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18/12/2021 17:50 Produção de Etanol a partir de Milho, conceitos e operação | Bioquímica Brasil

U a

Produção de Etanol a partir de Milho,


conceitos e operação
por Bioquímica Brasil | jul 20, 2019

Oslei Aparecido dos Santos é químico industrial e atuou em cargos de supervisão e coordenação de
produção em usinas de etanol. Atualmente é consultor na área. Texto originalmente publicado no
Linkedin Pulse. Email de contato do Oslei para eventuais consultorias: osleisantos@yahoo.com.br

Nota do BQIBR: texto modificado em 23/10/20, devido a quebras de imagens e desaparecimento do


texto original do Linkedin Pulse

A produção de etanol a partir do milho vem crescendo a cada ano, principalmente no estado do
Mato grosso, algumas usinas denominada flex, que podem moer milho e cana, estão em alta, a
produção de etanol do milho apresenta algumas vantagens em relação a cana, por exemplo manter
a moagem o ano todo, claro que com paradas programadas para manutenção, combustível para a
caldeira e um estoque de milho. O processamento de milho é rentável visto que possui outros
subprodutos da produção, o DDG, do inglês Distillers Dried Grain, que significa grãos de destilaria
secos, que é procurado por criadores de gado, devido ser rico em proteínas e nutrientes, uma
tonelada de milho pode produzir 430 litros de etanol, 550 kg de DDG, e 15 litros de óleo. O processo
de produção em si é simples, porém requer muito cuidado, e acompanhamento nas operações
unitárias, a instrumentação também ajuda bastante, visto que quanto mais automático, terá menos
erro humano, menos mão de obra, ficando viável para a empresa.

ALFA AMILASE

A alfa amilase é uma enzima glicoproteica, sua função é de hidrolisar polissacarídeos, mais
precisamente as ligações glicosídicas alfa 1,4. O amido é um polímero cujos monômeros são
moléculas de glicose, e tem ligações glicosídicas alfa 1,4, e Alfa 1,6, e é nas ligações alfa 1,4 que a
amilase atua.

No processo de produção de etanol a partir do milho, a alfa amilase é dosada no misturador, a


temperatura do misturador deve estar entre 60° até 65°C, temperaturas muito altas nessa etapa,
pode ocorrer formação de pelotas, ocasionando perda de rendimento.

Para facilitar o entendimento, imagine uma folha de papel sulfite A4, suponhamos que uma tesoura
especifica tenha o poder de cortar essa folha em somente quatro partes iguais, é exatamente isso
que a alfa amilase faz com o amido.
https://bioquimicabrasil.com/2019/07/20/producao-de-etanol-a-partir-de-milho-conceitos-e-operacao/ 1/5
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GLUCOAMILASE

A glucoamilase é utilizada na fermentação, é uma enzima que catalisa a quebra das ligações
glicosídicas α -1,4 do amido e oligossacarídeos correspondentes liberando β-D-Glucose, também atua
nas ligações α -1,6, deixando assim a glicose disponível no meio como substrato para que ocorra a
fermentação, pegando um gancho no exemplo que mencionei da alfa-amilase, a glucoamilase pega
o restante do papel sulfite e corta em pedaços menores, esses pedaços menores são as glicoses, a

CÁLCULOS

1-   Quantidade de água.

Formula = ton/h x (100 - umidade do milho) ÷ sólidos desejados.10 x (100 – 13) ÷ 25= 34,8 ton/h, que é a
vazão total (milho mais água) dai você subtrai a vazão de milho que no nosso exemplo é 10, 34,8 – 10=
24,8 ton de água por hora, pode arredondar para 25 ton/h.

2-   Quantidade de enzima alfa amilase.

Dosagem recomendada é de 0,25kg/ton, como no nosso exemplo é 10 ton de milho, 10 x 0,25= 2,5kg.
A densidade da alfa amilase é de 1,25Kg/l. D=m/v, substituindo e fazendo as manipulações algébricas:
V= 2,5/1,25= 2 litros por hora, mas para facilitar o controle da dosagem da enzima, vamos converter
por minuto, fazendo uma regra de três:

2l              60min

X               1min

Transformando para ml, 33,33ml/min, vamos arredondar para  34ml/min  essa é a dosagem para a
moagem exemplo, algumas usinas faz essa dosagem com bombas de diafragma, daí o operador de
campo regula a dosagem com o auxílio de uma proveta de 50ml, e um cronometro, e acompanha
essa dosagem a cada 15 minutos ou meia hora, isso depende da disponibilidade do operador, mais é
de suma importância acompanhar essa dosagem, pois caso a bombinha mande menos que o
necessário, não ocorrera a conversão desejada, e terá perda de rendimento na planta, caso esteja
dosando enzima em excesso, também é desnecessário, principalmente economicamente, sabendo
que a enzima alfa amilase é de preço elevado, deixando o preço de produção acima do necessário,
por isso a importância de sistemas automáticos e acompanhamento, pois nosso objetivo é produzir
com o menor custo possível.

