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Entender

a arquitetura
Seus elementos,
história e significado

Leland M. Roth
CAPÍTULOll

Arquitetura grega

O arquiteto grego [... ]lidava tanto co1n formas naturais como com formas
construídas. Com elas, celebrava seus t rês temas imortais: a santidade da
terra, a estatura t rágica da vida morta l sobre a terra, e a natureza plena do
reconhecimento dos fatos da existência que são os deuses.

Vincent Scully, Tire Eartlr, t!Je Temp/e, and t!Je Gods, 1962

Os gregos tinham orgulho de sua arquitetura pública e sagrada,


e mesmo na Antiguidade o P-a rtenon de mármore branco, no
alto da Acrópole em Atenas, era reconhecido como uma grande
realização arquitetônica. Um viajante do século n a.C., ao
descrever sua visita a Atenas, escreveu com admiração sobre o
"luxuoso, notável e imponente templo de Atena chamado de
Partenon", elevando-se sobre a: Acrópole para saudar aqueles
que chegavam à cidade.1 Nos séculos seguintes, o Partenon
continuou a ser enaltecido em obras literárias, mesmo se a
Grécia era raramente visitada por europeus depois do país ser
absorvido pelo Império Otom a:no. Somente em meados do
século xvrrr, uma expedição inglesa, conduzida por James Stuart
e Nicholas Revett, aventuro u-se a Atenas para registrar
cientificamente a aparência do lendário Partenon. A reput;1ção
que os a:ntigos haviam atribuído ao edifício foi confirmada, e o
Partenon se tornou símbolo da clareza e da precisão da antiga
arquitetura grega. No século XIX, isso levou ao reflorescimento
dessa antiga arquitetura, na qual a forma foi entendida, mesmo
se o espírito que criara o Partenon estivesse faltando. A partir
de meados do século xrx, quando o estudo da história e da
literatura gregas deixou de ser o que determinava a erudição de
uma pessoa, a ignorância sobre essa cultura aumentou. Assim,
para entender a clareza intelectual da arquitetura grega antiga,
devemos conhecer um pouco da civilização que a ergueu.
Os antigos gregos do período de 7 50 a.C. a 3 50 a.C.
aprenderem muito com o Egito, aparentemente adaptando
modelos egípcios para criar suas esculturas e sua arquitetura de
pedra baseada no sistema de pilar e viga (arquitravado). Eles
admitiam isso com facilidade, p6is, como comentou Platão em
Epfnomis, "o que quer que os gregos adquiram dos estrangeiros
é, no final, transformado por eles em algo mais nobre".1
Rapidamente, portanto, os gregos deram forma a uma arte e
uma arquitetura distintamente próprias, criando um sistema
de valores que celebrava as capacidades humanas e que formou
a base da civilização ocidental desde então.

A geografia da Gr écia

Como no Egito, onde o rio e o deserto criaram uma cultura


particular, também na Grécia a geografia e o clima locais
específicos influenciaram a cultura; mas ali produziu-se uma
visão muito diferente sobre o lugar da humanidade no mundo.
Na Antiguidade, a Grécia incluia muito mais do que a ampla
península que se estende dos Balcãs no canto sudeste da Europa;
do segundo milênio antes de Cristo em diante, também incluía
as muitas ilhas espalhadas ao s1Ul e a leste da península, assim
como ao longo da costa da Anatólia, ou Ásia Menor, no que hoje
é a Turquia. Os antigos gregos, na verdade, falavam do mar
Egeu, entre a península grega e a Ásia Menor, como "o lago",
uma vez que seus conterráneos estavam espalhados em torno
de seu litoral.
A paisagem grega é toda add.entada, uma massa irregular de
montanhas de calcário e mármore estendendo-se para dentro
do mar como dedos, abrigando inúmeras baías e enseadas. O
território é dividido em três grand.es partes, cujo centro é a
península principal. No sudeste da península grega fica Ática e
a cidade de Atenas. A leste da península, perto da costa, fica a
grande ilha de Eubeia. No Sul, como uma mão gigante com seus
dedos esticados apontando para ereta e o Egito, fica a península
menor do Peloponeso, presa ao continente por um istmo
estreito em Corinto.
Existe pouca terra plana, exceto nas planícies costeiras e em
alguns vales. A agricultura sempre foi difícil, e tornou-se ainda
mais à medida que as florestas foram derrubadas e o fino solo
das terras altas foi lavado para o mar. Essa erosão já estava
bastante avançada, mesmo nos tempos antigos, pois Platão
observou em Crítias q ue "o solo fértil se desgastou, deixando
apenas o esqueleto da terra".~ Viagens de um vale para o
próximo eram sempre traiçoeiras; assim, muito cedo os gregos
se voltaram para o mar como sua principal forma de
locomoção, e o risco que enfrentaram nos mares, por sua vez,
produziu neles um espírito aventureiro, um gosto pela ação e
uma prontidão para colocar suas forças à prova. A fibra
vigorosa e resiliente dos gregos foi formada em resposta a um
ambiente que podia mudar radicalmente em um instante, pois,
além das tempestades violentas, a região era sujeita a
terremotos, perigos raramente encontrados pelos egípcios. A
economia agrícola dos gregos era baseada em pequenos sítios
particulares trabalhados individualmente, e tanto essa
economia como a paisagem acidentada dificultavam a
consolidação das muitas cidades-estado gregas em uma nação
centralizada. Não obstante, os gregos compartilhavam uma
religião comum e uma língua rica, que os distinguiu daqueles
que falavam o que eles diziam soar como disparates ("bahbah"),
os barbaroi ou bárbaros. Qualquer que fosse sua cidade-estado,
os gregos se identificavam como helenos e consideravam que
sua terra como um todo era a Hélade.

~.~ ..... __......' I GRÉCIA ANTIGA


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-
Asia Menor

1·1--- Estados gregos. 431 a.C.

A Grécia minoicae micênica

Os gregos do que se costuma chamar de período clássico,


aproximadamente de 4 79 a.C. a 338 a.C. (o período focado
aqui), descendiam, em etapas, das culturas da Idade do Bronze,
que floresceram primeiro na ilha de ereta, depois nas ilhas
Cídades, no mar Eg!'!u, e, por fim, no Peloponeso e na Grécia
central. A cultura mais antiga foi a minoica, que começou em
3400 a.C. e alcançou seu apoge u entre 1600 a C. e 1400 a.C. Foi
batizada em referência ao mítico rei Minos pelo arqueólogo si r
Arthur Evans, que acreditava que ela havia se centrado no
imenso palácio e complexo administrativo em Cnossos que
Evans começou a escavar por volta de 1900 [11.1 ]. O palácio de
Cnossos tinha mais de 140 metros de lado, era centrado em um
pátio aberto disposto sobre um eixo mais ou menos norte-sul,
que ia das montanhas sagradas até o mar. Pelo edifício passava
um sofisticado sistema de encanamento e drenagem. Em certas
partes, as paredes alcançavam cinco andares de altura,
formando uma série de recuos em volta de poços d.e luz e
escadarias. As salas principais tinham paredes brilhantemente
pintadas com murais representando atividades religiosas e
esportes festivos, especialmente competições envolvendo salto
sobre touros correndo. É bem possível que a complexa planta do
palácio de Cnossos, juntamente com o culto ao to uro que
floresceu ali, tenha sido a base do mito de Tescu e do
Minotauro, que vivia no labirinto lendário. Os complexos
palacianos de ereta eram notáveis pe.la completa ausência de
muros de defesa, sugerindo que os minoicos tinham um
controle tão completo do mar que não temiam qualquer
invasão. Esse foco na vida secular do palácio distingue a cultura
minoica daquela do Egito, centrada na tumba, ou da
Mesopotâmia, cujo foco era o zigurate.
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11.1. Palácio real Cno:ssos, Creta_ c. 1 óO.O a. C. Planta baixa do n/ve/habitável
principaL Este palácio combinava residh1cia, centro administrativo e depósitos.
Era aberto pelos lados e não tinham uro-sprotetores.

Um pouco antes de 2000 a. C. os assentamentos mmotcos


foram tomados por um novo grupo, o qual, presumivelmente,
veio do Norte. Por volta de 1600 a.C., os recém-chegados
haviam estabelecido uma cUlltura distinta, chamada de
micênica, por causa da cidade de Micenas no Peloponeso, que
parece ter sido o seu centro; essa cultura micênica floresceu até
112 S a.C. U:in povo mais vigoroso e agressivo, os micênicos
parecem ter sido um estado di ente da antiga cultura minoica
em ereta. Diferentemente das c:idades cretenses, no entanto, os
assentamentos micênicos eram fortificados e construídos em
planaltos rochosos isolados. O palácio principal era construído
no terreno elevado, atrás de grossas muralhas erguidas com
enormes pedras irregulares cuidadosamente encaixadas. Os
gregos do período clássico, olhando para esses antigos muros
maciços de blocos rústicos, imaginaram que só poderiam ter
sido construídos pelo gigante mítico de um só olho, o Ciclope, e
por isso esse tipo de alvenaria veio a ser chamada de ciclópico.
Todos os assentamentos maiores eram desse tipo, incluindo
Micenas, a sede do rei Agamenon, que conduziu os primeiros
gregos para Troia (a 1/íada de Homero pode ser sido um relato
elaborado e imperfeitamente lembrado da verdadeira
campanha para a Ásia Menor). Em 1939, foi encontrada em
Pilos aquela que veio a ser chamada de casa do rei Nestor, que
acompanhou Agamenon na Guerra de Troia.
A cidade de Tirinto (a "Tirinto das Grandes Muralhas" de
Homero), um pouco ao sul de Micenas, na base do polegar do
Peloponeso, ilustra a organização básica de uma cidade [11. 2].
Erguida no alto de um planalto d.e calcário elevando-se das
planícies de Argos, e cercada por maciças muralhas ciclópicas
de seis metros de espessura, chega-sê a ela por uma rampa do
lado leste. Atacantes seriam forçados a subir ao longo da
muralha leste com seu lado direito -o lado não protegido pelo
escudo - exposto a arqueiros colocados nos parapeitos. A
e.ntrada se fazia através de uma porta monumental, o propileu,
para um pátio. Em contraposição às fortes muralhas externas,
as edificações internas eram construídas com estruturas de
madeira preenchidas com pedra britada. Outro propileu, no
lado norte do pátio, conduzia a um pátio palaciano menor
cercado por uma colunata protetora Este, por sua vez, levava ao
centro do palácio, o que os gregos chamavam de mégaron [11. 3).
Consistia em um pórtico de entrada (formado por paredes
projetadas enquadrando duas colunas), um vestíbulo e a sala do
trono, quase quadrada, com o telhado sustentado por quatro
colunas (o mesmo arranjo foi encontrado em Micenas e Pilos).
No centro da sala principal, havia uma lareira circular elevada,
sugerindo que a sala era aberta no alto.

porta

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reconstruido

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11.2. Palácio da acrópole, Tirinto, Grécia, c. 1400-1200 a. C. Planta baixa.
Cidades micêmi:asforam construídas sobre muralhas defensivas, como em
Tirinto. N = Mégaron.

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11.3 . Mégaron, palácio da acrópole, Tiri•1to, Grécia, c. 1400-1200 a.C. Acredita-


se que a.forma da câmara cerimonialcem:ra/, o mégaron, tenha servido como
modelo para afonna do templo grego posterior.

A visão tradicional é que por volta de 1150 a.C., os


assentamentos micênicos foram assolados por outro grupo do
Norte, os ancestrais diretos dos gregos, que os chamaram de
dóricos. A cultura micênica entrou em colapso, embora alguns
bastiões culturais tenham resistido, especialmente Atenas.
Alguns gru pos f ugiram do Peloponeso e velejaram para leste,
instalando colônias nas ilhas próximas da Ásia Menor e na
própria costa anatoliana. Ass.im, remanescentes da antiga
cultura minoica-micênica continuaram a prosperar na região
mais a leste, que se tornou aa Jônia, enquanto as terras da
península grega caíram em uma Idade das Trevas. A
arquitetura de pedra e as brilhantes pinturas murais dos
palácios minoicos e micênicos desapareceram. As mais
importantes contribuições culturais dos dóricos foram uma
linguagem ricamente figurada· e um novo grupo de deuses-
celestes, que governavam das alturas do Monte Olimpo no
Norte da Grécia. Estes gradualmente substituíram as deidades
terrenas dos minoicos e micênicos ou adotaram alguns de seus
atributos.
A arquitetura de pedra ressurgiu somente por volta de 750
a.C., e, com ela, iniciou-se a civilização grega clássica. Em
Esparta, desenvolveu-se uma sociedade rigorosamente
militarista, governada por uma aristocracia agrária, enquanto
em Atenas, a cultura dórica mesclou-se com a micênica
remanescente, criando uma vida citadina mais cosmopolita,
receptiva a novas ideias. À dare za e à graça das antigas culturas
minoicas e micênicas foram adicionadas a paixão e a
imaginação do novo.
Na mesma época, teve início a colonização grega do
Mediterrâneo, uma resposta às insuficientes condições
agrícolas da península e à necessidade de matérias-primas.
Quase toda grande cidade grega enviou grupos colonizadores.
Eubeia estabeleceu cidades como Neópolis, na Itália central
(Nápoles). Mégara fundou Chersonesus (Sebas-topol), na ponta
meridional da Crimeia no mar Negro, e Selinus, na Sicília. Acaia
tinha numerosos assentamentos no Sul da Itália, que os
romanos VIeram a chamar de Magna Graecia, incluindo
Poseidonia (que os romanos traduziram como Paestum) e
Messana (Messina em italiano). Corinto tinha uma série de
assentamentos ao norte do litor:al do que hoje é a Albânia e uma
colônia importante em Siracus&, Sicília. Foceia fundou cidades
ao longo do litoral espanhol e francês, incluindo Tarraco
(Tarragona), Massilia (Marselha), perto da boca do Ródano,
Antipolis (Antibes), Herakles Monoecus (Mônaco) e Nicaea
(Nice). Mileto, a maior cidade jônica comercial e cultural,
fundou nove colônias em torno do mar Negro. Outras colônias
foram implantadas em Cirene, no Norte da África, e Náucratis,
no d.e lta do Baixo Egito. Apenas onde os rivais fenícios haviam
instalado bases de troca- Palestina, Síria e Norte da África- os
gregos estavam ausentes.
Embora usemos a palavra colônia, essas não eram fontes
mercantilistas de matéria-prima como era o caso das colônias
do século xvm As colônias gregas eram comunidades adjuntas
totalmente independentes; os g:regos as chamavam de apoíkía,
que significa literalmente "lares distantes". O resultado da
colonização e do consequente comércio remoto foi ·que as ide ias
gregas, e especialmente a língua grega, foram espalhadas ao
longo do Mediterrâneo e em torno do mar Negro.

