procura
para a stockagem dos veícu los em fila de excede o potencial de atendimento disponível.
espera. Na realidade, e à medida que a procura se
A determinação do tempo de espera resulta aproxima da capacidade ou eventualmente a
da avaliação dos atrasos impostos pe la excede por curtos períodos de tempo, a
geração de fi las de espera e pelo nível de formação de fila de espera permanecerá
serviço da corrente não prioritária e nas aquém da prevista pela teoria estacionária.
quais se distinguem claramente duas Apesar destas limitações, esta teoria continua a
situações: ser largamente aplicada, recomendando-se que
- Condições de circu lação em regime as demoras geométricas sejam calcu ladas com
permanente e aquém da saturação para as base na metodologia estacionária proposta
quais são desenvolvidos modelos baseados pelo HCM, onde a demora média para cada
na teor ia das filas de espera apl icada a movimento de entrada x é uma função da
condições de estacionárias no tempo; capacidade e do grau de saturação dessa
- Condições de sobresaturação em que são entrada:

'I
3600
~ -
vx
--

3600
Qe,x Q,,x
V
d= ~ -+900Tx ~ x -1+ (~-1) 2 +
Q,,x
1 Qe,x Qe,x
450T
+5

onde:
d- demora média(segundos/veículo)
vx- débito horário de chegada da entrada x em uve/h
Oe,x- Capacidadeda entrada x em uve,/h
T - período de análise (habitualmente 15 min.>>T =0,25)


••••••••
•••• •• ••.• CAPACIDADES
1 .1
••••• •• •• ••

Por sua vez, e se assumidas cond ições média por veícu lo com o débito horário do
estacionárias, o comprimento médio de fila movimento em estudo:
pode ser obtido pelo produto da demora

L med,x =dxvx

onde:
d - demora média da entrada x, expressa em segu ndos/veículo;
vx - débito horário da entrada x, em uve/h

Conhecidas as demoras médias, é ainda onde se assume que 5 segundos se devem à


possíve l atribuir níveis de serviço aos simp les presença da intersecção (demora
movimentos não prioritários, em função das geométrica).
demoras que lh e estão assoc iadas (Tabela 3),
Tabela 3 - Níveis de Serviço e Demoras

N ÍVEL DE DEMORAS
SERVIÇO (SEG.)

A < 10
B 10 a 15
e 15 a 25
D 25 a 35
E 35 a 50
F >50

7.4 Exemplo de _
aplicação ________. .
ID,.

Determine os graus de saturação de cada uma Em caso de alguma das entradas ter
das entradas da rotunda apresentada na figura ultrapassado o limiar de saturação, proponha
aba ixo, sabendo que os fluxos correspondem alterações à geometria que lh e permitam
aos débitos horários convertidos em u.v.l.e/h. responder à procura de tráfego.

Características Geométricas das entradas

D= 70,0m

V=l,0m
e=l,0m

I'= infinito
r= 40,0m

<P= 40°
....
••••••••
1 .1 .• CAPAC I DADE:3
Q •• • •
••••• •• ••••
~-----=-------=-=--------==-------________,

1 - Cálculo do tráfego conflituante com cada


uma das entradas:

QcA= ÜoB+ Üoc+ Üc~= 1300+200+300= 1800 UVle/h


ocB= OAc+- OAo+ Ooc+= 150+50+200= 400 uvle/h
A
\\ -
occ= OBo+ QBA+ OAo+= 100+ 100+50= 250 uvle/h
~ :.~ -~ 9 '
oco= ÜcA+ Oc~ ~A+= 600+300+ 100= 1000 uvle/h

2 - Cálculo da capacidade de cada entrada e


os respectivos graus de saturação, segu ndo
"----•.,,
,--
,oo ---------

o modelo do TRL:
Formulação

Qe = K(F - fc * QJ,
K = l - 0.0034 7( </>- 30) - 0.978{(1 / r) - 0.05} =0.990
S = Uí(e -v) li' = O
X 2 = v + (e - v) / (1 + 2S) =7
F = 303X2 = 2121
M = expÍDCJ-60) /10}
tp = l+0.5 / (1+ M) = 1.134
fc = 0.2 lt P(l + 0.2X2) =0.572, substituindo estes valores na equação inicial,obtemosa
seg uinte relação:

1 Qe = Ü.990(2121-0.572* Qc)I

e as seguintes capacidades QQI entrada:


QA = Ü.990(2121-0.572 * 1800) = 1081
Q 8 = Ü.990(2121 - 0.572 * 400) =1873

Qc = 0.990(2121-0.572* 250) = 1958

QD = Ü.990(2121-0.572 *1000) = 1533

Graus de saturação potencial


400
FRCA =-=0,37<0,85
1081
300
FRC 8 = - - = 0,16«0,85
1873
1000
FRCc = - - = 0,51 < 0,85
1958

FRC = l1533
300 =117 > O85
, ,


D
••••••••
•••••=•• ••.• Cl=tPAC I DFIDES
1
••••• •• •• ••

Conclui-se, assim, que a entrada D está como Oc>Fluxo Ch egada = 1000, mais uma v ez
saturada (FRC>0,85). Por sua vez, as entradas todos os veículos que atingem a entrada C
A e B estão claramente sobred im ensionadas conseguem inserir-se no interior da rotunda,
em relação à procura de tráfego. os quais se repartem pelos diferentes
Atendendo a que a entrada D está conges- movimentos direccionais proporciona lmente à
t ionada, os va lores correctos dos graus de d istribu ição latera l inicialmente regi stada:
saturação resu ltarão da ap li cação do Oc0 =100; OcA= 600; Oc8 =300 uvl e/h
processo iterativo.
ENTRADA D:
3 - Determ inação das cond ições reais de
desempenho da rotunda - Apl icação do Contribuem, neste momento para o flu xo no
processo iterativo. interior da rotunda, as entradas B e C. Os
veículos que confl ituam com a entrada D
Assumindo que não existe qualquer veícu lo são:
no interior da rotunda nem em qualquer das Oco= OcA+ Ocs+ OsA+= 600+300+ 100 = 1000
aproximações e arbi trando a entrada B para uvle/h e a capacidade da entrada:
iniciar o processo, obtemos:
QD = 0.990(2121-0.572 *1000) = 1533
ENTRADA 8:
Dado que o Flu xo de chegada=1800>
QcB= OAc+ OAo+ 0 0 c= 0+0+0= O uvle/h, logo a capacidade da entrada (0 8 ), estamos perante
capacidade da entrada será igua l à capaci- uma entrada congestionada e, consequente-
dade geométrica e dada por: mente, da formação de fila de espera. O
número de veículos que se consegue inserir
QB = 0.990(2121-0.572 *O)= 2099 no interior da rotunda é agora dado pe lo
valor da capacidade, repartido proporcional-
como 0 8 >Fluxo Chegada = 300, então todos mente pelos diferentes movimentos direccio-
os veículos que ating em a entrada D conse- nais:
guem inserir-se no interior da rotunda, os 0 0 A=300/1800* 1533=260;
quais se repartem pelos diferentes movi- 0 08 = 1300/1800* 1533= 1104;
mentos direccionais proporcionalmente à 0 0 c=200/1800* 1533= 169 uvle/h
distribuição latera l inicialmente registada:
Osc= Oso= 0 8 A=100 uvle/h ENTRADA A:

ENTRADA C: Neste momento, todas as entradas contri-


buem para o fluxo no interior da rotunda e,
Estão neste momento no inte rior da rotunda consequentemente, para o fluxo confl itu ante
os 300 veículos que a entrada B permitiu da entrada A:
entrar. Destes, apenas 200 contribuem para o QcA= 0 08+ 0 0 c+ Oc 8 += 1104+ 169+300= 1573
tráfego conflituante da entrada C: uvle/h e a capacidade da entrada:
Qcc= 0 80 + 0 8 A+ OAo+= 100+ 100+0= 200 uvle/h
QA = 0.990(2121-0.572 * 1573) = 1209
Qc = 0.990(2121-0.572* 200) = 1986
como OA>Fluxo Chegada = 400, mais uma
=... .....
• ••=• •.• CAPACIDADES
J
•••••••• ••• ••
••
-- = = - - ~ ~ - -

vez todos os veículos que atin gem a entrada QA8 =50; OAc= 150; QA0 =200 uvle/h
A conseguem inserir-se no interior da rotun- Volta-se assi m novamente à entrada B. O
da, repartindo-se pelos diferentes movi- processo iterativo continuaria até se atingir a
mentas direccionais proporcionalmente à convergência.
distribuição lateral inicialmente registada:

RESULTADO FINAL

Graus de saturação
400
FRC,., = 1209 = 0,33 < 0,85

300
FRCB = - - =0,16«0,85
ac=1958
1890

FRC = lOOO =0 51<0 8


e 1958 ' '
1800
FR CD =--=1,17 >0,85
1533

Confirma-se, assim, que a entrada D está con-


gestionada e as restantes sobredimensionadas.

SOLUÇÃO PROPOSTA

Aumentar a largura de entrada da entrada D,


por forma a permitir 3 vias de entrada, bem
como a criação de leque:

e=10,0m K=0,99 F=2809,6


1'=30,0m 0o=2118
- ~ , S=0,16 tp=1, 134
r=50,0m FRCo=0,85
Xi=9,27 fc=0,68

-
••••••••
•••• •• ••~ CAPACIDADES
1 d
••••• •• ••••
Conclui-se, assim, que a entrada D está como Oc>Fluxo Chegada= 1000, mais uma vez
saturada (FRC>0,85). Por sua vez, as entradas todos os veículos que atingem a entrada C
A e B estão claramente sobredimensionadas conseguem inserir-se no interior da rotunda,
em relação à procura de tráfego. os quais se repartem pelos diferentes
Atendendo a que a entrada D está conges- movimentos direccionais proporciona lmente à
tionada, os valores correctos dos graus de distribuição lateral inicialmente registada:
saturação resultarão da ap licação do Oc0 =100; OcA= 600; Oc8 =300 uvle/h
processo iterativo.
ENTRADA D:
3 - Determinação das condições reais de
desempenho da rotunda - Aplicação do Contribuem, neste momento para o fluxo no
processo iterativo. interior da rotunda, as entradas B e C. Os
veículos que conflituam com a entrada D
Assumindo que não existe qualquer veículo são:
no interior da rotunda nem em qualquer das Oco= OcA+ OcB+ 0 8 A+= 600+300+ 100 = 1000
aproximações e arbitrando a entrada B para uvle/h e a capacidade da entrada:
iniciar o processo, obtemos:
QD = 0.990(2121- 0.572 *1000) = 1533
ENTRADA B:
Dado que o Fluxo de chegada=1800>
Qc 8 = OAc+ OAo+ 0 0 c= 0+0+0= O uvle/h, logo a capacidade da entrada (0 8 ) , estamos perante
capacidade da entrada será igual à capaci- uma entrada congestionada e, consequente-
dade geométrica e dada por: mente, da formação de fila de espera. O
número de veículos que se consegue inserir
QB =0.990(2121-0.572 *O)= 2099 no interior da rotunda é agora dado pelo
va lor da capacidade, repartido proporcional-
como 0 8 >Fluxo Chegada = 300, então todos mente pelos diferentes movimentos direccio-
os veículos que atingem a entrada D conse- nais:
guem inserir-se no interior da rotunda, os 0 0 A=300/1800* 1533=260;
quais se repartem pelos diferentes movi- 0 08 = 1300/1800* 1533= 1104;
mentos direccionais proporcionalmente à 0 0 c=200/1800* 1533= 169 uvle/ h
distribuição lateral inicialmente registada:
0 8 c= OBo= 0 8A=100 uvle/h ENTRADA A:

