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OS ESTUDOS BAKHTINIANOS
Mas quem vem a ser esse tal de “Bakhtin”, nome estranho nas rodas
das Letras? Trata-se, pois, de um teórico de nacionalidade russa, que viveu
entre o final do século XIX e grande parte do século XX, e muito influenciou
(e ainda tem influenciado) os estudos nas Ciências Humanas.
O alcance de sua obra tem sido tanto que, mesmo em outras áreas,
como as Ciências Sociais, Biológicas e Exatas já há ecos de seu pensamento,
em variadas pesquisas. Só por curiosidade, pouco tempo atrás soubemos que
há um juiz em Mato Grosso que se inspira muito nas ideias bakhtinianas para
pensar suas ações no espaço jurídico.
O que será de tão relevante que esse autor disse? Por que é tão
importante para nós, professores, estudarmos esse tal de Bakhtin? Qual a sua
atualidade, tendo em vista que estamos em pleno século XXI? Em que alguém
de uma cultura tão longínqua da nossa pode nos ajudar? Quais suas
reflexões, sua posição sobre a linguagem, a vida, o mundo?
Estas são apenas algumas das questões que essa disciplina poderá
iluminar, abrindo os primeiros caminhos rumo ao fascinante universo teórico
bakhtiniano.
1. Quem foi Bakhtin?
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Segundo Clark e Holquist (1998, p. 49): “O que impressionou Bakhtin, ao chegar a Vilno vindo da província russa,
não foi apenas a variação da arquitetura, mas também a colorida mistura de línguas, classes e grupos étnicos. [...]
A Vilno da juventude de Bakhtin era, pois, um exemplo consumado de heteroglossia (plurilinguismo*), um
fenômeno que se converteria na pedra angular de suas teorias. A heteroglossia, ou a mistura de diferentes grupos
de língua, cultura e classes, foi para Bakhtin a condição ideal, garantindo uma perpétua revolução linguística e
intelectual que guardava contra a hegemonia de qualquer ‘linguagem única da verdade’, ou ‘língua oficial’ em dada
sociedade, contra a ossificação e a estagnação do pensamento”. (*grifo nosso)
2 Ainda conforme Clark e Holquist (1998, p. 53): “Odessa era uma cidade muito especial. [...] Abrigava não só
tavernas de marinheiros e covis de ladrões, mas também rica vida cultural. [...] Nela estavam sendo nutridos
naquele tempo os escritores e outros intelectuais que extravasariam o seu âmbito para deixar a marca de sua
presença nas capitais setentrionais durante os anos 20 [...] Odessa, portanto, como Vilno, era um cenário
apropriado para um capítulo na vida de um homem que viria a ser o filósofo da heteroglossia e do carnaval. ”
Entre 1924 e 1929 viveu em Leningrado, onde obteve avanços em sua obra.
Segundo Clark e Holquist (1998), nesse período, Bakhtin terminou seus principais
livros: sobre Freud, sobre os Formalistas Russos, sobre a filosofia da linguagem e
sobre o romance de Dostoiévski.
(www.editora34.com.br)
Para completar o conjunto das obras do Círculo, não podemos deixar de citar
um livro recém-traduzido para o português e publicado pela Editora Contexto, O
Método Formal nos Estudos Literários, de Mediévdev: