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História e Teoria da Arquitetura e

Urbanismo I
AULA 08 – ARQUITETURA NA GRÉCIA – PARTE I

A formação do Mundo Grego – As colônias Gregas – A polis - A cidade-estado

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 1
Paisagem típica grega - Sequência de imagens de paisagens da
Grécia atual nos próximos slides.

Retrato de algumas paisagens que foram pouco alteradas ao longo


dos últimos 2500 anos.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 2
A paisagem demonstrada é a síntese do ambiente encontrado para
o desenvolvimento de uma civilização.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 3
Segundo análise do historiador Lewis Mumford esta paisagem
favoreceu o desenvolvimento da qual atingiu o povo grego.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 4
Uma estreita faixa de terra entre o litoral extremante recortado e
um relevo acidentado mais ao continente formava um cinturão verde com
topografia acidentada.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 5
Uma área de clima ameno, cujo relevo propicia ambiente de defesa
relativamente favorável.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 6
Uma imensidão que aliou a fartura da pesca com a colheita de
bagas para fazer o azeite e o vinho na fértil e abundante faixa verde entre o mar e
as montanhas.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 7
Um litoral imenso e recortado que formou portos e muralhas
naturais.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 8
Domínios cujo território não apresentou grandes rompantes de
ataques e guerras de toda sorte . Local onde diversas colônias e assentamentos
puderam se desenvolver com relativa paz.

Paralelamente ao início da civilização egípcia, a Grécia era apenas


uma periferia do mundo antigo e não se presta a formação de um Estado. São
pequenos assentamentos independentes. Cada um deles uma família guerreira, a
partir de uma fortaleza empoleirada num ponto elevado. Muitas vezes uma
fortaleza natural formada por rochedos.

São estes pequenos agrupamentos que se tornaram em tempos


depois na polis aristocrática e democrática.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 9
Uma área cuja o desenvolvimento de bagas, em especial o fruto da
oliveira onde se extrai o azeite. Do litoral, o peixe. Das encostas, o azeite. Uma
dieta altamente saudável.

A fartura, a paz fizeram com que os esforços das primeiras colônias


e assentamento fossem menores dos que os comparados no Egito e na
Mesopotâmia.

O ócio permitiu o pensar e o pensar permitiu o desenvolvimento de


uma grande civilização.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 10
Das bagas das oliveiras se produz o azeite.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 11
Civilização Grécia – Mundo
Egito Minóica e Grego Roma
Até 3.000 a.C. – 32 a.C Micênica Entre 700 – 32 510 a.C - 476 d.C.
3000-1100 a.C a.C.

Contexto temporal da civilização grega com as suas interações mais


diretas.

Para os gregos, o mundo egípcios é muito antigo. Há uma


distensão temporal muito maior no Egito.

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Mundo Grego

Mapa do Mundo Grego

Quando estudamos a arte, a arquitetura e a cultura grega, não


estamos nos restringindo apenas a Península Balcânica, onde atualmente está o
país Grécia. Estamos abordando uma vasta região que compreende as áreas
demarcadas de verde. Inclui o litoral sul da França, a ilha da Sicília o sul da Itália
denominada de Magna Grécia, os Bálcãs, todo litoral do Mar Negro e a Ásia
Menor (atual Turquia).

Importantes cidades fora da atua Grécia forma fundadas pelos


gregos como é o caso de Marselha e Nice na França; Napoli na Itália (Neapolis)

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 13
Croquis do sítio de implantação de uma cidade grega

A origem da cidade grega é uma colina, onde se refugiam os


habitantes do campo para se defender do inimigo, mais tarde, o povoado se
estende pela planície vizinha.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 14
Uma gravura do século XIX da Caritena – Uma região da Grécia
continental. MW Williams.

Cada cidade domina um território maior, do qual retira seus meios


de vida. O território é limitado pelas montanhas e compreende quase sempre um
porto (a certa distância da cidade que está afastada da costa para não expor ao
ataque dos piratas.

