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S X
T T
R R
O A
F G
Í A
S L
I Á
C C
A T
I
C
A
2004 Galáxias: Outras Freqüências - AGNs
Galáxias no Infravermelho

2
Faixa do Infravermelho (~1-500 m)

3
Linhas de céu
Quando se faz espectroscopia de galáxias, as medidas sofrem
contaminação pela emissão proveniente tanto da nossa atmosfera como
da nossa galáxia. Na região do visível existem alguns elementos que
contribuem fortemente.

Espectro do céu na
região do visível
com as principais
linhas de emissão.

4
Linhas de céu no IR

5
Correção K para o NIR

6
Desenvolvimento de novos conceitos em filtros para
atender a demanda de remoção de linhas de céu

Filtros Rugate são filtros de transmissão


de banda larga “sintonizáveis” através de
várias camadas de emulsão com diferentes
densidades que permitem a passagem de
radiação fora das regiões contaminadas
pelas linhas de OH.

7
IRAS – Infrared Astronomy Satellite

Em 1983 o primeiro satélite criogênico no IR, produziu


um levantamento no FIR cobrindo 96% do céu, em 4
bandas largas (12, 25, 60 e 100 m), detectando 25 mil
galáxias.

Graças ao IRAS, foi descoberta uma categoria de galáxias que emite a


maior parte de sua energia no IR. Muitas delas estão passando por um
surto de formação estelar e possuem muita poeira. As mais luminosas
foram chamadas de ULIRGS (ultra-luminous IR galaxies).

LIRGS ~ 1011 Lsol e ULIRGS ~ 1012 Lsol

8
ISO – Infrared Space Observatory
Observatório espacial lançado em 1995, durou até
1998. Estava equipado com câmara, spectro
fotômetro e espectrômetros com cobertura de
várias regiões do IR (~ de 2-200 m).

Visível Centaurus A Infravermelho 9


2MASS utilizou 2 telescópios de 1.3m com 3
detectores simultaneamente observando em J,
H e KS (2.17 m). O catálogo de fontes extensas
contém 1 milhão de objetos.

10
11
Near Infrared
J – 1.2 m
H - 1.6 m
K – 2.2 m

Com a confecção de levantamentos no IR em extensas regiões do céu,


como no caso do 2MASS, é possível se analisar a morfologia das
galáxias em outras regiões do espectro que não a do visível. Em
particular, no NIR (~ 2m), a luz emitida pelas galáxias é dominada pela
população de estrelas antigas. Além disso, nesta faixa a luz é pouco
afetada pela extinção por poeira.

As distintas classes de morfologia não são facilmente separadas em


imagens no NIR. No entanto se comparados os brilhos superficiais
centrais e o fluxo total, obtemos um bom discriminador.

Galáxias Seyfert (extremamente vermelhas) são facilmente


identificadas.

12
13
Exemplo de uma
das distribuições
de cores no NIR
para E e S0 do
artigo de Jarret,
baseado em dados
do 2MASS.

14
15
Cores no IR

UIBs – Unidentified infrared


bands, atribuídas a vibrações de
ligações entre C-C e C-H em
hidrocarbonetos aromáticos.
PAHs – hidrocarbonetos poli-
cíclicos aromáticos.

16
Espectro no IR como separador de starburts e AGNs

Starburst
Seyfert 2

Seyfert 2

Subida de contínuo típica de Corcova típica de radiação


região de formação estelar proveniente do toro de poeira do AGN

SWS –-> 2.4 – 45 m 17


LWS --> 43 – 197 m
Espectro no IR como separador de starburts e AGNs

18
Razões de linhas no IR como diagnóstico

[O IV] 25.9 m
[Ne III] 12.8 m
[S III] 33.5 m 19
Linhas de [C II] como traçadoras globais de
atividade de formação estelar
[C II] 158m e [O I] 63m traçam regiões de fotodissociação (PDRs),
regiões HI difusas e regiões HII.