COZIMENTO

Logo após o misturador, a mistura de farinha com água e enzima, vai para tanques de cozimento e
liquefação, nessa etapa o objetivo é dar o tempo para a ação da enzima no amido, para isso deve-se
manter os parâmetros ótimos para obter maior eficiência da ação da enzima, ph entre 5 e 5.8,
agitação constante, tempo de retenção de 1,5 horas até 3 horas, aqui também acompanha a taxa de
conversão, que deve ser a mais alta possível, mas segundo consultores, acima de 75% já é
satisfatório, a conta é simples, o laboratório faz analises periódicas de brix e sólidos do cozimento em
andamento, a taxa de conversão é brix/sólidos x 100, exemplo: brix 20, sólidos 25%, 20/25= 0,80 x 100 =
80%.

Manter a temperatura em torno de 82°C até 86°C, temperaturas abaixo de 82°C, ocorrerá alto teor de
amido residual, pois a ação da enzima fica mais lenta, temperaturas acima de 90°C desnatura a
enzima (alfa-amilase), abaixo um gráfico sobre a temperatura ótima de atuação da enzima.

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PROPAGAÇÃO

Para dar sequência no processo, é necessário preparar o fermento para receber o mosto de milho já
cozido, o recomendado é propagar 10% do volume total, como base de cálculo vou utilizar um
volume de 500m3, a propagação do fermento deve ser feita em um tanque ou cuba devidamente
limpo, para evitar contaminação.

 Adicionar 15m3 de água tratada.


 Adicionar a levedura hidratada (20kg).
Adicionar 750 ml de bactericida.
Adicionar 10 m3 de mosto.
Adicionar 25 kg de Ureia.
Adicionar 2,1 litros da enzima glucoamilase
Adicionar mais 25 m3 de mosto.
Adicionar mais 25kg de ureia, 2,1litros da enzima glucoamilase, e 750ml de bactericida.
Manter a fermentação com agitação constante, aeração, temperatura entre 32 a 34°C, de 6 a 10
horas, até que o número de células/ml de fermento atingir 10^8 .

FERMENTAÇÃO

Logo após a propagação, o fermento é enviado para uma dorna, e mantido sob agitação constante,
daí começa a alimentar com o mosto de milho, até atingir o volume desejado, que no nosso exemplo
é 500 m3, durante a alimentação é acompanhado de hora em hora, brix, sólidos, gl, acidez, analises
microbiológicas, e temperatura, manter sempre entre 32 a 34°C. Durante a fermentação, também é
adicionado insumos, vamos fazer os cálculos:

 Enzima glucoamilase: recomenda-se 0,4kg/ton, o volume de mosto é de 450m3, e sólidos 25%, 450
x 0,25= 112,5 ton de milho. 112,5 x 0,4 = 45kg de enzima, a densidade da enzima glucoamilase é
1,2kg/litro, D=m/V , substituindo e fazendo as manipulações algébricas, V= 45/1,2 = 37,5 litros.
Bactericida 10ppm em cima do volume total de 500m3, fazendo a conta encontramos 5 litros.
 Ureia: 400ppm em cima do volume total, 500m3, fazendo a conta encontramos 200Kg.

Quando inicia a alimentação, dosamos 12,5 litros de enzima glucoamilase, 2,5 litros de bactericida, e
100kg de ureia, na metade da alimentação dosamos 12,5 litros da enzima glucoamilase, no final da
alimentação dosamos 12,5 litros da enzima glucoamilase, 2,5 litros de bactericida, e 100kg de ureia,
perceba que a enzima nos dividimos a dosagem total em três parte, pois assim observei uma melhor
ação da enzima, há quem jogue o total tudo no início, ou em duas dosagens, daí cada planta tem
que fazer testes e chegar a metodologia ideal, ureia e bactericida, dividimos em duas dosagens,
inicio e fim de alimentação, apos atingir o volume desejado, a dorna é mantida sob agitação
constante, e temperatura entre 32 a 34°C, o tempo é de 12 a 36 horas, o laboratório acompanha de
hora em hora brix, sólidos, gl, dentre outras analises, percebe-se nessa etapa o gl subindo, brix e
sólidos caindo, o fim da fermentação se dá quando o gl da dorna estabiliza, ou seja, repete por três
ou quatro vezes o mesmo valor, essa metodologia que mencionei acima eu vivenciei em uma usina
que produz etanol de milho, obtivemos 402 litros de etanol por tonelada de milho, fazendo a lição de
casa certinho pode-se atingir 380 até 420 litros de etanol por tonelada de milho.

O objetivo desse artigo é propagar o conhecimento, essas dosagens e a forma que mencionei, foi
uma experiencia minha, as dosagens das enzimas podem ser otimizadas de acordo com a

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tecnologia de cada planta, poucas usinas de etanol de milho por exemplo, fazem a recuperação do
óleo, isso já inclui outra tecnologia enzimática.

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