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Desde o começo da astrologia, é evidente virtualmente em todas as fontes (Ex. Persas, Gregas,
Hindus e Egípcias) que divisões de tempo e espaço foram conferidas aos planetas e signos em
quantidades semelhantes. Uma vez que o tempo não é nada mais que um sistema de
contagem, porque não poderemos usar divisões de arco ou os anos distribuídos de acordo
com os signos e planetas para contar o tempo ou vice-versa? O que poderia ser mais natural
que criar algum género de esquema para relacioná-los? Algo como este tipo de raciocínio deve
ter dado origem aos cronocratores e às direcções, como nós as conhecemos. Assim, em
direcções primárias um grau do equador celeste equivale a um ano; em profecções um signo
(30 graus de longitude da eclíptica) equivale a um ano, um mês, um dia ou grupo de dias.
Como os Dasas Indianos, ou os cronocratores de Valens baseados no tempo ascensional dos
signos, ou os decénios de Firmicus, e as “Idades do Homem”: a Firdaria é um certo número de
anos regido pelos planetas em uma certa ordem que depende do sect do mapa, i.e. se o mapa
é de um nascimento diurno ou nocturno.
Haviam cronocratores, i.e. regentes do tempo gerais onde uma específica duração de tempo
era conferida a um signo ou planeta baseada no tempo ascensional do signo ou do período
planetário regido pelo planeta. E então existiam regentes de um tempo específico indicado por
alguma medida de arco, quer da eclíptica ou do equador celeste. A Firdaria é da primeira
categoria, a dos cronocratores.
A Firdaria foi introduzida por Abu Ma’shar. Não existe nenhuma referência a ela antes dele.
Não existe nada no registo histórico que tampouco confirme ou negue a sua existência
anterior a Abu Ma’shar. A Firdaria é uma técnica de atribuição de cronocratores (regentes do
tempo) entre muitas técnicas ensinadas durante a Era Helenística e Árabe. Não existe nenhum
registo escrito da astrologia praticada na metade da Era Persa (os Sassanianos) mas
encontramos certas doutrinas introduzidas na Era Arábe por astrólogos com um pé em ambas
as escolas. Estes astrólogos foram Kankah al-Hindi, Masha'allah, 'Umar ibn al-Farruhan at-
Tabari e obviamente Abu Ma’shar que veio da Pérsia (Balh). E.S. Kennedy no seu livro “The
Sassanian Astronomical Handbook”, cita Al-Biruni como que dizendo que Masha’allah e ‘Umar
estão “a meio caminho entre os Persas e Abu Ma'shar”.
É supostamente no livro de Abu Ma’shar, “The Thousands” que a Firdaria é discutida em maior
detalhe; com interesse nas suas origens e uso. Porém, este Livro não é mais existente excepto
em extractos nos escritos de outros. Abu Ma’shar menciona a Firdaria na sua “Great
Introduction”, contudo o uso específico e orientações para o seu uso são mais claramente
apresentados na sua obra “On Solar Revolutions”.
Irá ser útil para nós examinarmos este ensinamento na fonte, Abu Ma’shar. [1]
“Cada uma das sete estrelas, e os Nodos Ascendente e Descendente, têm certos tempos
determinados, e cada estrela governa para o nativo em concordância com a sua própria firdar.
A firdar do Sol, então, é 10 anos; de Afrodite, 8; de Hermes, 13; da Lua, 9; de Kronos, 11; de
Zeus, 12; de Ares, 7; do Nodo Ascendente, 3; do Nodo Descendente, 2 – no conjunto, eles são
75. [2]
No caso de uma natividade diurna, o Sol assume a regência [3] da primeira firdar, onde quer
que esteja presente, depois Afrodite, depois Hermes, depois a Lua, depois Kronos, em
concordância com a ordem das suas zonas. [4] No caso de natividades nocturnas, a Lua assume
a primeira firdar, depois Kronos, depois Zeus, depois Ares, conforme a ordem anterior. [5] A
não ser que quando uma das estrelas é a regente, ela mesma rege [6] um sétimo dos seus
próprios anos; depois as restantes estrelas participam com ela em um significado para coisas
boas ou ruins de acordo com um sétimo da sua própria firdar. E o começo será a partir da
estrela que possui a firdar, enquanto que a estrela situada logo abaixo dela participará
primeiro, depois a estrela seguinte a esta. --- a razão para a participação das estrelas restantes
com a primeira estrela é que os anos da firdar de cada estrela foram extraídos daquelas que
têm uma relação para com os doze zoidia; mas de uma forma peculiar, os Nodos Ascendente e
Descendente, uma vez que eles não participam mais com nenhuma estrela, assumem a
regência somente após a conclusão dos anos das sete estrelas e após o nativo ter completado
setenta anos, porque eles não têm domicílios.” [7]
No final deste Tratado na Secção 7, Abu Ma’shar continua a sua instrução nas suas próprias
distribuições acrescentando;
A razão pela qual eu explico isto é porque existem duas escolas de pensamento no que diz
respeito à ordem da série nocturna da Firdaria. Existe alguma ambiguidade na explicação de
Bonatti quanto à ordem nocturna da Firdaria. Bonatti, ao parafrasear Abu Ma’shar explica a
Firdaria deste modo;
“Os sábios antigos consideravam certos anos nas natividades que não eram chamados maiores
ou médios ou mesmo menores, [10] mas eles chamavam-lhes os anos da Firdaria, isto é, anos
determinados. Pois cada planeta determina a sua própria parte da vida do nativo de acordo
com a sua parte de anos da Firdaria neste método.
