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UNIDADE I

OS ESTUDOS BAKHTINIANOS

A partir do final dos anos 70 na Rússia e na Europa, e nos anos 90 no


Brasil, dentro do âmbito das Ciências Humanas, mais precisamente na área
dos estudos literários e linguísticos, surgiu um crescente interesse pelos
chamados estudos de viés bakhtiniano, ou mais popularmente sobre “O
Círculo de Bakhtin”.

Mas quem vem a ser esse tal de “Bakhtin”, nome estranho nas rodas
das Letras? Trata-se, pois, de um teórico de nacionalidade russa, que viveu
entre o final do século XIX e grande parte do século XX, e muito influenciou
(e ainda tem influenciado) os estudos nas Ciências Humanas.

Bakhtin foi um pensador que, apesar de sofrer sérias coerções e


privações em sua época, foi capaz de discutir sobre assuntos muito diferentes:
ele passeou pela Filosofia, pela Literatura, pela Linguística.

O alcance de sua obra tem sido tanto que, mesmo em outras áreas,
como as Ciências Sociais, Biológicas e Exatas já há ecos de seu pensamento,
em variadas pesquisas. Só por curiosidade, pouco tempo atrás soubemos que
há um juiz em Mato Grosso que se inspira muito nas ideias bakhtinianas para
pensar suas ações no espaço jurídico.

O que será de tão relevante que esse autor disse? Por que é tão
importante para nós, professores, estudarmos esse tal de Bakhtin? Qual a sua
atualidade, tendo em vista que estamos em pleno século XXI? Em que alguém
de uma cultura tão longínqua da nossa pode nos ajudar? Quais suas
reflexões, sua posição sobre a linguagem, a vida, o mundo?

Estas são apenas algumas das questões que essa disciplina poderá
iluminar, abrindo os primeiros caminhos rumo ao fascinante universo teórico
bakhtiniano.
1. Quem foi Bakhtin?

(Mikhail Mikhailovitch Bakhtin)

Nascido em Orel, localidade a sul de Moscovo, a 16 de novembro de 1895, filho


de família aristocrática em decadência, cresceu entre Vilno1 e Odessa2, cidades
fronteiriças com grande variedade de línguas e culturas. Estudou Filosofia e Letras na
Universidade de São Petersburgo, abordando em profundidade a formação em
filosofia alemã.

Seguiu para Nevel em 1918, após a formatura na universidade, para fugir do


frio e da fome em Petrogrado. Ali trabalhou como professor em um ginásio de escola
secundária. Nesse período, participou de um círculo filosófico que influenciaria o seu
pensamento por toda a vida. De acordo com Clark e Holquist (1998):

Os membros do grupo tinham em comum uma paixão pela filosofia e


pelo debate de ideias. Encontravam-se para as assim chamadas
noites filosóficas em que os participantes ou discutiam uma obra

1
Segundo Clark e Holquist (1998, p. 49): “O que impressionou Bakhtin, ao chegar a Vilno vindo da província russa,
não foi apenas a variação da arquitetura, mas também a colorida mistura de línguas, classes e grupos étnicos. [...]
A Vilno da juventude de Bakhtin era, pois, um exemplo consumado de heteroglossia (plurilinguismo*), um
fenômeno que se converteria na pedra angular de suas teorias. A heteroglossia, ou a mistura de diferentes grupos
de língua, cultura e classes, foi para Bakhtin a condição ideal, garantindo uma perpétua revolução linguística e
intelectual que guardava contra a hegemonia de qualquer ‘linguagem única da verdade’, ou ‘língua oficial’ em dada
sociedade, contra a ossificação e a estagnação do pensamento”. (*grifo nosso)
2 Ainda conforme Clark e Holquist (1998, p. 53): “Odessa era uma cidade muito especial. [...] Abrigava não só

tavernas de marinheiros e covis de ladrões, mas também rica vida cultural. [...] Nela estavam sendo nutridos
naquele tempo os escritores e outros intelectuais que extravasariam o seu âmbito para deixar a marca de sua
presença nas capitais setentrionais durante os anos 20 [...] Odessa, portanto, como Vilno, era um cenário
apropriado para um capítulo na vida de um homem que viria a ser o filósofo da heteroglossia e do carnaval. ”

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importante no campo da filosofia, “dos antigos gregos até Kant ou
Hegel”, ou um trabalho contemporâneo ou um texto de um pensador
religioso como Santo Agostinho, Vladímir Solovióv ou Viatchesláv
Ivanov.(CLARK; HOLQUIST, 1995, p.65).

