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Série - Wild Ones (Os Selvagens)

Livro 02
: Soryu
: Vania, Erika Ribeiro, Mariana S, Marina
Romano, Mariana Candemil
: Mariana Candemil, Camila Alves,
Larissa M., Fabiana Felix
: Eli A.
: Lyli Cunha
: Lola
Lyli Cunha e Lola
Ana Lucia
Agradeço a Deus por vocês do sul, ao meu marido, as
meninas do que eu conheci, e as séries, todos do Sul, pois foi lá
que tudo começou para mim.
Comentário

Revisora final Lyli Cunha

Esse é mais um livro da Série Selvagens, no primeiro livro


conhecemos o Selvagem domador de cavalos, Trick, que gostava de rolar no
feno com a mocinha Cammi. Agora vocês vão conhecer e se apaixonar por
Jacke, o Selvagem Bombeiro e viciado em adrenalina, o homem que apesar
de ser todo quente, como o Deserto do Saara, apenas gosta de pular das
coisas... Fantástico né?! Bom, não preciso dizer que ele é lindo, incrível e
simplesmente o bombeiro da vez, né?! Ah e ele sabe muito bem usar a mão,
a boca e sua avantajada parte de menino (suspiros).
Também conheceremos a Laney, a boa moça e filha do Pastor da
Cidade, que após uma grande decepção, resolve descobrir e viver seu lado
Selvagem... E advinhem quem irá mostrar todos os prazeres desse lado
para nossa mocinha? Ele mesmo, nosso Bombeiro master! Afinal da arte de
ser Selvegem, ele entende!
Livro incrível e super gostoso de ler, tem ex noivo canalha e
FDP, melhor amiga protetora que só faz merda, também tem conquista,
paixão, cenas de molhar a calcinha, uma mocinha esperta e um Jacke
apaixonante... E não é que os Selvagens amam!! E quando o fazem, é da
melhor e mais linda maneira! Super recomendo!
Sinopse

Até onde uma boa menina é capaz de ir, pelo bad


boy que ama? Laney Holt é filha de um Pastor. Uma boa
menina. Seu único objetivo era casar, ter filhos e viver
feliz para sempre, assim como seus pais. Só que isso
não aconteceu. As duas pessoas mais próximas dela, a
traíram e os sonhos de Laney desabaram. Agora ela foi
deixada com um espaço vazio, que não sabe como
preencher. Até que conhece Jake Theopolis, um homem
audacioso, destemido, que possui desejos letais e tem a
frase "destruidor de corações", escrito na cara dele.
Jake não tem interesse em pensar para além do
aqui e agora. Tudo o que ele quer da vida é o próximo
desafio, a próxima conquista, "sentir-se bem", para
manter sua mente fora da dor de seu passado. Seu
utlimo desafio? Será mostrar Laney que há mais vida
além de ser uma boa menina, e que o que vai mal, pode
ser muito divertido. Enquanto isso, a única preocupação
de Laney, agora, é saber como ela pode ter esperança
em satisfazer o lado selvagem de um garoto como Jake.
Ela está ansiosa para experimentar. Junto com Jacke.
Capítulo 01

Laney
Há quatro anos, o verão.

—Vamos lá, Laney. Você tem que viver um pouco. Você vai
fazer dezoito anos em algumas semanas e então vai embora
para a universidade. Esta é a última feira que você vai
participar como uma adolescente. Você não quer que este verão
seja memorável?

—Sim, mas isso não inclui ser presa por beber, sendo
menor de idade. —Minha melhor amiga, Tori, me dá aquele
olhar, que diz que estou ferrada. —O quê? —Falo
defensivamente. —Papai me mataria.

—Eu pensei que os filhos dos pastores, devessem ser


selvagens como o inferno.

—Eu posso ser selvagem, - digo a ela, evitando seus olhos


azuis descrentes. —Eu só não quero ser selvagem, no momento.

—Então quando? Quando você vai fazer algo? Alguma


coisa? Você não irá fazer nada no seu primeiro semestre de
faculdade, se não aprender algumas dessas coisas mundanas
agora, Laney.

Mastiguei o interior do meu lábio. Sentia-me mal


preparada para a faculdade. Mas a coisa é: eu não quero fazer
coisas selvagens. Tudo o que mais quero na vida é encontrar o
homem perfeito para me apaixonar, casar, ter uma família e
viver feliz para sempre. E eu não tenho que ficar selvagem para
alcançar nenhuma dessas coisas.

Olhando para a expressão de Tori, no entanto, me faz


sentir como uma espécie de aberração, por não querer quebrar
as regras. Pelo menos um pouco. Mas ela não entende meus
sonhos. Ninguém entende, realmente. Exceto minha mãe. Ela
pensava da mesma forma, quando tinha minha idade, e ela
encontrou tudo o que queria na vida, quando conheceu meu
pai.

—Vamos lá, Laney. Só dessa vez.

—Por quê? Qual é o grande negócio sobre começar a ser


selvagem, aqui e ir para onde você quer? Entendeu agora meu
ponto?

—Porque eu quero pegar ele.

—Por quê? —Peço novamente. —Qual é o problema?


—Eu tenho uma queda por ele, há anos, qual é o grande
problema. Ele foi para a faculdade e não o vi desde então. Mas
agora ele está aqui. E precisa de uma mulher para azará-lo. —
Quando eu não cedi imediatamente, ela pressionou: - Por favor,
por mim.

Suspirei. Eu tinha que dar crédito a Tori, por ser uma


manipuladora talentosa. É uma maravilha que ela não seja tão
selvagem como é uma fanfarrona. Ela me fala para fazer coisas
que eu não quero fazer o tempo todo. E até agora, nós temos
sido bastante inocentes. Sendo filha do pastor e vivendo com
pais rigorosos, torna-se difícil para mim entrar em muitos
problemas. Tori deveria estar feliz com isso. Se não fossem as
restrições impostas a mim e indiretamente estendidas a ela por
ser minha amiga, ela provavelmente estaria gravida de um
criminoso viciado em drogas nesta idade.

Mas ela não está feliz. Em parte, por causa de mim e da


minha influência – domadora. E são essas grandes diferenças
em nossas personalidades que nos fazem boas amigas. Nós
equilibramos uma a outra perfeitamente. Ela me mantém no
meu pé. Enquanto eu a mantenho fora do reformatório.

—Tudo bem, — eu rosno. —Vamos lá. Mas me ajude, se


alguém falar sobre nós, estarei culpando você.

Tori grita e salta para cima e para baixo, seus grandes


seios ameaçam sair pelo decote de sua blusa.
—Por que você apenas não vai até lá e faz isso na frente
dele, um par de vezes? Tenho certeza que ele te daria qualquer
coisa que quisesse.

—Isso vai acontecer mais tarde. —Diz Tori, bagunçando


sua franja loira e balançando as sobrancelhas.

Revirei os olhos, quando começamos a passar entre as


pessoas, da feira. Quando estamos perto de um caminhão de
exploração agrícola, onde um cara sem camisa está
descarregando caixas, peço a Tori novamente:

—Agora você vai me diz quem é ele?

—Jake Theopolis.

—Theopolis? Como os Theopolises pomar de pêssego?

—Sim, é da família dele.

—Por que eu não me lembro dele?

—Porque seus hormônios dormiram durante seu primeiro


ano. Ele estava no último ano. É o irmão mais velho de Jenna
Theopolis. Jogava beisebol e saiu com praticamente todas as
meninas quentes.

—A não ser você. —Adiciono antes dela.

Ela sorriu e me deu uma cotovelada nas costelas.


—Exceto eu.

—E você tem certeza que ele não vai tentar nos arrumar
problemas?

—Tenho certeza. Ele era um menino mau. Tenho certeza


de que não há nada que poderíamos pensar que ele não tenha
feito dez vezes mais. —Paramos há alguns metros atrás dele, e
ouvi Tori sussurrar: — Meu Deus olhe para ele.

Então, eu olhei.

Posso ver porque Tori o acha atraente. Sua pele bronzeada


brilha no sol quente da Carolina. Os músculos ficam mais que
bem definidos, em seu peito e ombros ondulados, quando ele
pega uma caixa na parte de trás do caminhão, e seu abdômen
tanquinho aparece quando ele gira para colocá-la no chão. Seus
gastos jeans penduram baixo em seus quadris estreitos, dando
um vislumbre quase indecente de como a trilha fina de cabelo
escorre para longe de seu umbigo e desaparece no cós da calça.

Mas, então, as palavras de Tori voltam para mim e eu me


desligo, imediatamente. Ela disse que ele é um menino mau. E
eu não estou interessada em meninos maus. Não servem para
os meus planos. Absolutamente. De qualquer forma. É por isso
que eu não tenho que me preocupar em sentir atraída por ele.

Mesmo que ele seja quente como as chamas.


Tori limpa a garganta quando se aproxima.

—Oi, Jake.

A escura cabeça de Jake se volta para nós, quando ele faz


uma pausa em seu trabalho, para limpar a testa. Ele olha
primeiro para Tori.

—Oi. —ele responde, com um palito preso num canto da


boca. Sua voz é baixa e rouca. Seu sorriso é educado e eu penso
comigo mesma que ele é bonito o suficiente, mas não há nada
para justificar a insistência de Tori em falar com ele.

Mas então, ele olha para mim.

Mesmo com ele apertando os olhos, devido ao sol


brilhante, eles roubam o meu fôlego. Seu rosto bronzeado é
emoldurado pelos cabelos e cílios negros e aqueles olhos me
golpeiam. A cor âmbar é como mel e eu sinto todo o caminho do
meu estômago quente e pegajoso.

—Oi. —Ele diz novamente, com um lado de sua boca


curvando-se em um sorriso arrogante.

Por alguma razão, eu não consigo pensar em uma única


coisa a dizer. Nem mesmo uma saudação casual, aquela que eu
daria a um perfeito desconhecido. Fico olhando para ele durante
vários segundos até que, finalmente, ele ri e se vira para Tori.
—O que há de errado com ela?

—Uh, ela é apenas tímida.

—Tímida? —Pergunta ele, voltando sua atenção para mim.


Eu quase desejei que ele não tivesse me olhado. Minha barriga
ainda está cheia de líquido quente e eu estou começando a
sentir sem ar. —Hmmm, eu não conheço muitas meninas
tímidas.

Do canto do meu olho, vejo Tori acenar-lhe a mão, com


desdém.

—Eh, ela vai se soltar em um minuto. Na verdade, é por


isso que estamos aqui.

Jake olha para trás, para Tori e me libera da prisão de


seus olhos estranhos. Tomo uma respiração lenta e profunda
para clarear minha cabeça.

—Oh, eu tenho que ouvir isso. —Diz ele, recostando-se


contra a porta do bagageiro e cruzando os braços sobre o peito.
Eu não posso deixar de notar como seus bíceps incham com a
ação.

Tori chega para mais perto dele e sussurra:

—Nós estávamos esperando que você nos vendesse uma


garrafa de vinho de pêssego. Você sabe, discretamente.
Ele olha de Tori para mim e vice-versa, antes de se curvar
e pegar uma garrafa.

—Uma dessas? Para soltá-la?

—Sim. É a solução.

Seus olhos dourados voltam para mim, quando ele


lentamente se endireita em toda sua estatura.

—Eu não acredito em você. Eu não acho que ela vai beber.
—Seu olhar cai para minha boca e, em seguida, para o meu
pescoço, peito, barriga e as pernas nuas. Eu me pergunto o que
ele está vendo. Seria a luz verde que sai do meu vestido de verão
e mostra meu bronzeado? Ou ele estaria imaginando o que está
por baixo dele? O que há embaixo da minha pele?

—Eu acho que ela se parece com uma boa menina. E boas
meninas não bebem.

O fato de ele me julgar desperta meu temperamento, por


algum motivo. Imediatamente na defensiva, eu comprimo meu
estômago, estufo o meu peito e levanto meu queixo.

—O quê? Eu sou apenas uma garota simples do campo,


unidimensional? É isso?

Ele dá de ombros, seus olhos nunca deixando os meus.


—Estou errado?

—Sim. —declaro, desafiadoramente, mesmo que seja uma


mentira deslavada. —Você não poderia estar mais errado.

Sua sobrancelha se curva para cima em desafio.

—Ah sim? Então prove!

Muito orgulhosa para recuar, eu chego e agarro a garrafa


de seus dedos, retiro a tampa e a inclino para trás, dando um
longo gole.

É um vinho caseiro local, do pomar de pêssego de seu pai,


mas isso não significa que o álcool não queima a garganta de
alguém que não está acostumada a beber.

Quando abaixo a garrafa e engulo o que restou na minha


boca, meus olhos enchem de água com o esforço para engolir.
Jake me assiste, até minhas bochechas já não estarem cheias
de vinho.

—Satisfeito? —Eu pergunto, enfiando a garrafa no centro


do seu peito largo.

—Eu vou ser condenado. —diz ele em voz baixa.

Ignorando a forma como sua voz faz meu estômago se


apertar, pego a mão de Tori.
—Venha. Nós temos que voltar para o nosso turno na
barraca.

Jogando meu cabelo, eu me viro, com o máximo de


dignidade que pude reunir. Tori está relutante, mas quando a
puxei, ela me seguiu.

—Que diabos você está fazendo? Você simplesmente


estragou tudo para mim. Sem mencionar que você deixou o
vinho lá.

—Nós não precisamos do vinho daquele idiota.

—Sim, nós precisamos. E o que é isso sobre a barraca?


Nós não precisamos estar lá nos próximos 40 minutos.

—Então, nós vamos mais cedo. É apenas uma barraca do


beijo, pelo amor de Deus. Isso não vai te matar de trabalhar por
mais quarenta minutos. Na verdade, você provavelmente vai
gostar.

—O que isso quer dizer? —Ela pergunta, indignada.

Faço uma pausa no meu louco caminho para olhá-la.


Balançando minha cabeça, para limpá-la. Eu não sei como esse
cara, Jake, conseguiu me irritar tão rapidamente, mas ele fez.

—Desculpe Tori. Eu não quis dizer nada com isso. Estou


apenas irritada.
—Eu posso ver isso. Mas por quê? O que ele fez pra você?

—Eu não sei. Nada, eu suponho. Eu só odeio quando as


pessoas assumem o pior de mim.

—Suponho que você ser uma boa garota não é uma coisa
ruim.

—Ele certamente fez parecer como se fosse. —Começo a


andar novamente e olho para trás, até que Tori me alcança. —
Além disso, você não estava mexendo comigo por não viver um
pouco?

—Sim, mas isso não é realmente o que eu tinha em mente.

Eu sorrio e passo meu braço através dela, na esperança de


uma reconciliação rápida para que possamos deixar o tema
"Jake" para trás.

—Cuidado com o que você pede, certo?

Ela suspira.

—Eu acho.

—Agora, então, vamos lá.

Vinte minutos mais tarde, estou lamentando minha


decisão precipitada. Eu beijei o rosto de cada menino cheio de
espinha da cidade. Tori pulava na minha frente para pegar
todos os homens bonitos que vinham. Não é que eu tenha um
problema com isso. Acho até que eu devia isso a ela desde que
acabei com seus planos em relação a Jake. Além disso, não
estou interessada em qualquer um dos meninos de Greenfield.
A única razão pela qual estou trabalhando na barraca é para
arrecadar fundos para a igreja.

Sorrio educadamente quando tomo dois dólares do


próximo menino na fila. Parece que ele não pode ter mais de
doze anos. Inclino-me para frente, para dar um beijinho em sua
bochecha. Pressiono meus lábios em seu rosto, então ofereço o
meu. Ele beija docemente, então me olha timidamente.

—Obrigado pelo beijo. —Digo pela centésima vez. Eu olho


para baixo, enquanto coloco o dinheiro na minha caixa. Quando
olho para cima, preparada para chamar a próxima pessoa da
fila, meu coração para e as palavras morrem na minha língua.

De pé na minha frente, sorrindo, sabendo que eu não


conseguia respirar, está Jake Theopolis. Ele está vestindo uma
camiseta agora, uma azul, que se encaixa confortavelmente em
seus ombros largos. Seus peitorais mudam sob o material
quando ele cava no bolso da frente da calça jeans. Eu o vejo
jogar uma nota de dez dólares no balcão em frente a mim.
Confusa, meus olhos piscam de volta até os dele. Os líquidos
olhos, de esferas brilhantes estão atentos aos meus.

—Eu vim pelos pêssegos, - diz ele, em voz baixa. Ele tira o
palito dentre seus lábios e eu assisto, fascinada, enquanto seu
rosto fica cada vez mais perto. —Eu preciso de um gosto antes
de ir. —Ele sussurra, seu hálito doce de canela sopra em meus
lábios.

E, em seguida, sua boca toca a minha. Eu acho que nem


resisti. Na verdade, eu não acho nada. Só senti.

Seus lábios eram macios contra os meus e ele tinha cheiro


de sabonete e suor limpo. Seu toque era suave até que ele
inclinou a cabeça para o lado e aprofundou o beijo. Sinto sua
língua traçar o vinco dos meus lábios até que os separo e o
deixo entrar. Sua língua lambe a minha, como se estivesse a
saboreando. Saboreio-o de volta, bebendo da pitada de canela
em sua boca. Eu me inclino para ele, apoiando-me no balcão,
com medo que minhas pernas não me aguentem por muito mais
tempo.

Finalmente, ele se inclina para trás e olha para baixo, para


o meu rosto atordoado.

—Mmm . Esse é o pêssego mais doce que eu já provei em


muito tempo. —ele ronrona. Quando ele pisca para mim, sinto
um jorro de calor despejar em meu estômago como lava quente.

Sem outra palavra, ele se vira e vai embora.


Capítulo 02

Jake
Dias atuais

A porta se fechou atrás de mim. Depois de ter ficado fora


do ar fresco dos pomares, o cheiro doce e frutado da casa é
ainda mais carregado. A fazenda da minha família tem visto
muitas épocas de colheita para não cheirar a pêssegos.

Tem exatamente o mesmo cheiro que teve toda a minha


vida. Na verdade, muito pouco sobre a casa mudou ao longo dos
anos. Exceto a diminuição de seus ocupantes, é claro.

Primeiro minha mãe, agora meu pai. Demorou alguns anos


para que ele se sentisse em casa, após a morte da minha mãe,
mas finalmente me sentia. Mas agora com o pai, vai ser
diferente. Eu já posso dizer. Apesar de a sua morte ter sido
súbita e acidental (ele caiu de uma escada no pomar e bateu a
cabeça em uma pedra), eu não chorei por ele como fiz com a
mãe. Ou como Jenna chorou por ele. Ela mal podia entrar na
garagem, e muito menos passar um tempo dentro de casa.
Então, novamente, ela sempre foi sua favorita. Mas isso é
compreensível, considerando todas as coisas.

Sentindo a ferroada de velhas feridas, ando até a geladeira


para pegar uma cerveja. Empurro a porta com muito mais força
do que o necessário. É bom ter um pouco de minha
agressividade para fora, no entanto. Vai me fazer bem até que
eu possa voltar ao trabalho e seguir a vida, com a morte me
olhando nos olhos. Adrenalina - é a minha droga escolhida,
para anestesiar a dor do passado. E do presente, se ele decidir
agir e me dar alguma merda.

Mas agora, eu tenho que tomar banho, antes que o


assistente do sanguessuga do escritório do advogado imobiliário
chegue, para começar a catalogar todas as nossas explorações
agrícolas familiares.

Abri uma garrafa e bebi a metade dela antes mesmo de


chegar às escadas. Tento não pensar nos velhos tempos, apenas
algumas semanas atrás, quando eu estava vivendo a vida que
escolhi e não a vida que meu pai deixou para trás, quando ele
morreu.

O que diabos eu estava pensando, voltando aqui?


Menos de meia hora depois, estou limpo, com a barba feita
e vestido com jeans e uma camisa que diz: SKYDIVING: THE
GROUND IS THE LIMIT (paraquedismo: o chão é o limite). Eu
pego outra cerveja da geladeira e me sento na sala, esperando o
assistente do advogado. Os únicos sons são os do cão, Einstein,
latindo para algo em volta casa, o tique-taque do relógio de
pêndulo na sala de jantar e o vento, assobiando através da
fresta da porta de tela. Demora exatamente sete minutos para
que esta combinação tranquila me deixe louco. Terminando
minha cerveja, eu decido pegar algumas coisas na garagem e
lavar meu Jeep, enquanto espero.

E se esse babaca não gostar, ele pode beijar minha bunda


enrugada.

Vinte minutos mais tarde, estou esfregando meu carro,


quando vejo o brilho de sol num para-brisa, levando minha
atenção até o final da entrada. Um pequeno carro azul,
empoeirado, está fazendo seu caminho lentamente, ao longo da
estrada, entrando e saindo das manchas salpicadas de sombra
das árvores que se estendem pelo caminho. De vez em quando,
o sol brilha através do vidro, revelando o cabelo loiro platinado
da condutora. Um cabelo louro, platinado e longo da condutora.
Isso desperta imediatamente o meu interesse. Nunca considerei
que poderiam enviar uma mulher.

Continuo a lavar o Jeep, mantendo um olho no carro, uma


vez que ele se aproxima. Vejo como ele rola, até parar a poucos
metros de onde estou, estacionando em frente de casa, com a
traseira virada em minha direção. O motor desliga e vejo a
motorista mecher no assento ao lado dela, antes de abrir a
porta.

A primeira coisa que sai são pernas. Duas, perfeitamente


tonificadas, e com quilômetros de extensão, niveladas em um
par de saltos altos. Aguardo ansiosamente para ver o resto. Ela
faz uma pausa por um segundo, antes de sair do carro.

Vejo primeiro seu perfil, enquanto ela se abaixa para dar


um puxão na barra de sua saia preta, fina e, em seguida, coloca
o cabelo atrás da orelha.

Quando ela finalmente se vira para mim, está com a


cabeça baixa, olhando algo em suas mãos. Isso é bom pra mim.
Dá-me tempo para cobiçá-la.

As pernas longas eram apenas o começo do pacote.


Quadris estreitos, uma cintura minúscula e parece ter peitos de
bom tamanho. Não muito grande, nem muito pequeno, embora
seja difícil ter certeza por meio de sua blusa folgada.

Ela caminha graciosamente em minha direção e, quando


está um par de metros de distância, ela olha para cima.

Meu queixo cai em reconhecimento e a mangueira de água,


que estava apontada para o para-choque dianteiro do jipe, atira
água por todo o meu peito e estômago.
—Merda! —Eu falo, saltando
para trás, quando a água fria faz
contato.

Redireciono a mangueira e
olho para a menina que está ao
alcance da água. Ela está sorrindo para minha camisa molhada.

Minha boca enche de água quando olho seus lábios


rosados, exuberantes, mostrando seus dentes perfeitos.
Lembro-me de como seu gosto é doce e inocente.

Como pêssegos.

E como um desafio.

Capítulo 03

Laney

Eu sabia que entrar neste espólio seria um desafio. Eu vi


os nomes na papelada e reconheci um, imediatamente.

Jake Theopolis.
Tem sido um longo tempo, desde aquele beijo na feira,
então não pensei duas vezes, antes de me oferecer para a
atribuição. Isso me faria voltar para casa, por um tempo e, isso
era o que eu mais queria.

Espaço.

Distância.

Fuga.

Embora eu tivesse esquecido como incrivelmente bonito ele


é, me sinto perfeitamente no controle quando olho para ele em
sua camiseta encharcada.

Isto é, até que ele coloca a mangueira para o lado e tira o


material encharcado do corpo.

Minha respiração, subitamente, fica presa no peito, meu


pulso acelera e minha pele fica quente e úmida.

Polegadas e centímetros de reluzente pele dourada cobrem


seus ombros largos, peito poderoso e ondulado abdomen. Sua
calça jeans está baixa, em seus quadris, como se tivesse sido
feita para caber em seu corpo magro. Se tudo isso não fosse
suficiente para me perturbar, o sorriso arrogante no rosto dele
seria.
Ele sabe exatamente o que está fazendo comigo. Poderia
ter feito isso de propósito. Acho que é o que eu mereço, por rir
de seu acidente.

Quem está rindo agora?

—Algum problema? —Jake pergunta, com a voz profunda


pingando diversão.

Meus olhos voam até os dele, na esperança de uma pausa


em seu ataque de sua gostosura. Mas não tenho sucesso. Caio
de cabeça naqueles olhos de mel. Tinha esquecido o quão
desconcertante eles são.

Eu nunca vi mel assim antes!

O movimento de sua mão atrai meu olhar para baixo, de


novo. Jake está limpando a mão molhada na perna da calça
jeans. A ação faz com que os músculos de seu peito flexionem,
me fazendo sentir ainda mais quente.

Aperto meus olhos fechados e oro por alguma compostura.

Oh Deus! Oh Deus! Oh Deus!

—Jake Theopolis. —Ouço-o dizer. Abro minhas pálpebras


um pouco e vejo a mão estendida na minha direção.
Lentamente, eu chego e deslizo os dedos nos dele. Eles enrolam
calorosamente nos meus. —Bem-vinda ao meu lar.
Mais uma vez, vejo diversão quando meu olhar se volta
para ele. Ele realmente está desfrutando me fazendo sentir uma
completa idiota.

Puxando a mão da dele, limpo minha garganta e olho para


a casa.

—Então, esta é a casa principal da propriedade?

Quando Jake não diz nada, sou forçada a olhar para ele.
Ele está sorrindo para mim, um sorriso diabolicamente
perverso, enquanto torce sua camisa. Ele está mastigando um
palito, de novo, lembrando-me de como era o gosto da sua boca
há muitos anos atrás.

—Sim, é isso. Você gostaria que eu lhe mostrasse?

—Isso seria útil, obrigado. —Digo com firmeza, sentindo-


me mortificada por minha reação a ele.

Ele inclina a cabeça em direção a casa, os lábios ainda


curvados em um meio sorriso arrogante.

—Então venha comigo.

Sigo atrás dele, me perguntando sobre sua capacidade de


fazer cada olhar, cada palavra, cada gesto, parecer... assim....
tão sugestivo. Não tenho dúvidas de que é intencional. Ele,
obviamente, sabe que estou agitada e está explorando isso, o
que me deixa louca. Infelizmente, essa raiva não é o suficiente
para me ajudar a manter minha cabeça no lugar, isso,
evidenciado pelo fato de que assisto sua bunda todo o caminho
em direção a casa.

Depois, ele se vira, na porta da frente, para me permitir


entrar, antes dele. Empurro meus olhos para cima, com culpa,
por estar encarando suas costas. Só espero que ele não tenha
visto o que eu estava fazendo.

Ele pisca para mim quando passo, percebo que ele viu
tudo. Sinto meu rosto em chamas.

Meu Deus! Apenas mate-me agora!

A casa é silenciosa, escura e o interior tem um cheiro


ligeiramente doce e acolhedor. À primeira vista é difícil imaginar
um cara como Jake Theopolis ser criado aqui. Ele é o tipo que
eu imagino surgindo com um estrondo, como se a vida somente
o tivesse cuspido fora, totalmente crescido, amadurecido,
selvagem como um animal. Nunca uma doce e inocente
criança.

Jake inclina a cabeça para um sofá verde.

—Sente-se e eu vou pegar uma cerveja.

—Não, não, obrigado. —Respondo apressadamente,


enquanto faço o meu caminho até o sofá. Quando sendo,
recatadamente à beira de uma almofada, olho para Jake. Ele
está me olhando da porta, que dava para o que eu presumia ser
a cozinha.

Ele encolhe os ombros.

—Fique à vontade.

Alguns segundos depois ele retorna, carregando uma


cerveja e um copo de algum outro tipo de líquido dourado. Olho
para ele, franzindo a testa, enquanto eu pego a taça oferecida.

—O que é isso?

—Vinho de pêssego, - diz ele, olhando-me fixamente. —


Você pensou que eu tinha esquecido?

Com meu rosto em chama e nervosa, tomo um gole da


bebida doce, querendo qualquer desculpa para desviar os olhos
dele.

—Obrigada. —murmuro, evitando a pergunta.

Depois de um momento tenso, Jake senta em uma


poltrona, na minha frente e cruza as pernas, para descansar
um tornozelo sobre o joelho. Ele ainda não colocou uma camisa
e, quando olho para cima, tudo o que posso ver é um oceano de
pele impecável.

—Você se importaria de se vestir, para que possamos


discutir o que está sendo encaminhado para a sua família?
Com seus olhos dourados, fixos nos meus, Jake esfrega a
mão sobre seu peito nu.

—Por quê? Será que isso te incomoda?

Sei que ele está me provocando, mas estou tentando


manter as coisas profissionais. E não posso fazer isso com um
homem seminu e lindo sentado na minha frente.

—Nem um pouco, mas é pouco apropriado.

Uma sobrancelha preta atira para cima.

—Nem um pouco, né?

Seguro o seu olhar, esperando que ele não veja a mentira


das minhas palavras.

—Sim. Totalmente.

—Bem, então eu vou ter que ver o que incomoda uma


mulher afetada e adequada, como você.

A advertência não passou despercebida, por mim. No


entanto, minha única opção é ignorá-lo. Eu não posso fazer bem
meu trabalho se eu deixar Jake Theopolis ser um estúpido e me
deixar sem palavras cada vez que estiver na sala.

Jake se levanta para sair. Com o pé no primeiro degrau ele


se vira para mim.
—Você nunca vai me dizer o seu nome? Ou devo apenas
chamá-la de "Pêssegos”?

—Laney, - Eu ofereço, acrescentando mais um tijolo à


enorme pilha do meu embaraço. —Laney Holt.

Ele balança a cabeça lentamente.

—Você é daqui, Laney Holt? Ou você estava trabalhando


na barraca do beijo apenas pelo prazer, naquele dia?

—Originalmente, eu sou daqui, sim.

Jake começa a afastar-se novamente, mas para, franzindo


a testa.

—Holt. Você não está relacionada com Graham Holt, está?

—Sim, eu estou. Ele é meu pai. Por quê?

Jake joga a cabeça para trás e ri com vontade.

—Oh, Deus! Isso é perfeito! A filha do pastor!

Parece que ele está tirando sarro de mim e dou corda.

—E por que é perfeito? —Peço bruscamente.

Ele abaixa a cabeça e me olha diretamente nos olhos.

—Porque eu tenho uma coisa por fruto proibido, Laney


Holt. Considere-se avisada.
Com outro sorriso arrogante.
Jake se vira para subir os
degraus, deixando-me com a
sensação de estar sem fôlego.

Capítulo 04

Jake

Na tarde seguinte, estou voltando para casa pensando


comigo mesmo que este confinamento indesejável e imprevisto
em Greenfield na fazenda de pêssego da minha família está
parecendo, decididamente, mais promissor. Entre o trabalho de
tempo parcial que eu arrumei aqui, e o saboroso pedaço que vai
vagar ao redor da minha casa pelos próximos par de semanas,
estou me sentindo muito otimista em relação ao tempo que vou
passar aqui. Tédio e eu não nos misturamos, mas está
parecendo que eu não vou ter que me preocupar com isso num
futuro próximo.

Quando entro na entrada da garagem, vejo uma mancha


de azul entre as árvores. Isso deve ser Laney. Ela disse que ia
me ver hoje, mas não disse que horas. Presumi que ela ia ligar.
Felizmente, ela é o tipo de visita inesperada a qual eu poderia
me acostumar.

À medida que a pista se alarga em frente da casa vejo


Laney marchando com raiva em direção a seu carro. Dirijo o
jipe em sua direção e desligo o motor, pulando para fora, antes
que ela possa sair.

—Aonde você vai? —Peço quando me aproximo.

Ela não responde, apenas puxa a maçaneta da porta do


carro. Ele não abre na primeira tentativa, o que parece torná-la
muito mais louca.

—Ei. —digo, estendendo a mão para tocar o braço dela e


gira-la em direção a mim.

Ela vira para mim com os olhos piscando furiosamente.

—Não me toque!

Ergo as mãos em sinal de rendição e dou um passo para


trás.
—O que diabos está acontecendo com você?

Eu não estou irritado, apenas curioso. É uma pergunta


simples mas ela fica toda ofendida. O que totalmente me excita.

Laney respira fundo e me cutuca no peito com um dedo.

—Escute aqui, Sr. Theopolis, eu não vim aqui para


brincadeiras. Estou aqui para fazer um trabalho, mas se você se
recusa a me mostrar o respeito mais básico da decência
comum, estarei mais do que feliz em transferir seu caso para
outro advogado.

Eu sinto meus lábios se contorcerem.

—Você está brincando? —Minha boca cai aberta, como se


eu não pudesse acreditar que eu disse isso. Então, ela faz um
som gutural e se vira tão rápido que seu cabelo quase me
chicoteia no rosto.

Mais rápido do que ela, a alcanço e agarro seu braço de


novo girando-a e puxando-a de volta para mim, olhando em
seus belos olhos azul safira. Eles estão brilhando com irritação
e indignação e eu nunca quis tanto uma mulher.

—Espere um segundo. O que eu fiz para mostrar-lhe nada


menos do que o respeito e a decência comum? —Minha voz é
baixa e razoável, e meu aperto sobre ele é leve. Apenas o
suficiente para impedi-la de sair.
—Eu disse que estaria de volta hoje e você nem sequer teve
a decência de estar aqui.

—Se eu soubesse quando você viria, teria ficado aqui. Você


disse que viria hoje, mas não disse o horário.

Vejo um brilho de dúvida através de seus olhos. Eles


perderamm um pouco de seu calor, enquanto ela relaxava em
meus braços.

—Eu te disse... Quer dizer, eu pensei que tivesse dito...

Eu balancei minha cabeça.

—Não, você não disse. Você não me deu um horário


específico. Imaginei que você tinha esquecido.

A dúvida se transforma relutantemente em culpa diante


dos meus olhos.

—Então eu devo pedir desculpas por ficar com raiva. Eu


apenas pensei...

—Você pensou o pior. —termino para ela. —Sorte sua que


estou acostumado a isso.

—Sr. Theopolis, eu...

Chego mais perto, até por um dedo em seus lábios.


—Primeiro de tudo, me chame de Jake. Em segundo lugar,
não vá se desculpando muito cedo.

—Mas eu lhe devo um pedi...

—Não depois disso. —eu respondo e abaixo minha boca


para cobrir a dela.

Seus lábios são tão macios quanto eu me lembrava e


quando eu deslizo minha língua entre eles ela tem um gosto tão
doce como antes, só que sem o toque de pêssego, neste
momento.

Eu a peguei de surpresa e, por alguns segundos, ela


respondeu, inclinando a cabeça e arrastando a língua ao longo
da minha. Mas então, como se alguém jogasse um balde de
água fria sobre a cabeça dela, ela se afastou.

Ela olha para mim com toda a fúria de volta como se


nunca tivesse deixado-a. Ela levanta a mão para me bater, mas
eu a seguro, enrolando meus dedos em torno de seu pulso e
puxo-lhe o braço por trás de mim. Seu peito bate no meu, e eu
sussurro em seu ouvido:

—Agora isso foi desrespeitoso. E não se preocupe, não vou


fazer isso novamente, até que você me peça.

Com um beijo suave em sua mandíbula, me inclino para


trás e a deixo ir. Por alguns segundos, ela fica me olhando com
a boca aberta, antes de bufar uma
vez, girar em seus saltos altos e
abrir a porta do carro para entrar.
Assisto enquanto ela liga o motor,
faz a volta e acelera até a calçada,
sem olhar para trás.

Droga, isso vai ser divertido!

Capítulo 05

Laney

Jake Theopolis está me incomodando. Eu sinto como se


meu interior estivesse em crise, mas não consigo parar de
pensar nele tempo suficiente para me acalmar. Isso, tanto me
frustra, quanto irrita.

Minha falta de sono não está ajudando muito. Nem a


memória da nossa conversa por telefone.
Eu tive que ligar para Jake ontem à noite para dizer a ele
que eu estaria chegando por volta das nove esta manhã. A
chamada foi curta e ele foi agradável, mas havia algo em seu
tom de voz, algo presunçoso, satisfeito e.... provocante, que me
deixou sentindo-me desequilibrada. E eu não gosto disso.

—Por que você está de pé tão cedo? —Minha mãe pergunta


enquanto caminha para a cozinha. Ela está usando o mesmo
roupão que ela usa desde que eu era pequena, um de cor azul
escuro, com pequenas flores rosa bordadas no peito. Seu cabelo
curto, castanho claro está perfeitamente penteado, como se ela
não tivesse dormido oito horas sobre ele, e seus olhos castanhos
estão suaves e com sono e angelicais, como sempre.

Eu encolho meus ombros, trazendo a caneca para os meus


lábios e tomando um gole.

—Muita coisa em minha mente, eu acho.

—É toda essa confusão com Shane? Eu não sei por que


você não pode simplesmente perdoá-lo e seguir em frente. É a
coisa cristã a fazer, não importa o que ele fez.

Eu mordo de volta a minha resposta. Ela não tem ideia.


Mas isso não é culpa dela. Eu não disse a meus pais os detalhes
do meu rompimento com meu noivo, Shane. Eles só acham que
estou sendo impulsiva e petulante.
—Mãe, eu já lhe disse, Shane e eu não voltaremos a ficar
juntos.

Ela balança a cabeça, com uma expressão triste no rosto.

—Eu odeio ver você deixar as coisas no caminho de sua


felicidade, querida.

—Às vezes não depende de nós, mamãe.

—Sempre depende de nós.

Sinto que minha frustração cresce e percebo que é hora de


uma mudança de assunto.

—Você se lembra de Cris Theopolis?

—É claro, - ela responde movendo-se para a direita na


minha direção. —Ele era um homem maravilhoso. Sua morte foi
uma tragédia, especialmente depois do que aconteceu com
Elizabeth.

—Quem é Elizabeth?

—A esposa de Cris. Ela morreu há muitos anos. Estava


muito doente. Isso quebrou o coração de Cris. Não acho que ele
se recuperou. Mas ele sempre fez questão de fazer o certo por
aquelas crianças dele. Pelo menos ele tentou.

—O que é isso quer dizer: 'tentou'?


—Bem, não é uma coisa fácil, ser um pai solteiro e tendo
um pomar tão grande quanto o dele. Não é de admirar...

—Quem é pai solteiro? —meu pai pergunta, quando entra


na cozinha. Ele já está vestido com calças e uma camisa de
botão branco, o cabelo escuro ainda úmido do chuveiro. Sua
presença imponente enche qualquer sala no instante em que ele
entra. Agora não foi diferente.

—Oi, querido. Cris Theopolis. É na propriedade dele que


Laney vai trabalhar.

Meu Pai faz uma pausa em sua curva para beijar minha
Mãe, franzindo a testa.

—Será que Shane sabe?

—Sabe o quê?

—O que você está fazendo aqui?

—Eu não estou fazendo nada aqui, apenas trabalhando.

—Quero dizer, ele sabe no que você está trabalhando?

—Não, não é da conta dele.

—Tenho certeza que ele não ficaria feliz com isso. —Diz
meu pai, ignorando meu comentário.
—Sorte minha que eu não me importo. Não preciso me
preocupar com o que Shane gosta ou não gosta. Além disso, não
estou fazendo nada de errado.

—Não, mas associar-se com pessoas como os


Theopolises...

—Mamãe estava falando sobre como eles são boas pessoas.

—Eu disse que Cris era um bom homem. —ela esclarece.

—E os seus filhos não são?

—Você é inteligente o suficiente para saber a resposta para


isso, Laney. —meu pai diz.

—Você foi para a escola com a mais nova, Jenna.

—Sim, mas eu realmente não a conheço.

Meu pai me dá um olhar feio.

—Não, mas você sabe o suficiente, mocinha.

Deslizo do meu banquinho do bar.

—Tanta coisa para não ser crítico e julgar o próximo. —


falo, andando até a pia para lavar minha caneca.

—Evitar um mau elemento não é ser crítico. É ser


prudente.
Viro-me para enfrentar meu pai. Eu mantenho minha
cabeça erguida, cansada de uma vida de repressão sob sua
desaprovação.

—E como, exatamente, você determina quem é mau


elemento, então, papai?

Ando para fora da cozinha antes que ele possa responder.


Tenho certeza que ele vai ter alguma valiosa sabedoria para
mim. Sem dúvida que vai ser verdade, também. Mas agora,
neste momento da minha vida, eu não estou a procura de
sabedoria. Eu não estou procurando prudência ou segurança
ou ser razoável, nenhuma das coisas que uma vez eu atribuí a
Shane.

Na verdade, eu penso comigo mesma, quando subo as


escadas, eu poderia estar procurando exatamente o oposto.

Saio de casa mais cedo, a fim de evitar meus pais e chego


ao pomar dos Theopolis 20 minutos mais cedo. Pensando em
sentar no carro e começar a preencher minha papelada, antes
de bater, apenas no caso de Jake ainda estar dormindo.

Ele parece ser um daqueles tipos que passa a noite em


festas e depois dorme até tarde.

O pensamento mal teve a chance de se formar através da


minha cabeça antes que eu visse um corredor magro, bronzeado
e correndo sem camisa apenas a frente. Mesmo que o cara não
estivesse no longo e sinuoso caminho, eu não teria nenhuma
dificuldade em identificá-lo – Jake. Seu físico e aparência são
inconfundíveis mesmo por trás.

E meu estômago reage em conformidade.

Eu alivio meu pé do freio, debatendo o que fazer. Ir em


frente? Virar? Esperar? Qual é a coisa certa?

Jake toma a decisão das minhas mãos, no entanto,


quando ele retarda a uma parada e se vira para olhar para a
estrada e para mim. Seus olhos encontram os meus e ele sorri.
Mesmo a distância ele me faz sentir falta de ar.

Por um segundo tenho a sensação de que eu deveria virar


e correr. Mas a ideia some tão rapidamente como quando Jake
começa a correr em minha direção.

Meu pé pressiona mais forte no freio quando eu o vejo


aproximar-se. Sua pele está lisa com suor e seus músculos se
movem em minha direção. Ele para na minha janela e se curva
colocando o rosto ao longo da abertura a poucos centímetros do
meu. Ele está sem fôlego e sua respiração faz cócegas na minha
bochecha.

—Você chegou cedo.

—Eu sei. Eu ia preencher alguns papéis antes que eu o


acordasse.
—Me acordar? Estou acordado ha horas. Mas se você
preferir me acordar, eu tenho certeza que posso arranjar um
jeito de ainda estar na cama quando você chegar aqui. —Sua
piscadela me diz que isso significa exatamente o que eu acho
que significa. Quero amaldiçoar minha timidez, quando sinto
meu rosto esquentar, por sua insinuação.

—Não. Acho que isso não é necessário. —eu respondo,


tentando soar indiferente, mas provavelmente fazendo um mau
trabalho. —Continue sua corrida. Eu vou encontrá-lo na casa,
quando você terminar. Se você não se importar de me ter
esperando lá, é claro.

—Eu não consigo pensar em ninguém que eu preferiria


topar quando estou quente, suado e indo para o chuveiro.

Dando-me sua marca registrada, um sorriso arrogante,


Jake se endireita e corre, antes que eu possa responder. E é
uma coisa boa. Eu nem sei o que dizer sobre isso. Por alguns
segundos, vejo a maneira como seus shorts se agarram na sua
bunda apertada quando ele se move. Mas ele me sacode para
fora do meu estado mudo quando se vira e corre olhando para
trás por alguns segundos, abertamente rindo de mim.

Oh meu Deus, ele sabe que eu estava olhando para sua


bunda!
E, claro, estou mortificada. Eu empurro o pé no acelerador
e desvio para longe de Jake, quando passo por ele mantendo
meus olhos colados na estrada a frente.

Quando eu chego a casa, estaciono e puxo minha pasta do


banco traseiro. Eu tiro a pasta chamada Theopolis e abro-a no
meu colo, mas isso é o mais longe que eu consigo. Meus olhos
continuam desviando para o espelho retrovisor, esperando Jake
aparecer. É como se meu cérebro estivesse preso e não fosse se
mover para frente até ele passar.

Um flash de vermelho me chama a atenção. Calções de


Jake. Movendo-se a um ritmo constante, ele corre para o meu
quadro de visão, chegando cada vez mais perto. Mais uma vez,
eu admiro a forma como ele brilha na luz do sol, como um puro-
sangue campeãono auge da sua condição física.

Eu forço meus olhos de volta para minha pasta, quando


Jake fica perto da parte traseira do meu carro. De canto dos
olhos miro o espelho lateral quando ele passa. Ele nem sequer
olha para baixo, apenas corre. Ele caminha por um momento e
abre a porta da frente.

Estou olhando para ele, esperando que ele desapareça


dentro de casa, quando ele gira. Ele conecta com meus olhos e
indica com a cabeça para o interior da casa antes que ele cruze
o limiar deixando a porta entreaberta para mim.
—Eu acho que essa é a minha dica. —murmuro para mim
mesma.

Recolho minhas coisas, tentando tirar da minha mente a


imagem de Jake tirando esses shorts vermelhos antes de entrar
no chuveiro.

Distraidamente, eu me pergunto se sua pele é bronzeada


por toda parte ou se ele tem uma linha de bronzeado.

Macacos me mordam! Laney, você tem que parar com isso!


Eu me aviso. Eu não vou ser capaz de me concentrar, se eu não
parar de fantasiar com o corpo desse homem.

Eu me concentro na lista de coisas que precisam ser feitas


quando saio e subo os degraus. Uma vez lá dentro, tentar ouvir
onde Jake deve estar. Não ouço nada, apenas sons abafados
vindos de cima. Grata pelo breve período de alívio, no qual
posso tentar redefinir meu cérebro desobediente, faço meu
caminho para a sala de jantar e começo a espalhar minhas
coisas sobre a mesa.

Firmemente, de volta no modo trabalho, faço listas


mentais e a divisão do inventário, justo quando ouço uma
garganta, clara, atrás de mim. Eu giro para encontrar Jake
descansando na porta, sorrindo, enquanto me observa.

—Eu não queria assustá-la. Você estava profundamente


concentrada. —Ele observa.
—Obrigado. Eu estava.

—Então, - ele começa, indo para longe do batente da porta,


- o que eu preciso fazer?

Eu não posso deixar de notar a forma como a sua camisa


amarela pálida se agarra a sua pele, ainda úmida ou a maneira
como seus cílios grossos me olham.

—Uh...bem... —Eu gaguejo, lutando para trazer minha


mente de volta à tarefa. Aperto meus olhos fechados e, em
seguida, olho para os documentos espalhados na minha frente.
—Na verdade, não há nada que eu realmente preciso de você,
neste momento. Por hora, preciso apenas passar por cada
quarto e inventariar o que está aqui. Se eu tiver alguma dúvida,
vou fazer uma nota e perguntar mais tarde.

Agora que eu consegui uma frase coerente, olho para trás,


para Jake.

—Tudo bem, eu acho que eu verificarei com você, então,


mais tarde.

—Não há necessidade, - asseguro-lhe. —Eu vou ficar bem.

Ele sorri, um brilho malicioso ilumina seus olhos cor de


âmbar.

—Independentemente disso, eu estarei de volta em um par


de horas.
Não há nenhum ponto em
discutir. Sinto que quanto mais
eu protesto, mais ele me faz ficar
desconfortável, com sua
proximidade. Em vez disso, eu
aceno e dou um sorriso tenso.

—Ok. Vejo você, então.

Pego alguns papéis aleatórios e estudo-os, como se eles


fossem importantes, quando, na realidade, eu nem processei o
que eu estava olhando. Não é até que, a partir do canto do meu
olho, eu vejo Jake registrar que eu estou segurando-os de
cabeça para baixo.

Capítulo 06
Jake
—Eu estou cuidando disso, Jenna. Quer parar de se
preocupar?

—Me mata pensar que esses dois perdedores possam viver


em nossa casa, destruindo tudo o que a mamãe e o papai
trabalharam tão duro.

—Eu sei Jenna. É por isso que eu lhe disse para parar de
se preocupar com isso. Eu nunca deixarei isso acontecer. Eu
queimaria este lugar antes de deixá-los estragar tudo. Agora,
pare de me aborrecer sobre isso.

—Eu não estou lhe aborrecendo sobre isso. Eu me sinto


impotente estando aqui em Atlanta e não poder fazer nada
sobre isso.

—Você não poderia fazer nada sobre isso mesmo se você


estivesse aqui. Estou fazendo o que precisa ser feito. Atlanta
com Rusty é onde você pertence.’

Eu a ouço suspirar. Ela sabe que estou certo.

—Tenha paciência. —murmuro provocando.

—Idiota.

—Mas você gosta disso em mim.

—Nem um pouco.

—Mentirosa.
Ouço a sua risada. Nós jogamos duro, como sempre
fizemos. Mas se um dia eu fosse amar alguém na vida,
provavelmente seria alguém como Jenna. Caras como eu,
porém, ficavam melhores sem muito amor em sua vida. Isso nos
mantem focados. Mantêm afiados. E esse é o jeito que eu gosto.
Essa é a maneira que funciona melhor para mim. Por que
mudar? Eu recebo o que eu preciso, sem complicações. Fim da
história.

Ou pelo menos é o que digo a mim mesmo.

—Tudo bem, até mais imbecil.

—Eu ia desligar de qualquer maneira, garota.

—Me ligue na próxima semana.

—OK.

—Eu te amo. —diz ela.

—Eu também. —eu respondo. É tudo que eu sempre digo.

Coloco meu celular de volta no bolso e volto para a porta


do celeiro. Paro quando vejo Laney lá, parada. Ela está
iluminada pelo sol, fazendo parecer que está cercada por um
halo dourado. Ela parece exatamente como o anjo que eu tenho
certeza que ela é. Isso só me faz querer corrompê-la, muito
mais.
—Por favor, me diga que veio à procura de um pouco de
alegria esta tarde. —Provoco, caminhando lentamente em
direção a ela.

Laney balança os ombros, limpa a garganta, e ignora meu


comentário, o que me faz sorrir.

—Sinto muito interromper. Eu passei só para diser que


estou indo a cidade para almoçar.

Sua cabeça está erguida e sua expressão é tão afetada


quanto podia ser, mas ainda assim, ela não pode esconder de
mim o que está sentindo. Ela está atraída e desconcertada por
mim, ela admitindo ou não. Posso ver seu nervosismo na forma
como seus dedos estão mexendo com a bainha da blusa.

—Você tem certeza de que não prefere ficar aqui? Tenho


certeza de que poderia arrumar algo para... satisfazê-la.

Suas bochechas ficam vermelhas brilhantes e seus olhos


rodam um pouco, me fazendo querer puxá-la para os meus
braços e beijá-la sem sentido. Mas eu não vou. Eu prometi que
não iria, até que ela me pedisse. E eu não tenho dúvidas que ela
vai pedir. Vou ter que ter certeza que será mais cedo do que
mais tarde. Ela está me dando uma coceira e eu não quero mais
esperar.

—Obrigado, mas não. Tenho algumas coisas para fazer,


também.
Eu não digo nada, apenas balanço a cabeça, enquanto a
estudo. Ela desvia o olhar, embora saiba que ela está
procurando alguma forma de aliviar a tensão.

—Então, eu não pude deixar de ouvir parte de sua


conversa. Se nem você nem sua irmã querem ficar aqui em
Greenfield com o pomar, porque não basta deixar sua tia tê-lo?

Eu suspiro. Toda vez que penso em minha tia Ellie, fico


com raiva. E agora, na presença de Laney, existem várias outras
emoções que eu prefiro sufocar. Outro dia...

—Meus pais queriamque o lugar ficasse comigo ou com


Jenna. Eles iriam rolar em seus túmulos se deixássemos Ellie
ficar aqui.

A mãe especialmente. Ela sempre sonhou com seus netos


brincando no pomar. Ela é a razão de eu estar tão determinado
a mantê-lo, como meu pai é a razão de Jenna querer.

—Por quê? Ela é da família.

—Nem todos da família são do tipo bom.

—E você acha que a sua tia cai nessa categoria?

—Sim. Ela não é nada como a minha mãe. Minha mãe era
uma mulher bondosa, carinhosa e amava este lugar. Quando
meus avós se aposentaram e se mudaram para a Flórida eles
deixaram a casa e o pomar para ela, como a mais velha. Nós só
descobrimos depois que meu pai morreu que Ellie recebia uma
parte da renda. E agora, fiel a pessoa egoísta que ela é, ela quer
tudo.

—Por que agora?

—Ellie nunca gostou do pomar, para começar. Ela e seu


marido tinham grandes planos de vender esse lugar e fazer uma
porrada de dinheiro. Acho que ela sempre pensou que o
dinheiro do pomar, enquanto meus pais a pagavam era apenas
um extra. Mas as coisas não funcionaram do jeito que ela tinha
planejado. Ela não poderia fazer nada sobre isso, enquanto meu
pai estava vivo, apesar de tudo. Mas quando ele se foi, e só eu e
Jenna ficamos...

—Ela está contestando. Alegando que precisa do direito


para sobrevivência, ao contrário de vocês dois. —Laney termina.

Concordo com a cabeça.

