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PLANEJAMENTO

URBANO E REGIONAL

AULA 02

HISTÓRIA DO PLANEJAMENTO URBANO NO BRASIL

- PROFESSORES -
EDINARDO LUCAS
LÚCIA MORAES
No final do SÉCULO XIX, com o declínio do trabalho escravo, as cidades
de São Paulo e Rio de Janeiro, em especial, passaram a receber grandes
contingentes de imigrantes europeus e de ex-escravos, atraídos pelas
oportunidades de trabalho assalariado.
No Rio de Janeiro,
entre 1872 e 1890,
a população duplicou,
passando de 274
mil para 522 mil habitantes.

A explosão demográfica e,
sobretudo,
o aumento da pobreza
faz multiplicar as ocupações
em habitações coletivas precárias.
Os problemas urbanos são agravados refletindo em questões sanitárias.
Neste período eclodiam as violentas epidemias de febre amarela, varíola
e cólera-morbo.
SÉCULO XX
um século de guerras e reconstruções no mundo,
um século de industrialização e urbanização no Brasil

“Foi sob a égide dos PLANOS DE EMBELEZAMENTO que surgiu o


planejamento urbano brasileiro. (VILLAÇA, 1999, p. 193).
‘’Eram planos que provinham da tradição européia, principalmente,
e consistiam basicamente no alargamento de vias, erradicação de
ocupações de baixa renda nas áreas mais centrais, implementação
de infra-estrutura, especialmente de saneamento, e ajardinamento
de parques e praças’’ (VILLAÇA, 1999; LEME, 1999).

Na época também cita a criação de uma legislação urbanística


nesses planos, bem como a reforma e reurbanização das áreas portuárias.

Além disso, geralmente se limitavam a intervenções pontuais em áreas


específicas, na maioria das vezes o Centro da cidade.

O principal representante desse período foi o Engenheiro Saturnino


de Brito, que realizou planos de saneamento para várias cidades brasileiras.
Em algumas delas, os planos também incluíam diretrizes para a expansão
urbana, como foi o caso em Vitória (1896), Santos e Recife (1909-1915).
No início do sec. XX o Presidente Rodrigues Alves e o prefeito do
Rio de Janeiro, Pereira Passos, iniciam um grande projeto sanitário,
pondo em prática uma ampla reforma urbanística.
A Favela Vai Abaixo
Sinhô

Minha cabocla, a Favela vai abaixo


Quanta saudade tu terás deste torrão
Da casinha pequenina de madeira
que nos enche de carinho o coração

Que saudades ao nos lembrarmos das promessas


que fizemos constantemente na capela
Pra que Deus nunca deixe de olhar
por nós da malandragem e pelo morro da Favela
Vê agora a ingratidão da humanidade
O poder da flor sumítica, amarela
quem sem brilho vive pela cidade Isto deve ser despeito dessa gente
impondo o desabrigo ao nosso povo da Favela porque o samba não se passa para ela
Porque lá o luar é diferente
Minha cabocla, a Favela vai abaixo Não é como o luar que se vê desta Favela
Ajunta os troço, vamo embora pro Bangú No Estácio, Querosene ou no Salgueiro
Buraco Quente, adeus pra sempre meu Buraco meu mulato não te espero na janela
Eu só te esqueço no buraco do Caju Vou morar na Cidade Nova
pra voltar meu coração para o morro da Favela
A demolição dos cortiços e a ausência de uma política habitacional
induz à ocupação das áreas periféricas, morros e fundos de vale.

1º Ciclo de Favelização
PLANOS DE CONJUNTO 1930 | 45

Aos poucos, os planos passaram a incluir toda a cidade,


e a se preocupar com a integração das diretrizes para todo
o território do Município, e não apenas para algumas áreas
específicas. Buscam a articulação entre o Centro e os bairros,
e destes entre si, através de sistemas de vias e de transportes
(LEME, 1999, p. 25).

As vias não são pensadas apenas em termos


de embelezamento, mas também em termos de transporte.
(VILLAÇA, 1999).
Os principais representantes desse novo tipo de plano, ambos de 1930 é o
Plano de Avenidas de Prestes Maia para São Paulo e
o Plano de Alfred Agache, para o Rio de Janeiro.
GETÚLIO VARGAS
IAPS - INSTITUTOS DE APONSENTADORIAS E PENSÕES
FCP - FUNDAÇÃO CASA POPULAR
DEPARTAMENTO DE HABITAÇÃO POPULAR DA PREFEITURA DO DISTRITO FEDERAL