Qualquer que seja o tipo de natividade, a distribuição dos anos da Firdaria começa a partir do
luminar cujo domínio lhe pertence [11] e esse luminar determina a vida do nativo em
concordância com o domínio dos seus anos da Firdaria, porém não sem a participação dos
outros planetas.
Pois se a natividade for diurna, começará a partir do Sol, que é o luminar diurno, o qual dispõe
da vida do nativo de acordo com a quantidade de anos da Firdaria, os quais são 10, com a
participação de todos os outros planetas, mas ele mesmo irá obter o domínio especialmente na
primeira sétima parte desses anos.”
Portanto Bonatti apresenta a ordem da distribuição dos planetas exactamente como Abu
Ma’shar faz para a série diurna da Firdaria. Eu não as irei repetir. Quando chega à série
nocturna, Bonatti continua,
“Mas se a natividade for nocturna a distribuição começará a partir da Lua que é o luminar
nocturno e irá ser em todos os aspectos como foi explicado quando começava a partir do Sol
tanto no que respeita à participação dos planetas com a Lua como no que respeita à sucessão
dos mesmos na ordem do círculo.
E todos os significadores ou dispositores acima mencionados se estiverem bem colocados
aumentarão o bem e diminuirão o mal.
E se eles estiverem mal colocados aumentarão o mal e diminuirão o bem. Este é um assunto
laborioso, contudo, deverá ser bem examinado porque alguns astrólogos, evitando o labor,
nem sequer consideram isto [a Firdaria] nos seus julgamentos, por isso eles caiem em
erro.” [12]
Eu direccionaria a atenção dos leitores particularmente para estas palavras de Bonatti, “Mas se
a natividade for nocturna a distribuição começará a partir da Lua que é o luminar nocturno e
irá ser em todos os aspectos como foi explicado quando começava a partir do Sol tanto no que
respeita à participação dos planetas com a Lua como no que respeita à sucessão dos mesmos
na ordem do círculo.”
A ambiguidade desta afirmação é a de que a Firdaria da Lua deveria seguir “em todos os
aspectos” a ordem da Firdaria do Sol. Embora Bonatti estipule isso ao dizer “no que respeita à
sucessão dos mesmos na ordem do círculo”, no qual ele claramente se refere à sucessão
planetária da ordem Caldaica. Porém, a vaga ambiguidade levou alguns astrólogos modernos
contemporâneos medievais, a colocar os nodos da Lua a seguir à Firdaria de Marte na série
nocturna; exactamente como na ordem da sequência diurna. De acordo com este
entendimento de Bonatti, devemos colocar os nodos no mesmo lugar tanto na série diurna
como na nocturna, depois da Firdaria de Marte.
Deve-se dizer que esta mesma ambiguidade existe na curta introdução de Abu Ma’shar
quando ele afirma, “No caso de natividades nocturnas, a Lua assume a primeira firdar, depois
Kronos, depois Zeus, depois Ares, conforme a ordem anterior.” Se esta afirmação fosse tudo o
que alguém tivesse para trabalhar ela levantaria muitas questões e muita ambiguidade, apenas
quanto ao que Abu Ma’shar afirma.