O caráter grego

A mistura de aspectos das sofisticadas culturas mm01cas e


micênicas com o pragmatismo dos dóricos produziu um
caráter grego único, que valorizava a curiosidade, o gosto pela
ação e o desejo pelo aperfeiçoamento intelectual e físico. Os
gregos queriam saber por que o:s deuses fizeram o que fizeram,
qual era a natureza do homem, como o mundo fora criado e
como ele funcionava. E, felizmente para nós, eles aperfeiçoaram
uma língua rebuscada que os permitiu preservar suas
conJecturas por escrito. Mais que tudo, os gregos eram
extremamente confiantes de sua própria superioridade cultural
em relação aos bárbaros do entorno.
A busca grega pela verdade é mais bem exemplificada pela
filosofia natural desenvolvida pelos gregos jônicos durante o
século VI a.C. O primeiro desses cientistas-filósofos jônicos foi
Tales de Mileto, um mercador que viajava para o Egito e a
Mesopotâmia, aprendendo geometria e astronomia, o que o
permitiu predizer ecllpses solares. Ele também propôs a ideia
de que o mundo seria feito de alguns componentes básicos,
uma ideia que, em última instância, levou ao conceito de
átomos, as menores partes indivisíveis de toda matéria,
proposto por Leucipo de Milet:o e seu pupilo Demócrito de
Abdera.
Os gregos tinham um gosto inato pela lógica, fogos (uma
palavra que pode ser traduzida como "razão", "ideia",
"pensamento", "palavra"), uma ordem natural cujo oposto era o
chaos, caos. Em tudo o grego buscava equilíbrio e simetria
(summetria, "ter a mesma medida") como o ideal. Nada na
natureza era visto como inteiramente fortuito, pois até mesmo
os deuses tinham razões para suas ações. Assim, Heráclito
escreveu que a "medida e o logos são constantes em um m undo
em transformação". Heráclito descreveu o cosmo como um
equilíbrio de opostos, assim como quente e frio, noite e dia,
saúde e doença.
Muito dessa filosofia era mais baseado em pressupostos do
que na observação de como as coisas de fato funcionavam, e
Platão reclamava que havia variedade demais nas aparências
naturais. Uma abordagem assim significava que alguns
filósofos se aventuravam em pura especulação metafísica. O
filósofo jônico Pitágoras de Samos, que estabeleceu uma colônia
de seguidores em Crotona, na Itália, tomou essa direção
mística, propondo uma filosofia natural baseada tão somente
em números: "tu do é número". Ele e seus seguidores
descobriram a base da harmonia m usical ao observar que uma
corda esticada com a metade do comprimento de outra
produzia o mesmo tom uma oitava acima. A partir desse e de
outros experimentos, determinaram a base matemática da
harmonia m usical. Eles também imaginaram os números
triangulares e quadrados, e forneceram uma prova para o
conceito usado inicialmente pelos egípcios, de que o quadrado
do lado mais longo de um triângulo retângulo era a soma do
quadrado dos dois outros lados.
Não é de admirar que o filósofo ateniense Protágoras de
Abdera, um amigo de Péricles, escrevesse em seu ensaio,
Verdade: "O homem é a medida de todas as coisas; das coisas
que são, enquanto são, e das coisas que não são, enquanto não
são". Em grego, isso também pode significar "o homem é o
medidor de todas as coisas", qu erendo dizer que a verdade é
relativa à percepção e à interpretação h umana. Sócrates estava
convencido de que a verdade podia ser encontrada apenas por
mew do constante questionamento, aperfeiçoamento,
experimentação. E, como escreveu Xenofonte, "os deuses não
revelaram tudo aos homens no início; mas, à medida que o
tempo passa, ao procurar, estes descobrem mais e mais":i
O que os gregos se empenhavam em r·ealizar em todas as
coisas era a areM, a qualidade de excelência que resulta de
testar e refinar todas as iniciativas humanas - poesia, música,
cerâmica, governança, escultura e arquitetura. A aretê seria
obtida por meio de uma competição, agon (de onde nossa
"agonia" deriva). Consequentemente, os gregos regularmente
patrocinavam competições, em Argos, Corinto, Delfos e, é
claro, Olímpia, em busca da aretê; a coroa de louros era
entregue não apenas a atletas, mas também a músicos.
Mediante a competição, agon, um homem aprendia suas
capacidades e seus limites, o que os sacerdotes de Apolo
queriam dizer com "conheça-t:e a ti mesmo". A aretê era a
excelência que abrangia os aspectos físicos, morats e
intelectuais, exigindo um equil(brio na vida obtido por meio de
uma turibulenta autodisciplina "Nada em excesso", sintetiza a
visão dos gregos sobre a vida, e é por essa razão que eles não se
interessavam por especialistas. Uma pessoa com aretê fazia
todas as coisas bem; trabalhava em sua fazenda no campo e
participava da assembleia da cidade. Se fosse abastado,
esperavam dele que pagasse pela produção de festivais públicos
ou fornecesse um navio para a marinha local; se não, ele
aceitava seu dever de estar pronto quando fosse convocado
para ir tão longe quanto o necessário, em armadura completa,
para defender a honra de sua cidade. Para ter uma vida regrada,
a pessoa empenhava-se para exercer força e poder com
comedimento, valorizar a quali-dade sobre a quantidade, a luta
nobre sobre a mera conquista e a honra pessoal sobre a
opulência.
Os gregos atribuíam uma natureza quase semid.ivina ao
homem. Sófocles faz o coro de Antigo na cantar:

Numerosas são as maravilhas da natureza,


mas de todas a maior é o Homem! [__ ,[
E a língua, o pensamento alado, e os costumes moralizados, tudo isso ele
aprendeu! E também, a evitar as intempéries
e os rigores da natureza!
Fecundo em seus recursos, ele realiza sempre
o ideal a que aspira!!

Os deuses olímpicos eram, portanto, descritos em termos


humanos e representados em forma humana perfeita. As
deidades olímpicas combinavam os deuses celestiais
masculinos introduzidos pelos dóricos (como Zeus,
arremessador de raios) com deidades terrenas femininas da
Idade do Bronze (como Hera, a esposa de Zeus). O resultado é
que muitos templos construídos para os deuses olímpicos
combinam aspectos tanto dos at ributos masculinos quanto dos
femininos. Eles são geralmente no estilo dórico (ou seja,
construídos com colunas dóricas) e, em geral, são alinhados em
um eixo que atravessa alguma montanha de dois picos distante,
sagrada para as deidades terrenas da Idade do Bronze.!i Os doze
deuses olímpicos eram cultuados por todos os gregos, embora
alguns tivessem templos regionais, onde recebiam reverência
especial, como Zeus em Olímpia, Posseidon em Suniã0 (na
extremidade da península ao sudeste de Atenas) e Apolo em
Delfos. Alguns deuses também. eram associados com cidades
específicas, de modo que os atenienses cultuavam Atena, a
fundadora da cidade, em dois templos, em suas manifestações
como Atena Polias, a protetora da cidade, e Atena Partenos, a
donzela guerreira.1 Alguns gregos encontraram conforto em
cultos místicos, mas, para a maioria, a religião grega era uma
simples questão de fazer as oferendas certas para os deuses.
Não havia uma noção aceita de vida após a morte, como havia
sido comum entre os egípcios; talvez a vida grega fosse árdua
demais para que desejassem que ela durasse para sempre. Ao
contrário, os gregos buscavam a imortalidade por meio da
realização da aretê, a excelência em grandes feitos, de modo que
sua realização fosse registrada e lembrada para sempre.

A pólis grega
A mais importante contribuição política da civilização grega foi
a invenção da democracia em Atenas, difundida com fervor
particular por atenienses nas ddades sobre as quais tinham
influência. Como ocorre com outras palavras gregas, não temos
um equivalente apropriado para pólú, afora traduzir como
"cidade-estado", que diz, ao mesmo tempo, muito e não o
suficiente. A pólis era uma comunidade de famílias
relacionadas por ancestrais comuns; uma pessoa não se mudava
para ou passava a fazer parte de uma cidade - a pessoa nascia
como membro dela. Aqueles que viajavam e viviam em cidades
diferentes daquelas onde haviam nascido eram considerados
estrangeiros residentes; apenas em raras ocasiões se tornavam
cidadãos plenos, com o direito e a responsabilidade de
participar no governo. A pólis abarcava as fazendas de seu
entorno, pois os gregos preferiam viver na cidade e andar para
suas fazendas em vez de viverem isolados no campo. Como
H.D.F. Kitto sintetizou, a p6lis abrangia "toda a vida
comunitária, política, cultural, moral e econômica das
pessoas".~
Dizer que a pólis era uma cidade sugere um tamanho grande
demais, pois os gregos sentiam que uma pessoa deveria ser
capaz de cruzar toda a extensão da pólis a pé em dois dias. Em
sua República, Platão descreve a pólis ideal como tendo 5 mil
cidadãos, e Aristóteles escreveu na Politica que uma pessoa
deveria ser capaz de conhecer d-e vista todos os cidadãos da sua
pólis. A maior parte delas tinha aproximadamente esse
tamanho, embora Atenas, Siracusa e Acragas tivessem
populações de mais de 20 mil. Em 430 a.C., a população total da
região da Ática, incluindo Atenas, era de cerca de 330 mil, da
qual cerca de 15 mil eram residentes estrangeiros e cerca de
115 mil eram escravos em se:rvtço doméstico. Dos 200 mil
restantes, aproximadamente 3 5 mil eram cidadãos masculinos
com mais de dezoito anos, os outros sendo mulheres e crianças.
Em certos lugares, durante épocas de transtornos sociais,
um único indivíduo podia impor comando autocrático sobre a
pólis, resultando numa tirania; em outros lugares, algumas
famílias aristocráticas exerciam o governo em uma oligarquia.
Em Atenas, originalmente, havia uma oligarquia de are/tons
aristocráticos, mas, após uma série de reformas durante os
séculos VI e v a.C., a governança da cidade mudou para
democracia, o governo de todos os cidadãos masculinos. Toda a
comunidade de cidadãos, não apenas seus representantes,
reunia-se mensalmente em uma assembleia a céu aberto em
uma colina chamada Pnyx. Ali, tudo o que tinha a ver com o
bem-estar de Atenas era discutido e votado, e mesmo os
generais e almirantes que lutavam em nome da pólis eram
eleitos para seus cargos. Nisso o clima benigno da Grécia
ajudava significativamente, pois os gregos tinham meios
limitados para cobrir um volume capaz de abrigar diversos
milhares de pessoas. Embora comitês menores fossem
escolhidos por sorteio para lidar com as questões cotidianas, a
liderança política geral era dada aos que fossem mais
persuasivos e inspirassem respeito. De 461 a.C. a 429 a C., esse
líder, em Atenas, foi Péricles; que foi eleito general por quinze
anos seguidos, trinta vezes no total. Foi ele quem levou a pólis a
erguer os principais edifícios da Acrópole ateniense.

Planejamento urbano

A maioria das pólis cresceu gradualmente, tendo como centro


os remanescentes de uma cidadela da Idade do Bronze
construída sobre uma acrópole, a "cidade alta", no alto de uma
escarpa. Isso pode ser visto em Atenas, cuja Acrópole eleva-se
altivamente sobre a planície da Atica [11.4, 11.5]. Por séculos os
santuários domésticos do palácio ateniense da Idade do Bronze,
a Acrópole, haviam se tornado locais sagrados dedicados a
vários deuses olímpicos, e, mais tarde, nesses mesmos locais,
foram construídos diversos templos. Na base da Acrópole, as
trilhas que levavam às fazendas dos arredores tornaram-se
ruas, e, ao longo de uma délas, um espaço mais ou menos
triangnlar fni dPixacin ahP.rtn para a ágora, ciP.finicia pP.la~ casas P.
edifícios públicos do entorno. A ágora era o coração
comunitário da cidade grega, a grande sala de estar aberta onde
o comércio acontecia, estudantes eram ensinados e os assuntos
da pólis (a política) eram discutidos [11.6). Em Atenas, a ágora
era definida, no iníeio, por casas particulares e lojas, e, no
século III a.C., por stoas, longos edifícios abertos por colunatas
ao longo de urn lado que forneciam abrigo para artesãos
venderem seus produtos. Nessas stoas, que mais tarde
configuraram a ágora ateniense, Zênon e seus seguidores se
encontravam para observar e discutir a natureza humana - eles
passariam a ser chamados de stoíkós (estoicos), e sua filosofia,
de estoicismo. No campo elevado imediatamente a oeste da
ágora fica o templo dórico que parece ter sido dedicado a
Hefesto, o deus da bigorna, do fogo e da forja, especial para os
artesãos que faziam comércio na ágora. Espalhados por perto da
ágora, havia outros edifícios públicos menores e o buleutério,
urna sala de reuniões coberta para a buli, o conselho da pólis que
se reunia diariamente. O buleutério coberto podia acomodar
até setecentas pessoas.
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1J .4. Mapa de A tenas, c. 400 a. C. Em âdadesgregas que se desenvolveram a


partir de assentamentos da Idade do Bronze, os pontosfocais eram a acrópole
( "cidade alta/,.devada e deftnslvel, e a ágora (''praça do mercado/, na parte
baixa da cidade,·as ruasgeralmente radíavam a partir desses dois locais,
seguindo a topografia.
11.5. Acrópole, Atenas, vista do oeste.

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11. 6. Ágora, Atenas, c. 100 a. C. Planta babca. Atravessando diagonalmente a


ágoraj"icava o Dromos, o camli;ho processiona/., indo dos portõesd(pylon (fora
da planta, no canto super/oresquerdo) atéa base daAcrdpole, no canto inferior
direito. A stoa de Á talo é o edifkío longo a leste.

Nas colônias gregas, as cidades eram estabelecidas do zero;


assim, um traçado ortogonal mais ordenado era em geral
empregado, como em Poseidonia (Paestum em Latim; hoje
Pesto, na Itália). Foi apenas quando os persas arrasaram cidades
na Grécia Jônica, de 494 a.C. a 4 79 a.C., que esse método mais
objetivo e científico começou a ser aplicado nas terras gregas,
sendo natural que isso acontecesse primeiro em Mileto, onde a
ciência grega havia nascido um século antes.
O replanejamento de Mileto ve.io como resu(tado de sua
destruição pelos persas. Por vcolta de 5 50 a.C., a Jônia havia
caído sob a influência de Creso, rei da Lídia, na Anatólia
ocidental. Creso, portanto, atac,ou tolamente o Império Persa a
leste; os persas retaliaram, conquistando a Lídia e seus aliados e
anexando as. cidades gregas jônicas ao Império Persa em 540
a.C. As cidades jônicas cativas reagiram e pediram que os
espartanos, atenienses e outros gregos do continente os
ajudassem; na batalha seguinte, muitas cidades jônicas foram
destruídas, incluindo Mileto, em 494 a.C. Para interromper a
intervenção estrangeira, o exército persa comandado por Dario
partiu para a Grécia e avançou em direção à Ática, mas em 490
a.C. foi detido em Maratona, a 42 quilômetros de Atenas, por
um pequeno exército de gregos. Apesar dos persas serem muito
mais numerosos, os gregos os venceram.-2. Em 480 a.C., após a
morte de Dario, uma segunda campanha contra a Grécia foi
lançada por seu filho Xerxe s. Mais uma vez fortemente
superados em número, os gregos aliados guerrearam
bravamente, mas perderam; as forças de Xerxes entraram,
então, em Atenas e atearam fogo aos templos da Acrópole.
Porém, uma esquadra de duzentos navios atenienses e aliados
derrotou a frota persa na baía de Salamina, à vista de Atenas; o
primeiro de uma série de reveses militares para os persas. Em
4 79 a.C., os persas foram derrotados e forçados a voltar para a
Turquia central, e as cidades jônicas foram libertadas do
domínio bárbaro.
Com o fim da ameaça persa, as cidades jônicas destruídas
foram reconstruídas, incluindo Mileto. O plano para a nova
Mileto é, em geral, atribuído a Hipódamo, um milésio que
Aristóteles descreveu em sua Política como o homem que
"inventou a arte de planejar cidades" e que concebeu o porto
ateniense de Pireu e a cidade de Rodes.!Q O local era uma
península relativamente plana, entrando no mar junto da foz do
rio Me.andro, com duas profundas enseadas que formavam
excelentes portos. Hipódamo ajustou o traçado ortogonal à
direção geral da península, em vez de orientá-lo segundo os
pontos cardeais, e dividiu a cidade em três zonas distintas
(11. 7]. Ao Norte, ficava o bairro residencial; no centro,
atravessando mais ou menos de um porto ao outro, ficava a
ágora, dividida ao meio em duas seções pelo buleutério; e, ao
sul, ficava uma segunda área residencial com quadras maiores.
O que faltava era um espaço sagrado para o-s templos principais,
mas isso porque o local religioso mais importante para os
milésios era o grande santuário de Apolo em Dídima, 22
quilômetros ao sul.
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11.7. Hipódamo, plantadeMileto,ÁsiaMenor, c. 450a.C. Omapageomitrico


regular de Mileto foi dividido em três zonas: duas residenciais, ao norte e ao su~
e um centro comercial em torno da ágorae perto dos dois portos.

Priene, uma cidade ao norte de Mileto, foi reconstruída no


final do século IV a.C. [11. 8]. Lá, o traçado ortogonal foi
adaptado a um terreno montanhoso, com muitos aclives, com
quadras regulares medindo aproximadamente 3 7 por 48
. . .
metros. Seis ruas pnnct:pats, relativamente planas,
atravessavam de leste a oeste; as quinze ruas menores tinham
degraus e corriam de norte a sul. Mais ou menos n·o centro
ficava a ágora retangular, e, ao norte, no alto de uma colina, o
distrito do templo de Atena e o teatro. No canto Sul da cidade
havia um estádio e a palestra (escola de luta livre).

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11.8. Planta dePriene, Ásia .Menor, c. 450 a.C. Pnime, constru/da em címa do
monte Jl1ic:ale, mostra como uma planta .ortogonalpodia ser adaptada ao terreno
de uma colina.

Arquitetura doméstica

Como a maior parte dos negócios ctVIcos e comerctats era


realizada ao ar livre, na ágora, até o século rv a.C., quando a
cultura grega entrou em uma nova fase, chamada helenística,
as casas particulares dos gregos geralmente eram pequenas e
pouco elaboradas. Casas de artesãos descobertas a oeste da
acrópole ateniense mostram como, em cidades mais antigas, os
projetos eram adaptados ao padrão viário irregular [11.9 ].
Nessas casas de artesãos, costumava haver um quarto separado
para a produção de cerâmica ou objetos de metal. Fora isso, a
casa consistia em um pequeno pátio de pedra a céu aberto, com
uma série de quartos abrindo-se para ele. Térreas, essas casas
em geral tinham telhados inclinados para o pátio central aberto.
Em Priene, por causa das quadras regulares, as casas eram
retangulares [11.1 O]. Em geral, ao sul do pátio central aberto
havia uma êxedra(espaço coberto abrigado do sol e dos ventos),
e ao norte, uma unidade tipo mégaron, ou oíkos, a sala social
mawr.
11.9. Casais de artesãos perto da ágora, A.tenas, c. 3.50 a.C. Em Atenas, tis casas
particulares se conformavam a um padrcio viário irregular.
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11. 10. Casa~ Prienc~ Ásia~fenor, c. 450 a.C. Er!l cidades planejadas cotno J>riene~
as casas particulares tli1.ham plantas mais regulares. Ao sul do pátio central
aberto ficava a êxedra (e) e, ao norte,jicava a sala pública, c ol'kos (o).

Edifícios públicos

Comparados à quantidade, à variedade de tipos e às dimensões


dos edifícios públicos romanos, os edifícios públicos gregos
eram mais limitados. Talvez os mais importantes em impacto e
função fossem as stoas que ladeavam e definiam as ágoras.
Eram construções longas e retangulares, com sua fachada
longitudinal aberta para a ágora. Em geral, tinham uma fileira
interna de colunas no meio, para suportar o telhado ou o andar
superior, e pequenas salas enfileiradas na parte de trás, para
pequenas lojas ou oficinas e escritórios. Após o período clássico,
as stoas se tornaram bastante longas, como ilustrado na stoa de
3 5, 7 metros oferecida a Atenas pelo rei Á talo de Pérgamo,
construída por volta de 150 a.C. do lado leste da ágora [11.11 ].

