CURSO DE

INTRODUÇÃO
AO BIM
MODELAGEM
DA INFORMAÇÃO
DA CONSTRUÇÃO

> 1
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> 4
CURSO DE INTRODUÇÃO AO BIM
(MODELAGEM DA INFORMAÇÃO
DA CONSTRUÇÃO)
FICHA TÉCNICA
© 2018. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais – SEBRAE/MG

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INFORMAÇÕES E CONTATOS
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UNIDADE DE COMUNICAÇÃO INTEGRADA

Gerente | TERESA GOULART PARADIS
Equipe Técnica | MÁRCIA DA FONSECA

Autoria | BIM Experts Consultoria e Serviços em Informática Ltda. - ROGÉRIO TSUYOSHI SUZUKI

S968c Suzuki, Rogério Tsuyoshi

Curso de introdução ao BIM (modelagem da informação da construção)

para o micro e pequeno empresário da construção/ Rogério Tsuyoshi Suzuki.
Belo Horizonte: SEBRAE Minas, 2018.
40 p.: il.

1. Construção civil. 2.Tecnologia da Informação. 3. Gestão de projetos. I.

Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais. II. Título.

CDU: 69:004

CRB6:1060 – Sílvia Penna Chaves Lobato

 IN
TRODU
ÇÃO

A indústria da Construção Civil é

caracterizada, entre outros fatores, pelo
predomínio de processos com base no uso
ostensivo da mão de obra, na utilização
incipiente de recursos tecnológicos (pré-
fabricação, equipamentos eficientes em
canteiro, informática em todo o processo,
etc.), na diversidade de arranjos produtivos
(projetistas, construtores, empreiteiros, etc.,
que são “agrupados” a cada obra) ou, ainda
na extensão e heterogeneidade da cadeia
produtiva – dificultando a integração dos
diversos processos desempenhados entre os
agentes durante o ciclo de desenvolvimento
dos empreendimentos de construção.

Dado o avanço tecnológico e de

>>>>>>>
demandas de mercado, temos ainda
presenciado o incremento constante na
complexidade das edificações (infraestrutura
tecnológica, exigências ambientais,
etc.) contrapondo-se com dinâmicas do
mercado que exercem forte pressão de
redução de custos e prazos de projeto e
construção. Obras públicas ou privadas,
independentemente do porte, vêm sofrendo,
ao longo do tempo, exigências diversas
(e crescentes) que requerem a mudança
na forma como as desenvolvemos e
executamos.
"Em resumo, o mercado encontra-
se nos últimos anos em mudança
acelerada de forma geral e, se não
aperfeiçoarmos e modernizarmos os
processos e tecnologias empregadas
em nosso negócio, corremos o
risco de perder gradativamente a
capacidade de competir ou, ainda,
de responder satisfatoriamente
às demandas desse mercado que se
configura."
De outro lado, a utilização de
processos e tecnologias integradas de
projeto, construção e gestão de edificações
usando a Modelagem da Informação da
Construção1 (BIM) vem se tornando uma
realidade na indústria da construção civil
1. Tradução do termo Building Information Modelling
(BIM) de acordo com a NBR 15.965-1
mundial e brasileira. O BIM vem sendo
utilizado em países desenvolvidos de maneira
sistemática e tem sido comprovado que sua
correta aplicação
proporciona ganhos e benefícios durante
todo o ciclo de vida das edificações, da
concepção à disposição das mesmas.
Melhor visualização da obra a ser
construída, redução de erros e retrabalho,
antecipação na detecção de interferências
entre as disciplinas técnicas que compõem
uma construção e diminuição no tempo na
extração de custos/orçamentos estão entre
alguns dos benefícios iniciais obtidos quando
o BIM é implantado de maneira correta.
Fabricantes de materiais e
equipamentos, projetistas, construtores,
incorporadores e proprietários/ investidores
interagem e podem fazer uso da informação
de projeto e construção gerada através da
criação de um MODELO DE INFORMAÇÕES
INTEGRADO e COMPARTILHADO – no qual
dados demonstram que quanto maior a
integração e uso da informação, maiores são
os ganhos para todos os envolvidos.
Iniciativas de implantação com
sucesso vêm demonstrando que a prática
do desenvolvimento de modelos BIM requer
implantação de PROCESSOS E FERRAMENTAS
específicos, MUDANÇA DE CULTURA e
investimentos em Hardware, Software,
além de gestão da mudança e intenso
desenvolvimento de Recursos Humanos. A
integração entre os diversos agentes, aliada
ao uso de tecnologias “disruptivas” é fator
preponderante de sucesso, fazendo com que
a implantação adquira ainda características
de alta complexidade e tenha que ser
aplicada de forma gradual e planejada.
Os investimentos são consideráveis,
pois para a sua eficácia devem ser
considerados o suporte de técnicos de alta
capacidade e ainda “raros” no mercado, por
terem que conhecer tecnologias disruptivas
e ao mesmo tempo dominar as práticas
projetuais, dinâmica e o cotidiano das
construções para poder promover e liderar
as mudanças de forma consistente.
Dentro desse cenário, faz-se imprescindível
conscientizar a cadeia produtiva da
construção acerca dessa nova realidade, de
forma a permitir aos mesmos entenderem a
dinâmica dessa cultura para terem condições
de criar um
plano adequado de implantação,
enumerando as atividades necessárias,
prazos, recursos e investimentos – pois trata-
se de uma mudança que quebra diversos
paradigmas e altera profundamente a
maneira como trabalhamos e interagimos
atualmente.
Esta realidade afeta a todos os
participantes da cadeia produtiva, e o micro/
pequeno empresário precisa estar consciente
desse cenário de forma a se preparar para
essa nova realidade e tomar uma atitude
incisiva para buscar a atualização em seus
processos e tecnologias. Se, por um lado, o
porte de seu negócio inibe naturalmente o
investimento em inovação tecnológica, por
outro, a escala menor lhe proporciona maior
agilidade e reduz o investimento necessário
para se implementar essa mudança na
empresa. Além disso, novas oportunidades
de negócio surgem quando da aplicação
dessa nova prática, seja no mercado local ou
externo.
Tendo tudo isso em mente, este
curso foi preparado para conduzir
empresários, gerentes e líderes
a um processo de conhecimento
INTRODUTÓRIO acerca dessa nova era
da construção, e busca orientá-
lo sobre a adoção desses novos
conceitos, processos e tecnologias,
e com isso, garantir a continuidade
e um futuro próspero para seus
negócios.
>>>>>>>
OBJETIVOS
GERAIS