ENTRADA C: Neste momento, todas as entradas contri-


buem para o fluxo no interi or da rotunda e,
Estão neste momento no interior da rotunda conseq uentemente, para o fluxo conflituante
os 300 veículos que a entrada B permitiu da entrada A:
entrar. Destes, apenas 200 contribuem para o QcA= 0 08+ 0 0 c+ Oc 8 += 1104+ 169+300= 1573
tráfego conflituante da entrada C: uvle/h e a capacidade da entrada:
Qcc= 0 80 + 0 8 A+ OAo+= 100+ 100+0= 200 uvle/h
QA = 0.990(2121-0.572 * 1573) = 1209
Qc = 0.990(2121-0.572* 200) = 1986
como OA>Fluxo Chegada = 400, mais uma


....
••••••••
1 .1 .• CAPACIDADES
(3J •••••••• ••• ••••
~
_ ___ _J
vez todos os veículos que atingem a entrada OA 8 =50; OAc= 150; QA0 =200 uvle/h
A conseguem inserir-se no interior da rotun- Volta-se assim novamente à entrada 8. O
da, repartindo-se pelos diferentes movi- processo iterativo continuaria até se atingir a
mentos direccionais proporcionalmente à convergência.
distribuição lateral inicialmente registada:

RESULTADO FINAL

Graus de saturação
400
FRC ,, =1209 = 0,33 < 0,85
300
FRC 8 = - - = 0,16«0,85
1890

FRC = lOOO = O 51 < O 8


e 1958 ' '
1800
FRC D = 1533 , > 085
= 117 ,

Confirma-se, assim, que a entrada D está con-


gestionada e as restantes sobredimensionadas.

SOLUÇÃO PROPOSTA

Aumentar a largura de entrada da entrada D,


por forma a permitir 3 vias de entrada, bem
como a criação de leque:

e=10,0m K=0,99 F=2809,6


1'=30,0m Oo:2118
~~,, S=O, 16 tp=1, 134
r=50,0m FRCo=0,85
X2=9,27 fc=0,68


•••••••• •••••••
••••••
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•••••• ••••••• ••
••
1] EE;TAC: I I]t-~At·1Et-~TCI
•••:
:•••.•i :... O ESTAC I Ot~AMEt-~TO
•••••••• ••••••• ••
••

O estacionamento das viaturas é hoje um ou subterrâneo, embora mais dispendioso


problema comp lexo na gestão do espaço em re lação à sua construção, permite uma
urbano. maior flexibi lidade no aproveitamento da
Os ín dices de motorização e a existência de s uperfície, libertando-a do impacto vis ual do
espaços antigos, muito confinados, como automóve l.
acont ece em cidades mais antig as, releva Os mun icíp ios limitam a liberdade de
esta questão para uma das mais importantes circul ação em determ inados locais mais
e preocupantes dos nossos dias. O espaço nobres da área urbana, mas a tendência é
não é elástico e a necess idade de compa- alargar, como se de uma mancha de óleo se
tibi lizar um conjunto vasto de equ ipamentos tratasse as lim itações ao estacionamento,
urbanos, não deixa ao automóvel um lugar em particu lar à superfície, em coroas cada
privil eg iado. vez mais afastadas do núcleo. No entanto,
De facto, e cada vez ma is, em especial na estas limitações não podem ser executadas
Europa, o espaço públ ico é tão escasso que o sem alternativas à mobilidade, sendo cada
automóve l terá de ficar preterido em função vez mais comum o ape lo ao uso dos
de outros valores. A quali dade de v ida, o transportes públicos como contrapartida da
conforto, a ausência de pol ui ção e o fruir da circu lação automóvel.
cidad e, impõe regras cada vez mais lim ita- E a verdade é que uma centena de v iaturas
tivas ao uso do auto móvel. com uma taxa de ocupação de 1,3, superior
O estacionamento à superfíci e é hoje regu- ao que se regista em Lisboa, por exemp lo,
lado pelo preço e o estac ionamento em cave equ iva le a dois autocarros.

Exemplo de equ ivalência de transporte urbano, automóvel versus TP, em Estrasburg o.


ifHJ ••• •••
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••
••••• ••••• ••
O ESTAC IOflAMEMTO
~

8. 1 As barreiras .,,_
--~------~
O uso e o abuso do automóvel particular em que para isso se te nh a de viol entar o espaço
relação ao espaço do peão é ai nd a hoj e uma urbano dedicado a outras funções. Seja
realidade. Esta circunstância advém da fa lta como fo r, e sobretudo, esta atitude conduz
de espaço, natural ou imposto, mas traduz muitas vezes a que a circu lação, em
uma dificuldade social de prescindir da particu lar dos mai s vulneráveis, se faça em
mobi lid ade com carácter individual, mesmo co ndições deploráveis.

Estacionamento indi sciplinado sobre o passeio.

Existem formas de evitar que o estaciona- ap li cação de uma sa nção ou mesmo ao


mento se faça de forma desordenada, mas bloqueio da viatura, sendo sempre e para
não é concerteza através de sinalização todos os efeitos uma medida curativa .
adequada. Essa, só poderá conduzir à


••• •••1
1 .: 1
••••••
•• • • •
O
••••• ••••• ••
••
ESTAC I Ot-lAME~~TO

Os instrumentos preventivos são os mais que estes instrumentos não contribuam, eles
Jm
adequados e corporizam um impedimento próprios, para a insegurança de outros uti li-
físico ao estacionamento. Daí que se consi- zadores da via pública. Nas figuras seguintes
derem "barreiras", podendo ser concebidas são comentadas as vantagens e os inconve-
de formas variadas. É necessário, todavia, nientes de alguns destes equ ipamentos.

_J
:..,
Blocos piramidais de altura reduzida (entre 0.40 e 0.60m) e frequência exagerada. Constituem um "tropeção " .

Bolas de pedra (ou metal) com cerca de 0,40 m de altura. Constituem um "tropeção".


••• •••
G J L-.. . .:. . :=-=l=
: :=:=l---'--':=-=:-=::=--:- -~-~- E-:-=;_r_A
_c_:1_ c_,t-=·~=
A=t=
·1:E:.=t·_~r
.:=--c-, _______________________.,,,

Bolas de pedra bordej ando uma área ajardinada, para evitar estacionamento indisciplinado. Neste caso não
representam perigo de "tropeção" para os peões.

Bl ocos de altura variável entre 0,40 e 0,60m e de secção inconstante. Utilizam-se preferencialmente em loca is
onde não há circulação de peões.

Gradeamento que impede o estacionamento, balizando e protegendo o peão .


••••• ••••••• o
••• ESTAC I OMAMEt-~TO
• • • •••
•••••••• ••••••• ••••

Equipamento em pedra dissuasor de estacionamento. Não deve ser aplica do em zonas de circu lação
de peões. Provoca o "tropeção" .

Barreira verde, de fácil integração. Boa sol ução. Baliza o percurso do peão e desencoraja o
estacionamento.


rn .....
••••• ••••• o
• • • •••
•••••••• ••••••• ••
••
'---------=-=---=---=-=--=:.._________:...:..________

Lancil duplo que impede o estacionamento e pinos de alturas d iferentes.

O mobiliário urbano pode ser dissuasor do estacionamento e é de fácil integ ração. As bolas de pedra, não são
recomendáveis .


••••• ••••••• o
•••
•••• •• •••••
••••• ••••• ••••

a)

b)


•••
i•••.•i 1...1 O ESTAC I Ot·4AMEt·4TO
•••••••• ••••••• ••
•• _]

c)

d)

Vários tipos de materiais em zonas também diferentes. a) pedra em zona comercial, b) madeira em zon a


histórica, c) metal em zona residencial d) pedra em zona mista .
••• •••
1 .: 1 1 O ESTAC I Ot·4AMEt·4TO
••••••
•••••••• ••••••• ••
••

Pinos retrá cte is de altura que pode ser variáve l. Permitem a passagem de veícu los autorizados quando estão
reco lhidos e são também uma barreira.

Antes e depois da passagem do transporte público. Pino actuado pela passagem do autocarro.
m .....
••••• ••••• o
•••• •• •••••
••••• ••••• ••
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•• ESTACIONAMENT_O_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _]

Sequência de imagens que ajudam a compreender o funcionamento dos pinos. A pequena sobreelevação que
envolve a zona de inserção do pino, contribui para definir melho r o local (mesmo para o peão desprevenido)
em que actua o mecanismo.

-
••• •••
1 .1 1 1 O ESTAC I Ot-~AMEt·~TO
••••••
•••••••• ••••••• ••
••

8.2 O estacionamento e a sua acessibilidade m


Na proximidade de edifícios públicos, e encontram contemplados no Código da
desde que numa distância não supe rior a 50 Estrada.
m, devem ser criados locais adaptados ao
estacionamento de veículos para portadores Trataremos agora dos elementos de dimen-
de deficiência. Deve, pelo menos, ser sionamento relati vos a estes locais de
garantido, nestes casos, um lugar de estacionamento específico e das reper-
estacionamento. cussões, que terão de sofrer os passeios ou
Quando se trate de parques de estaciona- outros caminhos para peões, para responder
mento, propriamente ditos, ou bolsas de a uma conveniente acess ibilidade do
estacionamento (locais de estacionamento, deficiente.
mas de pequena capacidade) deverá ser
previsto um lugar de estacionamento para O estacionamento perpendicular ao passeio
portadores de deficiência, por cada cinquen- exige um agravamento, na largura, de 0.70m,
ta lugares. em relação à largura convencional de 2.30m .
Naturalmente que estes locais deverão O espaço adicional deverá ser previsto do
obedecer a dimensionamentos específicos e lado esquerdo da viatura, para permitir a
estar devidamente sinalizados com os abertura da porta, a saída da cade ira e a
instrumentos legais, à disposição das entida- indispensáve l rotação.
des públicas ou privadas, e que se

4,50

1,30 1,70
+ 3,00 2,30
J
3,00 2,30

Dimensões de um estacionamento vulgar e especial para portadores de deficiência.


••• •••1 O ESTAC I Ot-~AMEt·ff O
1 .1 1
••••••
Q •••••••• ••••••• ••
~------=--...::;
••

Deverá prever, além da sin alização vertica l e Esta so lu ção não acarreta dificuldades de
horizontal adequadas, o rebaixamento do manobra acrescidas para o portador de
passeio ou, preferível neste caso, o recurso a deficiência , tendo, neste aspecto, vantagens
uma pequena rampa com as dimensões que significativas, quando comparada com a
respeitem as medidas, já anteriormente so lu ção de estacionamento longitudinal.
indicadas, para estes equipamentos.

Parqueamento vedado. Dimensões.

Quando sujeitos a pagamento (parcómetros, O loca l de parqueamento poderá estar


por exemplo), estes lug ares deverão vedado, sempre que se trate de parque
encontrar-se o mais próximo possível desses v igiado. Neste caso, o esquema da Fig. 8.17
locais, e a altura a que se deve encontrar a poderá ser adaptado, como exemplo de
ranhura de introdução de moedas ou entrega vedação física.
de tickets, não deverá exceder 1.00-1.1 0m .


