Você está na página 1de 7

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ(ÍZA) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA

COMARCA DE FORTALEZA/CE

PEDIDO DE DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA

MELHORES MÓVEIS LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita


no CNPJ sob o n° 06.543.231/0001-83, situada à Av. Aguanambi, n° 502, Bairro de Fátima, Fortaleza,
Ceará, CEP: 60831-291, vem, respeitosamente, por seus advogados in fine subscritos (procuração em
anexo), perante Vossa Excelência, ajuizar o presente PEDIDO DE DECRETAÇÃO DE
FALÊNCIA em face de FANTASTICA FABRICA DE CHOCOLATES LTDA., pessoa jurídica
de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 09.831.934/0001-99, com endereço à Avenida Santos
Dumont, nº 961, Bairro Aldeota, CEP: 60851-981, em Fortaleza, Ceará, cujo contrato social,
devidamente registrado perante a Junta Comercial desta cidade, com fulcro no art. 94, inciso II, com
base nos argumentos fáticos e jurídicos a seguir delineados:

I - DA OPÇÃO PELA REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO

Inicialmente, insta informar que a parte autora com ânimo de solucionar a


presente demanda de forma pacífica e consensual, em razão do quanto disposto no artigo 319, inciso
VII, do CPC, opta pela realização de audiência de conciliação ou mediação, que assim dispõe:
Art. 319. A petição inicial indicará:
[...] Omissis
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou
de mediação.
Assim sendo, após a designação da audiência, requer-se a Empresa Requerente
que seja a parte esta intimada na pessoa de seu patrono, bem como que seja a Ré citada, em inteligência
ao art.334, § 3º e § 5º do CPC/2015, respectivamente.

II – DOS FATOS

Na data de 14 de junho do ano de 2021, pactuaram as partes contrato de


prestação de serviços, por meio do qual se comprometeu a Requerente a realizar projeto arquitetônico
na sede da empresa Requerida.

O referido projeto seria inspirado na atividade empresarial da Requerida, já


que pretendia esta, com a reforma, a atração de nova clientela. Propôs a Requerente, para tanto, que
fosse colocado na fachada da loja uma escultura do principal produto da Ré, qual seja, um chocolate
branco envolvido com uma calda de chocolate preto dentro de um chapéu de mágico.

Executado o projeto, tendo a Ré participado de todas as fases de idealização,


construção e confecção da proposta final, informou esta que não estaria satisfeita com o resultado
apresentado. Ocorre que, como comprovam os e-mails em anexo, todas as sugestões da Demandada
foram aceitas e, a cada 15 dias – quando era enviada a prévia do trabalho – este era SEMPRE elogiado
pela cliente.

O negócio jurídico se pautou em instrumento particular, devidamente assinado


por duas testemunhas, comprometendo-se a Requerida a adimplir a quantia de R$ 52.000,00 (cinquenta
e dois mil reais) após apresentado o projeto final. Todavia, após a entrega do objeto do contrato,
eximiu-se a Ré de realizar o pagamento.

Devidamente proposta a execução do título executivo, sob ação de nº 054192-


92.2021.8.06.0001, esta restou-se infrutífera por não ter a ré realizado o pagamento e tampouco
apresentado bens à penhora.

Por tudo isso, tendo a Autora buscado solucionar a lide amigavelmente junto
à Requerida, mas sem êxito, não restou a esta peticionante outra alternativa a não ser pugnar pela
Decretação de Falência da Requerida.

III – DO DIREITO

Nobre Julgador(a), como se aduz na narrativa fática, é a Requerente credora


da quantia líquida, certa e exigível de R$ 52.000,00 (cinquenta e dois mil reais), uma vez que
prestou efetivamente o serviço arquitetônico contratado, como fazem prova os documentos em anexo.
Ocorre que, de má-fé, deixou a Demandada de adimplir o valor pactuado em contrato particular de
compra e venda, eximindo-se do cumprimento de suas obrigações contratuais.