—E é por isso que você está aqui, inventariando tudo que


minha família já possuía.

É a vez de Laney assentir. Ela lança os olhos para baixo,


como se estivesse com medo de encontrar o meu. Finalmente,
ela fala.
—Eu sinto muito, Jake. Eu não posso imaginar o quão
difícil deve ser passar por algo assim logo depois de enterrar seu
pai.

Ela é doce. E sincera. Eu posso sentir compaixão saindo


dela em ondas.

E isso me deixa claramente desconfortável.

Então, eu faço o que sei melhor, eu desvio.

Eu passo mais perto de Laney, perto o suficiente para


sentir seu perfume. É leve e doce. Sexy. Como a luz do sol e do
pecado.

Eu tomo seu queixo entre os meus dedos e espero até que


seus olhos encontrem os meus.

—Não sinta pena de mim. A menos que você pretenda fazer


alguma coisa para me fazer sentir melhor.

Suas bochechas ficam rosa, novamente.

—Você realmente é um menino mau, não é? —Ela


sussurra quase como se estivesse pensando em voz alta.

—Eu posso ser muito bom ou muito ruim, o tanto que você
desejar.
—Eu sempre quis os mocinhos. —ela comenta. Não estou
surpreso. Eu estaria disposto a apostar que ela nunca quebrou
as regras em toda a sua vida.

—Talvez seja hora de uma mudança.

—Talvez seja. —diz ela em voz baixa, seus olhos azuis


piscam até minha boca e vice-versa.

—Peça-me para beijar você. —eu digo baixinho enquanto


me inclino lentamente em sua direção.

Vejo seus olhos se arregalarem e um olhar assustado vir


sobre seu rosto. Ela dá um passo para trás, como se estivesse
se afastando do perigo.

—Eu preciso ir. Volto depois do almoço.

E com isso, ela se vira, caminha rapidamente para onde


seu carro está estacionado, desliza no volante e vai embora. Eu
saio do celeiro para vê-la. A pego me olhando através de seu
espelho retrovisor.

Eu sorrio para ela e pisco. Se ela pode ver ou não, não


importa.

É apenas uma questão de tempo.


Capítulo 07

Laney

Domingo de manhã, e eu nunca estive mais feliz em ouvir


o pianista iniciar o primeiro hino. Aqui, eu pensei que não teria
que me preocupar com pensamentos pecaminosos sobre Jake
durante o culto. Mal sabia eu que a tortura de hoje seria sobre
Shane.

Já estou cansada de todos os bem-intencionados


perguntando-me sobre sua ausência. Não me lembro da última
vez que cheguei em casa e fui para a igreja e Shane não estava
comigo. Evidentemente, todo mundo percebeu isso também.
Uma das principais desvantagens da vida de cidade pequena é
que todo mundo fica sabendo de sua vida. Ainda não atingiu o
auge das fofocas, que não estamos mais juntos, mas com
certeza vai se espalhar como fogo agora.

Eu exalo com alívio quando minha mãe desliza no banco


ao meu lado. Por enquanto a fritada esta suspensa, pelo menos.
À medida que o coro enche, o barulho na porta de trás da igreja
chama minha atenção. Meu sangue ferve quando vejo Tori,
minha ex melhor amiga, que anda rapidamente pelo corredor
em direção a frente. Em minha direção.

Certamente, por Deus, ela não teria a audácia de vir


sentar-se comigo!

No entanto, é o que ela faz. Minha mãe muda suas pernas


para o lado para permitir que Tori passe. Eu não. Mantenho
minhas costas retas, os pés plantados e meus olhos treinados
para frente.

Quando ela se senta ao meu lado fujo uma fração de uma


polegada em direção à minha mãe. Ouço o suspiro de Tori e eu
cerro os dentes.

—Sério? É assim que você vai agir? Na igreja? —Tori


sussurra.

Por mais que eu gostaria de dizer a ela tudo que está


entalado, ou o quanto eu gostaria de esmurrar suas orelhas,
mantenho a minha boca fechada e a ignoro.

—Legal. Verdadeira cristã você é, Laney.

Eu viro meus olhos, brilhando sobre ela.

—Você está me dizendo que é cristã? —Minha risada,


embora suave, é perceptivelmente amarga.

—Oh, tudo bem.


—O que isso quer dizer? Você nem vai me dar uma chance
de me explicar? Você está me julgando sem conhecer todos os
fatos.

Eu chicoteio a cabeça para o lado, para olhá-la.

—Eu não preciso de uma explicação, Tori. Eu encontrei


você na cama com meu noivo. A menos que você tenha uma
irmã gêmea, que eu não saiba, eu não estou interessada em sua
explicação.

—Não é o que você pensa Laney. —diz Tori, seus olhos


suplicando-me.

—Eu posso ser a filha do pastor e eu posso ter padrões


diferentes de algumas pessoas, mas eu não sou uma idiota. Eu
sei o que eu vi na minha frente.

—Você acha que sabe o que viu. —Tori responde.

De repente, estou cansada. Cansada desse sentimento


ferido. Cansada de me sentir traída. Cansada de tentar
descobrir o porquê de tudo isso. Cansado de sentimentos...
Shane queria uma menina selvagem. Ele encontrou uma. Fim
da história.

Ela apenas ela é a porcaria da minha melhor amiga, no


mundo todo.
—Está feito, Tori. Eu superei isso. Superei Shane. Superei
você. —Eu dirijo minha atenção para o coro, colocando meu
olhar “educadamente interessado”, algo que eu aprendi a fazer
anos atrás, para que meu pai não se alvoroçasse comigo por
mau comportamento na igreja. Mas por dentro, havia um
buraco no meu coração. Eu não sei se ela podia me ouvir, e eu
realmente não me importava quando eu acrescentei:

—É hora de encher a minha vida com pessoas diferentes.


Pessoas que não mentem.

Apesar do fato que eu ainda estava triste pelo que minha


melhor amiga e meu noivo fizeram para mim, a primeira pessoa
a aparecer na minha cabeça é Jake Theopolis. Ele não mentiu
sobre quem ou o que ele é. O que você vê é o que você recebe.
Puro e simples. Ele é um menino mau, sim. Mas ele também é
uma lufada de ar fresco. E minha vida estagnada sente muita
necessidade de ter apenas isso.

Estou feliz que eu fui dirigindo para a igreja. Dessa forma,


eu posso escapar logo após papai fechar o sermão. Posso fugir
antes que alguém me pergunte sobre Shane e antes de Tori
poder me pegar.

Eu dirijo pela cidade, não realmente pensando em onde


estou indo. Eu só sei de duas coisas: que eu não quero estar na
igreja e eu não quero ir para casa. Mas o que sobra? Enquanto
eu dirijo sem rumo para cima e para baixo nas ruas, por meio
de uma cidade cheia de pessoas, que eu conheci por toda a
minha vida, sinto-me completa e totalmente sozinha.

Depois de meia hora desperdiçando gasolina, ouço o ding


do alarme do tanque, sinalizando que eu tenho cinco milhas
antes de ficar sem combustível. Eu paro no estacionamento do
Big A, uma mercearia, e faço o retorno, voltando para a rota
sessenta, de onde eu vim.

Quando passo pelo corpo de bombeiros, um jipe conhecido


me chama a atenção.

Jake.

Meu coração acelera. Como eu perdi isso antes?

Vários rapazes estão em pé, dentro do enorme galpão, com


os portões abertos, reunidos ao lado de um caminhão de
bombeiro - vermelho brilhante. Eu viro meu pescoço para ver se
um deles é Jake, mas passo muito rápido para dar uma boa
olhada.
Olho no espelho retrovisor, na esperança de obter um
vislumbre dele, mas não tenho, e, em poucos segundos, eles
estão muito longe para eu discernir de qualquer maneira.

Pressionando o acelerador, tento esquecer meu desejo de


ver Jake novamente, mas não adianta. Cerca de uma milha,
mais ou menos, faço o retorno em frente a loja de conveniência
Stop-N-Shop e volto a passar na frente do corpo de bombeiros,
para dar mais uma olhada.

Desta vez, quando eu passo, os rapazes estão dispersando.


Eu diminuo um pouco e vejo dois homens indo para os carros
estacionados no lado direito do terreno da frente. Meu estômago
revira quando vejo Jake perto da quina da porta do barracão
gritando algo para um dos rapazes que saem. Todos eles riem e
o mais próximo a Jake enfia-lhe o cotovelo nas costelas.

Eu não percebi que o carro desacelerou, quase parando,


enquanto eu olhava para lindo rosto de Jake, rindo, até que ele
se virou e seus olhos encontraram os meus através da janela
aberta do passageiro do meu carro. Minhas bochechas
queimaram.

Merda!

Rapidamente, viro meu olhar para frente, apertando o


pedal do acelerador. O carro decola, mas depois, meio que
engasgando e fazendo um barulho estranho, ele para, apenas
um pouco além da estação de incêndio.

Mortificada, deslumbrada, e totalmente confusa, bombeio


a gasolina e giro a chave na ignição. Eu olho em volta,
impotente, incapaz de pensar em outra coisa para fazer. Meu
cérebro não está funcionando direito e isso só piora quando
ouço uma voz aveludada soando pelo interior silencioso do meu
carro.

—Problemas com o carro?

Inclinando-se na janela do lado do passageiro e me


olhando excessivamente satisfeito e ridiculamente bonito, está
Jake.

É claro que é Jake! Ele está sempre presente quando há


humilhação para ser testemunhada.

—Uhhh, problemas com o carro? —Eu repito, ainda me


sentindo desmiolada depois de ver Jake rindo com seus amigos.
Eu nunca estive mais fisicamente atraída por alguém. Nunca. —
Eu acho. Quer dizer, eu não...

Então, me dou conta disso. E o meu embaraço triplica.

Eu voltei para encarar (o maldito) Jake Theopolis e deixei


meu maldito carro ficar sem (a maldita) gasolina.

Querido Deus, deixe-me morrer!


Eu fecho meus olhos e me inclino para frente, para
descansar minha testa no volante. Por um momento, eu penso
que, talvez, apenas talvez, eu estaria de volta na igreja, quando
abrisse meus olhos, e nada disso seria real. Que eu não deixei o
meu carro ficar sem gasolina, por que estava embasbacada por
um cara. E então ele não descobriria o que eu fiz.

Mas, infelizmente, eu não tenho tanta sorte. Quando


suspendo minhas pálpebras e olho para frente, no painel, eu
vejo a agulha de acusação apontando para o E, (empty) de
humilhação no meu medidor de gasolina.

Na ausência de qualquer tipo de fala inteligível da minha


parte, Jake se inclina para dentro do carro e dá uma olhada nos
mostradores também. Ele tem cheiro de sabonete e canela, e eu
noto que ele está mastigando um palito de novo.

Ele vira a cabeça em minha direção, me pega olhando para


ele. Seus olhos cor de âmbar reluzem e seus lábios se abrem em
um sorriso, enquanto ele mexe o palito entre eles.

—Eu nunca vi uma menina ficar sem gasolina só para


chamar minha atenção.

Meu rosto queima e minha boca abre e fecha como a de


um peixe fora d'água, enquanto tento negar. Mas as palavras
não veem, principalmente porque elas são apenas meias-
verdades. Não foi intencional, mas ainda assim, eu fiquei sem
gasolina por causa de Jake Theopolis. Simplesmente não há
como fugir disto.

—Isso é ridículo! —Eu finalmente administro.

—É mesmo? Eu posso contar todos os cílios pretos e


longos que circundam seus calorosos olhos e todos os
pensamentos coerentes saem direto pela janela. De qualquer
maneira, você é minha agora, então vamos colocar esse carro
fora da estrada. —Antes que eu possa argumentar, Jake se
afasta e coloca o ombro contra a moldura da janela. —Coloque-
o em ponto morto. —ele grita. Faço como ele diz, realmente não
tenho muita escolha.

Com um grunhido, Jake empurra até que o carro começa a


rolar.

—Dirija-o para o meio-fio - ele instrui, e eu faço. Em


questão de segundos, ele usou sua força impressionante para
colocar o carro para fora da estrada. Ele caminha pela frente do
carro e abre a porta. —Puxe seu freio de emergência e feche as
janelas. —Quando eu já fiz os dois, ele se aproxima do carro e
pega a minha mão. —Agora venha comigo.

Pego minha bolsa e deixo Jake me rebocar para trás, em


direção ao corpo de bombeiros.

—Eu não tranquei as portas. —digo a ele.


Jake sorri para mim.

—Você está preocupada com isso nesta cidade? Ninguém


se atreveria a vandalizar o carro da filha do Pastor. Eles
ficariam com medo de serem atingidos por um raio.

—E se eles não souberem que o carro é meu? —Eu


pergunto, ignorando sua provocação.

Ele para de repente e se vira para mim.

—Eu garanto a você que todos nesta cidade sabem. Você


faz as pessoas entenderem quem você é querendo ou não. —
Seus olhos me examinam da cabeça aos pés. —Você
simplesmente não pode evitar isso. Você tem esse ar de "não me
toque" que faz as pessoas quererem te tocar. Mesmo vestida
assim. Eu nunca achei roupas de igreja atraente, até este
minuto. —Ele se inclina para sussurrar no meu ouvido: - Eu
nunca quis tirá-las antes de qualquer uma.

Arrepios passam por meus braços e busto, fico feliz por


estar usando camadas de roupas, mesmo que sejam leves. Eu
posso sentir meus mamilos se endurecerem e eu odiaria que ele
percebesse isso.

—Você realmente não tem vergonha, não é? —Eu falo.

Jake sorri novamente mais perverso que nunca.

—Nem um pouco.
Ele me puxa para frente até seu Jeep.

—Para onde vamos? —Eu pergunto enquanto subo no


interior. Cheira a ele. Sabão e homem. Limpo, no entanto sujo.
Sexy.

Ele não me respondeu. Ao invez disso grita para os


homens reunidos na porta observando o espetáculo.

—Vejo vocês amanhã idiotas. Vou levá-la para comprar um


pouco de gasolina.

Eu espero até que Jake esteja atrás da direção e com o


motor funcionando para falar:

—Idiotas? Amigos seus, eu presumo?

—Não.

—Eles não são? Então o que você está fazendo aqui?

—Eu trabalharei aqui.

—Trabalhará aqui? Fazendo o quê?

—Combatendo incêndios. Eu sou um bombeiro.

Oh Deus precioso! Ele é um bombeiro.

Grandes e longas mangueiras e peles suadas passam pela


minha mente.
Com uma piscadela, ele me diz que sabe exatamente o que
eu estou pensando, então sai do estacionamento.

—Então, se você tiver qualquer fogo que precisa ser....


apagado, é só me avisar.

Eu resisto ao desejo de abanar meu rosto corado enquanto


voltamos para a estrada principal. Eu não respondo ao
comentário; apenas me concentro na estrada à frente.

Estou contando os segundos para chegar ao posto de


gasolina, quando Jake me surpreende parando no meio da
estrada. Eu olho perplexa para ele quando um carro buzina
atrás de nós.

—O que você está fazendo? —Eu pergunto.

Jake não responde; ele me observa. Seus olhos dourados


estão em mim, transformando os meus ossos em uma coisa
líquida.

—Venha para o Blue Hole comigo. Parece que você poderia


usufruir um pouco de diversão.

—E.... eu não acho, quero dizer, eu não acho que eu


devo...

—Eu não estou convidando você para uma orgia, Laney. —


Jake interrompe. —São apenas alguns moradores se reunindo
para alguns Hot-Dogs, cervejas e um pouco de música. Um dos
meus amigos do ensino médio vai estar lá. Ele toca na Saltwater
Creek.

Saltwater Creek é uma banda local. Eu sei disso porque


meu pai os desaprovava durante a última década.

—Isso não soa como...

Antes que eu pudesse terminar ele me para novamente.

—Melhor do que colocar tanta energia arrumando


desculpas, por que você simplesmente não vem comigo? Vai te
fazer bem. Eu prometo.

Anos de avisos do meu pai e conselhos de minha mãe,


aliados a uma vida inteira de saber exatamente quem e o que eu
quero me fazem parar. Mas antes que eu possa recusá-lo,
alguma coisa mais entra em ebulição. Uma parte de mim que é
inexplicavelmente atraída para Jake, para a liberdade que ele
representa. Ele não é nada parecido com o que eu já pensei que
queria ou precisava na minha vida, mas, ao mesmo tempo, ele
parece com tudo que eu quero e preciso na minha vida, agora.

Se eu voltar para o meu carro, só existe a possibilidade de


voltar para a casa dos meus pais, que me aguardam. Isso e,
possivelmente, outro encontro com Tori, que não é algo que eu
realmente quero enfrentar agora. Mas se eu for com Jake...
Antes que eu possa pensar melhor, eu concordo.

—Ok. Eu vou. Mas se eu precisar sair, você tem que


prometer que vai me trazer de volta para o meu carro.

—Porra, parece que você acha que eu vou sequestrá-la.

O pensamento de ser sequestrada por Jake, de ser contida


à sua mercê, envia uma emoção inesperada para minha
espinha. Lançar a precaução ao vento e sair com alguém como
ele só intensifica essa emoção.

Empurrando todos os pensamentos perturbadores de lado,


em favor de abandonar tudo, por apenas uma vez... eu sorrio e
inclino a cabeça para trás, contra o encosto do banco e fecho os
olhos.

—Talvez hoje eu queira ser sequestrada.

Mesmo sobre a aceleração do motor, quando Jake desce a


estrada, eu posso ouvir o sorriso em sua voz quando ele diz:

—Eu verei o que posso fazer.


Capítulo 08

Jake

Eu olho para Laney sentada no banco do passageiro. Eu


tenho certeza que esta é sua versão relaxada, mãos dobradas
recatadamente no colo, a espinha ereta, cabeça inclinada para
trás e os olhos fechados. Algo me dizia que ela não estava
realmente relaxada, mas que hoje, ela precisava mais do que
nunca disso. Ela parecia... preocupada. Ela precisava de um
pouco mais de atenção para esquecer. E eu era apenas o cara
que iria afastá-la todos os seus problemas. Mesmo sem saber do
que ela estava fugindo, eu podia tirar sua mente daquilo. Eu
daria a ela algo muito mais agradável para pensar, se ela deixar.

E ela irá.

Ela já é minha, quer tivesse percebido isso ou não.


Podemos ser a distração perfeita um para o outro, enquanto
estivermos na cidade. Então seguiremos nossos caminhos
separados. Ela com sua previsível vida, calma e tranquila com a
qual, sem dúvida, sempre sonhou, e eu iria para a próxima
emoção. Era o acordo ideal a curto prazo, sexo sem
compromisso com a menina que oferecia um pouco de desafio.
Estou lambendo meus lábios, só de pensar nisso.

—Então, vai me dizer do que está tentando fugir?

Com minha visão periférica, vejo os olhos de Laney se


abrirem, mas ela não levanta a cabeça.

—O que faz você pensar que estou tentando fugir de


alguma coisa?

—Oh, vamos lá. Uma garota como você, linda, bom


trabalho e com um futuro brilhante, volta para este lugar, aceita
uma atribuição aleatória e voltar a morar com os pais. Isso tudo
tem escrito ‘fuga’.

Ouço seu suspiro quando ela vira a cabeça repousando-a


sobre o vidro enquanto olha pela janela.

—Só estou tentando descobrir o que fazer com a minha


vida. Isso é tudo.

—Parece-me que você tem tudo acontecendo contigo. O


que há de novo para descobrir?

—Você ficaria surpreso. —Diz ela, em voz baixa.

Tenho a sensação que há muito mais, e ela não estava


dizendo, pois não queria falar sobre o assunto, o que é bom. De
qualquer maneira, eu não sou realmente o tipo de cara que
gosta de se envolver. De qualquer modo estou mais curioso,
ainda. Eu nunca conheci uma mulher como Laney. Ela me
intriga. Mas, além disso, eu só a quero. Pura e simplesmente.
Nada mais. Apenas ela na minha cama, quente, suave e
gemendo meu nome. Sim. É isso.

E eu prefiro isso, mais cedo do que mais tarde.

—Bem, que sorte a sua, você está na companhia de


alguémque pode fazer você esquecer todas as suas
preocupações. Deixe isso comigo.

O 'Blue Hole' na verdade é um buraco profundo no rio que


coincidentemente apareceu com a rápido dilatação, então, é
como uma enseada privada, cercada por árvores. Tem uma área
de praia entre dois grandes rochedos, um dos quais é plano no
topo, tornando-se a plataforma perfeita para o mergulho. Há
também um balanço de pneu que lança você bem corretamente
na parte mais profunda do buraco. Quero dizer: que espécie de
lugar seria um ponto de encontro country sem um balanço de
pneu? Tudo isso somado, era um lugar muito legal para relaxar
com os amigos.

Ou trabalhar seu charme com a filha boazinha do Pastor.


Demorou cerca de uma hora para chegar até o lugar.
Nenhum de nós falou muito, o que era bom para mim. Eu não
era uma daquelas pessoas que sentia que precisava preencher
cada momento de silêncio com uma conversa fiada. Muito pelo
contrário. Eu preferia que as pessoas mantivessem a boca
fechada a menos que tivessem algo a dizer. E não apenas falar
por uma questão de falar qualquer coisa. O que quase 99% das
mulheres que estive envolvido (embora brevemente) faziam e me
irritavam. - falar demais.

Mas não essa. Laney parecia estar contente em olhar pela


janela e manter seus pensamentos para si mesma. Devo admitir
que me fez querer saber no que ela estava pensando, todavia.
Seria possível que ela estivesse sonhando acordada sobre eu a
puxando para fora da estrada e desligando o motor? Sobre como
seria se eu a arrastasse para fora do jipe e a levasse para a
floresta? Sobre como seria levantando sua austera e modesta
saia e sentindo sua calcinha molhada? Rasgando-a e colocando
meus dedos dentro dela? Deslizando seu quente, apertado
corpinho para baixo, sobre o meu pau até ela perder o fôlego?

Droga, eu realmente espero que seja isso o que ela esteja


pensando!

Apenas a tempo de me salvar de ter uma feroz ereção, vejo


a fila de carros que leva até a saída da estrada principal. Eu
ultrapasso todos, utilizando o benefício de ter equipado meu
carro com tração nas quatro rodas e entro no bosque para
estacionar próximo à extremidade da enseada. Quando desligo o
motor, posso ouvir a música, antes mesmo de abrir a porta.

Olhando para Laney eu pergunto.

—Pronta para se divertir?

Ela me dá um pequeno e duvidoso sorriso e acena uma


vez.

Eu dou a volta no carro para abrir a porta do passageiro e


ajudar Laney a sair. Por um lado, faço isso por que meu Jeep é
bastante alto e ela muito pequena, mas mais do que isso, minha
mãe me ensinou bem. Mesmo eu sendo tão jovem quando ela
morreu, há algumas coisas que ficaram presas em mim. E esta
é uma delas.

Pegando sua mão a levo por entre as árvores para a


margem do lago. Onde eu achava que tinham cerca de trinta
pessoas presentes. Alguns estavam na água brincando do jogo
da galinha1, alguns estavam concentrados em experimentar
suas habilidades acrobáticas no balanço de pneu que pendia de
uma árvore e alguns estavam descansando em toalhas de praia,
aproveitando o banho de sol.

1
Essa brincadeira parte do princípio da não rendição. Aquele que se rende é chamado de 'galinha', ou seja,
covarde.
Vejo um monte de pele bronzeada, reveladas por lotes de
minúsculos biquínis, que é do jeito que eu gosto. Faz com que
eu deseje que Laney tivesse outra coisa para vestir.

Eu olho para os três caras sentados em um tronco caído


na outra extremidade do lago. Dois estavam tocando guitarra e
o outro batia a perna no ritmo da música, enquanto o
guitarrista principal cantava. Ele era o baterista. É claro, sem a
bateria.

Uma vez que eles estão no meio de uma música, levo


Laney para uma mesa, montada na beira das árvores.

—Está com fome? —Pergunto quando nos aproximamos.

Ela acena com a cabeça.

—Alguém sempre traz uma porrada de comida para esse


lugar, para que todos possam comer.

—Deveríamos ter trazido alguma coisa?

—Não. Há sempre aqueles que arremessam a comida, -


digo a ela quando ando atrás do - chef - tocando seu ombro. —
Posso pegar dois cachorros-quentes, homem?

Quando ele se vira, vejo um rosto que parece vagamente


familiar, mas como a maior parte da minha vida aqui, em
Greenfield, eu tento (e tenho conseguido) bloquear tudo na
minha mente.
—Com certeza, Jake, - responde. Ele começa a se virar,
mas não o faz quando vê quem está ao meu lado. —Puta merda!
Laney Holt. Eu nunca pensei que veria o dia...

Eu vejo seus olhos deslizando lentamente sobre Laney, do


alto de sua brilhante cabeça até as unhas, pink, de seus pés
que aparecem em seus sapatos.

—Veria qual dia? Quando ela daria uma chance para com
um cara como eu? —Pergunto amigavelmente.

Os olhos do cara piscaram de volta para mim e ampliam,


um segundo antes de suas bochechas ficarem vermelhas
brilhantes e ele começar um desastrado pedido de desculpas.

—Não, isso não é o que eu quis dizer. Eu quis dizer...


um...o que eu realmente queria dizer era...

—Está tudo bem, Marshall, —Laney salta docemente


resgatando o pobre coitado, antes que ele tornasse as coisas
piores. —Eu sei o que você quis dizer. Acho que todos nós
crescemos e começamos a viver nossas próprias vidas depois de
um tempo, certo?

Marshall, que eu quase posso me lembrar, mas eu


realmente não quero, ri desconfortavelmente. Seus olhos viram
para mim algumas vezes, antes dele apenas finalmente desistir
e se virar para nos servir a comida.
Eu pego um par de pratos e alguns pãezinhos, estendo um
para Laney. Andamos ao longo da mesa colocando condimentos
em nossos cachorros-quentes e pegamos um punhado de batata
chips antes de fazer o caminho de volta passando por Marshall,
qualquer- que- seja-a-merda-do-seu- último- nome.

—O que tem para beber, Emeril?

—Cerveja de barril lá e o cocktail de frutas, com a cor roxa


está no cooler a sua direita. Faça a sua escolha.

Eu aceno em agradecimento, pego dois copos e levo Laney


para as bebidas

—Qual veneno vai querer? —Eu pergunto enquanto coloco


meu prato para baixo para definir nossas bebidas.

—Uh, o que tem no cocktail roxo?

—Pure Grain2 refrigerante de uva e frutas.

—Mmm, isso parece bom. Acho que quero esse.

—Você tem certeza?

—Claro, por quê?

Eu dou os ombros.

2
Marca de Whisky.
—Por nenhuma razão. —Eu acho que ela não tem ideia do
que é Pure Grain.

Eu encho seu copo e, em seguida, me sirvo com um copo


de cerveja do barril. Dirigimos-nos a um local no gramado onde
havia uma sombra, quase na beira da areia e nos sentamos
para comer.

Enquanto Laney, delicadamente, comia seu cachorro-


quente com batatas fritas e eu já tinha voltado para comer meu
segundo e terceiro cachorro-quente. Quando ela finalmente
limpa a boca com o guardanapo, eu pergunto:

—Satisfeita?

—Sim.

—Bom?

Ela sorri.

—Sim.

—Mais?

—Não, obrigada.

—Mais bebida? —pergunto, olhando para seu copo vazio.

Ela debate um segundo, antes de concordar.


—Sim, eu acho que vou querer mais um copo.

Ela se levanta e levamos nossos pratos para o saco de lixo,


e vamos pegar mais bebidas.

—Inferno, se não é Jake Theopolis, - eu ouço alguém dizer


em voz alta, atrás de nós. Eu me viro para ver Jet Blevins,
caminhando em nossa direção. Ele é um velho amigo, do tempo
do colégio, assim como o guitarrista e vocalista da Saltwater
Creek.

—Porra, cada vez que eu te vejo você está mais mal


vestido, cara. —eu digo quando ele para na nossa frente. Ele
parece um típico membro de uma banda com a sobrancelha
perfurada e várias tatuagens visíveis. Só Deus sabe daquelas
que não podemos ver.

Ele sorri e dá um soco de brincadeira no meu ombro.

—E está bem mais forte. O que diabos você está comendo,


Mano? Esteroides? Você sabe que isso é uma merda e vai
transformar suas bolas em uma uva passa certo?

—Você está de brincadeira comigo? O único suco que vai


entrar nesse corpo é isso aqui, - eu digo indicando minha
cerveja. —Néctar dos deuses.
—Você tem esse direito, — diz ele, apertando minha mão e
me puxando para um abraço de urso. —É bom ver você, cara.
Onde você estava?

—Oh, você sabe, arrastando corpos para fora de prédios


em chamas, salvando vidas, brincando de herói. O mesmo de
sempre.

Jet se vira e olha para Laney.

—Eu acho que encontrou sua despretensiosa parceira


pulando do alto de um edifício com um único salto.

Eu rio, mas Laney não.

—Hum, ela não é minha parceira. Nós realmente


trabalhamos juntos.

—Caramba, você também é bombeiro?

Isso faz com que o seu sorriso apareça.

—Não, eu sou uma assistente jurídica. Eu trabalho com a


herança da família de Jake. Laney Holt.

—É imune aos encantos do super-homem, hein? —ele


pergunta a Laney quando pega sua mão e seus olhos tornam-se
encantadores, como se não a tivesse olhado antes. É como se
ele estivesse com fome pelo que perdeu.
Com o cabelo preto comprido e olhos azuis pálidos, Jet não
é um cara de má aparência. Eu nunca havia prestado muita
atenção. E ele tinha uma personalidade decente. Mais uma vez,
nada que eu já tinha dado muita atenção. Até agora, quando ele
decidiu flertar com Laney. E por alguma razão, isso me irritou,
tornando ainda mais difícil ser agradável.

—Eu sequer comecei a encantá-la com o meu charme


ainda, então recue, cara. —eu digo, despreocupadamente
cortando seu aperto de mão. Eu modero as minhas palavras
com um sorriso, mas ainda há uma mordida nelas. E ele é
inteligente, então toma a dica.

—Espere: Holt. Como Graham Holt, o Pastor?

Laney tenta não suspirar, mais falha.

—Sim.

Jet joga a cabeça para trás e solta um uivo de risadas


antes se recompõe e olha novamente para mim. A apreciação
está em seus olhos. Ele levanta o punho.

—Cara! Legal! —Batemos nossas mãos, no alto e em


seguida ele volta sua atenção para Laney. —Bem, o prazer é
todo meu, Laney Holt, filha do Pastor. Eu sou Jet Blevins,
cantor, guitarrista e um maldito homem de bem.
—Eu vejo que não sou o único ‘humilde’ agora. —
murmuro.

—Tenho que deixá-la saber suas opções. —Ele brinca,


dando a Laney uma piscadela. Eu trabalho para manter meus
dedos relaxados, apesar de eu querer enrolá-los em punho e
socar Jet direto em sua boca que falava merda.

—Laney Holt! Oh meu Deus!

Uma voz estridente salva Jet de se meter em apuros. Ou ao


menos, era essa a maneira que eu encarava isso.

Todos nós voltamos para ver uma ruiva curvilínea, fazendo


seu caminho em direção a nós. Ela estava vestindo um biquíni
que mostrava seu amplo colo, perfeito. Seu rosto não era de
todo ruim.

—Você provavelmente não se lembra de mim. Nós nos


conhecemos no apartamento de Shane, no último ano. Eu
estava namorando o primo dele, Rod.

Eu assisto as expressões voarem no rosto de Laney,


enquanto ela escava sua memória.

—Não, não, eu me lembro de você. Hannah, certo?

—Sim. Oh meu Deus, você se lembra! —A menina parece


muito satisfeita. Meu Deus, qual era o grande negócio nisso?
Mulheres.

—É muito bom ver você de novo.

—Você também, - diz Hannah. —Eu não acho que conheça


alguém aqui. Shane deveria ter vindo, mas ele não pôde. Então
agora sou só eu e minha amiga, Lisa. Ela é uma caloura na
faculdade este ano, mas ela cresceu aqui, em Greenfield. Shane
a conhece, mas eu duvido que você a conheça. Acho que ela é
alguns anos mais joven do que você.

—Claro que Shane a conhece. —murmura Laney.

—Perdão? —Hannah pergunta.

—Você provavelmente está certa. —diz Laney, encobrindo


seu comentário. Hannah pode não ter ouvido direito a fala dela,
mas tenho certeza que eu ouvi. —Greenfield é pequena, mas
tenho certeza que não conheço todo mundo.

—Então, você vai nadar? A água está muito boa. Este


lugar é pequeno, mas é legal. —Hannah ri. Ela está muito
entusiasmada. E borbulhante. E ela faz com que a minha
cabeça ficasse prestes de explodir. Tenho cerca de 30 segundos
para dar uma desculpa e pular na água e não voltar até que ela
tenha saído.

—Não, eu não trouxe roupa. Esta foi uma... Viagem


improvisada.
—Não se preocupe. Posso emprestar a você alguma coisa.
Quando ouvi que esse era um lugar para nadar, trouxe outro
biquíni e alguns shorts também. Apenas no caso de ocorre algo.
Quero dizer, você nunca sabe. Você é bem-vinda para ficar com
alguns shorts.

—Não, obrigado. Eu apenas...

Eu me animo com a oferta dela, mesmo que Laney não se


animasse. —Oh, vamos lá, Laney. Você não ouviu? A água está
ótima. E todo mundo precisa montar no balanço pelo menos
uma vez na vida. —acrescento feliz que não deixei as meninas
para ir mergulhar, perdendo assim o rumo da conversa e dos
acontecimentos. Laney. Em roupas de banho. Molhada. Isso
estava indo definitivamente na direção certa.

—Eu acho realmente que é melhor não.

—Hoje é sobre se divertir, lembra? Eu não tenho o hábito


de tomar uma não como resposta.

Ela queria discutir. Eu podia dizer isso. Mas ela é muito


educada. Uma garota Sulista até os ossos.

Dirijo-me a Hannah.

—Vá pegá-los. Eu vou convencê-la a fazer isso.

Hannah sorriu feliz por fazer parte da brincadeira.


—Eu tenho uma ideia ainda
melhor. Venha comigo, Laney.
Você pode se trocar no meu carro.

O sorriso que Laney dá a ela


é quase tão apertado quanto sua
bunda.

—Ok.

—Aqui, - eu disse a ela, antes que se afastasse,


empurrando o copo cheio em sua mão. —Parece que você vai
precisar disso.

Ela me dá um olhar gelado e segue Hannah.

Capítulo 09

Laney
A única razão pela qual estou deixando Jake me falar o
que fazer é porque eu preciso disso. Por mais que eu odeie
admitir isso, sei que preciso disso..

Está fora da minha natureza ir a festas, beber drinks roxos


e saltar das coisas, mas o que mais quero agora é não ser a
mesma velha Laney. Eu não quero ser a chata, a previsível e a
boa garota nunca mais. Isso não me trouxe nada mais do que
sofrimento. Pelo menos sei que não tenho que me preocupar
com isso enquanto estou com Jake. A confiança realmente não
é uma opção. Eu sei queme o que ele é. Ele não faz mistério
sobre isso. E eu não tenho a intenção de ficar profundamente
envolvida com ele, tanto quanto ele também não me quer para
algo ao longo prazo. Isso é parte do que torna este momento tão
perfeito. Ele é passageiro. É perigoso. Duas coisas que eu nunca
ansiei ou persegui na minha vida. E duas coisas que eu sei que
nunca poderia permitir no final.

Mas não há nenhuma razão pela qual eu não possa perder


meu velho eu, por um tempo. Só um pouquinho. Se eu pudesse
aprender a abraçá-la

O falatório de Hannah acaba me fazendo perceber que


estou perdida nos meus pensamentos e ignorando
completamente o que quer que seja que ela tinha falando.

—Tudo bem? —pergunta ela.


Eu não tenho nenhuma ideia do que ela está se referindo.

—Claro.

Ela me dá um sorriso brilhante enquanto abre seu


brilhante carro roxo de duas portas. —Grande.

Ela abre a porta, desaparece dentro dele e em poucos


segundos ressurgi com um par de pedaços de roupas. Olho para
ela questionando e ela sorri novamente.

—Vou ficar de olho.

Com isso, ela fica de costas para mim, cruza os braços


sobre o peito, e assume a postura de uma sentinela, deixando-
me subir do lado do passageiro de seu carro para trocar de
roupa.

Depois de algumas manobras criativas, estou sentada no


banco da frente do carro de Hannah, olhando para o meu
estômago e um monte de perna nua. Quando Hannah disse -
short- eu fiz uma suposição muito errônea que ela queria dizer
shorts reais, e não estes pequenos pedaços de jeans cortados...
E o que era essa T-shirt? Um pedaço de algodão que cabe em
uma boneca.

Força.

Eu respiro fundo, lembrando que estou tranquila, jovial e


me divertindo agora, não sou mais a Laney nervosa. Eu olho
para o meu copo do drink de uva no porta-copo e o pego,
bebendo impulsivamente dreno todo o liquido do copo.

Coragem Líquida.

Um arroto borbulha em mim e me surpreende. Com um


suspiro, aperto minha mão sobre a boca, esperando que
Hannah não tivesse ouvido. Eu olho pela janela, mas ela não se
moveu do lugar. Imagino que, se ela tivesse ouvido, seria o tipo
de coisa que iria mencionar. Então, imaginando que meu
acidente gástrico, embaraçoso, ainda é um segredo, pego
minhas roupas, abro a porta e saio do carro.

Hannah olha para mim e seus olhos rodam.

—Porra, olha o que você tem escondido debaixo aquelas


roupas, Laney! Você está quente!

Eu sinto minhas bochechas queimarem e resisto ao


impulso de me cobrir com a saia e a blusa que estou segurando.

—Obrigada.

Hannah segura a minha mão, pegando o copo vazio dos


meus dedos, amassando-o e jogando na caçamba de um
caminhão, quando passamos.

—Venha. Vamos guardar suas roupas e depois iremos


exibi-la.
Depois de contar a ela como chegar ao veículo, Hannah
coloca minhas roupas no jeep de Jake e então fazemos nosso
caminho de volta para a festa. Paramos no cooler para Hannah
reabastecer sua bebida.

—Você quer outro?

Eu sei que eu deveria dizer não, mas estou me sentindo


mais leve a cada minuto. Mais feliz. Mais despreocupada. Como
meu sorriso pudesse ser permanente. E a bebida é realmente
boa...

Levo menos de três segundos para consentir.

—Claro.

Depois que ela me dá um copo cheio, nos dirigimos para o


lago.

O sol está brilhando sobre a água e o riso pode ser ouvido


em todas as direções, até mesmo sobre a música dos caras do
Saltwater Creek que estão tocando. O cheiro de cachorro-quente
grelhado paira no ar.

Sentindo-me ousada e descarada, por alguma razão, eu


paro efaço uma varredura pela multidão, até que vejo Jake. Ele
está conversando com um casal de rapazes que parecem
vagamente familiares. Eles estão rindo de alguma coisa. Essa é
a única coisa que eu pego antes de virar meu olhar de volta
para Jake. Ele é o único em que eu estou interessada. E ficando
mais a cada segundo.

Jake também trocou de roupa. Está vestindo uma sunga


preta. E nada mais. Eu o examino da cabeça aos pés. Percebo
duas coisas. Número um, ele faz o meu estômago tremer.
Número dois, o seu suave tórax musculosamente ondulados
parecem estar implorando para eu tocá-los. Então, talvez, beijá-
los.

Como se sentisse meus olhos nele, Jake foca sua atenção


para cima e seu olhar se choca com o meu. Sua boca cai aberta
em uma fração quando seus olhos cruzam cada centímetro da
minha pele exposta. Eu formigo em todos os lugares em que
seus olhos me tocam - minha garganta, minha barriga, minhas
pernas.

A música que a banda está tocando me traz um sorriso aos


lábios. É uma velha canção do Warrant chamada - Cherry Pie.
Isso me faz sentir sexy e desejada e..... ousada conforme saio da
grama e piso na areia me encaminhando para Jake.

Os grãos frescos fazem cócegas nos meus dedos conforme


eu ando e um agradável calor impreguina meu corpo todo. Eu
não tenho certeza se é da bebida ou se é Jake, mas, no
momento, não poderia me importar menos.
Ele se afasta dos outros caras conforme me aproximo. Paro
na frente dele e me sinto contente de ver o brilho quente em
seus olhos.

—Você vai fazer eu me arrepender por ter feito você trocar


de roupa, não é?

—Por que você se arrependeria?

Jake dá um passo à frente trazendo seu corpo a uma


polegada do meu.

—Porque prometi que não iria beijar você novamente até


que você me pedisse. E é isso, - diz ele, descendo e arrastando
as costas de seus dedos pela pele nua da minha barriga, - não
está fazendo com que seja fácil.

Estou presa nas piscinas de caramelo de seus olhos, no


ruído baixo de sua voz e na deliciosa teia deste desejo estranho.
Uma parte de mim que normalmente resistiria a ele estava
curiosamente ausente, deixando só a parte que era fascinada
por ele e no que ele me fazia sentir.

Balanço na direção dele.

—Talvez eu não queira que seja fácil.

Sua sobrancelha negra atira para cima.

—Você está me provocando, linda?


—Talvez.

—Você já ouviu aquela expressão sobre brincar com o


touro?

—Você está me ameaçando com o seu... chifre? —Pergunto


sabendo bem que estou brincando com fogo, apesar de não
muito capaz lidar com isso. Eu só sinto calor. E eu quero isso.

Eu o quero.

—Baby, eu não faço ameaças. Eu faço promessas.

Por um segundo, me esqueci de que estávamos no meio de


uma multidão, que não estávamos sozinhos e que eu não
deveria tentar o destino desta forma. Por um segundo, só queria
que ele me beijasse; me tocasse, e fizesse com que eu me
esquecesse de tudo no mundo e da minha vida, exceto ele. E eu
sei que Jake era o tipo de cara que poderia fazer isso.

Uma voz indesejada interrompe o momento. Hannah.

—Não há motivo para você ainda estar seca, Laney, - diz


ela. Eu nem olho de volta para ela, na esperança que se a
ignorasse ela iria embora. Só que ela não o faz. —Vamos lá,
vocês dois. Vamos dar um giro nesse balanço de pneu.

Um canto da boca de Jake se curva para cima, em um


sorriso irônico.
—Você não disse que estava aqui com uma amiga? Qual
era o nome dela, Lisa? Onde ela está? —Pergunta ele, sem tirar
os olhos de mim.

—Oh, ela está lá fora flertando com um cara que


conheceu.

Tanto quanto eu estava um pouco irritada com a


interrupção, Hannah tinha sido muito boa para mim e me senti
mal por ela, já que sua amiga a tinha abandonado tão
facilmente.

Engolindo um suspiro, me viro para ela sorrindo.

— Assuma a liderança!

—Isso! —Ela exclama, batendo palmas enquanto salta


balançando seus generosos peitos. Ela gira seu cabelo vermelho
e vira para a enorme rocha onde várias pessoas estão esperando
sua vez no balanço.

Jake e eu a seguimos parando atrás dela na fila. Sinto a


calorosa palma de sua mão deslizar em torno da curva de
minha cintura e envolver meu quadril. É um gesto íntimo e
sinto o calor de sua mão por todo o caminho, até meu núcleo,
fazendo com que eu deseje, mais uma vez, que estivéssemos
sozinhos.
Eu não me virei para olhá-lo. Não queria que ele visse meu
sorriso.

Saborearei a bebida até que chegou minha vez de subir no


pneu, então a entreguei a Jake.

—Aqui. Segure isso.

Jake a segurou em uma de suas mãos antes que enrolasse


os dedos da outra em volta do meu braço. Ele me impede de
seguir em frente para tomar a minha vez. —Hey, você tem
certeza que não tem problema em fazer isso? Tenho a sensação
de que você não está acostumada a beber, e esta bebida não é
exatamente um refresco de uva.

Seu comentário agita o ressentimento que tenho lutado


contra, desde que as coisas com Shane deram uma guinada
para pior. Puxo meu braço para deixá-lo livre.

—Estou bem. Eu não sou a menina bem comportada que


você pensa que sou.

Ele ergue uma sobrancelha, mas não diz nada enquanto


eu me viro e subo no pneu.

O primeiro nível não é tão ruim, mas a questão é: você


precisa escalar até outro nível, mais alto e na maior parte da
rocha para chegar ao pneu e balançar sobre a água. Quando eu
chego ao topo e um cara empurra a corda amarrada no pneu
em minhas mãos, olho para baixo. Parece que estou pelo menos
a uma milha acima da superfície da água.

—Uhhh... —O cara olha para mim, levanta as


sobrancelhas e indica com a cabeça em direção à água. —Umm,
eu não tenho certeza se que quero fazer isso. —Digo a ele.

—Ah, vamos lá. Será divertido. Você ficará bem.

Eu começo a recuar.

—Eu não acho que eu deveria.

—Você sabe nadar? —Pergunta ele.

—Claro que eu sei nadar. —Queria acrescentar um 'Duh!',


por que eu estaria aqui se eu não soubesse nadar? Mas não
faço.

—Então você estará bem. Basta colocar o pé aqui em cima


e vou balançar você para fora.

Faço uma pausa, oscilando entre engolir isso para salvar a


minha cara ou enfrentar a humilhação de voltar da fila.

Uma voz familiar interrompe meu devaneio.

—Quer que eu pule com você? —Jake balbucia no meu


ouvido.
Sinto um suspiro de alívio inchar no peito, antes de
perguntar:

—Podemos fazer isso?

Jake chega perto de mim para tirar a corda dos meus


dedos. Por apenas um segundo, quase toda sua superfície
frontal é pressionada em minhas costas. Ele faz uma pausa
antes de se endireitar, como se ele desse um tempo para eu
desfrutar da sensação de estar envolvida e tocada por todo seu
corpo.

—Podemos fazer o que quisermos. —Ele responde baixinho


com a sua respiração fazendo cócegas no meu pescoço.

E assim, estamos falando de muito mais do que apenas


um balanço.

Eu me viro para encará-lo. Ele está tão perto que posso


contar a barba escura que suja suas bochechas.

—Então, como vamos fazer isso?

Sem tirar os olhos dos meus, Jake coloca seu braço em


volta da minha cintura, me puxando apertadamente contra ele,
então me levanta do chão.

—Apenas segure-se em mim. Eu tenho você.


Eu não sei se é apenas na minha cabeça ou se Jake queria
fazer aquilo soar o mais óbvio possível. De qualquer forma, meu
cérebro estava girando com bebida, o medo e a antecipação,
assim eu podia interpretar suas palavras de forma diferente. De
certa forma, acho que Jake já me tem. Tem minha atenção,
minha atração, minha curiosidade e meu desejo, mas o que vem
a seguir? Algumas partes de mim esperam ansiosamente pela
resposta a esta pergunta. E talvez, apenas talvez, eu seja capaz
de deixar a velha Laney ir embora por tempo suficiente para
apreciar o que eu encontrar.

Meus braços deslizaram facilmente em torno do seu


pescoço e minhas pernas se entrelaçam nas dele, não deixando
nenhum espaço entre nós. Encaixamos-nos perfeitamente,
como se nossos corpos fossem concebidos com o outro em
mente.

—Pronta? —Ele pergunta, enquanto me observa


atentamente. Mais uma vez, na minha mente, ele parece estar
me perguntado sobremuito mais.

—Tão pronta como jamais estaria.

Com um sorriso, ele recua a corda, sobe para o fundo do


pneu e o empurra. Nós balançamos no ar, o suficiente para meu
estômago cair, antes de Jake deixa ir.

Então nós estamos voando.


E eu estou caindo.

Para baixo, para baixo, para baixo... Ouço o grito de Jake


pouco antes de a água gelada nos engolir. Ainda posso sentir o
calor de seu corpo e, mesmo quando nosso ritmo diminui e
começo a nadar de volta, para a superfície, Jake nunca
afrouxou seu aperto.

Chegamos à superfície ao mesmo tempo. Jake está rindo,


enquanto balança a cabeça, enviando gotas de água em todas
as direções. E quando seus olhos encontram os meus, eles
estão brilhando.

—Bem? —ele pergunta.

—Isso foi incrível. —Meu coração ainda está disparado,


embora eu não tenha a certeza se é pela queda do balanço ou
pelas as pernas de Jake enroscadas nas minhas. —Obrigada
por ter feito isso comigo.

Seu sorriso se transforma em perverso. —Existem muitas,


muitas coisas que eu gostaria de fazer com você. Espero que
este seja apenas o começo.

—Existem?

—Oh, eu acho que você já sabeque existem, não é? —Eu


sorrio diretamente para os seus olhos quando seu braço aperta
em torno da minha cintura e ele me arrasta lentamente para
águas mais rasas. Ele para apenas quando seus pés atingem a
terra firme. Os meus ainda estão balançando livremente. Minha
cabeça girava devido à bebida roxa. Meu estômago vibra com a
antecipação. E meu coração dispara de emoção.

—Diga-me para beijar você. —Ele comanda com a voz


grave.

A rígida Laney iria fazer uma pausa para considerar. E


então, educadamente, iria declinar. Mas hoje, neste
momento...... Ela não está aqui.

Eu não pensaria duas vezes. Eu quero que ele faça


isso.Eu quero que ele me beije.

—Beije-me. —Eu sussurro.

Seus lábios se contorcem de satisfação pouco antes dele


abaixar a cabeça até a minha.

O toque dos lábios de Jake me era familiar, sim. Seus


lábios eram firmes mais ainda assim dóceis e mesmo depois de
comer, ele ainda tinha um gosto vago de canela. Mas em os
outros aspectos, este beijo é diferente. Há promessas nele,
promessa de que este é o lugar onde a viagem começa, que este
é o lugar onde tenho que tomar uma respiração profunda e
realmente saltar para o desconhecido.
Sua boca provoca a minha até que ela se abre e ele pode
deslizar a sua língua no meu interior. Ele brinca com a minha
língua, acariciando-a, lambendo-a, enquanto suas mãos
patinam pelas minhas costas. Ele muda o angulo da cabeça e
aprofunda o beijo. E eu sou apanhada pela sensação de como
suas amplas mãos cobrem minha bunda e deslizam até minhas
coxas para puxá-las em volta da sua cintura.

Com o contato íntimo e sem ninguém para puxar as


rédeas, o calor explode entre nós. Uma urgência floresce,
fazendo os lábios mais famintos e as mãos ainda mais
desesperadas. De repente, nada disso parecia ser breve,
apressado ou muito perigoso. Só parece ser certo.

Sem fôlego, Jake arrasta sua boca da minha, rastejando


pelo meu ouvido, onde ele morde o lóbulo.

—Eu estava pensando mais cedo em como seria esfregar a


mão sobre sua calcinha molhada e como seria a sensação e se
gostaria que eu colocasse meus dedos dentro de você. —Ele
geme. Calafrios disparam para baixo das minhas costas e meus
mamilos formigam em pontos apertados que imploram para
roçar contra o peito dele. —Você sabe que vou fazer isso, certo?
Talvez não hoje. Talvez não amanhã. Mas isso vai acontecer.
Você será minha, Laney. Antes de tudo o que foi dito e feito,
você já era minha.
Com suas palavras soando em minha cabeça, ele esmaga
seus lábios contra os meus, mais uma vez, enfiando os dedos de
sua mão em meu cabelo molhado, enquanto a outra pressiona
meus quadris contra os dele.

Não é até que eu escuto um grito muito satisfeito que me


lembro que não estamos sozinhos.

Relutantemente, puxo minha boca longe da dele. Meus


pensamentos estão nublados. Eu não poderia pensar direito
com ele me tocando, me beijando e falando comigo dessa
maneira.

Atordoada, eu olho em volta, me preparando para ficar


mortificada. Mas ninguém está prestando atenção em nós. Jake
teve bom senso suficiente para nos puxar para uma
extremidade da enseada, praticamente escondida da vista dos
outros.

—Não se preocupe. Eles não podem nos ver.

—Eu sei, mas ainda assim....

Eu me inclino para longe. O feitiço é quebrado. Essa


conversa merece privacidade. É claro, a privacidade pode
significar que nós teríamos nos empolgados tanto. E eu não
tenho certeza do quão longe é seguro deixar Jake me carregar.
Eu achava que não existia perigo de ficar ligada a ele, mas
quando olho para seu rosto bonito e penso no grande cuidado e
consideração que ele mostrou por mim hoje, Receio que o
Senhor Errado pode começar a parecer o Senhor Certo.

Meus shorts estão finalmente secos. Bem, os shorts de


Hannah estão finalmente secos, eu deveria dizer. Depois que
Jake e eu saímos da água, nos sentamos em um tronco, no sol,
para deixar nossas roupas secarem. Levou tempo suficiente
para minha cabeça, finalmente, começar a clarear.

E indecisão tornou-se muito aparente.