11.11. Stoa de Á ta/o, A tenas, c. 150 a.C. Construúiape/o reiÁ/a/o.de Pérgamo


como um presente para a cidade de Atenas, esta stoa foimeacu/osamente
reconstruúi a na década de 1950. Ilustra bem esse tipo de edif/cio c/vico
he/em'stico que ladeava e definia as ágoras gregas.

Diversas salas cobertas foram construídas para acomodar


pequenos grupos de pessoas. O buleutéric era um tipo,
concebido para receber a bulé, ou o conselho, da pólis. O
buleutério de A:enas, do lado oeste da ágora, era maior que a
maioria, mas o pequeno buleutério de Priene, construído por
volta de 200 a.C., se mantém em melhores condições. Medindo
quase dezenove por vinte. metros, tinha fileiras de bancos em
três lados, fornecendo assento para cerca de setecentas pessoas,
e poderia provavelmente abrigar quase todos os cidadãos
votantes de Priene, cuja população total deve ter sido de cerca
de 4 mil [11.1 2]. Ao redor dos bancos mais altos ficavam
catorze suportes, reduzindo o vão do telhado de treliça de
madeira para aproximadamente catorze metros, espaço
bastante considerável para a época.

11.12. Buleu:tério, Priene, Ásia Menor, c. 200a.C. Vista 1Í1tema. Edifícios


relativamente pequenos c<Jmo estej'oram construúios pelosgregos para abrigar
seus conselhos c/vicos. Este media 18, 5' metros por vli1te metros e podia
acomodar cerca de setecentas pessoas.sentadas.

Os maiores edifícios públicos gregos eram a céu aberto e


incluíam teatros e estádios para competições atléticas. O
estádio- a palavra grega stadion significa ao mesmo tempo uma
unidade de distância de cerca de duzentos metros e a estrutura
esportiva, com fileiras de assentos - era usado apenas em certas
épocas do ano, mas o teatro era uma parte da vida cívica da
pólis quase tão importante como a ágora. As produções
dramáticas começaram como rituais religiosos para o deus
Dionísio e, na época de Pérides, tornaram-se mews
importantes para definir e elaborar o ideal de virtude cívica e
moral, a aretê, como as peças de Ésquilo e Sófodes
demonstram. Mesmo as comédias irreverentes de Aristófanes
desempenhavam papel importante nisso. Ir ao teatro era uma
celebração do espírito comunitário; as peças contribuíam de
maneira importante para a educação política e não eram meros
entretenimentos, como se tornaram mais tarde no Império
Romano. O fato de a estrutura do palco, askênê, ser
relativamente baixa é importante porque, ao se tornar parte do
próprio drama, o público podia elevar os olhos para olhar para a
paisagem de sua pólis, de tal modo que, como escreve Vincent
Scully, "todo o universo visível dos homens e da natureza
convergia em uma ordem única e tranquila".ll
Era uma sorte que o clima ameno da Grécia tornasse possível
construir teatros ao ar livre, pois não havia uma maneira
prática de cobrir um edifício que acomodasse 7 mil pessoas, o
número que cabia no teatro de Epidauro. Em alguns casos, o
teatro era também usado para a assembleia de todos os
cidadãos da pólis. O teatro de Epidauro, construído por volta de
350 a.C., no polegar do Peloponeso, segundo um projeto de
Polideto, o Jovem, mantém quase todas as suas caraterísticas
originais (11.13, 11.14]. Havia três partes básicas: o teatro
("lugar de ver"), a área de assentos para os espectadores
construída no flanco de uma colina escavada; a orquestra ("lugar
de dançar"), o piso circular onde os atores declamavam e o coro
cantava e dançava (no centro da orquestra ficava uin altar para
Dionísio); e a skênê, uma estrutura baixa formando um fundo
atrás da orquestra. Nos teatros gregos (diferentemente dos
1 J. J.J. Polideto, tJ/OVl'l11,.tenrro. Epidaur~ Gre'éi~ c. 350a.C. Vtsm. Nornu:!metu~ os teturospegos
jiCavamjU;;rq a áreas rei1~"10sas e er:tm co;;sthlt'do.,· em encostas. A p/areia u esrendiâ em tOrtJode 200" e
jiárva diante de estrun~ros de sklnirempordri~·.

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11. i 4. TeatrudeEpidauru. Planta baixtt.


O templo grego

A eonstru~ão grega mais importante era, sem dúvida, o templo. Embora


t ivesse uma função pública das mais v itais ,;!fosse o símbolo da polis, não era
um edifíc-io público no sent ido que usamos para a palavra, pois apenas
sacerdotes e pessoas selecionadas podiam ent rar nele. Em contraposição a seu
interior si mples e desprovido de decoração, a parte externa do templo
esbanjava esmero artístico, pois os rit:uais públicos eram celebrad-os no altar
em frente ao templo. Por isso, e pelo fato de seu.volume fechado não ser um
espaço público, o templo grego foi muitas vezes descrito como uma escultura
monumental instalada na paisagem.
O templo era erigido em um local sagrado, o temenos, delimita-do por um
muro baixo ou fileiras de pedras. Contudo, como esses locais receberam novas
construções ao longo dos séculos, stoas e outras construções acabam
definindo melhor o temenos. Não houve esforço para alinhar esses edifícios de
acordo com eixos predefinidos; eles eram ajustados à topografia do terreno.
Não obstante, os templos eram em ge.ral alinhados sobre eixos direcionados
para picos de montanhas próximas, sa_gradas desde tempos pré-históricos.
A forma bruta do templo parece ter aparecido por volta de 1050 a.C., uma
estrutura de madeira com colw1as ao r edor de uma sala centraL As primitivas
oferendas rituais aos deuses eram feitas em bosques sagrados, onde as
árvores eram decoradas com elas. Acre-dit a-se que o templo, com sua colunata
circundante, tenha sido uma tentativa de recriar o bosque sagrado. As colunas
simbolizavam aquelas árvores decoradas, e as diversas partes das ordens
dórica, jônica e, mais tarde, corínítia foram nomeadas segundo ações
desempenhadas nesses rituais [Lâmina 3 1. A arquitetura parece ter se tornado
a forma concreta do ritual, embo-ra quando Vitrúvio catalogou essa
informação a partir de suas fontes gr12gas no século 1 a.C., o sent ido original
dos termos arquitetônicos gregos já ho11.1vessem se perdidou
O temenos sagrado de Olímpia [4-.35, 11.1 51 é um bom exemplo para
ilustrar templos em seu contexto. O local sagrado é delimitado pelo buleutério
ao sul, a stoa a leste e uma série de pequenas salas do tesouro adossadas à
colina de Cronos ao norte. No lado norte do temenos havia um templo
dedicado a Hera, a esposa de Zeus, o riginalmente construido em madeira,
mas substituído, parte por parte, com elementos de pedra à medida que o
tempo passou. O principal edifício era o grande templo de Zeus, construído
pelos cidadãos de Elis em 468-460 a.C. e projetado por Libon de Elis [11.16].
Medindo 28 por 64 metros, era um templo dórico, com seis colunas maciças
na frente e no fundo e treze de cada lado (para uma discussão sobre as ordens
e colunas gr egas, ver a Parte Um). Os gregos const1uíam seus templos com
pedra local, e, em Olímpia, esta era um calcário rugos o, recoberto depois com
um reboco feito de pó de mármore. O templo ·era perípter o, ou seja, t inha uma
fi!!!üa de colunas em torno de todo o seu perímetr o e ficava sobr!! uma base de
três degraus (a única característica in{:omum era a aproximação at ravés de
uma rampa do lado leste). Dentro ficava o naos, uma câmara retangular com
paredes que se projetavam para o pórtico, as antas, com duas colunas ent re
elas. Dent ro, ent re as fileiras de colunas dóricas, que sustent avam o telhado,
ficava uma imensa imagem de Zeus sen t ado, feita de ouro e marfim fixado a
uma armação de madeira e obra do escu lt or ateniense Fídias.

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110.,/'úndoe lre!.te na...· laterais. Atrd.:.· daJ c.~o/ur;as;iálO naos, abrlg ttndoaintt{fe!n de Zeus.

O complexo de templos que materializa mais plenamente o espírito da


Grécia antiga se encont ra na Acrópole de Atenas. O que se vê hoje em dia são
os remanescentes de um programa construtivo impressionante iniciado pela
pólis ateniense sob o governo de Péricles muitas décadas após a Acrópole ter
sido queimada e destruída pelos persas em 480 a.C. Os -e difícios deveriam
simbolizar a vitória de Atenas, e dos gregos em geral, sobre o barbarismo. Para
qui! os p@rSas jamaís fossem uma ameaça nova menti!!, P@licles criou a Liga de
Delas, uma confederação de todas as p ólis em torno do mar Egeu, e parte dos
fundos que elas contribtúam foi usada para const1uir a nova Acrópole como
um emblema daquela vitória.ll
A Acrópole era o local ideal para esses novos templos. Elevando-se a mais
de 1'1oventa metros acima da cidade, colocava os edifícios de mármore branco
reluzente à vista dos residentes da pólis, mas também os deixava visíveis do
porto de Pireu e da baía de Salamina, onde os navios persas haviam sido
afund.a dos [11.41. Era o ponto focal da Panateneia, festival realizado todos os
anos no fim do verão para comemorar o a1ú versário de Atena e celebrado com
festividades especiais a cada quatrQo anos. Nessas ocasiões, peregrinos e
participantes locais se remúam do lado de fora dos portôes dipylon, no
Noroeste da cidade, e formavam uma procissão que se movia ao longo da rua
chamada Dramas, através da ágora e até a Acrópole. Present-es para Atena -
uma túnica de lã especialmente tecida para a ant iga estáttta de madeira e
gado sacrificiaU- eram levados ao longo do tortuoso caminho até o alto da
Acrópole.l i
Em um ant igo. bastião que se projetava na extremida.de oeste do planalto,
um pequeno templo de mármore dedic:ado a Atena Nike, deusa da vitória, foi
construído por Callcrates por volta de 460-4 50 a_C_ " O bastião foi
subsequ€!ntemente r€!construído, e um novo templo, o que está lá at!? hojE!, foi
erguido entre 43.$ -4 20 a.C. (1 1.1 7, 11.18]. O templo d e Nike é o primeiro
elemento visto quando nos aproximamos da Acrópole. Suas delicadas colunas
jônicas, apenas quatro nas fachadas da frente e do fundo, contrastam com o
aspecto maciço das colunas dóricas do próximo elemento que vem à vista, o
pórtico·de entrada da Ac-r ópole, o Propileu.

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E -=- Ef.ecteoo P'a =- Te~p!o cJ.e Alem f>Mter<n (Panenoo~


N = Tt~(l de Ate!lrra ~ Pr " Prt!f)t.oo

11.1 7. Acrópole. At~na.<. Jmplanmção, mostra!Jdoosedifi'dos l'Oiu'iultlos duranteacampttt1hade


con::Uruçãode Péridt>J:,_/)ôr volta de400 tt.C.
Il .l 8. 7'empladeAtenaNike. At~nas, c. 4JS~420a. C. E::tapequenajoiajoi consrruldapatace!ebrata
vitdria-=olT!'<ftt~·obteru· !Mr:NJ:r:fica sobte um antigo btt:itiiiodt!fetJsivu da !dadedtJ BttJn.u queptotegia o
,POnâodaAcnipY>Ie. Possuico!unasjómCw· apenas tu~ftentée nosfUndos.

O atual Propileu substituiu um portão menor e mais antigo que era voltado
para sudoeste; destruído pelo incêndio causado pelos persas em 480 a.C., foi
substituído por uma entrada maior e 3nais cerimonial de mármore em 4 37 -
432 a.C., projetada pelo arquiteto Mnesiclas [1 1.19]. Além do portão em si, o
edifício incluía duas câmaras para peregrinos, uma de cada lado. Do lado
esquerdo· da entrada, ficava uma galeria para descans.o dacorada com
pinturas (daí o nome pínakotheke, "pi11acoteca", ou "galeria de pinturas"); a
galeria menor e inacabada do lado direito pode ter sido planejada como uma
g/yptoth ek ("galeria de escultur.as"), mas, apesar de sua forma inacabada, a
frente foi construída de tal maneira qtte a sensação de equilíbrio é preservada
quando se sobe em direçao ao Propileu. Ao reconstruí-lo, em 4 37 a.C.,
Mnesicles realinhou o edifício, deixando-o quase paralelo ao maior templo do
platô, o Partenon, voltado assim para a. baía de Sala mina. Então, ao virar para
t rás e olhar através do pórtico, o peregrino via, emoldurado por suas colunas,
o local onde os persas foram repelidos.
11.19. M!Jesidtt.s. Propiieu. Atenas. 4..1?-4:12 n.C. Aptb· passarpeloba!tiríode.fensi vo, o vh·itanteeiJUtWO
IIOCon;imtu :;t{f!l'ddo daAcrdpoleturavéS do Propileu.

Dentro do conjunto sagrado havia uma grande quantidade de estátuas e


este/as votivas erguidas como símbolos de agradecimento, entre as quais se
elevava uma gigantesca figura de bronze de Atena Promacos ("a guerreira"),
cujo brilho da ponta da lança dourada apontando para cima podia ser visto do
mar [ l L 20]. Atrás dela, paralelos ao muro de t rás do P ropileu, ficavam os
rmnanescei1tE!s das m uralhas ciclópicas de um terraço do antigo palácio da
Idade do Bronze, ta.lvez o palácio do lendário Erecteu, rei da Atenas pré-
histórica.
11.20. Prop!Yeu. Gsta ..,i sta recor..:;tituúiadeGorham Phillijb· Steveru tem a(gumN colunas dóricas
temovitlas-parâ•m ostrarmtlhora vh'ta do temenos. À t!Sf!ilt>rdapode u . r vi:l too Gretteihíl/ quase no
ceJJUtJ. t1 t:Ndtua deAtetta Prom8cos: e, ti direita. o Partenon.

À esquerda, podia-s2 avistar a parte de cima do templo Erecteion, e, à


direita, acima dos telhados dos edifícios de tesouraria, elevava-se o grande
volume do Partenon. Seguindo uma rampa ao longo do lado sul do terraço
ciclópico, o pereglino alcançava a fachada oeste do Partenon e podia se voltar
para o norte para ver a curiosa forma irregular do Erecteion.
Esse templo, o último grande edifício erigido na Acrópole, era t ambém o
mais incomum [11.21, 11.22]. Construído provavelmente de 421 a.C. a 405
a.C. (o arquiteto é desconhecido), abrigava santuários de uma série de deuses,
deidades locais e heróis e sinalizava diversos locais sagrados, incluindo a
marca do t ridente de Posseidon e a fonte de água salgada que ele fez jorrar,
assim como os túmulos dos lendários Erecteu e Cécro!Je, e, o mais importante,
abrigava um templo dedicado a Atena Polias, protetora da cidade e deusa do
lar.
JJ.2 1. Eretuion..-Atttna:;·~ 42 1 -405' a.C. Esteediflcio.cottlplexoQbn,{dva sanllJdriosdeuma variedade de
deuses, induindoAtemt Poliás~ protetor([ da cidadt..f'oi r:onstru/do ::obrt u~na rocha 4 portanto~ tem um
pla!JOCI1J dob· m 'vl!i:t. lndui o PórtiCodasCttritftides (Dtmultb:).

Originalmente havia um templo dórico tradicional dedicado a Atena


Polias, um pouco ao sul do atual Erecteion, que foi queimado pelos persas. Ao
construir o substituto ao norte, o arquiteto teve de lidar com numerosos
problemas para acomodar os muitos locais sagrados e um declive acentuado.
Como resultado, o Erecteion tem diversos níveis. A [este, no nível mais alto,
fica o pórtico com seis colunas jônicas que conduz ao IIOI)S que abrigava a
antiga imagem de madeira de Atena. Ao Norte, um 1úvel abaixo, fíca um
pórtico jônico maior, com quatro colunas, conduzindo à sala de Erecteu. Em
um pátio aberto imediatamente a oeste do templo havia uma oliveira
sagrada, dedicada a Atena. Essa parte do t erreno não podia ser coberta, e,
portanto, o Erecteion termina em uma parede com colunas jônicas adossadas
na fachada oeste. Ao Sul. na direção do Partenon e sobre o túmulo do lendário
rei Cécrope, fica o Pórtico das Donzelas, ou Cariátides, com seis colunas em
forma de mulheres com coroas nas cabeças, formando os "capitéis"- é a parte
mais original dos m uitos aspectos inovadores dessa construção
extremamente inusitada.
Se o Partenon ao sul representa o Jogos, a clareza e a precisão, o Erect~ion,
com seus detalhes jônicos delicados e muito detalhados, parece buscar ordem
em uma espécie de desordem casual. O Erecteion é a materialização da
flexibilidade jônica é da graça elegante, el'n oposição à austeridade olímpica
dórica do Partenon. No entanto, o Erecteion não é um produto de uma Idade
do Ouro idílica e pacífica, pois seu projeto e construção foram realizados
dw-ante a Guerra do Peloponeso, na ~p-oca em que uma praga quase dizimou
Atenas e ameaçou destnlir a pólis_ Cont rapondo-se ao momento desesperado,
o Erecteion é uma joia de delicado refinamento, não uma expressão de
desespero.