20
IR como teste do modelo unificado
O modelo unificado propõe a existência
de de um toro de poeira e gás, que é
aquecido na parte interna pela radiação
produzida pelo AGN.

Esta radiação é re-emitida como


contínuo térmico no NIR e mid-IR.
Existe a previsão desta radiação ser
mais intensa em Sey1 do que nas Sey2.
As observações de que a distribuição
de energia no IR são um tanto
alargadas e as características de
emissão/absorção dos silicatos revelam
que o torus deve ser moderadamente
espesso e extenso

21
ULIRGS

22
Como são as contrapartidas ópticas dos ULIRGS
em termos de luminosidade IR

23
Propriedades de galáxias IRAS versus
luminosidade IR

24
Resultados estabelecidos com auxílio do IR
Galáxias Normais: O modelo de radiação UV incidindo em grãos e
sendo re-irradiada no NIR e mid-IR parece estar definitivamente
estabelecido. A SED do mid-IR é um poderoso diagnóstico do nível de
atividade do objeto.

Galáxias c/ AGNs: AGNs envolvidos em poeira podem ser distinguidos


qualitativa e quantitativamente. Observações no IR suportam o modelo
unificado.

(U)LIRGS: São objetos compostos (AGNs + Starburts). Formação


estelar é mecanismo predominante de energia, com exceção dos mais
luminosos onde o AGN domina. O paradigma dos ULIRGS é de são
objetos em avançado estágio de aglutinação de 2 galáxias ricas em gás.

Galáxias em alto redshift: Formação estelar em galáxias do Universo


jovem, possuidoras de muita poeira podem ter seus mecanismos melhor
examinados através do IR. Uma importante população destes objetos
foi detectada usando a ISOCAM em z<1.5. 25
Estão incluídos nesta categoria: Galáxias
AGNs Seyfert, Radiogaláxias, Quasares e Blazares.

Centaurus A

26
AGNs
Na tentativa de verificar se as nebulosas “espirais” eram objetos
gasosos similares à nebulosa de Orion, ou se estariam constituídas por
estrelas não resolvidas devido a uma distância, Fath (1909) observou
várias galáxias espectroscopicamente. Seu objetivo era detectar um
contínuo típico de populações estelares, ao invés de somente linhas de
emissão característico de nebulosas. Em um dos objetos, NGC 1068
ele encontrou linhas de emissão e absorção. As linhas de emissão eram
as mesmas identificadas nas nebulosas.

Foi Seyfert nos anos 40, quem começou a se dedicar a questão das
linhas de emissão das nebulosas, embora não tenha proposto um modelo
para sua explicação. Atribuiu a largura das linhas ao efeito Doppler.

Foi com a descoberta dos quasares em rádio e a busca pelas suas


contrapartidas ópticas que o estudo de AGNs deslanchou.

27
ApJ 97, 28, 1943

28
Espectrogramas obtidos por C. Seyfert

29
Modelo Unificado para os AGNs
Jato Rádio (~1 Mpc)
NLR (~1 kpc)

Toro de Poeira (~1 pc)


<-- Sey-2
BLR (~0.1 pc)
BH+Disco (<10-3 pc)

î
Sey-1 Blazar
30
Espectro de Sey-1

Hγ Hβ Hα
⇩ ⇩ ⇩

As linhas de emissão permitidas apresentam larguras de 1000-5000


km/s, enquanto as proibidas são da ordem de 500 km/s. 31
Featureless continuum (sem linhas) proveniente da fonte central.
32
Espectro de Sey-2

[OIII] [OI][NII][SII]
⇩⇩ ⇩ ⇩⇩ ⇩

Tanto as linhas permitidas como as proibidas apresentam larguras da


ordem de 500 km/s.
33
Diagramas de Diagnóstico

34
Diagramas de Diagnóstico

35
Diagramas de Diagnóstico

36
Diagramas de Diagnóstico
Considerado o
melhor diagrama
de diagnóstico

37
Espectro no IR ajuda a identificar
NLSy1, que estão com suas regiões
centrais obscurecidas, não permi-
tindo a observação das asas das
linhas largas.