Nestas noites em Nevel é que se encontram os intelectuais que hoje são


conhecidos como “Círculo de Bakhtin”, ou “Bakhtin e o Círculo”. Eram precisamente
dois grupos de amigos: um grupo era composto por Ruguévitch e a esposa Ana
Sergueiévna, Volochínov e Zubákin; o outro grupo era composto por Bakhtin,
Pumpiânski e Maria Iudina, que era pianista, e Matvei Kagan. Outros se uniram aos
grupos, e muitos se mudaram para Vitebsk, como o próprio Bakhtin, em 1920.

O Círculo de Bakhtin no apartamento de Iudina, Leningrado, 1924-1926. Sentados, a partir da


esquerda: Bakhtin (com cigarro de bule de chá), Iudina, Vaguinov, Pumpiânski e Miedviédev. Em
pé: a esposa de Vaguinov, Elena Aleksandrovna Bakhtin e uma pessoa não identificada (Fonte:
Clark e Holquist, 1998, p. 140)

Entre 1924 e 1929 viveu em Leningrado, onde obteve avanços em sua obra.
Segundo Clark e Holquist (1998), nesse período, Bakhtin terminou seus principais
livros: sobre Freud, sobre os Formalistas Russos, sobre a filosofia da linguagem e
sobre o romance de Dostoiévski.

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Em 1929, foi obrigado ao exílio interno no Cazaquistão acusado de
envolvimento em atividades ilegais ligadas à Igreja Ortodoxa, o que nunca viria a ser
demonstrado. Ficaria no Cazaquistão até 1936.
Fora forçado ao exílio a Saransk (capital da Mordóvia), durante a purga de
1937. Já em 1941, lê a tese de doutoramento no Instituto Gorki, de Moscovo, voltando
a Saransk como catedrático após a Segunda Guerra Mundial, e sendo redescoberto
como teórico por estudantes da capital russa a seguir à morte de Stalin, sobretudo na
década de 60. Seus trabalhos só foram conhecidos no Ocidente progressivamente a
partir da década de 80, atingindo grande prestígio e referencialidade póstuma nos
anos 90 e até a atualidade.
Seu trabalho é considerado influente nas áreas de teoria literária, crítica
literária, sociolinguística, análise do discurso e semiótica. Bakhtin é, na verdade, um
filósofo da linguagem e sua linguística é considerada, por ele, como uma "trans-
linguística", porque ela ultrapassa a visão de língua como sistema. Isso porque, para
Bakhtin, não se pode entender a língua isoladamente, mas qualquer análise linguística
deve incluir fatores extralinguísticos como contexto de fala, a relação do falante com
o ouvinte, momento histórico, a valoração entre os participantes da interação, as
perspectivas ideológicas etc.

2. As obras do Círculo de Bakhtin


Por muitos anos, a obra dos autores do Círculo ficou desconhecida do público
ocidental, e mesmo dentro da própria Rússia o conhecimento e a circulação e dos
textos ficaram restritos a grupos seletos cujas pessoas eram oriundas e/ou
conhecedoras dos círculos de intelectuais que se formaram no início do século XX.
Assim, muitas discussões empreendidas pelo grupo, nas áreas de linguagem e
literatura, principalmente, ficaram por anos a fio desconhecidas. Segundo Faraco:

Apreciando sua obra retrospectivamente e considerando a amplidão


de seus temas e a densidade de suas reflexões, o melhor que se pode
dizer dele (seguindo hoje uma tendência internacional) é que foi um
filósofo, talvez um dos mais importantes do século XX, embora o seu
ostracismo por mais de trinta anos tenha impedido a circulação e o
debate de suas ideias até praticamente a década de 1970. (FARACO,
2006, p. 15)

