Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
(AUT-1)
1ª edição
Belém-PA
2011
1
© 2011 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas
____________ exemplares
2
SUMÁRIO
3
6.3 Sistemas de controle em caldeiras ...................................................................... 98
6.4 Sistema de gás inerte ........................................................................................ 102
7 CIRCUITOS DE COMANDO E CONTROLE ELETROPNEUMÁTICO ................ 104
7.1 Definições.......................................................................................................... 104
7.2 Dispositivos dos sistemas pneumáticos e eletropneumáticos ........................... 108
7.3 Circuitos pneumáticos e eletropneumáticos ...................................................... 136
7.4 Circuito de comando do MCP............................................................................ 155
8 CIRCUITOS DE COMANDO E CONTROLE ELETRO-HIDRÁULICO ................ 158
8.1 Definições.......................................................................................................... 158
8.2 Dispositivos dos sistemas hidráulicos e eletrohidráulicos ................................. 161
8.3 Circuitos hidráulicos e eletrohidráulicos ............................................................ 185
8.4 Sistemas hidráulicos em navios ........................................................................ 190
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 194
ANEXOS ................................................................................................................. 196
ANEXO A - Tabela de transformadas de Laplace ................................................... 196
ANEXO B - Simbologia elétrica ............................................................................... 197
ANEXO C - Simbologia LADDER ............................................................................ 199
ANEXO D - Simbologia pneumática ........................................................................ 202
ANEXO E - Simbologia hidráulica ........................................................................... 207
ANEXO F - Sistema de ar de controle..................................................................... 210
ANEXO G - Sistema de gás inérte .......................................................................... 211
ANEXO H - Sistema de comando do MCP ............................................................. 212
4
1 REPRESENTAÇÃO MATEMÁTICA DE PROCESSOS INDUSTRIAIS
Introdução
Nest a unidade, serão apresentados os fundamentos matemáticos referentes
aos sistemas de controle industriais. As análises matemáticas aqui apresentadas
necessitam de conhecimentos prévios de equações de 1º e 2º grau, limites 1 e
transformadas de Laplace.
Pretende-se que este capítulo seja o primeiro passo no desenvolvimento de
trabalhos de conclusão dos cursos da EFOMM na área de controle e processos
aplicados a navios. Para facilitar o entendimento do assunto aqui abordado, serão
apresentadas representações e análises matemáticas de alguns sistemas físicos
simples como o sistema massa-mola e o pêndulo simples.
5
O circuito RC da figura 1-a pode ser representado através do diagrama em
bloco, conforme mostra a figura 1-b. Neste caso, os sinais de entrada e saída são
representados por Ei(S) e Eo(S), respectivamente. Isso ocorre porque para
representar um sistema físico através do diagrama em bloco é necessário obter a
transformada de Laplace da equação diferencial que caracteriza o mesmo. Essa
equação é a própria função de transferência do sistema físico obtida pela razão
entre a saída e a entrada do mesmo.
Logo, aplicando-se a transformada de Laplace à equação diferencial anterior
encontra-se a função de transferência do circuito da figura 1-a. Então, tem-se:
6
1.2 Ordem, polos, zeros e tipos de funções de transferência
Seja a função de transferência em malha aberta do sistema da figura 1, dada
por:
Essa função é formada por dois polinômios e pode ser reescrita da seguinte
maneira:
a) ordem do sistema
Grau do polinômio D(S).
b) polos
Número de raízes do polinômio D(S).
c) zeros
Número de raízes do polinômio N(S).
d) tipo do sistema
Número de polos de G(S) em S=0.
Exercício 1
Determine a ordem, os polos, os zeros e o tipo de sistema representado pela
seguinte função de transferência:
7
1.3 Ganho estacionário da função de transferência
Com o decorrer do funcionamento dos sistemas físicos, as funções de
transferência passam a se comportar como um amplificador cujo ganho é
denominado ganho estacionário ou ganho DC. Este é obtido através da seguinte
equação:
Onde:
y( ) é o valor final do sinal de saída da função de transferência;
r( ) é o valor final do sinal de entrada da função de transferência; e
e( ) é o valor do ganho estacionário da função de transferência.
8
1.4 Resposta para sistemas de 1ª ordem
Os sistemas de 1ª ordem apresentam um único polo. São representados
matematicamente pela seguinte função de transferência:
Onde:
K é uma constante; e
é denominado constante de tempo.