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•••••••• ••••••• ••
••
O E'.::;TAC I Ot·~AMEMTO
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As so luções de estacionamento longitudina l, mais largura que o estacionamento normal.
embora não tão cómodas para o deficiente, Doutro modo, a abertura da porta, bem como
co nstitu em aquelas que mais vu lgarm ente a sa ída da cadeira, far-se-á tota lmente na
são utilizadas. Exigem mais extensão (cerca fa ixa de rodagem, com uma ocupação de
de 6.00m), e seria desejável que ocupasse m cerca de 1.30m.

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Parqueamento long itudinal com um lugar para portadores de deficiência.

Parqueamento longitudinal com ocupação parcia l do passeio.


••• •••
1 .: 1 1 O ESTAC I Ot-~AMEt-~TO
••••••
•••••••• ••••••• ••
••

Co nv i rá, nestes casos, comp lementa r a a larg ura total necessária ao estacionamento
sin ali zação ve rt ica l com a co locação de do deficiente, só será possível, quando não
ba lizas vert ica is am ovíve is que constituam, resu ltarem larguras de passeio inferiores às
por um lado, uma referê ncia para o m íni mas, já atrás referidas.
estacio namento dos ve íc ul os, que preten-
dem estacio nar, antes e depois do loca l em Nestes casos, a rampa de acesso poderá
ca usa, e, por o utro, uma chamada de também ser conceb ida longitudinalmente.
ate nção para q ue não se utilize, parcial-
m ent e, o espaço f ísico do estac ioname nto do Em todos os casos em que o desenvolvi-
deficiente, o q ue torn aria a manobra bem mento da rampa se faça na área destinada ao
mais difíc il e, em algu ns casos, mesmo passe io, deverá ser introduzida uma zona de
impossível. ran huragem transversal, de modo a advertir
os peões, com dificuldades parciais ou tota is
A ba liza não deve ter menos de 1.30m de de v isão, de que va i ocorrer uma d iferença
altura, nestas situações . de cota .
Outro método poderá ser a uti lização de um
O rec urso a um a fa tia lo ngitud in al do próprio pavimento contrastante e de uma diferente
passeio, em bora desejável, para compensa r sono ri dade ao toque da bengala.

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Elem entos de alerta. Ra nhuragem .


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ESTAC I O~·~AME~~TO
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As so lu ções de estacionamento long itud in al, mais largura qu e o estacionamento normal.
embora não tão cómodas para o deficiente, Doutro modo, a abertura da porta, bem como
constitu em aq uelas que m ais vu lgarm ente a sa ída da cade ira, far-se-á totalmente na
são utili zadas. Exigem mais extensão (cerca fa ixa de rodagem, com uma ocupação de
de 6.00m), e seria desej ável que oc upassem cerca de 1.30m.

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Parqueamento long itudinal com um lugar para portadores de deficiência.

Parqueamento longitudinal com ocupação parcial do passeio.


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Conv irá, nestes casos, comp lementar a a largura total necessária ao estac ionamento
s in ali zação vertica l com a co locação de do deficiente, só será possível, quando não
balizas verticais amovíveis que constituam, resu ltarem larg uras de passe io inferiores às
por um lado, uma referência para o mínimas, já atrás referidas.
estac ionamento dos ve ícu los, que preten-
dem estac ionar, antes e depois do loca l em Nestes casos, a rampa de acesso poderá
causa, e, por outro, uma chamada de também ser co nceb ida long itudin alme nte.
atenção para que não se utilize, parcial-
mente, o espaço fís ico do estacionamento do Em todos os casos em qu e o desenvolvi-
deficiente, o que tornaria a manobra bem m ento da rampa se faça na área d estinada ao
mais difícil e, em algun s casos, mesmo passe io, deverá ser introd uzid a uma zona de
impossível. ranhuragem transversal, de modo a advertir
os peões, com dificuldades parcia is ou totais
A baliza não deve ter menos de 1.30m de de visão, de que vai ocorrer uma diferença
altura, nesta s situ ações. de cota .
Outro método poderá ser a utilização de um
O recurso a uma fatia longitudinal do próprio pavimento contrastante e de uma diferente
passeio, embora desejável, para compensar so noridade ao toque da bengala.

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Elementos de alerta. Ranhuragem .


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!.••i :..•: O ESTAC I Ot·~AMEt·~TO
••••• ••••• ••
••

Solução de ranhuragem idêntica à anterior m as, desta vez, co locada num local de pa ragem de autocarros
define o local de paragem e de encaminhamento em direcção ao T.P.

Quando existirem ra zões fortes para ser permitir), e red uzi r, ao min1mo, a ocupação
criado _um loca l de estacionamento em zona da fa ixa de rodagem, garantindo uma largura
normalmente interd ita, ou mesmo inconve- de estacionamento, de cerca de 2.00m.
niente, poderá ponderar-se a possibilidade Poderá executar-se a rampa, sem mais
de pontualmente estabe lecer um corte ocupação do passeio, da forma indi cada
long itudinal no passe io (se a sua largura o (vide Fig . 8.22).
m .... .1•••.•I :•...••:
••••• ••••• ••
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O ESTACI OMAMEt·4TO

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Estacionamento para deficientes em local izações excepcionais. A foto mostra uma localização excepcional
sem rampa (a não fazer).

O estacionamento, em espin ha, possui a joso, já que se poderá ocupar menos espaço
vantagem de resultar numa manobra cómo- que um simples lugar, desde que se recorra a
da para o utilizador e exige o mesmo espaço, um corte no passe io.
já assina lado, para o estac ionamento Para isso, é necessário um passe io de 2.90-
perpend icular. Quando conjugado com o 3m de largura, de preferência, com um
estacionamento long itudinal, torna-se vanta- mínimo de 3.20m.

-
i•••.•i :...
•••: O ESTAC I O~~AMEt~TO
•••••••• ••••••• ••
••

Estacionamento em espinha (a).

Obviamente que, nestas cond ições, e não mento, alguns perigos para os deficientes
pondo em causa a indiscutível necessidade visuais.
de um passeio com aque la largura, existirão Será, portanto, uma solução a necessitar de
alguns inconvenientes de redução da capaci- cu idadosa ponderação, antes de ser imple-
dade de circu lação de peões e, se não mentada.
existirem cu id ados adicionais de ba liza-

Estacionamento em espinha (b)


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O ESTACIONAMENTO
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Fig.
8.26 Estacionamento em espinha (c)

As dimensões a adaptar para o estaciona- sionamento de áreas de estacionamento


mento de veícu los conduzidos por deficien- convenciona is.
tes são naturalmente mais generosas do que Assim, na tabela segu i nte faz-se menção a
para a generalidade dos veícu los ligeiros. três tipo logias diferentes que norteiam as
Embora seja matéria disseminada, em dimensões dos espaços a considerar por
diversos manuais, é importante s ublinhar veícu lo.
algumas recomendações quanto ao dimen-

TIPO CASOS EXEM PLOS DE APLICAÇÃO


Parqueam entos públ icos
I Norma l
Imóveis residenciais
Locais em que se deve cons iderar um lugar mais importante Locais de comércio
II Locai s em que se considera uma taxa de rotação elevada Correios e estações
Locais com uma maioria de viaturas de maior dimensã o Hotéis de classe elevada
Local de manobras difíceis mas toleráveis em espaço limitado
III Empresas
Locais de fraca taxa de rotação

Para o estac ionamento longitudinal, as


dimensões seg undo a tipologia atrás indica-
da são as segu intes, em metros:

lipo a b f
I 6,30 1,90 3,10
II 6,50 2,00 3,50
III 6,00 1,80 3,00
••••••
=
mm
••••••·=•• =
•• = • ••
•••• o
•• E-'.:-;T_A
_c_:r_c_,t_·~A- t-·1E- t·_ff_c_, - - - - - - - - - - - - - - -
Jlftl1
O estac ionamento long itud inal un il atera l ou ve l, no caso de existi r um sistema de
bilateral pode ser ou não materia lizado com exp loração (parcómetros, por exemp lo).
marcas rodoviárias. Um aproveitamento Essa marcação, contudo, pode ser fe ita por
optim izado de espaço consegue-se com o marcas ou por diferenciação de materiais.
recurso a marcação que é, aliás, indispensá-

Marcação de estacionamento feita por simp les diferenciação de materia is.


••• •••
= •= = = O
•••••• ESTAC I Ot·4AMEt·~TO
•••••••• ••••••• ••
••

Marcação integrada em desenho urbano numa via urbana em que a prioridade é dada ao peão.

Estacionamento longitudinal bilateral sem marcação.

Por outro lado, os lu gares autorizados e peões o u de paragens de autocarro ou


dedicados devem ser sempre materializados mesmo de aproximação a intersecções.
com sin alização vertical apropriada.
Embora estas regras estejam exp lícitas no
O estacionamento deve ser interrompido, Código da Estrada, é importante proceder de
sempre que as viaturas retirem visibilidade forma c lara, através de marcação horizontal
ou conflituem com a circu lação. apropriada ou de obstáculos físicos.
É normalmente o caso de passadeiras de


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_E_t_·~T- 1-:1- - - - - - - - - - - - - - - - - - ~-
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Estacionamento oblíquo, em espinha, em loca l criado para o efeito que não previu a existência de uma
passadeira de peões.

O estacio name nto ob líquo e perpendicu lar O primeiro caso não perturba o peão e não
perm ite parquear um maior número de dirige a em issão de gases do escape para a
veícu los ao longo de uma rua, mas a manobra zona pedona lizada.
de estacionamento regra geral, provoca pertur- Cria dificu ldades, todavia, na manobra de
bação na circu lação. Não é, por isso, aconse- recuo para saída do estacionamento, obs-
lhável em artérias movimentadas. É possível tru indo a visão do condutor e perturbando a
prever estacionamento deste tipo com entradas circu lação.
d irectas, f icando a frente do ve ícu lo próxima do
passeio, ou com entradas de retaguarda.

Estacionamento perpendicular. Uma das viaturas emitirá gases na direcção de um estabelecimento comercial


J
••• •••
: .•: 1...1 O E:::TACI Ot..JAMEt·4TO
••
•••••• ••••••• ••
••

Fig .
8.31 Marcação horizontal para definir lugares de estacionamen to perpendicular.

Fig.
8.32 Estacionamento long itu dinal dissimulado se m passeio latera l e sem marcação. O local de estacionament o é
definido pelo tipo de material.

O seg undo caso não possui este in co nve- se existe carga ou descarga de produtos, seja
niente para a circulação motorizada, m as tem a v iatura ligeira ou mi sta.
inconve ni entes para o peão, especialm ente
...i .•i =......= o
[ ...
..... =....• ==
E::;TAC I Ot·~AMEt-rro
_ _Jm
O estacionamento perpendicular agrava os passe io em casos especia is e efémeros. Não
inconvenientes para a circu lação já referidos, conduz ao respeito pelo espaço do peão.
porque a manobra de entrada e também a de No entanto, em situações excepciona is devi-
saída ex ige uma fra nca ocupação da via. Está damente sina li zadas, pode ocupar tota l-
por isso, vocacionado para locais de tráfego mente ou parcia lmente o passeio. É aconse-
m uito pouco intenso em especial para lhável que seja destinado de forma restrita
acessos locais. para cargas e descargas, e deverá ter-se em
atenção a capacidade de suporte do loca l
O estacionamento só pode ser fe ito sobre o para resistir às cargas a que fica sujeito.