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Por conta de desconhecimento do processo de produção dos textos oriundos
dos membros dos círculos de intelectuais, por muitos anos houve uma questão que
suspeitava da autoria de algumas obras, como o Marxismo e Filosofia da Linguagem
(1929), atribuída a Bakhtin, depois a Bakhtin e Volochínov, e atualmente apenas a
Volochínov. Outro exemplo é da obra O método formal nos estudos literários (1928),
cuja autoria também foi contestada, e hoje é atribuída, com certeza, a Medviedév.

Hoje, praticamente temos a maioria das obras do círculo traduzidas para o


português, algumas delas com novas traduções feitas diretamente do russo. Vejamos
algumas delas:

Este livro constitui um dos mais importantes para quem quer


compreender o pensamento de Bakhtin e do Círculo. Nele,
Volochínov apresenta sua concepção de linguagem como
interação verbal, após realizar toda uma crítica sobre as
concepções de linguagem correntes à época (o livro data de 1929).
Podemos entrever uma crítica ao posicionamento saussuriano, e
ainda, considerações sérias sobre a relação entre o signo e a
ideologia, através da proposição do conceito de signo ideológico.
Além disso, o livro traz discussões sobre o sentido/a significação
na linguagem e sobre as formas de presença do discurso citado
nos enunciados. É obra de cabeceira para os aficionados na teoria
bakhtiniana.

Recentemente, a Editora 34 lançou uma nova tradução desta obra, realizada


pelas professora Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. Vejamos o comentário da
editora:

A presente tradução, fruto de extensa pesquisa, toma por base as


duas primeiras edições da obra (1929 e 1930), e vem acompanhada
de um ensaio introdutório assinado por Sheila Grillo, que visa situar
o leitor no contexto dos estudos da linguagem à época de sua
escrita. Além de um glossário detalhado, foi incluído também o
"plano de trabalho" de Volóchinov, de 1927-28, obtido diretamente
em seu arquivo pessoal.

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Este livro também constitui uma obra muito importante dentro do
arcabouço teórico bakhtiniano. Constitui-se de uma seleção de
textos de diferentes datas, muito importantes para o debate de
diferentes assuntos. Nele se encontra o famoso texto Os gêneros
do discurso, e ainda o importante ensaio de Bakhtin sobre a
Metodologia das Ciências Humanas. Não é um livro para se ler da
primeira à última página, na ordem, mas para ser degustado texto
a texto, em qualquer ordem, conforme o interesse do leitor. A
tradução é de Paulo Bezerra, diretamente do russo.

Da mesma forma, a Editora 34 apresenta um retradução do texto Os gêneros


do discurso, feita também por Paulo Bezerra, conforme se pode ver na imagem a
seguir:

Organizado e traduzido por Paulo Bezerra, estudioso da obra de


Mikhail Bakhtin (1895-1975), Os gêneros do discurso contém textos
fundamentais para a compreensão da abordagem dialógica
bakhtiniana quanto ao texto e à linguagem viva, em traduções
revistas e cotejadas com a última edição das Obras reunidas do
autor, e suplementadas com as esclarecedoras notas de Serguei
Botcharov, organizador da edição russa. Escritos entre os anos
1950 e 60, "Os gêneros do discurso" e "O texto na linguística, na
filologia e em outras ciências humanas" são ensaios canônicos de
Bakhtin, sobre os quais é lançada nova luz com a publicação, neste
volume, de outros dois textos inéditos intitulados "Diálogos", que não
apenas serviram de base para a escrita de "Os gêneros do
discurso", mas que também esboçam ideias que miram muito além,
e onde, como afirma o tradutor em seu posfácio, "atribui-se à própria
língua uma natureza dialógica". (www.editora34.com.br)

Em suas incursões pela literatura, Bakhtin nos brinda com textos


reunidos em uma edição brasileira sob o título Questões de
Literatura e Estética: a teoria do romance, que traz, entre outros
trabalhos, o texto O discurso no romance, contribuição
bakhtiniana fundamental para a teoria do romance, e O problema
do conteúdo, do material e da forma, texto denso em que o autor
vai tratar das relações entre esses aspectos na dimensão
estética.