OS OBJETIVOS
Transmitir os conceitos da Modelagem da Informação
GERAIS DESSE
da Construção (BIM), suas características, mudanças
nos processos, tecnologias e gestão de mudança a ser
CURSO SÃO:
promovida;

Introduzir a terminologia e vocabulário empregados

quando da adoção de BIM, de maneira a permitir ao
participante interagir em um novo mercado;

Apresentar as diferenças entre os métodos atualmente

empregados e formas inovadoras de desenvolvimento de
empreendimentos, trabalhados de forma integrada e que
traz benefícios a todos os envolvidos da cadeia produtiva;

Apresentar casos de sucesso onde o emprego de

BIM gerou grande impacto econômico, de produção
ou mesmo social para inspirar os participantes a
implantarem a mudança;

Alertar o participante da (sobre a) mudança no mercado,

a evolução dos negócios digitais e seu papel como
promotor da mudança na sua empresa.
 SUMÁRIO
>>>>>>>

> 12
CONCEITOS GERAIS 14
1.1 Produtividade na Construção 16

POR QUE BIM? 18

O QUE É BIM? 19
3.1 Benefícios gerais do BIM 22
3.2 Benefícios do BIM para Projetistas 23
3.3 Benefícios do BIM para Construtores 26
3.4 Benefícios do BIM para
Incorporadoras e Proprietários 27

BIM & MERCADO 28

BIM & INFORMAÇÃO 30

5.1 Classificação da Informação 30
5.2 Interoperabilidade 31
5.3 Nível de Detalhe (LOD) 33
5.4 Nível de Desenvolvimento (LOD) 34

USOS BIM 36
6.1 “Dimensões” do BIM 37

SOFTWARES BIM 38

IMPLANTAÇÃO DE BIM 39
8.1 Levantamento de status atual 40
8.2 Definição de objetivos e metas 42

CONSIDERAÇÕES FINAIS 44

BIBLIOGRAFIA 45

> 13
>
CONCEITOS
GERAIS
A “taxa de mortalidade” das micro
e pequenas empresas de forma geral é
considerada alta, ficando em torno de
2
23% nos dois primeiros anos de vida e
estabilizando em média após esse prazo, no
Brasil (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas – Sebrae, 2016).
Diversos são os fatores como: falta
de experiência no empreendedorismo,
falta de planejamento, falta de
capital ou ainda de diferenciais
competitivos. Quando pensamos no
mercado da construção, os números
não são diferentes e os riscos
também são grandes, dadas as suas
características e dinâmica.
A busca da inovação é algo constante
e deveria ser considerada uma atividade
> 14
prioritária no cotidiano, mas, via de regra,
por motivos de formação ou simplesmente
ignorância, nos atemos muitas vezes às
atividades operacionais e não questionamos
modelos de processos que vêm sendo
repetidos ao longo de nossas vidas.
A busca da melhoria e inovação - o
exercício de repensar processos, questionar
formas de execução das diversas atividades
que consomem nosso tempo - deveria ser
parte de nosso cotidiano, e a formação
como a que estamos desenvolvendo é parte
fundamental do processo. Esperamos que
este curso sirva de ponto de partida para
uma mudança que vai melhorar sobretudo
a competitividade e capacidade de reação e
entrega das empresas a um novo mercado
que está se configurando.
 2. Sobrevivência das Empresas no Brasil (Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
– Sebrae, 2016)
> 15
 PRODUTIVIDADE NA
CONSTRUÇÃO
Pesquisas apontam que o mercado
da construção possui significante
participação na economia e elevado valor
socioeconômico, mas é também um
segmento com baixa produtividade se
comparado com os demais segmentos de
mercado. Essa falta de eficiência é gerada
por um conjunto de fatores como alta
fragmentação entre os diversos agentes da
cadeia produtiva, diversidade de arranjos dos
agentes que compõem o desenvolvimento
dos empreendimentos (projetistas,
construtores, fornecedores, etc.) ou baixo
uso de tecnologia (perdendo somente para a
indústria agropecuária).
Uma fonte de pesquisa3 aponta que 10% do
> 16
custo total de uma construção é perdida por
RETRABALHO e COLISÕES EVITÁVEIS entre
equipes de campo.
Além disso, os trabalhadores da construção
produzem muito menos comparativamente
a outras indústrias, sendo que o custo dos
materiais é estimado em 40% do custo de um
serviço e o desperdício é estimado em 30%,
ou seja, existe enorme perda e ineficiência
nos processos atualmente empregados.
Alguns desses fatores são complexos
e intrínsecos à atividade (ex. diversidade de
locais para construção – que dificultam a
3. The Commercial Real Estate Revolution: Nine Trans-
forming Keys to Lowering Costs, Cutting Waste, and
Driving Change in a Broken Industry (Miller, 2009).
logística e aumentam os custos), mas vários
outros poderiam ser melhorados mediante
a utilização de processos que aumentam a
colaboração e reduzem atividades manuais
(ex.: extração de quantitativos).
Quando analisamos as informações
contidas em outros estudos sobre a
produtividade na construção, os mesmos
apontam que seria possível alcançar um
incremento de quase 60% caso adotássemos
processos melhorados e utilizássemos
técnicas de gestão modernas – o que geraria
algo como US$ 1,6 trilhão de economia. Entre
as ações citadas, teríamos:
Modernizar a legislação
Refazer contratos
Repensar projetos
Melhorar suprimentos
Aumentar a produtividade
no canteiro
Introduzir tecnologia e
inovação
Treinar a mão de obra
No Brasil, a situação é ainda mais
preocupante, pois pesquisas diversas indicam
que temos baixos níveis de produtividade e
competitividade: um trabalhador brasileiro
produz o equivalente a um quinto de um
trabalhador típico americano da construção.
Na Figura 1 abaixo, temos um gráfico
que ilustra, de forma contundente, como
a indústria da construção tem dificuldades
para aumentar a sua produtividade ao longo
dos anos, em comparação às demais (com
exceção do agronegócio), de acordo com
(Eastman, 2008).
Figura 1 | Comparativo entre a produtividade da indústria da construção e
as demais (Eastman, 2008).
Isso se dá pelas características
anteriormente citadas na introdução, como
o baixo nível da integração da informação
durante o ciclo de vida das edificações e
processos atualmente empregados.
É de suma importância rever nossos
processos para dar suporte a maneiras
mais racionais e produtivas de se construir
– sendo a pré-fabricação e industrialização
fatores fundamentais para se mudar o atual
panorama. Temos visto em vários países o
surgimento de sistemas como impressão
3D de componentes ou ainda sistemas
> 17
 inteiros de construção que agilizam de forma
acentuada a execução da obra enquanto
diminuem, de forma significante, a geração
de resíduos.