CASO A

CASO B
Fig.
8.33 Estacionam ento parcia l sobre o passeio. Desaconselh ável no caso A, porque não deixa espaço ao peão.
Desacon se lhável no caso B por fa lta de capacidade de suporte do passeio.

Estacionamento perpendicular em parque apropriado.


.....
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1D•
1 .: 1 1 O E'.:;TAC I ot~AMEt·4TO
•••••• •••••• ••
••
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Em seg uida apresentam-se em esquema as segu ndo vários âng ulos e de acordo com os
dimensões de parqueamentos oblíquos, três tipos já indicados.

b
-
a a a

4,50

- - - - - - - --- - - - - - - - - ~ - -

Tipo I
a a 1 p 1 m 1 f 1 u
90º 2,30 5,00 10,00 6,75 0,50
2,50 5,00 10,00 6,00 0,50
2,70 5,00 10,00 5,00 0,50
70º 2,45 5,30 10,00 4,75 0,50
60° 2,65 5,25 9,60 4,00 0,45
45º 3,25 4,85 8,40 3,25 0,40
30° 4,60 4,10 6,60 3,00 0,35

Tipo I II
a a 1
p 1 m 1 f 1 u a 1
p 1 m 1 f 1 u
90º 2,50 5,50 11 ,00 7,00 0,50 2,20 5,00 10,00 6,25 0,50
2,70 5,50 11,00 6,50 0,50 2,35 5,00 10,00 5,75 0,50
2,80 5,50 11 ,00 6,00 0,50 2,50 5,00 10,00 5,00 0,50
70º 2,65 5,90 11, 10 5,25 0,50 2,35 5,30 10,00 4,25 0,50
60º 2,90 5,80 10,60 4,50 0,45 2,55 5,25 9,60 3,50 0,45
45º 3,55 5,35 9,30 3,75 0,40 3,10 4,85 8,40 3,00 0,40
30° 5,00 4,55 7,40 3,50 0,35 4,40 4,10 6,60 2,75 0,35
•••••••• •••••••
•••••••
•••••••• •••• ••••
MÉTODOS DE REDUC~O
[IE I..JELCtC: I [IA[IE
••• •••
1 .1 1 1 MÉTODO::;
•••••••
•••••••• •••• ••
••
DE PEDUl.._-.:Ao DE l,.IELOC IDADE
_]~
9. 1. Os porquês. _______. m
Existem factores complexos que contribuem similares facilita a estabi lização da veloci-
e influ enciam o comportamento do homem dade do indiv ídu o. A alternância de práticas
na prática da velocidade. Desde logo porque de velocidade distintas verificadas em grupo,
existe um a dificuldade na detecção da dificulta a esco lh a da ve locidade adequada.
velocidade que é praticada. O cond utor de Uns tenderão a seguir a velocidade mais
um veículo não tem à sua disposição uma elevada, outros a veloc idad e intermédia,
maneira precisa de verificar a velocidade que poucos segu irão, no entanto, a ve locidade
pratica. O velocímetro, embora fazendo parte mais baixa que é praticada.
dos instrumento s do ve ículo, não cativa
sistematicamente a atenção do cond utor, Aqui, a componente ps icossocial desem-
durante a tarefa da condução. penha factor determinante. O mais "forte" é
A atenção é, aliás, solicitada por inum eros mais relacionado com o mais ráp ido ou
estímulos e a diversidade de informação a "melhor cond utor", o mais lento com o mais
que o recepto r está su jeito é particularmente fraco ou "pior condutor". No nosso país não
intensa quando se cond uz em áreas urbanas. é vulgar a prática de velocidades estab ili-
O co ndutor de um veículo, no exercício da zadas em grupo, a não se r que as cond ições
tarefa de cond uç ão, está naturalmente de fluidez da infra-estrutu ra a isso obriguem
suj eito ao mesmo movimento do veículo e, ou se se verificar a presença da fiscalização.
consequentemente, desloca-se à mesma
velocidade. Para avaliar a ve locid ade, sem o Mas, em diversos países da Europa central e
envo lvim ento do velocímetro, precisa de do norte, é corrente verificar-se o cumpri-
referências visuais exteriores e actua por mento das regras impost as por sin alização
comparação, de preferência, de referências adequada e, nestes casos, a consciênc ia
que não estejam elas próprias, em movi- social leva a que haja uma aceitação desse
mento. cumprimento e também a uma rejeição de
comportamentos e práticas contrárias.
Se o co nduto r estiver envo lvido num grupo
de outros co ndutores a circular a velocid ades A nossa matriz soc ial ai nda não está
idênticas, o efe ito comparativo é diminuto. construída totalmente seg u ndo este modelo,
Se de outro modo, existirem velocidades por várias razões e, consequentemente, o
diversas e os diferenciais forem acentuada- indivíduo, não confrontado com a repressão
mente elevados, para mais ou para menos, a social ou policial, tende a aprove itar-se dos
ava li ação da sua própria velocidade é ga nhos de não cumprir (ou da ausência de
relativa e alternadamente percepcionada castigo}, designadamente da poupança de
como elevada em relação a un s e lenta em tempo de que beneficia e, também, da
relação a outros. circunstância de se sentir aplaudido pelos
outros que lh e reconhecem méritos
A existê nci a de grupos de ve locidad es acrescidos.


••• •••
1 dl I MÉTODOS DE REDUí~:~o DE UELOCIDADE
•••••••
•••••••• •••• ••
••

Será i nteressante lembrar agora na perspec- Se por outro lado tivermos em conta quais
t iva do indivíduo e não do grupo em que está os factores que influenciam a esco lha da
inserido que: ve locidade do condutor, indicados no
" ... a velocidade nunca é excessiva. Os condu- Quadro 9.1, compreende-se que as motiva-
tores escolhem a velocidade que preferem e ções são diversas, sendo que o ambiente
consideram segura. Nunca escolhem uma rodoviário e o tráfego podem ser condicio-
velocidade que consideram excessiva. Assim, nantes a utilizar no domínio da engenharia.
em vez de condenar a velocidade excessiva,
devemos procurar os motivos para a escolha de
velocidade nas condições existentes." Elvik
citado em LNEC,2000.

Tráfego e ambient e rodoviário Veículo Con dutor


Tipo de est rada ou rua: largura, amplitude Tipo de veículo: Idade e sexo, tempo de reacção, atitude,
v isua l, alinhamentos, tipo e estado do potênc ia e nível procura de praze r, nível de ace itação do risco,
pavimento, visibilidade, homogeneidade de conforto em capacidade para percepcionar o risco,
Tráfego : intensidades, composição, ve loci- velocidade presença de álcoo l ou drogas circunstânc ias
dade média da viagem, o cupação do veículo
Outras: condições atmosféricas, sinalização
existência de li mites de velocidade e
existência de controle, e presença de
policiamento

Quadro
9
_ __·1..... Factores que influenciam a escolha de velocidade.

Especialmente em áreas urbanas, em que as Desde logo porque é necessário saber quais
distâncias percorridas são re lativamente as vias que merecem ser condicionadas em
ba ixas, o tempo ganho num percurso quando termos de ve locidade limite e como se
se aumenta a ve locidade em 5km/h é d imi- estabelece a esco lha dessa velocidade .
nuto. No entanto, neste caso, a motivação da A segunda questão diz respeito aos instrumen-
viagem é muitas vezes determinante. Mas o tos que devem ser adaptados, visando a eficácia
risco acrescido não compensa de certo, o dessa decisão, ou seja, como modelar o com-
ganho de tempo que se obtém. portamento do indivíduo de molde a fazer-se
cumprir essa velocidade.
Se houver um aumento de 25% da ve locidade
média praticada (por exemplo: 50km/h para Sobre este tema, far-se-á referência a medi-
62,5km/h) aumenta o risco de acidente em 50%. das ma is dirigidas a este objectivo, em vias
com tráfego de passagem significativo.
Para o gestor da v ia pública e no estrito domínio
da engenharia, pode afirmar-se que as questões
relacionadas com a escolha de velocidade tem
duas abordagens diferenciadas .


--------
=•••·= =•••= MÉTODO::; DE REDUr:,:~o DE UELOC IDADE
•••••••
•••••••• •••• ••
••

9.2 A velocidade em zonas não residenciais m


Para have r uma ace itação relativame nte ao esco lhid os em função das características
cumprim ento de um dado limite de ve loci- dessa v ia, em particu lar do seu pe rfil trans-
dade, é dete rmin ante para o condutor que versa l e dos elementos que a constituem e
sejam claros os motivos dessa limitação. caracte ri zam.
Daí que a comun icação entre o condutor e a
v ia deva ser co nv incente e também coe rente. É indispensável que exista rigor na esco lh a
Isto é, pe lo facto de uma v ia arterial se situar da ve loc idade e que se tenha conseq uente-
dentro d e um a mancha urbana, não é mente em ate nção, a hierarq ui a da v ia no
argumento sufic ient e para se li m itar a siste m a urbano.
50km/h essa artéria. Os limites devem se r

Dificilmente será aceite pelo condutor que esta faixa de rodagem, com 2x2 vias e um traçado linear de grande
extensão, sej a sujeita a um lim ite de ve locidade de 50km/h.

Com um perfil transversal de d upla faixa de rodagem e 3 vias po r sentido sem intersecções de nível, difici lmente


se torna compreens ível o uso do limite de 50km/h.
m : .: :
...... :
.••• •••
•• • •
MÉTODOS DE F.'. EDLlr:i:~O DE 1..JELOCIDADE
••••• ••• ••
••
'---- ------------
Se q ui sermos cred ibi li zar o sistema de naturalmente de adm it ir que as vias de
tráfego, é necessá ri o que haja rigor e coerên- hi erarquia superior possuam os limites
cia na ap licação dos limites de ve loc idade. A máximos de ve loc idade mais elevados.
esco lha cega de limites de velocidade traduz
fa lta de se riedade e de competência, não Semp re que razões específica s aconse lh am a
estabe lece ndo um a ace itação soc ial que é um a alteração pontual dest a regra, há que
in dispen sáve l à modelação do comporta- informar no loca l, claramente, o porqu ê
mento humano. dessa escolha e, se necessário, reforçar com
A hi era rqui a v iária é um suporte p recioso mecan ismos ad icio nais, v isa ndo a intra nsi-
para o estabelecimento de critérios técnicos gência desse cumprimento.
adeq uados à esco lh a desses limites, se nd o

9.3 A velocidade em zonas residenciais


____ .,_.
li\ll
Está internaciona lmente ace ite q ue a circula- Para além disto, investigações levadas a
ção em áreas res id enciais deve ser feita a cabo, em Inglaterra, vieram demonstrar que
ba ixa ve locidade. os sini stros se confi navam a vítim as com
ferimentos ligeiros, enq uanto, à ve locidade
De facto, muitos países da Eu ropa, nomeada- de 50km/ h, os acidentes tornam-se m ais
mente a Holand a, a Suéc ia e a A lema nh a, graves reflectin do conseq uências mortais.
adapta ram o li mite de ve locidade de 50km/h ,
para a travess ia de povoações (este t ema Estes res ultados foram, também, co nfirm a-
será abordado mais adiante). dos na Suíça, conc luindo-se que, a 30km/h,
ape nas cerca de 3% dos peões resultam em
Co ntu do, mesmo este li m ite de ve loc id ade, feridos g raves, enq uanto, a ve loc idades
face aos resu ltados dos estudos elaborados, ig uais o u superiores a 50km/h, ape nas 10%
fo i considerado dem as iado elevado. Numa dos peões sinistrados sobrevivem .
situ ação de emergênc ia, e para aque la ve lo-
cidade, a d istâ ncia de travagem necessá ri a é É claro que, em zonas residenciais, o q ue
de 33m, extensão demasiado elevada para deve est ar em causa é o conforto e a segu-
ev itar ac identes com peões. rança dos peões e eve ntu alm ente dos
utentes de ve ículos de duas rodas.
Deste modo, uma ve loc idade de 30km/h é É este o princ ipal objectivo.
hoj e v ul gar em zo nas res idenciais, em
diversos países, uma vez que, neste caso, a
distâ ncia de travagem é de apenas 16m .