Que Bonatti quisesse dizer que a Firdaria nocturna devesse em todos aspectos seguir a diurna,
excepto que ela começaria a partir da Lua em vez do Sol, é em si questionável. Não o é com
Abu Ma’shar que é quem introduziu a Firdaria na prática medieval. Se Bonatti está a errar aqui
é porque poderá existir alguma ambiguidade nas palavras de Abu Ma’shar, tal pode lhe ser
perdoado visto que ele não estava por perto quando “On the Solar Revolutions” foi traduzido
após a sua morte. Montulmo muito provavelmente terá possuído a obra final de Abu Ma’shar
pois no século 15 ele reitera a ordem correcta de Abu Ma’shar.
Aqueles que seguem este entendimento ambíguo das palavras de Bonatti têm encontrado
alguma justificação visto que muitas natividades nocturnas têm sofrido coisas nesta idade, a
partir dos 42 anos, que poderiam facilmente ser atribuídas ao período do Nodo Sul. Contudo,
investigação recente também revela outras causas possíveis deste período o qual se relaciona
com a “crise da meia-idade”. Robert Zoller, por exemplo, tem sugerido uma relação deste
período com “os Anos Críticos” tal como é explicado no Liber Hermetis. Naturalmente existe o
facto de que 42 é metade de 84 (ciclo de Urano) e também de 3.5 ciclos de Júpiter. É a
Profecção do Ascendente na sétima casa e relaciona-se com o ciclo da conjunção Saturno-
Marte e o ciclo de 2 anos nominais das oposições de Marte. Abu Ma’shar sugere que a
severidade e sofrimento destes anos são o resultado de Marte assumir a regência natural
deste período que se inicia aos 41 anos. Estes eram denominados “as Idades do Homem” onde
cada planeta tinha um significado natural para um determinado número de anos no
desenvolvimento de um nativo.
A questão é que enquanto esta ambiguidade no texto de Bonatti poderá ser uma sorte
“acidental” e correcta, poderá provavelmente “não” ser, uma vez que existem indicadores
igualmente interessantes que podem explicar este período ainda melhor que o período nodal
mal colocado na série nocturna.
Quando trabalhando com a Firdaria, talvez seja sábio ainda não gravar nada em pedra, mas
usar ambas as séries da Firdaria nocturna, mantendo uma mente aberta e testar ambas. Nós
precisamos de abordar estas técnicas anciãs preditivas, quer seja Firdaria, Profecções,
Direcções Primárias, Revoluções Solares etc. com humildade e deixando-nos abertos para a
possibilidade de que o nosso entendimento possa por vezes ser imperfeito ou mesmo carecer
completamente de aconselhamento sobre o assunto. Nós ainda estamos no processo de
aprendizagem e de recuperação de uma boa quantidade de coisas do passado e é por isso
muito perigoso gravar algo em pedra.
Lentamente aprendemos,
Steven Birchfield
[1] Tratado IV – “On Solar Revolutions” – por Abu Ma’shar, traduzido e anotado por Robert
Schmidt e publicado por Project Hindsight ©1999
[2] É importante notar que 70 anos (a soma da Firdaria planetária sem a Firdaria nodal)
igualam 3650 semanas regulares, ou o equivalente a um “ano” em “semanas” consistindo de
70 dias cada.
[5] Como é claro no parágrafo final neste tratado sobre Firdaria, os nodos continuam a ser
colocados em último na sequência das natividades nocturnas.
[6] diepõ. Na tradição helenística, este verbo também é usado para a regência de uma hora de
um dia de acordo com o sistema de horas planetárias. O texto em Latim traduz esta palavra
grega como dispono, não fazendo qualquer distinção entre este e o verbo kubernaõ que
usualmente se aplica ao regente da Firdaria, não ao regente de uma das suas subdivisões.
[7] Os nodos desta forma têm um papel de certa maneira especial. Eles têm determinados
períodos de tempo ou Firdaria associados a eles, tal como os planetas. Contudo, eles não
podem assumir a regência das subdivisões da Firdaria planetária – isto é, eles não podem
participar com os planetas que governam a Firdaria; nem os seus próprios períodos são
subdivididos e partilhados pelos outros planetas. No final da série de futuras delineações, os
nodos são de facto anexados no final da lista de planetas participantes e distribuidores de
tempo na Firdaria de Ares, sem títulos de capítulos separados ou especial anúncio, de qualquer
forma sem dizer que eles distribuem tempo dentro da Firdaria de Ares. Então Abu Ma’shar
aqui considera-os como tendo um papel semelhante ao dos planetas participantes, eles
apenas não têm nenhum planeta com o qual participar; por outro lado, eles são tratados como
se pudessem ter a regência (kebernësis) de uma Firdaria como os planetas, no entanto ele aqui
diz que eles têm a regência (diepõ) de um período de tempo, o qual é o verbo que parece ser
reservado para o papel dos planetas participantes.