A introdução do BIM em nossos

processos significa alterar métodos e práticas
que vêm sendo utilizados há muito tempo,
como projetos desenvolvidos por meio de
representação geométrica aliada a planilhas
e documentos eletrônicos que podem ser
substituídos por sistemas integrados de
informação, criando um ambiente que
permite a colaboração, de forma otimizada,
entre os diversos atores envolvidos.

POR QUE
BIM?

(2011) entendem que o surgimento do

É de comum entendimento que
diversos fatores contribuíram para o
surgimento do BIM. Avanços tecnológicos
e evolução dos conceitos de projeto estão
entre os mais citados. Autores como Eastman
> 18
BIM é uma resposta adequada às diversas
“pressões” e realidade do mercado da
construção, que trazem fatores que vêm
corroborando com seu aparecimento e
crescimento, conforme descrevemos nos
capítulos anteriores.
 O QUE É
BIM?

Os termos originais que definem o São diversas as definições de BIM

acrônimo BIM são “Building Information existentes no mercado. Talvez uma das mais
Modeling” ou “Building Information difundidas e ao mesmo tempo abrangentes,
Model”, que a Norma Brasileira NBR 15.965- pois contempla os aspectos essenciais do
Parte 1 publicada em 2011 estabelece processo, seja a criada por Succar (2009):
como a “Modelagem da Informação da
“BIM é um conjunto de
Construção” ou ainda “Modelo da Informação
tecnologias, processos e
da Construção”. O primeiro termo se refere
políticas que permitem que
ao PROCESSO de desenvolvimento de
várias partes interessadas
um modelo de informações relacionado
possam, de maneira
à construção e o outro ao BANCO DE
colaborativa, projetar,
INFORMAÇÕES relacionado à mesma.
construir e operar uma
edificação ou instalação”.
Alguns autores entendem que as
primeiras manifestações correlatas ao BIM
datam de 1962, por Englebart4, quando de
forma visionária à época descreve alguns dos
O mesmo autor apresenta de forma visual o
principais fundamentos da Modelagem da seu entendimento acerca do termo na Figura 2 abaixo:
Informação, tais como Orientação a Objetos,
Modelagem Paramétrica e Uso de Bancos de
Dados Relacionais.
> 19
 para construir virtualmente um
para estender a análise de um
para explorar as possibilidades de
para simular cenários para um
para detectar possíveis colisões para um
para detectar possíveis colisões dentro de
para calcular os custos da construção de
para analisar a construtibilidade de um
para planejar a demolição de
para gerenciar e manter uma

Modelagem Informação Edifício

dar forma um conjunto uma estrutura,
conformar, organizado um espaço
apresentar de dados fechado,
escopo compreensíveis o meio ambiente
acionáveis construído

Figura 2- Definição de BIM conforme (Succar, 2009).

Este conjunto de tecnologias, de um fabricante norte-americano chamado

processos e políticas assume diversas formas
para atender aos objetivos propostos, sendo
da parte do grande público o entendimento
de que BIM é um “software” que veio a
substituir o “CAD” (AutoCAD).
Uma das publicações mais
abrangentes e disponíveis em língua
portuguesa é o “Manual do BIM”, de autoria
de Eastman, Teichholz, Sacks e Liston (vide
referências bibliográficas). Em tal manual,
o BIM é descrito como “um dos mais
promissores desenvolvimentos na indústria
relacionada à arquitetura, engenharia e
construção (AEC). Com a tecnologia BIM, um
modelo virtual preciso de uma edificação é
construído de forma digital”.
Outros entendem, dado ao poder e
predominância de participação de mercado
> 20
Autodesk, Inc. que desenvolve o AutoCAD,
que “BIM é Revit” - por fazerem a correlação
entre este software que vem dominando há
quase trinta anos o mercado de software de
Projeto Assistido por Computador5 (CAD) e
que seria, portanto, a sua evolução “natural”.
No entanto, tais entendimentos
são resultado da falta de conhecimento
generalizado sobre o conceito e sua
aplicação prática; o que motivou o SEBRAE
a desenvolver o presente curso, de forma
a trazer um ponto de partida consistente e
alinhado com as informações e premissas
com fundamento sobre o tema de forma a
preparar o empresário para a sua aplicação.
Devemos ter em mente que BIM reúne
uma infinidade de informações, processos
e tecnologias que são empregadas
durante TODO O CICLO DE VIDA dos
empreendimentos, tal como demonstrado na
Figura 3 abaixo, de autoria da (CBIC, 2016):

Figura 3- Ciclo de vida das edificações (CBIC, 2016).