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Da mesma forma, a Editora 34 também publicou, recentemente, uma nova
tradução do texto O discurso no romance, conforme podemos observar a seguir:

Peça-chave na teoria de Bakhtin, a Teoria do romance foi


desenvolvida nos anos 1930, mas só foi publicada, e de forma parcial,
no ano da morte do autor, em 1975, no volume Questões de literatura
e estética. Apenas em 2012 o texto integral veio à luz, na Rússia, no
conjunto de suas obras completas. É a partir dessa nova edição
crítica que se publica agora no Brasil o primeiro dos três tomos
da Teoria do romance, com tradução de Paulo Bezerra, além de um
glossário que discute e esclarece os conceitos bakhtinianos.
Este volume tem como tema O discurso no romance, e traz as
reflexões de Bakhtin sobre a especificidade desse gênero literário;
nele, o autor questiona a estilística tradicional e desenvolve o
conceito de heterodiscurso, destacando as múltiplas vozes que
ressoam na prosa romanesca. Ao considerar a linguagem como um
fenômeno vivo e plural, o teórico russo revolucionou nossa forma de
ler e interpretar o romance.

(www.editora34.com.br)

Uma das suas principais obras é, sem dúvida, o livro em que


Bakhtin estuda a obra do escritor russo Dostoiévski e, a partir
desse estudo, cunha o conceito de polifonia. Nesse livro,
podemos aprender um pouco mais sobre a concepção dialógica
da linguagem, as formas e tipos de discurso, os procedimentos
discursivos de estratificação e dialogização da linguagem, além
do conceito de vozes, imbricado na leitura dos romances e
novelas dostoievskianas. Há uma tradução para o português,
diretamente do russo, também feita por Paulo Bezerra.

Ainda de autoria de Bakhtin, temos o resultado de sua tese de


doutoramento, a obra sobre Rabelais, em que o autor vai
discorrer sobre o conceito de carnavalização. Trata-se de A
cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto
de François Rabelais.

Para completar o conjunto das obras do Círculo, não podemos deixar de citar
um livro recém-traduzido para o português e publicado pela Editora Contexto, O
Método Formal nos Estudos Literários, de Mediévdev:

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O livro O método formal nos estudos literários: introdução crítica a uma
poética sociológica foi publicado pela primeira vez em Leningrado
(atualmente São Petersburgo) em 1928 e não conhecia tradução para
o português até o momento, apesar de sua relevância à compreensão
de conceitos desenvolvidos pelos intelectuais do Círculo de Bakhtin.
Agora, a versão em nossa língua vem a público, realizada diretamente
do russo, primorosamente feita a quatro mãos por uma linguista
eslavista, Sheila Camargo Grillo, falante nativa de português, e por
Ekaterina Vólkova Américo, teórica da literatura, falante nativa de
russo. Embora os títulos – da obra e dos capítulos – sugiram a ideia
de estudos exclusivamente literários, a discussão passa por questões
fundamentais para a compreensão do gênero do discurso de forma
geral. O leitor de hoje, estudioso ou interessado, precisa conhecer
essas questões para compreender que, como nos demais trabalhos
do Círculo, há sempre uma espécie de resposta a importantes
pensadores da linguagem, cujos traços fundamentais são
recuperados e problematizados a partir de uma nova visão sobre o
tema.