[8] O verbo katëntëse aqui não tem um sujeito óbvio nesta frase. Na suposição de que “o
método estabelecido anteriormente” se refere aos procedimentos directivos dispostos no
precedente Tratado III, eu forneci “a distribuição” como sujeito, a ideia sendo que se a
distribuição e distribuidor indicam a morte em um certo momento, a morte não será certa a
menos que o distribuidor para esse momento esteja na sua própria Firdaria.
[9] Esta última frase diz-nos como especificar os regentes da Firdaria e os seus planetas
participantes para um determinado mapa natal, examinando ambos os factores que os
beneficiam ou os corrompem, assim como as suas posições por casa e regências de forma a
fazer delineações gerais da Firdaria mais específicas.
[10] Isto claramente se refere aos maiores, médios e menores anos associados aos planetas.
Ex., os anos maiores do Sol são 120 anos, os seus anos médios são 69.5 anos e os seus anos
menores são 19 anos.
[11] I.e., o luminar do mapa é determinado se a natividade é diurna (dia) ou nocturna (noite).
O Sol rege as natividades do dia e a Lua as da noite.
[12] Tractus de nativitatibus, Capítulo III – “Liber Astronomiae” – por Guido Bonatti, traduzido
por Robert Zoller e publicado em ”Tools and Techniques II” 3ª edição © Robert Zoller e New
Library Limited 2003.
A Firdaria é uma técnica preditiva de alta hierarquia. Do mesmo modo que as Direções
Primárias, que já receberam a singularidade de uma postagem específica neste blog, esta
técnica ocupa o ponto mais alto e relevante da hierarquia preditiva astrológica.
Tal entendimento é um erro de interpretação severo, pois Bonatti assevera que deverá ser
seguido o mesmo rito para a distribuição de períodos no caso das natividades noturnas, a
partir da Lua, tal qual ocorre com o Sol, em natividades diurnas. Todavia, isto não significa que
a ordem caldaica será interrompida para a interposição do período nodal após a Firdaria de
Marte. O rito caldaico completo é que deve ser respeitado e não a sequência do período nodal
após o período marcial, sem completar a distribuição de anos sobre todo o setenário. Fica o
esclarecimento registrado, para que não existam mais dúvidas acerca do tema.
Em natividades diurnas:
Em natividades noturnas:
Dentro de cada grande período de Firdaria, existe a regência participante. O primeiro regente
participante é o próprio regente do grande período, ocorrendo a transição para os demais
planetas através de ordem caldaica decrescente, formando sete subperíodos temporais iguais,
dentro do grande período da Firdaria. Durante os períodos dos nodos lunares não ocorre
regência participante. Para efetuar o cálculo da Firdaria nos mapas natais, recomendo o sítio
firdaria.com/calculator.php. O visual da página é extremamente didático e intuitivo,
fornecendo a visualização completa de todos os períodos e subperíodos da Firdaria ao longo
da vida. É importante selecionar a opção “yes” no questionamento “nodes always in the end”
antes de proceder ao cálculo.
Embora a Firdaria forneça uma divisão temporal de vida que apenas diferencia em termos de
regência e ordenação de regência todas as natividades em dois grandes grupos, as diurnas e as
noturnas, a técnica possui apenas este caráter generalizador, sendo que as suas
particularidades preponderam. Em cada mapa natal, todos os regentes de períodos e
subperíodos da Firdaria experimentarão um estado cósmico distinto. Da mesma forma, a
relação existente entre o planeta que é o grande governante da Firdaria com aqueles que
governam os períodos menores será igualmente singular.
O astro que rege o período maior da Firdaria traz a sua natureza essencial e acidental para os
seus anos de regência, fazendo com que os assuntos determinados a este planeta por
regência, posição e aspecto tomem corpo durante os seus anos de governança. O planeta que
rege o subperíodo é considerado como uma espécie de administrador temporário e receberá a
delegação do regente maior para dar rumo a sua agenda.
Quando existe conexão e sinergia entre os senhores dos grandes e pequenos períodos, é
natural que a agenda de temas desponte e se materialize de alguma forma na vida do nativo.