REIDY - PEDREGULHO - 1947


JK - 50 ANOS EM 5
Saudosa Maloca (1951)
Adoniran Barbosa

Si o senhor não está lembrado Mato Grosso quis gritá


Dá licença de contá Mas em cima eu falei:
Que aqui onde agora está Os homis tá cá razão
Esse edifício arto Nós arranja outro lugar
Era uma casa véia
Um palacete assombradado Só se conformemo quando o Joca falou:
"Deus dá o frio conforme o cobertor"
Foi aqui seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca E hoje nóis pega a páia nas grama do jardim
Construímos nossa maloca E prá esquecê nóis cantemos assim:
Mais, um dia Saudosa maloca, maloca querida,
Nem nóis nem pode se alembrá Dim dim donde nóis passemos os dias
Veio os homi cas ferramentas feliz de nossas vidas
O dono mandô derrubá Saudosa maloca,maloca querida,
Dim dim donde nóis passemo os dias
Peguemo todas nossas coisas feliz de nossas vidas.
E fumos pro meio da rua
Aprecia a demolição
Que tristeza que nóis sentia
Cada táuba que caía
Duia no coração
No início da década de 1960, vários problemas sociais emergem nas
cidades brasileiras – ambientais, de mobilidade e por falta
de acesso a equipamentos públicos, possibilitando um clima de
reformas no País, entre elas a reforma urbana.
Mas, em 1964 este período de reformas sociais no Brasil é
interrompido pelo golpe militar, que instala uma ditadura de 21 anos.

Esta ditadura, no sentido de coibir as manifestações pela


reforma urbana, cria o SERFHAU, que tem como objetivo principal
fazer o planejamento das cidades brasileiras.

Este planejamento foi realizado de maneira centralizada,


sem participação de representações sociais, ou seja, de maneira
totalmente condizente com o momento político da época.
Após várias tentativas de promoção habitacional para a
baixa renda, em 1964 o governo militar cria também o Banco
Nacional de Habitação (BNH), mas permanecem ainda sem respostas
equivalentes às demandas por moradia.
BNH (1964- 1986)
CONJUTO HABITACIONAL CECAP ZEZINHO MAGALHÃES PRADO 55 mil habitantes ARTIGAS | FÁBIO PENTEADO | PAULO MENDES
A insuficiência do modelo
de planejamento, da precária
instalação de infraestrutura urbana
e do atendimento às
demandas habitacionais,
materializando problemas
decorrentes do modelo de
urbanização levam a um
2º Ciclo de Favelização
No início da década de 1980, com a redemocratização brasileira,
o Movimento Nacional pela Reforma Urbana retoma suas discussões
e mobilizações, aprovando na Constituição Federal de 1988
os artigos 182 e 183 – função social da propriedade e da cidade,
gestão democrática da cidade e o direito à cidade e à cidadania.

Estes artigos podem ser entendidos como um importante marco normativo


de efetivação da luta dos movimentos sociais pela moradia e atuação
do que veio a se tornar o
FÓRUM NACIONAL PELA REFORMA URBANA (FNRU)
Porém, esta grande conquista alcançada ainda não foi suficiente para
trazer igualdade no direito às cidades da década de 1990, nem em
seu processo de planejamento, que continuou sendo realizado apenas
para ajustar as cidades a um modelo excludente de sociedade,
priorizando a instalação de infraestrutura, equipamentos e serviços públicos
apenas a áreas estrategicamente escolhidas das cidades.
A Cidade
Composição: Chico Science

...
E a cidade se apresenta centro das ambições
Para mendigos ou ricos e outras armações
Coletivos, automóveis, motos e metrôs
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs

A cidade não pára, a cidade só cresce


O de cima sobe e o de baixo desce
...
A cidade se encontra prostituída
Por aqueles que a usaram em busca de saída
...
No meio da esperteza internacional
A cidade até que não está tão mal
E a situação sempre mais ou menos
Sempre uns com mais e outros com menos
SÉCULO XXI

2001 - ESTATUTO DAS CIDADES


2003 - MINISTÉRIO DAS CIDADES
- I CONFERÊNCIA NACIONAL DAS CIDADES
- IMPLANTAÇÃO DOS CONSELHOS DA CIDADES
2006 - PLANOS DIRETORES PARTICIPATIVOS
2008 - PAC - PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA
2010 - PLANOS DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
2013 - PLANOS DE SANEAMENTO E RESÍDUOS SÓLIDOS
LEME, Maria Cristina da Silva. A formação do pensamento urbanístico no Brasil: 1895-1965.
In: LEME, Maria Cristina da Silva; FERNANDES, Ana; GOMES, Marco Aurelio Filgueiras (org.)
Urbanismo no Brasil 1895-1965. São Paulo: Studio Nobel/FAU USP/FUPAM, 1999.

VILLAÇA, Flávio. Uma contribuição para a história do planejamento urbano no Brasil.


In: DEÁK, Csaba; SCHIFFER, Sueli Ramos (org.) O processo de urbanização no Brasil.
São Paulo: EdUSP, 1999. p. 169 – 243. THE END

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