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Vivência:

No caminho para o meu


propósito de vida!

Angelita Quevedo

Nome da escola

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Vivencia: No caminho para meu
propósito de vida!

Copyright © 2020
por Angelita Gouveia Quevedo
E-book

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Reflexão

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Jung mostrou que, como geneticamente todos os homens têm cromossomos e
hormônios recessivos femininos, eles apresentam um conjunto de características
psicológicas femininas, elementos que neles são minoritários.
Da mesma forma, as mulheres têm um componente masculino minoritário em seu
interior. Jung chamou de anima a faceta feminina do homem e de animus, a masculina
da mulher.
De acordo com Jung, os arquétipos femininos são representados por deusas e heroínas,
cujas energias exercem amplas e profundas influências sobre nossos processos
psicológicos. Sendo assim, os arquétipos determinam as principais diferenças entre as
pessoas, modificando-se em função de situações externas ou processos internos.
Interiormente, somos influenciado(a)s por arquétipos divinos. Vou falar aqui sobre três
deles:

Um exemplo de arquétipo feminino amplamente difundido e estudado é a figura da


Grande Mãe. Este arquétipo se desdobra em diversas divindades femininas e é encontrado
com diferentes nomes nas mais diversas culturas: Gaia, Maria, Isis, … São inúmeras as
manifestações arquetípicas dessa figura feminina maternal, que personifica o planeta
Terra – a Mãe Natureza. A interação da mulher com a natureza é calcada no poder
gerador de ambas: metafisicamente, o útero pode ser entendido como uma miniatura
da Terra, um receptáculo de sementes que serão germinadas, para posteriormente
transformarem-se em vida. Quando desconectada de sua criatividade (ovários) e do seu
potencial curador (útero), a mulher adoece energeticamente. Ela perde seu brilho pouco
a pouco, seca e endurece. Mas o feminino é um amplo mistério, que vai muito além da
maternidade. Mulheres são seres múltiplos e carregam dentro de si inúmeros arquétipos.

Artemis (Diana)
A natureza da mulher Artemis é guerreira e independente. Ela representa a
individualidade. É uma deusa virgem (completa), caçadora (autosuficiente) que vive nas
matas acompanhada por lobos. Seu habitat é a natureza selvagem, a floresta. É um
arquétipo que acompanha as mulheres viajantes, aventureiras e destemidas. Em equilíbrio,
este arquétipo traz força e independência para as mulheres, equilibra as polaridades
feminino-masculino, fazendo com que reconheçam seu papel e sintam-se completas,
independente da concretização de uma parceria ou relacionamento com o sexo oposto.
Quando uma mulher se identifica de maneira desequilibrada com este arquétipo, ela tende
a “endurecer” o feminino e atrair homens dependentes e carentes. Artemis se nutre de
animais e plantas, não só através da alimentação: eles são sua companhia, seu universo.
Dessa forma, podemos compreender que ela está em harmonia com o meio onde habita.
Dedicação a si mesma, fortalecimento da identidade e limites pessoais são fortes atributos
deste arquétipo.

Atenas (Minerva)
A mulher Atenas é a mais valorizada pela sociedade atual. Ela representa o conhecimento,
a sabedoria e está profundamente ligada ao lado profissional. Este arquétipo confere ao
feminino equilíbrio, capacidade de criar estratégias, dedicação aos estudos,
companheirismo e disciplina no trabalho. Porém, Atenas carece de sensibilidade. Quando
nos perdemos na sombra de Atenas, nos apegamos à lógica excessiva, frieza e calculismo.
O casamento pode tornar-se extremamente difícil, uma vez que a mulher Atenas se
identifica com os valores e características da polaridade masculina.

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Mas não só os arquétipos nos influenciam; externamente, temos os estereótipos sociais
e culturais que podem ser a fonte de conflitos. Esses conflitos são o resultado do
predomínio de padrões arquetípicos e da repressão de outros. Um clássico exemplo é a
imagem da Mãe. A sociedade impôs tanto à mulher a mãe zeladora do lar, do marido e
dos filhos que no final das contas milhares de mulheres repulsaram essa imagem e
“migraram” para a imagem arquetípica da guerreira – aquela que dá conta de tudo e faz
tudo sozinha. Assim, foram gerados inúmeros processos internos de identidade. Dentro
de nós existem todos esses arquétipos femininos que irão se apresentar de acordo com
as situações externas e os processos internos.