As cidades geralmente são pouco populosas.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 15
Croquis do sítio de Atenas por Le Corbusier – 1911

A cidade grega segue o esquema de apropriação da topografia e


definição da distribuição dos setores principais, sem no entanto, segregar um
setor em detrimento dos outros.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 16
Arquitetura grega – As civilizações minóicas e creto micênicas

Muitos consideram a civilização minoica como a primeira


constituída no Ocidente.

Seriam os pré-gregos. O prelúdio da civilização ocidental.

A localização estratégica fez com que tivessem intenso contato com


os egípcios. Desse modo há uma troca de cultura e experiências.

Seria o local a Atlântida?

Da civilização minoica surge o mito da criação da Grécia

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 17
Lenda do Minotauro

Na mitologia grega, o Minotauro ou touro de Minos é uma figura


om cabeça e cauda de touro e corpo de homem, que vivia em um labirinto na ilha
de Creta, governada pelo rei Minos.

O nascimento do Minotauro é proveniente de um ato de


desrespeito a Poseidon, rei dos mares. Minos pediu a Poseidon para tornar-se rei.
Poseidon disse então que enviaria a Minos um touro dos mares e que esse animal
deveria ser sacrificado como oferenda. Impressionado com a beleza do touro,
Minos quis sacrificar outro animal em seu lugar.

Bravo, Poseidon castigou-o, fazendo com que sua esposa se


apaixonasse pelo touro e dele engravidasse, nascendo o Minotauro.

Minos solicitou a Dédalos a construção de um labirinto gigante


para prender aquela criatura. Tal labirinto foi construído no subsolo do Palácio
de Cnossos.

Os anos se passaram e o Minotauro cresceu no labirinto, longe de


outras pessoas. Após a batalha entre Creta e Atenas, o rei Minos, vitorioso, exigiu
um tributo dos perdedores: todos os anos Atenas deveria enviar sete rapazes e
sete moças para serem devorados pelo Minotauro no labirinto.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 18
Lenda do Minotauro

Disposto a pôr um fim a essa situação, o herói ateniense Teseu foi para
Creta junto com outros jovens destinados a morrer nas mãos de Minotauro.

Quando chegou a ilhar de Creta, Teseu despertou a paixão de Ariadne,


filha de Minos. Ariadne, então, quis arrumar uma maneira de salvar o seu herói. Ela
lhe deu um novelo com um fio feito por Dédalo, o também criador do labirinto. O fio
deveria ser desenrolado conforme ele penetrasse o labirinto e assim, depois de matar
o Minotauro, ele conseguiria encontrar o caminho de volta. Além disso, ela lhe deu
uma espada mágica, com a qual Teseu conseguiria matar o Minotauro com apenas
um golpe. E assim aconteceu, ele decepou a cabeça do monstro com a espada de
Ariadne. Teseu saiu do labirinto vitorioso e salvando todos os seus patrícios.

Este mito discorre sobre os conflitos entre Atenas e Creta. Representa a


libertação e o domínio de Atenas.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 19
Planta do Palácio de Cnossos – Creta 2000 a.C
Planta do Palácio de Cnossos – Creta 2000 a.C

O palácio tem várias fases construtivas e destrutivas (devido a


terremotos). Talvez daí venda a lenda do labirinto de Minotauro.

Pode até não ser o labirinto de Minotauro mas a planta é


labiríntica.

Os maiores centros minóicos em Creta foram Cnossos, Festo, Mália


e Gournia, nos quais era possível identificar a existência de uma praça pública,
além de templos e palácios, estes decorados em afrescos de cores vivas com uma
grande percepção da natureza.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 20
Planta do Palácio de Cnossos – Creta 2000 a.C
Reconstrução do Palácio de Cnossos (2000 a.C.)