Para enriquecer e facilitar ainda mais

o entendimento do conceito, temos ainda
o gráfico de autoria de (Eastman, 2008),
que ilustra de forma bastante clara como a
adoção do BIM melhora significativamente
a integração entre as diversas fases do
desenvolvimento de projetos em função
de ser um processo integrado, onde cada
participante “agrega valor” ao seu sucessor. Figura 4 - Comparação da evolução da informação
da construção (Eastman, 2008).
Todo o processo atinge o ápice ao melhorar
a fase mais longa do ciclo de vida do Uma forma interessante de se

empreendimento (Gestão & Operação) entender todos os aspectos relacionados

que tipicamente dura entre 25 e 50 anos ao BIM foi apresentado na forma de

e consome aproximadamente 75~80% uma “Tabela Periódica do BIM”, onde se

de todo o investimento realizado nos descrevem as seguintes “facetas” (NBS, 2017):

empreendimentos. Tal melhoria se dá

Estratégia
através da criação “natural” de uma base de Fundações
Colaboração
gestão, que é uma das principais barreiras Processo
encontradas para o desenvolvimento Pessoas
Tecnologia
otimizado, fazendo-se uso de ferramentas Padrões
Ferramentas de trabalho
específicas de gestão.
Recursos
> 21
 Figura 5 - "Tabela Periódica do BIM" (NBS, 2017)

Uma vez entendidos tais conceitos,

de que forma a adoção de BIM auxilia na
melhoria da produtividade ou redução dos
problemas já citados anteriormente?

BENEFÍCIOS GERAIS
DO BIM

A adoção do BIM como prática em •

Detecção antecipada de
nossas empresas traz inúmeros benefícios. interferências entre projetos
(compatibilização);
E de acordo com Toledo (2015), os principais
•
Redução de riscos na
seriam: construção;
> 22
 •
Aumento de produtividade;
•
Preservação da memória de projeto;
•
Controle de qualidade da obra
facilitado;
•
Melhora na qualidade dos projetos;
•
Redução nos custos de projeto e
produção;
•
Redução nos custos de operação e
manutenção.

BENEFÍCIOS DO BIM
PARA PROJETISTAS

As ferramentas de projetos conseguindo dessa forma obter informações

são muito mais poderosas do que as
ferramentas tradicionais de desenho
geométrico atualmente aplicadas
para o desenvolvimento dos projetos.
Com elas, temos a capacidade de
“construir virtualmente”, visualizando
tridimensionalmente os diversos
componentes, extraindo e integrando
informações descritivas e quantitativas
para os demais sistemas como softwares
de orçamento ou gestão financeira (ERPs)
ou ainda permitindo a simulação do
comportamento físico, ou energético,
valiosas para a tomada de decisão da escolha
de sistemas de sombreamento, refrigeração
ou mesmo do custo durante o Ciclo de Vida
da edificação.
Nos “softwares” de modelagem autoral, por
exemplo, as informações são integradas
entre as diversas “folhas” que compõem
um projeto, fazendo com que as mudanças
de projetos sejam muito mais facilmente
tratadas e executadas, criando dessa forma
produtos e entregáveis muito mais confiáveis
e consistentes.
> 23
 Figura 6 - Exemplo de software de autoria para arquitetos

A integração das informações Informações quantitativas, características

durante o desenvolvimento do projeto dos materiais, organização das informações
também é bastante acentuada, ao contrário em sistemas de classificação estão entre os
dos métodos de desenho eletrônico principais recursos existentes na plataforma.
bidimensional até então utilizados.

