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O que é feudalismo?

De acordo com Jacques Le Goff, um dos principais estudiosos da


Idade Média, o feudalismo é “um sistema de organização
econômica, social e política baseado nos vínculos de homem a
homem, no qual uma classe de guerreiros especializados — os
senhores —, subordinados uns aos outros por uma hierarquia de
vínculos de dependência, domina uma massa campesina que
explora a terra e lhes fornece com que viver”.
O feudalismo foi um modelo social e econômico que vigorou dos
séculos V ao XV, na Europa Ocidental, e que marcou
profundamente a Idade Média. Esse modelo era baseado na terra
e, por meio dela, constituíam-se a atividade econômica e a
estrutura social.

Os feudos eram grandes propriedades de terra onde se


baseavam as relações sociais e econômicas durante a Idade
Média.

Origem do feudalismo
A origem do feudalismo está na crise que provocou a queda do
Império Romano do Ocidente. No século III, por conta da crise
econômica provocada pela falta de escravizados e das
invasões germânicas, os romanos abandonaram as cidades e
migraram para o campo com o objetivo de encontrar proteção e
trabalho. Dessa forma, surgiam os colonatos, nos quais aqueles
que encontravam abrigos no campo trabalhavam para o seu
senhor.
O surgimento dos reinos germânicos, no século V, contribuiu para
aprofundar o processo de ruralização europeia. Além
desse movimento de saída das cidades para o campo, o
enfraquecimento do poder político contribuiu para o surgimento do
feudalismo.
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Características do feudalismo

 Sociedade feudal

Uma das causas da queda do Império Romano do Ocidente foi a


invasão bárbara. Os povos que estavam fora dos limites do grande
império atravessaram as suas fronteiras e adentraram no território,
alcançando Roma. A capital do império foi saqueada pelos
bárbaros. Essa ação violenta e a desestruturação do Império
Romano fizeram com que os moradores das cidades fugissem
para o campo em busca de proteção e trabalho.
Nessa transição entre a queda do Império Romano, ocorrida no
século IV d.C., e o início da Idade Média, observa-se a ruralização
da Europa, ou seja, as cidades perderam suas forças para o
campo. Os senhores feudais, os donos dos feudos, tornaram-
se poderosos por conta da valorização as terras. Enquanto os
imperadores concentravam poderes nos tempos de domínio
romano, no feudalismo, o poder foi descentralizado nas mãos
desses senhores donos das terras.
A Igreja Católica se fortaleceu nesse período ao fazer alianças
com os reis bárbaros que instalaram seus domínios na Europa.
Dessa forma, os povos pertencentes a esses reinos foram
convertidos ao cristianismo, e o papa se tornou poderoso não
somente nos assuntos celestiais, mas também políticos. Iniciava-
se a tradição, que se estendeu até o século XIX, dos papas
coroarem os novos reis, uma cerimônia que marcava a
aproximação da Igreja com o poder político.
O clero se tornou uma classe social poderosa e atuante na
formação da mentalidade medieval. A crença se baseava na força
divina contra o maligno e na negação do fiel sobre os prazeres
mundanos em busca da salvação da sua alma. A cultura clássica
ficou guardada nos mosteiros para ser preservada das
invasões, e os monges copistas tiveram papel importante na
reprodução desses escritos.
A ruralização europeia promoveu o fortalecimento dos nobres. A
nobreza era formada pelos senhores feudais, por cavaleiros que
garantiam a segurança dos feudos e por outros donos de terras.
Nessa classe social se desenvolveu a fidelidade entre
suseranos e vassalos. Os suseranos eram aqueles que
concediam terras e outros favores aos vassalos, e estes, em troca,
deveriam retribuir o favor quando solicitados. Essa fidelidade era
uma característica dos povos bárbaros e que foi incorporada nas
relações sociais feudais. Fazia-se uma cerimônia para tornar
público o acordo firmado.
Ao contrário da Idade Antiga, quando a mão de obra era
escravizada, durante o período medieval, a mão de obra era
servil. Os servos eram a maioria da população e originários
daqueles que fugiram das invasões bárbaras e se abrigaram nos
feudos. Em troca de moradia e proteção, os servos
trabalhavam para os senhores feudais e para a sobrevivência
deles mesmos e de suas famílias. A eles cabiam inúmeras
exigências, cobranças sobre os usos dos utensílios pertencentes
ao senhor feudal, a entrega de parte da produção, o dízimo para a
Igreja.
A sociedade feudal era rural, estruturada nos feudos, e a minoria
que estava no topo da pirâmide social (nobres e clero) era
sustentada pela classe de maior tamanho e a única que
trabalhava, a dos servos. Era uma sociedade estamental, que não
permitia a mobilidade social, conforme um ditado da época:
“Existem aqueles que lutam (nobres), aqueles que rezam (clero) e
aqueles que trabalham (servos)”.

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