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AS FACES DO MASCULINO
Introdução
Rei
O Tirano não alcançou essa conexão com seu Rei interno, não
está no seu centro de equilíbrio e, por isso, não tem confiança no seu
próprio poder gerador e criativo. Assim, levanta muralhas e estacas
externamente a si, para provar que tem controle de tudo.
Infelizmente, temos muitos exemplos de Reis Tiranos hoje em dia.
Ditadores como Kim Jong-un, Líder Supremo da Coreia do Norte,
incorporam esse papel na sociedade. Sua luta é contra o novo que
ameaça seu poder absoluto. Também podemos ver ele sendo expresso
no professor que poda a criatividade e o potencial dos seus alunos, o
governante que não se importa com o desenvolvimento integral de
seu povo, o pai autoritário que marca a infância dos filhos com frieza
e violência.
O Tirano é o que agride: verbal, física e sexualmente. Ataca a vul-
nerabilidade da criança, pois não aprendeu a cuidar da sua própria
Criança Divina, então, tudo que representa sua sombra acaba sendo
alvo da sua agressão. Como resultado do silenciamento da criança que
o habita, acaba por incorporar uma personalidade ranzinza, rude e
fria. Ele não dá liberdade para que partes criativas e amorosas dentro
de si se expressem e não reconhece o Rei em outras pessoas.
O Rei Tirano, como um ditador, se recusa a abandonar o trono
para que outro Rei assuma. Não compreende a importância da morte
e renascimento para seu povo. Governa apenas por sua ambição, serve
somente a si mesmo e não abençoa aqueles que precisam da sua graça.
A verdade é que o Tirano tem medo da sua fraqueza, inocência e
vulnerabilidade. Age como se tivesse inimigos dentro e fora de si, po-
rém, seu único inimigo é ele próprio.
Todos nós podemos assumir a face do Rei Tirano quando estamos
sob muita pressão e/ou incumbidos de um cargo de responsabilidade.
guerreiro
mago
Esse é aquele homem que almeja o posto do Mago, mas não quer
passar pelos desafios necessários para alcançar um alto nível de co-
nhecimento e desenvolvimento. É o homem que não cuida nem de
sua própria casa, seu espaço de poder, mas quer que lhe deem um
grande nível de reconhecimento. Vive delegando aos outros suas res-
ponsabilidades mais básicas
No início do meu trabalho como Tenente do Exército, eu me
achava um militar muito bom e desejava já ter pleno reconhecimento
logo de cara. Mas não foi o que aconteceu, obviamente. Tive um Co-
mandante que não gostava de algumas características minhas, como
falta de posicionamento e iniciativa. Mas eu estava cego para as mu-
danças que eu precisava fazer, sempre rebatendo críticas, e acabei co-
lecionando desavenças com meu Comandante e outros militares. De-
pois de um ano eu estava prestes a ser mandado embora, quando um
dos meus chefes teve uma conversa séria comigo e me disse a seguinte
frase: “Eduardo, quando mais se pensa estar certo, é quando mais você pode estar
errado”.
Essa frase foi o suficiente para eu refletir muito e mudar da água
para o vinho. Percebi que eu estava querendo reconhecimento com 20
anos de idade, sem ainda nem ter passado pelas provações necessárias
que “um aspirante a Mago” deve passar. Eu queria que me reconhe-
cessem sem nem agir e mostrar serviço. Com essa mentalidade antiga,
eu negligenciava meu papel como líder e mentor dos soldados sob
minha responsabilidade.
Por trás do Inocente há um manipulador que, muitas vezes, ma-
nipula até a si mesmo. Como nesse exemplo da minha vida, onde eu
acreditava estar muito correto em meu comportamento, se fazendo
de inocente perante os conflitos que eu estava criando e os problemas
práticos no trabalho que eu acaba causando.
Como o Inocente impede seu próprio desenvolvimento emocio-
nal e sua transição para a responsabilidade da vida adulta, “tirando o
seu da reta”, ele acaba por viver um estado de imaturidade e depen-
dência emocional. Mas é uma dependência que, em muitos casos, é
usada como poder para manipular outras pessoas para fazerem a sua
vontade.
Por exemplo, o Inocente aparece no homem agressor, que, após
libertar seu Sádico e ver a mulher querendo terminar o relacionamento
ou ainda pedindo ajuda à polícia, faz-se de coitadinho e sofrido, mani-
pulando emocionalmente a vítima. E nem precisamos chegar a casos
extremos de agressão física. Podemos ver essa manipulação emocional
agir no dia a dia de um relacionamento tóxico, no qual o Inocente se
coloca constantemente em uma posição de coitadinho, atacando calcu-
ladamente as fraquezas da pessoa com quem se relaciona.
O Inocente é o homem que se recusa a crescer. Por dentro, ele carre-
ga uma crença de incapacidade, de que as coisas que faz nunca estão
boas o suficiente e por isso não sai do lugar. Sem um Mago interno
desenvolvido, ele se vê sem recursos para realizar os ritos de passa-
gem necessários. Tem dificuldades de agir e mudar e, ainda por cima,
tende a sabotar aqueles que buscam abrir caminhos na vida, desesta-
bilizando as estruturas alheias com palavras dolorosas, como no meu
exemplo que citei anteriormente, quando eu buscava julgar e criticar
outros militares que erravam, mas que pelo menos estavam tentando.
Expressa-se também no intelectual reservado, que está sempre
refletindo sobre a vida, fingindo para os outros e para si mesmo que
ainda não sabe o suficiente, sem assumir o conhecimento que possui
para passá-lo adiante. Conhece aquele homem que está sempre fazen-
do cursos e mais cursos, mas nunca aplica e ajuda outras pessoas com
o conhecimento que adquiri? Então, esse é o perfil do Inocente.
Em todo caso, o Inocente é o homem que foge da responsabilidade de
ser um canal de conhecimento para outras pessoas.
O Inocente mostra, assim, que possui uma energia possessiva:
restringe sua energia criativa apenas para si - e diminui seu próprio
potencial. Diferentemente do Mago, que passa adiante seu conheci-
mento, se mantendo em um ciclo de aprendizado, o Inocente repri-
me a natureza cíclica da sua energia. Dessa forma, priva os outros de
aprenderem com ele, mas prejudica principalmente a si mesmo. É o
avarento e mesquinho, que vive sob escassez energética, em uma de-
primente solidão.
Não dá ao mundo e também não recebe.
arquétipo
amante
Referências Bibliográficas