38
Megamasers de H2O
Nas últimas duas décadas poderosos masers de vapor de água
correspondente a transição 616-523 em 22 GHz (~1.3 cm) foram
detectados na direção dos núcleos de AGNs. A primeira detecção de
um megamaser foi feita pelos radioastrônomos brasileiros Paulo
Marques dos Santos e Jacques Lépine usando o radio telescópio do
Itapetinga (Nature 278, 34, 1979).

Sua emissão é proveniente dos parsecs centrais, segundo alguns


modelos, da região do disco nuclear visto de perfil. A atividade estaria
relacionada com a grande densidade colunar de gás ao longo da linha de
visada, evidenciando a presença de densas nuvens moleculares.

39
Megamaser de água em NGC 4258

Figure 1.16: This graphic shows the geometrical relationships of the jet
emission, the disk of water molecules and the black hole at the center of
the galaxy NGC 4258. The pseudo-colors show the relative intensity of radio
emission from the jets. The black dot indicates the location of the black
hole. The dots in the disk indicate the location of water maser ``spots''
observed with the VLBA. All components are to scale; the scale bar indicates
5,000 Astronomical Units. (from Herrnstein et al. 1997)

http://www.ras.ucalgary.ca/SKA/science/node8.html#F_n4258
40
Contínuo dos AGNs
Existe um forte contínuo medido nos AGNs, e
sua abrangência ao longo de um intervalo de
freqüências é muito grande (fig. Ao lado).
Acreditava-se que os espectros eram planos
e foi usada uma lei de potência para
descrever sua distribuição de fluxo:
Fν ∝ ν −α
onde o índice espectral,  ~ 1. A luminosidade
recebida entre um intervalo 1 e 2 é dado
por: ν2 ν2
dν ν2
L ∝ ∫ Fν dν = ∫ν Fν = ln10 ∫ν Fν d log10 ν
ν1 ν1 ν ν1

assim, áreas iguais no diagrama F x log10  correspondem a iguais


quantidades de energia. Os valores de  estão entre 0.5 e 2, sendo
constante só em pequenos intervalos. O espectro é complexo e
resultante da composição entre fontes térmicas e não-térmicas. 41
O mecanismo de produção de energia dos AGNs
Radiação Sincrotrônica - Radiação não térmica, produzida por partículas
carregadas em alta velocidade na presença de campos magnéticos
intensos. Esta radiação também é produzida na explosão de supernovas,
e em manchas solares.

L∝B ν α +1 −α
42
Radiação Síncrotron

43
44
Distribuição de energia para o 3C 279

45
46
Galáxias no UV
Para dar uma idéia, apresentamos
a seguir um espectro de alta
resolução para uma Sey-1. Existe
uma substancial quantidade de
modelagem para se chegar ao
espectro final.

47
AJ, outubro de 2003

similares

similares

48
Buracos Negros

Raio de Schwarzschild

Energ. Potencial Gravit. = Energ. Cinética


GMm/R = mv2/2 = mc2/2

RS (km) ~ 3 x M (Msol)

RS Terra ~ 1 cm
RS BNSM ~ 1 UA

49
A fonte de energia destes objetos
O modelo unificado dos AGNs ---> Disco de Acréscimo + Buraco Negro

Os jatos e a radiação não-térmica


são produzidos pela magnetosfera
em rotação do disco de acréscimo,
transformando energia gravitacional
em radiação e energia térmica.

Podemos estimar a energia produzida


da seguinte forma: Para trazermos
uma quantidade de massa m desde um
raio r=∞ até uma órbita circular nas
proximidades de um BN fazemos:

mv 2 GM BN m
=
r r2
50
A fonte de energia destes objetos (cont.)