A Requerente já buscou de todas as formas solucionar a lide, pleiteando o que


lhe é devido, tendo, inclusive, ajuizado ação de execução de título extrajudicial em processo de nº
054192-92.2021.8.06.0001, mas sem qualquer sucesso. É inadmissível, Excelência, a escusa da parte
adversa em realizar pagamento por serviço efetivamente prestado em qualidade, repise-se, e grau de
zelo condizentes com às expectativas e solicitações da cliente.

Nesse interim, a Lei nº 11.101/05, que regula a recuperação judicial, a


extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, ensina que é possível a decretação
de falência nos casos em que o executado por quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à
penhora bens suficientes dentro do prazo legal. Senão, veja-se:

Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:


[...] Omissis
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não
nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal;
[...] Omissis

Da leitura do dispositivo, infere-se que, nas hipóteses de execução frustrada,


na ausência de pagamento, depósito ou nomeação de bens à penhora, resta-se configurada a insolvência
jurídica da empresa, de modo que é possível solicitar a decretação de falência desta.

Sob esse viés, aponte-se as pertinentes lições da doutrina:

Outra forma de presunção da insolvência é a configuração da chamada


execução frustrada, que também denotaria a impossibilidade de pagamento
das obrigações. Pelas mesmas razões anteriores, se o empresário tem uma
execução contra si e esta não produz resultados em termos patrimoniais, há
uma presunção de que aquela pessoa não terá condições de fazer frente às
suas obrigações. Não se trata apenas do inadimplemento, mas da presunção
de uma insuficiência patrimonial para honrar as suas dívidas”
(TOMAZETTE, 2018, p. 404)
Assim, com base nas lições da doutrina e da lei, resta-se demonstrado no caso
em tela a chamada tríplice omissão do devedor, já que, para além do inadimplemento verificado
na presente lide, resta-se demonstrada a presunção de insuficiência patrimonial da Ré para
honrar com as suas dívidas.

A fim de comprovar tal asserção, anexa-se aos presentes autos certidão de


crédito emitida pelo Juízo em que tramitou a execução ajuizada por este peticionante, a qual é apta a
demonstrar tentativas infrutíferas de adimplemento de crédito, pelo pagamento por parte da ré, pela
não localização desta ou de bens para a garantia do crédito executado.

Não é outro o entendimento da jurisprudência pátria:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. EXECUÇÃO FRUSTRADA.
CERTIDÃO DE CRÉDITO. PRESENÇA DOS REQUISITOS.
POSSIBILIDADE. 1. O art. 94, inc. II, da Lei n. 11.101/2005, permite
pedido de falência contra o devedor quando este, executado por qualquer
quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens
suficientes dentro do prazo legal. Trata-se da chamada execução
frustrada, que se caracteriza pela tríplice omissão do devedor quando
citado em processo executivo. 2. Na execução frustrada, o devedor não possui
bens penhoráveis, mas, caso existam, já se encontram gravados por outras
dívidas e são, portanto, incapazes de suportar a execução. 3. Se o pedido de
falência estiver lastreado na execução frustrada, a ação será instruída com
certidão expedida pelo Juízo em que se processa a execução (art. 94, § 4º, da
Lei 11.101/2005). Nesse caso, basta ao credor requerer a certidão junto ao
Juízo da execução, na qual conste que o devedor não pagou, não depositou o
montante da dívida, nem nomeou bens suficientes à penhora. 4. Agravo de
instrumento parcialmente conhecido e, na extensão, desprovido. (TJ-DF
07139527220198070000 DF 0713952-72.2019.8.07.0000, Relator: HECTOR
VALVERDE, Data de Julgamento: 16/10/2019, 1ª Turma Cível, Data de
Publicação: Publicado no DJE : 30/10/2019 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)
[Grifou-se]

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO EMPRESARIAL. PEDIDO DE FALÊNCIA.