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Imr 117

1 1.22. Eretuüm . Pittntabaixa.

O primeiro edifício a ser reconstruíd o na Ac·r ópole queimada foi o maior de


todos, dominando a colina e a planície de Ática abaixo: o templo de Atena
Pa1-tenos (Virgem), deusa da guerra e da sabedoria. Um templo anterior nesse
mesmo lsc:al era alinhado ao monte H i meto a oeste. Uma substituição a esse
templo, iniciada em 490 a.C. e .ainda nas primeiras etapas de construção, foi
destruída pelos persas. Uma série de tambores das colunas de mármore
branco, extraído do m onte Pentélico, resistiu ao fogo e foi usada para as
colunas do novo templo. O Partenon foi construído ent re 44 7-438 a.C. a pa1'tir
de desenhos de lctino (possivelmente auxiliado por Calícrates). Con siderando
esse reus.o de material, é especialmente notável como as partes
proporciornadas do edifício acabado ficaram harmonizadas, pois os
arquitetos 1:1stavam usando elementos originahllt?nte proporcionados para a
construção de um projeto diferente.
O Parten on é incomum em diversos aspectos: seu grande tamanho (mede
3 1 por setenta m etros), suas oito colunas nas fachadas da f rente e do fundo
(quando seis era mais tcadicional) e seu nãos com duas câmaras [ 1 1.23]. A
leste, ficava a sala maior, que abrigava u ma imensa figura de Atena em pé, de
capacete, com uma lança e. um escudo- nas mãos; como a imagem de ouro e
marfim de Olímpia, essa também foi c.riada por Fídias, o qual, ao que parece,
supervisionou todas as esculturas esculpidas para o templo. A oeste ficava
uma sala quase quadrada chamada de partenon (o termo foi depois estendido
para significar o prédio todo), que abrigava um tesouro de oferendas para
Atena, inclurndo o t rono de prata d.o qual Xerxes observou seus navios
partirem para a derrota na baía de Sala m ina. Em bora o templo tenha sido
construído com a ordem dórica, maciça e austera, que convinha à deusa da
guerra, o telhado da sala do partenon era sustent ado por colunas jônicas mais
delicadas.

• •••••
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1/. 211~ /ctinorCalkrnus~ Parli'non. Atenas. 4474~9 a.C. P!anta /xJb:a. .l!:i!etrmp!opossui doisnaos, u111
para u tesourô c outroparrl ttbr/ga.r.a il!u{fel!l de ouro tr 111arjii11 de Atelw.Parrenos, deu~,·n d(lsuerra. A
planta /Jnixu e tJ ratão tias colunas rim aproporplu x: 2 x "'1.

Como em Olímpia, as esculturas dos edifícios eram relacionadas aos


temas associados ao deus e ao local. Como esse era um dos templos mais pan-
helênicos, que celebrava a vitória sobre os persas, as esculturas representavam
a luta ent re fogos e chaos, ent re a civilização e o barba1ismo. As 9 2 métopas no
entablamento dórico ilustravam isso de quatro maneiras. A leste ficavam
imagens da bat alha entre os deuses olímpicos e os gi gantes terrenos; a oeste,
cenas c,le gregos lutanc\o contra as amazonas {ou persas); ao norte,
representações dos gregos contra os t roianos (outros adversários da Ásia
Menor); e, ao sul, pares de lápitas e centauros lutando, a mesma história
representada no frontão oeste do templo de O!ímpia. As figuras dos frontões
representavam histórias mais relacionadas a Atenas. No frontão oeste,
voltadq para o Propileu, era mostrada a história da competição entre Atena e
Posseidon para determinar quem deveria ter o domínio sobre a Ática.
Posseidon tentou persuadir os atenienses por meio de uma exibição de seu
poder e, assim, golpeou a Acrópole com seu tridente, enquanto Atena fez uma
oliveira crescer milagrosamente - os atenienses, então, preferiram o presente
de Atena [1 1.24]. No frontão leste, sobre a entrada pàra o naos principal e a
ima.gem de Fídias, havia. uma representação do nascimento de Atena,
co-m pletamente armada, saindo da testa de seu pai, Zeus. A parte mais
original do todo, no entanto, era o longo friso esculpido em baixo-relevo. Ele
ficava em tomo da parede externa do naos, mas dentro do peristilo dórico,
medindo um metro de altura por 160 metros de comprimento, e mostrava o
que parece ser a procissão da Panateneia. Até então, apenas deuses e heróis
semidivinos eram representados em esculturas mos templos; pela primeira
vez, mortais comuns apáreceram. Talvez essas figuras representassem a
procissão original da Panat-eneia, mas também é possível que os atenienses do
período clássico estivessem olhando para imagens idealiza.das deles mesmos,
retratados celebrando a proteção de sua cidade por Atena e o estilo de vida -que
isso significava.

11.24. Partenon. Vista dafaâUida oeste a partir doptifi(l inferior; recon:m·ali;ãu daGorham Pki!iip:.·
Stevé'tJ.:.'.
O que tomou o Partemon especial desde a época de sua criação foi a
p recisão de sua constru~ão assim como as SJ.Itilezas e refinamentos do p rojeto
[1L2 5]. Desprezando o uso de argamassa, os construtores empregaram uma
técnica de alven aria seca chamada an athyrosis. Os blocos de mármore eram
cortados perfeitamente quadrados, e a.s superfícies, deixadas absolutamente
lisas. Para as ju n ções verticais, as super fícies internas eram cortadas de modo
que apenas as bordas dos blocos encostassem umas nas outr as •. de maneira
p recisa. Nessa região p ropensa a terre-motos, os blocos eram p resos entre si
com grampos de ferros s~lados em. chumbo fundido par a p roteger da
oxidação. Como uma materialização do logos, todo o p rojeto foi determinado
por um sistema de p roporções de x para (2x + 1) ou 4 para 9. Assim , se havia
oito colunas na frente de cada fachad.a, usando os tambores já cortados, as
laterais teriam que ter dezessete colul'!las (2 x 8 + 1 ). Tanto as proporções do
pódio quanto do naos são de 4 para 9, ou 1 para 2,25. A mesma relação de
p roporções foi usada na razão ent:re a altura da ordem (incluindo o
entablamento) e a largura das fachadas e na razão· entre o d iâmetro das
colunas e o espaçamento entre elas, de eixo a eixo.

1J .25. Partenon. Vi::;tãda,íãcltndaoeste.

Mais notáveis ainda eram os sutis refinamentos visuais, o que, segundo


Vitrúvio os gregos chamavam de a/exemata, ou "melhorias". Ele d izia que os
templos gregos tinham de ser p rojetados quod ocu/us f a//it, ou '1evando em
conta aquilo que engana os olhos", isto é, se uma plataforma estilóbata é
construída realmente plana, "vai par ecer que tem uma depressão", e as
colunas de can to p recisam ser mais espessas porque "estão colocadas contra o
espaço aberto e parecem se.r mais delgadas do que são". Assim, ele instrui seu.
leitor, a estilóbata deve ser levemente elevada no centro, com temperatione
adaugeatur, ou seja, ter uma ''elevação[...[ feita cO>m modulação calculada".ll
Na verdade, no Partenon a estilóbata é um segmen to de uma esfera ime nsa
que se eleva no centro: nos lados maiores, ele se eLeva quase dez centímetros;
nos menores, cerca d e cinco· centímetros. Além d:isso, cada linha horizontal
paralela à estilóbata é igualmente curvada. As co!unas de canto não a penas
têm um diâmetro cinco centímetros maior do que todas as outras, mas
também são colocadas quase sessenta centímetros mais próximas das
vizhlhas.
O Partenon dá a impressão d e ser um projeto baseado em linhas
absolutamente retas, uma série de horizontais perfeitamente planas e
verticais aprumadas, em equilíbrio absoluto. Não apenas a base .e o
entablamento são curvos, mas também não há uma linha verdadeiramente
reta em nenhum lugar no edifício; é tudo wna combinação de diagonais e
curvas sutis. As colunas têm o que Vitrúvio chamou de ênta:re, um
afuniiamento curvo que começa mais ou menos a dois quintos da altura do
fuste [1 L 26]; a redução total no diâmetro de coluna padrão é de 1,75
centímetro (isso represen ta um raio de curvatura de aproximadamente 1.600
metros). No Propileu, a êntase é de 1,9 centímetro. Além disso, nenhuma das
colunas é perfeitamente vertical; todas têm uma inclinação para dentro de
1:1 50, aproximadamente seis centímetros, e as colunas mais grossas dos
cantos se inclinam na diagonal. Se as linhas centrais das colunas de canto
fossem estendidas, elas se ·encontrariam aproximadamente dois quil8metros
e meio acima da estilóbata -do templo.
1J.26'. Pttrtí'mm. Detalhe das C'olunasdecanto.

Por que u m cuidado tão extraordinário foi exercido e tanta energia


dispendida? Uma razão convincente é a aretê, pois a casa da deusa exigia os
Jnais excehmtes materiais e mão de obra. Em termos estritamente práticos, as
colunas inclinadas ajudariam, mesmo que pou co, a resistir ao movimento
lateral provocado por terremotos. (A c0ondição atual do Partenon, em rui nas, a
propósito, deve-se inteiramente a ca4.1sas humanas. O edifício mudou de
funçao, tornando-s(! uma igreja cristã tlt, depois, uma mesquita, e, finalmente,
foi usado como um paiol de pólvora ttuco. Em 168 7, os venezianos atiraram
com wn canhão sobre ele, fazendo explodir a pólvora, que danificou
severamente todos os edifícios da Acrópole.) Como o classicista Jerome ).
Pollitt sugeriu, talvez o cuidado tornado na alexemata tenha sido uma
maneira de criar uma tensão entre o gue a mente espera ver e a informação
que a visão de fato envia ao cérebro - quodoculus.fallit- , de modo que as duas
imagens divergentes nunca ficam em perfeita concordância. O r-esultado é
uma construção que parece fremir de estímulo i ntelectual, que é "vibrante,
viva, vigorosa e continuamente interessante"."
É também significat ivo que nenhum edifício novo tenha sido erguido no
centro da Acrópole reconstruída. Ali, ·no que restou do palácio da Idade do
Bronze, foi criado um amplo terraço e11tre o Erecteion e o Partenon. Naquele
local mais sagrado, o homem, a medida e o medidor de todas as coisas, estava
no centro. Olhando para um lado, avistava-se o antigo monte sagrado de
l-li meto, para o outro, através das port a s do Propileu, a baía de Salam ina; mito
e história !humana fundiam-se na experiência do ateniense ali no alto, sob a
luz forte da Ática. Assim como em O límpia, onde as figuras de Pélope e
Hipodamia desafiavam os atletas em sua busca pela aretê, no topo da
Acrópole ateniense o observador human o também é desafiado a contemplar a
infindávelluta ent re a razão e a irracionalidade, a civilização e o barbarismo, o
Jogos e o chaos. O Partenon, feito com o sólido mármore, serve como prova de
que o ideal pode ser realizado pela ação thumana.

Arquitetura helenística
A estimada independãncia das cidades-estado gregas, amea.çada pela
confederação de Péricles, foi completamente extinta quando as muitas pólis
gregas foram fundidas em um verdadeiro Império por Felipe u da Ma cedônia e
seu filho, Alexandre, o Grande, entre 36-0 a.C. e 323 a.C. A paz relativa que essa
sujeição política t rouxe acabou por fomentar o florescimento da filosofia e da
ciência gregas, pois foi durante esse período que Aristóteles, Zênon e Epicuro
escreveram. e ensinaram, que Arquimedes e Euclides desenvolveram seus
teoremas e que escultores como Praxite.les e Lísipo t rabalharam.
Alexandre, aluno de Aristóteles, era wn apaixonado pela cultura grega e
exportou sua arte e pensamento para ·todas as terras que subsequentemente
conquistou, incluindo a Pérsia., o Egito. a Síria, a Palestina, a Babilônia, o Irã e
o Norte da Índia. Ele também expandiu o comércio internacional e a troca de
ideias. As artes visuai s, não'mais refreadas pelo austero ideal gregc· clássico,
tomaram-se mais elaboradas e ornamentais, e essas arte e arquitetura mais
adornadas hoje são chatnadas de helenísticas. O natura.lista romano Plínio
chegou a dizer que depois de Lísipo a "arte parou".
A arquitetura hele1ústica passou por algumas mudanças. As elegantes
ordens jônica e coríntia ficavam cada vez mais elaboradas, enquanto a ordem
dórica, a mais simples e austera do continente grego, caiu gradat ivamente em
desfavor, para ser redescoberta somente em meados do séculoc XVlll. A nova
elaboração espacial e dimensional do templo grego é bem ilustrada pelo novo
templo de Apolo em Dídima, perto de Mileto, na Ásia Menor, iniciado por volta
de 330 a.C. e atribuído aos arquitetos Paionios de Éfeso e Dáfnis de Mileto
[1 L2 7 , 11.28]. Uin dos maiores tempbs gregos jamais construídos. elevava-
se sobre um estereóbata de sete degraus imensos, medindo quase sessenta por
120 metr:Js na base. A estrutura do nacsera cercada por uma dupla fileira das
mais altas e finas colunas jô1úcas de qualquer templo grego, com 19 ,7 metros
de altura. Essa colw1ata períptera dupla t inha dez colunas na frente e no
fundo e 2 1 nas laterais. O naos, de 2 3 metros de largura, não era cobHto, mas
a céu aberto; as pilastras jônicas ao longo das paredes internas mediam 1,8
metro por noventa centímetros. O visitante, sem dúvida dominado pelo
tamanho descem una! do vasto edifíciq,.de~cia para o "pátio" do nao.< por uma
escadaria de quinze metros de largura. Dentro do naos aberto, por ~ntre um
bosque de loureiros, ficava um santuálio jô1úco do taman ho dos templos
jônicos do período clássico (cerca de 8 ,5 por 14,5 metros). Todas as partes do
templo típico do período de Péri eles foram aumentadas em escala e alongadas
e se tornaram mais elaboradas e adornadas. A sobriedade deliberada do
período clássico estava cedendo lugar à celebração das riquezas m undanas, e o
equilíbrio ent re virtude cívica e exibição pública caracterizado pela Atenas de
Péricles foi substituído por wn gosto pelo detalhe sw1tuoso.
·soeuop.lopa;tlf'VtU/PlQ flliiOfOtitr·JI'P/ifuu.z ll?'ll

'aJiiJqO.JS"PC,z;pt/opjvu.t_/011O!dlii~J OfiJI'lÓ~ UII/ 11/0.J 'OJNqV f1.~1;1lJ V.U i117/J 'SOf.UO ~ÃtJOS OpOl/J<V
V/.fl'.lJ opu "I" 'sqpQz_t;o~.l s.tm«v.fsab,t..f.•o;{imi1J~>a"O.IPl« sop mn ·vx.tl'llVJIIJJltl 'J'IJ O!E '.J wa opvp.ftt.t
'"OIIJ,WV,ISY'ONf.IJAI~poutJd 'iJUI.IPJ(] 1-lli10JodV~PO.Jdlii~J ;ON/.Ifri3PS.Il{/!J(]JO.•J/ff~P .'O.fiiO.fPtl ~?'I!

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Uma arquitetura de excelência
A arquitetura grega, talvez mais bem repr~sentada pelo templo, é a
11i~ tPri~li 7.~Ç~O P111 p Prh~ rl P u m :.ln~a>in pPl:=t 111Pdirl;.1 C"Prt;.l, O PC]Hilfh rin irl P:=t 1 r.p
extremos. Em termos arquitetônicos, isso se mostra no equilíbrio entre os
elementos verticais de suporte (as colunas) e seus elem entos horizonta:,s
carregados (as vigas do entablamento), ent re ação e repouso. Cada bloco ou
t~mbor de ·c oluna, cada peça de baixo relevo narrativo, era executado à
perfeição, com os melhores materiais disponíveis, não como uma exibição C.e
riqueza, mas porque era corret o honrar os deuses e a pólis dessa maneira. O
objetivo sempre foi a excelência da forma, do detalhe, do t rabalho artesanal
porque - como os· gregos acreditavam - essa é a única maneira de um ser
humano alcançar o seu potencial pleno. A arquitetura do templo grego
r~presenta uma síntese ú nica da essência e da substância, da forma ideal e da
estr utura be1n articulada. Os gregos se preocupava1n pouco com a
i:nortalidade em um plano espiritual, mas buscavam assegurar sua
i:nortalidade na memória humana, por meio de sua excelência intelectual e
artíst ica. O Partenon é a prova de que tiveram suGesso em se tornarem
eternos.