Se os significadores gozam de bom estado cósmico, bons eventos ou pelo menos eventos com
boa resolução devem ser esperados. São categoricamente marcantes os períodos regidos por
dois planetas que estejam conectados no mapa natal. Se esta conexão é atualizada pelas
técnicas preditivas de Profecção e Revolução Solar, o testemunho é fortificado ainda mais e
haverá progresso na agenda significada pelos planetas regentes.
Em muitos casos, apesar da conexão dos significadores, seja no mapa natal ou no mapa
revolucional do período, os planetas envolvidos são antagônicos em sua essência, qualidade
ou potência. Nestes casos, poderá haver impedimento do governante do período menor em
relação às proposições do grande regente. Pode ser o caso de um senhor de pequeno período
maléfico que atrasa ou impede o avanço dos bons temas regidos por um grande senhor
benéfico ou o contrário, quando um planeta benéfico, senhor do pequeno período, dificulta a
materialização de maus eventos propostos por um governante maior eivado de malícia.
Há os casos, ainda, em que o governante do pequeno período não goza de bom estado
cósmico ou está totalmente desconexo do governante maior, proporcionando a estagnação ou
a destruição temporária dos temas da grande agenda do período. Seguindo o mesmo princípio,
um regente de pequeno período em bom estado cósmico pode proporcionar condições de
melhoria temporárias dentro de um período cuja agenda de temas propostos pelo regente
maior seja mais densa e danosa ao nativo.
Enfim, a Firdaria, que parece ser tão generalizante sob um primeiro prisma, acaba por se
tornar totalmente particularizada quando levada à singularidade de cada carta natal. Maiores
especificidades são denotadas quando ela é combinada com as técnicas preditivas de
hierarquia média, caso da Profecção e da Revolução Solar, que serão abordadas com a devida
atenção que merecem nas próximas postagens. Até breve, leitores!
FIRDARIA.
Firdaria é uma técnica precisa de previsão introduzida pelo Astrólogo Abu Ma’shar, que além
de astrólogo era astrônomo, matemático e filósofo. A firdaria serve como meio de
compreender melhor os eventos e o ciclo de vida de um nativo, sabendo disso, vamos estar
cientes dos regentes que vão governar um determinado tempo a vida de uma pessoa. Esta
divisão de tempo surgiu introduzida através “senhores do tempo” dito como os Cronocratores,
a Firdaria é a técnica aplicada através destes regentes do tempo, usada como meio de previsão
na Astrologia; desde a era árabe, sendo aplicada exclusivamente pela Carta Natal.
A Firdaria surgiu na astrologia com o intuito de marcar o tempo o dividindo em 75 anos de vida
de um nativo mediante ao tempo de cada planeta visível que são (Saturno, Júpiter, Marte, Sol,
Vênus, Mercúrio e Lua) e os nodos lunares, que são ativados depois do nativo ter passado pela
firdaria de todos os planetas visíveis. Após os 75 anos, a tabela se repete novamente,
recomeçando a mesma.
Existe a tabela e técnica aplicada por Abu Ma’shar como já dito, e também a tabela aplicada
por Bonatti, a diferença é o período de tempo em que os nodos lunares são aplicados,
havendo discordância entre as duas tabelas. Na tabela de Abu Ma’shar os períodos do nodos
lunares são somente ativados após o nativo ter vivido o tempo de todos os planetas visíveis.
Na tabela de Bonatti, os nodos lunares são ativados após o período de Marte. Portanto, vai
depender do critério de cada astrólogo qual tabela irá aplicar em suas técnicas.
Através da Firdaria, vamos analisar o regente (o planeta) que vai governar determinados anos
na vida do nativo. Cada mapa natal o tempo é ativado por um regente diferente, mediante a
mapa noturnos e mapa diurnos. Nos mapas diurnos, o sol sempre está acima do horizonte, nos
mapas noturnos, o sol sempre está abaixo do horizonte. Devido a isso, é gerada a tabela da
Firdaria, que em cada tempo e idade do nativo, um planeta vai reger aquele período. Em
mapas diurnos, os primeiros anos de vida começam pela Firdaria do Sol, e em mapas noturnos,
os primeiros anos de vida de começa pela Firdaria da Lua. Vocês podem calcular a Firdaria de
vocês rapidamente aqui neste link: http://firdaria.com/calculator.php - Portanto este site
mostra somente tabela aplicada por Bonatti.
A tabela segue a ordem cósmica, mais conhecida como ordem caldaica, que se inicia do
planeta mais lento ao mais rápido (Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua). Vou
deixar abaixo duas listas.