....
U ••• •• •• MÉTODOS DE REDUÇ~O DE UELOCIDADE
••••••
• •
••• ••• ••
---
•• - ------------ __ m
9.2 A velocidade em zonas não residenciais m
Pa ra haver uma aceitação re lativamente ao esco lh idos em função das características
cumprimento de um dado li mite de veloci- dessa v ia, em part icu lar do seu perfil trans-
dade, é determinante para o condutor que versa l e dos elementos que a constituem e
sejam claros os motivos dessa li mitação. caracterizam.
Daí q ue a com unicação entre o condutor e a
v ia deva ser convincente e também coerente. É indispensável que exista rigor na esco lha
Ist o é, pe lo facto de uma v ia arteria l se situar da ve locidade e q ue se tenha consequente-
dentro de uma mancha urbana, não é mente em atenção, a hierarqu ia da v ia no
arg umento sufic iente para se li mitar a sistema urbano.
50 km/h essa artéria. Os li m ites devem ser

Dificil mente será aceite pelo cond utor que esta faixa de rodagem, com 2x2 vias e um t raçado linear de grande
extensão, sej a sujeita a um limite de ve locidade de 50km/h.

Com um perfi l transversal de dupla faixa de rodagem e 3 v ias por sentido sem intersecções de nível, d ificilmente
se to rn a compreensíve l o uso do limite de 50km/h.
:......
.: : .:
••• ••• MÉTODOS
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••
DE PEDLlr=-:Ao DE I..JELOC IDADE

Se qu isermos credib ili zar o sistema de naturalmente de admitir que as vias de


tráfego, é necessário que haja rigor e coerên - h ierarquia superior possuam os li m ites
cia na ap li cação dos li mites de ve locidade. A máximos de veloc idade mais elevados.
esco lha cega de limites de ve locidade traduz
fa lta de seriedade e de competência, não Sempre q ue razões específicas aconse lham a
estabelecendo uma aceitação socia l que é uma alteração pontua l desta regra, há que
indispensáve l à modelação do comporta- informar no loca l, claramente, o porquê
mento humano. dessa escolha e, se necessário, reforçar com
A hierarqu ia viária é um suporte precioso mecanismos ad icionais, visando a intransi-
para o estabe lecimento de critérios técnicos gência desse cumprimento .
adeq uados à esco lha desses li m ites, sendo

9.3 A velocidade em zonas residenciais lfl


--------~
Está internaciona lmente aceite que a circu la- Para além disto, investigações levadas a
ção em áreas res idenciais deve ser feita a cabo, em Inglaterra, vieram demonstrar que
ba ixa ve locidade. os sinistros se confinavam a vít imas com
ferimentos ligeiros, enquanto, à ve locidade
De facto, mu itos países da Europa, nomeada- de 50km/h, os acidentes tornam-se mais
mente a Ho landa, a Suéc ia e a A lemanha, graves refl ectindo consequências morta is.
adaptaram o li mite de ve locidade de 50km/h,
para a travess ia de povoações (este tema Estes resu ltados foram, também, confirma -
será abordado mais ad iante). dos na Suíça, concluindo-se que, a 30km/h,
apenas cerca de 3% dos peões resultam em
Contudo, mesmo este lim ite de ve locidade, feridos graves, enquanto, a ve locidades
face aos resu ltados dos estudos elaborados, iguais ou superiores a 50km/h, ape nas 10%
foi considerado demasiado elevado. Numa dos peões si nistrados sobrevivem.
situação de emergência, e para aque la velo-
cidade, a d istância de travagem necessária é É claro qu e, em zonas residenciais, o que
de 33m, extensão demasiado elevada para deve estar em causa é o conforto e a segu-
evitar acidentes com peões. rança dos peões e eventua lmente dos
utentes de veícu los de duas rodas.
Deste modo, uma ve locidade de 30km/h é É este o principa l objectivo.
hoj e vu lgar em zonas residenc iais, em
diversos países, uma vez que, neste caso, a
d istânc ia de travagem é de apenas 16m .


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Pode tenta r-se a implantação de li m ites de 9.3. 1 As lombas


ve loc idade, através de si na lização apro-
'--
priada ou através de documentos legais A lomba é, essencialmente, uma deformação
adeq uados, sejam posturas municipa is, do pavimento que, sendo bem concebida e
sejam dip lomas de carácter naciona l. co locada de forma v isível, resu lta numa
alteração da noção de risco do condutor. Ora,
Todavia, a experiênc ia i nternaciona l e nacio- é justamente essa alteração que dá origem a
nal tem demonstrado que não podem espe- um comportamento mais caute loso, traduzi-
rar-se grandes resu ltados, apenas através do normalmente numa redução da ve locida-
destas medidas. de praticada . A lomba pode surgir associada
a uma travess ia de peões ou de forma
Por um lado, a po líc ia d ificilmente consegue iso lada.
actuar, de forma massiva e generali zada, na
sua acção f isca lizadora. Por outro lado, uma Quando se pretende proteger apenas a
actuação sem componentes informativas travessia de peões, com ou sem passadeira,
específicas tende a ser mal interpretada e, a deformação é conceb ida de ta l modo que
deste modo, ma l ace ite. Por isso, torna-se se eleva à altura do passe io. Esta compati bi-
mais eficaz actuar pontua lmente, por lização de cotas permite que o peão, no seu
exemp lo, na proxim idade de uma esco la, trajecto de atravessamento, se mantenha a
ev idenciando este facto, ao assoc iar o lim ite uma cota constante.
de velocidade à razão q ue o justifica.
Na Holanda, por exemplo, o uso de lombas
Conseq uentemente, outras acções podem e encontra-se d isseminado sendo, muitas
devem ser t idas em conta, quando se vezes, utilizado o princípio de não rebaixar o
pretende ser conv incente e obter resultados passeio à cota da faixa de rodagem, mas, em
eficazes, neste tema a redução de ve loci- vez disso, elevar a fa ixa de rodagem à cota
dade. do passeio.

A utilização de alterações físicas associadas Por outras palavras, e em zonas de travessia


aos lim ites de velocidade parecem ser, até de peões, prefere-se dar uma espécie de con-
agora, as que garantem melhores resultados, tinuidade ao "território" do peão, fazendo
porque mode lam o comportamento do com que seja o veículo a sentir que a
cond utor. travessia sobre levada representa um passeio
que tem de ser galgado e transposto.
O recurso a lombas, perfis transversa is
red uzidos, mudanças acent uadas em planta,
do traçado da rua e restrições no campo de
vis ib ilidade (natura l mente, adequada à
ve loc idade que se pretende impor), são
instrumentos importa ntes de intervenção .
Devem ser, contudo, mu ito evidentes para o
condutor para que não se fira o princípio da
quebra de expectativa, situação sempre a
evitar.
r:. : ••••••• MÉTODOS
• • • ••••
•••••••• •••• ••••
DE F.'.EDUÇAO
j
D_E_ l._._,E_L_c_,c_:I-[-IA_[_,E_ _ _ _ _ _ _ _ _
---------

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.-,/ '...J \
y · . I I 1 \
/ ·" f __J_ \

Ê7 -r-:- r=:=J
Deformação no pavimento que se eleva à cota do passe io à direita, em contraste com uma t ravessia de peões
convencional com passadeira (à esquerda).

Lomba dissociada de uma travessia pedonal.

-
••• •••
1 .: 1 1 MÉTODOS DE PEDU1:_:Ao DE 1..JELOC IDADE
•••••••
•••••••• •••• ••
••

Lombas de forma trapezoidal dissociadas de uma travessia de peões.

Noutros países, como a Suécia, as lombas constituído por separado re s centrais (refú-
são muitas vezes associadas a locais com gios) que imped em a ultrapassagem no
grande movimentação de peões, em particu- local, diminuição da largura das v ias,
lar de crianças, ou idosos. A lomba é, neste passeios com elementos tácteis e texturas
caso, apenas um instrumento de um todo, diferenciadas.
m .....••••• ••••• MÉTODOS DE PEDUÇiiO DE 1..JELOCIDADE
•••• •• •••••
~--·-·_·_·_·_._._·_ ••••

Fig.
9.6 Local pe rigoso para a circulação pedonal com lomba.

Nas figuras anteriores identificam-se locais de particular perigosidade para a circulação pedonal (paragens de
autocarros junto a escolas) e as so lu ções de engenharia de que são alvo .


••• •••: MÉTODO::; DE F.:EDUC_:iio DE 1•.J ELOC IDADE
: .: :
•••••••
•••••••• •••• ••
••
_lm

Lomba trapezoidal de faces arredondada s sem marcação horizontal e sem estreita m ento de via. A presença da
lomba é assin alada apenas por dois postes refl ecto rizados.


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••••• ••••••• MÉTOD0:3 DE
•••
• • • ••••
•••••••• •••• ••
••
F.:EDUÇHO DE l.)ELOC IDADE

Lomba para veículos m otorizados (os ciclist as possuem pista própria pa ra circu larem lateralmente).

Pormenores construtivo e marcação de pista de cicl istas da Fig 9.9.

Lomba cuja dimensão transversa l não afecta os transportes públicos .


••• •••
1 .: 1 1 MÉTODOS DE F.'.EDU(_:HO DE UELOC IDADE
•••••••
•••••••• •••• ••
••

Pormenores de execução da lomba . Os bordos estão separados do lancil para pe rmiti r a drenagem
longitudinal.
••• •••
1 ai 1 1 MÉTODO::; DE PEDUf='·:Ao DE UELOC IDADE
•••••••
•••••••• •••• ••
••

h =10 cm

~
R=l7m

3, 7 m J 1
Faces arredondadas

h=IOcm

1...
110m
~
1
1
!
~ 3,0m
~ ~ 1 1,0m ~ L I_ _ _ _ F_ac_e_s_li_s_
as_ _ _ __J

"'
l'ô3/.i!i0 Secção t ransversa l
1
..,
01 2 m 1

20m 15m j Vias com t ráfego pesado


-....::.l.-=--=----~---' -··- ~

Lombas com vá rias concepções. Secções transversa is e longitud in ais.

Exemplos de dimensionamento destas lombas pantes, quando se utiliza a velocidade


são apresentados na Fig. 9.13, tendo também imposta ou recomendada.
em conta que as características, a co nferir a
estes elementos, dependem também da • Não provocar aumento de ruído ou
composição do tráfego, ou seja, da incidência vibrações, no interior dos edifícios
de veículos pesados e de duas rodas. próxim os.