9
1.5 Resposta para sistemas de 2ª ordem
Um sistema de 2ª ordem é aquele que possui dois polos. Sua função de
transferência é a seguinte:
Onde:
n é denominado frequência natural de oscilação (sem amortecimento); e
é denominado fator de amortecimento.
10
td é denominado tempo de atraso (delay time) e corresponde ao intervalo
de tempo necessário para que a resposta alcance metade de seu valor
final;
tr é denominado tempo de subida (rise time) e corresponde ao intervalo de
tempo necessário para que a resposta alcance seu valor final pela primeira
vez;
tp é denominado tempo do pico (peak time) e corresponde ao intervalo de
tempo necessário para que a resposta alcance seu máximo overshoot
percentual Mp; e
ts é denominado tempo de assentamento (settling time) e corresponde ao
intervalo de tempo necessário para que a resposta entre em sua região de
estabilização.
11
1.6 Representação matemática de sistemas físicos.
Neste tópico serão apresentados alguns sistemas físicos bastante utilizados
nas modelagens matemáticas dos estudos sobre controle de processos. Não serão
apresentadas aqui as deduções matemáticas detalhadas de cada sistema físico
dado, mas sim seus diagramas esquemáticos e respectivas equações diferenciais,
as quais servirão de modelo para análises computacionais desses sistemas físicos
através de programas como Matlab.
Onde:
Fi( t ) é a força inercial;
m é massa do corpo;
a( t ) é a aceleração do corpo;
v( t ) é a velocidade do corpo; e
y( t ) é a posição do corpo.
12
Para cada corpo (massa), estão agindo duas forças externas, uma aplicada
pela mola (Fk) e outra pelo amortecedor (Fa). Então, a força inercial será o somatório
dessas duas componetes. Assim, temos:
As equações diferenciais para cada termo da equação anterior são dadas por:
13
A análise matemática para determinação da equação diferencial característica
desse sistema é um pouco longa; por isso, não serão feitas aqui. Dessa forma,
simplesmente apresentamos a seguinte equação diferencial:
15
C é capacitância do reservatório dada pela seguinte equação:
Esta última equação pode ser reescrita como uma equação diferencial,
resultando em:
Por definição,
Exercício 2
Para finalizar este capítulo, utilize as transformadas de Laplace para determinar as
funções de transferência dos sistemas físicos apresentados no item 1.6.
16
2 CONTROLADORES DE PROCESSOS INDUSTRIAIS
2.1 Definições
Em automação industrial, os controladores de processos são os dispositivos
responsáveis pelas funções de processamento das informações presentes nas
malhas de controle. Muitas vezes executam algoritmos específicos, tais como: PID e
lógica fuzzy, porém também podem realizar algoritmos lógicos e matemáticos.
Os controladores industriais podem ser classificados de acordo com o seu
algoritmo ou ação de controle em: controlador on-off, proporcional, integral,
derivativo, ou uma combinação dos três últimos. Porém, também se podem
classificar os controladores industriais de acordo com a forma de energia utilizada:
controlador pneumático, hidráulico e elétrico, os quais utilizam como fonte de
energia a pressão de ar, a pressão de óleo e a eletricidade, respectivamente.
Por volta dos anos 30 do século passado, a maioria das aplicações industriais
utilizava controladores pneumáticos. A partir da década de 50, com a popularização
do transistor, a maioria desses equipamentos passou a utilizar eletrônica analógica e
amplificadores operacionais para implementar os algoritmos PID. Após a década de
80, o amplificador operacional foi substituído pelos circuitos microprocessados.
Em muitas aplicações industriais, um controlador é responsável por uma
única malha de controle. Por exemplo: uma malha de controle de temperatura
formada por por um medidor de temperatura, um controlador e uma resistência de
aquecimento. Controladores com essas caracteristicas são denominados
controladores de malha. Essas equipamentos são dedicados em sua função e
podem permitir a comunicação com outros dispositivos ou com outras malhas de
controle. Entre outros controladores dedicados, têm-se: controladores de
temperatura (ou pirômetros), controladores de vazão, pressão, nível, posicionamento
e outros. Porém, em outros casos, o controlador industrial pode ser responsável pelo
controle de diversas malhas de controle simultaneamente. Geralmente, isso é
implementado por controladores lógicos programáveis (CLPs), sistemas de controle
distribuído e outros.