Dentre as mais impressionantes construções minoicas — os


grandes palácios das cidades de Cnossos, Festos, Mália e Zakros —, o maior e
mais complexo de todos era o de Cnossos, que aliás pode ter servido de modelo
aos demais.

As dependências mais antigas do Palácio de Cnossos datam de


2000/1900 a.C. e numerosas reconstruções e expansões foram efetuadas durante
sua existência; as mais notáveis ocorreram depois do terremoto de 1700 a.C. Por
volta de 1450 a.C., todos os palácios foram completamente destruídos, e somente
o de Cnossos recebeu reparos; continuou em uso até cerca de 1375 a.C., quando
foi finalmente abandonado.

Havia tantos cômodos e corredores no palácio e a planta era tão


intrincada que os historiadores acreditam que ele pode ter inspirado a lenda do
Labirinto de Creta.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 21
Ruínas de Micenas (2000 a.C.)

Creta é o ponto de contato entre a cultura egípcia e a cultura grega.


Existem vestígios arqueológicos tanto no Egito quanto em Creta que comprovam
o contato entre as duas civilizações.

A arte minoica tem fortes influências do Egito, assim como teve a


transpuseram para a cultura micênica na Grécia continental.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 22
Mapa dos movimentos migratórios nas Colônias Gregas.

Creta é a ligação com o Egito. A influência cultural egípcia se dá


por meio da sua conexão com Grécia por meio da Ilha de Creta.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 23
Civilização de Micenas (2000 a.C.)

No segundo milênio a.C., Micenas foi um dos maiores centros da


civilização grega e uma potência militar que dominou a maior parte do sul da
Grécia. O período da história de cerca de 1600 a cerca de 1100 a.C é chamado
Micénico em reconhecimento à posição de liderança de Micenas.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 24
Micenas (2000 a.C.)

Planta das ruínas de Micenas (2000 a.C.)

A civilização micênica originou-se e evoluiu a partir da sociedade e


da cultura do período Heládico Primitivo e Médio na Grécia continental sob
influências da Creta minoica. No final da Idade do Bronze Média (c. 1600 aC),
ocorreu um aumento significativo na população e no número de assentamentos.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 25
Micenas

Ruínas de Micenas (2000 a.C.)

No segundo milênio a.C., Micenas foi um dos maiores centros da


civilização grega e uma potência militar que dominou a maior parte do sul da
Grécia. O período da história de cerca de 1600 a cerca de 1100 a.C é chamado
Micénico em reconhecimento à posição de liderança de Micenas.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 26
Ilustração de Micenas (2000 a.C.)

Micenas é uma cidade em acrópole. Sua configuração vai se repetir


em maior ou menor intensidade em outras cidades gregas.

A civilização micênica desapareceu completamente.. Talvez tenha


sido um terremoto. Um vácuo temporal de aproximadamente 100 separa a
civilização micênica da civilização grega.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 27
Porta dos Leões - Micenas (2000 a.C.)

Acesso principal a cidade de Micenas - Em cima do portal,


recobrindo espaço triangular, fica o relevo com dois leões separados por uma
coluna com pedestal, exemplo único da escultura em grande escala do Período
Micênico. A bem da verdade, porém, trata-se de leoas e não de leões.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 28
Porta dos Leões - Micenas (2000 a.C.)

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 29
Mégaron Micênico

Sala central palaciana onde primeiro dispôs o que vai constituir a


arquitetura grega. Será discutido no desenvolvimento da arquitetura grega.

O mégaron vai ser a inspiração principal para o templo grego.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 30
Tesouro de Atreu – (1250 a.C.)

Tesouro de Atreu – Proximidades de Micenas (1250 a.C.)

O Tesouro ou Tumba de Atreu, ou Tumba de Agamenon, é a tumba


abobadada, ou tolo, mais monumental que se conhece em Grécia. Está nas
cercanias de Micenas, e a princípio é atribuído a Atreu, o pai do grande rei
Agamenon, figura da guerra dos aqueus contra Troia, pois que acostuma datar-se
no século XIII a.C.