Figura 7 - Comparação entre desenhos CAD e modelos BIM

À medida que avançamos nas informações. Dispositivos móveis como

decisões de projetos, o entendimento
das características e peculiaridades do
empreendimento é imediato, melhorando
sobremaneira a confiabilidade das
> 24
smartphones ou tablets podem ser
amplamente utilizados, reduzindo o tempo
de entendimento do projeto ou ainda
disponibilizando tais informações em campo.
 Figura 6 - Exemplo de software de autoria para arquitetos
Os projetistas, que “sucedem” os
profissionais de Arquitetura, têm no BIM
a possibilidade de desempenhar os seus
papéis de forma bastante melhorada, uma
vez que podem receber uma informação
“mais rica”, com a possibilidade de projetar
“visualizando tridimensionalmente” os
espaços e detalhes construtivos, ou ainda
“aproveitar” as informações anteriormente
geradas, reduzindo o tempo de criação e
desenvolvimento de seus projetos.
Adicionalmente, à medida que
desenvolvem os seus projetos, processos
de “Compatibilização de Projetos” são muito
facilitados através do uso de ferramentas
de “Coordenação Espacial”, que identificam
através da superposição dos diversos
modelos as “colisões” entre os diversos
sistemas e antecipam a resolução de
problemas que certamente teriam que ser
resolvidos no canteiro de obras.
> 25
 BENEFÍCIOS DO BIM
PARA CONSTRUTORES
O negócio das Construtoras possui
uma série de características que aumentam
o risco e prejudicam o seu desempenho.
A dependência de projetos de qualidade,
variabilidade climática, uso intensivo de mão
de obra muitas vezes de baixa capacitação
intelectual faz com que sua atividade seja
permeada por dificuldades que afetam a sua
produtividade. Isso é refletido nos números
e pesquisas de mercado que apontam
que a maioria das obras termina após o
prazo planejado e com orçamento final que
ultrapassa as estimativas iniciais.
Com a introdução do BIM, entretanto,
uma série de pontos potenciais de problema
podem ser reduzidos ou mesmo extintos,
tais como:
> 26
•
Agilidade na extração de
informações quantitativas dos
projetos;
•
Possibilidade de usar o
modelo BIM para desenvolver
o Planejamento e monitorar o
avanço da obra;
•
Agilizar processos de
orçamento, através da
integração das informações
dos projetos com bases
orçamentárias;
•
Melhorar o entendimento
do projeto a ser executado,
através de visualizações
tridimensionais, que permitem
ainda a criação de “seções”
ou visualizações utilizando
o artefato de transparência
e seleção “inteligente” dos
elementos visíveis para melhor
entendimento;
•
Melhorar a comunicação do
canteiro com o escritório,
reportando desvios de
qualidade, logística e
qualidade de matéria-prima,
avanços de cronograma, etc.
BENEFÍCIOS DO BIM
PARA INCORPORADORAS
E PROPRIETÁRIOS
Entre todos os atores que participam
do processo, sem dúvida o grupo dos
proprietários de ativos imobiliários são os
que podem obter os maiores ganhos caso
utilizem o BIM de forma correta. Isso ocorre
porque podem usar o modelo durante a
fase de Operação & Manutenção e, com
isso, reduzir significativamente seus gastos e
custos de propriedade (energia, segurança,
manutenção, etc.).
Diversas pesquisas apontam que
o uso do BIM pode reduzir o tempo da
realização dos trabalhos de manutenção
através da visualização e disponibilização
de informações como catálogos, manuais
de procedimentos ou ainda rotinas de
manutenção INTEGRADAS ao modelo.
Características dos equipamentos, peças
de reposição, datas e prazos de garantias
e estimativas de vida útil são passíveis de
serem incluídos nas fases que antecedem ao
início da operação e otimizam drasticamente
as paradas não programadas ou ainda
o tempo de atendimento ao usuário,
aumentando a satisfação e a produtividade
geral do negócio.
Isso sem contar na possibilidade da
integração de dados financeiros (ex.:
monitoramento dos custos de energia ou
ocupação) aos dados de metragem real que
permitem o planejamento de investimentos
ou ainda o entendimento claro de quais
edifícios necessitarão de investimentos
significativos de manutenção ou reforma em
suas instalações dado ao grau de degradação
física que se encontra no momento.
> 27
 BIM
& MERCADO
Como mencionado anteriormente,
a adoção do BIM vem crescendo
vigorosamente no mundo inteiro – e o Brasil
não é exceção. Grandes
contratantes como o Governo Federal, em
seus diversos órgãos, vêm se preparando ou
já iniciaram a contratação de projetos e obras
em BIM.
Dentro de um cenário onde temos
grande pressão da sociedade em geral
no sentido de se reduzir a corrupção e
ineficiência do Poder Público, o BIM surge
como uma opção clara e inequívoca para
reduzir a incidência de aditivos contratuais ou
permitir a criação de mecanismos mais claros
de controle de gastos e verba pública.
Entidades diversas ligadas ao
Governo (ou não) vêm criando conteúdo
técnico para explicar o conceito, enumerar
> 28
as diversas tecnologias ou ainda explicar as
diferenças no fluxo de informações durante
as fases de Projeto, Construção e Operação
de empreendimentos imobiliários e de
infraestrutura.
Entre outros, podemos citar o Guia
BIM da ASBEA (Associação Brasileira de
Escritórios de Arquitetura) que foi a 1ª.
Publicação em língua portuguesa de um
manual de orientação BIM com foco em
escritórios de projeto.
Já a iniciativa da CBIC (Câmara
Brasileira da Indústria da Construção) em
conjunto com o SENAI (Serviço Nacional
da Indústria) desenvolveu e publicou a
Coletânea de Guias para Implementação do
BIM para Construtoras e Incorporadoras (que
pode ser “baixado” gratuitamente a partir do
site http://cbic.org.br/bim/.
 Temos também, mais recentemente, pequena parcela do mercado. Barreiras
a publicação do Ministério da Indústria e como a ignorância e desconhecimento dos
Comércio (MDIC) em parceria com a Agência conceitos, investimentos necessários para
Brasileira de Desenvolvimento Industrial sua implementação (softwares, hardware,
(ABDI), que desenvolveram seis “guias BIM” treinamento/consultoria) são empecilhos
disponíveis para “download gratuito” a bastante significativos, especialmente
partir do link http://www.abdi.com.br/ para um mercado que experimentou nos
Paginas/bim_construcao_download.aspx últimos anos a mais grave recessão e
declínio de atividade em seu setor, o que
Em junho de 2017, foi assinado um Decreto reduziu sobremaneira a capacidade de
Federal pelo Presidente da República, investimentos, aliada à quebra na confiança –
institucionalizando o Comitê Estratégico BIM que certamente inibem qualquer iniciativa de
do Governo Federal. Este Comitê é formado inovação.
por sete Ministérios e Órgãos Federais que
possui a incumbência de desenvolver a
“Estratégia Nacional BIM”, um conjunto de
ações que pretende institucionalizar o BIM
como uma prática generalizada nas Compras
Governamentais de Projetos e Obras. Este
processo se dará de forma gradativa e está
previsto o lançamento em julho de 2018 para
toda a sociedade.

No cenário privado, o BIM já vem se

tornando uma realidade desde 2010, quando
as primeiras iniciativas pontuais surgiram
no mercado, através principalmente das
Construtoras e Incorporadoras, que em
missões técnicas ao exterior foram buscar
aperfeiçoamento e novas práticas para
melhorar os seus negócios.