As dimensões apresentadas elimin am o • Não permitir que os rodados dos


efeito provocado por lombas estre itas q ue, veícu los escapem aos seus efei tos,
além de g rande desconforto, se traduz em recorrendo, para isso, a d esvios de
problemas com os pneus e na suspe nsão e percurso dentro da faixa de rodagem
reflexos em toda a estrut ura dos ve ícul os. ou fora dela.
A lém destes in conven ientes, os estudos
rea lizados, com testes prát icos, dem onstra- • Perm itir que a drenagem p lu via l seja
ram que não devem se r utilizadas lombas conseguida, sem empoçamentos na
com menos de 3m. sua vizinhança.

Em resumo, uma lomba bem co ncebid a Outro aspecto importante para intervenções
deverá respeitar os segu intes requis itos: físicas, que pretendam obrigar à redução de
veloc id ade, diz respe ito à sua frequência.
• Não causar danos na viatura nem De facto, vários investigadores têm mostra-
in comodidade, para além de modera- do que uma interdistância de 50m entre
da, no condutor e nos restantes ocu-


obstáculos físicos deve ser preferida.
~ ~
•••••••
1 .: 1 1 MÉTODO::;
•••••••• •••• ••
••
DE F.'.EDLll:_/iO DE UEU_
:i_
C_I _
D_A_D_E_________ l~GÇ)
Quando as características prevalecentes na 9.3.2 As Hchicanes "
via obrigarem a distâncias maiores, estas
não devem ultrapassar os 74-100m.
A alteração do traçado do arruamento, pro-
Por o utro lado, extensões de vias superiores vocando perc ursos sinuosos, é outro modo
a 500m, com estes obstáculos físicos, de intervenção f ísica, a que vu lgarmente se
também devem se r evitadas. dá o nome de "chicane".

Aind a quanto à localização das lombas, Esta intervenção pode ser prevista, quando se
importa refe rir que a primeira sér ie de elabora o projecto do arruamento, em função
lombas sucessivas deve situ ar-se num a zona do papel q ue ele va i desempenhar no contexto
do arruamento, em que o tráfego tenha viário, isto é, de acordo com a hierarquia das
naturalmente tendência para abrandar de vias, ou desenvolvido, à posteriori, remodelan-
velocidade, o que sig nifica q ue se pretende do uma via já existente, tentando adaptá-la a
que o condutor e o ve ícu lo, que sej am um a função que ex ija uma prática de
apan hados de su rpresa, não sofram efe itos velocidades diferentes da existente.
violentos provocados pela lomba.
As "chicanes" não são mais do que deformações
Qualqu er que seja a intervenção física de traçado que obrigam à manutenção de uma
realizada, e j á iremos descrever outras velocidade compatível com a envolvente urbana
alternativas, convirá sempre identificar, com e residencial. Baseiam-se no princípio de que as
sin alização vertica l apropriada a extensão da alterações geométricas são um instrumento de-
v ia que está sujeita a este tratamento, bem terminante para o comportamento do condutor
como, obviamente, o limite de velocidade induzindo uma noção de risco acrescido vantajo-
que se pretende ver respe itado. so para a prática de velocidades moderadas.

Conce ito e aplicação prática de uma "chicane"


... ....
••• •••
1 .: 1 1 MÉTODO::; DE F.:EDUÇiiO
•••••••• •••• ••
••
- DE 1..JELOC I DFtDE

Uma r ua bastante larga permitiu o estacionamento perpendicular e a introd ução de sinuosidades no traçad o,
através de estreitamentos propositados que só garantem a passage m de um ve ícu lo de cada vez.

Este co nce ito pode ser aplicado em zonas troços linea res em segmentos alternados de
residencia is onde normalmente se pretende via que, normalmente, dão origem a ve loci-
que as velocidades sejam de 30-50km/h, mas dades mais elevadas. O tratamento superfi -
também resulta em travess ias urbanas. Em cial utili za texturas e materiais diferentes dos
capítu lo próprio abordaremos esta questão. que são característicos numa faixa de roda-
gem, aproximando-se do que é ma is usual
O objectivo da "c hicane" é transfo rmar os em zo nas exclusivas de peões.

A mesma rua com uma bolsa de estacionamento (desta vez à direita). É bem visíve l a quebra de traçado.
=
.. ..
·= = = MÉTODOS
•••••••
••• •• •• ••
••• •• ••
DE l?EDU1_::Ao DE UEl_,:_ic-:I_[_lf-1[-JE
--------~LJ
l
Deste modo, o condutor efectua manobras sentido apenas, dependendo da largura que
de mudança de direcção, que ex ig em é conferida à faixa de rodagem.
velocidades lentas, e dada a largura reduzida
da v ia, terá de obrigatoriamente ceder a Na figura seguinte caracteriza-se o desfasa-
prioridade de passagem aos veícu los em mento latera l em função da largura da via.
sentido contrário, parando, se necessário. Os valores indicados, propostos por técnicos
alemães, foram confirmados também na
As "ch icanes" podem ser concebidas para prática, por soluções concretizadas em
arruamentos com dois sentidos, ou com um Gotemburgo na Suécia.

F= Deslocamento lateral
8= Largura da via

---
E
_J

8=3,0m
15 -+---+-+--6~+--+- 8=3,5m
8=4,0
8=4,5

8=5,0

5 -+---4--'--H'---*----+--1---

0 -+"•~~+---,,-----<l----.--4-~--4-~+--~----

o 2 3 4 5 6 F(m)

Desfasamento lateral das vias em planta e sua extensão.

No caso de sentido único, a largura mínima apenas se destinam a garantir a acess ibi-
admitida será de 3 m. Para dois sentidos, a lidade local.
largura a adaptar deverá ser, no mínimo, de
4.50m. O esquema seguinte mostra um desloca-
mento simpl es e duplo. A experiência sueca
Obviamente que não se co locam questões de demonstrou que os resultados práticos de
capacidade nos arruamentos em causa, mas um deslocamento simples e de uma lomba
apenas problemas de segurança. são idênticos, ou seja, que se consegue obter
Significa, portanto, que se trata de arruamen- a redução de velocidade pretendida, quer
tos com volumes de tráfego bastante baixos, com uma, quer com outra solução.
isto é, incluídos em zonas residenciais e que


=••• •••
·= = = MÉTODO::;
•••••••
•• • •
••••• ••• ••
L _ _ _ _ __
••
DE PEDUr:,lio DE I..JELOC IDADE
_ __
_ ]
Grau de
inconveniência
Duplo
Maior 5 1--- ---+- -- - t - - -- -+-------::,,..-t-

Deslocamento (desfasamento) simples

0,2m

10m ~ E
- -- - -----+I l{)
Menor L___ _ _ _ ,_ _ ___.__ __ ..J...__ ____Jc_

~
0
20 30 40 50 60 Km/h

Efeito de deslocamentos simples, duplo


(vias com 5m de largura) e de lomba. Deslocamento (desfasamento) duplo

0,2m

10m 10m

~1
Desfasamento latera l das vias em planta e sua extensão.

Qua nto à so lução de "ch icane", com deslo- dade, quando comparado com a alternativa
camento duplo, demonstra -se que repre- lomba.
senta menores inconvenientes para o utente Contudo, o deslocamento duplo representa
motorizado, co nseg uindo melhores resu lta - grande inconveniente para os veícu los
dos, no que se refere à redução de ve loci- pesados.

Desfasamento lateral das v ias em plant a e sua extensão


••• •••
1 . 1 1 1 MÉTODO::; DE PEDU1:_:iiO DE l.JELOC IDADE
•••••••
•••••••• •••• ••
...______ _ _ _ _ __
••
w

Desfasamento rea lizado com floreiras amovíveis.

Importa reter que o tipo de obstácu lo a rodagem e a importância da largura da faixa


impl antar, para a concretização destas de rodagem, em particu lar em áreas
so luções, tem muito a ver com a envo lvente urbanas.
urbana, eng lobando conceitos de estética e
de paisagismo, de modo a não constituir Vários autores referem claramente que a
uma so lução visivelmente desenquadrada. velocidade dos veículos se relaciona com a
Devem, todavia, criar uma impressão de largura da faixa de rodagem.
estre itamento maior do que na realidade é.
Por isso, experiências foram realizadas, no
O uso de vegetação, nomeadamente de sentido de reduzir a largura da via, quer em
árvores, torna estes obstáculos mais visíveis extensão apreciável e de forma contínua,
e reforça a noção da ex istênc ia de quer pela introdução de pequenos troços
impedimento sobre a faixa de rodagem. estreitos e interva lados.

Este método torna-se espec ial mente vanta-


joso, quer sob o ponto de v ista da redução de
9.3.3 Estreitamentos da faixa de velocidades, quer por permitir que, quando
rodagem ap licado em zonas de atravessamento de
peões, estes tenham menos extensão de
faixa de rodagem para atravessar.
No cap itul o 6 foram já abordados aspectos
relacionados com a envo lvente à faixa de
=- - ..
·= = = MÉTODO'.:;
.....
•••••••
••• •• •• ••
DE REDUr::,:Ao OE l.)ELOC IDADE
- ~
J
100
90
80 L= Largura da Via
70
60
50
40
30 L=13,5m
20 L=6,4m
Percentagem de condutor es que
circulam a velocidades superiores
10 a 30, 40 e 50 km/h, em ar ruamen-
L=3,4m
0 tos residenc iais de diferentes
20 30 40 50 Km/h larguras.

A velocidade em função da larg ura da v ia

Ex iste m du as form as de co ncreti za r as Esq uem atiza m -se também, apenas a títul o
restrições de larg ura: apenas num dos lados exem p li fi cat ivo, as larg uras m in 1mas
da fai xa, ou nos do is lados. Quanto às in d isp ensáve is, em f unção do t ipo de
larg uras de v ia, que devem se r adaptadas, o v eículos em jogo.
Qu adro se guinte co ntém os v al ores
adeq uados.

Largura da fa ixa (K)


Larg ura
Red ução Redução
v ia (8 )
Ass im étrica Sim étrica

Com passagem
si mu ltânea 3,0 m 4,5 - 6,0 m > 6,0 m

Sem passagem
simultâ nea 5,5 m 7,0 - 8,5 m > 8, 5 m

Sem pass. simu lt.


e refúg io central 3,0 m > 7,5 m

__
Quadro
9__.
2· Dim ensões reco mendadas para o estreitamento de v ias

-
••••• •••••••
••• DE PEDUÇHO DE t.)ELOC IDADE
• • • ••••
•••••••• •••• ••
••

Sem redução de largura e com lomba.

Redução simétrica de largura através da introdução de separador centra l (lado esquerdo) e refúgio (lado direito).

Redução assimétrica sem sepa rador.

Exemplos de redução de larguras de via com e sem separadores.


m .......
••• •••
1 .: 1
•• •
1 MÉTODO::; DE F.'. EDUC_:Ao DE t..JELOC IDADE
••••• •••• ••
••
'------ - - - - - - - -

Convirá in cluir, se mpre que ex istam Por outro lado, as marcas rodoviárias são
restrições de largura, sinalização vert ical e especialmente úteis, para evidenciar lombas.
horizo ntal adeq uadas, especialm ente para É hoje prática corre nte, no nosso país, o uso
balizamento. Daí que as balizas verticais, na de um a quadrícu la de 0,50m de malha, ta l
cor ama rela e preta (ca racterísticas de como se indica de segu id a.
sinali zação definitiva), sejam especialm ente
destinadas a esta função.