Esta tumba semi enterrada pertence à arte creto-micênica. Segue o


modelo difundido por todo o Mediterrâneo de tumba precedida por um corredor.
Neste caso, tem duas câmaras, destacando-se a "falsa abóbada" da maior delas.
Obtém-se mediante fiadas concêntricas de silhares que vão reduzindo o espaço,
pelo qual as suas pressões são verticais e não oblíquas, como numa verdadeira
abóbada.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 31
Tesouro de Atreu – Proximidades de Micenas (1250 a.C.)

Acesso principal

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 32
Esquema do Tesouro de Atreu

O recinto principal é encoberto por uma falsa abóbada. Nota-se


que o efeito curvo não é obtido pela coesão dos elementos de pedra que forma
arco que trabalha essencialmente a compressão. Na verdade, aqui há um
empilhamento de pedras maiores e mais pesadas e, na medida que sobe estas
pedras vãos se projetando e se tornando menores e mais leves. A terra envolta
também ajuda na estabilização do conjunto, formando a falsa abóbada.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 33
Vista interna do Tesouro de Atreu

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 34
Tirinto – Em 1300 a.C.

Tirinto

Tirinto é referenciado pela primeira vez por Homero , que elogiou


suas paredes maciças. A tradição antiga sustentava que as muralhas foram
construídas pelos ciclopes porque somente gigantes de força sobre-humana
poderiam ter levantado as enormes pedras.

O desastre que atingiu os centros micênicos no final da Idade do


Bronze afetou Tirinto, mas é certo que a área do palácio foi habitada
continuamente até meados do século VIII aC (um pouco mais tarde um templo
foi construído nas ruínas de o Palácio).

O mapa acima se refere a uma construção/estrutura mais recente.

Aqui também será encontrada a estrutura do mégaron.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 35
Acrópole de Tirinto

Planta esquemática de Tirinto

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 36
Tirinto – Reconstrução virtual

A cidade guarda os elementos básicos das cidades que se


desenvolveu na região da Grécia. A estrutura em acrópole, o mégaron micênico
que influenciou posteriormente a arquitetura grega e as muralhas.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 37
Ainda vivemos no mesmo mundo em que os gregos viveram.
Arnaldo Momigliano

A Grécia é considerada o berço da civilização ocidental. Lugar onde


primeiro desenvolveu a filosofia. Lugar onde desenvolveu uma cultura que
transformou toda a produção cultural até os dias de hoje.

A arte e arquitetura grega perdurou e perdura até os dias de hoje


em inúmeras revisões, estilos, reinterpretações, revivals.

A reprodução começa tão logo ocorre seu declínio enquanto nação.


Começa com Roma, cruza a Idade Média com lampejos de inspiração, volta com
força no Renascimento, é reinterpretado no Barroco, é redesenhado no
neoclássico e é novamente, já no século XX, revisto no movimento pós-moderno.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 38
Diáspora grega
Diáspora Grega

A primeira diáspora grega foi um processo migratório, ocorrida por


volta do século XII a.C., devido à onda de invasões dóricas na Grécia antiga,
resultando na dispersão de povos gregos pelas bacias do Mar Mediterrâneo e do
Mar Negro. Esse evento marcou o fim da civilização micênica e o deslocamento
de populações da Grécia continental, como jônios e eólios, para as ilhas do Mar
Egeu e para o litoral da Ásia Menor, durante o período pré-homérico.

A segunda diáspora grega ocorreu devido à necessidade da


população de procurar novos solos férteis para cultivo, expandindo-se para áreas
da península itálica e do Mar Negro.