De maneira geral, podemos dizer

hoje que o BIM já está bem disseminado,
mas ainda é desenvolvido por uma > 29
 BIM
& FORMAÇÃO
Um dos aspectos mais importantes
quando estamos falando de BIM é o cuidado
na definição das características e fluxos
de informação durante o processo de
modelagem e uso dos modelos. Isso porque
temos que ter claro quais são os objetivos e
usos pretendidos para o modelo de forma
que o mesmo possa atender e suprir as
necessidades de informação. Processos
como quantificação, planejamento e controle,
ou ainda “ritos”, como a passagem da fase
de Construção para Operação, podem
ser amplamente facilitados e melhorados
quando integramos devidamente as
informações que compõem o BIM.
> 30
CLASSIFICAÇÃO
DA INFORMAÇÃO
Dessa forma, aspectos como complexidade
geométrica, “metadados” (dados e
propriedades que compõem a inteligência
do componente), trocas de informação
(levando-se em conta opções como o uso
de padrões proprietários ou abertos devem
ser cuidadosamente planejados para que
o resultado possa de fato satisfazer as
expectativas.
O conhecimento acerca dos “Sistemas
de Classificação”, por exemplo, facilita
e viabiliza em alguns casos a utilização
de fluxos aperfeiçoados da informação,
reduzindo a necessidade de interação e
manipulação manual dos dados.
 Entre outros, os principais sistemas
utilizados no mercado brasileiro são:

• Uniformat®

• OmniClass®

•
ABNT NBR 15.965 – Sistema de

Classificação e Parâmetros de

Componentes BIM

Figura 7 - Comparação entre desenhos CAD e modelos BIM

INTEROPERALIDADE

Uma vez que entendemos que o
conceito do BIM “permeia” todo o ciclo de
vida do empreendimento, onde se executam
diversos usos e processos, não é difícil
imaginar que existe uma grande variedade
de plataformas tecnológicas para dar suporte
a este conjunto de fatores. Sendo assim,
ao contrário de tempos anteriores, quando
se utilizava uma quantidade restrita de
softwares e, portanto, formatos, atualmente
> 31
 um dos grandes desafios é INTEGRAR as
informações oriundas de distintos sistemas.
Estamos falando de integrar informações
geométricas, dados e propriedades “internas”
de forma a não haver perda de informação.
Para tanto, nos anos 90 um conjunto
de empresas de software criou a “Aliança
Internacional de Interoperabilidade”6
(IAI) com o objetivo de criar e manter
uma plataforma de comunicação “neutra”
entre os diversos sistemas envolvidos no
desenvolvimento de projetos.
Com o passar dos anos, o IAI evoluiu
e se transformou na buildingSMART®, uma
instituição voltada a desenvolver padrões
abertos de interoperabilidade e que,
entre outras atividades, mantém o padrão
denominado “Industry Foundation Classes”
(IFC), que vem gradativamente se tornando
um padrão mundial de troca de informações
entre as diversas aplicações BIM existentes
no mercado.

Ao lado temos um exemplo de um

projeto utilizando o IFC como plataforma de
troca de dados (GRAPHISOFT, 2018):

Figura 10 - Esquema de integração de modelos via IFC

(GRAPHISOFT, 2018)

Atualmente o IFC está na versão 2x4

e encontra-se implementado nas funções de
“escrita e/ou leitura” de diversas aplicações.
Seus desenvolvedores podem requerer
junto à buildingSMART® a certificação
que seu sistema está adequado, e podem
fazer a troca de dados sem perdas. Mais de
150 aplicações BIM já foram devidamente
certificadas pela instituição, tendo com
isso uma ideia da diversidade de soluções
tecnológicas que aumentam a complexidade
na escolha e sua implantação nas empresas.
> 32
 Figura 11 - Esquema demonstrando a composição de um modelo "federado"
Não podemos gerar a associação
das empresas de software com o SEBRAE.
Importante uma revisão nas figuras e nos
textos. Uma sugestão é informar software A,
software B etc.
Além da complexidade na escolha
NÍVEL DE DETALHE
(LOD)
do software a ser utilizado, temos ainda o
desafio de definir o nível de informações
contidas em um modelo BIM, de forma a
garantir tanto sua eficiência do ponto de vista
técnico, como ainda dimensionar o esforço
necessário para a sua criação e manutenção
ao longo dos processos.
> 33
 Para tanto, o Instituto Americano
de Arquitetos7 (AIA) estabeleceu em 2013
uma diretriz para orientar a formulação
de contratos em BIM, criando premissas
e características das informações dos
COMPONENTES BIM. Tal conceito foi
denominado de Nível de Detalhamento8
(LOD), que basicamente trata de um conjunto
de parâmetros que visa a “identificar a
quantidade de informação conhecida
sobre um ELEMENTO do modelo em um
determinado MOMENTO”.

NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO
(LOD)

Mais recentemente, tal conceito

foi aperfeiçoado, tornando-se o Nível de
Desenvolvimento9 (LOD), sendo que Nível
de Detalhe é essencialmente o quanto
de detalhe está incluído no elemento do
modelo. E o Nível de Desenvolvimento é o
grau que a equipe de projetos pode confiar
na informação ao fazer uso do modelo em
determinado estágio.
> 34
Em resumo, Nível de Detalhe
poderia ser considerado como “ENTRADA”,
e Nível de Desenvolvimento como sendo
a “SAÍDA” da informação confiável de
projeto. Abaixo temos exemplos do
conceito, de acordo com MDIC, ABDI,
(2017):
 Figura 12 - Esquema demonstrando a composição de um modelo "federado"
Na falta de uma norma brasileira
que regule a relação entre contratantes
e fornecedores, é fundamental adotar
referências de mercado como o “LOD”, de
forma a garantir o equilíbrio na relação
comercial, garantindo a sustentabilidade na
relação entre as partes.
Devemos entender ainda que BIM é um
processo COLABORATIVO e que, até o
mercado se adaptar completamente para
a essa nova realidade, teremos um grande
caminho de educar as partes envolvidas, ou,
ainda, diversas oportunidades de “arranjos”
de projetos de disciplinas “misto”, nos quais
nem todas as disciplinas serão modeladas
seja por falta de prazo para a execução, seja
pela falta de conhecimento dos participantes.
> 35
 USOS
BIM

Uma das considerações mais

importantes que devemos fazer quando
estamos planejando uma implantação de BIM
Abaixo temos uma amostra de
é avaliar quais USOS faremos do modelo. Isso
alguns usos de BIM conhecidos durante
é fundamental porque é uma das diretrizes
o ciclo de vida dos empreendimentos de
que nortearão todo o processo “a jusante”
acordo com CIC - COMPUTER INTEGRATED
(ocorrido depois), como características
CONSTRUCTION Research Program (2011):
da informação da modelagem, Nível de
Desenvolvimento (LOD) ou, em alguns casos,
até o próprio software a ser adotado.