Eu sou mesmo capaz de me engajar em um


relacionamento casual com um cara como o Jake? Mais cedo,
eu definitivamente pensava que sim, mas agora... Parece que
não importava o quanto eu tinha me machucado ou quanta
diversão teria do “outro lado” - eu ainda sou a mesma garota em
meu coração. Algumas são selvagens, mas não eu. Pelo menos
não seria sempre assim. Eu ainda queria as mesmas coisas. Um
homem para me amar mais do que qualquer coisa. Um homem
que colocasse nossa família em primeiro lugar. Um homem para
construir uma vida, juntos. E eu não sou louca o suficiente
para pensar que Jake seja esse cara.
Embora eu pudesse ser louca o suficiente para desejar que
ele fosse apesar de tudo.

Percebo que o sol está baixando e começo a me sentir


culpada por correr da maneira que eu fiz, sem sequer dizer uma
palavra aos meus pais. Sim, eu sou uma adulta, mas foi algo
sem consideração que eu fiz.

—Eu acho que provavelmente eu deveria ir para casa, -


digo para Jake quando outra música termina. Saltwater Creek
tem tocado de forma intermitente desde que chegamos e eles
são muito bons. Eu realmente não queria deixar este lugar. O
pensamento de me enrolar ao lado de Jake ao anoitecer, em
frente ao fogo, em uma área perto do lago era extremamente
tentador. Mas...

Era agradável sair com Jake. Ele não parecia ter qualquer
preferência em ficar ou ir.

Ele ficou tranquilo durante toda a viagem para casa, mas


não acho que isso realmente dizia muito. Tenho a sensação de
que ele não queria conversa fiada.

Ele está totalmente obscuro no momento em que


chegamos à cidade.

—Você sabe que pode apenas me deixar na casa dos meus


pais, se você não se importar. Posso conseguir que um deles me
leve até meu carro na parte da manhã. Está ficando tarde.
Jake dá os ombros.

—Ok.

—E não é muito longe daqui.

—Eu sei onde você mora.

—Você sabe?

—Todo mundo sabe onde o Pastor vive.

Ele fica em silêncio novamente. Apenas dirige o Jeep,


dando as voltas que levam para minha rua. Eu o estudo
sorrateiramente sob meus cílios. O ângulo agudo das suas
maçãs do rosto e a borda esculpida de seus lábios é realçado
pelo brilho suave da luz do painel. Ele não parece exasperado,
chateado ou incomodado. Ele só parece... Jake.

Bonito, charmoso e sexy... O Jake.

O Jake que deixa meu sangue em chamas. O Jake que não


posso tirar da cabeça.

—Lar doce lar. —diz ele levemente, quando estaciona na


calçada, na frente da casa em que cresci.

Pego minhas roupas amarrotadas e a bolsa, que estava no


assoalho do carro e agarro a maçaneta da porta.

—Obrigada, Jake. Eu tive um bom tempo.


—O prazer foi meu. —Ele responde.

Ele parece estar... Desligado, de alguma forma, mas não


posso colocar o dedo nisso. Quero perguntar, mas existem
milhares de razões pelas quais eu não deveria por esse fato eu
não deveria nem sequer me importar.

—Bem, boa noite.

—Boa noite. —Eu começo a descer, mas Jake faz com que
eu pare.

—Oh, espere. —Meu coração acelera em antecipação. Jake


desliga o motor e puxa as chaves da ignição. Ele liberta uma
chave e a entrega para mim. —Aqui. Não estarei lá por alguns
dias. É um turno ininterrupto no Corpo de Bombeiros. Leve-a
com você. Ligue para o meu celular se tiver alguma dúvida
sobre qualquer coisa.

Pego a chave dos seus dedos.

—E como você vai entrar hoje à noite?

Ele acena.

—Eu não tranquei a porta. Além disso, temos uma


sobressalente escondida em um dos celeiros.

Concordo com a cabeça e dou a ele um pequeno sorriso,


sentindo-me desolada, porque aquela noite estava terminando
daquela forma. Tão legal. Tão casual. E tão decepcionante, em
contraste do que aconteceu antes.

E você não tem ninguém para culpar, além de si mesma.


Além disso, eu deveria estar satisfeita. Jake Theopolis é uma
complicação da qual você não precisa.

—Bons sonhos, Laney. —Diz Jake quando fecho a porta.


Eu olho em volta, mas ele já se afastando.

Mas eu posso jurar que vi um sorriso, o que eleva meu


humor consideravelmente. Isso parece um pouco mais do que
geralmente é o personagem dele. Suficiente para trazer um
sorriso encantado a minha cara.

Eu ainda estou sorrindo de prazer, enquanto ando para


destravada porta da frente da casa dos meus pais. Quando eu a
fecho atrás de mim e não ouço nada, apenas um silencio
anormal e o tique-taque do relógio, que é mantido na sala de
estar, minha guarda sobe imediatamente.

Existe um problema fervilhando.

Silenciosamente, rastejo em direção aos degraus. Sinto-me


como uma adolescente novamente, tentando evitar um
confronto que vai acabar com um sermão e, em seguida, eu
sendo castigada por toda a eternidade.
Só que eu não sou uma adolescente. E começo a me
ressentir porque ainda tinha que me sentir assim quando volto
para casa.

—Laney, você pode vir aqui?

Meu pai. E reconheço esse tom.

Meu estômago cai.

Enrolando minhas roupas em uma bola apertada, aprumo


minha espinha e caminho até a sala de estar. Eu sorrio
casualmente quando paro na soleira da porta.

—O que acontece?

Ambos me olham como se eu os tivesse estapeado. E


ambos se fixam na minha bola de roupas.

—Laney, o que aconteceu? —Minha mãe pergunta,


segurando uma mão na garganta, como se eu tivesse anunciado
que estava grávida ou que aderi a uma seita.

—Onde você esteve mocinha? —Papai pergunta.

—Fora.

Sei que é uma resposta tão curta que só vai incorrer


em mais perguntas e mais ira, mas ainda me sinto um pouco
desafiante pelo gosto da liberdade que desfrutei durante todo o
dia.
—Fora onde? Com quem? E de quem são essas roupas?
Porque sei que elas não são suas.

—E como é que você sabe papai?

—Porque a minha filha nunca iria se vestir assim. —ele


ressoa.

—E o que há de errado nisso? Eu não estou mostrando


nada de modo inadequado. E, para o que eu estava fazendo,
este traje realmente escondia bastante.

Mamãe arfa.

—E o que você estava fazendo?

—Nadando. Isso é um problema?

—Onde?

—Um lugar chamado Blue Hole.

O rosto do meu pai fica vermelho.

—Você sabe que você está proibida de ir a lugares como


esse.

—Sim, papai. Eu sei que fui proibida de ir a lugares como


aquele. Mas isso foi antes de eu ir para a faculdade, me tornar
uma adulta e conseguir um emprego no mundo real.
—Só porque você está alguns anos mais velha não quer
dizer que esse lugar agora seja adequado. Ou as pessoas que o
frequentam. —Eu não digo nada. Não tem como discutir com
ele, quando está assim. —E quem foi com você? Quem te levou
para aquele buraco do inferno?

Cerro os dentes. Esta resposta será apenas a cereja no


bolo.

—Jake Theopolis.

—Laney, eu te disse...

Interrompo violentamente meu pai.

—Eu sei, eu sei. Você não acha que ele seja boa
companhia. Você não acha que ele é o tipo certo de amigo que
eu deva ter. Você não o aprova. Bem, você sabe o quê, papai?
Eu gosto ele. Ele é gentil e me ajudou hoje quando eu precisei.
E acho que você o julgou mal.

—E o que será que Shane pensa sobre você passar o tempo


com alguém assim?

Ele acha que isso é importante para o seu argumento. A


ameaça velada de fofocar sobre mim para o meu noivo.

Ha! Ele é o meu ex-noivo!


—Eu não me preocupo papai. E isso não importa. Quantas
vezes eu tenho que lhe dizer que nós terminamos?

—Bem, até que você me dê uma boa razão para acreditar


nisso, não desistirei de vocês dois. Shane é um bom homem. O
tipo certo de homem. Ele é bom para você. Você precisa ficar
com ele. E saltar sobre uma pessoa como Jake Theopolis
poderia arruinar o que vocês têm. E eu não vou tolerar isso.
Alguém tem que cuidar de você, fazer o que é melhor para você.

—Talvez sim, papai. Mas você não é ele. De agora em


diante, eu sou a única quecuidará de mim. E se eu encontrar
alguém que eu sinto que posso entregar as rédeas me
certificarei que você saiba, mas até lá: Recue.

Com isso caminho para longe dos meus pais, atordoados e,


subo as escadas para o meu quarto, batendo a porta atrás de
mim.

Se eles querem uma adolescente em casa, eu vou dar a


eles uma!

Entre a diabólica bebida que tomei no Blue Hole, o drama


com os meus pais e a quantidade minúscula de sono que tive,
eu estava cansada e irritadiça quando dirigi para a casa de Jake
na segunda-feira e durante todo o tempo que estava
trabalhando.

Quando estaciono na frente da casa, mais tarde, eu


distraidamente me pergunto por que o carro da minha mãe está
estacionado no meio-fio da rua, em vez de estar na garagem.
Quando nada, imediatamente, me vem à mente, eu encolho os
ombros e pego minhas coisas do assento de passageiro, para
entrar em casa.

Algo maravilhoso provoca meu nariz quando abro a porta.


Expiro profundamente, já me sentido um pouco melhor.

—Eu voltarei assim que de trocar de roupa, mãe! —Eu


aviso, me certificando que minha voz chegue à cozinha,
enquanto subo a escada.

No meu quarto, vasculho minha mala que está ainda


arrumada e puxo uma calça de ioga e uma T-shirt, com um
rasgo no pescoço. Esperava que a maioria das minhas roupas
confortáveis me trouxesse boa sorte. Talvez meus pais
quisessem simplesmente esquecer a noite anterior, e deixá-la
onde ela pertence, ou seja, no passado.

Talvez.

Espero.
Eu corro de volta para baixo, com passos certos, que me
levarão da sala de jantar até a cozinha. Vejo que a mesa já está
posta. Muito formal, na verdade. Penso por alguns segundos,
tentando lembrar da minha mãe fazendo planos para essa noite,
mas não consego lembrar de nada.

Mais uma vez.

Paro mortificada no meu caminho depois de dar um passo


dentro da cozinha. Fico de boaca aberta e todos os pensamentos
voam para fora da minha cabeça quando vejo o que está
esperando por mim.

Ou melhor, quem.

Sentado no banco da ilha da cozinha, ainda vestido com as


suas roupas de trabalho, está Shane. Meu ex-noivo. O homem
que eu não tenho nenhum desejo de ver ou falar, novamente,
em minha vida.

No início, fico apenas confusa. Olho para a minha mãe, em


seguida para meu pai, perguntando:

—O que ele está fazendo aqui?

Shane se levanta e caminha para mim, estendendo as


mãos para colocá-las nos meus ombros. Eu recuo ao seu toque,
me afastando dele.
—Laney, nós precisamos conversar. E seu pai pensou que
esse poderia ser um bom momento para nós fazermos isso.

Sua voz estava bem modulada, propositadamente feita


para soar razoável e confiante. Mas tudo que ouço é a voz de
um mentiroso. De um homem que partiu meu coração e me
traiu. Com minha melhor amiga.

Estou inundada com a descrença. Isso não pode estar


certo. Meus pais nunca, nunca seriam tão manipuladores e sem
consideração.

Inclino-me para olhar ao redor do ombro de Shane,


esperando ver algum sinal de indignação por suas mentiras. Ou
pelo menos algo que mostrasse que ele estava gravemente
equivocado.

Mas isso não foi o que vi.

Vejo o apoio dos meus pais. Mas não a mim. Mas ao meu
ex-noivo.

Isso é uma cilada.

—Você fez isso? —Eu sussurro, me dirigindo ao meu pai.


Minha garganta está fechada em num laço tão grande que sinto
como uma mão.

—Por favor, diga que ele está errado. Por favor, fale que
isso é apenas um mal-entendido.
Minha mãe tem a boa vontade de curvar a cabeça. Isto,
obviamente, não foi ideia dela.

Meus olhos deslizam de volta para o meu pai, de pé, alto,


orgulhoso e sem remorso, por trás do balcão. Atrás de Shane.

—Como você pôde? —Eu mal posso espremer para fora


minhas palavras, mas sei que elas são facilmente
compreendidas, pelo silêncio absoluto da sala.

—Eu não posso deixar você cometer um erro com esse


menino Theopolis, sei que você se arrependerá pelo resto de sua
vida.

Com uma dor no meu peito que mais parecia um buraco


cru e sangrento, me afasto do meu pai.

—Os dois únicos erros que cometi Papai, foram confiar em


Shane e voltar a morar aqui.

Sem olhar para trás, refaço os meus passos até a escada,


jogo meus poucos produtos de higiene pessoal de volta na
minha mala, pego a minha bolsa e vou direito para o meu carro.

Quando afasto do meio-fio, vejo de longe o lar no qual as


pessoas pareciam quase irreconhecíveis para mim agora, eu não
tenho ideia de para onde estou indo. Só sei que não posso ficar
aqui.
Capítulo 10

Jake

Estou cansado. Não devido ao esforço excessivo, como eu


poderia estar depois de um turno de quarenta e oito horas, em
Baton Rouge. Não, isso é um tédio. Mas de ficar imóvel a maior
parte dos dois dias. Não é a toa que tinha apenas meia dúzia de
caras em todo departamento da força de bombeiros daqui.
Simplesmente não existe atividade suficiente para manter
muitas pessoas ocupadas.

Eu trabalhei 18 horas extras fazendo um total de sessenta


e seis horas seguidas. Estava esperando receber algum tipo de
chamada onde poderia exercer minhas habilidades de reação,
mas não tive essa sorte. Foi simplesmente... Silencioso.

Maldição.

Uma vez que já era meio da noite, acho que vou conseguir
dormir algumas horas,e, em seguida, levantar para uma
corrida. Pelo menos o trabalho no pomar é um pouco mais
estimulante. Há mais o que fazer do que comer, jogar cartas e
assistir televisão.

Estiquei meu pescoço enquanto dirigia pelo longo caminho


que levava para a casa. Estava sentido a falta de Baton Rouge e
de toda sua emoção e atividade, até que vejo a luz do
crepúsculo da madrugada brilhar em um familiar carro azul,
estacionado na frente da garagem. Essa visão tira qualquer
lembrança de Baton Rouge e qualquer outro desejo da maior
parte da minha mente.

—O que diabos Laney está fazendo aqui há esta hora? —


Pergunto em voz alta quando verifico novamente o relógio do
painel para ter certeza que eu não estava perdendo alguma
coisa.

Não. Com certeza são três horas da manhã.

Estaciono ao lado do seu carro e sigo meu caminho em


silêncio para a casa. As luzes não estão acesas, sem sinal de
vida, o que me faz pensar que talvez ela teve algum problema
com o carro e tinha pedido para alguém ir buscá-la e levá-la até
sua casa.

É possível. Mas, mesmo que eu pudesse imaginar o motivo


disso, ainda também era possível que ela estivesse dormindo em
minha casa neste exato minuto.
Antes estava cansado, agora estava acordado. Sentindo-me
estimulado em todos os sentidos.

Silenciosamente, subo as escadas e paro no piso superior


para olhar ao redor e ouvir qualquer barulho. Não havia sons e
nada parecia está fora do lugar.

Exceto pelo fato que a porta do meu quarto estava fechada.


Meu pau contraiu atrás do meu zíper, quando todos os tipos de
cenários quentes e lascivos, envolvendo eu e Laney, voavam
pela minha cabeça. Reprimindo um gemido respirei fundo antes
de andar pelo corredor com completa discrição em direção a
minha porta.

Eu girei a maçaneta e abri a porta com facilidade. Ali,


deitada sob os raios do luar, com seus cabelos platinados
espalhados pela minha fronha marrom, está Laney, adormecida.
A colcha está empurrada para baixo dos seus quadris, deixando
toda a parte superior do seu corpo exposta. Ela estava usando
um top com encaixe perfeito em seus seios, tão apertado que eu
podia ver o contorno dos seus mamilos. Eles me dão água na
boca. E pelo que pude perceber, a única coisa que ela está
usando é uma calcinha de cor clara.

Eu debato qual seria a melhor ação a tomar a partir deste


ponto. A coisa certa a fazer seria fechar a porta e deixá-la sem
ser perturbada, enquanto durmo no sofá. Mas não é isso o que
eu quero fazer.
Quando estou parado na porta, olhando para Laney, me
lembro do nosso beijo no Blue Hole. Temos um negócio
inacabado. E é esse negócio que atira a - coisa certa a ser feita-
diretamente pela janela em favor da coisa que eu quero.

Laney.

E só me custa alguns segundos para tirar minha roupa,


incluindo a cueca boxer. Ela tem sorte que eu estava alojado
com um bando de caras nos últimos dias, pois se fosse em
qualquer outra ocasião eu não estaria usando qualquer coisa.

O mais gentil que posso levanto as cobertas e deslizo ao


lado dela. Posso sentir o calor que irradia do seu corpo vindo em
minha direção sob o lençol e aquecendo minhas pernas. Meu
pau pulsa desejando separar suas coxas e afundar nela do
mesmo modo que eu afundei lento e fácil, no colchão.

Dobro minhas mãos atrás da cabeça, cerro os dentes e


fecho os olhos, conto até vinte e cinco, num esforço para
controlar meu corpo. Ouço Laney deslocar-se para o lado direito
antes de sentir sua mão esgueirando-se pelo meu estômago. Ela
desce uma perna sobre a minha se aconchegando em meu
corpo. Espero alguns segundos para abaixar meu braço e
colocá-lo em concha em seus ombros. Ela suspira e eu relaxo
contra ela.
Mas então, sinto que ela começou a endurecer.

Eu sei o instante em que ela acorda. É como se todo seu


corpo entrasse num estado de alerta, mesmo que ela não
movesse um músculo. Seu cabelo cai no meu peito, enquanto
ela levantava a cabeça para olhar para mim.

—O que você está fazendo? —Ela pergunta com voz rouca


e baixa, como se não tivesse muita certeza que estava acordada.

—Eu vim para cama. O que você está fazendo?

—Dormindo.

—Eu posso ver isso.

Sua testa franze como se ainda estivesse processando


tudo isso. O azul dos seus olhos está pesado e posso ver que ela
está lutando contra o estado de confusão. Estava tentando
encontrar seu caminho de volta a realidade.

—Você está realmente aqui?

—Por que não seria eu?

—Porque você deveria estar no trabalho e eu poderia estar


sonhando.

—Então, você sonha comigo?


—Sim. —ela responde com franqueza.

—E eles são bons sonhos?

—Na maior parte, sim.

—Mmm, você gostaria que eles se tornassem realidade?

—As vezes

—Que tal agora?

Seus olhos procuram os meus antes de caírem na minha


boca. Isso me diz que uma parte dela sonha em me beijar.

—Sim. —Ela sussurra.

—Você estava sonhando com os meus lábios? —Eu


pergunto, mantendo minha voz baixa de modo que não a
acordasse totalmente. Eu sei qual é sua resposta; só quero ouvi-
la admitir isso.

Gentilmente eu a viro até que ela esteja de costas e eu


pairo sobre ela. Escovo os meus lábios nos dela, usando pressão
apenas o suficiente para agradá-la, provocá-la.

—Sim. —ela suspira sua respiração mentolada atiçando


pelo meu rosto, enquanto ela relaxava de encontro ao colchão.

—E a minha língua? Você estava sonhando com ela? —Eu


traço o contorno dos seus lábios com a ponta da minha língua,
mergulhando dentro, apenas tempo suficiente para fazê-la
querer mais.

—Mmm—hmmm... —ela geme em resposta, inclinando a


face para cima, em um convite aberto.

—Você sonha com isso aqui? —Pergunto, chicoteando


levemente sua orelha com a minha língua. Desço até sua
clavícula passeando os dedos sob o fino do seu top. Sinto os
seus dedos movendo pelo o meu cabelo e sei que estou ficando
ainda mais quente. —Ou você sonha com eles aqui? —Eu puxo
um lado de seu top para baixo até que a pele cremosa de seu
seio e seu mamilo rosa fica exposta. Dou pequenas mordidas e
chupões em seu peito e sinto seus dedos puxando meu cabelo.
—Mmm, você gosta disso aqui, não? —Quando eu a provoco,
encontrando seu mamilo, deslizo meu joelho entre suas pernas,
separando-as um pouco. —E aqui? Você sonha com a minha
língua aqui? —Minha mão desliza para baixo sua barriga lisa
até material úmido entre as suas coxas.

Eu sabia que ela estaria molhada.

—Sim. —Ela respira com dificuldade.

Movendo o algodão para o lado, eu deslizo um dedo entre


as suas dobras lisas.

—Eu aposto que você sonha com a minha língua aqui, não
é? —Eu pergunto, acariciando sua a sua pele molhada.
Sua resposta é mais um gemido, que fala tão claramente
como qualquer palavra. Movo-me para beijar sua barriga nua.

—E aqui? —Eu sussurro, quando acalmo meu dedo dentro


dela. Quando seus músculos apertam, eu não posso segurar
um gemido. —Oh, caralho, você é tão apertada!

Ela move seus quadris contra minha mão e eu posso sentir


seu corpo sugando o meu dedo, me implorando para preenchê-
lo com algo maior, algo mais duro. Mas tanto quanto eu quero
fazer exatamente isso, eu quero que ela esteja totalmente
acordada e que seja totalmente consensual para ela. Eu nunca
tive sexo com uma mulher que não estivesse ciente do que
estava acontecendo. E embora eu possa sentir o quão disposto
seu corpo está, quero sua mente a bordo, também.

—Laney, você sabe que isso é real, certo? —Eu pergunto,


relutantemente sossegando minha mão e olhando para cima,
passando por seu mamilo delicioso até seu rosto, cheio de
paixão. —Você está aqui comigo, na minha cama, e estou te
preparando para fazê-la chegar tão duro, que você vai gritar
meu nome. Diga que você quer que eu faça isso.

Seus olhos estão arregalados e muito acordados, mas


agora que estou dando a ela uma saída, posso ver a indecisão
correndo dentro dela... Posso sentir isso pela forma como ela
está tensa embaixo de mim.
Por que diabos eu fiz isso? Foda-se.

—Eu sinto muito, - ela sussurra, interrompendo meus


pensamentos e confirmando minha suspeita. —Eu não posso
pensar direito em torno de você, e certamente não quando você
está... me tocando.

Eu seguro um suspiro e dou-lhe um sorriso irônico. —Eu


meio que imaginei isso.

—Relutantemente retiro o dedo de dentro dela e movo meu


corpo para trás, até ficar inclinado sobre ela. Eu puxo uns fios
de cabelo fora de sua face. —Isso vai acontecer. Você sabe
disso, né?

Ela não diz nada. Não concorda não discorda nem me fala
que ela sabe disso, também.

—Só não será hoje a noite. —Eu digo, saindo de perto dela
e me sentando para passar os dedos pelo meu cabelo. Antes de
voltar para ela, dou-lhe tempo para endireitar suas roupas sem
olhar. Isso me dá tempo para concentrar em não ficar mais
duro. E não tentar convencê-la a ceder e se entregar . O que eu
poderia fazer.

Sei que se a pressionasse, poderia convencê-la a ceder.


Mas não vou. Quando fizermos isso, quero o seu corpo e sua
mente implorando por isso.
—Hoje a noite eu estou muito mais interessado em saber
como cheguei em casa e te encontrei na minha cama.

—Você está reclamando?

Eu me viro para olhá-la, para ver se é uma brincadeira.


Sua expressão é ilegível.

—Claro que não!

Ela sorri e empurra seus joelhos até o peito, descansando


o queixo neles. Mesmo que seja um gesto inocente, ele é tão
puritano que de alguma forma é sexy. E isso me faz querê-la,
mais uma vez.

Deito-me do meu lado, na frente dela, descansando minha


cabeça sobre a palma da mão.

—Então, me diga a sua fabula, Cachinhos Dourados.

Laney foca na ponta dos seus pés quando começa mexê-


los. Eu não digo mais nada nem peço. Ela vai contar em seu
próprio tempo. Ela tem que fazer isso. Está dormindo na minha
cama, pelo amor de Deus.

Finalmente, ela fala. Sua voz é calma. Ferida.

—Não fará qualquer sentido se não começar desde o início.

—Ok, então, comece desde o início.


Ela olha para mim, então, rapidamente afasta o olhar,
quase como se estivesse embaraçada. Agora estou mais curioso
do que nunca para conhecê-la melhor.

—Toda minha vida, tudo o que eu sempre quis era me


casar, ter filhos, e encontrar a vida o que meus pais têm. —Eu
reprimo um gemido.

Droga! Por que ela tem que ser esse tipo de mulher?

—Eu conheci um cara no meu primeiro ano na faculdade.


Ele parecia ser o homem perfeito. Ele era inteligente,
responsável, ambicioso e amoroso. Ele tinha praticamente os
mesmos objetivos que eu. E eu achava que ele era digno de
confiança. Acontece que ele não era. Encontrei-o na cama, há
alguns meses atrás com minha melhor amiga.

—Ah Merda! Que idiota!

Laney balança a cabeça, ainda olhando para os dedos dos


pés.

—Eu tenho certeza que você sabe... Eu Quero dizer, eu


duvido que seja alguma surpresa para você...

Quando ela não termina, eu pergunto a ela.

—O quê? Cuspa pra fora? O que eu deveria saber?


Ela luta com a forma que a frase chega até ela. Assisto
seus dentes pequenos e brancos mastigarem nervosamente o
lábio inferior. Isso é perturbador como o inferno. Me faz desejar
que ela termine a história e, em seguida, peça para eu lambê-la
da cabeça aos pés.

Embora eu duvide que isso seja provável.

Pelo menos não hoje à noite.

Talvez amanhã a noite... Se eu puder fazê-la ficar...

Quando ela ainda não fala, eu apelo.

—Porra, mulher! Fale logo.

—Olha, eu tenho certeza que isso não é nenhuma surpresa


para você... Que as pessoas veem você como um... Um... Tipo de
cara selvagem.

—Parece que eu ouvi isso uma ou duas vezes, mas o que


isso tem a ver com sua história?

Ela encolhe os ombros.

—Bem, meus pais sabem que eu estou trabalhando na


imobiliária da sua família, e....

—Ahhh, e eles não gostam de você se associe a alguém


como eu. Termino para ela.
—Não é realmente isso. Quer dizer, eu disse a eles que era
apenas trabalho, mas...

—Mas o quê?

—Mas eles não acreditaram em mim, é claro. Pelo menos


não depois de domingo.

—Por quê? O que aconteceu domingo?

—Bem, você me deixou no meio-fio e eu tive que andar


usando uma roupa hoochie3, carregando minha roupa da
igreja. Isso não deixou meu argumento profissional muito
convincente.

Eu não pude segurar a risada.

—Eram roupas hoochie? —Ela concorda com a cabeça. —É


bom saber.

—Para mim são. E para os meus pais, elas definitivamente


são!

—Então seus pais pensam que eu estou corrompendo


você?

Ela encolhe os ombros.

3
Roupa apertada e extremamente sensual, muito parecido com roupas que prostitutas usam.
—Suponho que sim. Eles sabem que não sou aquele tipo
de garota.

—O tipo que usa roupas hoochie. —digo, tentando


esconder meu sorriso.

—Sim. E vai as festas divertidas e se entrega a um flerte


sem sentido.

—Talvez eles não saibam que tipo de garota você seja.


Porque no domingo, tenho certeza que você parecia estar bem
sendo ‘aquela garota’.

—Esse é exatamente o problema. Eles sabem que esse não


é meu eu verdadeiro. Portanto...

—Eles acham que sou eu o responsável por isso.

—Certo.

—E o Pastor desaprova.

—Sim, muito.

—E é por isso que você está na minha cama? Você está


dando certeza aos pensamentos do Pastor, fazendo com que
pareça que estou colado em você?

Ela me dá uma olhada de desaprovação, e sorrio.

—Ninguém está colado a ninguém.


—Isso é uma vergonha, também.

Ela olha surpresa e começa a rir, como se não estivesse


esperando por isso. E não é possível controlar, rio junto.

Quando o sorriso dela morre, ela pergunta:

—Você vai me deixar terminar?

—Claro. Você tem toda minha atenção. —Eu digo,


estreitando os meus olhos nela. Ela me dá um olhar duvidoso,
então revira os olhos e continua.

—De qualquer forma, depois que meus pais e eu


discutimos sobre onde eu estava, com quem estava e o porquê
eu tinha ido, tivemos uma discussão. Veja, eles não sabem o
motivo que eu e Shane terminamos.

—Shane é o Senhor Perfeito?

Outro olhar fulminante.

—De qualquer forma, para encurtar a longa história, eles


não gostaram que terminamos, não gostaram de saber que
estava com você e se encarregaram de corrigir a situação.
Então, depois que trabalhei na propriedade durante todo o dia,
na segunda-feira, eu fui para casa e descobri que eles
convidaram Shane para o jantar. Sem sequer me perguntar. Foi
totalmente uma emboscada. Começaram a falar de modo que
parecesse o quanto eu era estúpida e o quanto estava errada,
em jogar fora o que tínhamos. Então deixei a casa. E não voltei
desde então.

—Eles trouxeram o cara pelas suas costas? —Ela acena


com a cabeça solenemente.

—Porra, foi uma merda isso que eles fizeram.

—Pensei dessa forma também. É como se eles não


conseguissem ou quisessem entender. Eles veem o que querem
ver, não importa o quão errado ou tendencioso seja. —Diz ela
com amargura.

—Ao longo dos anos eu aprendi que a maioria das pessoas


são julgadoras do inferno. Elas podem pensar que não são. E
algumas, provavelmente, ainda tentam não ser. Mas a maioria
é. É a natureza humana.

—Eu tento realmente, arduamente, não ser assim.

—E eu acho que você faz um bom trabalho. O fato de você


estar aqui agora mostra que você não é tão ruim como a
maioria. Especialmente nesta cidade.

Ela levanta seus grandes e tristes olhos azuis em direção


aos meus.

—Eu sinto muito que as pessoas foram tão injustas com


você e a sua irmã.
É a minha vez de dar os ombros.

—Não, não sinta. Nós tentamos tirar o maior proveito


disso. Eu já deixei um número suficiente de pessoas putas
nesta cidade para conseguir o rótulo de ‘problema’ de forma
justa.

—É tudo o que você fez? Deixar pessoas putas?

Estendo a mão para deslizar meus dedos até suas


panturrilhas suaves.

—Pode ter existido algumas filhas corrompidas e esposas


comprometidas nessa mistura. Consigo me lembrar disso agora.

—Esposas comprometidas? —Ela hesita.

—Ei, eu era um jovem. E elas estavam... Necessitadas.

—Oh meu Deus! Você realmente é um bad boy.

—Não me quer agora? Você estava tão perto.

—Perto de quê?

—De vir para o lado negro.

—Não, eu não estava.

—Sim, você estava. Você pode perceber o quão divertido é


parar de se preocupar sobre o que as outras pessoas pensam e
apenas aproveitar a vida tanto quanto pode. Nós só temos um
punhado curto de dias, às vezes dolorosos, sobre esta terra.
Você tem que buscar seu prazer onde pode obtê-lo.

—É isso que você está me oferecendo? Prazer?

Sento e me inclino para Laney. Ela não se afasta apenas


me observa. Posso ouvir e sentir que ela está prendendo a
respiração.

—Não é o suficiente?

Eu chego mais perto da borda e lambo o lábio inferior.

—Eu não sei. —Diz ela em voz baixa.

—Pode ser. Você só tem que deixar. Você apenas tem que
perceber que ficará melhor sem estar apaixonada. Isso torna as
pessoas mais fracas. Faz com que as pessoas percam o senso
comum e acabe machucando o outro. Ouça você mesma! O
amor não trouxe nada além de dor e sofrimento. Mas eu posso
fazer com que isso vá embora. Eu posso tirar sua mente da dor.
Fazer você se sentir bem, como nunca se sentiu antes. Você
apenas tem que me deixar tentar.

—Eu não sei se eu posso simplesmente saltar de cabeça,


assim. —Ela sussurra.
—Está tudo bem. Saltar pode ser divertido, mas assim
também pode ser ... explorar. Enquanto estivermos na mesma
página, com as mesmas expectativas, não pode dar errado. —
Garanto a ela, avançando para circular os meus dedos ao redor
de seu braço provocando a curva de seu peito com meu polegar.

—Então, para onde vamos a partir daqui?

Por mais que eu gostaria de foder sua cabeça contra


minha cabeceira, sei que essa não é uma jogada inteligente,
agora. Então, engulo de volta meu suspiro de frustração e opto
por um longo beijo em seu lugar. Quando ela se sente um pouco
mais descontraída, um pouco mais flexível em minhas mãos,
me inclino para trás.

—Nós vamos para a cama, - eu declaro, mordendo-lhe o


queixo e dando-lhe um tapa na coxa, em provocação. Ela grita
de brincadeira e eu pisco para ela. —E veremos o que podemos
conseguir amanhã.

—Então, só diversão? Sem pressão, sem promessas?

—Apenas diversão. Montes e montes de diversão. —Eu


chego para o meu lugar na cama e levanto um braço, esperando
que ela se enrole contra mim, e é o que ela faz. Quando ela se
aconchega e ouço seu suspiro satisfeito, eu sorrio.

E muito, muito sexo.


É o meu último pensamento,
quando caio no sono.

Capítulo 11

Laney

Eu rosno para a frigideira retirando-a do fogo. A outra já


está na pia, sob a água.

Laney, o que você estava pensando? Me pergunto.

O que começou como uma tentativa de cozinhar nosso café


da manhã se transformou em um pesadelo. Em primeiro lugar,
eu deveria ter me certificado que eu poderia encontrar tudo o
que eu precisava, antes de realmente começar a cozinhar. A
cozinha parecia uma zona desmilitarizada e eu tenho certeza
que a casa vai cheira bacon queimado para sempre.
A tosse chama minha atenção para a porta. Jake está de
pé com jeans que penden perfeitamente em sua cintura, vejo
um sorriso divertido no seu rosto e nenhum fragmento de
qualquer outra coisa. O cabelo dele está apontando para cima
em um ângulo estranho e estou certa que eu nunca vi nada que
me desse tanta água na boca como aquilo.

—Há maneiras mais fáceis e muito mais agradáveis para


me acordar do que tentar esfumaçar a casa toda.

—Você disse que é bombeiro. Estou testando as suas


habilidades. E você passou. —Digo, tossindo, meus olhos
lacrimejavam tanto que eu mal podia ver.

Jake caminha ao redor da ilha da cozinha, para abrir a


porta dos fundos.

Einstein, o cão gigante, de pêlos brancos que conheci na


semana passada, está sentado na varanda de trás, ganindo.

—Depressa! Pegue um Milk-Bone do jarro sobre o balcão.


Você ofendeu profundamente o delicado olfato de Einie, - diz
Jake. —Você pecisa fazer as pazes com ele.

Não pude deixar de sorrir quando eu pego o presente e


caminho até a porta. Saio para dar ao cão o osso e respiro uma
lufada ar fresco. Jake me segue. A baforada de fumaça cinza
grossa, flutua para fora da porta.
—Sinto muito sobre o seu bacon.

—É isso que era?

—Parte disso. Começou como uma omelete, torradas e


bacon, mas rapidamente se deteriorou quando percebi que eu
não tinha ideia de onde estava nada em sua casa.

—Como o que? O botão de desligar o fogão?

—Haha. Não, eu quero dizer algo como espátulas.

—Espátulas? Plausível história.

—Não, é sério. Tudo estava bem até que percebi que eu


não tinha como virar a omelete.

—E, em seguida... o caos!

—Exatamente. Uma vez que os ovos mexidos começaram a


queimar eu estava perdida, procurando a espátula, eles tiveram
toda a minha atenção por alguns minutos, antes... Naquele
momento, não havia nada que eu pudesse fazer. Eu não poderia
salvar o bacon.

—Ok, antes de tudo, os ovos foram queimados e depois o


bacon, eu não posso esperar para ignorar todos os outros
clichês, então se considere avisada. Em segundo lugar, porque o
grande café do amanhã tão elaborado?

Dou os ombros.
—Eu pensei que era o mínimo que eu podia fazer, já que
você não ficou louco, quando sequestrei sua cama por um par
de noites.

—Como pode alguém em sã consciência ficar louco com


isso?

—Porque é muito rude! Não é como se tivesse pedido, o


que eu deveria ter feito. Eu estava tão brava! E então, quando
eu saí da casa dos meus pais, percebi que não tinha para onde
ir. Se eu tivesse ido para o Sleep Inn4, eles teriam me
encontrado, com certeza. Quero dizer, é o único hotel na cidade.

—Bem, agora você tem um lugar para ficar, por isso você
não precisa se preocupar com isso!

—Oh, não. Eu não posso me impor assim.

—Não é uma imposição. É uma oportunidade.

Seu sorriso era diabólico.

—Atrevo-me a perguntar que tipo de oportunidade?

—Eu não sei. Você tem coragem? Está pronta para isso?
Você está realmente pronta para dar um passeio pelo lado
selvagem?

4
Rede de hotel;
—Eu... Eu... Eu acho que depende de tudo que estiver
envolvido.

Como se sentisse minha hesitação pelo rumo que a


conversa estava indo, Jake muda para uma forma mais leve de
ataque. Mais leve, mas não menos eficaz. Eu posso sentir que
ele está desgastando minhas defesas a cada segundo que passa.

—Bem, considerando que apenas acabamos de sobreviver


a um café do amanhã quase fatal... —ele começa.

—Eu dificilmente chamaria isso de ‘quase fatal’.

Ele ignora minha interrupção.

—Eu provavelmente deveria realizar um minucioso exame


físico - continua ele, sem perder o ritmo, aproximando-se de
mim, enquanto fala. Jake acaba com os braços em volta da
minha cintura. —Só para ter certeza que não há queimaduras
em seu corpo. Ou até mesmo lugares vermelhos. Você sabe, o
calor pode fazer a pele ficar muito... sensível. Eu não deixaria de
verificar qualquer... área sensível imediatamente. Massageando
elas até que se sinta melhor. Muito, muito melhor.

Minha cabeça está nadando, com a privação de oxigênio


ou pelas palavras de Jake, eu não posso ter certeza. E um
sentimento sublime de contentamento está ameaçando me
vencer. Eu deveria ficar desconfiada, mas é difícil me concentrar
em muita coisa quando Jake está balançando suavemente
contra mim, seu corpo esfregando o meu.

—Como profissional e.... Atento quando isso acontece,


receio que há uma grande bagunça para limpar agora. —Mesmo
quando declino seu inteligente oferecimento, um incêndio ainda
está queimando, está na parte mais baixa do meu estômago. Ele
é um fogo que sei que em breve precisará de atenção. E Jake vai
ser o único que poderia fazer algo sobre isso.

—Eu vou deixá-la ir por agora. Mas não vou descansar até
que eu tenha pelo menos verificado seus lábios. Você sabe, no
caso de você tê-los queimado, degustando alguma coisa.

Eu reviro os olhos e suspiro dramaticamente.

—Se você acha que deve. Quero dizer, você é o bombeiro.


—Ele agita as sobrancelhas comicamente quando sua cabeça
desce em direção a minha.

Estou amando este lado lúdico dele. Ele é realmente


encantador. O que o torna ainda mais perigoso. Eu não tinha
percebido o quão extenso seu fascínio é.

Ou talvez eu tenha feito.

Talvez seja por isso que eu tenho tentado manter uma


distância segura.
Seu beijo é leve e provocante no início, mas rapidamente
se transforma em mais. Em poucos segundos, acho meus dedos
se aprofundando em seus cabelos e meu corpo pressionando
contra o dele, desejando um contato mais próximo. Desejando...
Mais.

Quando ele se inclina para trás, seu sorriso sumiu e nós


dois estamos fôlego. Suas pupilas dominam a íris douradas de
seus olhos.

—Você tem certeza que não vai me deixar examinar o resto


de você? Eu posso fazer você suspirar de maneiras que não tem
nada a ver com a inalação de fumaça.

Eu ri nervosamente. Parece que com cada palavra e com


cada beijo estou chegando mais e mais perto de dizer sim. Para
o salto.

—Acredite ou não, eu não tenho nenhuma dúvida que você


está, absolutamente, falando a verdade.

—Eu garanto que a realidade do que eu vou fazer com você


é muito melhor do que qualquer coisa que você possa imaginar.

Meu coração está batendo e estou achando mais difícil


lembrar o motivo pelo qual eu não deveria estar brincando com
fogo desta maneira.

—Jake, eu...
—Não há desculpas. Nenhuma explicação. Eu sei de todas
as suas razões e todas as suas hesitações. E você não me deve
qualquer uma delas. A única coisa que eu quero ouvir de seus
lábios deliciosos é uma palavra: ‘Sim’. E até que você a diga é
isso que você vai obter. —Diz ele, esmagando seus lábios nos
meus em um beijo que queima todo o caminho pela minha
alma. Quando o meu interior fica como manteiga derretida, ele
me libera e se afasta. —Mas não tente incendiar a casa
enquanto isso. —Ele sorri caminhando de volta para a casa.

A fumaça se dissipou consideravelmente, mas ainda cheira


terrivelmente.

—Então é assim que é o inferno. —Murmuro quando torço


meu nariz e olho ao redor.

—Isso faz de mim o diabo? —Jake pergunta, me olhando


com uma sobrancelha levantada em desafio.

—O júri ainda está deliberando sobre isso.

Ele ri.

—Então, uma vez que estragou o café da amanhã, agora


você tem duas escolhas para o início do seu dia. Opção número
um - o que acontece de ser o que eu mais recomendo - permitir
que eu a leve para o chuveiro onde posso dar intensa atenção
para ter certeza de que cada centímetro da sua pele está livre de
resíduos de fumaça. E opção número dois, nós vamos para uma
corrida e, em seguida, voltamos e tomamos um banho, depois
eu vou fazer um café da amanhã. Um que não seja tóxico.

—Você cozinha? —Eu pergunto, mudando de assunto


antes que impulsivamente eu escolha a opção número um, a
qual estou cada vez mais interessada.

—Eu sou um bombeiro. Minhas habilidades com chili são


lendarias.

—Chili no café da manhã?

—Oh, não. Eu vou atormentar o seu paladar com as


minhas delícias culinárias. Você estará tão apaixonada por
mim, que nós vamos passar as duas horas seguintes na cama,
onde você estará adorando meu corpo como pagamento de tais
grandiosidades gastronômicas.

—Grandiosidades gastronômicas?

—Sim.

Eu estreito meus olhos e enrugo meu nariz.

—Escolhas difíceis, mas acho que eu vou ficar com a opção


dois pontos cinco.

—Eu não me lembro de oferecer outra opção a mais.

—Então eu vou apenas surpreendê-lo. —Eu digo,


caminhando para longe dele, quando eu faço o meu caminho
pelas as escadas. Eu tenho que tomar alguma distância dele,
antes de cometer um grande, grande erro. —Você não é o único
com habilidades.

Arqueando a sobrancelha negra, um lento sorriso se


espalha pelo rosto de Jake.

—Decidiu aceitar o desafio, não foi?

—Talvez.

—Afinal de contas, não vai ser a boa menina?

—Talvez nem sempre.

—Oh, isso vai ser divertido.

—Eu acho que você pode estar certo disso.

Com isso, subo os degraus, sentindo um pouco de medo,


um pouco incerta e um pouco tonta. Mas acima de tudo, me
sentindo livre.
Como se constata, eu não tenho imaginação. E
evidentemente, coragem. Pelo menos eu não tenho a coragem de
realmente sair e ser a menina má. Para assumir o risco.

Uma dúzia de maneiras diferentes de terminar uma


corrida com Jake passou pela minha cabeça, algumas sexy e
outras nem tanto. Acabei “ amarelando” e optei por tirar a
obrigação dele de fazer o café da manhã e saimos. Suados e
tudo mais.

Então, aqui estamos nós. Sentados no bar de um


restaurante na cidade que serve café da manhã todos os dias (e
se parece com um amplo trailer).

—Portanto, este é o 2.5. —Devaneia Jake, balançando a


cabeça e olhando em torno da Rita’s.

—2.5?

—De acordo com você, opção ‘dois pontos cinco’ seria


ousada. Eu não acho que você quis dizer ousadia na maneira de
contrair uma salmonela.

Eu dou-lhe um olhar dúbio. —Você sabe muito bem que a


comida aqui é ótima.

—No entanto, esse não é o ponto, não é?

Eu olho em seus olhos âmbar, exigentes e eu não digo


nada. Ele está certo. E ele sabe disso.
—Você está realmente com medo de ter um pouco de
risco? Ou é apenas porque está com medo de ter um pouco de
risco comigo?

Antes que eu possa responder, uma voz familiar soa atrás


de mim, fazendo com que os cabelos na parte de trás do meu
pescoço formigassem.

—Então, é aqui que você vem? Minha filha volta para casa
para uma visita e eu tenho que vir casualmente a um
restaurante só para vê-la?

Eu viro do banquinho para ver meu pai de pé a poucos


metros atrás de mim, com as mãos enfiadas nos bolsos
casualmente e com a sua expressão branda. Bem, na verdade
sem graça, para aqueles que não cresceram sob o seu teto. Para
aqueles que fizeram há uma tempestade logo abaixo da
superfície, uma tempestade que vem com um sermão e uma
palestra de uma hora. Eu já recebi esse sermão. Eu sempre fui
uma boa menina ao evitar problemas deste tipo. Mas, ainda
assim, eu ganho um de vez em quando. Não é divertido. E
mesmo agora, vários anos após me torna uma adulta, eu ainda
sinto vontade de me encolher, perante sua desaprovação. Mas,
consciente de que Jake está ao meu lado, mantenho os pés no
chão.

—Não, papai. Nós paramos apenas para um café da


manhã. Você se lembra de Jake Theopolis, certo?
Meus nervos estão estridentes. Eu sei como meu pai se
sente sobre Jake. Jake também sabe depois de ontem à noite.
Só espero que ele não nos embarace, mostrando isso na frente
de Jake.

—Senhor. —Diz Jake com um aceno de cabeça, ficando em


pé para enfrentar papai. Ele estende a mão educadamente para
ele.

No início meu pai apenas olha para a mão de Jake como se


estivesse suja, mas, em seguida, ele sorri e dá-lhe aperto rápido.

—Então, você é o homem que atraiu minha filha para uma


vida de pecado. —Diz ele amigavelmente como se falasse sobre
isso o tempo todo.

—Papai! —Eu exclamo, mortificada.

—Não que eu saiba. —diz Jake, com um sorriso afetado


quando retoma ao seu assento, ao meu lado. Tenho a sensação
de que ele não está tão relaxado como aparenta, no entanto, ele
se inclina para trás contra o bar, de frente para o meu pai e
cruzar os braços sobre o peito. Que é claramente uma postura
defensiva.

—Você está dizendo que ela não está ficando em sua casa?
Porque eu não posso pensar onde mais ela poderia ter ido.
—Eu não diria isso. Mas eu estive em turnos de trabalho
no Corpo de Bombeiros, então desse modo ela tinha o lugar
para ela mesma.

Meu pai balança a cabeça, mas posso dizer que ele ainda
não está satisfeito. Ele quer sangue. Sangue de Jake.

—Bem, de qualquer maneira, você pode imaginar como


algo assim parece. Como isso reflete sobre sua reputação de boa
pessoa.

—Eu imagino que aqueles inclinados a julgar os outros vão


achar isso um inconveniente.

—E ainda temos de manter uma boa aparência divina, não


é mesmo, Laney?

Ele vira com o seu olhar intimidador em mim, mas de


alguma forma, seu rosto só me mostra o quanto manipulador
ele tem sido sobre Shane e como ele tão abertamente antagoniza
Jake, eu não me intimido tanto quanto costumava acontecer.

—Isso é provavelmente a coisa certa a fazer papai, mas


isso não quer dizer que é a coisa que eu devo fazer.

—Laney, eu não te criei para...

—Isto não é sobre como você me criou papai. Trata-se de


você não ser feliz com minhas escolhas. Mas, felizmente para
nós dois, você não tem que ser. Eu sou uma adulta e eu posso
viver minha vida como eu achar melhor. Eu posso tomar
minhas próprias decisões e cometer os meus próprios erros. Eu
posso decidir quem é digno de fazer parte da minha vida e quem
não é. O que não é o seu negócio. E certamente não é o seu
papel consertar uma relação que eu terminei. Na verdade, eu
apreciaria se você ficasse fora da minha vida agora. Eu tenho o
suficiente para me preocupar sem ter que ficar acordada
durante a noite perguntando se estou ou não te desapontando.

Sem querer, fico em meus pés, me preparando para a


batalha, e tanto quanto eu odeio fazer uma cena, eu apenas
faço. Posso sentir todos os olhos do lugar focados em mim.
Evidentemente, a minha voz se elevou quando eu falei.

Eu me viro para Jake.

—Eu perdi meu apetite. Você está pronto?

A expressão de Jake é curiosamente vazia.

—Claro.

Com isso, ele desliza para fora de seu banco e estende o


braço para eu segurá-lo. O desdém do meu pai é palpável. A
aindiferença de Jake é... muita.
Começo a andar com Jake, mas papai agarra meu braço
antes que eu o possa deixar com essa humilhante conversa
para trás.

—Ele chutará você uma vez que conseguir o que quer


Laney. Não desperdice seu amor com alguém assim.

Antes que eu possa responder, Jake faz.

—Ela não vai desperdiçar seu amor comigo, senhor. Eu


sou indigno de ser amado. Mas você deveria confiar mais nela,
porque eu tenho certeza que ela não é.

Com a palma da mão de Jake na parte inferior das minhas


costas, mantenho meus olhos para frente, enquanto
caminhamos, evitando todos os olhares acusadores do povo da
cidade. Aos seus olhos, meu pai não pode fazer nada errado.
Mas agora eu, eu posso.

Minhas mãos estão tremendo no momento em que


chegamos ao meu carro.

—Aqui, - Jake diz, tomando as chaves dos meus dedos. —


Eu vou dirigir. —Ele abre a porta do lado do passageiro para
mim, então dá a volta e desliza atrás do volante. —Eu sabia que
deveríamos ter trazido o jipe. O que você é, uma elfa? —Ele
empurra o banco para trás a medida que acomoda suas pernas
compridas.
Eu não respondo. Ainda estou muito abalada pela briga
com o meu pai.

Eu nunca me levantei contra ele dessa forma, e eu não


tenho certeza se estou totalmente confortável com isso. Eu não
quero que ele pense mal de mim, mas também não quero que
ele se intrometa tanto na minha vida. Ele tem que
eventualmente me deixar crescer.

Também estou envergonhada pelas coisas que ele disse


para Jake. Eu sei que eu deveria pedir desculpas ou algo assim,
mas não sei por onde a começar.

Quando Jake liga o carro e o puxa para a estrada


principal, eu lhe dou uma olhada.

—Jake, eu...

—Não se preocupe com isso. —Diz ele abruptamente.

—Mas eu estou preocupada com isso. Eu nunca quis...

—Eu sei que você não queria. Eu percebi. Você acha que
seu pai é o primeiro pai que me desaprova? Inferno, meu
próprio pai me odiava. Por que o seu deveria ser diferente?

Sua voz pinga amargura, mas algo me diz que há mais do


que isso, em algum lugar mais profundo e ele está machucado
por causa disso. Mas o que eu devo fazer? Ou dizer? Mal o
conheço. Como posso consolar
alguém? Eu não sei? O que fazer
perante uma situação que eu não
sei nada sobre nada?

—Eu tenho certeza que isso


não é verdade. —Afirmo fracamente.

A única resposta de Jake é uma risada áspera.

Capítulo 12

Jake

Laney trabalhou em silêncio durante todo o dia. E eu a


deixei. Ela tinha alguma coisa para resolver por conta própria.
Não precisava da minha ajuda. E eu não saberia como ajudá-la
de qualquer maneira. Eu sou péssimo no quesito questões
familiares. Seja qual for a parte de mim que tinha sido boa em
estar em um relacionamento de qualquer espécie com minha
mãe, morreu há muito, muito tempo atrás. Eu aprendi desde
então que ‘stick and move’ 5 não apenas o previne de levar um
murro no boxe, mas também é uma filosofia que pode ajudá-lo
a sobreviver na vida real também.

Além disso, eu não gostaria de dar a Laney a ideia errada.


Isso que temos não é sobre isso. Não é o que nós somos. Eu não
quero que ela se apegue a mim. Ter um pouco de diversão, sim.
Ter um pouco de sexo, o inferno que sim. Mas se apegar? Não é
uma boa ideia. Eu não sou o tipo de cara que ela precisa.

Está ficando perto da hora do jantar e eu tenho uma


missão: ter Laney de volta na minha cama esta noite,
obviamente debaixo de mim.

Eu acho que é apenas uma questão de tempo antes que


ela diga que não seria certo dormimos juntos. O que eu digo?
Mentira! Isso é uma desculpa. Se ela quer deixar de ser uma
boa menina, ela pode começar comigo. Eu sou tão bom em
trazer o mal a uma menina como um homem pode ser.