Os gregos abrem novas colônias. Eles não crescem as suas cidades.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 39
Colônias gregas - Cidades gregas

Diáspora Grega

De modo geral, as cidades gregas tinham traçado irregular e eram


cercadas por altas e majestosas muralhas, de cujo portão principal partia o
caminho para a ágora. A acrópole erguia-se sobre um morro, em cuja encosta
construía-se o teatro. Outros focos de atração espalhavam-se e algumas funções
que necessitavam de muito espaço, como o estadium e o gynansium (centro
educacional, cultural e atlético), situavam se na periferia ou nos limites urbanos.

O centro da cidade baixa era a ÁGORA; praça do mercado, local de


assembleia e encontro comunal, onde a população urbana se juntava. Com o
passar do tempo, na passagem da aristocracia para a democracia, a ágora tornou-
se enfim o núcleo cívico, restando à acrópole o papel de centro religioso e
simbólico.
As áreas residenciais eram modestas se comparadas ao tratamento
dos lugares públicos, sendo seu tecido uniforme e ordenado sem pretensões
tanto nos traçados regulares e repetitivos (Miletus, Olynthus e Priene) como nos
irregulares (Atenas).

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 40
A cidade é um todo único

A cidade se divide em três zonas: áreas privadas,


áreas sagradas e áreas públicas

A cidade é artificial, difere e respeita o meio natural

A cidade se desenvolve até um certo ponto e torna-se


estável. E não cresce mais...

Aspectos básicos da cidade grega

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 41
Uma Colônia Grega - Polis

Cada colônia formou sua própria estrutura social. A colônia era


representada pela cidade fortificada, seja pela sua posição estratégica, seja pela
construção de muralhas. Esta cidade possui bem definido o local das moradas,
dos santuários e os espaços públicos que organizavam a vida social da cidade.
Aqui percebemos que, embora haja a setorização, a cidade forma
um todo cercado pelas muralhas.
Outro aspecto importante é o caráter artificial, ou seja, respeita
seus limites físicos a ordenação do território se limita aos contornos
amuralhados. Caso a colônia tenha necessidade de crescer, um novo núcleo seria
formado fora dela.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 42
1
2

Planta Cidade de Atenas

A cidade de Atenas é dividida em três setores principais.

1. A trama maior em cinza que representa as moradias.

2. A ágora – Espaço público destinado aos encontros, comércio e celebrações.

3. Acrópole – a parte alta onde ficam os santuários.

Surgida no século V aC, a cidade de Atenas, ao longo de sua longa


história, cercava em diferentes períodos por muros, cuja localização exata foi
determinada por pesquisas históricas e arqueológicas.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 43
Ágora

Desenho representativo da ágora de Atenas

A ágora possuía papel importante na configuração da democracia,


em especial em Atenas e na política da cidade, sendo o local, por excelência, da
manifestação da opinião pública, adequado à cidadania cotidiana.

Era necessária a existência de um espaço físico para que as


transações comerciais pudessem acontecer. Dois locais eram preferencialmente
utilizados pelos antigos gregos para tal transferência: as ágoras e os portos. Estes
eram dois espaços físicos em que se materializavam, se concretizavam as relações
entre os homens. Na ágora, eram realizados diversos tipos de trocas, e no porto
muitos tipos de materiais e objetos eram levados para serem transportados
através da via marítima.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 44
Ágora

Gravura da ágora de Atenas

A ágora de Atenas caracterizava-se como uma grande praça, um


vazio contrastante em meio ao casario compacto típico da Atenas clássica. Em
sua face Oeste era limitada por uma sequência de edifícios públicos, cada um
representando um papel diferente na vida política da cidade. Em sua face leste,
estava limitada por mercados e feiras livres.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 45
Ágora de Assos - Sec II a.C

Ágora de Assos - Sec II a.C.

A ágora era cercada por edifícios públicos como a stoa (galeria para
o comércio), o templo e os edifícios para reunião, banhos públicos, etc.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 46
Ainda vivemos no mesmo mundo em que os gregos viveram.
Arnaldo Momigliano

A Grécia é considerada o berço da civilização ocidental. Lugar onde


primeiro desenvolveu a filosofia. Lugar onde desenvolveu uma cultura que
transformou toda a produção cultural até os dias de hoje.

