Você está na página 1de 2

O início de tudo

Na vastidão do universo, dentre os bilhões e bilhões de estrelas perdidas desde o princípio


da existência de tudo, existia uma galáxia em especial: O quasar W2246-0526. O mais
brilhante e opulento conglomerado de luz observável mesmo a trilhões de quilômetros de
distância. Desde que o universo havia começado, um buraco negro ultra-massivo em seu
centro sugava uma quantidade inominável e astronômica de gás frio em seus arredores.
Este fenômeno gerava tanta luz e tanta energia a cada momento que poderia ser facilmente
comparado a 350 trilhões de sóis, todos condensados em um pequeno quadrante. Quem
observasse sua beleza de qualquer que fosse o ponto, jamais imaginaria que tal galáxia
estava moribunda. Era uma galáxia “doente”, acometida por um fenômeno inexplicável,
nunca antes presenciado em nenhum outro rincão do universo observável. Sua massa não
estava se renovando. As reservas de carbono se esvaíam constantemente sem terem
tempo de serem renovadas em igual proporção. Todo o gás frio ao seu redor já não era
suficiente para alimentar o monstruoso conglomerado e possibilitar que sua fome destrutiva
fosse saciada. Suas estrelas estavam começando morrer gradativamente e em menores
intervalos de milhões de anos se comparados ao ciclo natural de todos os corpos celestes
do universo, ao passo que novas estrelas surgiam, porém em menor escala e frequência.

Um fenômeno crucial então ocorreu. Em decorrência da gigantesca pressão crescente


exercida ao redor da galáxia pela atividade no centro do buraco negro, o disco de gás que
espiralava em direção ao seu centro há milhares de anos transgrediu e se rompeu.

Naquele determinado momento, na imensidão solitária daquele ponto do universo, tudo


deixou de existir.

Tanta energia acumulada em um só lugar fez com que o próprio buraco negro entrasse em
colapso e fosse absorvido por algo desconhecido, maior, algo extremamente improvável e
que nunca havia antes existido. Todas estrelas, planetas, cinturões, asteróides, cometas e
até mesmo galáxias próximas tiveram sua massa e localização totalmente ignoradas pelo
gigantesco evento, sendo sugadas e condensadas para o centro daquele inferno ardente.
Sua massa se revirou, milhares de supernovas nasceram e morreram, gerando por sua vez
milhares e milhares de novos buracos negros, todos consumindo uns aos outros em um
indescritível espetáculo megatomico.

Em um determinado momento, a atividade chegou a um ponto tão intenso que


instantaneamente - e sem nenhum motivo aparente - todo aquele conglomerado foi
destroçado em milhares e milhares de fragmentos para só então ser projetado em todas as
direções. Então tudo se silenciou e a escuridão permaneceu intocada. Este evento incomum
e totalmente inesperado foi batizado de Renovatio, o renascimento.

Passados milhares de anos, a radiação restante ainda era presente na região. Tempestades
magnéticas continuavam a castigar aquele gigantesco quadrante de estrelas. Naquele exato
ponto bem onde o Quasar primevo habitara, surgiu uma nova galáxia denominada
EGS-zs8-1. Rodeada de muitas outras similares, seus planetas eram inóspitos. Seus sóis,
aquelas esferas débeis de fogo branco, todas minúsculas anãs brancas, não tinham força
nenhuma para se manterem ativos. Surgiam e morriam em curtíssimos períodos de
milênios. Órbitas não se formavam. Havia uma quantidade absurda de gás e poeira
dispersa por toda a região. Nada perdurava alí. O movimento débil de seu núcleo era
suficiente somente para mantê-la em um lentíssimo movimento. Era de fato uma galáxia
que já havia nascido morta.

Então um pequeno milagre aconteceu. Nas cercanias próximas ao núcleo da EGS-zs8-1,


em meio aos imensos destroços radioativos de rocha e de gelo, se acendeu uma estrela.
Um pequeno sistema composto de seis planetas e alguns satélites se formou ao seu redor.
A fraca gravidade alí era suficiente para mantê-los em rotação e possibilitar a manutenção
de um microambiente. O menor destes pequenos planetas era uma singela esfera
esverdeada, a segunda em ordem orbital, o único lugar no universo que ainda guardava
secretamente em seu núcleo resquícios de toda a energia gerada pelo Renovatio. Era o
início da existência daquilo que foi batizado posteriormente de Planeta Esmeralda.

https://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2018/10/o-que-e-pasta-nuclear-material-mai
s-duro-ja-descoberto-no-universo.html

Você também pode gostar