Esta energia liberada pela fricção no disco de acréscimo:

E acresção
= E −E r

⎡ mv 2 G M BN m ⎤
=0−⎢ − ⎥
⎣ 2 r ⎦
G M BN m 1
= = E potencial
2r 2

2GM BN r c
2

Usando a definição de raio de Schwarzschild: S


r = ⇒ M BN = S
c2 2G

A luminosidade produzida pelo disco de acréscimo:

dEacresção rS dm 2 1
Lacresção = =α c ;α≤
dt r dt 4 51
A fonte de energia destes objetos (cont.)

Se o cálculo levar em conta efeitos relativísticos, a luminosidade


produzida será:
Lacréscimo ≅ 0.062 m& c 2
Comprando com a energia produzida pela queima de hidrogênio onde L ~
0.007 dm/dt c2, o disco é um eficiente mecanismo produtor de energia.

A expressão acima convertida para taxas de massas solares por ano fica:

⎡ m& ⎤
Lacréscimo ≈ 4 x10 ⎢
45
⎥ erg/s
M
⎣ Sol / ano ⎦

Uma luminosidade máxima pode ser alcançada, até o momento em que a


pressão de radiação local é maior que a aceleração gravitacional nesta
região. A partir deste valor a radiação produzida desestabiliza o disco.

52
A fonte de energia destes objetos (cont.)
O fluxo de energia através de uma superfície de raio r é: F = L / 4 π r 2

Que produz uma pressão de radiação: P = L / 4 π r 2c

Se levarmos em conta os valores das seções de choque Thompson para


elétrons e prótons dadas por:
2 2
8π ⎛ e ⎞ 2
8π ⎛⎜ me ⎞⎟
σ T = ⎜⎜ ⎟ = 6 .65 x10 − 25
cm 2
σT = ⎜ ⎟ . σT cm 2
e
3 ⎝ mec 2 ⎟⎠ p
3 ⎝ mp ⎠ e

L GM BN
O acréscimo de material para quando : σ ≥ (mp + me )
4π r c
T
2 e
r 2

A luminosidade L em que esta condição ocorre é denominada Luminosidade


de Eddington:
4π c G M BN m p ⎛ M BN ⎞ erg
LEdd = ≈ 1.3x10 ⎜⎜ 38
⎟⎟
σT e ⎝ M Sol ⎠ s 53
A fonte de energia destes objetos (cont.)
Pelas luminosidades medidas dos AGNs, as massas estimadas para os BN
devem ser maiores do que 107MSol para as Seyferts e ~109MSol para
Quasares.

Usando a expressão que fornece a Luminosidade produzida pelo disco e


igualando esta a LEdd podemos estimar a taxa máxima de captura de
matéria em um AGN:
Lacréscimo ≅ 0.062 m& c 2 = LEdd

⎛ M BN ⎞ M Sol
m& Edd ≈ 5 x10 ⎜⎜−10
⎟⎟
⎝ M Sol ⎠ ano

Assim, podemos estimar que uma galáxia Seyfert “consome” 1 Sol a cada
~100 anos, enquanto os quasares ~1 Sol por ano.
54
A fonte de energia destes objetos (cont.)
Podemos estimar a temperatura típica dos discos de acréscimo supondo
que LEdd/2 é liberada por emissão térmica entre 1RS e 2 RS:

LEdd
= σ BT 4 (4πrS2 − πrS2 ) = 3π σ BT 4 rS2
2
Constante de Stefan-Boltzmann
A temperatura do disco é dada por:
−1 / 4
⎛ M BN ⎞
T ≅ 3 x10 ⎜⎜7
⎟⎟ K
⎝ M Sol ⎠

A temperatura do disco de um quasar é ~105 K, irradiando principalmente


no UV. Veja que as temperaturas dos discos de BN de baixa massa, serão
maiores.
55
56
Relação Massa BN x Massa Bojo

57
58
MBH x L & MBH x "