E trazê-lo para fora em uma mulher como Laney, será


doce.

Meu telefone toca, enquanto atravesso o pátio para a porta


de trás da casa. Eu olho para o identificador de chamadas e vejo
o número principal do departamento na tela. Paro e aperto o
5
Termo usado no boxe, no qual você desfere socos consecutivos no adversário e move rapidamente para impedir que ele
te acerte.
botão verde. Depois de algumas frases curtas trocadas, desligo e
deslizo o telefone no bolso.

Apenas assim, em um único ato, tão simples como atender


ao telefone, meus planos para seduzir Laney hoje à noite são
impedidos. Com um suspiro, eu entro em casa desviando para
a sala de jantar, onde ela trabalhava.

Sua cabeça está dobrada sobre a mesa, com os olhos


focados em alguns papéis. Quando encosto-me ao batente da
porta, ele range, me entregando. Sua cabeça vira. Quando ela
me vê, seus lábios se curvam em um sorriso acolhedor.

—Eu não te ouvi. Há uanto tempo você está aí?

—Apenas alguns segundos. Não queria assustá-la. —Eu


me afasto da porta e me dobro casualmente sobre o ombro de
Laney, como se para ver em que ela está trabalhando. Seu leve
aroma provoca meu nariz, e eu a ouço recuperar o fôlego,
quando meu peito esbarra em seu braço. —Em que está
trabalhando agora?

—Um. Apenas o conteúdo do cofre. Há um monte de


papelada lá para examinar.

Eu posso praticamente ouvir seu pulso pulando. Sei que


ela me quer. E sei que isso a torna desconfortável. Ela não sabe
bem o que fazer com isso. Mas isso faz com que seja apenas um
de nós, porque eu sei exatamente o que fazer com isso! Só que
não esta noite.

Com um suspiro, me endireito para longe dela. Não faz


sentido eu nos deixar excitados quando tenho que sair.

Droga!

—Um dos outros bombeiro me ligou, avisando que está


doente. Parece que todo o trabalho de merda dele irá para outra
pessoa, que deverá substituí-lo. Eu. Você sabe como isso
funciona.

Laney se vira para mim.

—Oh, - diz ela, a decepção é clara em seu rosto.


Perversamente, fico satisfeito em ver. —Ok. Vou alimentar o
cachorro até você voltar.

—Não há necessidade. Há comida e água nos bebedouros


para ele no celeiro. Ele sabe como trabalhar com eles.

—Eu me perguntava por que ele não estava muito


interessado na comida que eu estava dando a ele.

—Você alimentou o cachorro?

—Claro! Eu comprei algumas latas de comida. Achei que


você tinha deixado ele aqui para morrer de fome.

—Você está brincando, certo?


—Mais ou menos. No começo, eu realmente pensei isso.
Mas então, quando ele não quis comer a comida que eu
colocava, eu pensei que talvez você tivesse feito arranjos para
alguém alimentá-lo em outros lugares, como em uma fazenda
vizinha ou algo assim. Quero dizer, ele desaparece por horas
durante o dia. Imaginei que ele tinha que comer em algum
lugar.

—Eu aprecio sua confiança em mim, mas...

—Eu só pensei isso por um segundo...

—Uh-huh. Claro.

—Realmente. Eu não acho que você seja esse tipo de


pessoa. Não realmente.

—É bom saber. —Respondo, laconicamente. Estou um


pouco irritado que ela pudesse pensar tão pouco de mim, até
por um segundo.

Quando o silêncio se estende, ela fala.

—Bem, quando você vai estar em casa?

Pelo espaço de poucos batimentos cardíacos acelerados,


sinto uma onda de pânico me sufocar. Ao ouvi-la dizer isso,
dessa forma, "Quando você vai estar em casa?", faz parecer que
sou responsável por ela. Como se eu estivesse em um
relacionamento. Responsável por não quebrar seu coração. Ou
machucá-la. Como se eu fosse alguma coisa para ela que eu
nunca poderia ser.

Mas então isso se vai. A onda recai uma vez que me lembro
que não estamos brincando de casinha, ela não é minha para
cuidar. Lembro-me que não tenho nenhuma obrigação. Ela esta
ficando na minha casa por um motivo, que não tem nada a ver
comigo.

—Eu não tenho certeza. Eu acho que você vai saber


quando eu aparecer. —Digo calmamente, esperando sutilmente
atingir meu objetivo. Tanto ara ela tanto quanto a mim.

Ela não reage.

—Acho que sim, - ela concorda em voz baixa. —Espero


que, uh, fique bem, então. E seguro. Felizmente não há uma
grande quantidade de incêndios em Greenfield. —

—Sim, mas isso faz um turno incrivelmente chato.

—Provavelmente ainda melhor do que ficar por aqui, no


entanto. Tenho certeza que eu sou uma terrível companhia. —
Seu tom é cheio de melancolia.

Este é sem dúvida um momento ruim para eu ir embora.


Quero dizer, ela acabou de ter uma enorme briga com seu pai.
Em público, nada menos. E, em parte, sobre mim. Se fosse
comigo, eu iria querer estar sozinho. Mas com Laney, eu aposto
que ela preferia não estar. Ela não gosta de muito tempo para
pensar, eu aposto.

—Você sempre pode ir e me visitar. Quebre a monotonia.


Eu poderia mostrar-lhe ao redor da estação. Você sabe, são
lugares bastante impressionantes. Perdendo apenas para a
Estação Espacial Internacional.

Ela sorri.

—Oh, eu tenho certeza. Toda aquela tecnologia


incompreensível, como... Mangueiras de água e grandes
caminhões vermelhos.

—Não subestime. Fazer coisas molhadas é um dos meus


passatempos favoritos.

Suas bochechas coram e ela olha para longe, embora eu


possa ver os lábios dela se contorcerem. Ela parece estar
ficando um pouco menos defensiva com cada comentário que eu
faço. E eu gosto que ela esteja se soltando. Isso me garante
apenas que eu vou tê-la, exatamente onde a quero, em algum
momento.

—Bem, a oferta está de pé, se você se cansar de ficar presa


aqui. Quando eu voltar, eu vou levá-la ao pomar. Você não disse
que precisava visitar a propriedade.
—Sim. Vai ser formalmente pesquisada e avaliada, mas eu
preciso obter uma posição da terra para colocar no meu
relatório final.

—Oh, eu posso dar-lhe uma posição da terra.

Suas bochechas coram um pouco mais brilhantes,


fazendo-me ficar muito orgulhoso de mim mesmo, por algum
motivo. É fascinante ver como ela reage a mim. Embora eu
pudesse ver isso se tornar um hábito - provocá-la - eu não
estou preocupado. Não sou o tipo de cara que se envolve com
uma garota assim. Eu vivi sem amor por muito tempo para
voltar agora. Gosto das coisas do jeito que elas são.

Mas, ainda assim, eu posso ver como isso poderia


acontecer...

Para alguém...

Alguém mais adequado para amar e ser amado.

Mas não eu.

Definitivamente, não eu.

—Eu vou planejar isso, então.

—Para eu te dar a posição da terra? —Pergunto,


arqueando uma sobrancelha sugestivamente. Ela é muito
divertida de provocar.
—Bem, não esse tipo de posição. —Ela responde, fazendo-
me levantar minha outra sobrancelha.

—Muito bom! Realmente. Talvez você tenha algum


potencial depois de tudo.

Às minhas palavras, sua expressão cai lentamente em uma


que é mal-humorada e pensativa. Seu suspiro é profundo e
longo.

—Eu não sei. Às vezes acho que quem me amar só tem que
me amar do jeito que eu sou. Seja qual for a forma.

Em um momento atípico de empatia, me sinto mal por


Laney. Eu sei como é se preocupar em ser amado. Eu fiz isso
por anos. Até que aprendi a parar. Até que aprendi a parar de
me importar e parar de tentar. Mas para Laney, não acho que
ela fará isso. É óbvio que é parte de quem ela é.

Tão gentilmente quanto posso, ajusto o queixo e respondo.

—E alguém vai, Laney. Alguém vai.

Seu sorriso é pequeno e um pouco triste.

—Eu tenho meu celular comigo. Chame se você precisar de


alguma coisa. Não que eu realmente não possa fazer algo sobre
isso, mas se você estiver queimando a casa, eu vou saber que
caminhão trazer.
Ela ri. É uma boa nota para
deixar as coisas.

Capítulo 13

Laney

Meu telefone toca. É Tori. Mais uma vez. Por alguns


segundos eu passo o dedo sobre o botão verde para atender a
chamada. Mas depois, uma imagem dela na cama com Shane
brilha através da minha mente, eu vou direto para o botão
vermelho para declinar.

Levanto-me e me afasto da mesa da sala de jantar. Com


Jake longe, é solitário ao redor da casa. Não é que eu esteja
acostumada com ele por ali, nem nada. Mas estou gostando da
sua companhia cada vez mais conforme o tempo passa. Além
disso, agora que estou brigada com Tori e com meus pais, estou
num mundo muito solitário. Eu poderia usar o companheirismo
que encontrei em Jake.

Eu poderia dizer para mim mesma que é só isso, o dia


todo, mas eu sabia que hávia mais nisso.
Deixo de lado aquela voz. Mais do que nunca, eu não
quero pensar muito e analisar as coisas. Só quero ter um pouco
de diversão. Para esquecer a vida, a dor, a dificuldade e a
responsabilidade, tanto quanto eu possa. Estou aqui para fazer
um trabalho, mas não há nada que diga que não posso ter um
pouco de diversão.

Se eu sou mesmo capaz de fazer algo como ter um pouco


de diversão.

Frustrada, ando até a geladeira. Meus olhos movem-se ao


longo das compotas de pêssego, manteiga, leite e a embalagem
de presunto, mas nada alcança meu interesse.

Até que vejo o vinho de pêssego.

É sábado à noite. Não haveria nada de errado comigo e um


copo de vinho de pêssego. Absolutamente nada. Mas o
pensamento de fazer isso sozinha se torna muito menos
atraente.

Olho pela janela da cozinha, o sol está pouco visível no


horizonte. Vai escurecer em breve. Outra noite sozinha. Outra
noite sem Jake.

Tudo em mim faz uma pausa, em um suspiro.

A menos que eu lhe faça uma visita.


Assim que o pensamento entra na minha cabeça, penso
imediatamente em pelo menos dez razões pelas quais eu não
deveria visitá-lo. Mas, lutando para me livrar da garota que
sempre fui, fico na frente da geladeira aberta até que a garrafa
de vinho de pêssego e meu desejo de testar as chamas da
atração sobrecarreguem minhas reservas e as silencie.

Impulsivamente, antes que eu possa mudar minha mente,


tomo as escadas de dois em dois. Quando entro no quarto de
Jake, penso distraidamente sobre como eu provavelmente já
deveria ter me mudado para outro quarto. Mas ao invés de
explorar as razões pelas quais eu não fiz isso, me concentro em
escolher uma muda de roupa. Isso é muito mais divertido e
muito menos estressante.

Estou feliz que eu não tinha desempacotado minhas coisas


na casa dos meus pais. Minha saída na noite em que eles
descarregaram Shane em mim teria sido muito mais dramática
se eu tivesse que gastar meia hora arrumando minha mala.
Mas, eu só joguei algumas coisas na minha bolsa menor, fechei
todos os meus pertences na maior e decolei. Pelo menos eu
tenho tudo que preciso e não há razão para voltar se eu não
quiser. E eu não quero. Pelo menos ainda não.

Acelero através de um banho rápido, me entupo de alguma


loção perfumada e escorrego em uma saia curta de verão branca
e um top cor de pêssego com alças finas. Depois deslizo meus
pés em plataformas brancas que me fazem parecer mais alta e
minhas pernas mais longas, dou um passo para trás para me
avaliar.

Meu cabelo ainda está em um confuso coque do chuveiro,


algo que, na verdade, fica muito bem com esta roupa especial.
Minha maquiagem poderia ter algum retoque, então depois de
um golpe rápido, aqui e ali, estou pronta para ir.

Lá embaixo, pego o vinho de pêssego na geladeira junto


com um par de bolinhos de chocolate que sobraram, atiro um
osso na varanda de trás para quando Einstein voltar. Bato a
porta e saio correndo.

Eu ainda estou tentando não me julgar, pois sempre fui


muito cautelosa. Tive o suficiente disso por um tempo e queria
que minha consciência apenas se calasse e me deixasse com
alguma aparência de alguém que tem uma vida.

Não é até que me viro no quarteirão do corpo de


bombeiros, vários minutos depois, que começo a ficar nervosa.

O que diabos você estava pensando?

Com o motor ainda ligado, fico no estacionamento,


olhando para a porta do compartimento fechado, me debatendo
o que estou a prestes a fazer. A garrafa de vinho no assento ao
meu lado chama minha atenção. Alcançando isso, tiro a tampa
e tomo um gole enquanto eu penso. Dou vários goles na
verdade. O suficiente para acalmar meus nervos estridentes e
criar coragem para desligar o motor e sair do carro.

Eu endireito minha roupa e faço meu caminho para a


porta principal. Está trancada, é claro, mas há uma campainha
vermelha acesa a esquerda que diz APERTE AQUI para ter
assistência. Então eu faço.

Dentro de poucos segundos, vejo uma sombra através do


vidro fosco. Ele aparece no topo de algumas escadas. Depois de
alguns segundos, o vejo se mover para baixo, descendo as
escadas.

Meu estômago torce, em um nó doente.

Pouco antes de eu poder fugir a porta se abre. E Jake está


de pé lá. Sorrindo.

—Droga, se você não é um colírio para os meus olhos! Você


sabia que eu estava indo embora?

Fico olhando para ele, de boca aberta, durante alguns


segundos.

—Você estáva indo embora?

—Sim. Ronnie veio para me aliviar. Ele queria as horas


extras. Estava indo para casa.
—Oh, bem, nesse caso... —Eu digo, me sentindo como
uma completa idiota. —Eu acho que vou vê-lo lá, então.

Começo a me afastar, mas ele agarra meu braço.

—Espera aí, o que é isso? —Pergunta ele.

Leva-me um minuto para descobrir sobre o que ele está se


referindo.

—Oh, é, uh, é vinho de pêssego, peguei da sua casa.

—Você trouxe vinho? Para uma estação de incêndio?

Seu sorriso não vai me fazer sentir pequena. Não, mesmo,


estou controlando isso muito bem por conta própria.

Desenterro a mulher forte, a pessoa no controle. Eu não


tenho certeza de quanto tempo ela estará no controle, mas pelo
menos ela coloca uma boa máscara.

—Eu acho que foi muito bobo. Foi uma coisa impulsiva.
Estava entediada. E pensei que seria bom vir até aqui e você
compartilhar um pouco de seu trabalho duro.

Jake pega a garrafa da minha mão, em seguida, envolve


seus dedos nos meus e me puxa para dentro.

—Veja, seria uma vergonha tal gesto ser desperdiçado.


Deixe-me mostrar-lhe o lugar e então nós vamos chegar a este
vinho, da maneira certa.
Eu não pergunto o que isso significa. Simplesmente o
acompanho em silêncio. Já fiz suficiente papel de boba por uma
noite. Melhor apenas manter a boca fechada e esperar que eu
não piore a situação.

Subimos um conjunto de degraus pintados em um


impecável cinza pálido. No topo ficam duas portas, também
pintadas de um cinza monótono. Jake me leva através da
primeira. Que leva a um longo corredor com portas em ambos
os lados.

—Este é o lugar onde os alojamentos ficam bem como o


escritório.

Concordo com a cabeça, olhando ao redor.

—Tudo é muito limpo. E... Cinza.

Passamos um par de portas, ambas fechadas, ambas


claramente marcadas a que pertencem. A terceira porta tinha
uma janela. Uma rajada de ar, de dar água na boca me bate,
quando Jake a abre.

Eu espreito em torno de seu ombro para ver três rapazes


sentados em uma mesa redonda num lado da sala. Em frente à
mesa está uma pequena cozinha, na frente da qual há uma
mesa de bilhar e na frente dessa um sofá e duas cadeiras, todos
voltados para a televisão.
—Ei, eu vou levar uma amiga minha para um rápido
passeio antes de ir. Vejo vocês, idiotas, em poucos dias.

Três cabeças giram em direção à porta, olhando-me com


curiosidade.

—Tem certeza que não quer ficar? —Isso vem a partir de


um cara baixo, que aparenta ter trinta anos.

—Com vocês macacos? Não, eu acho que estou bem.

—Eu queria dizer ela, idiota. Claro, se você está com medo
que eu a roube de você, eu entendo.

—Ela não é lésbica, Johnson, - Jake diz ferozmente. —Oh,


espere, você é suposto ser um cara, certo?

Os outros dois começam a rir, Johnson apenas balança a


cabeça. —Isso é simplesmente errado, homem. —diz ele
lamentavelmente. Os outros riem muito mais duro.

Sem outra palavra, Jake, sorri e me leva para fora da porta


e continuamos no corredor.

—Parece que você está se dando bem.

—Sim, eles são muito bons.

Passamos duas portas abertas, uma de cada lado do


corredor. Jake faz uma pausa e olho o interior. Ambos os
quartos são idênticos.
—Estes são os quartos de dormir.

Há duas camas de solteiro em cada quarto. Todos as


quatro estão feitas com lençóis lisos brancos e cobertores
marrons deprimentes. Muito utilitário.

—Não é muito acolhedor. —murmuro.

—Eu vou dizer aos caras para escolher algo florido da


próxima vez. —Jake brinca.

—Não é isso. Eu só acho que eles poderiam ter deixado às


camas um pouco mais atraentes.

—Eu sei exatamente o que você poderia fazer para tornar a


minha cama mais atraente.

Deslizo meus olhos sobre Jake, ele está ao meu lado. E


perfeitamente imóvel, seu peito está roçando meu ombro. Seu
olhar mel fixo em mim e escaldante. Não há nada leve nele
agora. Ele é todo intensidade e calor. Predatório.

De repente, o corredor parece estreito. O ar


desaparece junto com minha capacidade de respirar. Me sinto
perseguida. Enlaçada, como uma presa indefesa que não pode
fugir. Só que eu não tenho certeza que quero. E eu acho que
Jake sabe disso.

—O que é isso? —Peço baixinho.


—Você quer que eu descreva detalhes gráficos? —Pergunta
ele.

Eu não digo nada, apenas aceno com a cabeça.

Ele dá um passo à frente.

Instintivamente, eu dou um passo para trás.

Novamente e novamente, fazemos isso, ele se adianta, eu


dou um passo para trás, até que sinto a parede, firme contra
minhas costas. Eu não tenho outro lugar para ir. Nenhum
outro lugar para correr.

—Você poderia me deixar vê-la tirar essa coisinha de seu


corpo, - diz ele, com a respiração ventilando em meu rosto
enquanto ele corre o dedo para trás e sob a alça fina do meu
top. —Você poderia tocar esses seios perfeitos, fingindo que sou
eu, até que seus mamilos estejam duros e sua calcinha
molhada. —Ele fica mais perto de mim, me achatando contra os
blocos de concreto frios. Ele dobra o joelho, deslizando-o entre
os meus. O tecido da calça jeans é áspero contra a pele nua de
minhas coxas. —Você pode tentar escapar desta pequena saia e
do algodão úmido debaixo dela, depois ir ficar na cama. Com
seus saltos altos. E nada mais. —Ele se inclina para mais perto,
seus lábios passando na concha da minha orelha enquanto ele
fala. —Então, você poderia sussurrar que quer me sentir dentro
de você. Meus dedos. Minha língua. Meu pau. Isso é o que você
poderia fazer para deixar minha cama mais atraente.

Meu coração está batendo tão alto que mal consigo ouvi-lo.
Mas já ouvi o suficiente.

Ele está tão perto que posso sentir o calor irradiando de


seu corpo, aquecendo toda minha frente. Ele me puxa para ele,
para mais perto.

Depois de alguns segundos, ele se afasta.

—Venha. Deixe-me mostrar-lhe meu mastro.

Com um brilho malicioso nos olhos, Jake pega a minha


mão e me leva. Não para um dos quartos, mas pelo corredor, até
outra porta.

Ele a abre e anda através do cômodo. Às cegas,


ansiosamente, o sigo.

É um quarto pequeno com uma prateleira fina de


passarela em torno de um centro aberto, dominado por um
mastro brilhante que desaparece na escuridão abaixo.

—Uma vez que você está vestindo uma saia e saltos, eu


vou descer com você para que não se machuque. Eu odiaria que
você rasgue a pele de suas coxas lindas. —Diz ele, seus olhos
caindo em minhas pernas. No mesmo instante, elas ficam
quente, como se ele realmente as tocasse
E, oh, como eu gostaria que ele fizesse isso. Esse calor e
essa antecipação estão rapidamente se tornando insuportável.

—Aqui, pega isso, - diz ele, enfiando a garrafa de vinho na


curva do meu braço. Eu suspiro quando ele me agarra pela
cintura e me puxa para ele, minhas pernas deslizam sobre uma
das dele. Com os olhos nos meus, ele me dá um aperto rápido,
forçando-me em sua coxa, um pouco mais. O atrito é delicioso.
E ímpio. —Não posso ter você deslizando em um poste de metal
em uma saia.

Virando seu corpo levemente, ele me inclina em direção ao


seu quadril, Jake se inclina para frente e agarra o poste, então
balança cuidadosamente para frente, segurando-me ao seu
lado. Eu o aperto com minhas pernas, enquanto ele nos permite
deslizar lentamente para baixo do poste.

Quando chego ao fim, Jake me gira e aperta minhas costas


no poste. Seus lábios estão nos meus. Sua língua está na minha
boca, me provocando, me fazendo promessas de prazer indizível.

A garrafa de vinho desaparece e, em seguida, minhas mãos


estão livres para segurar seus ombros largos e mergulhar em
seu cabelo espesso e espetado. Segura-lo perto. Puxar para
mais perto.
—Você sabe o quão louco você me deixa? —Sussurra Jake.
Eu abro minhas pálpebras para olhá-lo. Seus olhos brilham nas
sombras. A única luz é o cone fraco que derrama sobre nós lá
de cima. Tudo o resto é escuro como breu. —Vir aqui com seu
sorriso tímido e sua saia sexy. Aposto que você é mais doce do
que o vinho que trouxe. E caramba, hoje eu vou descobrir. Esta
noite, eu vou provar você.

Com um grunhido, ele toma meus lábios mais uma vez,


com as mãos percorrendo meu corpo, me queimando através de
minhas roupas.

E então não há nada entre as palmas das mãos quentes e


minha pele. Eu as sinto deslizar pelas costas das minhas
pernas, deslizando sob a barra da minha saia, afundando na
carne da minha bunda. Ele aperta me puxando apertado contra
ele, esfregando seu comprimento duro contra mim.

—Diga-me que eu posso te provar. Diga-me que você quer.


Bem aqui. Agora mesmo.

Eu não posso pensar. Eu não posso respirar. Só posso


sentir. E eu sei que quero mais. Quero tudo que Jake pode me
dar.

—Sim. Eu quero que você me prove. —Minha voz sai rouca


e ofegante, mesmo para os meus próprios ouvidos. —Agora
mesmo.
Como tocar um tigre sem coleira, Jake torna-se feroz. Ele
arrasta suas mãos no meu cabelo e puxa até que ele cai livre em
volta dos meus ombros. Então ele está beijando um rastro
quente na minha garganta. Suas mãos estão nos meus seios,
apertando meus mamilos através do tecido fino da minha
camisa, me deixando louca de desejo.

Eu sinto seus lábios contra meu estômago. Em seguida,


sua língua atinge meu umbigo. Suas mãos estão debaixo da
minha saia, depois elas estão em minhas coxas, empurrando-
as.

De bom grado, eu as abro, recostando-me contra o poste,


para apoio, fecho os olhos quando perco o fôlego, ciente de nada
mais do que Jake e o que ele me faz sentir.

Ele aperta os lábios contra mim através da minha


calcinha. Tudo o que posso pensar é que eu quero mais. Eu
quero tudo.

Eu o sinto empurrá-la para o lado. E então seus dedos


estão dentro de mim, movendo-se profundo e lento.

Eu gemo em voz alta.

—Shhh, - ele sussurra contra mim, fazendo com que meus


joelhos quase dobrem. —Fique quieta ou eles vão ouvi-la.
Calor jorra através de mim, sabendo o que Jake está
fazendo comigo, enquanto aqueles homens estão lá em cima.
Que tudo que eles têm de fazer é olhar para baixo do poste para
me ver sendo devastada por seus lábios e língua.

E então sua boca quente se move para baixo para


substituir os dedos. Seus lábios se movem contra mim, como se
ele estivesse me beijando enquanto sua língua gira sobre minha
parte mais sensível, empurrando-me mais e mais.

—Oh meu Deus, você tem um gosto tão bom. —Ele geme
contra mim, as vibrações enviam calafrios pelas minhas pernas.
Mais e mais rápido, ele me penetra com os dedos até que eu não
posso mais me conter. Aperto uma mão sobre minha boca
quando meu corpo explode em chamas molhadas se
derramando sobre Jake que está ajoelhado entre minhas
pernas.

Enquanto espasmos afogam meu corpo, sinto sua língua


empurrando ritmadamente dentro de mim, quente e profunda,
prolongando o prazer que está correndo por mim.

Eu ofego por trás de minha mão de olhos bem fechados,


contra a explosão de luz que brilha por trás deles. E, em
seguida, Jake está puxando meu pulso, movendo os dedos
longe dos meus lábios e dirigindo sua língua entre eles. Ele
lambe o interior da minha boca, compartilhando comigo o que
ele encontrou.
—Veja o quão doce você é. —Ele resmunga. É uma coisa
tão perversa a fazer, parece muito impertinente e proibido, sinto
outro jorro de calor entre as pernas. Eu sei que tudo o que Jake
me pedir para fazer agora, eu farei. Onde quer que ele queira
que eu vá, eu irei.

—Eu preciso de mais, - eu digo, sem sentido em minha


paixão. —Eu preciso de você.

Eu não sei o que sobre essas palavras o faz parar, mas


elas fazem. Eu o sinto tenso e frio, como se um sopro de ar frio
fosse chicoteado pela sala.

—O quê? —Eu pergunto confusa. —O que está errado?

Na pouca luz, seus olhos procuram os meus. Durante


vários segundos de duração, ele não diz nada. Em seguida, ele
chega para o meu pescoço, empurrando meu cabelo longe do
pescoço e beijando meu pulso.

—Nada - ele responde. Mas eu não acredito nele. —É


melhor irmos. Eu duvido que as pessoas verão com bons olhos
eu corromper a filha do Pastor desta forma. —Seu sorriso é
irônico, mas acho que ele está escondendo alguma coisa por
trás disso. Eu só não sei o quê.

Eu sei que meu sorriso é trêmulo na melhor das hipóteses.


Eu o sinto derreter quase tão rapidamente quanto pude evocá-
lo.
—Ok.

Com isso, Jake pega a


garrafa de vinho do chão, (eu mal
tive consciência dele a tirando de
mim), pega a minha mão e me
leva do quarto escuro para a porta.

Capítulo 14

Jake

Eu sou mais grato do que nunca por Laney não ser o tipo
faladeira. Qualquer outra mulher teria provavelmente me feito
mil perguntas sobre o que aconteceu na estação de bombeiros.
Mas não Laney. Ela está apenas mais silenciosa.

Estamos de volta em casa há alguns minutos e agora ela


está arrumando suas desculpas para obter o inferno longe de
mim.

—Eu acho que vou passar minhas coisas para outro


quarto e ir para cama. Estou muito cansada.
Eu sei o que ela está fazendo, mas opto em fingir
ignorância. Ela está pensando o pior de mim. Dessa forma,
nunca vai se apegar. Ou ter alguma expectativa. Ou, pior ainda,
se apaixonar por mim. Ela merece mais do que isso. Eu não iria
me desejar ao meu pior inimigo. Sou um buraco negro para o
amor. É a maneira que nasci.

—Não há nenhuma razão para fazer isso. Eu não vou tirar


vantagem de você em seu sono, - a asseguro. —a menos que
você queira. —Eu sorrio.

Ela franze a testa em confusão. Tenho certeza que ela não


entende minhas mudanças rápidas. E isso é bom. Ela não
precisa saber sobre as coisas que me fizeram ser quem e o que
eu sou.

—Se você tem certeza...

—Claro que eu tenho certeza.

—Tudo bem, então.

Cautelosamente, como se ela não tivesse sido chamuscada


e até mesmo queimada, por minhas ações anteriores (ações,
tenho certeza, que ela vê como rejeição), Laney faz seu caminho
até as escadas. E eu a deixo ir.

Quase três horas depois, eu subo. Fico na porta, olhando-


a, espalhada no centro da cama. Seu cabelo é como uma
cascata de platina derramando sobre o travesseiro. Seu rosto
está relaxado durante o sono. Foi-se a desconfiança e a concha
fria que ela às vezes se esconde por trás. Foi-se a dor de mais
cedo. Isso me deixa desconfortável, pois sei que fui eu quem a
colocou lá antes. Mas me lembro de que isso é para o bem dela.

Para o melhor.

Ando para a cama e toco suavemente a lateral de seu


corpo. Ela enruga sua testa e murmura algo, mas se move para
o lado e eu deslizo ao lado dela. Não demora muito para ela
rolar para perto de mim e se enrolar em meu corpo, com a
cabeça no meu peito.

Porra, ela parece bem lá.

Minha mente pisca de volta para a forma como ela


respondeu ao meu toque, hoje à noite, pressionada contra um
poste de metal frio e não parecendo se importar. Açúcar e
especiarias.

Para o meu próprio bem, tento colocá-la para fora da


minha mente.

Mas é seu rosto e seu corpo que preenche meus sonhos.


Está quente e estou pegajoso, eu poderia usar uma pausa.
Com Laney. Estou me sentindo um pouco inquieto e acho que
ela soa como a distração perfeita.

Indo para a casa, a encontro escondida na sala de jantar,


como de costume. Desta vez, ela tem um livro e um monte de
fotos de diferentes itens da casa, espalhadas na frente dela.

—Uau, - eu digo, enquanto tomo o meu lugar habitual


encostado no batente, observando-a. - Isso parece chato como o
inferno.

—Você acha? —Ela pergunta, olhando para mim. Ela está


usando óculos hoje. Nunca a vi com eles antes e normalmente
não gosto dessa aparência (ou desse tipo de mulher, gosto delas
para que o interessa), mas Laney está um tesão. Pelo menos
eles ficaram terrivelmente sexy nela. Ela se parece com uma
bibliotecária gostosa ou algo assim. Recatada e tudo. E cara, ela
está recatada hoje, especialmente desde a noite passada! Deixa-
me muito mais ansioso para levá-la a se soltar.

—Sim. Mas para sua sorte, eu tenho o antídoto


perfeito. Venha comigo.

—Eu realmente preciso fazer isso.


—Esse será um trabalho, também. Apenas uma variação.
Algo um pouco mais divertido de se fazer.

—E como você pretende deixar o trabalho divertido?

—Bem, para começar, eu vou estar com você. Como pode


dar errado?

Ela sorri e revira os olhos, mas é uma expressão lúdica.

Temos um bom começo.

—O que este ‘trabalho divertido’ que você fala acarreta,


exatamente?

—É uma surpresa. Mas posso dizer-lhe que vai envolver


alguma caminhada, então você precisa trocar de roupa. —Deixo
meus olhos vagarem sobre sua forma empertigada sentada ereta
e alta em sua cadeira. —Não que eu não amo a ideia de soltar
cada um desses botões... —Eu digo, olhando incisivamente para
onde seus seios estão lutando contra os pequenos botões de
pérola na frente de sua camisa.

Apesar de ainda ser casual, ela está usando algumas


calças e blusa, muito refinadas para esta casa. Mas, o
importante é que elas são muito refinadas para esta excursão.
Eu não estava mentindo, porém. Vê-la em suas roupas
reservadas realmente me faz querer tirá-las ainda mais. Para
deixá-la sem nada para se esconder, revelando tudo.
Ela me olha com ironia, mas não esconde o vermelho que
mancha suas bochechas. Embora eu não tenha vontade de ter
qualquer tipo de relacionamento com ela, não quero deixá-la ter
qualquer dúvida que eu a quero.

Mal.

—Venha. Rápido, rápido! —Eu incito.

Laney coloca os óculos de lado e se levanta. Quando ela


está comigo, na porta, me inclino para baixo e sussurro:

—Se você precisar de ajuda com os botões, só gritar.

Eu pisco quando ela olha para mim.

—Eu acho que posso controlar isso. —Vem a resposta


dela, atrevida, mas eu posso dizer pelo jeito que seus olhos vão
para longe que estou deixando-a nervosa. E, para os meus
propósitos, isso é uma coisa muito boa.

—Como quiser. Apenas se apresse. Precisamos estar de


volta antes de escurecer.

Com isso, ela se afasta um pouco mais rápido.

Menos de cinco minutos depois, estou em pé na parte


inferior da escada, quando ela atinge o topo. Ela está torcendo o
cabelo para cima e prendendo-o com uma presilha. A ação faz
com que o material fino de sua blusa amarela se aperte sobre o
peito. Eu posso ver o contorno de seus mamilos perfeitamente.
Minha boca enche de água com os pensamentos de ter um deles
contra a minha língua de novo.

Eu olho para longe de seu peito, para suas pernas que


parecem ter um quilômetro de comprimento em seus shorts
cáqui e pés cobertos por pequenas botas de caminhadas. Eu
prefiro jogá-la por cima do meu ombro e levá-la para a minha
cama, mas isso não é uma opção.

Ainda.

—Você trouxe um pouco de tudo, quando você deixou seu


pai, né?

Laney para no meio da escada e olha para si mesma.

—O que você quer dizer?

—Botas de caminhada?

—Eu sempre trago quando venho para casa. Eu ainda não


tinha desempacotado nada, então eu só peguei minhas malas e
fui embora. Praticamente tudo que tenho está no chão do seu
quarto.

—Isso é exatamente onde eu imagino suas roupas cada vez


que eu olho para você.

—Você pode fazer isso o dia todo, não pode?


—Fazer o quê? —Pergunto, assumindo a minha expressão
mais inocente.

—Me provocar.

Espero para responder até que ela esteja no penúltimo


degrau, alta o suficiente para me olhar nos olhos.

—Baby, eu ainda nem comecei a provocá-la.

—Bem, talvez seja melhor você não fazer isso.

Como eu suspeitava, ela ainda está ardendo da noite


passada.

—Não, eu posso lhe garantir que é melhor para nós dois eu


continuar fazendo.

—Como você sabe o que é melhor para mim?

Não é uma pergunta sarcástica e sim genuína. Eu me


pergunto se ela se pergunta muitas vezes a mesma coisa.

Dou um último passo, meu peito perto o suficiente para


escovar os dela.

—Você precisa se deixar viver um pouco. E eu posso te


ajudar com isso. E outra coisa, nenhum de nós quer nada sério.
E isso é perfeito. Você é perfeita. E eu sou perfeito para você.
—Você é perfeito para mim agora, talvez, mas
normalmente...

—Eu sei, eu sei. Normalmente você é uma boa menina. E


eu sou o tipo que as corrompe. Normalmente, você ficaria longe
de mim. E eu, provavelmente, ficaria longe de você. Mas isso
não é normal. Estou disposto a ir com isso. E acho que você
também, se conseguir manter alguns pensamentos fora de sua
própria cabeça. —Eu estendo a mão e pego uma mecha fina de
cabelo que está na sua orelha. Enrolo em volta do meu dedo. —
Deixe o ‘normalmente’ para trás, Laney. Deixe toda essa merda
com seu pai e sua amiga e seu ex-de-merda para trás. Dê-me
uma chance. Eu prometo que vou fazer você feliz se você deixar.

Vejo-a engolir. Difícil.

—E se eu não puder fazer isso? E se eu não for essa


garota?

Acaricio seu lábio inferior, tremendo, com o polegar.

—Nós já conversamos sobre isso. Confie em mim. Você é


essa menina.

Para mostrar a ela o que eu quero dizer, para mostrar-lhe


como é bom estarmos juntos e quanto seu corpo sabe o que sua
mente nega, curvo minha cabeça e pressiono meus lábios nos
dela. Eu levo lento e fácil no início, escovo sua boca com a
minha, traçando o contorno dos lábios com a ponta da língua.
Quando ela abre para mim, não porque eu pedi ou porque estou
empurrando-a, mas só porque ela quer me provar tanto quanto
eu quero prová-la, deslizo minha língua entre seus lábios e
lambo como a lambi ontem à noite. Como se eu estivesse
provando o melhor sorvete do mundo. Como se eu estivesse
saboreando cada pedacinho disso. Dela. E eu estou. Algo sobre
ela é doce. O mais doce que eu já provei. E tem-me duro e
pronto para ela, mesmo agora.

Por mais que eu queira levá-la de volta lá para cima, eu me


afasto. Isso vai acontecer em breve...

E, então, ela irá gostar.

—Acredita em mim agora?

Ela olha para o meu queixo e puxa o lábio inferior entre os


dentes. É um gesto tímido, mas ela balança a cabeça em
concordância.

—Bom. Vamos. —Tomo sua mão na minha e a levo da casa


pelo pátio, em direção ao portão do pomar. —Você queria ver o
imóvel, certo? Bem, não há muito para ver hoje, mas eu acho
que um bom lugar para começar seria o bosque leste. Ele
termina contra o rio, o que é um lugar refrescante para visitar
em um dia como o de hoje.

Ela para de repente.


—Eu não estou vestindo um biquíni. E eu não vou nadar
nua.

—Porra, você realmente vai ser difícil. Mas quem falou em


nadar nus?

Puxo sua mão e ela relutantemente retoma a caminhada


ao meu lado. Conto-lhe o que sei sobre o pomar - número de
hectares, a produtividade média por ano, trabalho, manutenção
e a duração média das temporadas. Ela absorve tudo.

Ela escuta e olha ao redor, enquanto caminhamos, nunca


diz uma palavra ou faz uma pergunta. Então caímos em
silêncio. É quando ela fala, depois de alguns minutos, que
percebo por que ela está tão tranquila. Ela não está pensando
no pomar ou no trabalho, em tudo.

—O que você quis dizer quando disse ao meu pai que


era indigno de ser amado?

Eu suspiro.

Aw inferno! Não comece isso, Laney, eu penso, exasperado.

—Nada. Eu estava apenas fazendo um ponto.

Ela olha para o pedaço de grama que estava girando nos


dedos da outra mão, depois, do nada me olha, como se tivesse
me observando, atentamente.
—Não, você não estava apenas fazendo um ponto. Isso foi
sincero. E eu quero saber por que você acha isso.

Eu penso muito, antes de responder. —Eu não faço isso,


Laney.

—Fazer o quê? —Ela pergunta intrigada.

—Essa coisa toda abrir-suas-entranhas. Nós não estamos


namorando. Eu nem namoro de verdade. O que estou
oferecendo é praticamente tudo o que eu sou capaz fazer por
alguém.

—Mas por quê? Isso tem que ser uma escolha. Você é
inteligente e encantador, digno e competente. Você é até
engraçado, de vez em quando.

Eu rio da reserva dela.

—De vez em quando, não é? Você é muito generosa.

—Não mude de assunto.

—Eu não sinto a necessidade de conhecer as pessoas


muito bem. E eu não acho que elas querem me conhecer
também. Então, eu apenas evito esse tipo de coisa.

—Mas por quê? O que te faz pensar que você é tão


indigno?

—Uma vida inteira vivendo comigo, é isso.


—Talvez sim, mas há algo mais, Jake. Eu não sou
estúpida. E se você simplesmente não quer falar sobre isso,
tudo bem. Só sei que eu não sei se sou capaz de ter este tipo
de... coisa, com alguém que eu não sei nada sobre.

É a minha vez de parar.

—Mas você me conhece. Você está começando a me


conhecer todos os dias. Você acabou de dizer que eu sou
brilhante e espirituoso e encantador e lindo de morrer. Sem
mencionar sexy como o inferno. O que mais você precisa saber
sobre mim? Talvez eu só não seja tão profundo. Talvez haja
apenas uma poça onde você acha que há um oceano.

Ela estreita os olhos. Eu não posso imaginar o que ela está


pensando. Esta parte da mente de uma mulher é um mistério
para mim. E eu não tenho nenhum problema em deixar ficar
desse jeito. Ter sentimentos sobre algo a cada dois segundos e,
em seguida, ficar obcecado sobre eles por dias - essa merda é
para os pássaros.

Finalmente, ela dá de ombros.

—Talvez...

Mas ela não está me enganando. Não só ela não acredita


nisso nem por um segundo, quanto está apenas deixando o
assunto de lado. Posso dizer isso pelo jeito que ela ainda me
olha como se estivesse tentando ver o que está acontecendo por
trás dos meus olhos.

—Vamos lá, - eu digo, desviando o caminho para a


esquerda. —Eu tenho algo para lhe mostrar.

Ela não faz nenhum comentário, nem perguntas. Mas me


segue. É assim que eu sei que ela ainda está no presente. Há
algo dentro dela que quer perseguir isso. Eu só tenho que dar-
lhe boas razões para não mudar de ideia.

Eu ouço um barulho muito antes de ver o que faz esse


som. O ar cheira um pouco diferente aqui. Fresco. Mais limpo.
Este é um dos meus lugares favoritos. Sempre foi. E é a única
cachoeira no município.

Damos um passo através das árvores. A cascata de água


branca jorrando sobre as rochas bate na piscina abaixo, criando
um spray que faz um arco-íris com o sol. Eu olho para baixo,
para Laney, seus olhos estão arregalados e os lábios
entreabertos.

Sim, este definitivamente foi o lugar certo para trazê-la.

Embora não tenha sido meu plano original, posso ver que
essa foi a escolha certa, considerando todas as coisas. Eu
normalmente não trago as pessoas aqui e arrisco estragar isso
essa visão tão especial, mas neste caso...
Eu nem sei o que ‘neste caso’ realmente é. Não se trata
apenas de ter Laney na minha cama. Eu poderia fazer isso de
outras formas. Talvez seja para colocar sua mente à vontade
sobre quem eu realmente sou. Talvez seja para compartilhar
algo meu, uma parte de mim que ela tão obviamente precisa.
Qualquer coisa, além disso, prefiro não considerar. Eu só quero
dormir com ela. É isso aí. Fim da história. E esse é o jeito que
tem que ficar.
Isso tem que ficar e ser suficiente.

Eu nunca poderia arriscar amar alguém, muito menos


alguém como Laney. Ela é realmente uma boa pessoa. Ela
merece muito melhor.

—Uau! É.... é só... uau! É de tirar o fôlego.

—Engraçado, - eu digo baixinho, estendendo a mão para


tocar seu rosto suave - é exatamente o que eu estava pensando.

Quando ela olha para mim, sei que ela sabe que não estou
me referindo à cachoeira.

—Venha. Deixe-me mostrar-lhe de outro lugar.

Eu ando rio acima, ao longo da margem. Sei que há um


caminho que corta as árvores e que leva ao topo da queda. Há
um par de pontos complicados, especialmente onde é rochoso e
o musgo é grosso. Viro-me e ofereço minha mão para Laney,
puxando-a com segurança atrás de mim.

Quando chego ao topo, ando com cuidado nas rochas


expostas para o centro do rio. Eu paro, para olhar para baixo.
Deleito-me na descarga de adrenalina, de ver a altura e a água
cair na piscina abaixo.

Ouço Laney suspirar ao meu lado.

—Oh, Senhor! É um longo caminho até embaixo. Não


parece tão alto lá de baixo.

—Não, não é muito alto.

Ela me lança um olhar de soslaio.

—Muito alto para quê?

Dou-lhe meu sorriso mais convincente.

—Para saltar.

—Você perdeu a cabeça? Não há nenhuma maneira no


mundo que estou pulando dessa coisa.

—Oh, vamos lá. Eu estarei lá para te pegar.

—Pegar? Você não quer dizer arrastar meu corpo morto e


sem vida da água, depois que eu me afogar?
—É claro que não é isso que quero dizer. Se fosse perigoso,
eu nunca sugeriria que pulasse. Eu só acho que isso seria bom
para você.

—Como, exatamente, arriscar minha vida seria bom para


mim?

—Você precisa deixar ir um pouco, Laney. Eu sei que você


quer. Você precisa assumir alguns riscos. Seja espontânea. Pare
de pensar tanto. Faça algumas coisas que você normalmente
não faria. Confie em mim, quando você aparecer lá embaixo sua
adrenalina vai estar em alta, e não há nenhum sentimento
como esse no mundo.

—Isso não é o tipo de coisa que eu estava esperando fazer.


Matar-me.

—Você quer esquecer. Escapar. Isso vai consumi-la. E às


vezes tudo o que precisamos é mergulhar em outra coisa e nos
perder. Mesmo que seja apenas por um tempo. Vale a pena,
Laney. Eu prometo.

Ela se inclina e olha para baixo de novo, nervosamente


mordendo o lábio inferior.

—Eu não sei Jake. É um longo caminho até embaixo.

—Você vai estar na água, sã e salva, em questão de


segundos.
—Minha roupa será arruinada. —diz ela, tentando
encontrar razões para não ir.

—Tire-as.

—Eu disse que eu não vou nadar nua.

—Isso não é nadar nua. Isso é mais como um mergulho do


penhasco. E é mais seguro se você não estiver usando uma
roupa. E, certamente, sem os sapatos, eles podem pesar para
baixo.

—Então você quer que eu pule essa coisa, nua, e, em


seguida, suba de volta aqui para pegar minhas roupas? Acho
que não.

—Tudo bem, - eu digo, suspirando. —Eu subo aqui depois,


pego suas coisas e as levo até você. Você ainda poderá olhar
minha bunda de lá. Talvez, depois você ainda queira me
recompensar por meus atos heroicos. —Balanço minhas
sobrancelhas para ela, tentando aliviar o clima e fazê-la sentir
menos medo. Mas não quero o medo, completamente,
desaparecido, no entanto. Isso é parte da experiência. Isso vai
aumentar o que ela sente. E essa agitação...

Droga! Essa agitação e a forma que todo o resto


desaparece, vale quase tudo.
Ela não diz não de imediato, o que me diz que vai
concordar com isso. Eventualmente.

Eu pego a barra da minha camiseta, puxo sobre a minha


cabeça, e jogo em direção à base de uma árvore, na margem.
Passo para uma rocha perto da borda da queda, enquanto tiro
os sapatos e meias, jogando tudo para onde minha camisa
pousou. Quando estou em pé na borda, com o chiado da água
jorrando nas minhas costas, de frente para Laney, eu encontro
seus olhos e sorrio.

Seu olhar está colado ao meu, como se ela estivesse


tentando seu melhor para olhar para a minha cara e não para o
que estou fazendo com minhas mãos. Pressiono a botão dos
meus calções. Então os abro. Eu não estou usando cueca, então
não há nada para obstruir sua visão do meu corpo, quando saio
da minha bermuda e a jogo junto às outras peças.

—Vejo você lá em baixo. —eu digo baixinho, sorrindo


quando seus olhos piscam abaixo e depois de volta para o meu
rosto. Vejo seu rosto ficar vermelho, brilhante e eu rio um
pouco, antes de me virar e ir direto para a cachoeira.

E todo o resto desaparece.

Exceto a sensação de estar voando.

E livre.
E vivo.

E nada mais importa.

Capítulo 15

Laney

Oh doce Jesus! Ele fez isso!

Meu coração está como um trem desgovernado. Seu grito


de alegria ainda está ecoando em minha cabeça, enquanto eu
piso na rocha mais próxima a borda e olho para baixo,
prendendo a respiração até que eu veja a cabeça de Jake fora
da superfície de espuma branca.

Oh meu Deus, Oh meu Deus, Oh meu Deus, eu não posso


fazer isso!

O sangue está acelerado atrás de minhas orelhas, ainda


mais alto do que a água. Meu pulso está correndo e eu sinto
falta de ar.
Eu olho para esquerda e direita. O banco de musgo parece
a milhares de quilômetros de distância. Então eu olho para
baixo para o belo rosto de Jake, rindo.

—Sua vez. —Ele chama, enquanto balança a cabeça mais


uma vez fazendo com que seu cabelo fique em pé, em picos.

—De jeito nenhum. —Eu respondo, sentindo um pouco de


pânico por estar aqui em cima sozinha.

—Vamos lá, Laney. Você pode fazer isso. Confie em mim.

—Confiar em você? Você é obviamente insano. Por que eu


deveria confiar em você?

Parece que um excessivamente longo período de tempo


passa antes que ele responda. E, mesmo assim, tenho que me
esforçar para ouvir sua voz baixa.

—Porque confiar em todo mundo do seu passado não tem


te levado a lugar nenhum. Se dê uma chance ao menos uma vez
em sua vida. Me de uma chance.

O bom senso e autopreservação estão disputando com a


atração que sinto por Jake e tudo o que ele representa, quando
olha para mim da agitada piscina lá em baixo.

Sinto-me frenética. No limite. Literal e figurativamente.


Mas, mais uma vez, algo se levanta e toma uma posição
dominante. Eu não tomo tempo para examiná-lo. Ou raciocinar
com ele. Como eu queria fazer, eu simplesmente me entrego a
ele. Para liberdade. Para me escapar.

Para Jake.

Fechando os olhos, eu retiro as minhas botas e meias.


Ouço gritos de prazer de Jake.

—Essa é minha garota!

Eu não posso deixar de sorrir.

Ele realmente é o diabo.

Eu as jogo tão longe quanto posso, em direção à margem


do rio. Elas não pousam longe das roupas de Jake. Engolindo
cada pedacinho da tímida, responsável e bastante casta Laney,
eu puxo minha blusa sobre a cabeça e jogo. Então minha
bermuda.

Quando estou em pé no topo de uma cachoeira enorme,


vestindo apenas calcinha e sutiã, olhando para um cara que me
tira o fôlego, eu me livro da última parcela de reserva que eu
tenho.

Tiro meu sutiã e calcinha.

E então, sem mais segundos pensamentos ou hesitação,


eu pulo.
As cadeias de quem eu sempre fui; de quem minha família
é e o que é esperado de mim, fogem, enquanto eu voo pelo ar.
Caindo, caindo, caindo, tudo desaparece menos o som da água,
a sensação do vento, a emoção do momento e o homem na parte
debaixo.

Ele está esperando por mim lá. Todos os tipos de coisas


novas e inexploradas estão esperando por mim lá. Este é um
salto existencial, tanto quanto físico. Não há como voltar atrás
agora. Eu poderia muito bem abraçar a oportunidade.

A água fria me engole, retardando minha descida e


roubando o ar dos meus pulmões. O som da agitação da água é
abafado nos meus ouvidos enquanto a correnteza puxa minhas
pernas.

Eu nado para a superfície e não paro até que sinto o sol no


meu rosto.

E eu abro meus olhos para ver Jake. Ele nadou para me


pegar, apenas no caso de eu não vir para cima. Assim como ele
prometeu.

Ele está sorrindo. E eu também estou. Toda. Cada


célula. Eu posso sentir isso.

Eu nunca me senti mais leve. Feliz. Mais otimista. E eu


nem sei sobre o que estou otimista.
Ele está rindo quando seus braços circulam em volta de
mim e arrasta meu corpo junto ao dele. Tudo o que posso
pensar é como eu quero que esse momento - aqui com Jake,
sentindo-me assim, feliz - dure para sempre. E só há uma coisa
que poderia torná-lo melhor, que poderia consolidar isso na
minha cabeça e no meu coração.

Cavando minhas mãos em seu cabelo, eu puxo a boca de


Jake para a minha. Seus lábios estão frios e macios e eles têm
gosto de água e ar fresco.

Descaradamente, eu deslizo minha língua em sua boca,


pedindo-lhe coisas que não tenho coragem de dizer, oferecendo-
lhe coisas que não tenho força para segurar.

Então, ele me beija de volta, com as mãos errantes em


minhas costas, puxando meu cabelo. Seu peito é suave,
provocando meus mamilos, suas coxas firmes estão enroladas
com as minhas.

E então estou sem peso novamente. Eu nem mesmo abro


os olhos para ver onde Jake está me levando. Tudo o que sei é
que meu corpo ainda está pressionado contra o dele e minha
única preocupação no mundo é com o que está acontecendo
entre nós neste minuto. Nada mais importa.

A grama é macia e fresca contra minhas costas. O corpo de


Jake é quente e duro quando ele cobre o meu. Eu gemo em sua
boca e me arqueio contra ele num pedido silencioso por mais.
Só... Mais.

Espalhando minhas pernas me aproximo dele e cavo meus


dedos na suave e dura bunda de Jake e o puxo para mim, o
desejo em lugares que doem por sua ausência. Com um
grunhido, ele arrasta seus lábios longe dos meus e beija um
rastro de fogo da minha garganta ao meu peito.