NOTAS

1. Citado em Ft:az(:r, j.G. Pau,s Mias' Descriptitm ofGrttece. Londrcs, 1 897, xliii, n. 1.
1 . Platão. Cpinomis.. 9S7d. Londres, 1927, p. 4 ?3.
1 . Platão. Critias, § 111. Edição em tngti:s: Kitto, H.O.f . TluGreeks; ed. rev. Baltimore, 1957, p. ~4 .
i . BakcwcU, C.M.SourceOookinA!ldi!wrPitilosoplt)'. NovaYork, 1939, pp. 8·9.
2. Sophokles. Antigtme. Baltimore, MD_. 194 7, p . 115. (S:dlção em português: Sófodes. Ant(fO!Ia.
Sio Paulo, Clãssicosjackson XXU).
§:. Essa relação elementar foi percebida pela primeira V €'2 por Vincent Scully; ver Tke liârth.- fi~e
remple, and the Gods. New Haven, Conn., 1962; ê um conceito ainda considerado extr.cmamen:e
C·:mtroverso por estudiosos clássicos.
1. [mbora osateniense.s tivessem diversos noo'!es para Ate na, eles realizavam rituais para Ate na
Polias apcna.s no antigo templo ao norte da Acrópole (depois substim{do p-elo Erccteton): o templo ao
suL. maior,-o Partenon, parece ter sido construido para incorporar ideais c.lvlcos. Ver Herington, C.J.
Ar.ltetJtl Parilumos and Atltena Poiias: A Study in tlte keligion of Peridean Athnu. Manchcstcr,
Inglaterra, t95S.
-ª· Kltto. TheGreekl·, p. 7 5. (Edição em pormgu~s: Oj'pegos. Coimbra, Armenio Amado, 1980}.
2,. A ma.r atona oümpka rnoderna honra essa famosa batalha e o soldado grego, Fidipides, qtte
C•Jrreu os ~6. 2 quilômetros de Maratona até Atenas·corn as notídasda vitória, quandocaiu morto.
1 O. Aristôtetes. Politiá; it. 8·. Oxtbrd,lngla[crra, 190S, p. 76. (Edição em português: A Polltica, São
Ptulo. Martins Fontes, 1991).
l l.Scully, Vinccot.Theratdt, !h~ Ttmple. and úteGod:;, p. 206
l l. O signitkado dasordeosclãss.icas, ao mcr\os nos tempos romanos. c de suasinúmcraspártes,
C tratadp em Hcrs-cy, George. tha lost Meaning o-fClas:ilàtl Arcititet:ufe: Specul(llioru on Ontamtru
from Vttrtlvllls to Ve/Jtun. c.:ambndge, t\\A, 1988. SOb(e a ordem c-onc.na em parncutar ver Rykwert,
}oseph. "The Corinthian Order". l>omus, 4 26, maio de 1965, reimpres;o na antotogi-ade Ryk\:vcrt. Tlta
Necessif)l o.fArtij'ice. Nova York. 1982, pp. 3 3--it 3. Sobre uma interpretação moderna das proporções
das ordcrts, gregas c r-omanas, ver Chitham, Robcrt. Tite C!a:;~·icnl Olders o/ArchiteCGite. iNova York,
1985.
J.1. A grande it'onia é q1,1c ~dominação que os persas não conseguiram obter pela força, Atenas
obteve fadlmemc s-obre a pequena pótis de Egina por meio da liga de Dclos. Mais tarde esse
"lrnpértoj) fOi a ra-zão da destrwção de Atenas, causando a tanga e dc~astrosa Guerra do Peloponeso,
435-404 a.C.
1!. O gado levado para o al:uda Acrópole para sacrifi.cionos-ternbra que não estamos tão perto
dos gregos como às vezes gostamos de imaginar. Em A Hil'tury o/ We.uern Ardtitettuu {Londres,
1 9S6), p. 38, D:wid W:ldr.in nos f~z lembr:u- "o fedor,~ csqu:ilide:z c c b~rulho de um:~. oc~tHo com o
essa, quando asmoscasinvadiam o sangue coagulam-c no c ator sufocante·'.
ll_. Embora muito esteja faltando hoje da Acrópole, assim como de Oümpta c de todos os outros
sltiosarqucológicosgregos, [Cmos um tcgisttodetálhadodo que havü na Acrópole c nos outros locais
no diário de viagem do geógrafo grego PausâniasJ que deu uma volta pela Gréda no sécul-o u d.C.;
CUide toGreeC'c. 2 vols. Harmor.dsworth c Nova Y.ork, 197 1. Ver também a descrição da Panaceneia
em Kostof, S.A HistotyufArchiletture. Nova York, 1985,pp. 149-158.
l§.. Vh:ruvius. Tdn Books 011 Ardtiteaure, ffi.4.5. e Ul.l .11 a 11 . VitrUvio indica um tratado de
Jctino c Cárpion (queria dizetCalicratcs?)que diz ter con-s uttadó.
11. Polli[t,J.j .Anand Exper:tmc-einCiaú·ica/Greece. Nova Y.ork, 191·2, p. 76.

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CAPÍTUL012

Arquitetura romana

Aarquitetura romana dá fom1a aosespaços.


H. Kãhler, TheArt oj.llomeand J.fer Ctnpire_ 1965

Em contraposição à arqu itetura grega, que pode ser descrita como m assas
escult.óricas dispostas e:m contraste:! equilibrado à paisagem, a arqtútetura
romana, como Heinz. Ka'hler observou, é uma arquitetura de espaços, espaço
interno fechado e espaço aberto público, tudo em gra:nde escala. Os egípcios e
os gregos c1iaram edi fícios poderosamente evocativos, mas raramente feitos
para conter grandes grupos de pessoas; a vida pública era conduzida do lado
de fora, em meio a esses objetos arquitetônicos esculpidos, e os interiores
fechados eram o domínio de uma elite especial. Apenas na arquitetura
helenística os espaços públicos começaram a ganhar forma de uma maneira
consciente e deliberada, e essa configuração do espaço foi a essência da
arquitetura romana. Não existe melhor C:!Xemplo da supremacia do espaço do
que o vasto interior do Panteon em Roma, com sua cúpula de concreto sobre
um vão livre de 43,4 metros.
Uma das razões pelas quais os romanos davam grande importância à
arquitetura pública, tanto dos espaços fechados como dos abertos, era porque,
desde o início, a civilização romana teve a cida.de como seu elem ento
constituinte básico. De fato, os romanos marcaram o início de sua h istória
não com uma batalha decisiva ou o reinado de um determinado rei, mas com
a fundação da cidade de Roma por Rômulo e Remo em 7 53 a.C. Registros
oficiais dataram a fundação, no Mon te Capitolino, do principal templo a
Júpiter - Jupiter Optimus Maximus (o Mais Supremo Júpiter), a principal
deidade da religião estatal - em 1 3 de setembro de 509 a.C., um ano após a
instituição da República. Por quase cinco séculos, os romanos orgulharam-se
do fato de sereinlivrés e de se àutogoverliarém, é, mesmo durante o Império
que se seguiu, os imperadores que governaram com mais sucesso foram
aqueles que mantiveram a aparência da estimada velha república,
mostrando-se como meros agentes do Senado. Os romanos eram, antes de
tudo, "animais políticos", nas palavtas de Aristóteles, e sua pólis veio a incluir
a totalidade da bacia do Mediterrâneo e a Europa.

História romana
Como os egípcios e os gregos, a geografia em que os romanos se
desenvolveram deu forma à sua sociedade, determinando também um estado
dt? guf!rra quase incessante, que esse espaço tornou prati.c amente inevitáveL A
história romana é dividida em t rês fases: a época dos primeiros reis, a
República e o Império. Por volta de 1100 a.C., grupos de colonos dos Balcãs se
deslocaram para a península italiana; ent re eles estavam os latinos, que
colonizaram a área em volta do rio Tibre, no centro da península. O local que
os latinos escolheram era bom, sobr e sete colinas, em um ponto do rio
distan te o suficiente do mar para evitar ataques, mas junto de um leito ainda
navegável a partir do mar. Aproximadamente t rezentos anos depois, acredita-
se, os etruscos se mudaram para a área ao norte de Roma, onde hoje é a
Toscana1 Possuindo uma cultura mais -avançada, eles gradualmente vieram a
dominar as t ribos vizinhas, incltúndo os latinos, sobre os quais impuseram
um rei. Em 509 a.C., os habitantes da cidade de Roma se rebelaram, depondo o
rei e instituindo a República, governada por um senado de patrícios com
poder executivo invest.i do em dois cônsules, que serviam por apenas um ano.
Durante os séculos seguintes esse sistema de governo foi ampliado para
incluir uma Assembleia da Plebe, ou das classes populares.
Afora os montes Apeninos correndo a península de cima a baixo; não há
grandes barr-eiras ao movimento na ltáftia assim como há na Grécia escarpada,
nem desertos isoladores como no Egito. Os cidadãos de Roma t inham,
primeiro, de assegurar sua liberdade removendo a ameaça dos etruscos, e
depois começaram a ampliar suas fronteiras meridionais por etapas, até que
encontraram colôtúas gregas estabelecidas. Os gregos pediram então auxílio
para suas principais cidades-irmãs da Grécia continental. Após uma série de
batalhas severas, os romanos ganharam cont role sobre as colôtúas gregas, de
modo que em 26 5 a.C. Roma controlava toda a península italiana. Assim, os
romanos se encont raram em uma s ituação de rivalidade comercial com os
cartagineses do Norte da África. Cartago, que fora uma colônia da Fenícia, era
o centro de um comércio mediterrâneo movimentado e começou a ver Roma
como uma possível concorrente. Essa luta pelo poder resultou no que os
romanos chamaram de Guerras Púnicas (punicus em latim signífica
"fenício"), de 265 a 146 a.C., que acaba.ram levando à destruição da cidade de
Cartago e a absorção de suas colônias por Roma. Enquanto isso, o exército e a
marinha romanos foram postos à prova na Macedônia e na Síria, mas
t ambém os venceram. Essas vitórias acrescentaram ao domüúo de Roma uma
boa parte do antigo Império Alexandrino. A consequência disso tudo foi que, a
partir do início do século 1 a.C., Roma não era mais uma cidade, mas uma série
de colônias anexadas e cidades federadas estendendo-se de Gibraltar até a
Síria, com reinos clientes na Ásia Menor, na Armênia e na Palestina. Os
romanos começaram a chamar o mar Mediterrâneo de mare nostrum, "nosso
mar".
Roma se tornara de fato um Império, com as agitações políticas
resultantes, lutando para se governar como se ainda fosse uma república. Em
46 a.C., Júlio César foi nomeado ditador por dez anos pelo Senado, na
esperança de acabar com as guerras civis periódicas; porém, dois anos depois,
ele foi assassinado por aqueles que queriam estab~lecer a velha república, e a
guerra civil novamente irrompeu. Em 31 a .C, quando o sobrinho de Júlio
César, Otaviano, derrotou Marco Antônio e Cleópatra e estendeu o domínio
romano para o Egito, ele foi nomeado princeps ("primeiro cidadão") pelo
Senado e recebeu o comando do imperium, o que fez.dele um ditador e líder do
exército. Otávio t ambém tomou para si o t ítulo de Augusto ("venerável",
"majestoso"). Muito embora Augusto fosse de fato imperador, ele manteve
todo o aparato do governo republicano, evitando, assim, um embate com os
republicanos ardentes no Se!)ado. Seu reinado de 4 1 anos foi marcado pela
paz e pelo estabelecimento de uma burocracia imperial que funcionou .
regularmente, a pesar das depredações dos imperadores da dinastia júlio-
claudia na que s.e seguiram a ele, incluindo o depravado Calígula e o
desequilibrado Nero.
Muitos anos após a morte de Nero, Vespasiano foi declarado imperador
pelo exército, e deu início à dinastia flaviana (seu nome de família era Flávio),
que governou com êxito de 69 d.C a 8 1 d.C. e que acabou em 96 d.C, após
quinze anos de terror sob Domiciano. Com a morte deste, o Senado nomeou
Nerva como imperador, dando inicio à-época dos Cinco Bons Imperadores, que
incluiu Trajano, Adriano, Antonino Pio e Marco Aurélio; seus reinados, de 96
d.C. a 180 d.C., marcaram o mais longo período de paz e prosperidade do
Império Romano e coincidiram com o alcance máximo do Império Romano, e
sua lei, sob Trajano. Es.s es anos de administração eficiente foram os anos
dourados da ordem civil e da paz - Lex Romana e Pax Romana. Grande parte
da melhor arquitetura romana foi construída durante esses períodos de paz e
amplo desenvolvimento eçonônúco nos reinados de Augusto, dos flavianos e
dos Cinco Bons Impe.r adores.
Depois de Marco Aurélio, o bnpério começou a sofrer uma crescente rigidez
interna e pressão de invasores fora das suas fronteiras, até que, em 28 5 d.C.,
Diocleciano o dividiu em duas partes, que seriam administradas por dois
imperadores iguais, e, então, ele se retirou para seu palácio fortificado em
Spalato (hoje Split, na Croácia), na costa Adriática. O sistema logo se
desmantelou, mas o Império foi mais uma vez reunificado em 324 d.C., por
Constantino, que t ransferiu a capital imperial para uma nova cidade que
fundou na ent rada do mar Negro sobre a antiga cidade grega de Bizâncio. Ela
foi chamada de Nova Roma, mas logo adquiriu o nome de Cidade de
Constantino, ou Constantinopla.

o caráter romano
O caráter romano foi formado durante os pt;meiros anos difíceis da
República, quando a ameaça constante das t ribos vizinhas exigia que os
agricultores romanos estivessem seinpre prontos a pegar em .a rmas.
Desemvolveu-se um sentido arraigado de disciplina, responsabilidade
pat riót ica e grande determinação, que é mais bem descrita pelo termo latino
gravitas, um sent imento da imp01tância de ter controle sobre a situação, uma
propensão para a austeridade e o conservadorismo e um respeito profundo
pela t radição. Um bom romano praticava uma m oralidade rígida, servia ao
Estado, possuía uma homa irrepreensível e dedicava-se a um ascetismo físico
e espiritual - t raços que o próprio Augusto exemplificava.
À medida que ·a cidade de Roma estendia seu controle sobre a península
italiana, desenvolveu-se uma compulsão para espalhar os benefícios da lei
romana e da governança republicana para o resto do mundo. Esse imperativo
fora declarado pelo próprio Júpiter, como expresso por Virgílio na Eneida:
"Aos romanos, não marco limites na espaço ou no tempo. Concedi-lhes
soberania, e isso não tem fim••1 É uma grande fronia que o m esmo povo
sedento por esp01tes sanguinários fosse o que criou um sistema legal
universal que amparou os direitos dos cidadãos ao longo de todo o
Mediterrâneo por cinco sé.culos. Os romanos empenhavam-se em .a lcançar a
t11úversalidade e uma ordem evidente em todos os aspectos de sua vida, e sua
maior conquista foi visualizar essa ordem cívica nos espaços urbanos que
conceberam, emoldurados por fileiras claramente ordenadas de edifícios
colunados a dispostos ao longo de eixos.
Os romanos eram naturalmente pragmáticos e realistas, ao contrário dos
gregos investigativos e idealistas. Em bora os avanços tecnológicos
progredissem à medida que Roma ganhava controle sobre a bacia do
Mediterrâneo, não havia grandes cientistas teóricos romanos. O que eles
produziram em abundância foram engenheiros e construtores, que
desenvolveram formas arquitetônicas em t11na escala que os gregos não
teriam sequer conseguido conceber, cdmo Estrabo exaltou em sua Geografia.
Os engenheiros romanos construíram uma rede de estradas conectando todas
as part(,!S do Império, da costa portuguesa aos confins da Turquia e da Síria; se
uma montanha aparecia no caminho. eles simplesmente a cortavam. Eles
desviavam córregos e conduziam suas águas por mais d e 45 quilômetros até
as cidades, criando canais através de colinas e erguendo aquedutos sobre
vales em imensas arcadas. Só a cidade de Roma t inha catorze aquedutos, com
mais de 420 quilômetros de extensão wtal, carregando 750 milhões de litros
de água para dentro da cidade diariamente. Em m uitas partes da Europa, os
sistemas de abastecimento de água e de esgoto eram muito melhores sob os
romanos do que são hoje, e em Segóvi a, Espanha, a água da cidade ainda é
t ransportada pelo aqueduto romano.