59
Luminosidades e taxas de acréscimo em AGNs

60
Evidência da existência de um Buraco
Negro Supermassivo

61
Evidência da existência de um Buraco
Negro Supermassivo

62
A Galáxia tem um Buraco Negro em seu centro !

63
Variabilidade de um AGN como indicador de tamanho
Se um AGN de tamanho d situado a uma distância x como mostrado na
fig. abaixo, tem sua luminosidade aumentada por um período de tempo,
quando a radiação do lado esquerdo começa a chegar em um tempo
t1=x/c. Ele retorna ao nível quiescente em um tempo t2=(x+d)/c. O
tamanho do AGN deve ser menor que d=(t2-t1)/c. Para uma
variabilidade de 1 dia, significa o tamanho de 1 dia luz, o que é algo como
4 vezes o tamanho do sistema solar.

64
Rádio Galáxias

Cygnus A

São galáxias com intenso brilho em rádio, apresentando um núcleo


brilhante e pontual no visível. Existem duas classes de rádio galáxias:
Broad-line radio galaxies (BLRG) - encontram-se em galáxias tipo N
(núcleo brilhante) circundadas por um envelope muito fraco;
Narrow-line radio galaxies (NLRG) – são gigantes elípticas (cD, D e E).
Exemplo desta categoria é Cygnus A, mostrada acima.
65
Rádio Galáxias
Rádio galáxias podem apresentar lóbulos rádio extensos com hot
spots, núcleos compactos, halos e jatos onde há da emissão de energia.

Jato

Hot spot

Núcleo Lóbulos

66
Morfologia de rádio galáxias

FR I – São menos luminosas, two-sided jet com a parte mais brilhante


próxima ao núcleo. Lóbulos fracos.
FR II – São mais luminosas, lóbulos brilhantes, one-sided jet. Ainda
apresentam as sub-classes A (linhas de alta excitação) e B (linhas de
baixa excitação).

NLRG --> FR I ou FR II
BLRG --> somente FR II
67
FR I FR II

3C 272.1

3C 219

Cygnus
68 A
3C 31
?

3C 433
69
Rádio Galáxias

NGC 1265 - Galáxia com jatos rádio curvados devido ao


movimento rápido da galáxia em um meio com algum gás.
70
Velocidades superluminais
Blazar

A velocidade aparente na transversal vai ser dada por:


V sinθ
Va = onde β = V/c
1 − β cosθ 71
Um Raio-X de Centaurus A

72
Efeitos do meio ambiente sobre os AGNs
O estudo dos AGNs está procurando respostas para uma série de
questões que ajudarão na compreensão dos processos envolvidos na
formação e evolução de galáxias. Algumas destas questões estão
formuladas abaixo:

- Habitat: encontram-se isolados ou em grupos de galáxias ?

- Presença de barras como intensificador da atividade ?

- Dependência do fenômeno com a luminosidade intrínseca ?

- Presença de galáxias companheiras ?

-Tipo morfológico preferencial ?

- Qual a densidade local de AGNs ? 73


O processo de fusão de galáxias hospedeiras de
BNSMs

..\filmes\BH_merge_lg.mov

..\filmes\NGC6240HstCxc_lg.mov

O processo de fusão de galáxias hospedeiras de BNSMs, pode resultar


na fusão dos próprios BNSMs, um evento que deve produzir muita
energia, inclusive intensa emissão de radiação gama e gravitacional.74
A evolução das galáxias ligada aos AGNs
Interrupção no processo de colapso da matéria em uma protogaláxia
produzido pela pressão de radiação do AGN.

..\filmes\protocluster_lg.mov
75
Quasares
Com a descoberta de um grande número de radiofontes nos finais dos
anos 50, a tarefa de obter identificações destes objetos levou os
astrônomos a se depararem com algumas situações inusitadas. Em 1960,
Thomas Matthews e Alan Sandage estavam procurando a contrapartida
óptica para a radiofonte 3C 48, e acabaram encontrando um objeto
estelar de magnitude m=16. O espectro deste objeto apresentou linhas
de emissão muito largas, que não era possível associar com qualquer
elemento ou molécula conhecidos.