Quando a boca se fecha em volta do meu mamilo frio, eu


suspiro. A sensação é mais forte, mais profunda. Maior. O céu
roda atrás dos meus olhos e o rio corre atrás dos ouvidos.

Jake lambe e chupa o caminho dos meus mamilos até meu


umbigo e a terra desaba em um pontinho de prazer quando o
sinto mover-se mais para baixo se assentando entre as minhas
coxas. O primeiro toque de sua língua na minha carne latejante
tira meus quadris do chão. Impiedoso, ele coloca o braço sobre
meu estômago para me manter parada enquanto ele saqueia
com a boca cada fenda escorregadia e desejo oculto que possuo.

Mais e mais, ele varre com sua língua minha parte mais
sensível, trazendo-me mais e mais... mais e mais, longe da
realidade. Até que, como a cachoeira, o meu clímax desaba
sobre mim.

Com seus lábios me sugando e seus dedos me penetrando,


Jake perpetua meu orgasmo até que eu mal posso respirar.
Minha cabeça está girando com ele. Meu corpo está encharcado
com ele. O mundo está vivo com ele.

—Você está tomando a pílula? —Pergunta ele, sua voz


nada mais é que um gemido abafado.

Concordo com a cabeça em resposta, incapaz de encontrar


palavras em meio ao que ele está fazendo com meu corpo.

—Você confia em mim? Eu prometo a você que estou


limpo.

Mais uma vez, eu aceno. E, sinceramente, eu confio nele.


Ou eu não teria pulado de uma cachoeira, diretamente para
seus braços.

Seus dedos desaparecem quando Jake muda seu peso. Eu


quero chorar pela perda, mas depois, a realidade me despedaça
novamente, quando ele me penetra.

Ele é muito grande, me estica e eu grito. Não de dor, mas


pelo prazer mais requintado que já conheci.

Quando ele começa a se mover dentro de mim eu sinto o


retorno da tensão, mais forte do que nunca, ameaçando me
dominar por completo.

—Oh foda... —ele geme no meu ouvido quando se retira e


mergulha em mim novamente. —Oh meu Deus, eu nunca
pensei que iria me sentir assim, - diz ele, com a voz soando
quase dolorosa em sua paixão. —Você é tão apertada. E tão
molhada. —Mais animada do que eu já estive, estou ofegante,
quase delirando com o que está acontecendo entre nós.

—Jake, não pare.

—Eu não vou, baby. Eu vou fazer você gozar em cima de


mim, de novo e de novo. Eu quero sentir você me apertar. Eu
quero que você sinta isso escorrendo para sua bunda. E então
eu vou te lamber até você gozar de novo. —Suas palavras são
um afrodisíaco, seu corpo o dispositivo de tortura mais doce.
Ferozmente, ele bombeia para dentro de mim, como se ele
soubesse que eu estou perto. Muito perto... —E então, eu vou
colocar meu pau de volta e você vai gozar comigo. Eu vou te
encher querida. Eu vou te encher do meu gozo.

Com um duro e profundo impulso sua boca cobre a minha


e acontece de novo. Onda após onda me varre para mais longe
de todas as coisas que nunca realmente importaram. Agora,
isso é importante. Só isso importa.

Fiel à sua palavra, Jake se retira de mim e se move para


baixo do meu corpo, usando seus lábios, sua língua e dedos
para me enviar caindo para outro orgasmo. Minhas pernas
caem abertas quando ele as espalha ainda mais, colocando a
mão por trás de um joelho e empurrando-a contra meu peito.
Estou convencida que não tenho mais nada para lhe dar.
Mas ele persiste. E eu deixo. Eu sou uma massa líquida
em suas mãos.

Quando Jake entra em mim neste momento, eu o sinto em


todo caminho até o meu estômago, como se seu corpo estivesse
se fundindo ao meu. Eu posso sentir cada polegada de
espessura dele e ah... eu gosto. E eu posso sentir isso enquanto
ele mergulha de volta em mim, várias vezes. O atrito é delicioso,
o prazer é inegável.

Para minha surpresa, quando Jake conduz meu corpo, a


tensão aumenta mais uma vez. Estou convencida que isso não
vai me levar a lugar nenhum. Até sentir a liberação quente e
pulsante de Jake. Com um grunhido, ele esfrega seu corpo no
meu, provocando espasmos dentro de mim.

Fiel à sua palavra, ele está me fazendo vir com ele. Eu


posso sentir meus músculos agarrando-o, puxando-o para
dentro de mim, ordenhando-o, até que sinto seus ombros
tremerem sob minhas mãos.

—É isso mesmo, querida. Leve tudo. Uhhh... —Ele geme


com os dentes cerrados, enquanto estica contra mim. E depois
cai em cima de mim, exausto.

Ficamos deitamos, unidos, pelo que parece uma


eternidade. Meu corpo se sente entorpecido, mas também
parece que há um zumbido de formigamento de atividade
nervosa logo abaixo da superfície da minha pele.

Quando Jake finalmente levanta a cabeça para me olhar, o


sinto se contorcer dentro de mim. Ele ainda está duro.

—Como isso é possível? —Pergunto antes que ele possa


falar.

Sua testa enruga.

—Como o que é possível?

Eu nem tenho certeza do que eu estava perguntando.


Como ele pode me fazer sentir desse jeito? Como ele pode fazer
meu corpo fazer o que fez? Como ele ainda pode estar duro
depois de tudo isso? Eu não sei como ser mais específica.

—Isso?

Ele sorri, com os olhos brilhando nos meus, e beija a ponta


do meu nariz. Meu coração se derrete, trazendo consigo uma
pontada de desconforto que empurro para o lado, para análise
posterior.

—Inferno se eu sei... mas eu posso te dizer que estou


empenhado em descobrir e e fazer o meu melhor para duplicá-
lo.
Ele corre os lábios ao longo do meu queixo, enquanto
flexiona seus quadris. Sinto a pontada de algo acordando na
parte mais baixa da minha barriga.

—Você não pode estar falando sério. —Eu sussurro,


usando toda a minha força só para manter meus olhos abertos.

—Ah, mas eu estou... —diz ele, puxando e empurrando de


volta em mim. Uma onda de consciência rouba meu fôlego. Mais
uma vez. —Mas você precisa descansar um pouco, em primeiro
lugar.

Tão docemente como qualquer coisa que eu jamais poderia


imaginar um homem ser capaz de fazer, Jake se retira de mim e
rola para o lado, levando-me para a curva de seu corpo.

—Jake, eu...

—Shhh, - ele interrompe, pressionando os lábios no topo


da minha cabeça. —Relaxe. Aproveite o sol. Eu vou estar aqui
quando você acordar.

Ele não teve que me dizer duas vezes.


Capítulo 16

Jake

Estou cansado, sim. E eu provavelmente poderia usar um


pouco de descanso, sim. Mas não agora, eu estou mais
interessado na menina enrolada ao meu lado, dormindo nua na
grama. Aquela que só rolou com entusiasmo de um orgasmo
para o outro. Aquela que me deixou devorá-la à luz brilhante
do dia, a céu aberto. Aquela que me deixou vir dentro dela e
pareceu desfrutar desta merda.

Essa pode ser a mesma garota que eu beijei na feira todos


aqueles anos atrás? A mesma garota que fica vermelha se eu
olhar para ela por muito tempo? A mesma garota que nunca
xinga? A mesma garota que provavelmente nunca teve mais do
que um gole de vinho até que eu colocasse um “purple people
eater” na sua mão? Que desconcertante, mas muito bem-vinda
contradição ambulante.

Eu sabia que ela tinha um pouco de fogo nela.


Provavelmente, enterrado lá no fundo, algo que ela foi criada
para esmagar ou ignorar. E eu sabia que ela estava ansiosa
para dar uma volta pelo lado selvagem da vida. Ou talvez
apenas na borda do lado selvagem. Mas eu não esperava isso.
Quer dizer, caramba! Eu a quero de novo, já. Neste segundo.
Meu pau age como se fosse sete horas de uma manhã de
sábado, depois de um período de seca de dois meses.

Espero, por todo o inferno, que ela não se apegue e arruíne


isso para nós dois, porque eu poderia ter um pouco mais disso
durante as próximas semanas.

Eu olho para seu corpo - o arco de seu pescoço, a curva do


quadril, o mamilo rosa perfeito que eu mal posso ver que
espreita para fora debaixo do braço, onde ela está deitada e
minha boca enche de água. E meu pau fica mais duro.

Estou debatendo se a acordo da maneira correta quando


ela suspira e inclina a cabeça para me fixar com seus olhos
azuis suaves. A julgar por sua expressão, eu sei que ela ainda
sente aquele preguiçoso e descontraído sentimento que só vem
depois de algum sexo realmente bom. E este sexo? Doce inferno!
Foi isso e um pouco mais!

Mas, então, eles congelam, como se de repente ela se


lembrasse do que aconteceu. Eu vejo seus olhos formarem dois
"Os" quase tão grandes quanto o que ela faz com a boca. Prendo
a respiração, sem saber se espero que ela se levante e caminhe
para fora da minha vida para sempre ou me dê o ombro, agindo
tão fria quanto o Alaska.
Fiel ao que eu vi dela até aqui, no entanto, ela me
surpreende.

—Nós podemos fazer isso de novo? —Ar foge de meus


pulmões e meu peito relaxa quando um largo sorriso se instala
em seus lábios.

—Qual parte? —Eu pergunto incapaz de evitar.

O azul de seus olhos brilha, como estrelas no céu da meia-


noite.

—Tudo isso.

Encontro meus próprios lábios se curvando.

—Inferno que sim!

—Mas talvez mais lento agora. —Diz ela, afundando os


dentes no lábio inferior, da maneira tímida que eu amo. —
Beijar... e.... essas coisas em primeiro lugar e pular do
penhasco depois?

—Oh, inferno sim! —Murmuro novamente quando rolo


meu corpo sobre o dela e chupo um delicioso mamilo em minha
boca.

E, então, fazemos tudo de novo.

Só que mais lento.


É bem depois do anoitecer que Laney e eu arrastamos
nossos traseiros cansados pelas escadas para o meu quarto.

—Que tal um bom e longo banho quente para aliviar


qualquer... lugar dolorido que você possa ter? —Pergunto isso
com uma piscadela maliciosa, porque eu sei que não há
nenhuma maneira, na terra verde de Deus, dela já ter tido uma
tarde como a que acabamos de ter. Com tantos – encontros- que
tive no decorrer da minha vida, eu nunca tive um dia como
hoje. Dizer que foi espetacular seria muito pouco para o que
acabamos de ter. Faz-me pensar que foi há muito tempo desde
que eu realmente tive um bom sexo.

Certamente é o que é.

—Eu mal posso me mexer. Estou dentro desde que você


faça todo o trabalho pesado. —Diz ela, enrolando os braços ao
redor do meu pescoço e sorrindo encantadoramente para o meu
rosto.

—Não comece a pensar que pode usar esse belo rosto e


corpo incrível para me manipular. —Advirto.

—Por favor. —Pede ela timidamente, esfregando-se contra


mim como um gato.
—Feito. —Respondo, sorrindo para ela. Ela ri quando a
varro de seus pés e a carrego para o banheiro.

Coloco-a sobre o balcão, enquanto encho a banheira com


água extremamente quente. Quando mais da metade está cheia,
me dispo, coloco-a de pé faço o mesmo com ela antes de
entrarmos.

—Aaah! —Ela grita quando a água quente atinge sua pele.


Ela começa a pular para fora, mas agarro seu braço, impedindo-
a.

—Basta aguentar um segundo. Só arde no início, depois


vai fazer grandes coisas com seus músculos. E.... outras coisas.

Me sento e espalho as pernas, abrindo os braços para ela


se juntar a mim. Quando isso acontece, ela sussurra.

—Eu não preciso tomar pílula, não é?

—Huh?

—Não há como um único espermatozoide sobreviver a isso.


E, obviamente, você já fez isso antes.

—Uma ou duas vezes. —Eu rio do seu senso de humor e


da piada inteligente.

Após alguns segundos, sua voz soa menos dolorida.

—Então, isso é um fetiche?


—Isso o que é um fetiche?

—Atrair mulheres inocentes para sua casa e, em seguida,


fervê-las.

—Oh, vamos lá. Não é tão ruim assim, rainha do drama.


Além disso, não vale a pena compartilhar um banho quente
assim? —Digo, apontando os dedos em direção a mim e dando-
lhe meu mais presunçoso e arrogante sorriso.

Ousadamente, ela me examina, o que é um modo de me


excitar, quando ela se demora no meu pau, que está aninhado
contra seu quadril.

—Vamos ver. E sobre você? O que um banho quente


comigo vale para um cara como você?

Chego para frente e a puxo ao redor dos meus braços, de


costas para o meu peito, deixando toda a sua frente aberta para
as minhas mãos percorrerem.

—Depois de hoje? Alguma coisa, na verdade.

Acaricio o lado de seu pescoço, minha barba a arranha,


causando arrepios em seu seio e endurecendo os mamilos.
Sinto meu corpo saltar contra a bunda dela, onde ela está
sentada entre minhas pernas.
—Sério? —Ela ronrona, inclinando a cabeça para o lado,
para me dar melhor acesso ao seu pescoço.

—Mmm.

—Então, talvez possamos conversar um pouco.

Sinto um suspiro expandir no meu peito, mas o prendo.

Não isso de novo.

—O que você quer saber? —Pergunto, após uma longa


pausa.

Laney não diz nada durante alguns segundos. Em vez


disso, ela pega o sabonete e rola-o entre as palmas das mãos,
criando uma agradável espuma espessa. Ela coloca o sabonete
de lado e começa a lavar o braço. Vejo-a começar pelo pulso e
fazer círculos lentos por todo o comprimento do braço até seu
ombro. Quanto mais perto ela fica de seu peito e da curva de
seu seio, mais duro todo o meu corpo fica, como um relógio de
corda.

Ela é inocente demais para saber que o que está fazendo


irá me deixar louco. Meu palpite é que esse é o local mais fácil
de ser lavado, pois o resto está todo submerso.

Isso ou eu não estou lhe dando crédito suficiente.

—Como foi crescer no pomar? Como era a sua família?


É uma pergunta bastante inócua, que não abertamente
estimula todas as áreas delicadas. Não me importo de responder
se ela continuar com o que está fazendo.

—Não foi muito diferente da maioria das infâncias, eu


diria. Pelo menos não por aqui. Brincava lá fora a maior parte
do dia, subia em árvores no pomar, algumas vezes ajudava a
colher pêssegos, arremessava pedras no rio pela fronteira
norte... Essas coisas.

—Como eram seus pais?

—Assim como a maioria dos pais normais. Fazíamos as


refeições juntos. Jogávamos jogos, assistimos televisão sempre
juntos.

Estou fascinado quando a vejo ensaboar seu tórax, as


mãos avançando em direção aos seus seios.

—E então Jenna veio. —Diz ela, deixando que seus dedos


brinquem com seus peitos, redondos e lisos.

—Sim. —Digo quase distraidamente, com os olhos


grudados em suas mãos.

Quando ela usa o dedo indicador para tocar seus mamilos,


minha respiração engata na garganta. Minhas bolas pulsam
com a súbita necessidade de levantá-la e mergulhá-la no meu
pau, para assistir aquela bunda perfeita se mover para cima e
para baixo, enquanto ela me monta.

E então ela mata meu tesão, com uma única pergunta, a


única que ela realmente quer saber a resposta.

—Por que você acha que seu pai não te amou? Com
certeza parece que ele te amou.

—Laney, eu te disse...

Ela me corta, se virando na banheira e ficando de frente


para mim, com as mãos espalmadas sobre meu peito e olhos
suplicantes.

—Por favor, Jake. Por favor, fale comigo. Eu quero tanto


estar bem com isso, mas é.... É só... É difícil. Eu preciso
conhecer você. Pelo menos um pouco. Apenas me diga algo
sobre sua vida, aqui. Diga-me alguma coisa. Só um pouquinho.

Eu quero beijá-la. E sacudi-la. E afastá-la. E abraçá-la. Eu


nunca estive com alguém como ela, alguém que realmente tenta
ser.... Correta. A maioria das meninas que conheço apenas são
superficiais. Mas não Laney. Ela está tentando ser casual e
fácil, saltar em um relacionamento sexual com alguém que ela
mal conhece. Mas isso não vem naturalmente para ela.
Estranhamente, tão inverso quanto isso parece, me faz respeitá-
la ainda mais.
Desta vez, eu não suspiro.

—Minha mãe já estava doente, quando ficou grávida de


Jenna. Ela nem sequer considerou interromper a gravidez para
salvar sua própria vida. Sabia dos riscos, mas valorizava a vida
de Jenna mais do que a própria. —Eu engulo em seco. Nunca é
fácil pensar sobre toda essa merda, e muito menos falar sobre
isso. É por isso que eu não faço.

Nunca.

—Jake, eu sinto...

Seguro sua mão para interrompê-la. Eu posso ver sua


sinceridade nas grandes piscinas brilhantes de seus olhos. Mas
ela queria me conhecer. Agora ela vai ter isso. Pelo menos parte
disso. Ainda há uma parte que eu nunca vou compartilhar com
outra alma viva.

Nunca.

—Então, quando Jenna nasceu, meu pai estava ocupado


cuidando dela e minha mãe ficava cada vez mais doente. Houve
um ponto em que não havia mais nada que os médicos ou
remédios podessem fazer por ela. Além de deixar a natureza
seguir seu curso.

—Quantos anos você tinha quando ela...

—Oito. Eu tinha oito anos quando minha mãe morreu.


Inclino a cabeça contra a cerâmica fria da banheira,
fechando os olhos contra esse tempo da minha vida. Sinto os
lábios de Laney, leves como penas, roçando primeiro minha
boca, meu rosto, meu queixo, minha bochecha antes que ela se
acomode em cima de mim. Ela repousa a cabeça no meu peito e
sua mão direita fica sobre meu coração.

Eu posso sentir a simpatia e o arrependimento saindo dela


em ondas quase palpáveis. Mas eu não quero a simpatia dela.
Eu não quero a simpatia de ninguém. Eu só quero que o
passado seja deixado sozinho. Ele já me trouxe bastante dor na
vida sem ter que cavar tudo de novo.

Meu pequeno sorriso é amargo quando penso comigo


mesmo que Laney provavelmente não vai fazer mais perguntas,
tão breve.
Capítulo 17
Laney

Eu não posso deixar de sorrir quando passo cream cheese


na metade de um bagel para Jake. É uma coisa tão doméstica
para se fazer – preparar o café da manhã para o homem com
quem compartilho uma casa e uma cama; e me faz sentir
profundamente feliz. Eu podia ver isso sendo minha vida por
um longo, longo tempo.

Durante as últimas quatro semanas, eu estive fazendo


bung jump com Jake, rafting com Jake, mergulhando do
penhasco com Jake, fazendo todos os tipos de coisas que eu
nunca pensei que faria, e por mais divertido que tenha sido
uma parte de mim ainda anseia por isso - um lar e uma família.
Atividades mundanas, como fazer café da manhã para as
pessoas que amo.

Como sempre, quando penso sobre os meus sentimentos


por Jake, sinto meu cenho franzir. Eu sei que ele gosta de mim
e eu gosto com ele. Eu o amo? Eu não sei. Seja o que for que
sinto por ele, é intenso. E apaixonado. E profundo. É diferente
da maneira como eu me sentia sobre Shane. Muito diferente. A
coisa é: eu não quero estar apaixonada por Jake. Ele deixou
bem claro que ele não está nessa por amor. Ele só quer se
divertir um pouco.

E nós fazemos isso. Temos um monte de diversão.

Ele ama meu corpo. Eu sei disso com certeza. Temos o


sexo mais incrível que já tive. Melhor do que qualquer coisa que
eu até pensei que poderia experimentar. Portanto, existe isso.
Mas não é o suficiente.

As vezes, quando eu o pego olhando para mim ou quando


eu adormeço em seu peito enquanto assisto televisão no sofá,
eu acordo e o vejo olhando para mim ou acariciando meu rosto,
eu penso comigo mesma que ele deve me amar. Mas eu não sou
louca o suficiente para acreditar que realmente significa isso
então.

Mas eu quero que signifique?

Sim, eu acho que sim. Apesar de tudo, da reputação


repugnante, da fama de badboy, da corrida em busca de
emoção, da aversão a relacionamentos, eu ainda quero que ele
seja todo meu.

Mas eu não sei se um cara como Jake, algum dia, seria de


alguém.
E o tempo está se esgotando para eu tentar conquistá-lo.
Eu já tive dois adiamentos do trabalho. Outro par de semanas é
tudo que vou ser capaz de obter, antes que eu tenha que
entregar meus relatórios e deixar a conta com o meu chefe.

A porta de trás bate e eu pulo assustada. Eu me viro para


ver Jake entrar na cozinha, com gotas de suor na testa e um
sorriso satisfeito no rosto.

—Mmm, você está preparando o que para o café da


manhã? Porque eu estou morrendo de fome. —Ele ignora a
geladeira e vai direto para mim. Ele toma o pão e a faca e os
coloca de lado, depois enfia os dedos no meu cabelo e me beija
longa e profundamente, o suficiente para deixar minha pele em
chamas. Quando ele levanta a cabeça, estou sem fôlego e
querendo algo mais... pessoal do que café da manhã.

—Eu acho que eu provavelmente poderia arranjar alguma


coisa.

—Nenhum arranjo é necessário, - diz ele, seus dedos já no


zíper da minha bermuda. —Eu tenho tudo que preciso aqui.

No instante em que eu percebo que ele está falando sério,


calor inunda meu núcleo. Eu corro minhas mãos sobre a pele
lisa de seu peito e, em seguida, para baixo em torno de sua
cintura, puxando o elástico do short. Ele empurra o meu até os
joelhos em seguida, começa a trabalhar em minha calcinha,
enquanto eu puxo seu calção para baixo o suficiente para
libertar seu comprimento longo e forte.

Calafrios espalham por minhas costas quando enrolo


meus dedos em torno dele, as pontas mal se unem em torno da
espessura de sua base. Nunca deixa de me surpreender que
algo tão grande coubesse dentro de mim. No entanto, não estou
surpresa que ele me traga tanto prazer. Jake conhece seu
caminho em torno do meu corpo como se ele tivesse adorando-o
há anos.

Com um grunhido, ele agarra meus quadris e me virar


para a pia. Ele se aproxima e desliza a mão pelo meu estômago
até o fogo que está fervendo entre minhas pernas. Abro minhas
coxas para ele enquanto saio do emaranhado dos meus shorts e
calcinha.

Quando ele empurra um dedo dentro de mim, meus


joelhos ficam fracos e tenho que segurar no balcão para apoio.
Jake me empurra para frente até que eu esteja curvada. Com o
polegar acariciando meus clitóris e os dedos empurrando para
dentro de mim estou rapidamente me aproximando da borda.

Eu ofego sem fôlego quando ele traz a outra mão entre


minhas pernas por trás. Seus dedos estão fazendo círculos e
mergulhando dentro e fora de mim, tudo ao mesmo tempo. Ele
se inclina sobre mim e começa a lamber e morder meu ombro.
—Isso é o suficiente ou você quer mais?

Estou sem fôlego e minha cabeça está nadando.

—Mais... —Suspiro. —Eu quero mais.

—Diga-me. Diga-me o que você quer.

Sinto sua dureza pressionando contra meu quadril.

—Eu quero você. Dentro de mim.

—Diga-me que você quer o meu pau. Diga-me que você


quer vir sobre meu pau. —Ele rosna, enquanto seus dedos se
movem em mim, me dando corda como um relógio de bolso.
Suas palavras são como gasolina derramada em um fogo já
furioso. Meus músculos apertam quando a tensão em meu
corpo atinge seu auge.

—Eu quero seu pau. Eu quero vir por todo seu pau. Por
favor, Jake. Por favor.

Estou tão perto, mas o quero dentro de mim. E ele sabe


disso. Ele está segurando apenas o suficiente...

E então ele está deslizando molhadamente em mim por


trás. Num profundo e forte impulso. Eu grito incapaz de me
segurar um segundo a mais. Seus dedos apertam meu quadril,
enquanto ele bombeia dentro de mim.
—É isso mesmo, querida. Eu quero ouvir você. Deixe-me
ouvir você. —Jake exige, empurrando dentro de mim.

Eu não posso segurar meus suspiros ou os meus gemidos


de prazer. Isso foi tão repentino e tão cru, que sinto como se eu
pudesse rosnar.

Enrolo meus dedos em torno da borda do balcão,


segurando o mundo, minha sanidade mental, quando Jake
endurece atrás de mim. Eu sinto seus dedos no meu cabelo,
enrolando e puxando, enquanto atira seu líquido quente dentro
de mim. Então, com seu nome em meus lábios em uma voz que
mal reconheço como minha, eu quebro, como um vitral.

Fragmentos de cristal multicoloridos explodem atrás de


meus olhos. As estocadas de Jake são viciosas. E tudo que meu
corpo pode dizer é: Quero mais!

Quando os espasmos diminuem e estou desabada em cima


do balcão, com Jake caído sobre mim, tomamos grandes goles
de ar, estou maravilhada com a intensidade do que acabamos
de compartilhar. Ao invés das coisas perderem seu brilho ou se
tornarem muito confortáveis ou comuns, parece que elas estão
indo na direção oposta. É como se cada minuto de cada dia,
cada vez que fazemos amor, fica melhor e melhor. Cada vez
mais quente. Cada vez mais a terra treme.

E cada vez mais significativo.


Após o formigamento se esvair de minha cintura para
baixo, termino de espalhar geleia doce em nossos bagels. Agora
eu estou sentada em frente a ele enquanto comemos nosso café
da manhã tardio.

Um café da manhã muito tardio.

—Como está ido o trabalho? —Pergunta ele, fora de


qualquer contexto.

—Tudo bem, - digo, sem me comprometer. Engulo um


pedaço de bagel, sentindo-o ficar na minha garganta,
subitamente seca. —Eu não tenho muita coisa a fazer. Em
breve, não te aborrecerei mais.

Mantenho minha atenção na comida, cuidadosamente


corto outro pedaço da bagel, com os dedos, mas não o coloco na
minha boca. Meu apetite parece ter desaparecido.

Quando finalmente olho para cima, Jake está me


observando. Sua expressão é insondável. Seus olhos dourados
procuram os meus por vários segundos antes dele começar a
falar lentamente.
—Como você se sente sobre um acampamento no fim de
semana?

Eu sorrio. É como se ele estivesse me sondando para um


convite. E eu apenas amo a ideia de passar mais tempo com ele,
especialmente fora, longe do mundo. Algo isolado como um
acampamento parece maravilhoso.

—Parece divertido. —Tento uma resposta suave, mas sei


que ela é desmentida pelo meu sorriso brilhante.

—Dessa forma, podemos estar longe no domingo, também.


Eu sei o quanto isso incomoda você, não estar indo à igreja.

Meu coração se derrete um pouco de sua reflexão. Eu


tinha-lhe dito no primeiro domingo, que fiquei me sentindo
culpada, por que sempre que eu estava na cidade, eu
frequentava a igreja do meu pai aos domingos. Na época, Jake
não fez nenhum comentário, mas agora sei que ele ouviu. E isso
significa o mundo, não apenas por que ele me ouviu, mas
porque se importou o suficiente para ser consciente do meu
conforto.

Não analise muito nisso, Laney, eu me advirto, mas sei


que é tarde demais. É só mais uma coisinha que vou me
debruçar sobre, me perguntando se isso significa que ele tem
sentimentos mais profundos por mim.

Eu dou de ombros.
—Não é grande coisa.

Jake fica quieto por alguns segundos antes de falar


novamente. Então ele limpa a garganta.

—Você sabe, se você quiser ir, você pode. E se você


precisar que eu vá com você, eu faria isso.

Eu daria qualquer coisa para ser capaz de controlar o jorro


de lágrimas que inunda meus olhos. Mas eu não posso. Antes
que eu saiba, meus olhos estão queimando e a visão de Jake
está embaçada. Rapidamente, olho para o meu prato, mas eu
sei que não foi rápido o suficiente.

Eu ouço o raspar de madeira contra madeira, quando Jake


empurra o banco para longe do balcão. Eu não me incomodo em
olhar para cima. Não quero que ele veja a dor neles, por trás
das lágrimas. Eu sabia que isso seria demais para ele. Muito
emocional. Muito... Real.

Mas, para minha surpresa, Jake roda o balcão, chega ao


meu lado e vira meu banquinho. Eu mantenho a minha cabeça
para baixo, mas, com um dedo embaixo do meu queixo, ele
levanta meu rosto até que eu estou olhando em seus olhos.

—Está tudo bem que isso a incomode. Deveria. Seu pai é


um bom homem. Equivocado, às vezes, mas acho que suas
intenções são boas. Ele ama você. Isso é óbvio. —Eu pisco e
lágrimas derramam pelo meu rosto, sem controle. Os olhos de
Jake seguem todo o caminho até a minha mandíbula, onde ele
me acaricia com as costas dos dedos. —Você tem sorte de tê-lo.
Eu teria dado qualquer coisa para o meu pai se sentir assim
sobre mim.

Por apenas alguns segundos, o verdadeiro Jake, a pessoa


por trás do cara durão, vem para mim, de algum lugar dentro
daqueles olhos cor de âmbar. Quero muito falar com ele, mas
sei que não adiantará tentar. Eu sei que não devo encher-lhe de
perguntas. Não importa o quanto eu quero saber, estou bem
ciente que há algumas coisas que Jake não vai me dizer até que
ele esteja bom e pronto. E que ele pode nunca estar. Mas eu sei
o suficiente. De alguma forma, seu pai o machucou.
Seriamente. E Jake nunca superou isso. Isso é muito claro.

—Qualquer um seria um tolo para não te amar — Eu digo


apanhada por um olhar assombrado em seus olhos. Quando
percebo o que eu disse, sinto um momento de puro pânico.
Mas, então, Jake sorri e eu exalo mentalmente.

Sua expressão é irônica quando ele simplesmente diz:

—Obrigado, mas você não me conhece tão bem como ele


conhecia. Ele tinha suas razões.

Enquanto o assisto, a cortina cai de volta no lugar e, assim


o suave e quebrado Jake se foi, substituído mais uma vez pela
pessoa que finge não sentir nada. Que não quer sentir nada.
—Mas eu quero conhecer você, Jake. —Confesso
abertamente, e não pela primeira vez.

—Eu sei que você quer. Mas eu também sei que estou te
poupando disso. Confie em mim, é o melhor.

Com isso, ele beija minha testa e se afasta.

—Que tal dividir e conquistar? Eu sei que você tem algum


trabalho a fazer, mas você acha que teria tempo para uma
rápida visita ao supermercado? Se você puder conseguir isso,
vou ter tudo pronto e podemos sair depois do almoço de
amanhã.

De volta aos negócios, como de costume.

Escondo meu suspiro atrás de uma fungada.

—Claro. Apenas me diga o que quer.

—Eu vou enviar um texto com uma lista. Primeiro, porém,


eu preciso de um banho. —Ele me dá um sorriso casual, um
beijo na boca e, em seguida, se vira para ir embora. Jake tem
uma forma invejável de apenas seguir em frente, não se deter
sobre coisas que não pode controlar. Ele não pode consertar o
passado, então ele não quer falar sobre isso, não quer pensar
sobre isso. Ele só... Segue em frente. Alguns podem chamar isso
de se esconder, mas Jake não é nenhum covarde. Eu acho que
isso é apenas sua maneira de conquistar o problema. E não
deixar que ele o conquiste.

Embora eu admire sua determinação, isso me deixa triste.

—Ok. Estou indo para o escritório. —Digo com um sorriso.


Agora nos referimos à sala de jantar como meu escritório.

Jake me joga uma piscadela e sobe as escadas de dois em


dois. Eu não sigo em frente tão rapidamente.

Fiel à sua palavra, meu telefone toca cerca de uma hora


mais tarde. É um texto de Jake. Uma lista de coisas para
comprar no supermercado. Quando estou percorrendo a lista,
meu telefone toca e a porcaria me assusta. Quando tento
desastradamente não deixá-lo cair vejo que é Tori.

Mais uma vez.

Ela me chamou pelo menos uma dúzia de vezes na última


semana. Não é que eu não queira ouvir o que ela tem a dizer.
Bem, eu não quero, mas agora eu me sinto um pouco mais
disposta. Ela tem sido minha melhor amiga por muitos anos. O
mínimo que posso fazer é ouvi-la.
Não, uma das maiores razões que não quero falar com ela
é que eu sinto que Jake e eu estamos vivendo em uma bolha
que poderia explodir a qualquer momento. E eu quero
aproveitar cada segundo dela, enquanto eu puder. Não quero
que ninguém se intrometa em nosso tempo juntos. Incluído
Tori.

Aperto o botão vermelho para recusar a chamada e coloco


meu telefone na mesa.

Talvez mais tarde. Agora estou indo ao supermercado. Eu


realmente não tenho tempo para falar com ela.

Pelo menos é o que eu digo a mim mesma.

Depois de passar uma escova no cabelo e colocar um gloss


levemente rosado, envio uma mensagem a Jake, dizendo que
estou saindo e dirijo para o meu carro. Ele está fora no pomar.
Em algum lugar.

Só levo cerca de quinze minutos para chegar ao primeiro e


único supermercado em Greenfield. Olho para o relógio quando
vou para a vaga de estacionamento. Duas e quarenta em uma
tarde de quinta-feira. Eu não deveria encontrar qualquer um
que conheço em um momento tão estranho.

Pego um carrinho e puxo a lista de Jake no meu celular.


Começo na seção de frutas e vegetais. Por ter tal reputação
endiabrada em torno da cidade durante a maior parte de sua
vida, ele com certeza pratica uma vida limpa, uma vida
saudável. Ele bebe uma cerveja ou duas de vez em quando, mas
na maioria bebe água e come alimentos saudáveis. Ele corre
quase todos os dias e permanece ativo. Ele não fuma ou usa
drogas. Está em excelente condição física, algo que posso
atestar pessoalmente, e não consigo pensar em uma coisa que
eu mudaria nele.

A menos que fosse para ele se apaixonar por mim...

Eu murmuro para mim mesmo todo o caminho até as


frutas, castigando meu estúpido eu emocional por pensar essas
coisas. Eu nem tenho certeza se é o que eu quero.

O inferno que eu não tenho!

Sorrio com o pensamento. Soa na minha cabeça como o


que Jake diria na vida real. Mesmo tom, mesmo tipo de
expressão. Mesmo... Jake.

Eu suspiro. Acho que é seguro dizer que, não importam as


minhas intenções ou o quão duro eu tentei não deixar isso
acontecer, mas Jake ficou sob a minha pele.

—Assim, quanto maldito tempo vai me ignorar?

Eu pulo quando a voz furiosa de Tori surge atrás de mim.


Eu estava tão perdida em meus pensamentos que nem sequer
ouvi ela se aproximar.
Eu suspiro novamente.

—Tori, eu só não quero entrar nisso ainda. Você não pode


me dar um pouco de espaço?

—Espaço? —Minha amiga mais antiga diz, com seus olhos


azuis brilhantes piscando e seu muito amplo peito arfante. Com
seu longo cabelo loiro jogado sobre um ombro e queixo erguido
em desafio, ela se parece com a capa de uma revista. —Eu não
vi você uma vez sequer durante todo o verão. Espaço maior do
que isso é só a morte!

—Não seja tão dramática.

Os lábios de Tori fazem um beicinho.

—Você está me fazendo dramática. O que eu tenho que


fazer para chegar até você? Tudo que eu quero é que você me
escute.

Eu sabia o que estava por vir. Tinha acabado minha


esperança de evitá-la um pouco mais.

—Tudo bem. Você fala, eu vou fazer compras.

—Sério? Eu sou sua melhor amiga desde o ventre e recebo


a metade da sua atenção enquanto você faz compras?

Eu cerro os dentes. Isto é realmente caótico.


—Tudo bem, então vamos até o café e tomamos uma
xícara e conversamos.

—O café aqui é uma porcaria. —Diz Tori, enrolando o


lábio.

—Tori! Não é o ponto.

—Certo, certo, certo, —diz ela, balançando a cabeça como


se estivesse limpando-a. —Ok, isso está bom.

Dirijo o carrinho ao redor e volto para frente da loja, para a


pequena área de café que domina um dos lados do prédio logo
depois da farmácia.

—Como você me encontrou, afinal?

—Eu vi você passar. Em uma cidade tão pequena, é um


milagre que você tenha sido capaz de me evitar todo este tempo.

—Eu estou supondo que você não falou com meus pais,
então?

Ela me olha como se eu tivesse perdido completamente a


cabeça.

—Inferno – Não! Claro que não! Você está louca? E receber


o sermão enorme sobre que puta adoradora do capeta eu sou?
Acho que não.
—Que seja! Você sabe que meus pais nunca diriam tal
coisa. E para ser honesta, eles nem sequer sabem o que
aconteceu. Eu não tenho, uh, eu não disse a eles ainda.

—Sério? Então, eles não têm ideia de por que você


terminou com Shane?

Balanço minha cabeça.

—Bem, eu vou ser honesta. Isso não me incomoda nem


um pouco. Eu prefiro que eles não me odeiem, até que você
tenha ouvido toda a história.

Eu não faço nenhum comentário. Continuo dirigindo o


carrinho em direção ao café até que encontro uma cabine vazia
para estacioná-lo ao lado. Lanço minha bolsa e deslizo em um
dos lados da cabine. Depois que eu estou sentada, respiro
fundo e cruzo os braços sobre a mesa na minha frente,
entrelaçando os dedos juntos.

—Pare com isso! —Tori diz.

—Parar com o quê?

—Pare de fazer isso. Parece que você está apenas


aguardando até que seja entregue minha sentença de morte.

—Eu não sou seu juiz, Tori. Deus é.


—Graças a Deus por isso. Pelo menos ele sabe o que eu
estava tentando fazer.

Mesmo que a ferida de todo o episódio tenha se tornado


praticamente dormente (sem dúvida graças às atenções de certo
Jake Theopolis), ainda me irrita lembrar de encontrá-la na cama
com Shane. E que agora ela esteja sentando aqui e tentando se
explicar.

Seja como for, penso com um rolar interno de olhos. Tudo


vai acabar em breve.

—Então diga o que você precisa. Tenho algumas compras


para fazer.

Tori me dá um olhar fulminante, mas não diz nada. Depois


de alguns segundos, ela se senta ereta na cadeira e limpa a
garganta.

—Ok, deixe-me lembrá-la que por mais de dois anos, eu fui


a pessoa que sempre disse que algo não estava certo com
Shane. Eu te dizia que ele é um lobo em pele de cordeiro.

Meu riso é amargo.

—Obrigada por tão gentilmente me mostrar que você


estava certa.

Tori despenca para frente e se aproxima para cobrir


minhas mãos com a dela.
—Você precisava vê-lo, Laney. Você precisava ver para
crer. Antes que você se casasse com aquele canalha. Não
importava o que eu te dizia, você sempre acreditou nele. E isso
era ótimo. Até que a pessoa que você tinha tanta fé não valesse
mais a pena. —Ela faz uma pausa, como se para deixar suas
palavras afundarem, antes dela continuar. —Laney, eu te amo.
Eu nunca, nunca, nunca faria isso com você. Se você se
lembrar, eu sabia que você estava indo até Shane mais cedo.
Você me mandou uma mensagem naquela manhã para dizer
que seu pedicure tinha sido cancelado e que você estava indo
surpreendê-lo.

—Sim, mas mesmo você não teria me esperado tão cedo.


Eu não contei a ninguém que cancelei minha consulta com o
dentista, também.

—Você realmente acha que eu seria estúpida o suficiente


para arriscar, entretanto? Realmente, Laney?

Tori parece tão sincera. Tão desesperada para eu acreditar


nela. E, pela primeira vez desde que isso aconteceu, eu começo
a sentir uma pequena pontada de dúvida. Ela poderia estar
dizendo a verdade?

—Ok, então, apenas por uma questão de argumento, diga-


me o que aconteceu. Exatamente.

Tori toma uma respiração profunda.


—Ok, aqui vai. Assim, há algum tempo eu estava tendo a
sensação de que Shane estava dando em cima de mim. Apenas
um pequeno comentário aqui e ali, um pouco de paquera
quando você não estava presente, 'esbarrões' casuais, coisas
assim. Mas um dia, cerca de um mês atrás, eu tinha ido para
casa dele, pensando que você estaria lá, mas você não estava.
Ele disse que estaria de volta em breve e que eu poderia
esperar. Então eu fiz. Bem, ele perguntou se eu queria uma
cerveja e, você me conhece, eu disse que sim. Assim, ele nos
trouxe duas cervejas e sentou-se no sofá ao meu lado.

—Conversamos sobre coisas aleatórias. Ele me perguntou


sobre a escola, perguntei a ele sobre o trabalho. Você sabe toda
essa baboseira. As coisas não costumavam ser tensas entre nós.
Você sabia que eu sempre gostei de Shane. Bem, antes eu
gostava. De qualquer forma, eu terminei minha cerveja e
perguntei se eu poderia ter outra. Ele disse: 'Claro. Sirva-se. '
Então eu fui pegar outra. Foi quando eu estava na cozinha, na
geladeira, que ele veio atrás de mim. Virei-me tão rápido que
quase cai como manteiga, ele me assustou. E então ele me
beijou. Assim mesmo. Como se ele achasse que estava tudo
bem.

Quando ela faz uma pausa, eu espero que ela continue,


mas ela não o faz.

—Então, o que você fez?


—Nada. Quando ele se inclinou para trás, eu disse que eu
tinha que ir. Então peguei minhas coisas e fui embora.

—E foi isso?

—Eu estava apavorada, Laney! Você não estaria? Quer


dizer, imagine em que tipo de posição aquilo me colocou. Sim,
eu estava te avisando sobre ele, mas dizer que ele tentou me
beijar, só iria fazer você pensar mal de mim, o que é muito
triste, mas é a verdade.

—Então você está dizendo que porque eu tinha fé em meu


noivo, você sentiu que não tinha escolha, além de dormir com
ele, para provar sua razão?

—Deus! —Tori exclama, jogando a cabeça para trás. —


Laney, não. Só estou dizendo que eu sabia que você ia ter que
ver por si mesma para acreditar. Isso é tudo. Queijo e biscoitos,
mulher!

Estou zangada demais para me acalmar com a expressão -


queijo e biscoitos - que Tori tem usado durante toda nossa vida,
uma que eu sempre amei. Mas no momento, eu não tenho
sentimentos de ternura para ela. Eu me sinto manipulada. E
tola.

—E agora eu tenho que te agradecer por ter dormido com o


meu noivo para abrir meus olhos? Bem, me perdoe se eu não
puder reunir qualquer sinceridade sobre isso.
Eu não posso evitar o tom amargo na minha voz. Ela tem
sorte que é tudo que está recebendo. Eu afasto minhas mãos de
debaixo das dela e sento no meu lugar, precisando de uma
distância física de Tori.

—Laney, isso é o que eu tenho tentado dizer. Eu. Não.


Dormi. Com. Ele.

—E você espera que eu acredite nisso?

—Por que não você iria? Quando eu mostrei um


pouquinho de interesse em Shane? Acho que ele é uma menina
total. Eu gosto de meus homens másculos, você sabe disso.

Estreito meus olhos nela.

—Mas nós duas sabemos que você erroneamente caiu na


cama com o cara errado antes.

Suas bochechas coram.

—Eu não vou discutir isso, mas nunca com seu cara,
Laney. Nunca. Eu nunca faria isso. Eu sabia que você estaria
em casa. Eu sabia que se ele fosse o tipo de homem que eu
achava que ele era ele, faria isso num piscar de olhos. Só
lamento que eu estivesse certa. —Tori fecha seus olhos e
sussurra: - Eu daria qualquer coisa para ele ter me provado o
contrário.
De repente, eu sinto... Demais. Sinto-me presa. Sufocada.
Sinto as lágrimas ameaçarem. Sinto-me estúpida e sozinha e
confusa. E sinto a necessidade de sair daqui.

—Tori, podemos, hum, podemos terminar isso depois? Eu


realmente preciso ir. —Eu não olho para cima, quando pego
minha bolsa e saio da cabine. Tori não se move para me seguir.
Ou tenta me impedir. Mas antes que eu possa levar meu
carrinho para longe dela, ela estende a mão e toca meu braço,
enquanto eu passo.

—Eu te amo, Laney Holt. Eu sempre amei. Você é como


minha família.

Eu a espero mover a mão antes de eu ir embora. Empurro


o meu carrinho de volta para o corredor das frutas e vegetais,
onde eu estava. As lágrimas escorrem pelo meu rosto durante
todo o caminho.
Capítulo 18

Jake

Puxo a última parte da correia, apertando-a em torno do


pacote de suprimentos amarrados à pequena base na parte
traseira do Jeep. Verifico também as outras correias para me
certificar de que estão amarradas com segurança. Quando
estou confiante que todas as nossas coisas não irão cair em
meio de um buraco de lama, vou até Laney.

—Pronta? —Pergunto.

Ela dá um grande sorriso e assente com a cabeça. E pela


primeira vez pareceu realmente... ser ela mesma, desde que
voltou do supermercado ontem. Eu não sei o que aconteceu e
não vou perguntar. Não estou certo se ela me contaria, de
qualquer maneira. Essa coisa fazia Laney não ser parecida com
a maioria das mulheres - algumas sentiam a necessidade de
derramar suas entranhas regularmente – e isso trabalhava
contra mim em alguns casos. Como agora. Eu quero saber o
que aconteceu de errado, mas não quero dar a impressão
errada, parecendo preocupado.
Você não quer que ela ache que você se importa seu
babaca?

Escondo meu olhar carrancudo conforme abro a porta do


passageiro para ela. Eu realmente não sei por que não quero
que ela saiba que me importo. Apenas sei que não quero. Talvez
seja porque se importar acarreta responsabilidades e Laney não
sabe que eu destruo as coisas com as quais eu me importo. Ela
não sabe que não posso ser responsável por ela. E isso não é
apenas por ser mais confortável para mim. E sim porque é o
melhor para ela.

Estávamos ambos em silêncio, enquanto eu dirijo para o


lugar que os habitantes daqui chamam de - montanhas. Para
pessoas que cresceram em torno de montanhas reais, estes são
apenas grandes montes cobertos de árvores. Mas para pessoas
que viviam em um estado que tinha muita terra plana, estas
aqui eram montanhas.

Quando chegamos à parte mais difícil, com trechos de rio e


uma subida muito íngreme, percebo que Laney agarrou a alça
do teto e está empurrando seus pés contra o chão do carro.

—Agora você sabe por que as pessoas chamam essa alça


de 'puta-que-pariu'. —Digo a ela, com um sorriso forçado.

Ela sorri, mas seus olhos estão muito arregalados, o que


deixa meu sorriso muito maior.
Duas vezes eu bati profundamente, nos sacudindo
bastante. Laney suspirou, mas não disse uma palavra. Estava
corada e sorridente quando olhei para ela. Ela estava
aprendendo a apreciar o choque e a surpresa de cada momento.
A emoção de uma corrida. O prazer de não ver a vida como uma
coadjuvante. Eu sei que ela estava com o pé atrás com isso,
quando nos encontramos, mas eu não posso parar de olhar
para ela com um pouco de orgulho, olhar para o quanto ela está
apreciando a vida e pensar comigo mesmo que fui eu que fiz
isso. Isso me faz feliz, de algum modo, em algum lugar que eu
prefiro não explorar as profundezas. Apenas sei que ainda não
estou pronto para desistir completamente. Ainda não estou
pronto para desistir dela. Assim, eu vou dar o máximo neste
final de semana.

—Quanto ainda falta? —Ela perguntou em certo ponto.

—Talvez seis quilômetros. Algo assim.

Ela uma vez admitiu que nunca acampou. Eu não pude


acreditar. Mas parece ser verdade, a julgar pelo seu nível de
excitação. E isso está muito bem para mim. Estou excitado
também. Embora seja por uma razão diferente. Planejo fazer
muito sexo com esta mulher, tanto quanto for possível nesses
três dias e duas noites. Eu preciso começar a tirá-la do meu
sistema. Preciso manter essa sede por ela sob controle. Não
temos muito tempo e tenho que estar pronto para deixa-la ir.
Como sempre, o pensamento sobre ela ir embora, é como
se uma nuvem de tempestade se instalasse sobre minha vida
por alguns segundos e é exatamente por esse motivo que não
gasto muito tempo remoendo isso. Ela precisa seguir em frente
com a vida dela e eu também. Uma vez que tudo fosse dito e
finalizado, nossos caminhos iriam ser separados e é isso.

Mas ainda assim, eu realmente não gosto de pensar sobre


isso.

Logo à frente, eu vejo a clareira entrar no meu campo de


visão. Quando alcançamos o topo do monte, faço uma parada
num canto e desligo o motor. Assim que o barulho forte do Jeep
não pode ser ouvido, os sons da natureza parecem dez vezes
mais alto. Pássaros cantando, água correndo sobre rochas, o
vento sussurrando pelas folhas - é o som mais tranquilizante do
mundo.

Eu saio e começo a desempacotar nossos suprimentos.


Laney vempara ficar atrás de mim, estendendo o braço.

—Ok, me de algo.

Levanto uma sobrancelha para ela.

—Eu vou te dar algo. —Disse sugestivamente.

Ela sorri amplamente.

—Eu quero dizer algo útil.


Eu não digo nada por aproximadamente três segundos
antes de dar o bote nela. Ela está pronta para mim, porém ela
dispara até a clareira, gritando em plenos pulmões. Eu preciso
de apenas alguns passos longos para pegá-la, e quando o faço,
envolvo meus braços em volta de sua cintura, puxando-a para
trás, contra o meu peito e a balanço como se fosse arremessá-
la.

—O que você disse?

—Nada, nada, nada. —Ela meio que ri, meio que grita.

—Eu podia jurar que ouvi um insulto à minha


masculinidade aí, em algum lugar.

Eu a balancei novamente, fazendo suas pernas voarem na


nossa frente.

—Não, não foi! Eu apenas disse que queria ser útil.

—Isso não é o que me lembro —Digo, colocando-a sobre os


seus pés.

—Não é culpa minha que você é velho. —Ela murmura


divertidamente.

—Oh, você realmente está pedindo por isso. —Giro-a ao


redor dos meus braços, mordendo seu pescoço,
provocativamente. Ela ri e arqueia o pescoço, agarrando meus
ombros.
—Uma garota tem que fazer tudo o que pode para ter a sua
atenção. —Responde roucamente.

Levanto minha cabeça e baixo o olhar até seu rosto

—Tudo o que você tem que fazer é aparecer no meu


caminho e você tem a minha atenção. Toda a minha atenção.

Os olhos azuis de Laney estão claros, brilhantes e....


felizes.

—E eu não posso pedir nada mais do que isso. —Diz


suavemente, olhando fixamente para mim. Ela se estica e toca
minha bochecha com a ponta dos dedos, seu sorriso desaparece
numa expressão séria. —Jake, eu...

É como se apertasse o botão do pânico, suas palavras


provocam uma resposta acentuada em mim

—Vamos, - eu começo, colocando-a no chão. —Nós


precisamos montar o acampamento antes que fique muito
tarde. Deveríamos estar na margem do rio, pescando o jantar,
há horas atrás.

Laney acena, seu sorriso é brilhante mais uma vez. Quase


demasiadamente brilhante, de fato. E eu posso dizer pelo jeito
que ela prende o cabelo atrás da orelha que ela está um pouco
fora de órbita.
De volta ao jipe, entrego a Laney as coisas pequenas,
enquanto as desembalo e digo onde ela deve colocá-las.

—Pela maneira que a fogueira será posicionada,


colocaremos a barraca ali. —Digo, apontando para a borda da
clareira, que fica de costas para a ravina. Entrego a ela a
barraca e as estacas. —Apenas os coloque ali. Nós colocaremos
o cooler e as coisas da cozinha à direita e as duas cadeiras na
frente desse anel rochoso. Dentro daquilo é onde o fogo será
feito.

—Senhor, sim, senhor! —Ela diz, dando-me uma saudação


atrevida, enquanto ajeita a barraca.

—É quase parecido com isso. Eu amo uma mulher que


conhece seu lugar. —Laney olha para trás, sobre o seu ombro e
mostra sua língua para mim. —Faça isso outra vez e verá o que
vai acontecer. —Eu brinco. Ao invés de me dar uma resposta
mordaz, apenas continua se movendo.

Eu a observo, enquanto ela caminha até o lugar indicado,


deixa a barraca então se vira para fazer seu caminho de volta.
Ela para espanar algo fora dos seus shorts, atraindo minha
atenção para suas incríveis pernas. Imediatamente as imagino
em volta da minha cintura, Laney com a cabeça jogada para
trás, com os seus mamilos apontando para céu e seu corpo
apertado e firme em torno de mim. Também imagino o que ela
queria dizer antes, quando bruscamente a interrompi. Ela iria
dizer que me ama? Ou não seria nada disso? Embora fosse um
desastre para ambos se ela falasse isso, devo admitir que eu
gosto do pensamento dela sendo minha. Toda minha. Corpo,
coração e alma.