Figura 13 - Usos BIM de acordo com (CIC - COMPUTER

INTEGRATED CONSTRUCTION Research Program, 2011)
> 36
 Devemos entender que a definição Entretanto, alguns autores defendem
da adoção dos usos deveria ser priorizada a existência de mais de 150 usos conhecidos
em função da estratégia de negócios da em BIM, como utilizar o modelo para realizar
empresa (veremos em detalhes no capítulo a marcação da obra, capturar a realidade, ou
referente à implantação), e que eles deveriam ainda realizar simulações e análise do Custo
ser implementados gradativamente, ou do Ciclo de vida das Edificações (Succar,
seja, à medida que adquirimos experiência 2009).
e maturidade em usos como “Criação de
Projetos”, temos condição de desenvolver
outros usos como “Extração de Quantitativos”
ou “Planejamento e Controle 4D”, uma
vez que as suas informações dependem
diretamente dos usos anteriores.

"DIMENSÕES"
DO BIM

Existe uma convenção de mercado forma o entendimento do uso gradativo e

que agrupa tais usos em “dimensões BIM” progressivo do modelo durante o ciclo de
(não é norma), e que facilita de alguma vida do empreendimento (Lee, 2005):

> 37
 Seguindo esse raciocínio, a maioria do
mercado adota a 7ª Dimensão como sendo
a “Sustentabilidade Ambiental”, e a 8ª Como
sendo a “Segurança no Trabalho”. Alguns, por
outro lado, consideram o 6D como sendo a
“Sustentabilidade” e a 7ª Dimensão como
sendo o “Gerenciamento de Facilidades” ou
“Facilities Management”.
Mais que nos ater a convenções, devemos
comunicar claramente aos participantes
de um empreendimento que adota BIM
SOFTWARES BIM
Dadas as características intrínsecas
do BIM (usos distintos e ciclo de vida), faz- se
uso de diversas tecnologias e plataformas
de colaboração, desenvolvidas por diversos
fabricantes. São conhecidos na atualidade
mais de 200 softwares, sendo mais de 150
certificados IFC pela buildingSMART®.
A definição do software a ser utilizado
é uma etapa da implementação das mais
importantes, e não é das mais fáceis em
alguns casos, visto haver grande diversidade,
> 38
quais serão as características e fluxos de
informações que iremos adotar, de forma
a melhorar a eficiência do processo como
um todo, reduzir retrabalhos e otimizar
a informação disponível em cada fase do
empreendimento.
recursos técnicos, custo, hardware
compatível, etc. que influenciam diretamente
na escolha do mesmo.
Uma observação interessante é o
avanço na adoção de algumas tecnologias
pouco conhecidas pelo público em geral,
como Realidade Aumentada (RA) ou
ainda Realidade Virtual (RV), que trazem
experiências sensoriais de visualização,
consultas de dados ou mesmo imersão em
realidade “artificial” que nos permite dominar
e entender melhor os projetos e informações/
características dos mesmos.

Recomendamos a leitura atenta do

Volume 3 “Coletânea BIM CBIC – Colaboração
e Integração BIM” (CBIC, 2016), uma vez que
lá se desenvolveu um extenso trabalho de
mapeamento das principais plataformas
existentes no mercado – e não faria sentido
repetir aqui a mesma informação.

IMPLANTAÇÃO DE BIM

Uma implantação de qualquer sistema

ou processo que altera a cultura de uma
empresa envolve sempre alguns passos:

•
Levantamento do status atual

•
Definição de objetivos e metas

•
Definição de recursos

•
Definição de ferramentas
> 39
 LEVANTAMENTO
DE STATUS ATUAL
Trata-se de passo inicial de enorme
importância dentro do processo de
implantação de BIM. Temos que entender
como estamos trabalhando para podermos
verificar se os processos desempenhados
pelos diversos sistemas e plataformas BIM
vão nos atender ou mesmo parametrizá-las
para poder atender ao modus operandi atual.
Para tanto, desenvolve-se o
mapeamento de processos existentes e
necessidades de informação – trata-se de
8.2 DEFINIÇÃO DE
OBJETIVOS E METAS
> 40
entender e, em alguns casos, FORMALIZAR
processos usuais dentro das empresas
(por ex., critérios construtivos definem
informações fundamentais para a criação da
Estrutura
Analítica do Projeto (EAP) de um
cronograma de obras); na documentação
normalmente utilizam-se sistemas de
Business Process Model Notation (BPMN),
que permitem descrever, de forma bastante
objetiva e clara, qualquer processo existente.
 Uma vez entendido como
trabalhamos, devemos partir para a definição
dos objetivos e metas BIM, de forma que
deem suporte aos objetivos de negócio de
sua empresa. É fundamental se discutir e
validar os passos seguintes de forma a poder
avançar de maneira progressiva e contínua.
Figura 15 - Estágios de Maturidade BIM (CBIC, 2016)
DEFINIÇÃO
DE RECURSOS
Outro ponto importante é entender e
estabelecer os “Graus de Maturidade BIM” a
serem atingidos pela empresa dentro de uma
linha de tempo. Isso porque o “caminho” para
a sua implantação segue passos sucessivos e
que “levam tempo” para implantar e adaptar
à cultura de cada empresa.
> 41
 Para se obter êxito na implantação,
certamente um dos itens que devemos
levar em conta é a existência (ou falta) de
RECURSOS para conseguir alavancar um
plano como este. Quando estamos falando
de recursos, obviamente se levam em conta
os recursos FINANCEIROS e de TEMPO.
A implantação de BIM envolve a
mudança da “cultura” das empresas e não
se muda a cultura sem alterar a “maneira de
pensar” das pessoas. Dessa forma, o trabalho
de comunicação e instrução/formação
adquire papéis preponderantes no sucesso
da implantação.
DEFINIÇÃO DE
OBJETIVOS E METAS
A definição das ferramentas
tecnológicas é um fator bastante delicado
e que merece uma série de reflexões antes
de tomar a decisão de compra, sendo
> 42
Definição de treinamentos e
consultorias – é um dos itens que requer
o maior cuidado por parte do empresário
que quer buscar a implantação de BIM em
sua empresa, pois o nível de conhecimento
requerido por um instrutor
BIM certamente é diferente do que um
baseado na plataforma CAD. Esta pessoa,
ALÉM DE CONHECER o software, deve
também estar a par de todo o processo
de INTEGRAÇÃO das informações, além de
entender de PROCESSOS de CONSTRUÇÃO
ou mesmo de detalhes construtivos, pois,
como já citamos anteriormente, BIM é
CONSTRUIR VIRTUALMENTE – e obviamente
tal conhecimento se faz necessário.
importante comparar de forma igual, pois as
modalidades de aquisição variam bastante de
um fabricante a outro:
 É FUNDAMENTAL consultar os
requisitos de hardware recomendados pelos
fabricantes dos softwares, pois eventuais
CUSTO DE AQUISIÇÃO –
•
obviamente o custo é um fator incompatibilidades podem surgir, criando
determinante, mas temos que redução no desempenho geral ou, ainda pior,
compreender que o custo deve
incluir ainda treinamento, inviabilidade no uso do sistema.
consultoria para criação de
bibliotecas e templates, etc.