Em 1963, outro destes espectros “estranhos” foi encontrado para a


radiofonte 3C 273 (ver próximos slides) em cuja imagem “estelar” foi
possível, inclusive, a identificação de um jato luminoso. Estas e outras
fontes deste tipo, foram classificadas como quasi-stellar radio sources,
ou quasares.

Em fins de 1963 o astrônomo Maarten Schmidt reconheceu o padrão de


linhas largas de 3C 273 como sendo o mesmo da série de Balmer do
hidrogênio. A fonte estava se deslocando com 15% da velocidade da luz.
3C 48 estava com 30% da velocidade da luz (z=0.367). 76
Quasares - 3C 273 – O mais próximo

77
Quasares - 3C 273 - Espectro
Espectro obtido para o quasar 3C 273. Um espectro de comparação com
linhas da série de Balmer usado para calibrar o do quasar, é mostrado
embaixo do de 3C 273. O deslocamento das linhas fornece um z=0.158.

78
Quasares (cont.)

Os quasares estão a tão grandes distâncias, que em imagens ópticas a


maioria deles aparece como uma forma estelar brilhante, cuja luz é
proveniente de seu núcleo, circundado por um halo diáfano. Em alguns
casos este halo pode ser visto como uma fraca galáxia hospedeira.

As luminosidades bolométricas inferidas dos quasares são da ordem de


1045-1048 ergs/s, com 1046 erg/s sendo um valor típico. Isto implica que
os quasares mais luminosos são 105 vezes mais energéticos que a Via
Láctea.

Descobriu-se que 90% dos candidatos a quasares e AGNs são relati-


vamente “quietos” em rádio. Por esta razão, a maioria destes objetos
são chamados de QSOs, ao invés de quasares. O termo quasar é usado
para os radio-loud.

QSOs --> radio-quiet


Quasares --> radio-loud
79
Blazares = BL Lacs
Alguns AGNs apresentam as propriedades de uma variabilidade muito
rápida e um alto grau de polarização na faixa óptica. O mais conhecido
objeto desta classe se chama BL Lacertae encontrado na constelação de
Lacerta (Lagarto). BL Lac foi originalmente classificado como uma
estrela variável devido a sua irregular flutuação de brilho. Em uma
semana BL Lac pode dobrar sua luminosidade. Passados alguns meses,
pode variar sua luminosidade até de um fator 15.

Os espectros ópticos de um blazar apresentam apenas um “featureless


continuum”, não apresentando linhas de emissão ou absorção intensas.

Observações revelam que o núcleo estelar brilhante dos BL Lacs estão


circundados por halo difuso, cujo espectro é similar ao de uma galáxia
elíptica.

80
Optically Violent Variable Quasars - OVVs

Esta é uma classe de objetos similares aos BL Lacs, exceto que eles
tipicamente apresentam uma luminosidade muito maior, e seus
espectros podem apresentar linhas de emissão largas.

Atenção: Existe uma certa controvérsia sobre a divisão entre BL Lacs e


OVVs, pois esta não é bem definida, sendo sensível a dependência da
resolução temporal das observações efetuadas.

81
Evolução dos Quasares
Quasares e blazares --> Radiogaláxias --> Elípticas normais

QSOs --> Seyferts --> Espirais normais

82
A LF de quasares em 3 diferentes
épocas (redshifts).

Em z=0, ela nos mostra a densidade


espacial no Universo local. Em z=2 ela
apresenta seu máximo. Antes de z=2,
os quasares eram mais raros, o que
sugere uma evolução em seu número.

A LF de quasares do Universo local


comparada com a de galáxias.

A figura mostra que enquanto 1 em


100 galáxias brilhantes pode
hospedar um quasar fraco, somente
1 em 106 pode hospedar um quasar
brilhante. 83
84

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