Mas aquilo seria um desastre.

Especialmente para ela.

Depois que descarrego o jipe, eu pego o martelo,


espalhamos a barraca, então começo a martelar as estacas.
Laney me ajuda quando eu preciso e, se não, se ocupa
ajustando a pequena mesa que trouxemos para manter a
comida fora do chão. Embora eu não possa ouvi-la, posso dizer
pelo contorno de sua boca que ela está sussurrando. Ela faz
isso com frequência quando está fazendo alguma atividade
doméstica. Eu reparei nisso. Obviamente, isso a faz feliz.
Contudo é outra razão pela qual ela não precisa de mim em sua
vida. Estou longe de ser uma pessoa doméstica.

Quando a barraca está montada, abro o zíper e seguro a


aba aberta para que Laney rasteje para dentro. Eu tento não
olhar demais para sua bunda perfeita ou pensar sobre o fato de
que ela está de quatro, a posição perfeita para eu entrar e tomá-
la por trás.
Meu pau contraiu dentro dos meus shorts, assim, faço
questão de pensar em outra coisa. Em qualquer outra coisa.

—Me entregue os sacos de dormir. —Ela diz, antes que eu


possa mergulhar para dentro.

Eu pego os dois rolos e os jogo para dentro, antes de me


juntar a ela, dento da pequena cúpula. Eu observo enquanto ela
os desenrola, colocando-os lado a lado. Olhando-os percebo que
os desaprovo. E não por razões sexuais. As possibilidades são:
nós faremos sexo em umas dúzias de lugares e nenhum deles
poderia ser dentro daqueles sacos de dormir. Mas esse não é o
ponto. O ponto é que eu não gosto do pensamento de não senti-
la se aconchegando em mim, como ela tem feito todas as noites,
nesses dois meses.

—Se você abrir o zíper de um e estende-lo no chão, nós


podemos fechar o outro em cima e troná-los um duplo. —
Proponho.

—Oh, isso é inteligente. — Responde ela, se movendo para


fazer o que sugeri. —Dessa maneira podemos compartilhar o
calor dos nossos corpos.

—Sim, se é o que você diz. —Murmuro.

Ela me olha sobre os ombros e sorri forçadamente.

—Entre outras coisas.


—Quase isso. —Eu digo.

Com os sacos arrumados apropriadamente, ela se vira


para mim.

—E agora?

Eu não acho que ela está tentando ser provocativa. Como é


Laney, eu realmente não acho que ela tenta ser. Ela apenas é.
Tudo que ela faz é sexy como o inferno e deixa meu pau tão
duro quanto um pedaço de granito. Meu... Apetite sempre foi
bem voraz, mas com Laney, ele é ainda pior. Parece apenas que
eu não conseguia ter o suficiente dela.

—Eu posso pensar em tantas maneiras de responder a


essa pergunta, mas acho que seria melhor irmos para o rio.

—Tudo o que você quiser Davey Crockett6. —Ela responde,


destemidamente, enquanto se curva para frente e rasteja por
mim. Desta vez, eu tenho que ranger os dentes, quando ela
passa na minha frente.

6
Político e militar norte americano no século XVIII, conhecido por ser excelente caçador assim como
herói da nação.
Está escuro. Laney e eu estamos sentados em frente à
fogueira. Ela está entre as minhas pernas, encostada no meu
peito. Acabamos de comer nossos cachorros quentes. —Esses
eram para uma emergência, você sabe. Apenas no caso de não
conseguirmos algo do rio.

Laney encolhe os ombros.

—Como eu ia saber que isso iria me aborrecer tanto? Eu te


disse que eu nunca tinha pescado. Não é como se Papai fosse
exatamente um homem do campo.

—Mas Laney, Deus colocou os peixes aqui para comermos.


As pessoas morreriam de fome no passado se as mulheres
fossem como você.

Ela pende a cabeça para o lado para me olhar. Seus olhos


são grandes, comoventes gotas de emoção que brilham à luz da
fogueira, no azul de seus olhos.

—Talvez não. Talvez seus homens apenas levassem os filés


de peixes para que elas os jogassem em uma frigideira e
deixassem cozinhar. —Ela acena como se isso explicasse tudo.

Balanço a cabeça e suspiro:

—Talvez. Tudo que eu posso dizer é agradeça a Deus pelos


cachorros quentes.
Ela sorri e descansa a cabeça contra meu ombro.

—Obrigada por devolver o peixe ao rio.

—Eu acho estranho que você prefira comer porco a um


maldito peixe frio, mas...

—Eu não tive que pegar e matar o porco. Essa é a


diferença.

—Você é uma menina mesmo. —Digo suavemente.

—E você é um menino mesmo.

—Certíssimo.

—Mas esse é jeito que se supõe que deve ser. Os homens


são os que se supões estarem bem em fazer as coisas cruéis. E
as mulheres são as que ficam no acampamento para remendar
joelhos esfolados e secar suas lágrimas.

—Eu consigo ver você fazendo isso.

—Pode mesmo? —Ela pergunta, olhando para mim


novamente.

—Definitivamente. Às vezes eu tenho a impressão que você


está tentando fazer isso comigo.
—Fazer o que com você?

—Me remendar.

—Isso é uma coisa tão ruim?

—Não. Eu apenas não quero que você desperdice o seu


tempo em um projeto como eu. Algumas coisas não podem ser
consertadas, Laney, não importa o quanto você deseja que
pudesse consertar.

—Talvez você só precise deixar alguém tentar.

—Você acha? —Replico casualmente, olhando longe de


seus olhos.

—Sim.

—Bem, se você quer saber o que eu penso, é que


precisamos de alguns marshmallows. O que você acha?

Seus lábios se curva em um sorriso, mas é um sorriso


triste.

—Marshmallows soa bem.

O ambiente é um pouco sombrio, enquanto retiramos as


pontas das varas verdes que usamos para assar nossos
cachorros-quentes para abrir caminho para os marshmallows.
Várias vezes me pego olhando para Laney, vendo os dedos dela
trabalharem, admirando como acetinada sua pele parece sob à
luz cintilante.

Se eu fosse honesto, eu sei que ela está desenvolvendo


sentimentos por mim. Eu deveria ter colocado um ponto final
nisto há duas semanas quando comecei a suspeitar. Mas a
verdade é que eu não quiz. Ainda não quero. Por quê? Porque
eu sou um filho da puta egoísta.

Faz tanto tempo desde que deixei alguém se aproximar de


mim. E agora que deixei me encontro querendo apreciá-la por
mais um tempo, quer isso a machuque ou não.

Mas isso não é justo com ela. Não é culpa dela que eu sou
desse jeito. E, finalmente, ela não deveria ter que pagar o preço.

Assim que Laney estica seu espeto para o fogo, deixando


os marshmallows pairar logo acima da chama, a metáfora não
passa despercebido - ela ficando tão perto do fogo, corre o
perigo de se queimar. Mal. Eu sei o que ela está fazendo. E sei
que deveria pará-la. E eu vou.

Apenas não ainda.

Eu penso que ela não passou do ponto sem volta, ainda.


Eu tenho um tempinho para aproveitar o que temos, antes que
tenha que fazer meu movimento.

E eu vou aproveitar isso.


Um dos marshmallows de Laney pega fogo e ela sacode seu
espeto, soprando o borrão em chama até que o fogo se apaga.
Com cuidado, ela pega pedaçinhos fofos de açúcar pegajoso e o
coloca na boca.

—Para quem nunca acampou antes, você com certeza tem


esta parte sob controle. —Eu observo sorrindo enquanto ela
lambe o creme branco de seus dedos.

—Qualquer criança que já esteve perto de qualquer tipo de


fogueira já assou marshmallows.

—Ahhh, então você é uma veterana. —Ela acena e sorri. —


Obviamente você gosta disso.

—Eles são feitos de açúcar. E estão derretidos. O que não


amar?

Eu olho fixamente para seu bonito rosto que coincide com


o que parece ser uma linda alma.

O que não amar, realmente.

Uma grande bolha fofa cai do espeto de Laney e atinge a


parte frontal da camisa dela. —Ahhhh, - ela lamenta, se
apressando para salvar o que podia. —Eu odeio desperdiçar até
uma mordida...

Antes de eu sequer poder sugerir, como se ela tivesse


lendo minha mente, Laney põe o seu espeto vazio de lado e
desliza sua camisa sobre a cabeça. Seu sutiã é da cor do sol
poente e na frente da luz suave, faz com que a pele dela pareça
estar brilhando.

Dentro de uma fração de segundos meu corpo está tão


quente como o fogo que estou sentando em frente.

Há um mês, ela nunca teria feito algo assim. Inferno, há


duas semanas, ela não teria feito algo assim Ela já percorreu
um longo caminho.

Como tempo passou tão rápido? E como eu posso


conseguir uma parte dele de volta?

Quando ela terminou de pegar o marshmallow da camisa,


eu a agarro, antes que possa vesti-la de volta.

—Eu vou fazer um acordo com você. —digo a ela — Vou


partilhar alguns dos meus marshmallows contigo. —Ela ficou
parada com os braços meio erguidos acima da cabeça e está me
espiando sobre as mãos. —Com uma condição.

Uma das sobrancelhas de Laney sobe, apenas mais uma


coisa que ela começou a fazer. Algo que me deixa louco.

—E qual é?

—Eu vou alimentá-la com eles. Mas eu sou uma bagunça,


então é melhor você tirar o resto da sua roupa.
Mesmo com pouca luz, vejo suas pupilas dilatarem. Ela
não me responde. Apenas abaixa os braços. Lentamente.

A princípio parece que ela não vai me dar uma resposta, de


maneira alguma. Mas então, com seus os olhos travados nos
meus, ela fica em pé e alcança o botão dos seus shorts. Ela
desabotoa e abre o zíper.

Intencionalmente, cuidadosamente, ela contorce seu


quadril para trás e para frente, enquanto desliza o material
caqui para baixo de suas pernas compridas. Quando ela se
endireita vejo que não está usando calcinha. Ela não deve ter
colocado-a de volta depois que tirou sua roupa molhada, mais
cedo.

Fico duro imediatamente.

—Onde você me quer? —Ela pergunta; a sua expressão é o


retrato da inocência.

Eu bato de leve no chão ao meu lado.

—Bem aqui. Você vai ficar quente perto das chamas. —


Graciosamente, Laney passa por mim e depois se afunda no
chão. —Deite-se. —Eu digo.

E ela obedece.
Eu seguro o espeto de marshmallows sobre as chamas por
alguns segundos para me certificar que está bem quentinho
antes de mergulhar meu dedo em um. A casca exterior crocante
dá lugar a um centro quente e pegajoso que reveste meu dedo.
Eu traço sobre o lábio superior de Laney.

—Lamba-o. —Assisto a ponta rosa de sua língua


esgueirar-se para fora para pegar o açúcar do lábio. Minha boca
saliva. —Minha vez. —Eu lhe digo.

Pego mais marshmallow com o dedo e o arrasto pelo seu


queixo até o vale entre seus seios. Eu curvo a cabeça e uso
meus lábios e língua para lamber sua pele, até deixá-la limpa.

—Mmm, delicioso. —Digo quando levanto minha cabeça e


encontro seus olhos. Laney não diz nada, mas posso ouvir sua
respiração curta e pesada. Ela está excitada. E quando ela
está excitada, eu estou muito mais.

Eu cavo mais marshmallow sobre meu dedo e seguro até a


boca de Laney.

—Abra. —Peço a ela. Sem palavras, ela separa os lábios.


Eu deslizo a ponta do meu dedo dentro. Isso é tudo que eu
posso fazer para não tirar a roupa e mergulhar dentro dela,
quando a sinto sugando e rodando a língua pela ponta.
Com meus olhos presos nos dela, reaqueço os
marshmallows que sobraram. Depois de alguns segundos um
pega fogo. Seguro o espeto sobre os lábios de Laney.

—Assopre.

Obedientemente, ela enruga seus lábios e sopra a chama.

—Minha vez, de novo. —Eu determino, me inclinando para


frente para enganchar o dedo sob a borda da alça de seu sutiã e
o puxo para baixo. Quando um mamilo que parece um pequeno
botão está exposto, eu furo o marshmallow amarronzado e
mergulho meu dedo dentro, transferindo a viscosidade quente
para o mamilo de Laney. Eu a escuto arfar pelo calor. Eu olho
acima em seu rosto e vejo seus olhos meio fechados em êxtase.
—Tão doce. —Sussurro, enquanto me inclino sobre ela para
sugar o açúcar grudento.

Quando me endireito, Laney abre seus olhos e olha para


mim. Seus lábios estão separados e eu aposto que se ela
estivesse usando calcinha estaria ensopada.

—Onde mais eu posso colocar alguns? — Eu pergunto.

Vejo-a afundar seus dentes perolados no lábio superior e


suprimir um rosnado. Eu aperto o controle sobre meu desejo.
Eu quero estender isso um pouco mais. Não importa o quanto
isso me cause dor.

Esfrego uma trilha brilhante e branca para baixo de seu


estomago, até o umbigo, onde deposito uma gota de creme.
Inclinando para frente, eu lambo a trilha e depois cuido da
última gota de marshmallow em seu umbigo.

Seu estômago treme, quando lambo um pouco mais baixo.


Meu pau salta em resposta. Ela sabe onde estou indo. Ela sabe
o que eu vou fazer. E ela está praticamente vibrando de
antecipação.

Endireitando-me, ponho o espeto no fogo uma vez mais e


aqueço o marshmallow que resta. Quando a parte externa
começa escurecer removo-o do fogo. Assopro até estar frio o
suficiente para que eu possa segurá-lo. Então enfio minha
língua direto no centro quente do doce. Queima, mas não o
suficiente para que eu não posso tolerar.

Curvando-me contra Laney, empurro suas pernas com


meu cotovelo as deixando separadas e corro minha língua
revestida de açúcar entre suas dobras, deixando uma trilha
doce, quente e pegajosa em todo o caminhopara sua abertura. O
barulho que ela faz está em algum lugar entre um suspiro e um
gemido. Para mim, parece apenas um apelo para eu continuar.
—É isso, querida, - digo, movendo meus lábios contra ela,
- você sabe que eu quero ouvir você.

Limpo sua carne lisa com minha língua, apreciando o doce


sabor do marshmallow misturado com o doce sabor de Laney.
Chupo seu clitóris e ela cava seus dedos em meu cabelo e me
segurando a ela, seus quadris se movem contra meu rosto. Eu
empurro um dedo pegajoso dentro dela. Ela está quente,
apertada e tão, tão molhada. Movo dentro e fora dela
lentamente, num ritmo que combina com minha língua. Eu a
ouço começar a arfar, então deslizo outro dedo dentro dela.
Penetro-a mais rápido com meus dedos enquanto a lambo até o
frenesi.

Seus quadris se movem no mesmo ritmo que eu, quando


sinto seus músculos tensos, empurro outro dedo junto dos
outros dois e bato-os dentro dela até ela gritar.

A voz de Laney ecoa pela clareira, com meu nome ecoando


forte por nós. Mas eu não terminei. E nem ela.

Deslizando minha língua para baixo, eu empurro dentro


dela, lambendo-a mais alto, até outro orgasmo. Minha
necessidade por ela se acumula.

Eu cheiro seu delicioso corpo, que me dá mais água na


boca do que o marshmallow. Eu saboreio sua doçura natural,
derramando na minha língua e misturando com o açúcar. Eu a
sinto em toda parte - suas mãos no meu cabelo, as pernas
roçando o meu rosto, seu corpo se contorcendo contra meu
peito.

—Jake, por favor, - ela sussurra baixinho. —Por favor. Eu


preciso sentir você dentro de mim.

Eu levanto minha cabeça e olho para ela. Seus olhos estão


pesados. Suas bochechas estão coradas. Seus mamilos estão
enrugados. Seus lábios estão tremendo.

Eu tiro meus shorts tão rapidamente como posso e me


posiciono entre suas pernas. Por um segundo, eu fico agitado
demais, mas me forço a reduzir.

Inclino-me sobre o calcanhar, me posicionado entre suas


coxas abertas. Olho para baixo, enquanto esfrego a cabeça
brilhante do meu pau sobre seus lábios inchados. Eu provoco a
entrada e sinto sua caverna escorregadia me apertando. Mordo
um gemido de volta.

Eu olho para ela. Seu peito parece pesar, com cada


respiração. Ela está bem na borda do próximo. E se eu esperar
só mais um segundo...

Eu coloco as minhas mãos no interior das suas coxas a


forço para que elas fiquem mais abertas, facilitando uma
polegada dentro dela.
—Incline-se —digo a ela. —Eu quero que você veja.

Laney alavanca seu corpo acima em seus cotovelos. Retiro-


me totalmente dela para que ela possa ver a cintilação da luz na
umidade que me cobre.

—Vê isso? Tem gosto de açúcar. Você tem gosto de açúcar,


digo, lentamente deslizando a ponta do meu pau de volta nela e
balançando em um entra e sai. Ela está sugando tudo de mim,
me implorando para enchê-la. —Você está em toda minha
língua, - digo, empurrando um pouco mais longe. —Eu ainda
posso sentir você.

Olho para Laney. Ela está me observando provocá-la, sua


boca continua silenciosa em um 'O' de prazer, seus olhos não
são mais que uma pequena abertura como ela se esforçasse
para mantê-los abertos. Eu retiro para fora e círculo meu dedo
sobre a cabeça do meu pau, então estico o braço e arrasto o
dedo pelo lábio inferior de Laney. Sinto que vou explodir quando
a língua dela sai para lambê-lo.

—Tão bom —eu sussurro. —Eu quero que você veja como
é bom estarmos juntos. —murmuro, me esforçando para
manter minhas curtas e rasas estocadas. —Quero que me veja
vir dentro de você. Quero te sentir e te encher. —Meu controle
está escorregando. —Quero que você me veja escorrer por você.
—Meu coração está acelerado e não posso adiar mais. —Quero
nossa mistura pingando do meu pau. Nós. Juntos.
Seu rosto parece aflito, mas sei que ela está sentindo a
mesma coisa que eu - o desespero. Ela quer chegar tanto
quanto eu.

Puxando seus quadris mais perto do meu, ângulo meu


corpo e me dirijo o mais fundo e forte como posso. Ela toma
cada centímetro de mim e seu grito fala o que eu já posso
sentir.

Ela está vindo de novo. É tudo o que preciso dela. Ela está
desfeita. E com cada espasmo do seu corpo ao meu redor, sei
que não estou longe.

Assisto Laney nos observando, observando meu pau


grosso bater nela várias vezes. Então eu sinto. Rouba sobre
mim como a escuridão. Assalta-me a visão e a audição por
alguns segundos, e tudo o que eu posso sentir é a tensão em
cada músculo do meu corpo.

E então eu estou vindo. Derramo-me nela, sabendo que ela


está prestando atenção e eu amo isso.

Eu nunca vim tão duramente antes. Por alguns segundos,


perco o contato com a realidade. Como um animal, eu arqueio
minhas costas, jogo a cabeça para trás e rosno. Eu rosno,
enquanto derramo tudo que tenho bem no fundo de Laney.

Enquanto ela assiste.


Eu posso sentir nossos
sulcos escorrendo de dentro dela,
em volta de mim. E quando retiro
meu pau, eu posso ver isso
pingando de mim. E então sei que
ela também está vendo isso.

Capítulo 19

Laney

Eu ouço Jake levantar, mas não quero me mexer ainda.


Cada centímetro de pele, cada fibras de músculo e cada nervo
está extremamente satisfeito. Todo meu corpo está lânguido,
fazendo-me parecer um gato preguiçoso.

Apoio-me em um cotovelo para ver Jake rastejar para fora


da barraca. Mesmo se eu não estivesse atraída por ele - o que
eu estou, e temo que isso esteja se tornando muito perigoso
para mim - eu poderia apreciar sua beleza. Suas pernas são
longas e musculosas. Sua bunda é dura e redonda. Sua cintura
é estreita e elegante. Suas costas têm forma de V e os ombros
são largos. E tudo está coberto por uma pele impecável e
dourada.
Quando ele se vira para me olhar, já na porta, vejo-o de
frente. Sinto minhas bochechas corarem quando olho para ele.
Ainda não acredito que ele é assim.... Tão grande. E que tudo
isso cabe em mim.

Mas cabe. Oh, e como cabe!

Calafrios se espalham pelos os meus braços e peito e sinto


um jato de calor. Olho rapidamente para o rosto de Jake. Ele
está sorrindo.

—Você está bem acordada agora, não é?

Aceno lentamente, sorrindo amplamente.

—Espere aí. Eu volto já.

Deito e me aconchego no saco de dormir, sorrindo, feliz,


enquanto ouço os sons da floresta acordando. Ao longe, ouço o
murmúrio do rio, que me lembra de que realmente tenho que
fazer xixi.

Droga!

Vestindo uma grande camiseta de Jake, saio da barraca e


tento encontrar um lugar próximo à floresta, sem a presença de
um carvalho venenoso7. Vejo uma árvore caída e me dirijo a ela.
É sempre bom ter algo assim ao alcance da mão. Desse jeito, se
eu perdesse o meu equilíbrio, poderia estender a mão e me
7
Uma trepadeira típica da região norte-americana, mas parecida com cajueiro.
segurar nela, ao invés de cair no chão enquanto eu estou
tentando fazer xixi.

Viro as costas para o tronco e levanto a camisa de Jake.


Antes que me agache, uma dor aguda rasga a parte de trás do
meu joelho esquerdo. Eu uivo, em parte pela surpresa em parte
devido ao desconforto.

Contorno ao redor da árvore caída, procurando o que me


atacou. Sinto o sangue esvair da minha cara quando vejo a
serpente belamente pintada com cor de ferrugem, enrolada
discretamente no lado de trás do tronco. Sua cabeça ainda está
levantada e ela me enfrenta como se estivesse pronta para
atacar novamente. A dor já está irradiando na minha
panturrilha e tudo que consigo pensar é, no total estilo de Jake,
oh merda, oh merda, oh merda.

Eu não sei praticamente nada sobre cobras, então não sei


se devo me mover ou não, ou em quanta dificuldade estou
envolvida. Então faço a única coisa que posso. Eu grito por
Jake.

—Jake! Socorro!

Meu pulso está batendo em meus ouvidos e minha perna


está pegando fogo, enquanto permaneço perfeitamente parada
olhando para a cobra. Eu fico aliviada quando ouço o estalar de
Jake, vindo pela floresta na minha direção.
Como se pressentindo que o perigo estava se aproximando,
a cobra desliza do seu pedestal e foge para a samambaia em
torno da árvore caída. Sobrecarregada com o alívio, sinto um
pouco de vertigem pela dor na minha perna e caio de joelhos
justo no momento em que Jake me encontra.

—Laney, o que aconteceu de errado? —Ele pergunta. Há


pânico em sua voz, que na verdade me dá vontade sorrir. Mas
eu não sorrio. A dor na minha perna parece estar aumentando a
cada segundo.

—Uma cobra me mordeu. —Eu respiro.

—Onde? E onde está a cobra?

Eu rolo ligeiramente para o lado e aponto para a parte de


trás da minha perna. Jake examina e depois olha novamente
para o meu rosto. Ele gentilmente pega meu queixo entre seus
dedos e me olha de perto.

—Em que direção ela foi, Laney? —Ele pergunta


calmamente.

—Logo atrás do tronco, para a floresta.

—Eu preciso encontrar a cobra. Preciso saber o que te


mordeu. Fica aqui. Eu já volto. —Jake promete. Ele escova
meus lábios com os dele, tão terno e doce que me faz querer
chorar, antes dele levantar e dar um giro completo. Antes que
eu pudesse perguntar o que ele está fazendo, ele pega uma
pedra de bom tamanho do chão e a levanta uma ou duas vezes,
como se verificasse seu peso. Com a pedra presa contra a palma
da mão, Jake anda até o tronco, pisando cautelosamente e se
movendo mais para dentro da floresta.

Confusamente, rezo a Deus para não deixá-lo ser mordido


também, enquanto me deito contra o chão frio. Eu ficaria
arrasada se algo acontecesse com ele, porque ele estava
tentando me ajudar.

Eu não sei quanto tempo se passou até Jake voltar. A


rocha foi substituída por um comprido corpo de uma serpente
agitada.

Eu suspiro em choque.

—Jake, isso pode...

Ele mantem a serpente levantada apenas o suficiente para


que eu consiga dar uma boa olhada. E ver que está faltando a
cabeça. —É essa que te mordeu?

Eu olho atentamente para a cobra. A cor e as marcas são


inconfundíveis.

—Sim, é essa.
—É uma cabeça de cobre8. —Diz, lançando-a de volta para
a floresta. O rosto de Jake está solene, o que me preocupa. Ele
se inclina e gentilmente me pega em seus braços, com cuidado
para não empurrar minha perna ou colocar muita pressão na
curva do meu joelho esquerdo. —Nós precisamos tirar você
daqui.

Eu não estou em pânico. Sobretudo, eu diria porque


minha perna doí tanto que é difícil pensar em outra coisa. Eu
quero apenas que a dor passe.

—Cabeças de cobre são venenosas, certo?

—Sim.

—Supostamente, você não tinha que cortar e chupar o


veneno para fora ou algo assim?

Jake sorri, mas isso não apaga completamente o olhar de


preocupação em seu rosto.

—Você quer que eu a corte e chupe o veneno?

—Bom, se isso for o que você deveria fazer...

—Com algumas picadas de cobra venenosas isso pode ser


o caso, mas com uma cabeça de cobre, felizmente seu ataque é
seu aviso, assim elas muitas vezes não injetam muito veneno.

8
Copperhead no original. Tipo de serpente venenosa encontrada na América do Norte.
—Eu vou pegar o kit de primeiros socorros e limpar o local,
em seguida vamos descer a montanha.

Eu considero esta nova informação, me sentindo um pouco


aliviada. Mas ainda assim, minha perna doí muito!

—E todas as suas coisas? O acampamento?

—Não me importo com toda essa merda. Minha maior


preocupação é te levar para o hospital, assim eles podem dar a
você algum antídoto e algo para a dor...

Jake me coloca sentada em uma das cadeiras na frente do


que costumava ser o fogo. Eu assisto ele cavar através de uma
caixa de metal na parte traseira de seu jipe e pegar um pequeno
quadrado branco. Enquanto ele volta, percebo sangue fresco em
seu braço e coxa. Quando eu viro minha perna e olho, vejo o
sangue correndo da ferida.

—Sangramento é uma coisa boa, certo? Para limpar o


veneno da mordida ou algo assim?

—As mordidas de cabeça de cobre sangram um bocado.


Tem algo a ver com a maneira que o veneno afeta as células
sanguíneas. — Jake se ajoelha na minha frente, abre a caixa
branca e a coloca no chão, aos meus pés. —Isso vai doer, mas
eu preciso limpá-la antes de colocar uma gaze sobre a ferida,
tudo bem?
Eu aceno.

O que quer que seja que Jake derrama em uma bola de


algodão é o inferno líquido. Tenho certeza disso quando ele o
pressiona na minha perna, que já dói, fazendo doer ainda mais.

—Quase pronto. —Diz ele, enxugando cautelosamente.

—Eu olho para baixo e vejo o sangue pingando, mesmo


com ele estancando a ferida. Náusea arrasta sobre mim com
ondas de calor insuportável. O suor goteja da minha testa. —
Jake, eu me sinto enjoada.

—Respire fundo. Nós estaremos na estrada em um


minuto...

Com movimentos rápidos e competentes, Jake dobra


alguns quadrados de gaze em uma espessa almofada e o
pressiona levemente contra a picada da cobra. Ele então rola a
gaze frouxamente em torno do meu joelho e o prende com fita.
Só a pressão é o suficiente para manter a gaze no lugar.

—Não é o melhor trabalho, mas vai servir. —Diz ele,


fechando a caixa branca e depois ficando em pé. —Vamos vazar
daqui...

Antes de ele possa me pegar em seus braços, eu tenho um


momento de clareza.

—Não vai se vestir?


Ele ainda está nu. E eu ainda estou praticamente nua.

Jake olha para baixo, para seu corpo, então de volta para
mim.

—Bem, você está usando minha camisa. Que tal se


colocarmos um par de shorts em nós dois?

Eu aceno.

—Soa bem.

Jake esquiva-se para a barraca e, após alguns segundos,


surge vestindo shorts, tênis e carregando meus shorts de ontem
à noite.

—Aqui - diz, segurando os shorts abertos nos meus pés. —


Entre nesse, então vou levá-la para o jipe...

Ele me puxa lentamente para eu ficar de pé e coloco a


minha mão em seu ombro para me equilibrar enquanto entro no
meu shorts. É tão doce que antes que eu faça isso sozinha, Jake
levanta os shorts e o prende na minha cintura.

Quando ele encontra os meus olhos, ele pisca.

—Estranho. Eu nunca fantasiei colocar shorts em você,


mas sim em tirá-los.

Seu charme calmo fez com que eu me sinta mais tranquila.


Tomando cuidado com minha perna, Jake me pega em seus
braços e caminha para o jipe. Coloco minha cabeça em seu
peito. Eu sei que deveria estar com medo. Aqui em cima, nas
montanhas, machucada, totalmente sozinha com um bad boy,
alguém que toda a cidade despreza. Mas eu não estou com
medo. Eu estou em boas mãos. Eu não tenho nenhuma dúvida
disso.

Na volta a descida da montanha parece duas vezes mais


longa, embora, de acordo com o relógio do painel, tenha sido
realmente mais rápida. Naturalmente, eu não estava com dor na
subida.

Quando passamos ao longo do rio em um lugar que eu me


lembro de ser razoavelmente perto da chegada, Jake tira seu
telefone e o liga.

—Eu devo ter sinal agora, - diz a título de explicação. Ele


digita em uns poucos números e então mantém o telefone no
ouvido. —Sim, senhora, estou a caminho descendo a montanha
atrás do pomar de pêssego dos Theopolis. Eu tenho uma amiga
que foi mordida por uma cabeça de cobre. Poderia enviar os
paramédicos?

Jake responde algumas das perguntas a ela e em seguida


dá o endereço dele. Depois de alguns segundos de espera, ele a
agradece e desliga.
—Por que fez isso? Eu consigo chegar ao hospital. — Não
sei como aceitar suas ações, mas não me sinto bem com elas.
Eu deveria estar mais preocupada? Ser mordida é mais grave do
que eu pensei? Ou é Jake tentando se livrar de mim?

—Você precisa do soro antiofídico o mais rápido possível.


Quanto antes você tomá-lo, mais eficaz será. Chamando-os
agora a ambulância estará em casa quando chegarmos ao pé da
montanha, dando a você pelo menos vinte minutos. E
chamando-os quanto a uma picada de cobra, o hospital pode se
certificar que a ambulância tenha a bordo o que você precisa
quando eles vierem.

—Oh. —Eu digo com um aceno de cabeça. Isso faz sentido.


Alarme falso.

Andamos em silêncio o resto da descida.

Os paramédicos estão descendo a Rua de Jake, quando


passamos por cima do campo. Eles param, nós paramos e então
Jake pula e aparece ao lado do passageiro para me pegar. Ele
me carrega para a parte de trás da ambulância, enquanto os
paramédicos estão estendendo as pernas da maca. Ele me ajeita
delicadamente no fino colchão e se afasta.

Os técnicos de emergência são dois caras mais velhos, que


me fazem sentir à vontade de alguma forma. Talvez, porque
pareça que quantos mais velhos sejam mais experiência eles
possuem. Ou pelo menos é a minha maneira de pensar.

—Onde você foi mordida? — Isto vem do paramédico


número um, à minha esquerda.

—Na parte traseira de meu joelho esquerdo.

Ele acena ao paramédico número dois que começa a


colocar um medidor de pressão ao redor do meu braço,
enquanto o paramédico número um levanta a minha perna para
examinar a mordida.

—Qual seu nome, senhora? — O da minha direita


pergunta, enquanto começa a colocar adesivos no meu peito.

—Laney.

—Ele é o seu marido, Laney? — Ele pergunta, acenando


para o Jake.

—Não, ele é, hum, ele é um amigo.

Eu uso o termo de Jake. Parece tão frio e sem esperança


quanto parecia quando eu o ouvi usá-lo ao telefone.

—Você tem família na área, Laney?

Sinto um momento de pavor. Engulo, sentindo as lágrimas


ameaçarem. Este não é o fim que eu tinha pensado, para nosso
maravilhoso acampamento. De modo nenhum. E agora meus
pais serão envolvidos.

—Sim, eu tenho.

—Quais são os nomes deles?

—Graham Holt é meu pai e....

—Graham Holt, o Pastor?

—Sim, senhor.

—Bem, tudo bem, Laney, iremos chamar seu pai e fazer


com que ele nos encontre no hospital.

—Na verdade, eu preferiria que você não fizesse isso. O


Jake não pode vir comigo?

Os homens olham de um para o outro por cima de mim, e


em seguida o da minha esquerda, limpa a garganta e responde.

—Claro que pode, mas vamos precisar de algum membro


da família presente, caso aconteça alguma coisa.

Meu estômago afunda e eu aceno.

—OK.

Eu olho para Jake. Seu sorriso é tenso e suas mãos estão


enfiadas nos bolsos do seu calção.
—Eu vou encontrar você no hospital, Laney.

Eu aceno e sorrio, sabendo que é um sorriso patético, já


que meu queixo está tremendo.

—Laney, você é alérgica a algum medicamento? —Pergunta


o paramédico número um.

—Não senhor.

—Bom. Quando colocarmos você aqui atrás, vou iniciar


uma intravenosa e lhe dar algo para a dor. Então eu vou dar
uma medicação para ajudar a neutralizar o veneno da cobra,
está bem?

—Sim, senhor.

—É importante que você me diga como está sentindo, está


bem?

—Sim, senhor.

Com uma sacudida, os dois homens recolhem as pernas


da maca, me enfiando na parte de trás da ambulância. Levanto
a minha cabeça e meus olhos encontram os de Jake enquanto
um dos caras fecha as portas. Ele parece pálido. E chateado. E
é tudo por minha causa. Eu arruinei o que, supostamente, era
para ser um fim de semana divertido. O que possivelmente
poderia ser nosso último fim de semana.
Quando não posso mais vê-lo, não seguro minhas
lágrimas. Eu as deixo fluir.

—Eu vou controlar essa dor em apenas alguns minutos.


Aguenta aí, Laney. —Ele diz, enquanto desembrulha o tubo e
perfura um saco de líquido.

Dou a ele um sorriso molhado. Não acho que ele pode


aliviar a dor que estou sentindo agora. Não tinha nada a ver
com a picada da cobra.

Eu sei que já olhei para a porta de entrada uma dúzia de


vezes. Onde Jake está?

Em meu estômago havia uma sensação que ele não iria


viria, que este seria nosso fim. Essa não era a diversão que ele
estava procurando. Este não era o tipo de aventura que ele
gostava. E eu provavelmente não era o tipo de garota pela qual
ele daria mais do que alguns finais de semanas.

O doutor termina de examinar a minha perna. Ele é alto,


magro e com a cabeça cheia de cabelos grisalhos rebeldes, mas
ele tinha um sorriso caloroso.
—Bem, Sra. Holt, você é uma jovem muito sortuda. Você
ainda não está fora de perigo, mas baseada na reação do tecido
ao redor do local, eu diria que você foi apenas levemente
envenenada. O que significa que houve a destruição mínima dos
tecidos, sem efeitos sistêmicos, como náuseas e vômitos...

—Desculpe interromper, mas ela falou que estava bem


enjoada depois que foi mordida.

Meu coração incha dentro do peito. Ele veio.

—Jake. —Eu digo incapaz de manter o sorriso bobo fora da


minha cara. Ele pisca para mim rapidamente, em seguida, vira
a sua atenção para o médico.

—Desculpe, sei que estou atrasado, senhor. Eu sou Jake


Theopolis. Eu estava com Laney quando ela foi mordida.

O médico acena com esta nova informação, em seguida,


volta para mim.

—Você está se sentindo enjoada agora, Laney?

—Não, senhor.

—Foi apenas uma coisa que você experimentou logo após a


mordida?

—Sim, senhor. Eu, hum, eu... — Eu sinto minha


bochecha queimar. Já me sinto idiota pelo que estou prestes a
falar. —Eu fico assim às vezes, com a visão de sangue.
Especialmente o meu.

Ele sorri amavelmente.

—Isso não é algo para se envergonhar. E foi uma


experiência traumática, o que só intensificou seus sentidos.
Mas é um bom sinal que você já não esteja se sentindo mal. Se
tivesse sido fortemente envenenada, você estaria
experimentando náuseas e vômitos, juntamente com uma
variedade de outros efeitos colaterais de uma mordida de cabeça
de cobre. O que eu acredito é que você terá alguma reação local
como dor e inchaço, possivelmente alguns hematomas, mas
nenhum efeito duradouro ou inaptidão em sua perna. Eu acho
que a reação rápida deste jovem provavelmente te salvou de um
pouco de sofrimento.

Jake não parece afetado pelos elogios do médico, mas ele


não parecia tão miserável como estava em sua casa também,
então tenho certeza que foi bem-vindo, ele admitindo isso ou
não.

—Então quando posso ir para casa?

—Não por alguns dias. — O médico folheia meu prontuário


e olha para baixo, de volta para mim. —Mas eu vou fazer o meu
melhor para tirá-la daqui antes do seu aniversário. —Com uma
piscada e um tapinha fraternal na minha mão, ele acena para
Jake e então se vira e sai do quarto.

—O seu aniversário está chegando? —Jake pergunta.

—Sim. É quinta-feira.

—Porque você não...

—O que é que está acontecendo aqui, Laney?

Sinto o sangue escorrer do meu rosto quando ouço o


vozeirão e depois vejo meu pai, aparecendo atrás de Jake.

—Nada, pai. Eu estou bem.

—Você está deitada numa cama de hospital. Você


certamente não está bem. —Ele vem e senta na borda da cama,
tomando minha mão na dele. —O que aconteceu querida?

Vejo a preocupação em seus olhos, gravada em seu rosto.

—Eu fui acampar e acabei sendo mordida por uma cobra...

Ele fecha os olhos e junta as nossas mãos, levando-as até


sua testa. Ele fica em silêncio por muito tempo. Eu sei que ele
está rezando.

—Graças a Deus, você está bem. —Diz ele, finalmente,


abrindo seus os olhos para olhar para mim.
—Se não fosse por Jake, as coisas poderiam ter sido muito
diferentes. —Eu digo, esperando que o heroísmo de Jake fosse
ajudar meu pai a ter mais consideração por ele.

—Bem, com quem você estava acampando? — Meu pai


pergunta.

—Com Jake! Isso é o que quero dizer. O médico disse que


a sua reação rápida provavelmente me salvou de um monte de
sofrimento.

—Mas ele não foi o motivo pelo qual você está nesta
situação difícil, para começar?

—Claro que não! Minha mordida não tem nada a ver com
ele. — Eu puxo minha mão, me sentando reta na cama. Não
gosto de sentir como se ele tivesse tal vantagem sobre mim. Ele
tem agido com arrogância pra cima de mim durante toda minha
vida e com ele sentado e eu meio deitada, fazia com que eu me
sentisse intimidada. E não quero me sentir intimidada. Eu
quero ter coragem de fazer meu pai ver o que eu vejo em Jake.
Não o que ele acha que sabe sobre ele.

—Bem, se ele não tivesse te levado para as montanhas,


sem supervisão, você não teria sido mordida por uma cobra.

—Sem supervisão? Papai, eu sou adulta. Em alguns dias


eu terei vinte e três anos de idade. Faz muito tempo que não
preciso de supervisão.
—Isso pode ser o caso, mas se você não estivesse lá em
cima, fazendo coisas que você não deveria estar fazendo, talvez
isso não tivesse acontecido.

—E como sabe o que estávamos fazendo lá?

Meu temperamento flameja. Eu só posso imaginar como


Jake deve estar sentindo, sendo objeto de tal julgamento
austero e crítico durante a maior parte de sua vida.

—Eu não sou estúpido, Laney. Você acha que não sei o
que acontece quando um homem e uma mulher ficam numa
cabana, juntos?

—Não é nada disso, pai. Jake me deixou ficar quando eu


não queria ficar com você. Se for assim, é sua culpa por não
respeitar minha decisão sobre Shane.

—Você não pode me culpar por te amar e querer o que é


melhor para você.

—Não, eu não posso. E eu não vou. Mas eu culpo você por


usar tais táticas dissimuladas. E por ser tão dominador. Papai,
você tem que cair fora da minha vida e me deixar tomar minhas
próprias decisões. Não preciso de você para viver minha vida...

—Parece que você precisa. Olha que bagunça você tem


feito.
—Eu ainda não fiz nenhuma bagunça. As coisas estão
indo muito bem, exatamente do jeito que eu quero.

—Isso é o que você quer? É ele o que você quer?

Sua pergunta não é ofensiva, explicitamente, mas a ênfase


em sua palavra faz com que sua opinião sobre Jake seja
bastante clara. E o pior é que Jake está aqui, assistindo tudo
isso, não sei como responder isso sem me incriminar. Mas eu
tenho que dizer algo.

—E se eu dissesse que sim? Você me impediria?

—Laney, você não pode esperar que eu me afaste e a veja


arruinar a sua vida.

Jake limpa a garganta e dá um passo para frente. O olhar


no seu rosto é insondável. Mas algo nele parte meu coração. E
faz com que fique em pânico.

—Sr. Holt, foi bom te ver novamente, mas estou saindo


agora. Não quero aborrecer Laney. Ela já sofreu o suficiente por
hoje...

E com isso, ele se vira e vai embora.

O grande homem. E, neste caso, o melhor homem.

Lágrimas ardem em meus olhos.


—Como pode ser tão frio e cruel papai? O que aconteceu
com o homem amoroso que eu conheci?

—Eu ainda sou aquele homem, Laney. Não vê que faço


tudo isso porque te amo? Porque quero o melhor para você?

—Você não entendeu papai? Ele é o melhor pra mim. Eu


estou apaixonada por ele.

As palavras escapam antes que eu possa impedi-las. Elas


vazam do meu coração, com raiva e frustração, mas também é
uma verdade. Verdade, que eu não tinha, conscientemente,
admitido para mim mesma.

Meu pai se inclina como se eu tivesse dado um tapa nele.

—Não seja ridícula. Você está destinada a ficar com Shane.


Todos podem ver isso, menos você.

—Não, não estou, E todos podem ver isso exceto você.


Capítulo 20
Jake

Há muito que fazer ao redor do pomar. Entre isso e alguns


turnos com os bombeiros, me mantenho ocupado. O problema é
que não é o suficiente para me fazer parar de pensar nessa
confusão com Laney.

Não estava preparado para que o que nós tínhamos


acabar, ainda. Mas tinha que ser agora. Como se não fosse o
bastante ouvir como terrivelmente me encaixo na sua vida
perfeita e em seu futuro perfeito (pelo menos aos olhos do seu
pai), o destino interveio com aquela picada de cobra. A
hospitalização e sua subsequente incapacidade de continuar o
trabalho, de imediato, na propriedade da minha família significa
que o escritório de advocacia enviou alguém para substituí-la.
Acontece que Laney já tinha acabado, exceto por algumas
coisas menores, que o novato ficou enrolado por dois dias.

Eu não sei se ela estava arrastando isso por minha causa,


mas se estava, isso quer dizer que foi melhor ainda que tenha
acabado. Pelo menos para ela. Não sirvo para ela. Eu sabia que
seria assim. Eu pensei que ela também sabia.
Quanto a mim, só vou ter que arranhar essa coceira em
outro lugar. Não, eu nunca tive uma mulher que ficasse
embaixo da minha pele assim, mas como já ouvi inúmeras vezes
ao longo da minha vida, estou melhor sozinho. E isso significa
rápidos interlúdios com as mulheres, não relacionamentos
reais. Nada duradouro. Certamente nada permanente. E é isso
que Laney precisa - de para sempre. É o que ela finalmente está
fazendo, seguindo seu objetivo na vida. E não consigo ser isso
para ela. Assim, a melhor coisa que posso fazer é dar um passo
para trás e deixar que alguém que possa dar isso a ela tenha
uma chance.

Mas mesmo sabendo de tudo isso, sabendo que faz o maior


sentido, de acordo com todas as perspectivas, não a torna
menos incomoda para mim. O fato é que eu não quero coçar
essa coceira com outra pessoa. Eu queria tirar isso do meu
sistema com Laney. Um tipo de overdose. Overdose dela.
Inundar meu corpo com o dela até não mais precisar mais dela.

Maldita seja essa mulher! O que diabos ela fez comigo?


Capítulo 21

Laney

Faz quase uma semana e nada de Jake. No fundo, eu


sabia - eu simplesmente sabia - que ele tinha sentimentos por
mim. Teria apostado dinheiro nisso. Nós tínhamos nos
estabelecido no que era muito perto de um casamento, por um
tempo. E ele foi próspero e feliz. Ou pelo menos parecia ser. Mas
evidente eu estava errada.

Ele não foi ao hospital para me visitar desde o primeiro


dia, quando meu pai agiu de modo horrível. Ele não ligou. Não
retornou minhas ligações. Ele simplesmente desapareceu. Como
se nunca tivesse existido.

Só que parece que eu não consigo esquecê-lo. Não posso


fingir que ele nunca existiu, porque ele ainda está no meu
coração.

Coloco meu celular para o lado. Não adianta deixar mais


nenhuma mensagem para ele. É óbvio que ele terminou comigo.
Eu só preciso o deixar ir.
Rolo para o lado, tentando não chorar, não derramar mais
nenhuma lágrima por ele. Ouço uma tosse atrás de mim e meu
coração gagueja. Mas quando viro, vejo Tori, em pé, na porta.

—Oi. —Digo desanimada.

Minha falta de entusiasmo não tem nada a ver com ela.


Estou mais do que pronta para perdoá-la e seguir em frente. E
tem tudo a ver com o fato de que ela não é o Jake. Mas não
consigo evitar isso. Apenas Jake pode consertar isso.

—Eu ia ficar longe, mas...

Ela adentra no quarto e eu rapidamente me coloco numa


posição sentada na cama, dando tapinhas no espaço ao lado
das minhas pernas. Ela dá um pequeno sorriso e vem sentar ao
meu lado.

—Como estão indo as coisas para você? —Pergunto.

Tori inclina a cabeça para o lado e me dá um olhar


desdenhoso.

—Não estou aqui para falar sobre minha vida chata. Estou
aqui para visitar minha melhor amiga que foi mordida por uma
cobra no mato com Jake Theopolis. —A boca de Tori abre e seus
olhos brilham. —Oh meu deus, Laney! Você sempre disse que
quando fosse selvagem, você iria fazer do seu jeito. Você não
estava brincando.

Eu não pude deixar de rir.

—Onde ouviu sobre isso?

Bem, seus pais podem manter as coisas em segredo por


um tempo. Mas com você em um lugar público como um
hospital, não havia nada que pudesse fazer para impedir que a
notícia se espalhasse. E isso se propagou!

Deito minha cabeça para trás, contra os travesseiros e


fecho os olhos.

—Grande. —Suspiro.

—Não, isso não é tão ruim assim. Quase todo mundo vê


você como a vítima. Você sabe o grande e maldoso Jake que
enganou a doce e inocente Laney para levá-la para uma
armadilha.

—Nesta cidade... Por que não me surpreendo?

Tori dá os ombros e empurra seus longos cabelos para trás


por cima do ombro.

—Este é o tipo de lugar que precisa de um vilão. E Jake


sempre deu a eles um. Você sabe, aproveitando-se das meninas.
— Ela aspira e acrescenta. —Como se ele tivesse que pedir duas
vezes.

Eu sorrio, mas não digo nada.

Um sorriso lento e travesso arrasta-se sobre o rosto de


Tori.

—Então, você não estaria disposta a jogar um osso, como


qualquer garota, estaria? Diga-me tudo sobre isso?

Dou-lhe um sorriso triste.

—Não há nada que você gostaria de ouvir sobre isso.

Os olhos dela ficam grandes como pires.

—Está brincando? Laney, eu quis estar no radar do cara


desde o jardim de infância!

Sorrio forçadamente.

—Não, você não quis.

Ela me dá um olhar duvidoso.

—Laney. Sem essa. Você sabe que eu me desenvolvi cedo...

Ela tem um bom ponto.

—Para você e seus hormônios, jardim de infância


provavelmente está certo.
Tori fica com um olhar melancólico no rosto e olha
fixamente para o nada.

—Ahhh, foi o aluno da terceira série que acordou meu


corpo adormecido...

Isso me faz rir.

—Eu não acho que você era mesmo tão ruim assim....

Tori coloca a mão em seu generoso seio e o sacode.

—Eu tinha seios desde os nove anos. Confie em mim, todo


o resto aconteceu mais cedo. —Sorrindo, eu apenas balanço a
cabeça para ela. —Então vamos lá. Cospe.

Sinto meu sorriso morrer. O que aconteceu entre mim e


Jake não foi só um desvio sexy na minha vida. Compartilhá-lo
com Tori teria apenas feito isso ser sujo e.... bem... apenas
menos do que foi.

—Não, não há nada para contar. —Mexo com a borda do


lençol, evitando seus olhos.

Ouço seu suspiro, enquanto ela agarra a minha mão e me


tranquiliza.

—Você não se apaixonou por ele, né?

Meus olhos ardem. Mesmo Tori acha que cometi um erro.


É tão impossível que Jake pudesse amar alguém como eu?
Deve ser.

Tori não diz nada durante uns longos minutos, isso me dá


tempo para me recompor.

—Sabe, Laney, eu estava pensando sobre as coisas com


Shane. Eu odeio mesmo tocar no assunto novamente, mas
talvez você devesse apenas esquecer tudo o que eu disse,
esqueça tudo que aconteceu e dê ao cara outra chance. Não
quero que você perca seu final feliz por causa do que fiz ou do
que penso que fiz. Essa é uma decisão que você precisa tomar
por conta própria, sem minha ajuda e interferência.

Eu rosno em frustração.

—Você não está falando isso!

—Eu não estou dizendo que deveria casar com ele ou


aceitá-lo de braços abertos. Só estou dizendo que talvez que
você devesse pelo menos dar mais uma chance. Veja como você
se sente. Veja como as coisas vão. Eu não poderia viver comigo
mesma se eu pensasse que custei o sonho que você teve desde a
infância.

Encontro os olhos azuis brilhantes e sinceros de Tori.


Sempre dizem que nos parecemos muito, apenas que Tori é
mais vibrante. Eu sei que é verdade no que diz respeito à
vibração, mas sempre me senti pálida em comparação a ela, em
todos os sentidos. Shane escolhendo um espírito livre como ela,
só ressaltou isso.

Mas agora, só porque não quero mais ser a santinha doce


não significa que levo jeito para ser vibrante como ela. Alguém
que nunca poderia segurar o interesse de Jake. Talvez eu
estivesse exagerando por pensar que alguém como ele poderia
se assentar com alguém como eu. Ou se assentar, de qualquer
maneira.

—Talvez meu sonho tenha mudado Tori.

Ela aperta a minha mão.

—Apenas esteja certa, Laney. Certifique-se que está


fazendo as coisas pelas razões certas. Não me deixe influenciar
você. Ou seu pai. Ou qualquer outra pessoa. Faça o que te faz
feliz

Um plano já está se formando em minha mente. Inclino-


me para frente, dando um sorriso para minha amiga.

—Você sabe o que me faria feliz?

—O que?

—Uma festa de aniversário

—Você está no hospital, Laney. Acho difícil...


—Quero dizer quando eu
sair daqui. Uma festa de
aniversário atrasada.

O rosto de Tori se ilumina.

—Agora, é disso que estou


falando.

Capítulo 22
Jake

Faz bem mais de uma semana que vi ou falei com Laney.


Tem um cara no mercado que conhece o pai dela e ele diz que
ela está se recuperando muito bem, então sei que ela está bem.
E eu sei que estou fazendo a coisa certa, mantendo distância,
mas ela não está tornando isso mais fácil.

Eu escuto a mensagem dela. Ela deixou várias mais


antes, cada uma foi leve e divertida, mesmo sabendo que ela
estava incomodada com o meu desaparecimento repentino. Mas
esta é a única que eu ouvi mais de uma vez. Essa estava me
tentando. Veio depois que não tive notícias dela por um dia ou
dois. E o tom era tão... diferente.
Hey, Jake. É a Laney.
Desde que minha perna melhorou
muito, eu saí do hospital ontem.
Um dos meus amigos está me
dando uma festinha de aniversário
atrasado na noite de quinta-feira
no Lucky. Espero que possa ir. Eu gostaria de pagar uma bebida
a você antes de ir embora.

Antes dela partir. Ela vai voltar para casa. Voltar à sua
vida real. A vida que tinha antes de me conhecer. Ela está
pronta para seguir em frente. Certamente, estaria tudo bem em
eu ir, tomar um drink com ela e lhe desejar um feliz aniversário.