Alguns livros de estudiosos brasileiros ajudam a compreender melhor o


arcabouço teórico bakhtiniano. Entre esses autores, citamos Beth Brait, José Luiz
Fiorin, Carlos Alberto Faraco e Adail Sobral. Vejam algumas obras:

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3. Bakhtin e as Ciências Humanas

No início dessa unidade, assinalamos que Bakhtin é um autor importante dentro


da área das Ciências Humanas. Sim, hoje ele é considerado, antes de mais nada um
filósofo humanista, pois todas as suas análises, seja de linguagem ou de literatura,
tomam como centro o ser humano. Em suas primeiras colocações filosóficas, na obra
Por uma Filosofia do Ato, datada dos anos 1919, Bakhtin já criticava o teorecentrismo
das abordagens científicas, fato que, em sua opinião, a nada levava, pois não
considerava o ser humano em seus atos responsáveis na sociedade.
Em sua opinião, todos somos responsáveis por nossos atos, e o “linguajar” é
um deles. Não temos, como ele bem coloca, “álibi na existência”, somos responsáveis
por e respondemos a, por mais que possamos encobrir nossas ações. Esse
pressuposto fica mais forte se considerarmos esses atos sempre em relação a outros
atos, a outros seres humanos com os quais convivemos em sociedade. E, é claro, a
linguagem tem um papel preponderante nesse processo de convivência e existência,
por é através dela e por ela que nos relacionamos com esse outro, que agimos no
mundo, que valoramos tudo o que nos rodeia.
Diante dessas ideias, Bakhtin chega à conclusão que as ciências que estudam
os homens e suas relações, em quaisquer níveis, não podem se pautar no mesmo
modelo das ciências naturais ou exatas. Pois vivemos no mundo da linguagem, no
mundo do discurso, e seja para onde quer que nós dirijamos nosso olhar, a linguagem
sempre será a mediadora. No texto Metodologia das Ciências Humanas (2003, p.
395;400), Bakhtin afirma que “o objeto das ciências humanas é o ser expressivo e
falante. Já “as ciências exatas são uma forma monológica do saber: o intelecto
contempla uma coisa e emite um enunciado sobre ela. Aí só há um sujeito: o
cognoscente (contemplador) e falante (enunciador). A ele só se contrapõe a coisa
muda”.
Assim, Bakhtin marca sua posição em relação a toda uma tradição de pesquisa
que tomou conta do século XX, pautada pelos princípios positivistas a orientarem todo
e qualquer tido de análise, mesmo a sociológica. No centro das ciências humanas
está o homem inseparável de sua linguagem, e tudo é traduzido e só por ser
observável em texto:

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O problema do texto nas ciências humanas. As ciências humanas são
as ciências do homem em sua especificidade, e não de uma coisa
muda ou um fenômeno natural. O homem em sua especificidade
humana exprime a si mesmo (fala), isto é, cria texto (ainda que
potencial). Onde o homem é estudado fora do texto e independente
deste, já não se trata de ciências humanas (anatomia e fisiologia do
homem, etc.). (BAKHTIN, 2003, p. 312).

Essa afirmação sobre a importância e a centralidade da linguagem imbricada


na vida humana é de extrema relevância para o exercício da docência, principalmente
aquela que tem por objeto uma língua, seja a materna ou a estrangeira.
Se não temos álibi em nossa existência, se somos responsáveis por nossos
atos, como os de linguagem, significa dizer que mobilizar uma língua na vida implica
em uma posição de muita responsabilidade no seio social. Ensinar uma língua,
ensinar a ler e escrever não é apenas decifração de um código e suas características
formais e estruturais, mas também e sobretudo saber compreender quais a
implicações nas relações humanas de nossos atos mediados pela linguagem.
E, para isso, o arcabouço teórico bakhtiniano pode nos auxiliar. Ajudar a ver a
linguagem em relação sempre, considerando falantes reais e situações reais de fala,
em que o cotidiano da linguagem em movimento, em diferentes esferas de atividade
humana, poderá suscitar ações entre as pessoas, e consequências na vida em
sociedade.

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AMPLIANDO A LEITURA

Além dos livros já mencionados, sugerimos assistir um vídeo em que o


professor Carlos Alberto Faraco fala de Bakhtin e sua Filosofia da Linguagem, no link
https://www.youtube.com/watch?v=IJMByQS0oQc

Atividade I: Após conhecer um pouco sobre Bakhtin, qual a importância de estudar


sua teoria para a área de educação e de linguagem? Justifique.

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