Arcano 2 – A sacerdotisa
O Mago representa o yang primário, ou princípio criativo
masculino. A Sacerdotisa pode ser vista como representação do yin
primário, ou aspecto feminino da divindade.
No Mago, vivenciamos aquele momento que temos a ideia perfeita,
temos em nossas mãos a possibilidade de conseguirmos qualquer coisa e
somos dinâmicos demais, o que nos leva a uma experiência no mundo
exterior.
A Sacerdotisa é o oposto que se apresenta: conseguimos identificar os prós e contras da
realização de nossas ideias, analisamos demais, agimos de menos e somos
introspectivos, permitindo-nos pela primeira vez olharmos nosso interior e os segredos
que nos cercam.
O Mago está em pé e tem a autonomia do ir e vir quando quiser, mas a Sacerdotisa está
entronada, numa atitude passiva, quieta e reflexiva. Mas, ambos ainda vivenciam o
poder da vontade e seus desejos permanecem os mesmos, mudando apenas a forma
como encaramos os desafios da vida.
O poder do Mago é o fogo: o poder quente, brilhante, associado ao sol. O poder da
Sacerdotisa é a água: o poder frio, escuro, associada à lua. Ele controla por meio da
força rápida, do conhecimento e da ideia. Ela governa pela lenta persistência, pelo amor
e pela paciência feminina.
Sua essência é o paradoxo. Ela abrange tudo, abarca assim o bem como o mal - até a
vida e a morte. Ela, que é a mãe da vida, também preside a morte, já que tudo o que vive
na carne precisa, um dia, morrer na carne.
Na base da estátua de Isis em Sais, estão inscritas as seguintes palavras: "Sou tudo o que
era, que é, e que sempre será. Nem mortal algum jamais pôde descobrir o que jaz debaixo do meu véu."
Dela é o reino da profunda experiência interior; dela não é o mundo do conhecimento
exterior.
Nas culturas primitivas, a mulher era vista como a única fonte da vida, porque não se
considerava o ato sexual ligado de algum modo à gravidez. Uma vez que não se

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compreendia o papel do homem no processo da vida, cada mulher que engravidava
sentia-se misteriosa e incompreensivelmente escolhida pelos deuses - como aconteceu a
Maria. O parto era um santo mistério, e um mistério da mulher.
Hoje em dia, a despeito da pílula, da educação sexual e da liberação das mulheres, o
parto continua a ser, graças a Deus, um mistério sagrado - cada gravidez ocorre (ou não)
pela graça de Deus. Toda mãe em perspectiva, por mais disposta que esteja, ainda
precisa ser escolhida pelo destino para assumir esse papel. O próprio acontecimento
milagroso ainda é um mistério, e ainda é um mistério da mulher. Acontece a ela. Com o
homem, o ato da propagação acontece fora dele, tanto física quanto psicologicamente.
O homem pode procriar uma dúzia de filhos sem jamais ter conhecimento de que o fez.
Mas, em se tratando da mulher, a concepção e o próprio filho acontecem dentro do seu
corpo - no próprio centro do seu ser. A partir do momento em que ela concebe, quer o
saiba quer não, a mulher está literalmente grávida de um filho. Seja qual for a sua atitude
intelectual, no fundo do inconsciente de cada mulher a gravidez ainda é experimentada
com uma anunciação profética. Para ela, cada nascimento é uma recriação do Divino
infante.