Certamente.

Não liguei de volta para ela, mas já sei onde estarei na


noite de quinta-feira.

Fazendo as minhas despedidas.

Capítulo 23

Laney
Minha perna está quase totalmente, normal. O inchaço ao
redor do meu joelho quase sumiu. Está boa o bastante para eu
usar uma bonita saia curta.

Eu sei que eu não deveria estar me colocando nesta


situação - vestindo uma saia só porque Jake sempre disse que
amava minhas pernas, na esperança de estimulá-lo a fazer uma
confissão de amor, antes que faça isso primeiro - mas não
consigo evitar. Nunca fui de grandes riscos na vida até conhecer
Jake. E este é o mais importante de todos. Tenho que contar a
ele como me sinto. Mesmo que eu trema em pensar que isso me
transformará em uma tola, eu tenho que fazer. Eu poderia não
ter outra chance. Quando as coisas fossem resolvidas com o
pomar, Jake poderia ir e eu nunca seria capaz de localizá-lo. É
agora ou nunca.

E eu escolho agora.

Porque não suporto a ideia de viver com o nunca.

Fazendo alguns cachos a mais no meu cabelo, junto tudo


em cima da minha cabeça, borrifo um perfume no meu pescoço,
coloco em meus lábios uma camada de gloss e então faço meu
caminho até a porta.

Acho que é o mais próximo de pronta que vou estar.


Capítulo 24

Jake

Quando eu ando através da porta do Lucky, procuro na


multidão pela familiar cabeça loira de Laney. Ela está em uma
mesa no canto, rindo com alguns amigos. Há oito ou dez
pessoas com ela. Alguns parecem rostos que eu me lembro de
ter visto no ensino médio. Talvez em uma classe atrás de mim.
Provavelmente da idade de Laney.

Faço meu caminho para o bar. Vejo vários rostos


familiares ali também. Este foi meu elemento antes de ir
embora, começando com minha primeira identidade falsa, que
todo mundo sabia que era falsa, mas não me importava. Eu
sempre andei com o público mais velho, mais selvagem.

—Bem, se não é o Jake Theopolis, - a garota atrás do


balcão ronrona. Seu nome acho que é Lila. É uns bons dez anos
mais velha que eu. Nós tivemos uma coisa quando eu estava,
ainda, no ensino médio. Tenho certeza de que ela tinha - coisas
- com um monte de caras, em torno da cidade. —Onde você
esteve docinho?
Eu deslizo até um banquinho no bar.

—Ao redor. Principalmente trabalhando. Dê-me uma


cerveja. Tudo que você tem no barril é bom.

Seus olhos verdes fortemente maquiados piscam de volta


para mim, várias vezes, enquanto ela serve minha cerveja.

—Essa por conta da casa, - diz ela, colocando-a em um


guardanapo na minha frente. —O chame de um presente de
boas vindas. O primeiro de alguns. — Ela pisca para mim,
dizendo que um dos meus presentes será ela. Despida.
Montanda em mim como um garanhão selvagem. Lembro-me
disto sobre ela. Ela gosta de ficar por cima.

Inesperadamente a visão de Laney em cima de mim


surge. Eu franzo a testa.

Maldita mulher!

Eu olho para sua mesa. Ela está ocupada com seus


convidados. Vou esperar e falar com ela quando estiver sozinha.
Ou pelo menos um pouco sozinha.

—Eu a ouvi dizer que você é Jake Theopolis? —Uma voz


pergunta na minha direita. Eu giro para ver um cara se inclinar
no banco ao meu lado. —Um uísque escoses puro. —Ele diz a
Lila, lançando uma nota no bar.
—Sim, sou eu. —Digo a ele, tomando um gole da minha
cerveja. Há algo nele que eu não gosto, imediatamente. Não
estou certo se é o cabelo perfeitamente penteado que, sem
dúvida, está carregado com todos os tipos de merda para
segurá-lo no lugar ou se é a camisa com uma gravata frouxa
que me faz pensar que ele é um idiota pretensioso. Mas algo
nele faz meu lábio querer frisar. —Eu te conheço? — Pergunto,
sabendo muito bem que não.

—Não, mas acho que você conhece a minha noiva.

Arqueio minha sobrancelha para ele, duvidando


sinceramente do que fazer.

—Oh Sim? E quem é ela? —Eu bebo minha cerveja,


desejando que o cara apenas fosse para o inferno, antes que ele
me fizesse ficar rude.

—Laney Holt.

Tudo que eu posso fazer é não cuspir um gole de cerveja


no bar na minha frente.

—Laney Holt é a sua noiva?

—Sim. Ficamos noivos há alguns meses atrás. Tivemos um


pequeno mal entendido antes que ela viesse pra cá, pra resolver
o caso da sua família, mas nós começamos a fazer as coisas
funcionar, enquanto ela esteve no hospital. Agora estou
esperando que possamos definir a data e dar um jeito nisso.

Dar um jeito nisso?

Ele faz parecer mais como uma formalidade do que o dia


que ele iria comprometer sua eterna devoção ao amor da sua
vida.

—É isso mesmo?

—Sim, isso mesmo, — ele diz, bebendo o uísque que Lila


acabou de colocar na frente dele. Ele se inclina em minha
direção, seus olhos de repente são planos. —Olha, não sei o que
aconteceu entre vocês dois enquanto estávamos... tendo
problemas, mas você precisa saber que está tudo acabado.
Laney Holt será minha esposa. E não há nada que você possa
fazer para deter isso. Não há nenhuma necessidade que você
passe por tolo tentando. Deixe pra lá... E não terei qualquer
razão para te visitar...

Eu giro em meu assento, totalmente enfrentando esse


cara.

—Certamente você não cometeu o erro de me ameaçar.

—É uma ameaça, se você optar em prosseguir com que


está tendo com Laney. Se for embora, eu sou homem suficiente
para dizer sem dano ou culpa que a perdoei. Fim da história.
Agora você só precisa ir embora.

Por uma dúzia de razões diferentes, tudo em mim queria


quebrar o maxilar desse idiota como se fosse feito de vidro. Mas
mesmo que eu não acredite nesse cara, algo está me fazendo
parar. Por que ele diria essas coisas se não fosse verdade,
sabendo que Laney está perto e tudo o que tenho a fazer é falar
com ela?

Tanto quanto dói em mim participar de uma conversa


civilizada com ele, eu cerro os meus dentes e faço. Preciso saber
se ele está dizendo a verdade. Preciso saber se Laney realmente
seguiu em frente.

—Você vai entender se eu precisar de um pouco mais do


que a sua palavra para isso certo?. —Digo firmemente.

O sorriso dele é tão duro quanto seus olhos cinzentos e


frios.

—Naturalmente. — Ele olha para a mesa onde o Laney


está sentada. Uma das meninas sentada perto dela olha em
nossa direção. Eu vejo esse cara, Shane, acho que era o seu
nome, gesticulando para ela. A garota pega o seu copo vazio, diz
algo a um dos outros e então se encaminha até nós.

—Harmony, você vai à igreja com Laney. Vocês duas são


amigas há anos, certo?
Harmony, uma pequena garota com cabelo preto
encaracolado, olha em volta nervosamente.

—Não fale meu nome, Shane. Você sabe que minha mãe
me mataria se descobrisse que estou aqui.

—Nós não vamos contar nada a ninguém. Eu só queria


esclarecer algo para o meu amigo aqui. Ele não acredita que
Laney e eu ficamos noivos. Ele acha que eu ainda sou o mesmo
cara da faculdade. Sabe o solteirão. — O cara pisca para ela
conspiratoriamente, fazendo com que eu pense que aconteceu
algo entre ele e a amiga de Laney. Tori foi provavelmente algo
que ele assumiu. Eu diria que esse filho da puta é uma cobra.
Eu estaria disposto a apostar nisso.

—Vocês dois foram para a faculdade juntos? —Ela me


pergunta. —Você não é um local?

—Sim, originalmente, mas eu me afastei há um tempo.

—Ah, - ela diz, apreciativamente olhando para mim. —


Bem, desculpa. Você vai perder a aposta. Shane e Laney estão
comprometidos há meses. Ninguém sabia o que pensar quando
ela apareceu na igreja sem ele numas poucas vezes. Não
podíamos acreditar que ela deixou um cara como Shane ir.

Ela lhe dá um sorriso e Shane pisca para ela. Eu quero


vomitar.
—Você é um doce, Harmony, —Shane escorre, —mas deu
tudo certo no final. Obrigado pelo esclarecimento, querida.

—Claro. —Harmony cantarola, deslizando sobre um


banquinho para pegar uma bebida.

—Por minha conta, - Shane diz a Lila, que acena com


compreensão. —Então, mais perguntas, irmão?

—Em qual orifício você vai querer meu pé enterrado se me


chamar de irmão novamente?

Shane levanta as mãos em sinal de rendição, mas há uma


expressão presunçosa na cara dele, que diz claramente que ele
pensa que ganhou.

E acho que, verdade seja dita, ele ganhou. Não sabia se


estava no jogo até agora. Mas isso era uma verificação
necessária da realidade. Enquanto Laney é boa demais para um
bastardo sujo como esse cara, ela é boa demais para mim,
também. E há apenas uma coisa em que posso ajudá-la.

Não que ela precise de ajuda. Laney é perfeitamente capaz


de fazer as suas próprias escolhas. E se ela escolheu um idiota
como esse, então ele é o idiota mais sortudo do mundo.

Lavo esse pensamento amargo para baixo, com um longo


gole da minha cerveja, antes que eu jogue umas notas no bar e
fique de pé.
—Bom te ver novamente, Lila. —Digo a ela, nunca tirando
meus olhos Shane. —Quanto a você, tudo que eu posso te dizer
é que se você a machucar, é bom pedir para Deus arranjar um
bom esconderijo. Você não vai quer me ver outra vez. — Só para
provar o meu ponto para nós dois, eu meio que agarro este
imbecil pomposo. Eu sorrio quando ele se encolhe. —Foi isso
que eu pensei...

Eu me direciono para a porta, mas quando olho para


minha direita, vejo a cabeça platinada de Laney, chamando
mim como um farol no meio da noite. Desviando, faço meu
caminho para ela, inclinando-me em torno da pessoa mais
próxima a ela para que eu possa sussurrar em seu ouvido. —
Feliz aniversario, Laney. Seja feliz.

Com um beijo na sua bochecha, me viro para sair.

—Espere Jake! — Ela chama, lutando para se locomover


entre as cadeiras e os corpos. —Há algo que eu quero te falar.

Levanto minha mão para detê-la. Não é preciso ir mais


longe. Eu machuco as coisas que amo. É por isso que não posso
sentir amor por alguém. E Laney merece coisa melhor.

—Não se incomode. Eu já sei. — Dou-lhe uma piscadela.


—Irei embora em breve. Fique e aproveite a sua festa. Vejo você
por ai.
E, com isso, eu giro e vou
embora, deixando Laney e tudo o
que ela deve ter sentido por mim,
para trás.

Capítulo 25

Laney

Mil coisas estão passando pela a minha cabeça, enquanto


assisto Jake sair do bar. E saindo da minha vida.

Ele disse:

- Vejo você por aí - mas sabemos que isso nunca vai


acontecer. Assim que ele voltar para casa, vai ser isso.
Provavelmente nunca o verei novamente.

E ele obviamente quer que seja assim. Ele sabe isso vai
acontecer também.

Lentamente, eu afundo de volta para no meu lugar,


debatendo com sabedoria se devia correr atrás dele. Mas que
propósito isso serviria? Só para envergonhar ainda mais a mim
mesma? Eu sabia o jeito que ele era. Eu sabia o que ele queria o
que ele era capaz de dar em termos de uma relação. Eu apenas
fui estúpida o suficiente para pensar que ele poderia mudar. Ou
que eu poderia mudá-lo. Ou que o que tínhamos podia fazê-lo
querer mudar.

Só que não nada mudou.

Exceto eu.

Eu dificilmente sinto ser a mesma pessoa que voltou a


Greenfield no início do verão. O Outono está se aproximando e,
como a natureza sem dúvida, sente a morte do inverno
chegando, também sinto a morte do meu coração se aproximar.
Consegui o que queria - uma fuga da minha vida e de quem eu
era. Mas veio com um grande custo.

Minha felicidade. Meu coração.

Aonde eu vou a partir daqui?

—Laney. —Ouço algo que parece ser há mil milhas de


distância. Olho para cima e encontro Shane parado do outro
lado da mesa, me olhando com uma expressão triste no rosto.
Ele inclina a cabeça para um lado, um convite em silêncio para
que eu vá até ele. Com as pernas dormentes, com a mente em
outro lugar, me levanto manobro minha saída por trás da mesa,
para ir até ele.

—O que é Shane? —Não consigo evitar a irritação em


minha voz. Uma conversa com meu ex, não importa quão curta
fosse, é a última coisa que preciso agora. Quero estrangular
quem foi que disse a ele sobre minha festa para começar.

—Eu queria te dizer que sinto muito. —Ele começa.

—Shane, agora não. Eu sei que...

—Não sobre isso, embora me desculpe sobre isso, eu ainda


gostaria que você me deixasse explicar meu lado da história.
Mas isso não foi o que eu quis dizer. Só quero que saiba que
sinto muito pelo que aconteceu com aquele cara, o Jake.
Ninguém merece ser tratada da maneira que ele te tratou.

Eu franzo a testa. Shane tem toda minha atenção agora.

—O que você quer dizer?

—Acabei de falar com ele no bar. Ele estava com medo de


entrar aqui para te dizer adeus. Ele tinha medo que você iria
fazer uma grande cena e tentar segui-lo ou algo assim.

Estreito os meus olhos para ele.

—O que? Isso é ridiculo! Ele nunca diria isso.

Ou ele diria?

—Se você não acredita em mim, pergunte a Harmony. Ela


pegou outro copo da bebida quando estávamos conversando.
Viro-me para Harmony, que estava sentada do outro lado
da mesa, conversando com um casal de amigos.

—Harmony! — Eu chamo. Ela olha para cima e sorri. —


Você viu Shane falando com Jake Theopolis há alguns minutos?

—Aquele cara gostoso? —Ela ri. —Sim, eu vi, mas eu te


protegi Laney. Não se preocupe — Ela pisca para mim... e
levanta o copo dela. Meu estômago pressiona em um nó
apertado, enquanto ele está se encolhendo longe da explosão
que está acontecendo dentro do meu peito.

Eu olho para Shane. Ele parece genuinamente simpático.

—Eu sinto que isso é tudo culpa minha, Laney. Eu nunca


deveria ter acreditado em Tori quando ela disse que era apenas
uma brincadeira que estávamos fazendo. Eu...

—O quê? Tori não te disse isso!

—Ela fez! Juro por Deus. —Diz ele, levantando a mão como
se estivesse xingando.

Balanço a minha cabeça. É tudo muito pequeno agora.

—Isso não importa agora, Shane. Isso acabou. Acabou.


Sem ressentimentos, ok?

Ele olha para baixo, enquanto pega minha mão esquerda e


começa a brincar com o meu dedo anelar.
—Existe alguma chance do
meu anel encontrar seu caminho
de volta, para esse dedo, de novo?

Eu puxo minha mão.

—Shane, - eu digo, recuando


para longe dele. Da multidão. Longe da dor. Longe deste local.
—Eu apenas não posso fazer isso agora.

E com isso, eu corro. Apenas corro.

Capítulo 26

Jake

Posso sentir o suor escorrendo pelo meu peito enquanto eu


me sento, à beira da grande pedra, engolindo água de uma
garrafa.

—Você vai acaba vomitando se não diminui o ritmo, - diz


uma voz familiar atrás de mim. Viro para ver Jenna,
caminhando casualmente em minha direção. —Ei, cara! Não
vomite na minha rocha.
—Esta não é sua rocha, —argumento com bom humor. —
Esta é a rocha da família.

—Eu sei e sendo dessa família, significa que ela é minha.

Dou de ombros.

—Sim, muito bem. Criança mimada.

—Idiota inutil e arrogante.

Ela sobe até a rocha e senta-se ao meu lado, de frente para


o rio. Costumávamos sentar assim quando éramos pequenos.
Quando ajudavamos no pomar em dias quentes de verão, nós
sempre tirávamos um tempo para nadar no rio, para no
refrescarmos, então ficávamos em cima da rocha para secar.
Nós não éramos autorizados a entrar na água sem nosso pai por
perto, mas entrávamos de qualquer maneira. Eu era o único
que nunca teve problemas com isso, no entanto. Claro. Papai
sempre ia para o meu quarto mais tarde para me dar a grande
palestra sobre como o descuido já tinha custado um membro da
família, e que ele não iria permitir que isso acontecesse
novamente.

—O que você está fazendo aqui? Finalmente ganhou bolas


o suficiente para voltar para casa? —Pergunto, empurrando-a
com meus ombros.
—Alguma coisa assim, - ela responde vagamente. —Como
estão as coisas na propriedade?

—O inventário está completo. Acho que agora é só esperar


a audiência.

Jenna concorda.

—Deus, eu espero que ela não ganhe este lugar. Isso iria
matar o papai.

—Ela não vai ganhar Jenna. Eu disse que ia cuidar dela.


Pare de se preocupar.

Eu já decidi que iria usar cada centavo das minhas


economias para pagar a nossa tia, se necessário. Ela era uma
prostituta por dinheiro. Acho que isso iria falar sua linguagem.
Mas, se isso não funcionasse, meu próximo passo seria ameaçá-
la, o que acho que não significa que iria salvar este lugar dela.
Mas Jenna não precisava saber dos detalhes. Ela só precisa
saber que isso seria cuidado. E será. De um jeito ou de outro.

Ela fica quieta por alguns minutos antes de mudar de


assunto.

—Então o que você ainda está fazendo aqui? Achei que


você ia ficar com Einie um pouco e ir embora, no instante em
que o advogado terminasse.

Dou de ombros. Não sei como responder a isso.


—Eu não sei qual será o meu próximo passo, ainda.

—O que você quer dizer? Você vai voltar para a sua vida.
Você vai viver como planejou. O que você não saber?

Eu dou de ombros novamente.

—Talvez seja a hora de algo diferente.

—Tal como...

—Eu não sei. Onde eu estava não me segura em nada.

—Então mude. Encontre outro emprego em outra cidade.


Algum lugar onde tem uma equipe de parquedismo. E um
monte de meninas. Isso é tudo que você parece precisar. —Eu
olho para Jenna. Ela está sorrindo.

Eu sorrio de volta.

—Sim, eu sou muito fácil de ler, não é?

—Claro que sim! Enquanto houver um incêndio a ser


apagado, algumas saias para serem perseguidas e algo do que
pular, irá se dar bem, você é um campista feliz. —Eu não digo
nada, então ela cutuca meu ombro. —Certo? —Eu dou de
ombros. Mais uma vez. —Juro por Deus, eu vou te bater, se
mexer esses ombros mais uma vez. O que está errado com você?

—Será que você dirigiu todo o caminho até aqui só para


me incomodar? —Eu atiro.
—Não. Eu dirigi todo o caminho até aqui para ver o meu
irmão. Tenho medo que depois dele sair daqui, eu não consiga
vê-lo de novo.

Surpreso, franzo a testa e a olho.

—Por que você acha isso?

Vejo-a tremer o queixo. Isto não é algo parecido com


Jenna.

—Você nunca foi realmente... Parte da família. E agora,


que a mãe e o pai se foram e este lugar ainda é uma dúvida, eu
apenas estou com medo que você vá viajar para lugares
desconhecidos e nunca mais vou vê-lo novamente. —Jenna vira
seus olhos escuros para mim. Eles são iguais aos da minha
mãe, especialmente agora, brilhando com lágrimas. E um monte
de amor. —Jake, você é tudo que me resta. Avós ausentes não
contam.

Eu envolvo meu braço em volta dos ombros dela puxando-


a para um abraço.

—Você é tudo que eu tenho também. E eu prometo que


você vai me ver de novo. Inferno, quem sabe. Eu poderia até
ficar aqui. Coisas estranhas têm acontecido.

Jenna se inclina para trás para olhar para mim. —

O quê? Por que diabos você iria querer fazer isso?


Eu dou de ombros e ela dá um tapa no meu braço.

—Eu não sei. Talvez eu esteja apenas ficando mais velho,


pensando em todas as coisas que eu perdi ficando longe, todos
esses anos. Talvez seja a hora de finalmente me estabelecer.
Pelo menos um pouco. Quero dizer, não é como se eu não
pudesse viajar para onde eu quisesse. Você sabe, para saltar de
cima de algumas coisas. —Eu sorrio para ela, e ela sorri de
volta.

—Por mais que eu nunca queira viver aqui, isso me faria


muito feliz, se você ficasse. Eu não vou mentir.

—Eu não estou dizendo que vai acontecer. Só estou


dizendo que, agora, eu não tenho certeza de onde vou acabar.
Mas eu prometo mantê-la informada, ok?

—Ok.

Ao longo das ultimas semanas, desde aquela noite no


Lucky, eu não parecia profundamente certo das minhas razões,
para de repente querer ficar em Greenfield. Eu sei que uma
coisa é certa: Isso não pode ter nada a ver com a Laney. Quero
dizer, ela tem uma vida em outra cidade e pelo que sei poderia
se casar com outra pessoa. Não haveria motivo para eu ficar
aqui, por ela. Mas, ainda assim, há algo em mim que não está
pronto para seguir em frente, ainda. É um instinto. E, para um
cara, eu sou bastante intuitivo,
então resolvi ouví-lo. E meu
instinto me diz para ficar. Pelo
menos por um tempo.

Capítulo 27

Laney

Summerton. Este sempre foi o lugar perfeito para mim.


Era longe o suficiente de meus pais, mas não muito longe. Era
maior do que Greenfield, mas não muito grande. Tinha coisas
para fazer, mas ainda era um bom lugar para se criar uma
família. Tinha mais oportunidades de emprego para mim e para
Shane.

Que diferença poucos meses pode fazer!

Abro a porta do apartamento que eu mal usava, aluguei-o


logo depois de conseguir meu primeiro emprego. Assinei o
contrato de aluguel de um ano, pensando que só iria precisar
dele por um tempo curto. Imaginei que Shane e eu gostaríamos
de nos casar nesse ano e, em seguida, mudaríamos para nossa
primeira casa juntos.

Agora, olho em volta das paredes, dos espaços bonitos e


brilhantes, as cortinas amarelas alegres, sofá cru confortável
com detalhe de amarelo e branco, cheio de almofadas e não
sinto nada, apenas decepção. Com... Tudo. Nada saiu como
pensei que seria. Não que eu realmente quisesse aquela versão
da minha vida agora.

Não demorou muito tempo para eu perceber que não


amava Shane. Não realmente. Ele parecia ser tudo o que eu
queria. Ele se encaixava na descrição do meu marido dos
sonhos. O problema é que, até recentemente, eu não sabia
quem eu era muito menos como fazer para encontrar o que me
faria feliz. Eu ainda adoraria um marido, uma família e uma
casa para cuidar, mas tudo mudou. Agora eu quero muito
mais... Risos, emoção, paixão. Amor verdadeiro.

Mas está parecendo que nunca vou ter nada disso. Pelo
menos não a versão deliz, que tive durante poucas semanas. Eu
poderia ser capaz de encontrar alguma versão diluída daquele
que me despertou... Mas que garota não sonha passar toda a
vida com a pessoa que ela escolheu?

Não eu. Não mais.


Pela milésima vez, seguro as lágrimas. Tenho lamentado
por Jake o suficiente para três ou quatro vidas. Eu preciso
seguir em frente.

O problema é que não sei como.

Não houve final real. Nem encerramento. Nós apenas...


Paramos.

Eu preferiria ter derramado tudo que sinto a ter que


assistir Jake, desajeitadamente, tentar não me esmagar ainda
mais? Não. Mas de certa forma, teria sido preferível. Pelo menos
seria mais definitivo. Final. Não como agora. Todos os dias, eu
acordo como se eu estivesse no limbo. Eu atravesso os
movimentos da vida, mas não estou viva em tudo. Não
realmente. É como se eu estivesse presa naquelas semanas com
Jake, as semanas em que a vida fazia tantas promessas.

Agora, a vida só parece desoladora.

Desesperadora.

Vazia.
Capítulo 28
Jake

Quando o escritório do advogado me ligou para dizer que


eles estavam enviando alguém, eu deveria ter perguntado quem
era. Mas não fiz. Talvez eu não quisesse esperar Laney. Ou
talvez eu não quisesse não esperá-la. Eu não tenho certeza do
que é pior.

Mas agora, esperando na varanda, desejei que eu tivesse


perguntado. A antecipação está me matando.

Eu pensei o que iria dizer. Iria felicitá-la pelo seu noivado e


perguntar se eles definiram uma data. Isso vai me dizer se ele é
definitivo. Então vou perguntar se ele a faz feliz. Se ela disser
sim, vou seguir em frente. Não haverá razão para pensar em
Laney Holt novamente.

Se eu pudesse conseguir tirá-la da minha cabeça. Do meu


sangue.

Mas o que me tem em alfinetes e agulhas é ficar me


perguntando o que vou dizer se ela disser que não. E se ele não
a faz feliz? E se ela reconsiderar e perceber que não pode viver
sem mim? Então o que eu vou dizer? O que vou fazer? Nada
mudou para mim. Não realmente. Eu ainda sou ruim para ela.
Eu ainda sou ruim para qualquer um que chegar perto.

Mas, caramba, como eu a quero!

Nunca meu passado me assombrou tanto. Como um


demônio. Como algo que não consigo me livrar, não importa o
quanto eu tente.

Provavelmente porque eu nunca tinha experimentado isso


antes. Eu nunca quis ser outra coisa senão o que sou. Quem eu
era.

Até agora.

Até Laney.

Mas isso não parece mudar alguma coisa também.

Decepção aparece quando vejo um sedan preto brilhante


fazendo seu caminho ao longo da rodovia em direção a minha
casa. Mesmo se Laney tivesse conseguido um carro novo, ela
nunca conseguiria algo assim. Este é um modelo antigo, de
carro de rico e pessoas mais velhas. E Laney não é nenhuma
dessas coisas.

Quando o carro pára na minha frente, já estou sem


paciência para a visita.
Eu acho que realmente deveria ter perguntado se Laney
estaria vindo.

Agora, só estou irritado.

O lado do motorista abre e um corpulento homem de


cabelos brancos aparece, puxando seu colete depois de abotoar
o paletó.

Pretensioso.

Ele se inclina no carro e pega sua pasta, em seguida, fecha


a porta e caminha em direção à varanda.

—Você deve ser Jake. Robert Wilkins, mas você pode me


chamar de Bob.

Seu aperto de mão é firme e o sorriso é agradável. Ele é


muito menos idiota do que eu esperava. Agradável surpresa.

—Entre. —Digo, voltando-me para a porta da frente.

—Podemos ficar aqui, se para você estiver tudo bem. Há


algo sobre uma grande varanda e ar puro do campo... —Ele
inala profundamente e desabotoa o casaco enquanto encosta-se
a um dos quatro pilares de encosto reto. —Então, meu jovem,
você teve um monte de complicações recentemente. Como você
está?
Dou de ombros, o que agravava a fúria dentro de mim. Eu
nunca, realmente, pensei muito a fundo sobre isso. Eu nunca
ousei me sentir como se eu não soubesse exatamente o que
estava fazendo, onde estava indo e o que eu queria. Até agora.

E agora, todas essas coisas se parecem interligadas, de


alguma forma, com uma pessoa que eu não poderia ter e não
deveria querer.

—Eu estou bem. Apenas pronto para acabar com isso.


Obviamente, estou disposto a fazer o que for necessário para
manter o pomar comigo e Jenna.

—Bem, parece que os deuses estão em seu favor.

—E por que isso?

—O advogado de sua tia entrou em contato comigo hoje de


manhã, pouco depois que arquivei o inventário. Parece que o
marido ganhou um pouco de dinheiro e eles deixarão o
município, o que significa que ela teria que contratar alguém
para executar a operação aqui se ganhasse uma participação no
controle. Evidentemente, isso não foi muito atraente para ela,
então ela alegou que gostaria de voltar a ter um acordo
semelhante ao que ela tinha antes, com seus pais. Ela quer
apenas uma quantia mensal que será depositada em sua conta.
Não realmente participar nas operações do dia a dia.
Enquanto isso é, definitivamente, uma boa notícia, eu
odeio tê-la envolvida neste lugar, de qualquer maneira. Quem
vai dizer que ela não vai puxar essa mesma façanha novamente,
se o turco perder sua bunda lá fora?

Ninguém. Então me cabe fazer o que puder para impedi-


los.

—Eu estou feliz que ela encontrou outros meios de ganhar


dinheiro na vida, mas você vai entender se eu não estiver
confortável com sua decisão precipitada. Ela poderia facilmente
voltar em uma data futura e tentar de novo.

Bob concorda.

—É por isso que eu sugiro que você faça uma oferta para
comprar a parte dela, com valor fixo. Você tem alguns bens
valiosos que poderia provavelmente dispor e não sentir a picada
muito forte, se você entende o que eu quero dizer.

—Sim, eu entendo. O que você tem em mente?

Bob começa a me explicar que há um pequeno pedaço de


terra, doado para o pomar, mas não está sendo usado
ativamente e tem grande valor simplesmente por causa de sua
localização em relação ao rio e a floresta nacional.

—Se você pudesse avaliá-lo e, em seguida, colocar a terra a


venda, como um incentivo para deixá-lo sozinho neste lugar, eu
acho que ela provavelmente
aceitaria o dinheiro. Poderíamos
tê-la assinando os documentos,
passando tudo para o seu nome e
de sua irmã. E nunca mais iria
receber nada de vocês

Este é um homem astuto e experiente. Posso ver isso no


brilho dos seus olhos castanhos afiadas. Conhecê-lo e passar
um pouco de tempo com ele me deixa em dúvida a respeito de
porque meus pais se sentiram seguros deixando suas posses e
legado em minhas mãos.

Pouco mais de uma hora depois de sua chegada, Bob está


apertando minha mão e voltando para o carro. Estranhamente,
estou feliz que ele veio. Por mais que eu teria gostado de ver
Laney, é melhor assim. E agora, há um plano para lidar com
minha tia, Ellie e, possivelmente, ficar completamente livre dela
no futuro.

Agora, o meu próprio futuro não era tão claro..

Capítulo 29

Laney
Meu celular toca. Suspiro quando olho para baixo e vejo o
número de Shane no visor. Nunca pensei que eu seria amiga
dele de novo, mas quando não há ninguém mais, às vezes um
rosto familiar é bem-vindo.

—Olá?

—Ei, linda. Que tal um almoço?

Eu suspiro novamente. Ele não desistiu de me dar o que


pensar. Ele jura que vai me reconquistar. Eu continuo dizendo
que eu não estou pronta e que eu nunca poderia estar, mas
ainda assim ele persiste.

Mas depois há a solidão que me atormenta...

—Claro. Onde posso encontrá-lo?

—Eu vou buscá-la. Às 13 horas.

Eu olho para o meu relógio. Isso é cerca de vinte minutos a


partir de agora.

—Ok, te vejo daqui a pouco. —Digo, antes de desligar.

Sento-me olhando para a tela em branco. O escritório está


calmo a minha volta. Bob está trabalhando duro para tentar
libertar Jake e sua família de sua tia gananciosa.
Ele não me disse até depois do fato de que ele foi para
Greenfield se encontrar com ele. Isso foi há quase duas
semanas. Duas semanas desde a minha última chance de ver
Jake voaram e nem mesmo sei o que eu fiz durante esse tempo.

Agora há apenas uma dor constante e a sempre presente


sensação de melancolia que não consigo me livrar. É como se
nada que costumava ser importante me importasse mais, e
nada do que me fazia feliz me faz sair da cama.

Meus pais chamaram dezenas de vezes. Eu sempre


respondo e converso com eles, mas eles são astutos o suficiente
para saber que algo está terrivelmente errado. Mas eles também
são astutos o suficiente para não fazer um único comentário
sobre Jake.

Fora isso, somos apenas eu, Shane e meu trabalho aqui.


Tori está de volta em Greenfield. Ela é minha única amiga de
verdade, como eu não tinha vivido aqui tempo suficiente antes
do meu rompimento com Shane, não fiz novos amigos. Não que
eles seriam de grande ajuda agora, de qualquer maneira. Há
apenas uma pessoa que poderia me fazer sentir melhor.

E ele está muito longe.

Meu telefone toca de novo, me impedindo de ceder à


ameaça de uma nova rodada de lágrimas. É Tori desta vez.

—Graças a Deus. —Digo por meio de saudação.


—Eu sei que sou a resposta à sua oração, mulher, mas
porra! —Ela brinca.

—Hoje, você realmente é. —Desta vez meu suspiro é de


alívio. —Você não está na cidade, não é?

Estou esperando que ela vá dizer que sim, mas aprendi a


viver com a decepção.

—Não, mas em apenas alguns segundos, vou implorar


para vir até onde estou. Por que você não me salva de rastejar e
me diz que virá para casa esse final de semana? Ok!

Eu não posso deixar de sorrir. Sinto falta da minha amiga.

—Você sabe simplesmente no interesse de ajudá-la a


preservar sua dignidade, eu acho que posso lidar com isso. Mas
só desta vez. Eu não sou uma fã de perder mendicância. Da
próxima vez, pode custar-lhe o dobro.

—Anotado, - diz ela com facilidade. —Eu vou pegar


minhas joelheiras da próxima vez.

—Sábia escolha. —Digo com uma risadinha. —Então, o


que é tão importante para você me pedir para voltar para casa?
—Umm, se eu te dissesse, eu teria que matá-la. E eu te
amo demais para prejudicar um único fio do seu cabelo
dourado lindo, por isso... Apenas traga seu taseiro até aqui.

—Sorte sua, que eu não preciso de um motivo para visitá-


la. Importa-se de me emprestar seu sofá?

—Ainda evitando seus pais?

—Não, não realmente. Eu só acho que espaço é uma coisa


boa. Eu não cortei o cordão umbilical muito bem da primeira
vez. Desta vez, não vou cometer o mesmo erro.

—Finalmente! Oh meu Deus! Rapaz, este verão com


certeza foi bom para você, Laney. —Por mais que eu amasse
Tori, e embora eu tenha perdoado o lance dela com Shane, eu
ainda não me sentia realmente à vontade para falar com ela
sobre Jake. Pelo menos não sobre como minha vida é um
deserto estéril sem ele. Eu não disse a ninguém. Tenho a
sensação de que se eu mantiver isso em segredo, esse
sentimento simplesmente irá embora e não existirá mais.
Eventualmente.

Se apenas...

—Sim, eu tive um bom crescimento este ano, não foi?


—Com certeza. E tudo para melhor, eu poderia
acrescentar.

Fico feliz quando ouço a porta da frente abrindo. Tenho


certeza que é Shane. Apenas a tempo de me salvar de uma
conversa torturante sobre quão maravilhoso este verão foi.

Parece que, não importa o quanto eu tente, não posso


esquecer como foi maravilhoso.

Mas às vezes desejo que eu pudesse esquecer.

—Eu tenho que ir, Tori, mas vou te ver em casa, amanhã à
noite, ok?

—Soa bem. Encontro você aqui por volta das sete. A chave
esta debaixo do tapete, se você chegar aqui antes de mim.

—Ok, te vejo em breve.

—Esteja segura.

—Sim, senhora.

—Você sabe o que é certo. —Diz Tori antes de fazer um


barulho de beijo e depois desligar.

—Quem era? —Shane pergunta, enquanto passeia pela


porta do meu escritório.

—Só Tori.
—Mmm, - ele murmura
neutro. —Pronta?

—Tão pronta como eu


sempre estarei. —Digo, querendo
saber como eu já pensei que este
homem era o suficiente para me fazer feliz.

Você realmente não conhecia a si mesma naquela época,


não é?

Não, tenho certeza que não conhecia.

Capítulo 30
Jake

“Você ainda está querendo horas extras?”

Era um SMS do chefe dos bombeiros.

“O Inferno que sim!”

Manter-me ocupado é o mesmo que ficar são. Não posso


ficar em casa sozinho por muito tempo. Não é realmente como
se eu estivesse sozinho, eu vejo Laney em todos os lugares e
está ficando cada vez mais difícil ficar aqui sem ela. Para
cozinhar, assistir televisão no sofá, tomar banho no meu
banheiro. Para dormir na minha cama. Ela está em todos os
lugares. Eu não posso escapar dela. Mesmo quando, às vezes,
eu quero.

“Venha as 06h00min então. Turno de 48 horas. Pode


acabar sendo mais longo.”

Faço uma nota mental para encher os bebedouros de


Einstein no celeiro. Só de pensar no meu cachorro, me lembro
da Laney quando ele os usou.

Ela estava com a impressão muito errada que eu apenas


deixava meu cão para cuidar de si mesmo. Ela tentou esconder
sua conclusão de que talvez um dos vizinhos o alimentasse.
Quando eu disse a ela sobre o sistema que eu tinha
improvisado, ela não acreditou em mim, então eu a levei até o
celeiro e lhe mostrei.

As engenhocas são realmente nada mais do que alavancas


que liberam uma quantidade pré-medida de água e comida nas
vazilhas, respectivamente.

—Veja, - eu disse a ela. —Einstein apenas puxa a alavanca


e ele fica alimentado e hidratado. Há o suficiente aqui para
durar pelo menos uma semana, se ele não for um porco total.
—Você está me dizendo que seu cão é inteligente o
suficiente para vir aqui quando está com fome, pressionar essas
alavancas, e obter sua própria comida e água?

—Isso é exatamente o que estou lhe dizendo.

—E você espera que eu acredite nisso?

Eu sorri para ela. Ela estava tão tensa naquela época. Mas
durante o verão, foi como se ela tivesse se aberto. Apenas para
mim. Como uma flor para a chuva. Ela precisava de mim,
queria descobrir quem ela realmente era para ver como bela e
perfeita que era lá, no fundo, atrás de todas as aparências e
maneiras educadas. O que ela não sabia era que eu via tudo
junto. Ela sempre foi perfeita para mim, por dentro e por fora.

Eu assobiei e chamei o cão.

—Einstein! Vem! —Ainda era cedo, então percebi que ele


estaria em algum lugar próximo, provavelmente descansando
na sombra debaixo da casa ou em um dos celeiros.

Depois de alguns minutos, Einstein apareceu, com a


língua pendurada para um lado.

—Bom menino. —Eu o elogiei e acariciei sua felpuda


cabeça branca. —Pegue água, Einstein. Beba!

Depois de me observar por alguns segundos com os olhos


castanhos afiados, Einstein caminhou casualmente sobre sua
tigela de água, levantou a pata e
bateu na alavanca então esperou
até que a tigela estivesse cheia de
água.

Laney assistiu a coisa toda,


com a boca aberta.

—Esse é o cão mais inteligente do mundo. —Ela


finalmente supôs.

—Por que diabos você acha que o nomeei de Einstein?

Mesmo agora, eu sorrio, quando penso nela. Mas é


agridoce. É como ter a coisa mais preciosa do mundo, mas não
tê-la, realmente.

E, em seguida, perder o que você não tem.

Como isso pode ser enigma?

De volta ao presente, mando um texto ao meu chefe antes


de me perder no passado e esquecer o presente completamente.

“Vou fazer. Te vejo em breve.”

Capítulo 31
Laney

É sexta-feira. E pela primeira vez em muito tempo parece


que é sexta-feira. A semana de trabalho foi longa e a diversão
está prestes a começar, pelo menos é assim parece. Bem, na
minha versão, pelo menos. Para mim, isso significa que tenho
que passar algum tempo longe, fora da minha própria cabeça e
longe de coisas, pessoas e lugares que me deixam triste. E
mesmo que voltar a Greenfield se qualifique como algo que me
deixa triste por alguma razão, ainda estou olhando para frente.
Parece que estar na cidade novamente vai me fazer sentir mais
perto de Jake.

Mesmo para mim parece loucura, mas é verdade, no


entanto.

Entro no apartamento de Tori. Ela não teve muito tempo,


mas ela desfez as malas e a cama tão rapidamente quanto
possível, ela percorreu um longo caminho desde a última vez
que a visitei.

É decorado em cores vibrantes, bem como a personalidade


vibrante de Tori. A sala é enorme em comparação com o meu e é
decorada com ricos tons de rubi, safira e esmeralda. É tudo,
menos suave, mas eu não acho que Tori realmente quer ou
precise de um ambiente calmo, por isso se encaixa.
Coloco minhas coisas num canto, perto da cozinha e
preparo uma bebida. Quando me sento no sofá, não tenho
nenhuma intenção de tirar uma soneca, mas isso é exatamente
o que acontece.

Mais de duas horas depois, Tori entra pela porta e me


acorda.

—Que diabos você está fazendo, bunda preguiçosa? Você


já deveria estar pronta!

—Pronta para quê? —Eu pergunto, tentando sacudir a


névoa do meu cérebro.

—Para a festa.

—Que festa?

—A festa que lhe falei.

—Você não me contou sobre nenhuma festa. Você disse


que era uma surpresa.

Tori para com as mãos no ar, enquanto tira os grampos do


cabelo dela.

—Oh. Bem... Surpresa!

Eu reviro os olhos e volto para o sofá.

—Você pode ir sem mim. Estou cansada.


—Oh, não! Você não veio até aqui apenas para dormir no
meu sofá, minha jovem. Você vai se divertir neste fim de
semana nem que me mate. Você está me ouvindo?

—Eu tenho certeza que todo mundo está te ouvindo. —Eu


provoco, deslizando para fora do sofá.

—Banho para você, minha amiga. Você tem exatamente 40


minutos para se lavar e mimar essa bunda bonita e adjacencias
ou eu vou cuidar disso para você.

Murmuro todos os tipos de coisas sobre o que ela pode


fazer com uma navalha e um frasco de xampu, quando faço
meu caminho para o banheiro.

Antes que eu possa fechar a porta, Tori aparece para


pressionar o rosto contra o batente.

—Você estava resmungando? E eu ouvi um - no seu cu


apertado – jogar algo lá dentro?

A expressão de Tori é cômica. Ela provavelmente nunca me


ouviu dizer a primeira palavra... Maldição. Eu sorrio para ela.

—Talveeeez.

Ela grita e empurra a porta aberta para me dar um abraço


esmagador. —Eeee, eu amo esta nova você!
Eu não posso deixar de rir quando ela se lança para fora
da porta e bate a porta atrás dela. Eu não digo a ela que ela tem
Jake para agradecer por esta Laney.

—Hum, por que estamos na igreja?

Olho com desconfiança pelo para-brisa, para as luzes


brilhantes que caem pelas janelas do salão de comunhão. De
repente, tenho um mau pressentimento.

—Eu vou explicar em um minuto. Apenas venha, - diz Tori,


pulando para fora do carro e correndo ao redor do capô para
abrir minha porta. —Mexa-se, malandrinha.

No início, eu estava curiosa porque Tori não me queria


vestindo jeans e uma camiseta hoje à noite. Ela insistiu que eu
usasse seu pequeno vestido de coquetel preto, o que ela
reservava para ocasiões especiais. Aquilo ali deveria ter sido
uma enorme bandeira vermelha.

—O que você está fazendo, Tori?

Eu não tenho certeza se quero entrar.


Tori toma minhas mãos e me puxa para os meus pés.
Mesmo nos duas estando de saltos, ela olha para baixo, para o
meu rosto.

—Laney, você sabe que eu te amo. Por favor. Apenas confie


em mim.

Algo em seus olhos me diz que isso é importante para ela,


importante para ela se provar para mim, assim como ela vem
tentando fazer, há meses. Essa é a única razão para eu ir com
ela quando ela me arrasta atrás dela por todo o caminho até as
portas da frente.

Quando damos um passo para dentro, cada cabeça (dos


quais existem literalmente dezenas) se vira para mim e todo
mundo começa a bater palmas. Eu sorrio incerta enquanto olho
ao redor.

Parece que o baile de formatura do mundo está se


preparando para acontecer. Existem flâmulas brancas
penduradas no teto, há rosas de seda branca jorrando de vasos
em todas as superfícies e luzes de vela sobre as mesas e
algumas no chão.

Toda a minha família da igreja está aqui, assim como


meus pais, que estão de pé na frente da sala em frente à lareira
de gás, iluminada e ladeada por duas mesas compridas. Cada
uma é coberta por um tecido branco. Minha mãe parece que
está prestes a chorar, e meu pai tem o aspecto
impressionantemente presunçoso.

A multidão se divide ao meio, quandome dirijo para eles.


Alguns deles se movem apenas o suficiente para que eu possa
ver quem está em pé ao lado de meu pai.

Shane.

Ele está usando o pior sorriso de vendedor de carros que


eu já vi. E está em pé, sob um banner com uma frase impressa,
que se lê, “PARABÉNS, SHANE E LANEY”!

Eu paro. Mortificada no caminho, mesmo em frente a


todos, eu paro. E viro para Tori.

—O que diabos é isso, Tori?

Ela toma minhas mãos nas dela novamente e as leva até


seu peito.

—Laney, você é minha melhor amiga. Eu só tentei fazer o


que achei que era o certo e o que era melhor para você. Eu
nunca, nunca iria machucá-la. Se eu arruinei o que existia
entre você e Shane, por favor, aceite esta noite como meu
pedido de desculpas mais sincero. Eu estou te dando de volta
tudo que eu te tirei. Tudo que você tem a fazer é aceitá-lo. Se,
por alguma razão, uma vida com ele não for o que você quer,
então eu ainda ofereço isso como um presente para você. Esta
noite é a noite Laney. Você veio até aqui, e eu sei que você tem
isso em você. Você pode caminhar até lá e tomar Shane de
volta, definir uma data para se casar e viver sua vida junto a
ele, assim como você planejou. Ou você pode dizer-lhe para ir
para o inferno, diga ao resto dessas pessoas para beijar sua
bunda, e você pode levar meu carro até a casa de Jake e dizer-
lhe como você se sente sobre ele. Você caminhará até Shane ou
escolherá Jake. É isso e, é agora que você vai decidir. —Diz ela,
atirando os braços para frente da sala, em direção os meus pais
e Shane. —Você decide. Desta vez, você não vai ter nenhuma
interferência da minha parte. Eu vou te amar, não importa o
que decidir. Eu só quero que você seja feliz.

Eu nem sei o que dizer. Minha mente está bastante


vacilante.

—Você ensaiou isso? —Pergunto com calma.

—Cerca de quatrocentas vezes. Em frente ao espelho.


Como me saí?

—Acertou em cheio.

Ela sorri. Eu sorrio. E então ela sai do meu caminho, me


dando espaço para qualquer direção que eu decidir tomar, ir
para frente ou para trás.
Meus pés se contraem, mas
ainda assim há mais uma coisa a
considerar. Bem, não realmente.
Minha mente está pronta para
decidir, mas há uma coisa que
preciso saber.

—Você disse para eu dirigir até a casa de Jake. Eu pensei


que ele tinha ido embora.

Com os olhos brilhando, Tori balança a cabeça.

Eu me inclino para cima para beijá-la em ambas as faces,


então respiro fundo e continuo a caminhar em direção ao altar.
Rumo a meus pais. E para Shane.

Capítulo 32

Jake

Algumas pessoas não acreditam em premonições e merdas


assim. Eu sou um deles. No entanto, acredito em instinto.
Especialmente quando se trata de incêndios e meu trabalho.

E algo me diz que hoje a noite vai ser movimentada.


Enquanto todo mundo está
na cozinha, devorando sopa de
batata, vou ter certeza que tudo
está abastecido e em ordem no
caminhão.

Chame de palpite. Chame-o de qualquer outra coisa. Não


importa. Eles são o que são.

Mas eu nunca os ignoro.

E eles nunca, nunca erram.

Capítulo 33

Laney

Quando eu ando em direção a eles, não posso decidir qual


sorriso é maior, Shane ou papai. Não que isso importe. Nem que
irão usá-los por muito tempo.

Eu sorrio e aceno primeiro para minha mãe, então meu


pai.
—Obrigado a ambos por terem vindo. Tenho certeza que
você sabe que isso é uma surpresa para mim, mas estou feliz
que você esteja aqui para isso. Eu acho que é importante. —
Minha mãe cobre a boca com a mão e meu pai aperta seus
ombros estreitos.

—Nós te amamos, abóbora.

Veremos...

Eu me viro para Shane.

—Você teve uma mão nisso, Shane?

—É claro, - ele responde com orgulho. —Nada é bom


demais ou grande demais para minha menina. E é por isso, -
diz ele, pegando uma caixa de veludo preto do bolso da jaqueta.
—que eu tenho isso para você.

E aqui vem a primeira rodada de fogos de artifício. . .

Todos no salão se acalmam quando Shane, ainda sorrindo


como um pavão cai de joelhos na minha frente. Ele pega o anel
da caixa, em seguida, pega minha mão esquerda, antes de
limpar a garganta.

Tenho certeza que ele quer que todo mundo ouça sua
proposta. Assim como a minha resposta.

Ou talvez não...
—Laney Holt, amor da minha vida, futura mãe de meus
filhos, você vai me dar a honra de mais uma vez concordar em
se casar comigo?

Ele parece tão orgulhoso de si mesmo, como se não tivesse


nenhuma razão no mundo para pensar que eu poderia recusar.
Para ele, tudo é perdoado e isto é tão natural quanto a água
debaixo da ponte.

Mas Shane pouco sabe, meu coração pertence a outra


pessoa.

—Oh, Shane. Se tivesse me perguntado antes de fazer toda


essa confusão. —Por apenas alguns segundos, seguro minha
língua, enquanto me deleito com a visão de seu rosto indo de
um puto sorriso radiante ao que “o que diabos está
acontecendo”. —Eu não te amo, Shane. O que você fez para mim
foi a melhor coisa que já me aconteceu. Me ajudou a ver quem
eu realmente sou, o que eu sou capaz de fazer e o que eu quero
da vida. E eu sinto muito, mas você não é quem eu quero.

Eu poderia ser cruel e dizer mais, mas não havia nenhuma


razão para isso.

Pequenos suspiros e risadas começam a surgir em torno


de mim. O burburinho começou. Vou ser o assunto da cidade. E
não como um exemplo. E pela primeira vez na minha vida, eu
realmente, realmente não me importo. Eu vivi minha vida sob o
microscópio dessas pessoas por muito tempo. É hora de
mostrar a eles quem é Laney. A verdadeira Laney.

Shane tenta se recuperar quando recupero minha mão.

—Isso é algum tipo de piada? —Ele sussurra.

—Que tipo de piada de mau gosto que isso seria Shane?


Algo doentio como retribuir a sua traição como parte de uma –
“brincadeira”? É isso que você quer dizer?

Ouço meus pais e suspiro dando um sorriso satisfeito.


Agora eles sabem.

Shane está de pé, mas todas as provas de um cavalheiro,


suave e composto se foram. Ele se inclina para perto de mim.

—Você não é nada, senão uma prostituta imunda. —Ele


cospe em meu ouvido. Eu simplesmente rolo os olhos. Espero
que os meus pais estejam perto o suficiente para ouvir esta
parte, também. Talvez assim eles comecem a ver o que Shane
realmente é. Talvez eles possam ter alguém novo para odiar,
alguém que não seja Jake Theopolis.

—Eu acho que é apenas sua opinião, Shane. Agora, se me


der licença.

Eu giro sobre os calcanhares, pronta para fazer minha


grande saída, quando Shane me alcança e agarra meu braço,
me puxando bruscamente.
—Você sabe de uma coisa,
puta? Eu teria dado a Tori o
passeio de sua vida se ela não
tivesse me parado. Você nunca foi
mulher o suficiente para mim.

Eu meio que sorrio meio que suspiro.

—Bom Shane. Muito bom.

Balançando a cabeça, eu arranco meu braço e sigo meu


caminho para ir embora, não dando qualquer explicação. Eles
podem inventar qualquer história que lhes convier. Eu tenho
uma vida e um futuro para cuidar.

E apenas quando estou chegando à porta, ouço uma


explosão. E sinto um jorro de calor.

Capítulo 34

Jake

Não estou surpreso quando a sirene dispara. Sabia que


algo iria acontecer esta noite. Eu apenas sabia disso.
Quando a chamada é recebida penso pouco sobre o
endereço. Salão social da igreja. Se não estou enganado, ele é
equipado com uma cozinha completa de estilo comercial. Belos
incêndios acontecem o tempo todo em lugares como aquele. Faz
uma porrada de fumaça, mas em geral eles não são muito fora
de controle, desde que permaneça confinado, principalmente,
na cozinha.

Mas, em seguida, quando quatro de nós estão dentro do


caminhão, recebemos a informação que foi uma explosão do
tanque de propano. E que a sala estava cheia de gente. Para
uma festa de noivado.

Minhas torções intestinais nunca estão erradas e sinto um


suor frio sair na minha testa. Tenho um pensamento. De um
rosto.

Laney.

É ela. Eu sei que é ela. Laney está na cidade. Ela está lá e


houve uma explosão.

