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Hibisco Roxo

Ana Brafman, Barbara Ituassú, Laura Süssekind e Nicole Moleri


2002
1- De que forma questões como a condição da mulher e o feminismo são abordadas na
obra?
Por conta do contexto histórico e espacial da obra, a mulher está sempre em uma posição de
inferioridade em relação ao homem. Essa inferioridade é representada ativamente no livro, não
só por meio de falas que exprimem submissão, mas também por cenas explícitas de agressão
física e psicológica, tanto no ambiente privado, quanto no público. A maioria dessa opressão é
feita pelo pai da narradora, seja contra ela ou contra sua mãe. O feminismo é majoritariamente
representado pela personagem da tia de Kambili, Ifeoma. Ela é uma mãe solteira, professora de
faculdade, segura de sua feminilidade e ativista pelos direitos das mulheres, mesmo nunca se
denominando uma feminista.
2- De que maneira a estrutura social patriarcal é abordada na obra?
Todas as grandes tramas do livro giram em torno de Papa, e de suas maneiras abusivas.
Todos na família endeusavam o pai, a ponto de ignorar agressões físicas gravíssimas. A
sociedade patriarcal em que a história está inserida não só admite esse tipo de comportamento,
mas o incentiva. Todas as decisões de uma família devem ser tomadas pela figura paterna, sem
contestações. No livro, após as agressões o pai sempre ficava extremamente carinhoso e,
inclusive, levava a esposa e a filha ao hospital, nunca sendo contestado pelos funcionários do
hospital.
3- De que maneira a questão religiosa é desenvolvida em “Hibisco Roxo”?
A religião, assim como outros aspectos da sociedade, foi extremamente afetada pelo
colonialismo. Para Papa, a única religião válida é o cristianismo tradicional, ele se mostra
extremamente intolerante a qualquer outro tipo de fé. O avô paterno de Kambili é pagão e, por
isso, quando as crianças o visitam elas devem seguir uma série de regras impostas por Eugene,
como, por exemplo, o tempo limite para ficar na casa do avô é de apenas 15 minutos. A religião
também servia como uma desculpa para os abusos físicos. Se um deles pecava, Papa
imediatamente iria puni-los de acordo com a severidade de seus atos. É evidente que ele se
considerava apto o suficiente para aplicar justiça em nome de Deus.
4- Faça um perfil físico e psicológico de três personagens da obra.
Kambili: Jovem negra, de 16 anos, nigeriana. No início do livro, ela é uma pessoa reservada
e submissa, que fazia tudo pelo pai. Ao longo da trama, ela vai se libertando, com a ajuda da
prima, da tia e do padre. Aos poucos, ela se liberta da pressão do pai, e consegue crescer como
uma mulher mais independente e forte.
Eugene (Papa): Homem grande, forte e negro, nigeriano. Ele é extremamente religioso e
dono de diversas fábricas, o que o torna muito rico. Além disso, é sócio de um dos jornais mais
influentes da Nigéria. Para o público, Eugene é um benfeitor, que paga a escola de diversas
crianças, doa para caridades e para sua igreja. No ambiente familiar, entretanto, ele é agressivo,
intolerante, machista, e, muitas vezes, racista, mesmo que sua família nem sempre perceba isso,
ou, muitas vezes, ache que suas ações objetivam o melhor para todos.
Beatrice (Mama): Mulher magra, pequena e negra, nigeriana. Sempre viveu em função de
sua família, fazendo o papel de esposa atenciosa. Ela sempre se mostrou grata pelo seu marido,
apesar dos inúmeros abusos que sofreu, inclusive mais de um aborto causados por ele. Ela é
extremamente submissa e sempre sofreu em silêncio. Ela é carinhosa com seus filhos, apesar de
não os defender das agressões do pai. No final do livro, ela se liberta desse papel e envenena
Eugene.
5- De que maneira a relação entre Kambilli e o padre Amadi se constrói ao longo do
romance?
A jovem Kambili conhece o padre Amadi quando está passando um tempo com a tia Ifeoma.
O padre é uma influência positiva na casa, não só de uma maneira religiosa, mas também de uma
maneira afetiva, ao jogar futebol com os pequenos, por exemplo. No começo, o que Kambili
sente pelo padre é admiração, mas com o tempo, dessa relação surgem sentimentos românticos.
Apesar de nunca explícito, a reciprocidade dos sentimentos fica implícita, não só pelas ações de
Amadi, mas pelas falas de outras personagens.
6- De forma coesa e sucinta, determine o argumento (enredo) da obra.
“Hibisco Roxo” conta a história de uma jovem nigeriana que vive presa a uma vida de
tradições religiosas e familiares. Ao longo da narrativa, nós vemos a protagonista se liberar de
certas regras e conceitos que ela tinha. Ela passa a entender que o seu pai, figura antes quase
divina, tinha atitudes bastante questionáveis. Além disso, ela compreende, com a ajuda do Padre
Amadi, que a religião não deve ser difícil ou te fazer sofrer, mas sim uma coisa agradável. Em
suma, observamos uma jovem nigeriana que era constantemente oprimida pela família conquistar
liberdade.
 
 

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