Marte/Sol
Marte/Vênus
Marte/Mercúrio
Marte/Lua
Marte/Saturno
Marte/Júpiter
Sol/Vênus
Sol/Mercúrio
Sol/Lua
Sol/Saturno
Sol/Júpiter
Sol/Marte
O tempo varia dependendo do mapa do nativo, se o mapa for noturno: A firdaria da lua é 10
anos, Saturno 11 anos, Júpiter 12 anos, Marte 7 anos, Sol 10 anos, Vênus 8 anos, Mercúrio 13
anos, Nodo Norte 3 anos, Nodo Sul 2 anos. (Depois repete-se recomeçando com a lua)
Se o mapa for diurno: A firdaria do sol é de 10 anos, Vênus 8 anos, Mercúrio 13 anos, Lua 9
anos, Saturno 11 anos, Júpiter 12 anos, Marte 7 anos, Nodo Norte 3 anos, Nodo Sul 2 anos
(Depois repete-se recomeçando com o sol)
Abaixo vou citar dois exemplos, mediante a minha própria carta natal.
01° Exemplo -> Com 28 anos para 29 anos, estava na Firdaria de Mercúrio e Sol. Sol ocupa a
casa 12 e rege a casa 05, o regente da casa 12 é marte que rege a (casa 01 – corpo e mente e a
casa 08- morte). Mercúrio ocupa a casa 12 e rege as casas 03 e 06. Casa 03 representa a
comunicação, irmãos, vizinhos e parentes. Ocorreu a morte de um parente neste período, que
abalou minha mente e pensamentos, ele ficou hospitalizado e em menos de dois dias morreu
de morte natural devido a uma ‘doença’ (mercúrio rege casa 06) tendo seu óbito em um
‘hospital’ (mercúrio na casa 12). Levando-me a escapismos que fizerem mal minha alma (sol
ocupando a casa 12) devido a “diversões” desnecessárias (sol regendo a casa 05). Porém nem
tudo é tragédia, neste período de tempo, conheci a mulher que hoje é minha esposa, pois
Mercúrio rege a casa 03 (contatos e comunicação, rede social, pequenas viagens), este
acontecimento, ativou a próxima Firdaria de Mercúrio – Vênus.
Neste período, também apareceram várias propostas vinda de outras figuras femininas
(Vênus), com o intuito de fazer projetos para melhorar nossas vidas financeiras, porém
algumas delas com o intuito de sabotar meus interesses e o meu relacionamento com minha
parceira, pois Mercúrio é o regente que se materializa, e ele está em queda numa casa
negativa, ou seja, descobri a intenção alheia de destruir o meu casamento (mercúrio na casa
12 – bruxaria negativa, intrigas, inimigos ocultos) através de figuras femininas – Vênus – sub-
regente do período. Como o planeta participante é Vênus, algumas das figuras femininas
surgem como “a serpente do paraíso” oferecendo o fruto proibido em forma de “boas
intenções”, sendo que na verdade é apenas um meio de sabotagem, que pode causar o fim do
meu relacionamento através de intrigas (firdaria de mercúrio, que ocupa a casa 12)
Como citado acima, eu disse que estou numa profecção de casa 07 (casa do casamento,
aliança, mas também casa dos inimigos declarados) Ao assumirmos o casamento, o resultado
foi inimigos declarados surgindo de ambos os lados sendo contra a nossa união, pois na minha
carta natal, o Almuten da casa 07 é tanto Vênus quanto Saturno. Saturno traz a tona a
podridão, as intrigas, a restrição, me mostrando que há inimigos declarados, que devo
enfrentar a situação com maturidade e responsabilidade, caso ao contrário pode ocorrer o
término total do ralacionamento, não por causa destas pessoas mal intencionadas
diretamente, mas sim porque eu não as enfrentei com dureza, ou seja, depende de cada um,
de como cada um reage as situações.
CONCLUSÃO
A Firdaria é uma forma de previsão mais cirúrgica e precisa, ela leva direto ao assunto principal
que pode estar atrapalhando outros setores da vida de um nativo. Ciente disso, o nativo pode
trabalhar em cima do que está previsto, para lidar melhor com as situações, tanto com as
positivas quanto negativas, fazendo e preparando as mudanças necessárias, por mais que
estas doam. Você obtendo a tabela de sua Firdaria ou de um cliente, você pode ter a
capacidade de prever a vida toda do nativo e também saber o que já ocorreu e os porquês dos
eventos ocorridos, mostrando a ele as direções melhores a seguir.