A arte e arquitetura grega perdurou e perdura até os dias de hoje


em inúmeras revisões, estilos, reinterpretações, revivals.

A reprodução começa tão logo ocorre seu declínio enquanto nação.


Começa com Roma, cruza a Idade Média com lampejos de inspiração, volta com
força no Renascimento, é reinterpretado no Barroco, é redesenhado no
neoclássico e é novamente, já no século XX, revisto no movimento pós-moderno.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 47
Egito

Grécia

Arte Egípcia e grega


Egípcia: Mikerinos e sua esposa 2500 a.C.
Grega: Phrasikleia, Ariston de Paros, 550-540 d.C.

Os Hebreus traduziram a bíblia para o grego, mas os gregos não


interessaram pelo texto. O diálogo que se formou é entre a cultura grega e a
egípcia.

A arte grega será canônica como a egípcia, mas não será imutável
como a egípcia foi.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 48
Período Arcaico

Período Clássico

Período Helenístico

Diagrama dos períodos artísticos gregos

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 49
Período Arcaico

(650 – 480 a.C.) – Muito próximo aos


egípcios. Surge aqui os primeiros templos
construídos em pedra.

Período Arcaico

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 50
Período Clássico

(480 a.C. – 323 a.C.) – A data 480 coincide


com a vitória dos gregos sobre os persas.
Aqui vai surgir a síntese grega. A data 323 é a
data de morte do Alexandre Magno.

É o chamado século de Péricles.

Período Clássico

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 51
Período Helenístico

(323 a.C. – 31 a.C.) Corresponde ao domínio


do Império Romano.

Arquitetura torna-se monumental.

Período Helenístico

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 52
Cratera do período geométrico (arcaico) - Sec. VII a.C.

Cratera do período geométrico (arcaico) - Sec. VII a.C.

Boa parte do que conhecemos hoje de arte grega se deve ao legado


dos vasos. As esculturas praticamente perderam-se todas, pois eram feitas de
bronze. Muito do que conhecemos da escultura hoje se deve a cópias feitas pelos
romanos. Os vaso forma encontrados em sitos arqueológicos e a argila de boa
qualidade permitiu a preservação valioso acervo.

O período geométrico constitui parte do período arcaico da


história da Grécia Antiga, aproximadamente entre 900 a.C. e 750 a.C. É
caracterizado pela existência de motivos geométricos na cerâmica. O seu centro
era Atenas. A arte geométrica foi difundida entre as cidades comerciais das Ilhas
Egeias.

As representações humana têm forte influência egípcia e são


também geometrizadas.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 53
A partir de 900 a.C., junto ao crescimento das cidades e à expansão
territorial, percebe-se uma dedicação especial à produção arquitetônica, pictórica
e escultórica. No que diz respeito à pintura, esse período testemunhou o
desenvolvimento de um estilo chamado “geométrico” (apresentava um tipo de
decoração abstrata onde continha triângulos, formas xadrez e círculos
concêntricos) que aparenta ser o estilo pictórico mais antigo na produção visual
grega.

Este vaso representa uma transição para as cerâmicas pretas de


fundo terroso . Possui forte influência geométrica e apresenta o figurativo preto.
A argila escura produzia cerâmicas negras. Para se obter o resultado acima,
deveria passar terracota em toda superfície e raspar a parte que possui as figuras.
Depois fazia-se a queima.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 54
Cântaro da fase vermelha com fundo preto

Cântaro da fase vermelha com fundo preto

A fase dos vasos de figura vermelha sobre fundo preto – Fase


clássica. Aqui se percebe os detalhes da anatomia o que não era possível nas
figuras pretas.