. ~: :. .:... :·" ... '. ·:·,. ~ .·. ... ,:

=---

·. ...·.. ·'[1 ,··., jl~_-


50 50
_., ,·._-, -<--··:~·.::.- ···
. ·. . . ..· _: .
Si nal ização horizonta l para evidenciar obstácu los.
•••• ••••••••
•• ••••
••
•••• •••••••••
AS TRAUESSIAS URBANAS
•••• .•••••.••.•••
1 .1 H-,-.
.::, TRAVESSIAS URBANAS

•••
••
• ••• •• J
Enquanto os métodos de intervenção em Mas também e sobretudo, pela confl itu al ida-
Zonas Residenciais correspondem a acções de resultante da prática de ve locidades que
curativas, mas com fortes possibilidades de são ind esejáveis perante outros utilizadores
se situarem também na esfera preventiva, em especial, os utentes de alto risco.
uma vez que no planeamento e concepção Rea lmente, a velocidade está presente em
dessas zonas se poderão, à partida introduzir muitos dos problemas suscitados nas
medidas desse género, já no que se refere a travessias urbanas, constituindo questões de
Travessias Urbanas, o cenário é substancial- primeira prioridade. É que, segundo os
mente diferente, porque se pressupõe a sua Proceedings of Paris Conference, NOV99
ex istência e, portanto, o tipo de intervenção ECMT:
é manifestamente curativo.
É neste caso, que vulgarmente e com mais • A velocidade afecta não apenas o
propriedade se utiliza a designação" Acalmia risco de acidente mas as consequên-
do tráfego" proveniente do ingl ês, traffíc cias do acidente;
calming, embora se reconheça que os • A velocidade não é reconhecida
métodos de redução de ve locid ade tratam, como factor de perigo;
justamente, como é explicitado no cap ítulo 9, • O efeito da velocidade na segurança
um conjunto de recomendações cuja finali- é exponencial;
dade pretende reduzir e controlar a velocida- • A velocidade é a variável comporta-
de praticada pelos veículos motorizados em m ental chave na segurança;
zonas residenciais. • A redução de velocidade tem um
efeito im ediato na segurança.
As peculiaridades que emergem no domínio
das travessias urbanas justifico u um capítulo Estas afirmações são suficientemente im por-
próprio para o tratamento detalhado deste tantes e ju stificativas da necessidade de
problema. modelar velocidades, ou seja, consolidam os
conceitos técnicos que se introduzem neste
A estrutura dos ag lomerados urbanos indu z capítu lo.
e impõe deslocações quer de peões, quer de
outro tipo de utilizadores, face à existênc ia Até aos nossos d ias, não ex iste, no
de actividades económicas e sociai s que na denominado mundo civi lizado, nenhum país,
s ua maioria se desenvolvem de forma por mais evo luído ou mais desenvolvido
dispersa. econom icamente, que tenha resolvido
completamente o problema das Travessias
Mas, é geralm ente o tráfego de passagem Urbanas, no contexto em que ele está aqui a
que entra em conflito com a vida do tecido ser ana lisado.
urbano, não apenas pelos impactos que ao
nível ambiental ocasionam, designada- Será, portanto, utópico pensar que, no nosso
mente: país, se pode resolver, nos próximos anos,
nomeadamente à custa da concretização de
• A poluição atmosférica; variantes às v ia s rodoviárias existentes, este
• O ruído; problema, o que signifi ca que terão de
• A vibração; adoptar-se alternativas eficazes, no sentid o
• A intrusão visual. de atenuar signifi cativamente o número de
• •••
~
•• = •d• AS TRAUESSIAS URBANAS
••••

••• •••••••••

vítimas suscitadas por esse conflito latente 2. º Outro caso, em que há que fazer coexistir
entre peão e veícu lo. o tráfego de passagem rodoviário com a
circu lação urbana, seja de peões, seja
As medidas curativas são, normalmente, motorizada.
mais onerosas, do que as preventivas, mas
certamente menos onerosas, do que as que 3. º E, por úl tim o, a circulação de alternativas
envo lvem a resolução definitiva desta ques- viárias exteriores à povoação, mas que se
tão, como as variantes rodoviárias. É que arti cul em com esta através de ligações
mesmo neste último caso, a existênc ia de apropriadas. Em suma, o estabelecimento de
uma variante, obriga a uma adaptação da variantes, que tenham em conta, quanto à
travessia a uma envo lvente mais urbana e sua implantação, as perspectivas de cresci-
menos "estradal". mento urbano e a sua coerente articulação
com os planos urbanísticos.
Isto signifi ca, portanto, que podem cons id e-
rar-se três abordagens formas diferentes do Estes três casos possíveis estão represen-
problema. tados esquematicamente, de modo a
traduzir-se, graficamente, a rea lidade das
1. º A existência de uma travessia urbana, situ ações equacionadas.
que privilegia nitidamente o tráfego motori-
zado, e sobre o qual não se exercem
pressões significativas da vida urbana
envolvente, nomeadamente, de peões.

o
o
zona urbana
o
o
zo na urbana zona urbana

o
D
D
Caso A Caso B Caso C

Travessias urbanas. Três filosofias possíveis .



ª1
•••
•• •1•••.1•• A::; TPAUE::S IAS UF.:E:AMAS

••• ••••••• ••

Cabe aq ui fazer algumas referências ao caso eventualmente, sejam gerados e atraíd os


B, um a vez que se trata daquele que mais pelas duas meias áreas do tec ido urbano
prob lemas represe nta sob o ponto de v ista ind icado, não darão origem a confl itos.
da seg urança rodoviária e, ass im, do co nflito
peão-ve ícu lo. O caso C, ta l como se referiu , nem sempre
pode ser adaptado, devendo obviamente ter
Obviamente qu e, o caso A pressupõe uma em co nta o planeamento urbano, sendo da
can alizaçã o comp leta dos veícu los que competência do projecto de traçado e da
constituem o tráfego de passagem e, quer o análi se dos Impactos Amb ientais causadas
tráfego urbano, qu er o de peões qu e, pe las várias altern at ivas.

10.1 Características do tráfego e velocidades

As característ icas e composiçã o do tráfego, neste f enómeno, devendo ser adaptada à


que uti liza uma intra-estrutura, podem se r ve locidade ad mi ssíve l para a travess ia
variadas, e as m ed idas, que vi erem a ser urbana, isto é, aque la que garant e a
apontadas mais ad iante, deverão se r encara- coexistê ncia dos vários utentes da v ia, sejam
das à lu z dos padrões de vari ação. motorizados ou não, com um máximo de
seg urança.
Co ntudo, e num a perspectiva de hiera rqui za-
ção, co nsidera-se extremamente difícil esta- É que a g ravidade dos acidentes está em
be lecer, com ba se nas intens id ades de re laçã o directa com o aume nto de ve loc i-
tráfego, um esq uem a que, articulado com a dade, correspondendo a ve loc idades mais
tipolog ia ca racterística da povoação, defin a eleva das acidentes mais g raves.
um c ritério particu lar de intervenção.
Não podemos esq uece r q ue, em zonas
De facto, nem sempre os maiores vo lumes urbanas, a existê ncia de peões e crianças,
de tráfego são caracter izadores de um isto é, de utentes de alto risco, introd uz um
cenário de perigosidade, da mesm a m aneira factor de pond eração acresc id o e que merece
que ba ixos vo lumes de tráfego não são atenção especial.
sinónimo de ausênci a de pro bl em as.
Quanto à composição do t ráfego, diremos
Efectivamente, os volumes de tráfego e a sua que são aspectos de rea lce, devendo as
composição estão em conjunção com um m ed idas g lobais a adoptar estabelecer
parâmetro importante, que é a ve locid ade, propósitos esp ecíf icos para atende r, por
muito embora se saiba que esses mesmos exe mplo, à segregação de ve ícu los pesados
volumes e a composição do tráfego possuem ou de ve ícu los de duas rodas, quando as
influência decisiva na ve locidade que se pratica. suas intensidades o justificarem, ou quando
a aná li se do s aci dentes revelar va lores
Deste modo, é a ve loc idade facto r dominante expressivos.


~
• ••• AS TRAUESSIAS URBANAS
li]_ ••

•••
1 d
••
•••••
••••••
••

Uma pergunta que, no entanto, se coloca • O tráfego não deve exceder os 8.000 v/dia;
com frequência diz respeito a que locais se • O tempo que demora a travessia não deve
aplica este conceito. A população da povoa- exceder os 10 minutos.
ção é irrelevante? O tráfego de atravessa-
mento também? De todo o modo, importa não esquecer o
A resposta é dada em função da experiência aspecto nuclear do prob lema. Pretende-se
de outros países e pode sintetizar-se a título encontrar soluções, que de forma equ ilib ra-
de recomendação da seguinte forma: da tendam a protege r os mais vulneráve is e
co nseq uentemente, el i m in em os mortos e
• A população da travessia urbana não deve reduzam sign ificativamente o numero de
exceder os 5.000 habitantes; vítim as e a sua gravidade.

Exemplo de uma secção de uma travessia urbana devidamente organizada.

10.2 As _
medidas ~
_ _ _ m,
Dir-se-á, portanto, que zonas urbanas, que se função da própria travessia e deverá estar
afirmem natura lmente como tal, exercem sobre sempre em conformidade com as adaptações
o tráfego um ef eito de ab randa m ento de físicas qu e se introduzirem.
velocidade. Este abrandame nto pode, no Na maior parte das travessias urbanas não se
entanto, não ser suficiente para o patamar de faz sentir a afirmação da mancha urbana,
seg urança que se pretende atingir. Por isso, o mantendo a v ia características de estrada.
Caso B se torna tão comp lexo de gerir. Esta Nos casos em que essa afirmação não se
circunstância de se tratar de uma Travessia manifesta, importa criar um meio f ísico que
Urbana não conduz necessariamente a proporcione os mesmos resultados, de modo a
ve locidades limite de 50km/h. Essa ve locidade, obter-se a redução de velocidade pretendida, a
embora definida como adeq uada em zonas qual não se conseg ue obter simplesmente,
urbanas, pode ser aumentada ou diminuída em através das limitações impostas por sinalização.


• •••
•:
••

•••
1 .: A'.:: TPAI..JE:::::; IAS UPE:At·rnS
••
•••••
••• •••••
lm

Fig.
10.3 As imagens anteriores, relativas a vias urbanas, não possuem m ecanismos que permitam modelar o
com portament o do cond utor. A sina lização vertical de 30km/h só por si não é eficaz para contrariar a
geometria da via q ue é indutora de ve locidade.