IMPÉRIO ROMANO
c. 211 d.C.

o 600 11m
O .300 ml
ÁFRICA
- e.s!'ladas ~nas. "'"''"""
--- Ext(ons:AQ do.lmoéflo R:ornaoo

A religião e o templo romano


A relig:ão em Roma era centrada em casa, na domus. Em suas origens, era uma
religião animista, na qual oferendas ~.ram feitas a espíritos impessoais que
governavam cada aspecto da natureza: - árvores, rochas, a água e o fogo da
lar eira doméstica. Em cada casa havia pequenos santuários onde se faziam
oferendas para esses espíritos. Fora:Tl os -etruscos que introduziram wn
pan teon d e deuses semelhantes aos gr2gos e que começaram a construção de
templos elevados sobre altas plataformas com pórticos e colunas. Após o
cont ato corn os gregos, os romanos imbuíram seus deuses cívicos, ou estat ais,
com m uito do caráter dos deuses olímpicos, de m odo que Júpiter se tornou
quase o mesm o que Zeus. Júpiter, em particular, passou a se: visto pelos
romanos com o o protetor do Estado. Com um apreço especial por
jJ! Uét::dlutt.!JllU~ u~ul Ut!fluh.lu~, us l UUli:lUUS t.lt!St!JlVUlVt:!l a llt rl lua b u duudusu~
para cultuar seus deuses, realizados por sacerdotes que tinham pouco cont ato
com os artesãos ou os m ercadores com uns. Os romanos com uns ainda faziam
oferendas aos numína, os espíritos cultuados em seus santuários dom ésticos,
enquanto os sacerdotes t omavam cont a da nili_gião estat aL
O templo romano, o temp/um, derivado de protótipos etruscos, era
sem elhante ao grego e, ·a os poucos, veio a ser adornado com ordens e detalhes
arquitetônicos gregos.! A difer ença fundamen tal no templo romano estava na
m aneira corno a área sagrada à sua volta era consagrada: por meio de ações
que configuravam um eixo dominante para orient ar o edifício e o espaço à sua
frente, assim com o sua disposição em relação ao espaço. Na consagração do
local do templo, o sacerdote, ou augur, investigava o terreno e deter m inava
seus lim ites . Ele desenhava um círculo na terra, dividindo-o com duas linhas
perpendiculóres para marcar os quadrantes do espaço. onde ficaria o tem plo,
t raçandp um eixo .d iante dele e um a t ransver sal que determinaria a frente e o
fundo, a esquerda e a direit a. Enquanto o tem plo grego era er guido em uma
área aberta, podendo ser aproximado de todos os lados, o templo romano era
colocado na extremidade de um espaço bem definido, alinhad-:> ao eixo do
locaL Ficava recuado na parte de t rás do espaço, elevado sobre um pódio -
diferente do tem plo grego, com seus t rês degraus iguais em toda a volt a - , e só
podia ser aproximado pela frente por m eio de uma longa escadar ia . Com o o
templo grego, no ent anto, o romano t inha colunas, mas estas ficavam
sobretudo na frente, sustent ando o telhado de duas águas sobre a ent rada
para a cela, a câmara fechada. Nas laterais e na parte de t d s, a parede
dom inava, fundindo suas colunas adossadas às paredes da cela.
Ent re os mais bem preser vados templos romanos desse t ipo está o
construído por volt a de 19 a.C. na cidade de Nemausus na Gália (Ním es,
França), chamado hoje de Maison Carrée, ou "casa quadrada", porca usa de sua
geom etria claram ente retangular [12.1 ]. Em bora construído durante o
governo de Augusto, sendo, portanto, um edifício imperial, ele replica a form a
dos templos t radicionais da ant iga República. O espaço retangular fechado
diante da Maison Carrée, no ent anto, foi reconstruído há m uito t empo.
12.1. Mab·on Cttrre~ Mines, F'rttllfá,(a romana.~mdw·w·~ Gália), iniciada r. 19 a.C. llm dos mm"j· bem
presetvadus dtt todos os templos romtlltôS, te111 n basta/ta, ofrontispkioenfárkoi!tts colunt/S odo~sadar
naspa;e.des laterais r/picos dos·remplos roma11o~·.

O exemplo mais notável de como o eixo era usado para controlar o espaço
ficou encoberto por séculos: t rata-se do Santuário de Fortuna Primigenia, em
Praeneste (Palestrina), Itália (12.2 }. Provavelmente construído sob o reinado
de Sula, que conquistou Praeneste p<.ra Roma em 82 d.C.., ele acomod'ava
diversos locais sagrados t radicionais e fazia parte do plano de
restabelecimento de anti gos cultos locais por Sula. Embora o local fosse
conhecido por meio de descrições como as encontradas em De divinatione, de
Cícero, ele foi escondido sob novas construções durante a Idade Média.
12.2. Sattn1ádo deFo!tlinttPninigntia~ Praeneue(Palestrina) lttítid, t'. 80 ti.C. Est~conj'untode rampas e
terraços ntolrra darttmentt a orgmtiitJ{ãâ dtU!SpâfO romarto tNJ torno de.JJY!J eiXo domhumt(.

Já no século xx, Palestrina foi fortemente bombardeada na Segunda Guerra


Mundial, e quando os destroços foram limpos, descobriram-se remanescentes
do antigo santuário de Fortuna, permitindo a estudiosos reconstituir sua
planta baixa elaborada e estudar os detalhes dos terraços e das colunatas que
perduraram. Na pa:1:e de baixo, havia lojas cobertas com abóbadas de berço
conduzindo para t rês terraços ·estreitos. De lá, longas rampas cobertas
convergiam para uma escadaria axial central no quarto nível. Ali, colunatas
graciosas proporcionavam caminhadas abrigadas. Acima, havia outro terraço
e outra escadaria axial conduzindo ao sexto terraço, o maior de todos, cercado
de três lados por stoas. Outra escad·a ria conduzia, então, para uma pequena
série de degraus concêntricos lembrando um teatro, que culminava em uma
colunata semicircular. Atrás e erguendo-se acima de tudo, havia um templo
c:Xcular, o foco de toda a composição; do templo e da [o&_f"Írr setnicircular log.j
abaixo dele, os visitant(ts t inham uma vista panorâmica do vale até o mar.
Inspirados talvez nos terraços do templo mortuário da rainha Hatchepsut, a
oeste de Tebas, os romanos transformaram toda a encosta de uma co-lina,
remodelando a natureza de acordo com sua visão única da terra, submetida a
uma concepção geométrica e axial da invenção humana. Construído de
concreto e com alvenaria de t ravertino, o santuário de Fortuna Primigenia era
um vislumbre das edificações de concreto ainda maiores e mais complexas
que se seguiriam durante o Império.

Planejamento urban()

A vida romana, assim como a dos gregos, era centrada na cidade. Porém, à
medida que o Império se expandiu, os aglomerados urbanos mais remotos
deixaram de funcionar como povos subjugados, tornando-se parte de uma
federação que se autogovernava. As cidades anexadas eram os principais
agentes para difundir a romanitas, a soma dos valores e da cultura romana. A
partir do século 11 d.C., aqueles que viviam fora das cidades eram considerados
rústicos, e o termo usado pelos paleocristãos urbanos para descrever os que
não viviam em cidades (ou seja, aqueles que não haviam abraçado a fé) era
paganus, "pessoa do campo", "pagão''.
As primeiras cidades romanas e aquelas que se desenvolveram a partir de
colônias gregas, como a cidade comercial e de veraneio de Pompeia, ao sul de
Neopolis (Nápoles), tinham um sistema viário formando retângulos
irregulares 112.3]. À medida que essas cidades se expandiram, as quadras
ficaram mais regulares, mas nos locais mais antigos não havia urgência para
alinhar as ruas com os pontos cardiais. Nos centros - culturais, se não
espaciais - dessas velhas cidades ficava o foro, o grande espaço aberto cívico,
ladeado por stoase edifícios públicos. O foro tinha quase a mesma função que
a ágora grega;:!. o que o distinguia, era sua boa definição arquitetônica e se'~
formato mais retangular , dominada por um templo de Júpiter em uma
extremidade do eixo (em Pompeia, o lado n01te). Em tomo do foro, cercando-o
e determinado sua forma, encontra varn-se di versos edifícios que abrigavam a
cúria, os escritórios mw1icipais, uma basílica (um grande edifício cobe1to
para audiências judiciais), assim como vários templos e edifícios públicos. O
foro de Pompeia ilustra bem esses elementos [12.4].
Imo .,
J 2.3. PtHnpeia, Itália. Planta da âdadt>. O antl,co-centro da ddade,fimdâda no situ/o wa.C..fica ao
n1desre. Ext.e!isõ.~s posteriores t!m um sistenut vidri':Jmais re,gular, emgrei/ta.
ft o 10 0 200 3 00 400
87

A = Tempio de Apolo J =
Templo de Júpaer
B = Basilica L = lafário
C = Cúria (escritórios M = Macelo
municipais)
Co= Comício
m =
Mercado
v = Templo de Vespasiano
E = Edifício de Eumáquia

f 2 .4 . P!atJtttbaixadojor~ Pompeia. O pritociji(Jiespacoptíbliá>na:i cidades romana:.· cradeiimiradopela


ctiria (esr-ritótio~~ muttidpaiS) e uma ou mais bas/licz (edijlcio:>'; i,diddrios)e ctrcado de colullfttru·.
Tinltá CcJI!JOjixo o templo de/Úpiter.

Com os gregos hele1Ústicos, os romanos aprenderam a técnica do


planejamento ortogonal. e logo fizeram disso a base para organizar seus
acampamentos militares durante o século 11 d.CI Assim como quando se
consagrava o local de um templo, o terr-eno para um acampamento, o castrum,
era analisado e as linhas dominantes básicas, ou limites, eram estabelecidas
no centro do acampamento com um inst1u m ento chamadogroma. A principal
rua que ia de norte a sul a partir desse pont o era o cardo; a rua principal no
sent ido leste-oest e era o decumano. Além dos limites do acampamento, esse
sistema se estendia em uma escala maior (algumas vezes reorient ado
respeit ando a inclinação do t erreno), em quadras chamadas de centuriae,
m edindo 2.4 0 0 pés romanos (70 8 m etros) de lado.~ Esses grandes quadrados
eram equivalent es a cem pequenas fazendas, daí o nome centuriae.
Acampam entos milit ares se tomaram, por sua vez, a base de inúm eros
planos urbanos por todo o Império. Em m uitas cidades europeias, essas
plantas ortogonais se mant iveram em vários níveis n os padrões das ruas
m edievais. Na Inglat erra, especialmente, o legado do acampamento romano
perdura nos nomes de diversas cidades, pois chester deriva do lat im castrum:
Leicester, Chichest er, Silchester, Worchester e Chester são alguns exemplos.
Uma cidade milit ar que foi preservad;; em um notável estado de conservação
é Thamugadi (Timgad), na província romana da Numídia, hoje no leste da
Argélia [12.5 1. Fundada em 100 d.C. como uma colônia de milit ares veteranos
para guardar um post o estratégico, foi planejada com um traçado ortogonal
rígido, mas, à m edida que se expandiu para além dos m uros originais, a
ordem retilínea f oi gradualmente abandonada. Imediatamente ao sul do
decumano fica o foro, com a cúria a oeste e uma grande basílica do lado leste.
Um pouco ao sul do foro estava o principal teat ro da cidade. Fora das
m uralhas, ao norte e ao sul. ficavam as maiores termas públicas.
100 1$0
i
H O 100 200 300 400 500

••· l m r

12.5. P!tmifl de Tltamugad.' (Tiin.ftrdh Argilitl,fundada em 100 d.C. Estaklec:"dtuomo uma colônia para
veteranos militares, essa cidade tinha umaplan!a du tipt>casmun. A prindpa.' vianort~~sullo arrdo, e a
principal via leste~t~estelô decumana.

De todos os foros, os mais importantes eram aqueles de Roma, a começar


pelo original, o forum Romanum, considerado a "capit<J do mundo", caput
mutzdi[l2.6 ]. Como cresceu pouco a pouco ao longo de centenas di? anos, não
era rigorosamente ortogonal como aqueles em cidades planejadas do zero,
mas, a partir da época de Júlio César, foros adicionais foram construídos ao
norte e a leste do foro original [12.7]. O de Júlio César, o f o rum Iulium,
iniciado c. 54 a.C., tornou-se o modelo - estritamente retangular, ladeado com
stoas e com o foco num templo dedicado a Venus Genetrix. Perpendicular a
esse, Augusto acrescentou, então, o seu Forum Augustum (consagrado em 2
a.C.), tendo como bco wn tempo maior, dedicado a Mars Ultor ("Marte, o
Vingador"), que ficava adossado contra uma muralha da cidade. Foros
adicionais foram construídos por sucessivos imperadores, cada qual
comemorando wna conquista militar significat iva e sendo consagrado a um
deus cujos atributos eram admirados pelo imperador que o dedicou. Por meio
de ei xos perpendicUlares entrecruzados e entremeados, esses espaços era1n
conectados u ns aos outros para formar um sistem<. complexo, porém
coerente.
A = Mfl\ea1ro
8 :. easi~n Qe Mlg(\'lclo {Cor.$1(11\1ll'l(fj
ijC .. lli!~dcCiltac:tiQ
B0 :. lem'ISS.de Owoc:::t9e<JIIO
B1 = Jetn~ oe T<aj3f!o
C . : Mcrtte Capit~r.o
CM s Clfço-M$xh1P
CN • C±rC»<It N410
f : FOIO r-tom3~
IF : Foros impem;$
M : Te~tro do Marççlo
MH a MIII,.ISO!to ~ Adc'iawto
P .. P<ll'll~
~ =- ~!e Pa~t:tto
PC = Acamp~r:to PretOI'r.VIO
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l2.6. Planta de .Roma_ :ufcuto11Jd.C. Pitmtada Roma imperial. 1/UJ:.·trantloo:; plitJeip(ll$ l'dif/dos ajoros.
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C ,.. CUficl Julia TCo - ftmpiO da.: ConcórOõil TV .. T.mpiO ~ VnDasia:l'lO
12.7. Forõkomanoeforos im,oerai;:,', .Roma, c. S4 a.C. a 11? d.C. Osforo:.· imperiais interconecrados
foram tonsrruldos por sucessivas imperadores em eixos entrelaçadospeno tio tl!Jtigofort:J komantt o
centro da I'ida o 'viàt epol/tktt romt~na.

Os foros imperiais culminaram no vasto foro de Trajano, ao n01te do


Forum Augustum, projetado por Apolodoro de Damasco· e construído pelo·
imperador de 98 a 11 7 d.C. para comemorar suas vitorias na Dácia, ao norte
do Danúbio. Mais complexo que os primeiros foros, este tinha um .amplo pátio
ladeado com stoasmedindo duzentos por 1 20 metros, sem incluir as êxedras
semicirculares de cada lado, no centro, atrás das stoas. Na colina acima da
êxedra da direita ficavam mercados públicos erguidos por Trajano como pa1te
do projeto de construção do foro. Na extremidade final do conjunto, ao norte,
ficava um templo dedicado ao próprio Trájano deificado, construído por·seu
sucessor Adriano, na frente do qual havia duas bibliotecas, uma para
manuscritos gregos e outra para latinos. Eritre as bibliotecas, erguia-se a
grande coluna de pedra de Trajano, com 38 metros de altura, coberta c·o m um
baixo-relevo em espiral que representava a campanha dácia. O templo de
Trajano não podia ser visto do pátio, pois entre ele e o vasto espaço aberto
estava uma grande basílica, a basílica Ulpia (o nome de família de Trajano era
Ulpius), a maior de toda Roma.

O fechamento e a manipulação do espaço


O foco na vida urbana exigiu o desenvolvimento de novos t ipos de edifícios na
arquitetura romana - edifícios para o uso do público dentro de espaços
fechados. Embora as celas dos templos romanos tivessem diversas câmaras
para abrigar a imagem do deus e uma sala do tesouro, apenas sacerdotes
ent ravam nelas. Outras atividades cívicas, no entanto, como procedimentos
legai s, exigiam um espaço grande e coberto onde os juízes pudessem ouvir os
casos, os litigantes pudessem esperar duas charriadas e o público pudesse
assistir.
A basílica foi concebida para acomodar essa necessidade.! Nonnalmente,
era um edif ício retangular longo, erguido ao lado de um foro, com uma
colunata interna cercando-a e uma abside, ou projeção cilíndrica, de um lado·
(ou ambos), onde os juízes se sentavam. No centro geométrico da abside
semícircular ficava um altar que marcava a presença espiritual do imperador,
pois apenas em sua presença simbólica os casos podiam ser ouvidos. A
basílica Ulpia ilustra esse t ipo de edifício em grande escala [12 .8, 12.9 1. Sem
incluir as absides, a construção media 11 7,4 por 55,5 metros, de parede a
parede, com duas colunatas internas concêntricas abrindo-se para um espaço
central com um alto pé-direito, o qual media oitenta metros de comptimento.
O amplo espaço central era coberto por um telhado de treliça de madeira que
vencia um vão de 2 5 metros.
A vart il Uu :;t!culu li u.c. us l:Ú JI:Stl ULUléS lUJlli:UlUS l:UUl~'iCUaHL l:aLla Vt!Z

mais a usar concreto, opus caementicum, para construir paredes e abóbadas de


edifícios públicos. O concreto que usavam era uma argamassa espessa (não
líquida como o concreto moderno) assentada co:n camadas de tijolos.
Sabendo que o concreto exposto não resiste bem às intempéries, os
construtores romanos adicionavam t ijolo ou pedra ao revestimento externo.
De cerca de 200 a.C. a 100 a.C., esse revestimento consistiu-se em blocos de
pedra aleat órios (opus li1certum), mas, nos dois séculos segulntes, t ijolos
quadrados regular es p<.ssaram a ser usados emparelhados diagonalmente
(opus reticu/atum). Depois de 100 d.C., placas de cerâmica ou ladrilhos
começaram a ser usados como revestimento (opus testaceum). A construção
em concreto alcançou seu auge nas t ermas públicas do final do Império e na
abóbada de arestas com t rês t rames da basílica de Magêncio (Constantino),
delivada dessas termas. Iniciada pelo imperador M2gêncio em 307 d.C., ela
foi terminada por Constantino em 325 d.C. [2.18 , 12.10[. O espaço de
circulação central media 80,8 por 25,3 metros e era coberto por t rês abóbadas
de aresta; era completac'.o por uma êxedra semicircular do lado noroeste e três
gr::1nri Ps r~m;l r:::l s rl P r:::.rl:=t l:uin ( r nj::. s p:=trPrl Ps sPrvi:::.m p::~r:::l rJ::n snstPnt:u;~o ~
abóbada da "nave" central). Cada uma dessas câmaras laterais, m edindo 23,2
por 1 7,1 metros, cobert~ por abóbadas de berço, podia acomodar audiências
jurídicas adicionais. De toda a construção, apenas t rês das salas laterais
existem hoje.
1,.C,,r;,r;,; -,.-••<•:=:=:=:=:=:=:=:==o•lloCOorõoo -oo -o.-',r,

:[~
....