Eu nem sequer tento imaginar que tipo de coisa ela


poderia estar fazendo na igreja. A dor surda no meu peito
parece pensar que estavam comemorando o reencontro com seu
noivo. Mas agora, realmente não importa o porquê dela estar na
cidade. Eu não dou a mínima para seu noivo. Tudo que me
importa é que ela não esteja em perigo. Que ela não esteja no
chão em algum lugar, queimando viva.

Uma explosão de lágrimas nauseantes atravessa meu


intestino com a imagem mental de Laney coberta de
queimaduras de terceiro grau. Eu já vi isso muitas vezes, estive
em muitos incêndios que ficaram furiosos antes que
pudéssemos pará-lo.

Aperto meus olhos fechados contra a imagem, lembrando-


me que esta é uma cidade pequena. Levaremos apenas alguns
minutos para estarmos no local. Ajudar. Salvar vidas. Controlar
o fogo.

Salvando Laney.

Quando o caminhão faz a volta para a rua, olho para fora


da janela. A primeira coisa que vejo é um banner na frente da
rua que diz: PARABÉNS, SHANE E LANEY. Meu coração afunda
com isso.

E ele afunda ainda mais baixo quando corro para o local e


vejo os destroços.

—Parece que o tanque não estava cheio, ou ele teria


explodido aquele lugar em pedaços. —Diz Ronnie.
Eu não estou consolado. Uma parede foi queimada
completamente. Fogo está corroendo o resto. E o teto está
pendurado precariamente sobre tudo.

—Respiradores, rapazes. —Chip grita. Eu olho em volta.


Eles já estão no lugar. Nós todos sabemos o que esperar.

Meu coração está acelerado no momento em que paro e


todo mundo pula para fazer o que fazemos melhor.

Atrás do escudo do meu capacete, processo a cena quando


me aproximo. Examino os rostos manchados de fumaça e
lágrimas. Procuro os olhos perplexos e aterrorizados. Vejo tudo
isso. Eu tenho tudo sobre controle, mas a única coisa que mais
quero ver, a única pessoa que eu mais quero ver, está longe de
ser encontrada.

Virando meu corpo em 360 graus, eu faço a varredura da


multidão, mais uma vez, procurando Laney. Há um monte de
gente aqui fora. Certamente a maioria dos que estavam
presentes. O edifício não é tão grande. Mas em todos esses
rostos não vejo o único que me interessa. O único que importa.
E eu sei, no fundo, que nada vai importar de novo se eu não
encontrá-la. Morta ou viva.

Pergunto a uma das pessoas mais coerentes que passo


perto:

—Tem alguém lá dentro?


Ela balança a cabeça, chorando o tempo todo.

—Laney está lá dentro?

Novamente ela assente.

—Ela voltou poucos minutos atrás. Ela estava ajudando as


pessoas a sair, mas havia alguns ainda lá dentro...

Antes de a mulher poder terminar, volto-me para Chip e


me movimento dizendo que vou entrar. Corro o pequeno lance
de escadas e passo pela porta com cuidado para não tocar em
nada.

O comodo está em chamas. As cortinas estão pegando


fogo. Os arranjos de flores sobre as mesas estão em chamas. Há
fogo em pedaços de papel flutuantes através do ar. Há pedaços
de bandeira em chamas, espalhados pelo chão. Algumas das
vigas do teto cairam de um lado, formando o que se parece com
uma pista de obstáculos encharcada de chamas.

Do outro lado da sala, vejo o buraco onde uma parede


explodiu em pedaços. Vejo também que os três restantes estão
lutando para suportar o peso do telhado flacido.

Este lugar vai cair a qualquer momento.

Eu tenho que encontrar Laney.


Eu olho através da névoa brilhante laranja, buscando nas
nuvens de fumaça uma cabeça pálida, mas não vejo nada. Não
vejo nenhum corpo na posição vertical. Nenhum movimento.
Nenhuma vida.

Eu sinto o começo do desespero se estabelecer quando


olho para frente e vejo um caminho que poderia me levar em
segurança para o centro da sala, onde vou ter um melhor ponto
de observação. Cautelosamente, eu ando nessa direção.

Dirijo-me a válvula da minha máscara, algo que sei que


não deveria fazer.

—Laney! —Eu chamo, sabendo muito bem que, com o


rugido do fogo e o crepitar da estrutura, não há nenhuma
maneira que ela possa me ouvir. Mas eu grito de novo, de
qualquer maneira. —Laney!

Quando passo debaixo de uma viga de madeira enorme,


vejo a mais gloriosa vista no mundo, a cabeça loira brilhante.
Vejo Laney. Ela tem algo enrolado em seu rosto, mas eu a
reconheceria em qualquer lugar, usando qualquer coisa.

Ela está fazendo seu caminho para as chamas, indo mais


para dentro do lugar. Cambaleando para frente, chego a ela,
parando-a antes que ela possa ir mais fundo. Eu a viro para
mim e olho para o rosto que eu perdi. Vejo o reconhecimento
iluminar seus olhos e ela joga os braços em volta de mim.
Tão apertado que provavelmente poderia machucá-la, eu
envolvo meus braços em torno dela e levanto-a do chão.
Segurando-a contra o meu peito, eu viro e corro de volta, do
jeito que eu vim. Meu coração está acelerado, mas desta vez
com gratidão. Alívio. E outra coisa.

Quando chego à porta, estou hesitante em liberar Laney,


mas sinto sua luta, assim que a solto. Há lágrimas em seus
olhos quando ela olha para mim. Lágrimas e puro pânico.

—Jake, ainda há pessoas lá dentro! —Diz ela


freneticamente.

Eu empurro o cabelo para trás de seu rosto para dar uma


boa olhada nela. Ela parece bem, só me apavorei.

—Shhh, Laney, está tudo bem. Vamos trazê-los para fora.


Não se preocupe.

—Não, Jake, você não entende. Eu tenho que voltar lá. Por
favor.

—Laney, vamos cuidar dela. É...

Chip bate no meu ombro e me corta. Viro-me para ele, e


ele está balançando a cabeça.

—O telhado está desmoronando, Jake. Ninguém vai voltar


até que possamos passar o tanque na parte de trás e através
dessa parede estourada. Fique parado.
Eu olho para Laney. Seus olhos estão arregalados e
aterrorizados.

—O que isso significa? Eles não vão deixá-los lá dentro,


vão? Jake, eu tenho que voltar lá. Eu...

—Basta dar-nos alguns minutos para entrarmos pelos


fundos. Ele está dizendo que não é mais seguro atravessar a
sala. Temos que entrar pelos fundos.

—Não! —Laney começa a correr atrás de mim, mas eu a


agarro pela cintura. Ela luta como uma coisa selvagem. —Não
há tempo!

—Laney, pare! Você tem que...

—Você não entende. É o meu pai. Ele está ali. Ele e Shane
estavam bem na frente quando aconteceu. Jake, o meu pai está
lá dentro. —Ela estava chorando, sua agonia rasgava meu peito,
como se fosse minha. —Por favor, deixe-me voltar lá. Por favor!

Por um décimo de segundo, minha mente se embaralha


sobre o melhor caminho a seguir. Nenhum dos bombeiros vai
voltar até Chip e pedir seu aval para entrar no lugar. Tenho
certeza que não deixarei Laney voltar lá. Mas eu não poderia
viver comigo mesmo se este desgosto, esta devastação fosse a
última coisa que eu visse em seu belo rosto.
Isso significa que há apenas
uma coisa que posso fazer. Uma
coisa que posso fazer por Laney.
Pela primeira vez na minha vida,
eu posso ajudar e não magoar
alguém que eu amo. Pela primeira
vez na minha vida, eu vou provar que meu pai estava errado.
Mesmo que isso me mate. Mesmo que isso signifique abrir mão
de minha vida por duas pessoas que eu não gosto.

É para Laney. E isso é tudo que importa.

Antes que alguém possa me parar, sem dizer mais nada,


me viro e corro de volta para dentro das chamas em busca dos
entes queridos de Laney.

Capítulo 35

Laney

—Nãaaaao!
A palavra está tocando tão alto em meus ouvidos, que não
ouço mais nada. A dor ressoa no meu peito tão profundamente,
que também não sinto mais nada.

Eu sei que existem braços em volta de mim. Eu sei que


alguém está me impedindo de ir atrás de Jake, de pará-lo. De
salvá-lo.

Eu não queria que ele arriscasse sua vida pela deles. Eu


simplesmente queria que ele me deixasse ir, me deixasse fazer a
escolha, fazer um sacrifício se tivesse que ser feito.

Mas não Jake.

Nunca Jake.

Uma queimadura mais devastadora do que dez edifícios de


fogo está consumindo meu coração, enquanto assisto o mesmo
lugar onde o vi desaparecer nas chamas. Todo meu ser, meu
mundo inteiro está focado no que se queima, como se minha
vida dependesse do que virá para fora.

Porque depende.

Eu não serei ser capaz de viver comigo mesma se Jake não


voltar. Eu não serei capaz de sobreviver ao resto dos meus dias
sem ele. E sabendo que ele morreu para salvar as pessoas que
eu amo...
Eu desmorono dentro dos braços que me restringem,
minhas pernas já não são fortes o suficiente para me apoiar.
Ouço alguém gritando o nome de Jake, distante. A voz soa como
a minha, mas não pode ser. Essa não pode ser eu. Não posso
me mover. Eu não posso falar. Eu não posso nem pensar com o
pânico entorpecente que está percorrendo meu corpo e a minha
alma. Tudo que posso fazer é olhar, olhar para o lugar onde eu
o vi pela última vez e esperar...

Parece que uma eternidade se passou quando vejo um


movimento. Meus pulmões deixam de se expandir, meu coração
deixa de bater até eu ver a forma clara de Jake, cortando
através da neblina. Meu alívio é mais profundo do que qualquer
emoção que já experimentei.

Até que ele joga uma carga humana e se vira para voltar ao
lugar em chamas.

Os braços que me seguravam de repente desaparecem e


vejo que as pessoas correm para o homem deitado de bruços no
chão. Depois de alguns segundos, vejo a minha mãe entrar no
meu campo de visão, caindo de joelhos ao lado da pessoa, agora
sentada. É o meu pai. Eu aperto meus olhos fechados sobre as
minhas lágrimas quando o vejo levantar um braço e se inclinar
para ela.

Mas, então, uma realização ainda mais dolorosa me corta.


Jake voltou para lá.
Para buscar Shane.

Ele está arriscando sua vida por um homem como Shane.


Porque ele acha que é importante para mim.

As lágrimas vêm livremente agora e sem fim. Sento-me no


chão, cercada por pessoas feridas, equipes de emergência,
extensões de mangueira e meu coração derrete dentro do peito.

—Por favor, Deus, por favor, Deus, por favor, Deus! —É


tudo o que posso botar para fora. Uma e outra e outra vez. Cada
nervo, cada célula, cada bit de luz em mim clama a Ele por
misericórdia. E eu vejo a porta...

Quando Jake aparece desta vez, ele baixa o corpo que está
carregando. Quando ele se vira, tirando o capacete, seus olhos
me procuram. Eu luto com meus pés, para ficar de pé até que
ele possa me ver.

E ele faz.

E ele espera.

Ele espera por mim.

Talvez como ele sempre esperasse por mim.

Como eu sempre esperei por ele.


Capítulo 36

Jake

Eu assisto Laney tomar passo trôpego após passo trôpego


em direção a mim. Em nossa direção. Shane, seu noivo, está
deitado na grama logo atrás de mim. Se alguma vez houve uma
escolha para ela fazer, agora é a hora. Suas ações falam alto. E
eu não vou fazer nada para influenciá-las.

Ela esta cada vez mais perto. Meu coração bate cada vez
mais difícil. O que ela vai fazer? O que ela vai fazer?

Quando ela está cinco ou seis passos de mim, ela olha


para baixo, para Shane e meu peito fica apertado. Mas então,
como se ela estivesse pagando a mais simples das cortesias, ela
lança-se em meus braços e esmaga seus lábios nos meus.

Eu sempre ouvi Jenna e seus amigos falar e falar sobre


todas as coisas diferentes que um beijo pode significar. Agora
acho que entendo o que eles estavam falando.
Este beijo é uma declaração. É aceitação. É paixão e
perseverança, esperança e felicidade. É tudo que sempre
precisei e tudo o que eu nunca pensei que iria querer. É tudo
porque ela é tudo.

Todas as vozes, todos os sons, toda a atividade em torno


de nós é silenciada quando ela se inclina para trás e olha no
fundo dos meus olhos.

—Você me salvou Jake.

Eu sorrio.

—Você me salvou em primeiro lugar.

Por alguns segundos, acho que derramei minhas tripas,


aqui no meio de uma área de desastre. Mas eu penso melhor
quando ouço uma voz em minha esquerda.

—Tudo bem, herói, havia mais alguém lá dentro? —Chip


pede. —Se não, é preciso botar essas chamas para fora e acabar
com isto.

Penso em deixar isso para o cara que interrompeu meu


grande momento. Sinto-me rosnando para ele. O homem não
pode ver que estou no meio de alguma coisa aqui?

Mas acho que meus assuntos pessoais estão realmente


interrompendo a tarefa. Estou aqui para fazer um trabalho.
Salvar vidas e apagar incêndios.
Uma para baixo

Uma para cima

Coloco Laney em seus pés e limpo uma mancha em seu


rosto pálido, com o meu dedo sob a luva.

—Você está bem? Sério?

Seu sorriso é largo e brilhante e ela balança a cabeça com


entusiasmo.

—Eu sei que soa estranho, mas eu nunca estive melhor.

Eu sorrio para ela. Sei exatamente o que significa.

—Eu tenho que terminar aqui. Eu vou encontrá-la mais


tarde, ok?

Ela acena com a cabeça mais uma vez seu sorriso ainda
está intacto.

—Ok, eu vou dar uma olhada no papai.

Ela anda para trás, alguns passos, como se estivesse


relutante em deixar-me, assim como eu não queria que ela
saisse.

—Fique longe deste edifício, - digo quando passo para o


lado do corredor, preparando-me para colocar meu capacete. —
Você ouviu?
Ela acena com a cabeça mais uma vez e se vira para
caminhar até seu pai. Eu checo meu equipamento contra
fumaça e faço meu caminho de volta, para colocar o bebê na
cama.

Quase seis horas depois estou no meu caminho para casa.


O chefe chamou o grupo de backup para ajudar com a limpeza,
o que é algo com que os maiorais do corpo de bombeiros não se
envolvem. Mas Greenfield é pequeno, e é mais um gesto de boa
vizinhança do que qualquer outra coisa. Com os reforços no
local foi permitido que aqueles que foram os primeiros a chegare
no local voltassem para casa, para uma pausa antes de retomar
ao plantão.

Meu primeiro pensamento foi em ir ate Laney, mas pode


não ser a melhor coisa. Se ela ainda está no hospital, sendo
clinicamente liberada com as outras pessoas da igreja, então
não há nenhuma razão para incomodá-la lá. Se ela está em
casa dormindo, eu definitivamente não quero incomodá-la lá.
Então acho que a melhor coisa que posso fazer é esperar até de
manhã. O que tenho a dizer pode esperar até lá. Eu esperei
tanto tempo...
Descendo a rua de acesso a minha casa, meus faróis
batem num pedaço de azul pouco visível através das árvores.
Percebo que não vou ter que esperar. Laney esta na minha casa.

Eu levanto e estaciono ao lado de seu carro. A casa esta


escura. Estou supondo que ela está dormindo, já que é tarde e
ela teve uma grande noite.

Desligo o motor e saio do carro, chegando à parte de trás


para pegar o meu equipamento. Eu salto quando ouço uma voz
suave do lado oposto do Jeep.

—Demorou bastante.

—Maldição! Você me assustou!

Laney sorri. Ela deve ter ficado na varanda da frente,


esperando.

Mal posso vê-la em uma noite tão nublada com apenas um


pedaço de lua para enxergar. Parece que ela trocou de roupa.
Está usando algo pálido e quando ela coloca o pé no pneu e
sobe em cima do Jeep, posso ver que é curto. Mesmo em
condições de pouca luz, posso ver muitas e muitas longas
pernas.

Meu pulso acelera e não tem nada a ver com ela me


assustando.
—O que você está fazendo acordada? Achei que você
estaria dormindo. Você precisa descansar.

Laney se move para ficar no banco de trás, com os pés


descalços sobre a almofada e as costas apoiadas contra a barra
de rolagem.

—Quem consegue dormir depois de uma noite como esta?


—Ela faz uma pausa antes de acrescentar: - E eu não estou
falando do fogo.

Aqui vamos nós!

Eu tomo uma respiração profunda. Sabia que isso iria


acontecer. Ao me dar conta do que há entre nós, eu precisava
ser franco com ela. Ela espera isso. Mas o inferno, ela não
poderia mesmo esperar até de manhã?

Por alguns segundos, eu tenho uma explosão de dúvida.


Como é que ela vai reagir? Será que vai mudar alguma coisa?

Colocando minha bolsa no chão, pulo no banco de trás do


jipe e, reposiciono seus pés entre as minhas pernas. Ela poderia
muito bem ficar confortável. Se vamos conversar, não há tempo
e lugar como o presente.
Capítulo 37

Laney

Jake posiciona meus pés de volta entre suas pernas e


inclina a cabeça para trás. Olhando de baixo para ele tudo que
eu posso ver é seu rosto sombreado e o brilho ocasional da
pouca luz em seus olhos.

Eu não vim aqui para pressioná-lo. Eu vim aqui para...


Para... Eu não sei o quê... Para estar com ele. Para ver se o que
aconteceu foi real. Para ver aonde vamos a partir daqui.

Eu vim porque não poderia ficar de fora.

E porque, mais uma vez, sinto-me esperançosa. E, desta


vez, eu preciso saber o que ela pensa.

Mas eu não quero avançar muito rápido. Jake tem


fantasmas. Demônios. Coisas que ele não quer compartilhar.
Uma vez que eu não sei o que eles são, não é possível saber se
estou prestes a pisar em uma mina terrestre. Fica difícil
prosseguir. Mas não impossível. Eu só tenho que ser paciente.
Isso é o que estou dizendo a mim mesmo quando o ouço
suspirar e tocar o topo dos meus pés descalços, distraidamente
fazendo círculos lentos.

Estou pensando em como começar, por onde começar


quando Jake fala. Sua voz é baixa. E distante. Ele está em outro
lugar no tempo. E, desta vez, ele está me levando junto com ele.

—Quando eu era pequeno, antes de Jenna nascer, minha


mãe e meu pai costumava me levar para o pomar com eles,
quase todos os dias. Às vezes a gente ia pegar pêssegos. Às
vezes a gente ia brincar de esconde-esconde nas fileiras de
árvores. Às vezes a gente andava nas partes rasas do rio.
Tomavamos café da manhã, almoço e jantar, juntos sempre.
Mesmo após minha mãe ficar doente, fizemos muita coisa
juntos. Foi depois que ela ficou grávida de Jenna que as coisas
ficaram muito piores.

Surpreendentemente, não há nenhuma amargura em sua


voz. Obviamente, ele não se ressente de Jenna, pelo que
aconteceu com sua mãe.

—Seu câncer foi alimentado com o estrogênio. Espalhou-se


como um incêndio enquanto ela estava carregando Jenna.
Depois que ela nasceu, mamãe começou a quimio e
radioterapia. Ela fez o tratamento por dois anos, mas a doença
sempre estava um passo à frente da cura. Nos últimos meses,
tudo que os médicos podiam fazer era mantê-la confortável.
Mesmo tão jovem como eu era, eu sabia o que estava
acontecendo. Eu acho que eu simplesmente não sabia o quanto
isso mudaria as coisas. E qual seria meu novo papel.

—Papai estava ocupado cuidando do pomar e de Jenna.


Mamãe estava na cama o tempo todo, então eu estava meio
perdido. Eu passei muito tempo lá, com ela. Eu ficava no chão
em seu quarto ou brincava com os meus carros. Às vezes
assistíamos televisão juntos ou ela lia uma história para mim.
Se algum dia eu saía para brincar, era sempre sozinho, o que
nunca foi muito divertido, então eu não ficava muito tempo fora.
Eu sempre acabava de volta no quarto da mamãe. Com ela. Eu
tenho uma visão de perto e pessoal do que ela passou e como
ela ficou miserável.

Eu escuto, com muita atenção. Meu coração sangra por


Jake quando era criança, assim como por Jake o homem. Eu
não posso imaginar o que deve ter sido para ele ter que assistir
a sua mãe passar por tanta coisa e ter que fazer tudo sozinho
em sua maior parte. No meio de tudo isso, todo mundo estava
ocupado com a vida e Jake foi empurrado para o lado.
Esquecido.

—Não era nada incomum ela me pedir para lhe servir um


pouco de ginger ale, pedaços de gelo ou um pano, de modo que
o dia em que ela me pediu para lhe entregar um de seus frascos
de comprimidos, eu não achei nada demais. Acho que uma
parte de mim se perguntou por que o pai tinha começado
mantê-los no armário, em vez de deixá-la pegá-los sozinha,
como ela sempre fez. Mas com oito anos, você simplesmente não
pensa realmente sobre as coisas assim. Por isso, não hesitei em
pegá-los para ela.

Meu pulso está batendo acelerado e meu e lábio trêmulo,


tenho uma ideia de onde isso vai dar. Respirar é tudo que posso
fazer para não chorar amargas lágrimas de coração partido por
este homem que eu amo.

—Ela me pediu para entregar-lhe o copo de água que


sempre estava em sua mesa de cabeceira. Então me fez ajuda-la
a se levantar na cama, para que ela pudesse me abraçar. Ela
me disse que me amava e que eu seria sempre seu menino
grande, forte e, em seguida, ela me disse para ir brincar lá fora
até o jantar. Então eu fiz. —Sua pausa é profunda. E escura. E
assombrada. —Essa foi a última vez que a vi com vida.

Eu mal consigo engolir através do nó na minha garganta. A


dor em meu peito explode em um esguicho inimaginável de
simpatia com suas próximas palavras.

—Minha mãe teve uma overdose. Ela se matou. Mas ela


não se matou por fraqueza ou egoísmo. Ela não fez isso para
acabar com seu sofrimento. Ela fez isso para acabar com o
nosso. Certa vez, a ouvi dizer ao papai que ela poderia viver com
o que ela tinha que passar, mas que estava quebrando seu
coração ver o que estava fazendo para nós. Papai lhe disse que
estávamos bem, que seria sempre melhor com ela por perto.
Não importava o quê. Mas ela não acreditou. Eu pude ver isso
em seus olhos mais e mais a cada dia. Ela pensou que sua vida
estava nos prejudicando. Então ela a tomou.

Estou fazendo tudo que posso para deixar minhas


lágrimas cairem em silêncio, para deixar Jake ter esse tempo
sem interrupção.

—Quando meu pai encontrou-a, ele gritou para eu ir lá


para cima. Ele estava sentado no chão, chorando, segurando
minha mãe em seus braços. O frasco de comprimidos ainda
estava em suas mãos. Tudo que lembro é dele gritando para
mim: “Você fez isso! Você fez isso!” - Tentei explicar, mas ele
nem sequer me ouviu. Mandou-me sair e disse que não queria
nem olhar para mim. Então eu saí. Fiquei lá fora por um tempo.

—Depois, já bem tarde, eu fiquei na porta. Fiquei


esperando que ele descesse, mas ele nunca desceu. Lembro-me
que ficou escuro e eu estava com muita fome, então fui até a
cozinha e abri uma lata de Spaghetti para mim e Jenna e
comemos ele frio. Nada jamais foi o mesmo depois daquela
noite.

—Ela engatinhou dois dias depois.

—Papai lhe deu um bolo, presentes e comemorou como se


nada estivesse errado, mas cada vez que ele olhava para mim,
eu podia ver o quanto ele me odiava. O quanto ele me culpou.
Isso ficou assim por um par de anos. Até que eu finalmente tive
a coragem de perguntar a ele sobre isso. Ele me disse que
nunca poderia me perdoar por tirá-la dele. Ele disse que havia
algo errado comigo. Disse que eu não sabia como amar da
maneira certa, que eu só machucava as pessoas que eu
supostamente deveria me importar. Ele nunca me deixou
esquecer isso tampouco. Depois daquele dia, ele só escondeu
seus sentimentos de Jenna. Nunca de mim. Ele me culpava por
tudo depois disso. Se Jenna caia da bicicleta e arranhava o
joelho, a culpa era minha por não vigiá-la de perto o suficiente.
Se ela entrava em uma briga na escola, a culpa era minha por
ser um irmão mais velho terrível. Ele nunca disse nada na
frente dela, no entanto. Ele queria que ela tivesse uma vida boa,
sem toda a dor que ele tinha conhecido. E eu também não
queria que ela tivesse que se sentir como eu o tempo todo. Eu
até tentei não amá-la. Eu estava com medo, que se eu a amasse
como amava Mamãe, algo iria acontecer com ela. Como meu pai
dizia. Então, eu nunca fiz. E nada de ruim aconteceu com ela.
Aprendi desde cedo que a melhor coisa que eu poderia fazer
para as pessoas que eu me importava era ficar longe delas.
Cuidar tão pouco quanto possível. E tem funcionado. Eu não
perdi outra pessoa que eu amava desde o dia que mamãe
morreu. E nem papai.

Um soluço é arrancado de minha garganta. Aperto minha


mão sobre a boca para segurá-lo, mas como a pressão
construida atrás de uma mangueira de água dobrada, a
barragem eventualmente quebra. E quando isso acontece nada
pode controlar a inundação. Eu enterro meu rosto em minhas
mãos e deixo ir.

Mesmo por trás de minhas mãos, por trás dos meus olhos
fechados, eu vejo a imagem do rosto torturado de Jake. Ele
aprendeu a não mostrar sua fachada, mas nestes poucos
segundos, na noite calma e clara, com o luar prateado, ele me
deixou vê-lo. E é quase demais para suportar.

Sinto-o se inclinar sobre mim e envolver seus braços em


volta dos meus ombros, alisando meu cabelo com sua ampla
palma.

—Shhh, - ele sussurra. —Eu não queria te perturbar.

Coloco meus braços ao redor da cintura dele, meu rosto


contra seu peito e choro. Eu choro por Jake. A partir do mais
escuro e mais profundo da minha alma, eu clamo por ele. Por
tudo o que ele passou. Por tudo o que ele perdeu. Por uma vida
se sentindo culpado. E por uma vida inteira perdendo algo tão
simples, mas tão profundo como o amor.

—Oh Deus, Jake, eu sinto muito! Eu sinto muito que você


tenha passado por tanta coisa. Ninguém merece isso.
—Agora acabou. Eu só quero que você saiba quem eu sou.
Quem eu era. Mas isso é passado agora. Não há nenhuma
necessidade de você chorar.

Eu me inclino para trás e olho para seu rosto bonito.

—Você está me consolando? —Me aproximo de seu rosto.


—Se houvesse alguma maneira de poder ajudar, alguma forma
que eu pudesse tirar sua dor, eu faria isso, Jake. Eu faria isso
por você. Eu daria tudo para voltar e tornar as coisas diferentes
para você. Você perdeu tanto. Muito amor e felicidade.

Jake agarra meu pulso e coloca seus lábios em minha


palma e sorri um sorriso pequeno.

—Mas isso me fez quem eu sou hoje. E hoje, eu sou um


homem diferente. Por causa de você. —Escovando o polegar
sobre minha bochecha, os olhos de Jake derramam pedaços de
seu coração para os meus. —Hoje, eu percebi que não sou a
pessoa que ele pensava que eu era. Hoje, eu percebi que eu nem
sempre machuco as pessoas que amo. Hoje, eu percebi que eu
prefiro andar em um incêndio e salvar o seu pai, que me odeia,
e seu noivo, que vai se casar com a mulher que eu amo, do que
ver você sofrendo por mais um segundo. Hoje, pela primeira vez
na minha vida, eu senti que eu poderia amar alguém como eles
merecem ser amados. Que eu poderia te amar do jeito que você
merece ser amada.
Tomando meu rosto com as duas mãos, ele se inclina para
mim.

—Laney, eu não mereço você. Eu nunca poderia te


merecer. Mas eu posso prometer-lhe que não há outro homem
no planeta que vai te amar como eu. Eu daria minha vida para
a sua felicidade. Eu te daria todo o mundo se isso te fizer sorrir.
E eu não vou deixar você ir sem uma luta. Eu vi você ir embora
uma vez e quase me matou. Eu não vou deixar que isso
aconteça novamente.

Eu estou chorando de novo. Mas desta vez são lágrimas de


pura alegria. Meu coração está explodindo com a mais intensa e
esmagadora felicidade que eu jamais poderia imaginar sentir.
Nada mais, em toda a minha vida chegou próximo a isto. E eu
tenho a sensação de que nada nunca o fará.

—Eu amo você, Jake Theopolis, - eu sussurro, espalhando


beijos por todo o seu rosto. —Eu amo você mais do que
ninguém tem o direito de amar outro ser humano. Você esta me
ouvindo? Prometa-me que você nunca vai me deixar. Prometa-
me.

No meu fervor, os meus lábios cruzam os dele. E, como


sempre, há uma faísca. Só que desta vez, há mais. Há amor. Há
graça. Há ternura. E há esperança.

E, bem no meio de tudo isso, há calor.


—Nunca. —Ele murmura contra eles, sua língua lambendo
ao longo de minha boca.

Como o fogo subito na igreja, esse momento leva tudo o


que eu sinto por Jake e tudo o que ele sente por mim à
superfície. Somos mãos e lábios. Somos bocas e línguas. Somos
paixão e desespero. E é bonito.

Quando Jake desliza as mãos por baixo da minha saia e


rasga minha calcinha, eu caio para trás, para a barra de
rolagem, enrolo meus braços em torno dele. Eu o ouço se
atrapalhar com seu zíper e, em seguida, ele me levanta e me
lança em cima dele, me balançando contra a almofada.

Minhas pernas estão ao redor de sua cintura e sua dureza


longa e grossa está enterrada dentro de mim, Jake me move
contra ele. Ao longo dele. Através dele. E quando eu desmorono
em uma chuva de estrelas brancas brilhantes e calor crepitante,
ouço sua rouca e aveludada voz quebrando o silêncio. Com cada
golpe, ele sussurra:

—Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Essas três palavras simples nunca significaram tanto.


Capítulo 38

Jake
Dois meses mais tarde

—O que diabos está errado com você? —Jenna pergunta,


me apunhalando nas costelas com o cotovelo pontudo.

—Não há espaço suficiente na cozinha para nós dois,


caramba! —Eu respondo.

Estou contente que Jenna, finalmente, superou sua dor o


suficiente para que ela possa entrar na casa, mas estamos
tropeçando uns sobre os outros tentando aprontar tudo para
este churrasco.

—Deus! Você é tão ranzinza! Quando foi a última vez que


Laney esteve aqui?

—Eu não a vi durante toda a semana. Isso responde a sua


pergunta?
—Sim. É. Faz. Somos Theopolises. Precisamos de...
Atenção.

—Ewww, você poderia me poupar de ficar enjoado antes do


jantar.

—Isso não é para te dar náusea. É nervosismo. Você acha


que eu não sei o que está acontecendo, mas eu sei. —Ela se
alegra com sua voz melodiosa.

—E o que você acha que está acontecendo?

—Eu acho que você convidou o grande e mau Pastor aqui,


porque você vai pedir a mão de sua filha. E eu acho que é por
isso que você está tão ranzinza. E eu acho que é por isso que
você está tão nervoso. E eu também acho que é a coisa mais
doce que você já fez! —Com um grito, Jenna joga seus braços
em volta do meu pescoço e beija minha bochecha. —Espero que
ele te diga não, apenas só para balançar sua corrente. E então,
quando eu saltar para te impedir de chutar a bunda dele, ele vai
lhe dizer para agarrar e levar a filha para o quarto e devastá-la
imediatamente, e você vai viver feliz para sempre.

Quando ela finalmente se inclina para trás, eu franzo a


testa para ela.

—O que diabos você andou fumando?


—Oh, vamos lá! —Diz ela, batendo no meu braço. —Você
precisa pedir a garota para se casar com você, antes que alguém
o faça. Eu nunca vi você tão feliz. E você seria simplesmente um
idiota para fazer algo estúpido, como esperar muito tempo e
estragar tudo. Eu não o suporto.

—Porra, Jenna, tome um fôlego. Fale baixo. —Digo com a


voz mais calma. —Eles vão estar aqui a qualquer minuto.

—Que importa se eles me ouvirem? Se você não estava


pensando em pedir...

Eu aperto minha mão sobre a boca dela e rosno em seu


ouvido.

—Tudo bem, você está certa. Agora você pode calar a boca?

Gritando ainda mais alto, Jenna salta para cima e para


baixo, batendo palmas animadamente.

—Simmm! Eu vou ter uma irmãaa!

—Jenna, shhh. —Eu assobio. Mas eu realmente não posso


ficar bravo com ela. Eu me sinto um pouco assim, como ela, por
dentro. Só que mais nervoso. E, verdade seja dita, eu não estou
tão nervoso sobre o Sr. Holt dizer não como eu estou sobre
Laney dizer não. Embora ela tenha sido mais aberta e soltou
uma tonelada desde que nos conhecemos, ainda falta muito.
Ela nunca disse que tem quaisquer reservas em relação a mim
ou a nós, mas isso não significa que ela não está abrigando
alguma. E não há nada como uma proposta para fazer você
começar a considerar todas as coisas, pesar todas as coisas. Ver
as coisas de todos os ângulos. Considerar todas as arestas.

Para mim, a ideia de passar o resto da minha vida com


Laney me faz feliz. Mais feliz do que eu já estive. Ela é o que eu
quero da vida. E estou mais certo disso a cada dia que passa.
Com o tempo, em vez de encontrar coisas que não gosto ou
coisas que me enlouquecem, acho que a amo mais. E quanto
mais a conheço, a descubro, mais acho que é amor.

Ouço Einstein latindo e meu pulso acelera. Jenna olha


para mim com os olhos parecendo dois pires.

—Ele está aqui.

Tenho certeza que é o Sr. Holt. Eu propositadamente disse


a ele e a sua esposa para chegarem mais cedo do que qualquer
outra pessoa. Mas eles não sabem que marquei com os outros
em um horário diferente. Eu sabia que eu gostaria de acabar
com isso logo, em vez de ficar preocupado o tempo todo.

Respiro fundo e olho para minha irmã que está radiante.

—Deseje-me sorte.

Seus olhos começam a encher de água quando ela


responde.
—Você não vai precisar dela. Eu sempre acreditei que você
merecia toda a felicidade do mundo, mesmo quando você não
acreditava.

Faço uma pausa no meu caminho para a porta, olhando


para a minha irmã.

—Jenna, eu... —Eu nem sei o que dizer a ela, como


explicar o que estou sentindo. —Eu te amo.

Em todos os nossos anos juntos, eu nunca disse isso a ela.


Espero que ela perceba o significado, mesmo que não entenda
completamente. Eu quero que ela saiba que ela significa muito
para mim, já tendo demostrado isso ou não.

—Eu sei, - ela respira trêmula. —Estou feliz por você


deixar ir tudo o que te impediu de dizer isso todos esses anos.
Eu não vou fingir que entendo, mas estou feliz que você não
está se escondendo mais. Você merece mais do que isso.

Impulsivamente, ando de volta para ela e beijo sua


bochecha.

—Agora, não diga nada para me envergonhar e pelo amor


de tudo que é mais sagrado, cuidado com a boca suja.

Jenna fareja alto e joga o cabelo sobre o ombro.


—Eu não paro os palavrões
por ninguém. —Dou-lhe meu
olhar severo. Ela suspira e sorri
docemente. —A não ser por você.
Só dessa vez.

—Melhor. Agora, suma. Eu tenho um pouco de charme


para fazer.

Ela provavelmente não acha que ouço seu sussurro


quando saio da sala, mas eu faço.

—Vá pegá-los, Jake.

Então, eu faço.

Capítulo 39

Laney

Meu bolso está pesado. Sinto-me desequilibrada, como se


tudo em mim estivesse se inclinando. Então prendo a
respiração.
Eu nunca estive mais nervosa. No entanto, eu nunca estive
mais certa.

Ao longo dos últimos dois meses, Jake e eu conversamos


sobre todos os tipos de coisas, nossas esperanças e sonhos,
nossos medos, julgamentos, nossos planos e horários. Ao ouvi-
lo dizer que quer as mesmas coisas que eu, uma a uma, tem
sido o mais surpreendente desdobramento da minha vida. É
como se os sonhos que eu tive desde pequena fossem certos,
neles estavam apenas faltando um ingrediente vital, o homem
perfeito para ajustá-los apenas um pouco.

Sim, eu ainda quero me casar. Sim, eu ainda quero ter


uma família. Sim, eu ainda quero um lugar para fincar raízes e
chamar de lar. Sim, eu ainda quero um amor que vai crescer
sempre mais à medida que envelhecermos. Eu ainda quero
todas essas coisas. Mas agora, eles têm uma face. Todos eles.
Todos eles giram em torno de Jake.

Ele mudou nossas vidas, não só a minha. E ele trouxe sua


própria marca especial, selvagem, para elas. Eu nunca quis
viajar e experimentar coisas novas na vida, mas agora eu faço.
Eu quero enfrentar as partes desconhecidas e mergulhar no
penhasco com Jake ao meu lado. Quero nadar em águas
quentes do Mediterrâneo e pular de asa delta sobre as árvores
de uma floresta tropical. Eu quero fazer tudo. E então eu quero
voltar para casa, para a vida que nós construirmos e sentar em
frente a lareira nas noites frias de
inverno e mergulhar no rio em
dias quentes de verão.

Toda a minha vida o que


faltava era Jake.

Tudo começa e termina com ele.

Só espero que ele sinta o mesmo por mim.

Eu estou sempre esperando...

Capítulo 40

Jake

Eu recebo os Holts em meu quintal. Jenna aparece em


questão de segundos, vestindo um sorriso enorme.
Mentalmente, rolo meus olhos. Ela é uma guardadora de
segredo de merda!

—Posso pegar para vocês dois uma limonada?

—Isso seria ótimo. —Diz a Sra. Holt. Sr. Holt assente.


—Esta é a minha irmã, Jenna. Jenna, Senhor e Sra. Holt,
os pais de Laney.

—É um prazer. —Diz ela brilhantemente então desaparece


de volta para pegar a limonada.

—Lindo lugar que você tem aqui. Você fez um bom


trabalho mantendo-o depois de Cris. —Diz Holt. Tenho certeza
que, para alguém como eu esse é o seu maior elogio.

—Obrigado, senhor. Você gostaria de andar na frente do


pomar? Esta a direita, ao longo da cerca que circunda a casa.

Eu quase posso sentir seu suspiro.

—Claro.

Então, me entusiasmo.

Eu conto sobre coisas que ele provavelmente já sabe,


enquanto caminhamos pelo quintal até a cerca que faz fronteira
com a porção leste do pomar. Quando paramos lá, começo a
falar sobre a operação pomar, apenas para ter algo a dizer, mas
eu me paro. Minha paciência é pequena para começar. Isso não
está ajudando. Então, vou direto ao ponto.

—Sr. Holt, há algo que eu gostaria de falar com você.

Sua pausa é longa.

—O que seria isso?


Ele vira e se inclina para trás, contra a cerca, cruzando os
braços sobre o peito e estreitando os olhos em mim.
Ansiosamente, mastigo o palito de canela entre os dentes.
Então, pensando que ele poderia ver isso como um sinal de
fraqueza, ou nervosismo, eu o tiro da boca e o lanço no pomar.

—Olha, - digo, correndo os dedos pelo cabelo. —Nós dois


sabemos que eu nunca tive a melhor das reputações nesta
cidade. E, com toda justiça, eu ganhei mais do que realmente
fiz. Mas eu não o trouxe aqui para tentar explicar meu passado.
Eu o trouxe aqui para falar com senhor sobre sua filha, Sr.
Holt. E o nosso futuro, - digo, deixando meus pensamentos se
dirigirem para Laney e tudo o que ela significa para mim. —A
melhor maneira que posso descrever o que Laney é para mim é
dizer que ela tem sido como a vida. Por razões que eu não vou
entrar, eu nunca fui muito vivo até que a conheci. Eu não tinha
idéia do que estava faltando até que ela veio. Ela me amou
antes que eu fizesse uma única coisa para merecer isso. E,
embora eu nunca me veja sendo bom o suficiente para ela, eu
posso lhe prometer uma coisa. Eu vou amá-la e cuidar dela
melhor do que ninguém nesta terra. E isso inclui o Senhor. Ela
é tudo de bom em mim. Ela é tudo que eu poderia querer. Ela é
tudo que eu poderia ter a esperança de conseguir na vida. E eu
vou gastar o meu último suspiro para ter certeza que ela está
feliz. Não há mais ninguém para mim, Senhor.
—Laney me deu uma chance quando ninguém mais o fez.
Ela viu algo em mim que nem sequer eu vi em mim mesmo.
Espero que o senhor possa fazer o mesmo. E, com sua
permissão, eu gostaria de pedir-lhe para se casar comigo.

Agora eu realmente estou passado. Se eu não estivesse a


espera de uma resposta e se não fosse rude como o inferno, eu
me viraria e caminharia de volta para a casa e abriria uma
cerveja. Mas, sendo como todo meu futuro está pendurado na
balança, então acho que é melhor eu não fazer isso.

—Você sabe um pai sempre quer certas coisas para seus


filhos. Segurança, amor. O melhor de tudo. Mas, às vezes, não
podemos ver o que está perto de nós, tão claramente como
pensamos que podemos. Eu sou homem o suficiente para
admitir que lamentavelmente eu julguei erradamente você. Isso
foi errado, e não há desculpa. Você provou ser um homem
melhor quando me puxou para fora do fogo só para ver minha
filha sorrir novamente.

—Parece que eu parei de ensinar a Laney como ser uma


boa pessoa, como ter sucesso na vida, há muito tempo atrás. Na
verdade, aqui, ultimamente, ela está me ensinando. Com você,
ela me lembrou de olhar para o coração e nada mais, de uma
pessoa. Jake, independentemente do seu passado, eu sei que
você faz minha filha feliz. E eu acredito que você a ama. Eu não
consigo entender como é que alguém não poderia amá-la. Mas
eu estava tentando empurrá-la a fazer o que eu achava que era
certo. Estou aprendendo que ela é
inteligente o suficiente para
descobrir o que é melhor para ela.
E eu vou ficar com ela, seja quem
ela escolha na vida. —Sr. Holt
anda para longe da cerca e
começa a caminhar na minha direção. Ele pára quando o ombro
está lado a lado com o meu e ele se vira para me dar tapinhas
nas costas. —O que acontece é que, desta vez, eu concordo com
ela. —Com um aceno de cabeça e um sorriso, ele caminha
alguns passos além de mim e, em seguida, olha para trás, como
se estivesse esperando. Eu expiro e sigo em frente até chegar ao
seu lado, e caminhamos de volta para a casa. Juntos. Em
silêncio. Silêncio perfeito.

Capítulo 41

Laney

O churrasco foi um sucesso. Meus pais pareciam felizes


em perdoar, o que é extremamente importante para mim, onde
Jake está envolvido. Em minha opinião, ele deveria ter o
respeito de todos os membros desta cidade, pelo que ele fez na
noite do incêndio. Mas eu não estou preocupada com a cidade
inteira. Só estou preocupada com o papai. Eu odiaria que ele
me fizesse escolher entre ele e Jake.

Ele ficaria decepcionado com minha escolha.

Mas parece que não vai acontecer, se esta noite for


qualquer indicação. Agora, os pratos estão lavados, meus pais
se foram e Jenna está esperando na varanda da frente por
Rusty, seu noivo.

E, por alguns minutos, eu tenho Jake só para mim.

Sinto meus nervos voltarem com força total.

Estamos deitados na rede da varanda. Jake bebe uma


cerveja e mastiga um palito ao mesmo tempo. Parece nojento,
mas é algo que eu acho cativante agora. Jake só faz o que ele
quer. Ele caminha para o que quer. E eu adoro isso nele.

Eu me inclino sobre ele, olhando para seu rosto. Seus


olhos estão fechados e os lábios curvados em um pequeno meio
sorriso.

—Jake?

—Laney?
Eu sorrio.

—Você estava sério quando disse que podia se ver vivendo


seus dias aqui?

Ele abre as pálpebras.

—Por que você pergunta?

Oh Senhor, oh Senhor, oh Senhor! Aqui vou eu!

Empurro-me para uma posição sentada, fazendo com que


a rede balance, precariamente.

—Você nunca ouviu aquela expressão - não balançar o


barco? —Pergunta ele, pendurado na borda.

—Claro. E eu estou muito feliz que não estamos num


barco agora. —Respondo, com um sorriso. Jake sorri de volta.
—Mas não mude de assunto. Então você estava? Quer dizer,
falando sério?

—Sim. Por que você pergunta?

Limpando a garganta, eu chego inconscientemente até


meu bolso. Eu nem sequer percebo o que estou fazendo até que
vejo os olhos de Jake seguir o movimento. Ele franze a testa,
mas não diz nada.

—Você quis dizer aqui, nesta cidade? Ou aqui, neste


lugar? No pomar...
Jake dá de ombros.

—Qualquer um dos dois, eu acho. Mas eu acho que seria


bem legal ficar com o pomar, para ficar e morar aqui. Há ainda
algumas coisas para trabalhar com Ellie antes, se não eu jamais
saberei que este lugar é meu, para sempre. Por quê? —Ele
pergunta novamente.

—E se eu te dissesse que eu poderia fazer isso acontecer?


Você ficaria bravo?

—Bravo? Claro que não! Eu só disse que eu adoraria nada


mais. Por que, Laney? Onde você está querendo chegar?

Jake senta-se na rede e olha para mim, curioso. Por


alguns segundos, me perco em seus olhos de mel quente. Mas
então me lembro do por que estou nervosa e o que eu deveria
estar fazendo.

—Sua tia entrou em contato com o escritório há alguns


dias. Talvez eu tenha falado com ela. E eu posso ter convencido-
a a assinar sobre passar o pomar para você. Tudo isso. Pra
sempre. Ela não tem nenhum interesse financeiro ou legal,
nesse lugar, que seja relevante.

Ele ri. O tipo de risada que diz que ele está satisfeito.

—Uau! Você está falando sério?

Concordo com a cabeça, mordendo o lábio.


—Isso é ótimo! Como você fez isso?

Eu resisti à vontade de chutar meu pé no chão ou mexer


com os dedos.

—Eu posso ter exagerado um pouco sobre o trabalho que


você terá que fazer no pomar para mantê-lo. Eu posso ter
exagerado um pouco sobre a despesa de funcionamento para
mantê-lo, agora que ele cresceu ao seu tamanho atual. Eu
posso ou não ter exagerado um pouco sobre o número de
funcionários que ela poderia ter que contratar para a colheita
do próximo ano. E eu também posso ou não ter exagerado sobre
a quantidade de dinheiro que teria de investir fora do bolso,
apenas para levá-la até a primeira colheita, antes que ela
pudesse ver um lucro.

Jake está sorrindo orgulhoso, sorriso satisfeito.

—E você fez isso só por mim?

Eu não digo nada por alguns segundos. Não me movo,


também. Estou totalmente congelada, me perguntando se eu já
ultrapassei os meus limites.

Mas eu tenho que correr o risco. Jake vale à pena. Fiz tudo
isso e muito mais. Ele vale tudo.

Eu caio de joelhos na frente dele, cavando o metal para


fora do meu bolso. Deixo meu cabelo balançar para baixo, para
esconder meu rosto, enquanto espalho os anéis na minha
palma.

—Um dia, um par de semanas atrás, eu estava ajudando o


papai limpar as ruínas do salão de comunhão e vi algo
brilhando ao sol. Estava preso em um pedaço de concreto, que
foi solto pela explosão. Quando me abaixei para olhar, vi que
era um anel. Preso no concreto. Eu tinha uma pedra e tirei
partes do concreto até que ele estivesse solto. Mas enterrado ali,
ao lado dele, havia outro. Dois anéis de ouro, simples. —Faço
uma pausa e respiro fundo, dou uma espiada no rosto de Jake
para avaliar sua reação antes de continuar. Eu tenho toda sua
atenção. E ele não fugiu ainda. Acho que é um bom sinal. —
Papai me viu olhando para eles. Eu disse a ele onde os
encontrei. Ele sorriu, mas não disse nada por um bom tempo.
Mas quando o fez me disse que quando ele e minha mãe tinham
se casado, havia uma antiga igreja, onde o salão social está
agora. Pegou fogo também, e papai comprou o terreno baldio
logo depois que ele recebeu o convite para ser Pastor. Ele queria
construir uma igreja lá atrás. Ele disse que ele e minha mãe
costumavam ir até lá e se sentavam no chão, onde a antiga
igreja era e onde parte da nova igreja um dia seria, e eles
falavam sobre o futuro, seus planos, sobre a igreja, suas vidas e
sua família. Anos mais tarde, quando a fundação estava pronta,
papai e mamãe compraram novas alianças de casamento e eles
colocaram seus antigos anéis num concreto. Empurrando eles
lá no fundo, enquanto ele ainda estava molhado. Ele disse que
estavam plantando uma semente em solo sagrado para a saúde,
felicidade e prosperidade de sua família e sua igreja.

Coloco meu cabelo atrás da orelha e olho para Jake,


encontrando seus olhos tão bravamente quanto eu podia.

—Eu sei que a noite que igreja incendiou você pensou que
eu ia me casar com outra pessoa. Mas, desde então, você
entendeu melhor. E viu que tudo não passou de uma grande
confusão. De certa forma, eu me sinto como o fogo que queimou
todo o material que estava entre nós, como ele limpou o ar e
abriu o caminho para nós apenas nos amarmos. Da maneira
que não podíamos ou conseguíamos no início. A forma como
duas pessoas devem amar um ao outro. Para sempre. —Sinto as
lágrimas e não posso impedi-las. Minha voz está tremenda
quando pergunto: - Jake, você se casaria comigo? Eu sei que é
louco para a menina para fazer a pergunta, mas eu tenho medo
de ir para mais um dia sem você saber que eu prometeria
minha vida a você, aqui, neste lugar, aqui, neste mesmo
minuto, se eu pudesse. Você é a única coisa neste mundo que
me faz feliz. Sem você não há... Há... Não há nada. Você é o meu
tudo. E eu quero passar o resto da minha vida lhe mostrando o
quanto eu te amo.

Isso é tudo que posso dizer antes de começar a chorar


como uma criança de dois anos de idade que perdeu seu gato.
Ouço o ranger da rede e, em seguida, me sento, braços
quentes e fortes vêm ao meu redor. Jake me puxa para perto
dele e sussurra contra meu cabelo. —Você roubou todas as
minhas melhores frases.

Eu me inclino para trás, para olhá-lo. Ele está sorrindo,


um belo e perfeito sorriso feliz, para mim. —Isso é um sim?

—Nãoo. Isso é um belo sim!

As lágrimas ainda estão escorrendo pelo meu rosto, vindo


em uma grande onda de felicidade e alívio. —Eu não sei se elas
se encaixam. Ou se você ainda quer usá-las, mas...

—Se não servir, nós vamos colocá-las em correntes em


torno de nossos pescoços. Esta será uma lembrança de um dos
dias mais felizes da minha vida e eu nunca vou deixá-las ir.
Assim como eu nunca vou deixar você ir.

Meu coração parece que derreteu e executou todo meu


corpo, fazendo-me ficar mais quente do que posso me lembrar
de estar.

—Por favor, não. Nunca me deixe ir. —Eu digo, respirando


em sua pele e dobrando minha boca contra seu pescoço.

—Você não tem que se preocupar com isso. Eu não poderia


sobreviver sem você. E eu não quero nem tentar. Você me
transformou no tipo de homem que eu sempre quis ser. Você
trás o melhor de mim. E sem você, eu não sou nada.

—Mas, para mim, você é tudo.

—Isso é uma prova justa.

—Prova de quê?

—Que o amor é realmente cego.

—Não é esse amor cego! Eu vejo muito claramente. E eu


amo o que eu vejo.

—Bem, se você tiver alguns minutos, eu posso dar-lhe


muito mais para olhar. —Diz Jake, seu sorriso de repente é
brincalhão. Ele fica de pé, puxando-me com ele e para os seus
braços, onde o calor aumenta em vários milhões de graus.

—Poucos minutos? Isso é tudo o que vai demorar?

—Oh, não! Você não acabou de me fazer uma pergunta


como essa! Desafio aceito.

Jogando-me por cima do ombro, Jake me leva em uma


corrida para a porta dos fundos.

—Jake, pare!
—É melhor você aproveitar essa palavra, bebê, porque essa
é a última vez que você a estará usando, por muito, muito
tempo.

Eu grito quando ele abre a porta, corre pela cozinha, e


sobe as escadas de dois em dois degraus.

Ele não precisa se preocupar comigo lhe pedindo para


parar. Eu nunca iria querer que ele parasse de me amar.

Fim

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