CUSTO DE PROPRIEDADE –
•
muitas vezes esse custo é E necessário o uso de espaços
cobrado anualmente (o usuário
adequados para desempenhar atividades
não se torna “dono” do
software e sim adquire uma como coordenação espacial entre as
PERMISSÃO ou CESSÃO de USO por
tempo determinado, normalmente disciplinas (conhecido como detecção
um ano). de interferências10). É de fundamental

CUSTO DE HARDWARE –
• importância o uso de grandes “telas” para
O software escolhido define
facilitar a visualização e compreensão
a plataforma de hardware
necessária para suportá-lo. do projeto analisado pelos diversos
Alguns requerem computadores
com processadores mais intervenientes.
“velozes” (acima de 3,0
GHz), grande quantidade
de memória “RAM” (devemos Como o processo visa a atingir um
considerar sempre acima de
alto grau de “colaboração”, aspectos como
8GB), monitores “duplos”
(melhoram sensivelmente a a infraestrutura de rede local e internet
produtividade pela redução
no tempo dispendido para tornam-se vitais para permitir a comunicação
visualizar e entender as e interação entre as partes. Em nosso
constantes mudanças executadas
no modelo). Em muitos casos país, enfrentamos problemas crônicos de
são recomendados ainda
intermitência de sinal ou, ainda, em alguns
discos rígidos do tipo “SSD”
(Solid State Disk), pois casos, paralisações de serviço (internet ou
são em alguns casos 10x mais
rápidos que os discos rígidos de rede elétrica). Investir em redundância
convencionais e seu custo de serviços de internet (mesclando diversos
vem caindo rapidamente pelo
aumento de sua adoção. provedores e/ou meios) ou ainda “no- breaks”
e geradores acabam sendo, na realidade,
uma atitude necessária em casos
mais graves.

> 43
 CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Espera-se que, após este treinamento
introdutório, o participante tenha entendido
a importância desse importante movimento
do mercado e que busque mais informações
na forma de seminários, congressos, eventos
relacionados ou, na medida do possível,
formação na área, como pós-graduações e/
ou cursos rápidos acerca da temática.
Adicionalmente, é de fundamental
importância que o empresário perceba que,
além dos aspectos técnicos levantados,
temas como renegociação dos contratos
envolvendo a modelagem deverão ser
revisados e renovados contemplando
os novos conceitos – pois a dinâmica, os
processos, os entregáveis são certamente
distintos e devem possuir prazos de execução
e respectiva remuneração alterados.
> 44
Além disso, é imperativo que ele
identifique a necessidade da contínua
inovação e melhoria de processos, de
maneira a permanecer competitivo e
alinhado com os mercados mais avançados.
Em um mundo de economia globalizada,
seguramente tal conceito faz muito mais
sentido, pois a concorrência adquire um novo
espectro e alcance.
O SEBRAE cumpre, através deste curso,
importante papel como disseminador dessa
cultura e pretende, por meio de ações
integradas com os diversos “atores” da
Cadeia Produtiva (Associações de Classes
e Profissionais, Sindicatos, Academia,
etc.) continuar nesse esforço de maneira
a “aparelhar” nossos empresários a
competirem nesse novo mercado.
BIBLIOGRAFIA CBIC. (2016). Colaboração e integração BIM - Parte 3: Implementação do BIM
para Construtoras e Incorporadoras. Brasília, DF, Brasil.

CIC - COMPUTER INTEGRATED CONSTRUCTION Research Program.

(2011). BIM Project Execution Planning Guide. The Pennsylvania State
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Gaspar, R. (2017). A evolução do significado atribuído ao acrônimo BIM: Uma

perspectiva no tempo. SIGraDi 2017, XXI Congreso de la Sociedad Ibero-
americana de Gráfica Digital. Concepción, Chile.

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www.graphisoft.com/br/archicad/index.html

Lee, A. (2005). nD modelling – a driver or enabler for construction

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MDIC, ABDI. (2017). GUIA 1 – Processo de Projeto BIM. Brasília, DF.

Miller, S. I. (2009). The Commercial Real Estate Revolution: Nine Transforming

Keys to Lowering Costs, Cutting Waste, and Driving Change in a Broken
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Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae. (2016).

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Succar, B. (2009). Building information modelling framework: A research and

delivery foundation for industry stakeholders. Automation in Construction, pp.
357-375.

> 45
> 46
>>>>>>>>>>>>>>>
> 47
 0800 570 0800
sebrae.com.br/minasgerais

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