INSOLVÊNCIA JURÍDICA. EXECUÇÃO FRUSTRADA. CERTIDÃO DE
CRÉDITO. ART. 94, INCISO II, DA LEI 11.101/05. PRESENÇA DOS
REQUISITOS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA
CASSADA. 1. O pressuposto para a instauração de processo de falência é a
insolvência jurídica, que é caracterizada a partir de situações objetivamente
apontadas no referido art. 94 da Lei nº 11.101/2005, quais sejam: a
impontualidade injustificada (inciso I), a execução frustrada (inciso II) e a
prática de atos de falência (inciso III). 2. O inciso II, do art. 94, da Lei nº
11.101/2005 permite o pedido de falência do devedor quando
este ?executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e
não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal?. Cuida-se
da execução frustrada, a qual se caracteriza pela tríplice omissão do
devedor quando citado em processo executivo (ausência de pagamento,
depósito ou indicação de bens à penhora). 3. Nos termos do § 4º, do art. 94,
da Lei nº 11.101/2005, se o pedido de falência estiver lastreado na execução
frustrada (inciso II), ?será instruído com certidão expedida pelo juízo em que
se processa a execução?. 4. A parte autora comprovou a tríplice omissão,
consubstanciada na execução frustrada do título judicial, ante a
apresentação da certidão de crédito emitida pelo Juízo em que tramitou a
execução, na qual constam as sucessivas tentativas, sem êxito, de
localização do devedor ou de bens para a garantia do crédito exequendo,
bem como que os executados não realizaram o pagamento do débito nem
indicaram bens à penhora?. 5. Sentença cassada, uma vez que vai de
encontro à Lei nº 11.101/2005 e ao entendimento deste Tribunal,
determinando-se o retorno dos autos à instância de origem para que seja dado
regular prosseguimento ao pedido de falência. 6. RECURSO CONHECIDO e
PROVIDO. Sentença cassada. (TJ-DF 07066801620188070015 DF 0706680-
16.2018.8.07.0015, Relator: ROBSON BARBOSA DE AZEVEDO, Data de
Julgamento: 05/05/2021, 5ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no
DJE : 19/05/2021 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)
[Grifou-se]
Por tudo isso, comprovada a inadimplência da obrigação de pagar líquida
fundada em Título, bem como as frutadas tentativas da execução do crédito, deve ser decretada a
falência da Ré, uma vez que resta-se comprovada a tríplice omissão desta, em total atendimento ao art.
94, II da Lei 11.101/2005.

IV – DOS PEDIDOS

Isto posto, requer-se que Vossa Excelência se digne à:

a) Determinar a citação da Empresa Ré, na pessoa de seu representante, para,


querendo, contestar a ação em 10 (dez) dias, nos termos do art. 98, da Lei
11.101/1005;

b) Determinar, na hipótese de a ré pretender no prazo de contestação o depósito


da quantia correspondente ao crédito reclamado, para elidir o pedido de
falência, conforme parágrafo único do art. 98 da lei em pauta, a inclusão de
correção monetária, juros de mora desde o vencimento, além das custas
processuais, despesas com os protestos no valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

c) Julgar procedente o pedido desta exordial, com a consequente


DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA da Ré com base no art 94, II, Lei
11.101/2005, com todos os efeitos legais decorrentes desta;

d) Condenar a Ré ao pagamento do principal, acrescido de juros de mora e


correção monetária, custas judiciais e extrajudiciais.

e) Condenar a Ré ao pagamento dos honorários advocatícios no percentual de


20% sobre o valor da causa.

Por fim, requer-se que todas as intimações, notificações e publicações sejam


expedidas, exclusivamente, em nome da advogada LARYSSA PAZ NUNES, inscrita na OAB-
CE sob o nº 416.713, com endereço profissional localizado à Rua Bela Cruz, nº 2851, Bairro Farias
Brito, Fortaleza, Ceará, CEP: 60.011-120, por inteligência do art. 272, §§ 1º e 5º, do CPC, sob
pena de nulidade.

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito,


notadamente depoimento pessoal das partes, oitiva de testemunhas, exame pericial e juntada
posterior de documentos.

Dá-se à causa o valor de R$ 52.000,00 (cinquenta e dois mil reais)

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Fortaleza - CE, 10 de dezembro de 2021.

LARYSSA PAZ NUNES

OAB-CE 416.713

Você também pode gostar