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O que essa mulher então quer nos dizer?
A Sacerdotisa nos fala da capacidade infinita do poder da mente e do
nosso interior, portanto, o recinto sagrado que ela guarda está contido
dentro de nós mesmos. Nós somos o sagrado. Nós somos o segredo.
Porém, isso não é sentido, sabido e entendido muitas vezes. No
entanto, adentrar nesse portal é a chave - o autoconhecimento é a
única evolução!
A segunda lâmina do Tarô nos fala de um momento de parada e
reflexão necessárias para o momento da vida. É preciso muita análise,
pois não se está dando a devida atenção aos detalhes. Como diz um
ditado popular: o diabo mora nos detalhes!
Junto com muita análise vem também muitos sentimentos, desejos e sonhos retidos.
Isso pode se dar por vários motivos: decepção, falta de autoestima, medo, desconfiança
– em relação a si mesmo e aos outros. Dentre os problemas que podemos ter está o
desgaste da vontade, o que levará ainda mais à estagnação que já se faz presente.
Mas, como já disse, a Sacerdotisa não age! Para prosseguir no caminho da evolução é
necessário agir, praticar, fazer. Com o poder dela os planos já foram traçados, o
caminho revisto mentalmente e a forma de atingi-lo é clara, no entanto, se não houver
movimento, como se atingirá a realização dos desejos? Dando um exemplo bem
esdrúxulo, já ouvimos falar de pessoas que nunca usam aquela roupa bonita ou aquele
perfume caro esperando uma ocasião importante e, de repente, um acidente, uma
doença ou a própria morte as impedem eternamente de fazerem aquilo que queriam.
Assim também é com esse arcano. É preciso sair da contemplação antes que se percam
as coisas boas da vida por puro e genuíno medo de se arriscar!
O Livro da Vida que traz consigo ainda não foi totalmente assimilado e nós nem sequer
estamos preparados. Ainda há um caminho longo pela frente até que todo ele seja
sabiamente entendido. Por isso mesmo ela pede tanta reflexão, análise e meditação.
Da mesma forma que o Mago, ela tem vários poderes, mas não os utiliza para que todos
os vejam. Utiliza sim para si mesma e para seu engrandecimento.
Mística, sábia, misteriosa, mulher. Enfim, Sacerdotisa! Ela vai além do Mago, que é um
Iniciado. Ela é aquela que tem as chaves para abrir as portas dos Mistérios. É uma
Iniciadora. Mas é preciso sair da contemplação.

Outros arquétipos femininos que estão associados à Sacerdotisa:


Héstia (Vesta)
Héstia é a deusa do fogo, celebrada nas lareiras dos lares gregos. É uma deusa protetora
dos lares, o que faz com que seja diretamente relacionada à nossa força interior, em

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oposição à nossa expressão diante do mundo. Representa o equilíbrio e a quietude, que
permitem a mulher manter-se firmemente conectada e sair ilesa de um período
conturbado. O fogo de Héstia representa o aquecimento e não a destruição. Quando em
desequilíbrio, este arquétipo tende a tornar a mulher extremamente emotiva,
introvertida e isolada. A maternidade e a sexualidade não são pontos fortes deste
arquétipo. O seu equilíbrio se dá através do exercício da sociabilidade, da expressão
comprometida de sentimentos, pontos de vista e necessidades.

Perséfone (Cora)
É a sacerdotisa, a governante do mundo invisível. Representa mulheres meigas,
femininas, dotadas de um grande poder criativo e também o lado psicológico e
espiritual da mulher. As mulheres identificadas ao extremo com este arquétipo,
costumam apresentar um poder de ação reduzido. São facilmente conduzidas pelos
outros e têm dificuldades em se posicionar e até mesmo de compreender aquilo que
querem ou para onde devem ir. Perséfone também representa a mulher que faz de tudo
para agradar a mãe: são as boas meninas, obedientes, cautelosas, recatadas, passivas e
dependentes. Elas são do tipo que acabam por ceder em tudo para se adaptarem aos
desejos de um homem; parecem não ter uma personalidade própria. Por não desejarem
criar atritos e despertar desconforto e raiva nos outros, acabam por tornarem-se
mentirosas e manipuladoras. Possuem uma forte tendência à sexualidade adormecida e a
comportarem-se de maneira passiva e submissa em relação ao cônjuge. Tendem a se
comportar de maneira infantil e dependente, necessitando da mãe para realizar até
mesmo tarefas banais. Como profissionais não são exatamente dedicadas: são
inconstantes e indecisas, o que provoca mudanças constantes de emprego. Porém,
quando identificadas com o aspecto da Rainha do Submundo – seu verdadeiro poder –
serão extremamente competentes, principalmente no campo psicológico e espiritual por
saberem sintonizar-se com o mundo do inconsciente.