Portanto, é através da harmoni a q ue se atempada mente consc1encia da mudança e


conseg ue, entre a área edificada , tipo log ia, reagir, redu zindo a sua v eloc idade de
volumetria e densidade, a estética do conjunto circu lação.
e a mod ificação, a que se deve submeter a
estrada, no sentido de a transformar em rua, Os m étodos a empregar variam de país para
que surgirão efeitos pos itivos na red ução da país, e até de região para reg ião, pelo que se
velocidade. torna d ifícil estabe lecer com rigor um a lei ou
mesmo uma norma bem definida para as
Mas, é preciso dar aos o lhos tempo para ver, acções a emp reender.
de m odo que o co ndutor possa tom ar


•1
• •••.1 A::;
•• •1•••

••
••• ••••••
• ••
TF.'.fil..JE::;S IA::; UF.:E:At·-IA::;
___ l
Contudo, é possível apontar, como recomen- sin uosos. Quebra de grandes distâncias de
dação, algumas medidas refere ntes às visibilidade.
alterações a introduzi r no meio físico, cada
vez mais comuns e eficazes, em países da 6. Disciplina dos percursos dos peões. Evitar
Europa ce ntra l. travessias disseminadas, mas considerá-
las com frequência e com cri téri o na
localização.
Alterações no meio fís ico para uma
maior afirmação da zona urbana. 7. Discip lin anos acessos secundários.
As dez medidas Gestão integrada das circulações e das
intersecções com a rua p rin cipa l.
1. Definição de uma zona de transição, à
entrada da povoação. 8. Criação de zonas de parqueamento lateral
Efeito de "portão". e restrições ao estacionamento ilegal.

2. Introdução de passeios, para defin ir os 9. Iluminação pública.


"territórios" dos vários utentes.
10. Recurso à vegetação e à cor.
3. A lteração das características do piso.
M elhoria da aderência e tirar, se possível, O uso de sinalização vert ica l, adequada a
partido do efeito sonoro. evidenciar a travessia urbana e a regu lar o
comportamento do co ndutor, quer no que se
4. Reduções da largura da fa ixa de rodagem refere à ve loc idade adm it ida, quer em
e das vias de tráfego. re lação ao estacio namento e à orientação
viária, são aspectos igua lmente ind ispe nsá-
5. Aproveitamento ou criação de traçados veis.
•: 1::=1 A::;
.1. . . ..
TPAUE::SIAS UF.'.E:A-t·~A- ::; - - - - - - - - --=1il
[
__··_·_ .. ------------ --- - - - - --

- Zona de amortecimen to de
velocidade, na entrada oposta,
utilizando uma rotunda

1
1
1
1
1
1
1
1 1

1001~!001~ Disciplina dos


acessos e protecção
1 das viragens à
1 esquerda
1
1
1
1
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1
1
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I
1

Efeito de "portão", à entrada


''
1
1
da povoação, utilizando
vegetação

"Chicane" e separadores,
para apoiar a atravessia
de peões

- Efeito portão

Conceito e aplicação prática de uma "chicane"

Tão indi spensáve is quanto a fisca lização na Fig.10. 4 anterior, as so luções recome nda-
policia l, são as med idas restriti vas post as em das, as qu ais v irão a se r ilu stradas m ais
prática e as acções de sensibilização. adiante.
Em esqu em a aprese nta-se de form a sintét ica


1f>i ....
~
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• 1•••.: AS TF.:At..JE::;S IA::; UF.:E:At-~AS
•• ••••
••• ••••••
••

De seguida, apresentam-se alguns exemplos para definir a entrada de uma Travessia Urbana.
de ap licação q ue evidenciam os princípios Contendo elementos escultóricos marcantes e
enunciados, chamando-se a atenção para o com uma gestão espacial adeq uada a diferen-
facto de os mesmos deverem ser tes utilizadores, de preferência com um mínimo
ponderados, caso a caso, de molde a de vias no ane l centra l, mas sempre,
encontrarem-se as fórmulas mais adequadas natura lmente, em consonância com o número
à rea li dade, q ue se encontra suj eita a estudo. de vias nas entradas, são so luções de eleição
que merecem em geral a aceitação das
As rotundas são equ ipamentos importantes populações.

Foto 1

Foto 2
..1.
•• ••••••••
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Tr:,H- 1 IE·-··=· I H
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Foto 3
Fig.
10.5 Uma rotunda à entrada de uma travessia urbana(foto1). Uma única via no anel cent ral e espaço adicional em
calçada, para a giração de veículos pesados. A pista de ciclistas encontra-se afastada do anel central e bem
marcada em sina lização horizontal (foto3).

As so luções q ue m arcam a entrada da de "portão" associadas ou não a rotundas.


travessia urbana podem reforçar a imagem

Fig.
10.6 Efeito de "portão" executado com materiais leves e suficientemente protegido da faixa de rodagem. O símbolo
de povoação está acoplado aos painéis frontais.


•:• 1•••.: AS T rr:.

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• ••
• •••••••
••• ••
r:,H ._,._, I H- ·._,
- 1...IE·=··=· =·

Neste caso, o efeito de "portão" é conseguido com uma passagem superior entre dois edifícios. Reforça-se,
deste modo, a noção de entrada na zona urbana. Um separador central em ca lote esférica constituído por outro
material (calçada em pedra) é útil para impedir a u ltrapassagem e aj uda à redução da largura das vias.

A co loração do pavimento é também um visualmente a entrada (Fig.10.7).


aspecto important e porq ue ajuda a m arcar

Uma imagem idêntica para a saída da travessia urbana ajuda a marcar o local a partir do qual não se colocam


restrições especiais. A sinalização é sóbria e regulamentar. Não há lugar a agradecimentos por bom
comportamento do condutor.
• : •••.: A::;
•: Ti:;::AI..JE:: S IA::; UPE:1=tt-~A::;
•• ••••
••
• •
••• •••••• ••

Na zona de transição, podem usar-se refúgios para denunciar a proxim idade da zona urban a associando, desde
logo, um limite de velocidade.

A anteceder a secção que denuncia o na denominada zona de transição, tal como


"portão", o condutor é confrontado com foi definido no ponto 1 anterior, relativo às
refúgios centrais que denunciam a presença Dez Medidas.
de peões sem que e les efectivamente
existam. A razão é simp les: trata-se de um Já no interior da mancha urbana a estrada mu-
equ ipamento característ ico de zonas urbanas da de características. Os refúgios mantêm-se,
que im põe uma alteração (deformação) do agora com uma superfície executada com ca-
traçado com ligeira redução de ve locidade, lhais rolados, que desencorajam o uso pelo
antecipando deste modo a presença da peão. A sua configuração ajuda à deformação
entrada na travessia urbana. do traçado, as vias tornam-se mais estreitas e
Trata -se, em suma, de preparar o condutor surgem passeios e pistas de ciclistas.
• •••

m •:

••
•••
1 .: AS TF.'.AI..JE~:;S I 1=is UF.:E: AMAS
••••••
•••••••••

Refúgio não utilizável por peões e colocação de arvores em fiada pa ra marcar verticalmente a presença
do refúgio dando cor à envo lvente urbana.

O calhau rolado reveste frequentemente as superfícies que não devem ser usadas pelos peões. Torna-se


desconfortável também para os ciclistas e remete estes utilizadores para o loca l correcto de atravessamento .
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TRAUESSIAS URBANAS

Fig.
10.12 Alteração das caract erísticas do piso vistas pelo conduto r. Ponto 3 das Dez Medidas.

A alteração das características do p iso na fig .10.1 2 apresenta-se um exemplo d e uma


Travess ia Urbana tem efe itos muito positi- travessia urbana em qu e além do efeito j á
vos. Trata-se de uma das Dez Medidas (ponto refe rido, se manté m em continuidade, um
3) que po ss ui reflexo s também importantes passe io de ca da um dos lados da faixa de
na ade rência e no impacte visua l. Na rodagem .

Secção de uma travessia urbana co m passeios laterais e pistas de ciclistas sobre-elevadas. A fa ixa de rodagem
possui u m separado r em calote, que reduz a largura das vias de tráfego e elim ina a ultrapassagem.
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A redução das v ias de tráfego pode ser formas não fisicamente material izadas de o
executada de várias maneiras. A introdução fazer. O uso da cor como na foto 2, é um bom
de um separador centra l é a so lu ção mais exemp lo de garantir a mesma noção de
comum, mas podem até se r utili zadas outras estre itamento.

Foto 1 Foto 2

Foto 3

Três so luções para obter o efeito de estreitamento identificado no ponto 4 das Dez Medidas.

A anul ação de grandes distâncias de visib ili- necessá rio manter uma ve locidade que pode
dade é um dos aspectos ma is importantes na variar de 50km/h, até 30 km/h consoante a
red ução e manutenção da ve locidade num a envo lvente urbana. Os traçados sinuosos
Travessia Urbana. A amp litude visual tem (ponto 5 das Dez Medidas) constitu em uma
efe itos determ in antes na esco lh a da ve loc i- boa solução para este fim.
dade do cond utor. Bem dentro da travess ia é


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Quatro v istas diferentes de um m esmo local. Via de sentido ún ico com "ch icane" . A fa ixa de rodagem torna-se
sinuosa apen as com a introdução de ilhas laterais e estacionamento longitudinal. A sinalização horizontal e o
pavi mento co ntra stante co ntribuem para o efeito. Os passe ios e as pistas de ciclistas não são alte rados na sua
linearidade.
•••• 1•••.1 AS TRAVESSIAS URBANAS
•• ••••
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Foto 3

Foto 4
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1•••.: AS TRAUESS IAS URBAt~AS
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Foto 5

Foto 6

Foto 7

Vários exemplos de "ch icanes" introduzidas em fa ixas de rodagem com dois sentidos (fotos 1 a 7) . A sinalização
horizontal é indispensável na transm issão da mensagem da velocid ade limite.
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A disciplina dos percursos pedona is é outro • Constituem obstácul os que permitem
aspecto a ter em conta. Corresponde ao delinear percursos sinuosos;
ponto 6 das Dez Medidas. Este aspecto está • Servem de refúgio para os movimentos de
muitas vezes associado ao ponto 7, isto é, a tráfego para viragem à esquerda;
uma gestão adequada dos acessos secundá- • E são ainda zonas de paragem para os
rios. A introdução de separadores centrais peões que atravessam deste modo em
nestes casos, possu i vantagens mú ltip las: duas fases, a via principal.

Exemplo de separador centra l que serve de refúg io ao peão. Sublinhe-se o gradeamento lateral que garante u ma
circulação do peão, protegida e disciplinada (ponto 6 das Dez Med idas).

Separador central que protege uma viragem à esquerda para um acesso secundário e suporta também um local
de atravessamento pedona l (ponto 7 das Dez Med idas) .



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Foto 1 Foto 2

Foto 3

Foto 4

O estacionam ento lateral em zo nas de forte vocaçã o come rcia l é indi spen sável (foto 1 e 2). O est acionamento
lateral dos dois lados contribui para a redução da largura da fai xa de rodagem, quando necessário (foto 2).


A presença de uma pista de ciclistas impede naturalmente o estacionamento lateral dos dois lados da v ia (foto3) .
Ponto 8 das Dez Medidas.
•1

•••
•••
•••
1 .1 AS TRAl.)ESE I A:3 UF.:BAt·~A::;
••
••••
•••••••
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Foto 1

Foto 2
Fig.
10.20 A iluminação pública desempenha um papel essencial em Travess ias Urbanas. Ve r e ser visto é um paradigma
da segurança. Em particular, nas rotunda s aplicadas como equipamento "portão", a iluminação é decisiva para
a identificação do espaço envolvente (ponto 9 das Dez Medidas). Do mesmo modo, a co r é elemento d issuasor,
por vezes, e identificador de territórios diferenciados, como acontece na foto 2 em que é utilizada para a
marcação de uma pista de cic listas em redor da rotunda (ponto 1O) .


.
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•• 1•••d AS TRAUESSIAS URBANAS
•••
•••
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••

A cor é suporte fundamental na caracterização do espaço ur bano. Haja ou não veícu los automóveis .


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