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12.8. Apolodurode Oanuzsco~ba.<l/ica lf/.ula,forõde Trajano, komn.. 98-i 1?d.C.Piantabaixa. A maior
de toda:; as btb·t7ica:.· de .Roma, /)O)':Wfndoi~· tribunah·, um decadalado. c~m um imel;so vo/umecobtl'to
paradrcu/a{ãopúblka.

12.9. Baslliàt Ulpia. Vúttt inrerna.


12.10. Ba.,·t7icndtM({fil1do(Cons.tmm'!Jo). Rotll~ j()7..312., d .C. Vista da:; trls edmara:.· latêrais que
testattmJ.

O edifício que melhor simboliza o espaço romano fechado e o poderoso


efeito de um espaço assim definido é o Panteon, construído por Adriano entre
118 d.C. e 128 d.C. [12.11, 12.12 , 2.19 1. O Panteon era um templo para todos
os deuses - do grego pantheos; pan, "todos", etheos, "deus" - , incluindo o
deificado imperador Augusto. Como os romanos imaginavam a Terra como
um disco coberto por uma cúpula celeste, a nova construção empreendida por
Adriano buscava simbolizar esse múverso da terra e dos deuses. Não se sabe
quem o projetou, mas o próprio Adriano parece ter desempenhado alguma
pa1te no projeto conceitual.! Construído em concreto de densidades que
variavam da parte de baixo ao topo, é uma representação da cúpula celeste, o·
domínio de todos os deuses, medindo 43,4 metros de diâmetro. Esse
hemisfério r epousa sobre um tambor de altura igual, de modo que a distância
do alto da cúpula ao piso é a mesma que o diâmetro da cúpula; assim, daria
para inscrever uma esfera perfeita dentro do volume: interno. A única fonte de
luz (afora a que entra através da porta) é o ocu/us, ou óculo, no alto, com nove
metros de diâmetro. Seu feixe de luz rasteja lentamente através do piso de
mám10re e se eleva pahno a palmo pela parede marcando os ciclos do sol como
um gigantesco quadrante. Como mencionado no Capítulo 2, o concreto da
cúpula exer.c e uma t remenda pressão para baixo, que é desvia.da por oito
abóbadas d1!! bt!rço construídas na pamde do tambor (de seis metros de
espessura) para oito pilares. Entre esses pilares, havia oito nichos profundos
(onde as estátuas dos deuses eram antigamente colocadas), cujos interiores
escuros eram ainda mais obscurecidos por duas colunas coríntias delgadas à
frente de cada um. Assim, o enorme peso parece descer para uma parede
fracionada em recuos sombreados. A razão pela qual o edifício se mantém em
tão boas condições é que, em 609, ele foi consagrado pelo papa Bonifácio IV
como a igreja de Santa Maria Rotunda .

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12.11. Panteon~ .Rmna. f i$· 12$. d.C. Pltmtabaixa.
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12.12. Ptt11teo11. Coru.

Olhando de fora, a pessoa que se aproximava t inha pouca ideia do espaço


que encontr<.ria dentro do edifício, pois havia um profundo fo~o retangular
com colunatas laterais na frerite do Panteon, que impedia uma visão clara das
paredes cilíndricas do edifício [12.13]. Na entrada do Panteon, diante do foro,
ficava um amplo pórtico coríntio octostilo (de oito colunas), com colunas
monolíticas de granito egípcio cinza e bases e capitéis de mármore branco. O
pórtico era adossado a um alto ático quadrado que também restringia a visào
do cilindro e da cúpula. O exterior parece ter sempre sido bastante simples,
mas o interior era coberto de mármore colorido. As paredes e pisos t inham
revestimentos de mármore, granito e pórfiro t razidos de várias partes do
mundo romõno, evidência da ampla rede de comércio que a Pax Romana, ou
Paz de Roma, tornou possível.
J2.13. Foro do PflliUOlJ. Onjinolmente, o PomPOIJ, t'OIIJO outros remplos,/i t flVtJ ditJIJte dt umjonntbeno
cujtb· colufla.taspodem ter pardaôm-n!eoôscureâdo a tambôr dtuâpula, aumenta/ido-a .\'ensação de
surpresa que :Je experitnentava tlOétHrar.

Talvez nenhum outro edifício sintetize tão bem a capacidade construtiva


roma.na como o Panteon. Ele explora o concreto em todo o seu potencial;
define de maneira simples, porém poderosa, uma geometria clara que assume
significância universal e cósmica, em uma escala que nunca deixa de evocar
admiração. Ilustra as operações extremamente organizadas para construir
formas, coordenar o fluxo de materiais e o tempo para o lançamento do
concreto. É uma prova do potencial da emgenhosidade e da aspiração humana.
No entanto, mais importante é a prova de que edifícios podem transcender a
construção utilitária, pois o Panteon s·e torna "o símbolo e a corisequência de
uma união imutável entre os deuses, a natureza, o homem e o Estado".!
O Panteon foi o apogeu de importantes experimentos realizados por dois
séculos. O que o distinguiu foi sua escala gigantesca; entretant·o, os
experimentos de manipulaç.ão do espaço realizados na construção da Domus
Aurea (Casa Dourada) de Nero em 64-68 d.C. foram quase tão importantes.
Em 64 d.C., um incêndio desastroso irrompeu perto do Circo Máximo e
consumiu o coração da velha Roma. Nero convenientemente atribuiu a ·c ulpa
do incêndio a uma nova seita religiosa., os cristãos, e deu üúcio à primeira de
sucessivas ondas de perseguição. Dos catorze distritos administrativ-os de
Roma, t rês foram destruídos pelo fogo, e outros dez ficaram severamente
danificados. Nero prontamente reivindicou os ·distritos destruídos,
aprop1iando-se da área em volta do monte Esquilino. Ali, ele e seus arquitetos,
Severo e Celer, se puseram a construir u ma luxuosa residência "de campo" de
1 41,7 hectares no centro da cidade, enchendo-a com chafarizes e um palácio
com vista para um lago artificiaL A entrada foi construída junto ao Forum
Romanum, abrindo-se para um pátio d·ominado por uma estátua de bronze de
Nero de 36,6 metros de altura, chamada de Colosso·.
A lJomus A urea era um conjunto de volumes geométricos interconectàdos,
cujas inúmeras salas eram cobertas por quase todo t ipo de abóbadas e cúpulas
conhecidas [12.14, 12.1 51. Na ala norte ficava uma sala octogonal baixa,
coberta por uma abóbada octogonal que se tornava hemisférica na parte mais
alta e se abria em um grande óculo. À sua volta ficavam salas mais altas,
cobertas com abóbadas de berço e abertas para a curva da sala octogonal,
sendo, assim, iluminadas por fontes de luz escondidas, que refletiam da
superfície externa da cúpula central.

12.14 . .Seftero e Ceii!r; ca:.·a de /1/Cro, a f)qmus A ur'ea (Casa Dourada), Roma. Planta baixaparcial. Com
llll'tapara tmJaptJisqgem exubertmte criadauo toraçaà da cidade, essa vila consistia em salas CONJ
abóbada:.· de concreto em u111t1 ampla variedade defcn?natoJ. Muitas :;(t/tb' eram iluminadaspar
ensenll osos cicu!os eptttedes re.f!etoras.

Arquitetura doméstica
12.15 . Oomu.i Aurea. ,Vista liJternadooaógono.

Escritores romanos, como Virgílio em suas Geórgícas, desenvolveram uma


sensibilidade pela paisagem natural até então desconhecida, u m interesse que
se via refletido nas cartas de Cícero e Plínio, o Jovem, ao descreverem tão
ternamente suas vilas (casas de campo). Apesar dessa nova: apreciação pela
natureza, a civili:zação romana era essencialmente urbana. As cidades eram as
pedras fundamentais do Jmpério, os centros de t rocas e comércio. Roma era
imensa, contando cerca de wn milhão de habit antes duran te o reinado de
Augusto. Eram comuns as reclamações sobre falta de habitação, aluguéis
exorbitantes, po[uição, crime nas ruas e o alto custo de vida. Por causa dos
congestionamentos, bigas e outros veículos eram excluídos da cidade durante
o dia, com o resultado de que muito do t ransporte comercial era realizado à
noite.
A maior parte dos cidadãos urbanos vivia em grandes prédios de
apartamentos com três ou quatro andares que se abriam para pátios internos
ajardinados. Essas illsMiae ("ilhas") ocupavam toda a quadra. Em geral
construídas apressadamente e sem maiores cuidados, como
empreendimentos imobiliários especulativos, algumas vezes simplesmente
desmoronavam. Em uma carta a seu amigoÁtico, Cícero conta como duas de
suas lojas haviam ruído, mas que ele tinha um projeto para reconstruir que
iria cobrir suas perdas.!!! Augusto decretou que nenhuma insulae poderia ser
construída com mais de 2 1 metros de altura, e, depois do incêndio de 64 d.C.,
Nero triou diversas regulamentações construtivas adicionais, exigindo, por
exemplo, o uso de materiais não inflamáveis. As insu/ae de Roma foram
~mh~ti tulrl~ s por nntr:::. s rnnstrnçõPs, m:::.s n:::. rirl:=trlP pnrtu::iri:=t rlP Ósti:=t ,
muitas foram preservadas, algumas com t rês andares [1 2.16 ]. Construídas
com t ijolo e concreto, elas t inham balcões correndo em volta de todo o volume,
muitos dos quais eram conectados por pontes sobre as ruas estreitas às
insular. vízinhas, permitindo que os residentes circulassem pela cida:!e sem
precisar descer para as ruas congestionadas.

l 2.1 ó. fo'idios de apartamentO"(ins.ulac), Ouitt ltti!.:a./lnaldcHétu/o I c iniciado 11. Esta 11Jtlt{lltfl.>


mosttaa:.·gàlerias ebakões quepasJavam em tornodea(gwt:i prldioi. Em anos lugares essa.<galerias se
tOYIItrVtii'J pontes que atravessam a rua parapétWJ/tiro 'nJovimento de um prldiapara o (lutro se.w a
neces:sid:tde de descerparn a:.· ruas l'OIJ.teSrionadas.

E1n Pompeia, destruída em 79 d.C. quando o tno n te Vesúvio en t:ou etn


erupção, muitas casas foram preservadas, desde residências de pequenos
artesãos até grandes mansões patrícias e amplas vilas .ll No Noroeste de
Pompeia existe uma série de quadras da extensão ortogonal da cidade; esses
blocos contêm uma série de casas, de muito pequenas a muito grandes. Um
deles é quase inteiramente ocupado pela vasta casa de Pansa [12 .171. À
exceção de seu grande jardim ao norte, ela tipifica o arranjo de uma casa
urbana romana térrea, com seu relativo fechamento para a rua e foco para
dentro. Na maior parte das vezes, sempre que era possível, as casas tinham
plantas baixas simétricas. A entrada se conectava a um grande espaço
público, o atr/um, cercado de cubículos e coberto por um telhado ab~11:o no
l:~lll!u, U yual :SI:!' iw.:liua v a _vara tlttUtlU, Llt! JUULlu 4Ut! a água Ja dtuva t:aia
numa piscina, o impluvíum, no centro do espaço. Ao norte do atrium, no eixo
central, ficava a plincipal sala pública, resguardada por cortinas, o tab/inium.
Mais adiante ficava o penstJ/o aberto, cercado por uma colunata. Em volta do·
peristilo havia mais cubículos e o triclinium, uma sala de jantar grande o
suficiente para acomodar t rês largos divãs reclinados onde se deitava para
comer. Em algumas casas, o peristilo era grande o bastante para ser um
jardim, com outro linpluvium no centro. f inalmente, depois do peristilo,
ainda no· eixo central, ficava o oecus, a sala de recepção. Em volta da casa de
Pansa, completando a quadra, havia diversas residências particulares do lado
leste, seis pequenas lojas abrindo-se para a rua ao sul e uma padaria e mais
duas lojas do lado oeste. Esses apartamentos e lojas forneciam renda para o
proprietário, cuja casa ficava no centro da quadra.


Jardim

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12.17. Ca:;adePan:.·tt Pompr;ia, Itália, slculo/1a.C. Pkmtabaixa. Um poucomaiordoquoOJitras casru· em
Pom,tMia, ela tem os mesmos elemt>iltõs básico:.· (a maioradtfãoaquilogrtmdejardim ao norte) Como
011trtl:i casa:.· romrma:; utbatuz:;, eta cercadapor Ctlia! menore:; e lojas abertas para a rua (h : casM para

alugue~·:; =lojaspara alugueO.

As várias casas, vilas e edifícios públicos de Pompeia adquiriram uma


in1port;lnci::. PSpPC"i :=d, pni~ tnrl::. ~ rlrl;HiP, ~~sin1 romo ns vil::.rPjns vb:lnhos rlP
Herculano e Stabiae, foi soterrada sob dez metros de cinzas vulcânicas com a
-erupção do Vesúvio em 24 de agosto de 79 d.C. Por ter sido rápida e sem uma
arrebentação forte, essa erupção ca usou poucos danos físicos. Os objetos
domésticos foram encontrados onde caíram, o pão no balcão da padaria ficou
onde foi abandonado, os residentes que se recusaram a fugir morreram
sufocados e foram também cobertos pelas cinzas onde tombaram. Pouco a
pouco, as ruas e as casas foram soterradas pelas cinzas que continuaram a
cair, cobrindo móveis e pinturas de paredes. Quando o local foi descoberto, no
século xv m, e as escavações iniciadas, em 1748, vieram à luz as primeiras
-evidências detalhadas da vida romana cotidiana.

Edifícios públicos
Por causa da intensa vida w ·bana, os romanos desenvolveran1 uma série de
t ipos variados de edifícios públicos. Os maiores deles, feitos para acomodar
dive1timentos populares, eram a céu aberto, mas outros t inham grandes
volumes cobertos com abóbadas de concreto de várias formas.
Os teatros romanos, derivados dos modelos gregos, eram o local para
produções de antigas peças gregas, bem como a apresentação de novas obras
romanas, mas nunca serviram a função quase religiosa do teatro grego.
Assim, não eram localizados perto de templos, mas, ao contrário, ficavam
perto do centro comercial da cidade ro:nana. Como não eram constn1ídos nas
encostas de montes sagrados, os assentos da plateia eram erguidos sobre
abóbadas sustentadas sobre pilares de pedra. A forma básica do teatro
romano foi cristalizada no Teatro de Marcelo, em Roma, projetado pelo
próprio Augusto, construído por Marco Agripa e inaugurado por volta de 12
a.C. [12.18 J.ll Os assentos eram dispostos sobre um sistema de abóbadas de
berço de concreto inclinadas, sustentadas por pilares de pedra radiantes,
entre as quais passavam escadas e rampas conduzindo às diversas seções da
plateia. O muro exterior curvo era aberto com arcadas de t ravertino
superpostas guarnecidas com ordens adossadas - dórica sem caneluras no
térreo e jônica no segundo nível (não se sabe qual era o t ratamento do terceir o
nível, pois foi reconstruído durante ;; Idade Média). Diferentes dos teatros
gregos, os romanos eram perfeitamente semicirculares, com uma orquestra
semicircular onde os senadores costumavam sent ar. O Teat ro de Marcelo
m edia 111 m etros de diâmetro [12.19 1. Com o era t ípico nos teat ros romanos,
seus assent os eram volt ados para uma scaenaefrons permanente, uma parede
t ão alt a quant o a parede semicircular at rás da plateia. Em seus t rês níveis de
assent os, cada um disposto de maneira mais íngrem e que o de baixo, o Teatro
de Marcelo podia acomodar 11 mil espect adores.

12.18. TeâtrqdeMarec..lo. /((>~tia. conduido em l 2 a.C Pospecn·va. Esredesimhq~nostraq sistema de


âfa ilaf tiO usadojxtrapennitir a entrada do púb!icotJap/arda elevada. O ni'velsupr;riorfoi removido tul
fdl~deMldia, 11/(l:t as colunas adossadlts )·uperpo:uas (jônicas sobre dóricas) permanecem nos and(~res
inferiores.

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12.151: Teatro deMaralo. P/mua baixa.

Cada cidade romana t inha um ou mais teatros, mas o que melhor se


manteve é o teatro de Aspendo, na p:ovíncia romana de Panfília, perto do
litoral centro-sul da Turquia [12.20]11 Projetado por volta de 15 5 d.C. por
Zênon de Teodoro, foi construído contra uma colina, embora os lados da
plateia semicircular sejam sustentados por abóbadas e arcadas. Ele tem 96
metros de diâmetro e pode acomodar até 7 mil espectadores. O palco e a
scaenae frons foram preservados, mas falta o teto de madeira inclinado e
rPAPxi v n C'}UP nri g in::. ln1Pn tP ::.v::.nç:=.v::. o i to mPtrns sohrP n p ::t ko. A .\t:aenne
f ronsera ricamente decorada, com duas colunatas superpostas de colunas em
pares carregando frontões t riangula:es e arredondados alternados. Para
proteger o público, wn ve/arium , sustentado por 58 mastros inseridos em
cavídades na parte de t rás da plateia, podia ser puxado sobre os espectadores.