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O lado sombra da Sacerdotisa

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Quando estamos no arquétipo da Papisa, se não tomarmos posse de nossa energia, de
nosso saber, de nossas palavras acabamos por querer controlar a vida dos outros,
manipular conforme nosso ego. Vira-se então o jogo: a mãe carinhosa se transforma numa
controladora emocional por meio de ameaças; por querer todo o afeto que ela não se dá,
irá buscar formas manipulativas dos outros. Nesse caso, sua manifestação será de fofoca
em meio a palavras doces.
A falta de amor, na prática, pode resultar emocionalmente em depressão, em falta de
cuidado com sua própria vida e aparência, em falta de motivação para conhecimentos
transformadores e em um grande sentimento de sempre ser traída pelas pessoas que "mais
cuidou".
Um outro aspecto de sombra está ligado à vulgaridade que nasce se olharmos pelo prisma
de como a essência foi maculada: a mulher ou a força feminina, que veio direcionar, acaba
se perdendo em suas próprias emoções, e se corrompe em seus medos e devaneios. A
fina e elegante Papisa se transforma, então, numa megera dominadora de tudo, porque se
sente só então tudo necessita passar pelo seu crivo de domínio.

Fisicamente há uma tendência para câncer de mama, problema nos ovários e útero,
aumento de peso (principalmente na região abdominal e braços) e varizes.

Para abandonarmos a sombra, o primeiro passo é a aceitação; o segundo, o não se julgar


e, o terceiro, o agir.
A aceitação de que você pode ter parado sua vida devido à sua carência afetiva e de que
o seu querer direcionar tanto as pessoas o levou a esquecer de sua própria vida.
Tire de sua mente o conceito de que você precisa se enquadrar em padrões. Se o seu
temperamento for o de cuidar da família e de sua casa, a qualidade feminina e receptiva
se encaixa nos aspectos da mãe. Utilize esses dons a seu favor, foque em atividades que
lidem com o aconselhamento de pessoas como psicologia, oráculos e terapias, ou em
atividades ligadas à beleza e ao universo feminino, como maquiagem e moda.
Compreenda que sua verdadeira força só irá trabalhar verdadeiramente a seu favor se você
se aceitar, aceitar seu temperamento e focar em sua vida. O melhor cuidado que pode dar
para os outros é estar bem consiga mesma, bem com sua vida e realizada em ser quem é.
O agir nasce da vontade verdadeira de querer mudar e transformar.

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A pose da Papisa
Cristina Guedes

Senhora, Eva não é a costela de ninguém


como o sono dormente das pedras
tudo na sua alma é agonia também.

Senhora, Eva não é anjo de ruínas


tornou-se aceitável menina,
uma sacerdotisa do bem.

Senhora, Eva não precisa ser forte,


Tem barro, verbo, espiga ou morte,
repousa nas esquinas do além.

Senhora, Eva não gosta de santa incendiada,


fogueira reconquistada ou calma de Belém.

Senhora, Eva parece que tem filha única


banho-de-cheiro, trilha, chuva, túnica,
uma protetora do zen.

Senhora, Eva é a nossa doublé


para o homem peixe ver
a substância da criação.

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Meditação:

É hora de você confessar todos os seus anseios e seus


medos mais profundos. Imagine que a Sacerdotisa está a sua
frente, lhe aguardando para guardar os seus segredos. Faça
sem temor. Prepare-se para sentir a sua mente calma, sem
necessitar de policiamento constante. Se você quiser
preparar o seu ambiente, veja as dicas a seguir.

Dicas para preparar o ambiente:


Local: tranquilo e fechado.
Incensos: Artemísia, Gardênia, Ipê Roxo e Tomilho
Cores de velas: azul, branca ou lilás
Símbolos: Lua
Elementos da Natureza: Água

Se você quiser entender mais sobre a Sacerdotisa, veja os filmes que indico:

Poesia: https://www.youtube.com/watch?v=RbbxbWp9mHA

Samsara: https://www.youtube.com/watch?v=T4Vat1kcZ-0

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