Eram representadas cenas mitológicas, dos deuses, do cotidiano,


cenas eróticas. Não eram retratos. Era a representação do ideal de beleza
humano.

Os gregos eram tão antropocêntricos que influenciou na sua


cerâmica (pescoço do vaso, ombro do vaso, boca do vaso, pé do vaso, corpo do
vaso)

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 55
Os gregos não estavam
preocupados com aquilo que nos
distingue, mas sim aquilo que nos
une.

Desenho representando a escultura “O Discóbolo” de Mirón

Os gregos não eram retratistas. Ele representava o ideal comum a


todos e não o que diferenciava o homem dos outros.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 56
Koré - Dama de Auxerre Sec. VII a.C.

Escultura grega do período arcaico

Koré - É uma tipologia escultórica do Período Arcaico da Grécia


Antiga, que consiste numa estátua feminina em pé, geralmente vestida e cuja
versão masculina do mesmo género se designa kouros.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 57
Escultura grega do período arcaico

Kouros - É uma tipologia escultórica do Período Arcaico da Grécia


Antiga, que consiste numa estátua masculina nua em pé.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 58
Escultura grega do período arcaico

Nota-se a rigidez da figura bem característico da arte egípcia.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 59
O Bronze de Artemísio, provavelmente Poseidon

Fase clássica – O Bronze de Artemísio, provavelmente Poseidon

As figuras ganham uma maior aproximação do real, o tratamento


do corpo é muito mais realista e denota-se uma maior expressividade nos rostos,
gestos e movimentos e uma preocupação com as proporções, devido á influência
dos cânones.

A partir do séc. IV a.C., a escultura passa a ser marcada por um


aspecto mais gracioso, sedutor, harmonioso, elegante e dinâmico e é introduzido
o nu feminino; as figuras ganham uma pose mais elegante e natural, e a beleza do
ser humano é idealizada, tentando atingir a perfeição total, com esculturas de
jovens nus atléticos e belos; ainda neste período é introduzida a verdadeira noção
de vulto redondo, que rompeu com o rigor da frontalidade, podendo as estátuas
ser vistas de todos os ângulos; é utilizado principalmente o bronze.

O movimento representa a temporalidade, a vida... A figura não é


mais estática. O joelho está em contraposto e indica a naturalidade do corpo.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 60
Fase clássica – Vênus de Milo - O Discóbolo (Mirón) – Vitória de Samotrácia

Fase clássica – Vênus de Milo - O Discóbolo (Mirón) – Vitória de Samotrácia

Historia e Teoria da Arquitetura e


Urbanismo I - Grécia - Parte I 61
Dois conceitos dominam a arquitetura grega: o de medida e o de
proporção, fundamento de toda harmonia. OS elementos arquitetônicos são
racionais em virtude de sua funcionalidade, belos em si mesmos e com
integrantes de um conjunto; por outro lado, embora se empreenda grandes obras,
está sempre latente nelas o princípio de que o homem é a medida de todas as
coisas. Estes dois aspectos – racionalidade e idealismo humanista - constituem a
raiz da beleza das formas arquitetônicas gregas quanto ao fundamento da estética
de seu classicismo.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 62
Complexo de Templos em Karnac (Antiga Tebas)

Representação gráfica de como deveria ser as colunatas do Templo


de Karnac. A grandeza das colunas egípcias certamente encantou os gregos.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 63
Complexo de Templos em Karnac (Antiga Tebas). Majestoso e
sublime. Pesado e firmemente postado ao chão. Uma arquitetura para
eternidade.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 64
A arquitetura egípcia é marcada pelo predomínio dos cheios. Até as
colunas eram bastante maçudas, ou seja, não eram delgadas.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 65
A arquitetura grega bebeu na fonte egípcia, mas desenvolvimento
foi no sentido de atingir uma síntese formal e proporcional.

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 66
Fim da Aula 08

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Urbanismo I - Grécia - Parte I 67

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