12.20. Zenãotü reodortt teatro, Aj'JN!Itdo, Ptm.fílitt(Tutquia), c. 155 d .C: flltetior. O.foco do teturo
romano era a scaenae frons de pedtapermanet;te_ 111'1 cenário de.fundq quese erguia tão alto t{Udlllt>·OS
asseruos mm:.· altos da plateia.

A principal inovação romana em projeto de teatro foi combinar dois


teatros para formar um anfiteatro elíptico para competições de gladiadores e
out ros divertimentos de grande escala. ü exemplo mais antigo remanescente
é o de Pompeia, construído por volta de 80 a.C. Ele mede 1 50 por 10 5 metros e
podia receber 20 mil espectadores. A palavra anfiteatro, no entanto, tornou-se
quase sinônimo do imenso Anfiteatro Flaviano, em Roma, popularmente
chamado de Coliseu [12.2 1, 12.22 ]. Foi iniciado pelo imperador Vespasiano
em 80 d,C., após o fim do reinado impopular de Nero, quando o ternmo de sua
DomusAurea foi reapropriado para novos edifícios públicos. O anfiteatro de
Vespasiano foi eonstmído no local onde o lago artificial de Nero estivera,
ficando, assim, ao lado da estátua colossal de Nero - daí o nome latino
Colosseum. (ADomusA urea foi mais ta: de coberta pelas Termas de Trajano). O
arquiteto desconhacido do Anfiteatro flavia no era um mestre em logística e
coordenação de obras, pois as obras do edifício foram realizadas em diversas
áreas ao mesmo tempo por diferentes equipes de trabalho. Pilaes de
t raverdno e tufo calcá.rio foram colc,cados sobre u 1n anel de fundação de
concreto para apoiar as abóbadas de concreto formando a estmtura para os
níveis da plateia. O anfiteatro t inha 188 por 156 metros, com <. arena
medindo 86 por 54 metros. O piso era feito com tábuas de madeira sobre uma
série de câmaras subterrâneas e passagens pelas quais leões e outros animas
podiam ent rar na arena; era possível remover as tábuas para que todo o andar
de ba:xo fosse inundado para batalhas navais. A plateia formava uma
arquibancada que alcançava 48,5 metros de altura, sendo contornada por
uma parede externa curva com quatro arcadas superpostas. Como no Teatro
de Marcelo, as arcadas de pedra posstúam colunas adossadas - dóricas sem
caneluras no térreo, jônicas e corínti<.s no segundo e terceiro pavimznto, e,
finahncnte, pilastras coríntias no ú lthno nível. Nesse andar t~unbétn havia
orifícbs para segurar os mastros para o velarium que podia ser aberto sobre o
público. As seções da plateia eram divididas em 76 blocos separados, cada um
com suas próprias escadas de entraC:a e saída e rampas incorporadas nas
passagens abobadadas sob os assentos, um sistema quase idêntico ao usado·
em muitas arenas esportivas modernas. Ent re 45 e 55 mil pessoas podiam se
sentar no Anfiteatro Fiavi ano ao mesmo tempo.
i J.2 Í . Anjlteatro 1/nvlano(o C'o/ise11). .~ema;. hzi'clâdoc. $0 d.C. Perspecn'va. Os anf/tntti"os romanos
e/'(1/11 projnados para divertimentos popu!are:.· e eve1Jlôs l'Sportivos. f:Sl~ a 11u1ior de todos, ltCamodava
tul55 milpessoas. quepodiam enrrar-arravc:\· de ?éportões separados.
I2.22. An/ireatro F/avirmo. JntenOr da arena. Originalmente opisoerafeito depesad~s tdbuas de
madc4ra coberta com areiaptrra tb' competiçée.< de.f/adiadores. CmbaiXllfkavam tl5jaulas do:: tmimaü.
Em txasitiel' especiah· o piso n ·a removido e a arena era inundada para a realizarão de batn!Jta:.· navah'.

Ainda maiores eram os stadiums, ou circos, usados para as corridas de


biga. O maior de todo.s em Roma era o Circo Máximo, n o vale entre os montes
Pala t ino e Aventino, cuja construção teve início em 3 29 a.C. [12.6]. Com a
forma semelhante à de um estádio de futebol moderno, porém muito mais
alongado, o Circo Máximo t inha mais de 55 O metros , dos estábulos numa
extremidade à curva na outra, e aproximadamente 1 16 metros de largura. O
Circo Máximo desapareceu, mas foi preservado o Circo de Domiciano, menor,
como uma imagem fantasma no espaço aberto da -piazza Navona, pois os
muros da plateia foram reusados em edifícios medievais que foram por sua
vez substituídos por n ovos edifícios no Renascimento [1 7.19 ].
A maior realização estrutural romana foi cobrir grandes espaços de uso
público, como na criação da basílica para servir como foro. Outra criação
romana especial foram as termas, construídas em profusão por t odo o
Império durante o século ll d.C. Na própria Roma, de acordo com um catálogo
de edifícios elaborado em 354 d.C., havia 952 termas de t amanhos
variados.ll As termas romanas, thermae, eram usadas para muito mais do·
que simplesmente tomar banho. Elas •c ombinavam as características de um
spa moderno com as de uma biblioteca pública e escola, pois as maiores delas
(como as de Caracala em Roma [12.23 J) continham lojas, restaurantes, áreas
de exercício (pa/aestrae), bibliotecas, salas de aula e de leitura (gymnasia), tudo
organizado em tom o de jardins espaçosos repletos de esculturas (na
realidade, muitas das cópias romana.s de esculturas gregas remanescentes
foram encontradas nos jardins dessas termas). As termas de Caracala, as
maiores de Roma, podiam ser frequent adas por mais de 1.600 pessoas de um
gênero ao mesmo tempo em seus vastos t reze hectares. O complexo todo t inha
351 metros de largura, excluindo a s êxedras laterais, e 378 metros de
comprimento, incluindo os reservatórios ao sul, abastecidos pelo Aqueduto de
Márcio. Ao longo do muro setentri onal havia lojas; nas êxedras laterais,
bibliotecas e salas de aula; e, margeand-o os reservatórios, outras bibliotecas. O
restante do espaço aberto interno era sombreado por grupos de árvores. Na
metade norte do conjunto, ficava o edifício principal das tem1as, de 228 por
116 metros. No eixo central, na fachada sul, ficava uma saia quente
abobadada, o calídarium, com 3 5 metros de diâmetro, contendo piscinas
quentes em nichos na parede do tambor. Imediatamente ao norte, ficava uma
sala wn pouco menos quente, o tepidarium, com duas piscinas nas laterais. O
tepidarium conduzia à grande sala fria de t rês t rames, ofrigidarium, medindo
56 por 24 metros. No centro do edifício, o frigidarium era coberto por t rês
abóbadas de aresta elevando-se 33 metros acima do telhado, e a luz do sol
ent rava por oito grandes lunetas [12.241. Ao norte do frigídarium ficava a
piscina, a natatio, a céu aberto, mas a.parentemente iluminada por espelhos
de bronze presos a peças metálicas suspensas. O complexo todo, incluindo os
jardins e os espaços junto aos mm·os, foi construído ·em uma plataforma de
seis metros de altura que abrigava embaixo salas abobadadas de depósito e
caldeiras que aqueciam o tepidarium e: o ca/idarium por meio de serpentinas
nos pisos e nas paredes através das quais circulava ar quente.
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F ... F~um (bMhos rr.os} N - Natatío (piSe-na para nadarl

12.23. Termas deCarâcttla. korna, 2 12 ·2 1ó d.C. PlfP'Jttt baixado complexo tcnnal. mt>Hrandoo.··.fardins
dotW!OrtJoeas sâlas de leitura.
l2.24. TermM deCarncala. Perspectiva interna. Emltoraltoj'edespojadtl.i do:.· revestimentos urdornos de
mdrmor~ e:;:.'as tennttl~ e ourros ed?/ícios p;íblico:.· en11n rica e c.oloridàmtute onutda:.·1 comh :.·ugere e:.·sa
reconstitmfiiodeG. AbelDlonet.

Toda cidade romana de alguma importância t inha um teat ro e um


complexo termal. Timgad t inha catorze termas ao todo, sendo duas grandes
uu~ laUu~ uur tt! e ~ul Ua cü.laLll:!' (1 2 . 5!. cuu~tr uiUa~ uu~ séc ulus ll t: ll1 Ll.C,
respectivamente. No posto avançado de Augusta Treverorum (Trier,
Alemanha), no rio Moselle, as espaçosas termas aquecidas construídas no
século JV devem ter sido especialmente bem-vindas. Trier contava com
diversos outros grandes edifícios públicos, sendo que a basílica ainda
permanece quase intacta. Na Grã-Bretanha, os romanos aproveitaram as
fontes de água m ineral quentes que jor.avam perto do rio Avon e constluíram
t rês termas em uma cidade denominac'.a Aquae Sulis, que hoje se chama Bath,
na Inglaterra.
Embora os grandes circos e as termas tenham sido construídos com
dinheiro público, havia muita filantropia privada também. Um exemplo é a
biblioteca de Celso, em Éfeso, na costa oeste da Turquia, constnúda em 13 5
d.C. pelo filho @ o neto de Tibério Júlio Celso Pol!!meno, @In sua homenagem.
Era um volume retangular de dois andares, de 16,8 por 10,9 metros, contendo
recessos com armários para os livros (em rolos) em t rês lados. No meio da
parede do fundo ficava um nicho semicircular que pode ter contido uma
estátua de Celso.
Os teatros, circos e termas romanos eram construídos e mantidos com
fundos imp eriais e disponibilizados para o público gratuitamente. O objetivo
desses empr eendimentos caros era manter a povo insubmisso ocupado, pois
dezenas de ·m ilhares de pessoas na cidade de Roma eram desempregadas. A
construção em si desses edifícios fornecia t rabalho para os operários da
indústria da construção, e os contínuos jogos e prazeres dos banhos serviam
para distrair o povo. Cereal também era distribuído gratuitamente; "pão e
circo" de graça logo se tornou a poli ti ca imperial nas cidades romanas. H a via,
é claro, um p reço a ser pago para tantas liberalidades do Estado, na forma de
impostos cada vez mais pesados por todo o Império. Na época do reinado de
Diocletano, em 284-305 d.C., restrições obrigavam os filhos a manter o ofício
de seus pais e agricultores a ficar em suas terras; e, assim, a base da servidão
medieval foi criada.

Arquitetura romana "barroca•

Nos últimos anos do Império Romano, as formas arquitetônicas se tornaram


maiores, mais ornamentadas e mais intrincadas. Essa mudança para uma
maior elaboração e complexidade •era especialmente pronunciada nas
províncias, distantes da influência dos modelos austeros de Roma. Em áreas
como a Síria, a religião· romana oficial mesclou-se a cultos locais , resultando
em construções de templos que diferiam significat ivamente daque-les da
capitaL Diversos exemplos marcantes foram -encont rados na cidade de
Baalbek, Síria, uma colônia romana estabelecida por volta de 16 a.C. Seu
templo principal era dedicado a Baal, o grande deus da tempestade, que havia
se t ornado o equivalente de Júpiter; próximo a ele ficava um templo a
Tammu.z (sinônimo do deus romano Baco). Iniciado pouco depois do
estabelecimento da colônia, o vasto conjunto de templos ficou em obras por
quase 2 50 anos. O grande templo de Júpiter foi erguido sobre um imenso
pódio de do.ze metros de altura e ficava diante do pátio quadrado de um foro
de 116 metros, que, por sua vez, se abria para um segundo pátio hexagonal de
58 metros de diâmetro. No templo de Baco ao lado, as paredes internas das
celas eram ricamente adornadas, e os espaços ent re suas colunas coríntias
adossadas eram p reenchidos com detalhes arquitetônicos de grande riqueza .
Nos dias de hoje, uma arquitetura tão espacialmente complexa é chamada
de barroca - te.nno moderno desenvolvido para descrever a arquitetura
elaborada no século XVll na Itália. Um edifício assim, data.ndo do final do
Império Romano, é o templo de Vênus em Baalbek, constnúdo no século lli
d.C., que é redondo e tem um pórtico retangular na fnmte, carregando um
frontão. O entablamento da colunata coríntia é recuado para t rás em
profundas curva.s côncavas, assim como o pódio do templo, de modo que o
edifício parece mais uma massa escultórica modelada do que uma
composição estrutural de pilares e vigas.
Assim como a arquitetura helEmística se afastou da clareza formal da
arquitetura de Péricles, a arquitetura provincial do final do Império Romano
também se afastou da austeridade da arquitetura da era de Augusto em
Roma. Em vez disso, passou-se a enfatizar a experimentação, levando a pedra
a seus limites plásticos.

Uma arquitetura universal


Enquanto durou a Pax Romana, durante os reinados pacíficos e prósperos de
Augusto, dos flavianos e dos chamados Cinco Bons Imperadores no sliculo 11
d.C., os romanos aperfeiçoaram uma arquitetura que jamais fora vista antes e
a difundiram por todo o mundo mediterrâneo. Essa arquitetura greco-
romana combinava a elegância do detalhe e o refinamento da forma da Grécia
com o funcionalismo pragmático, a escala cívica e o senso de poder de Roma.
Era uma arquitetura universal, incorporando a essência da romanitas onde
quer que fosse const1uída: em Roma; em Palmira, na Síria; em Alexandria, no
Egito; em Timgad, na África; em Trier, na Alemanha; em Olisipo (Lisboa), em
Portugal; ou em Londinium (Londres), na Grã-Bretanha. Diferentemente da
arquitetura egípcia, que t inha como foco o próximo mundo, a arquitetura
romana era centrada no mundo presente. Os edifícios romanos, como os
gregos mais elementares que os influenciaram, não t ratavam dos mistérios
da outra vida, mas de questões tangíveis. Eram visual e intelectualmente
compreensíveis, compostos de partes que t inham relações proporcionais
reconheci veis e conexões evidentes. Tendo encontrado no concreto um novo
material mais m.aleável, os arquitetos romanos descobriram maneiras de dar
forma e brincar com o espaço, manipular a luz e a som bra, o que tem
inspirado arquitetos desde então.
Após o século 11 d.C., a Pax Romana gradualmente se desintegrou diante da
pressão das t ribos bár baras nas fronteiras do Império. Diocleciano tentou
facilitar a administração ao dividir o Império em 285 d.C., mas seu sucesso,
de curta duração, foi obtido por m eio de crueldade polít ica. Após sua morte, a
desintegração continuou, e a autoridade cent ral praticamente ent rou em
colapso até Constantino rest aurar uma certa ordem. Porém, quando
Constant ino transferiu a capital do Império para o Leste, a luz do aprendizado
clássico· perdeu a intensidade e quase se extinguiu na Europa ocidental. A
glória do que havia sido a Roma Imperial pagã foi t ransportada para a nova
Roma cristã de Constant ino, construída em Bizâncio.

NOTAS

.L Esta pode s-er a origem da lenda, transcrita por Virgílio na Eneidtt, de que Roma teria sido
fundada por Enelas,dcpois de escapar das ruínas de Tr.oia após sua captura pelos gregos.
2. Virgílio. Aeneid, t. 278. Harmondsworth, Inglaterra, 1956,1). 36. (Edição em português:
Virgitio. Eneida, São Paulo, Ed. 34, 2014 ).
1.. OdcsenhocorretodotemploC descdrocm Virrúvio, TratadQdearqtlitetuta, me IV.
4. Vitrlivio sugct'c qttc a proporção ideal de um fol'o retangular seria de 2:3; para o planejamento
de fórunsverVittúvio, TnuadodeâNJltitetura, V.i.
2.. VitrUviodisctttc planejamento urbano em Trtttadodean;uiteturflj Uv.vii .
6. Witliam L. 1\1acDooald observa que o pé romano era um pouco menor do qu~ o p-é moderno,
cerca de 29$5 cemímctros. Assim, 2.400 pCsromanos equtvalcriam a aproximadamente 2.325 pCs:
modernos (708, 7 metros}; ver MacDonald. Pantlteon. Carnbridge, MA. 1976, p. 62.
L_ As regras para o desenho de basílicas são apresentadas -em Vitcúvio, rrarado de arquirea,ra,
V.LiV·X.
8. No frontão desse edifício~ o segundo Panteon, Adriano manteve a inscrição que existia no
original: M . AGfljPPA. l. F . COS. TEI!Til!M. FEC/T(MarcoAgripa, filho de Luci o. ttêsvczcs cónsul,
construiu isso).
2.,. Watkin, David. A Hb·cozyofWeuern Ardtitecture. Londres c Nova Yot'k, 1986, p. 60.
1(1. Clccro.AdAtticum, XIV.9 {carta para Ãtico, 17 de abril de 44 B.C.). Londres, 1918, p. 231.
l i Vitrúviodisc:ute odcsenhocorretodc casas.c m Tratado de arquitetura. rue Vli-vHi.
12. VitrUviodiscute odcsenhode teatro em 'l'ratadodearquiten,ra, V.iii-vlH.
13. Sobre o rearro de Asp-endo, ver lzenour, George C. rheater lJe.sip1. Nova York, 1977. pp. 182-
!83, 263-264.
14. Citado em Bocthius, Axet c \"'.ard Pcrkins, J.B. Etrusctm tliJd Ronttm Architecture. Baltirnorc,
4

1970, p. 27 1. VitrúviodiSCU[C odcscnhodastcrmascm rratadc>deari{IIÜC!IIfO, V.'X.

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