Da mesma forma, a comunicação entre os controladores e demais
componentes industriais evoluiu de maneira semelhante, passando de sinais e
comandos pneumáticos e hidráulicos para transmissão elétrica através de corrente e
17
tensão e posteriormente evoluíram para a utilização da transmissão digital tornado
possivel a construção de redes insdustriais, sendo que atualmente existem inclusive
instrumentos e controladores com comunicação wireless (comunicação sem fio).
A partir de agora serão apresentados os princípios básicos de funcionamento
dos controladores industriais sem grandes análises e rigorismos matemáticos,
visando introduzir essas técnicas de controle de forma prática através da
observação do funcionamento de um sistema de controle de nível no qual serão
observados os comportamentos gráficos da VP e do SP.
Nosso sistema a ser analisado e controlado é apresentado na figura 10.
Trata-se de um sistema de controle de nível onde a altura da coluna líquida (nível
real de água) armazenada no reservatório (tanque) é detectada (medida) através de
uma boia com transmissor eletrônico acoplado (transmissor de nível). Um sinal
elétrico diretamente proporcional ao nível medido é, então, transmitido ao
controlador de processos (controlador automático), onde é comparado com outro
sinal, também de natureza elétrica, denominado sinal de referência ou set point
(nível de água desejado no tanque). O resultado dessa comparação produz um sinal
de erro (diferença entre set point e variável de processo) que por sua vez deve ser
eliminado pelo controlador. Então, o controlador irá realizar cálculos com o objetivo
de determinar o valor da energia que será transmitida à válvula de entrada V1
(atuador) e, assim, esse elemento será manobrado (isto é, será aberto parcial ou
totalmente ou será totalmente fechada). Dessa forma, o nível real de água
armazenada no tanque pode: aumentar, diminuir ou mesmo estabilizar-se (ou seja,
ficar constante).
18
Vale ressaltar que a válvula de entrada será comandada pelo controlador;
porém, a válvula de saída estará sempre aberta, ou seja, sempre há um consumo de
água presente neste sistema de controle.
Portanto, o comportamento do nível real de água no reservatório depende do
tipo de técnica de controle utilizada, ou seja, depende do tipo de controlador
(descontínuo ou contínuo).
Nos próximos tópicos desta unidade de ensino, serão apresentadas as
principais técnicas de controle utilizadas na indústria. Para estudá-las, você deve ter
sempre em mente o diagrama em blocos da malha de controle mostrado na figura
11, o qual correspondente ao sistema apresentado na figura 10.
19
2.2 Controle descontínuo
Um sistema de controle descontínuo é aquele em que o sinal de saída do
controlador (variável manipulada) possui somente dois valores: máximo ou mínimo.
Portanto, o atuador será ou não energizado.
Um controlador descontínuo também é denominado controlador de duas
posições ou controlador liga ou desliga, controlador tudo ou nada ou, ainda,
controlador on-off. A partir de agora vamos utilizar o termo controlador on-off, pois
este é o termo mais utilizado nas literaturas de controle e também pelos fabricantes
de controladores industriais.
Como um controlador on-off apresenta somente dois valores em sua saída:
máximo ou mínimo (0% ou 100%, respectivamente), a variável manipulada roduzida
por esse controlador pode ser representada matematicamente pela seguinte
expressão:
Onde:
U1 é o valor máximo da saída do controlador on-off.
20
Um controlador on-off pode ser implementado com um simples circuito
eletrônico comparador ou mesmo um relé físico. Porém, para evitar problemas de
chaveamentos espúrios na saída do controlador, quando o erro for próximo de zero,
utiliza-se na prática um retardo no chaveamento da saída do controlador on-off.
Esse retardo recebe o nome de histerese.
A figura 13 mostra os blocos representativos dos controladores on-off sem e
com histerese.
21
Também se observa na figura 84 que a resposta da variável de processo
apresenta um comportamento oscilatório em torno do set point, isto é, a variável de
processo é mantida entre dois limites: valor máximo e valor mínimo. Esses limites
são calculados pelo controlador através das seguintes equações:
22
Nota: o comportamento oscilatório da variável de processo em torno do valor
de set point é característico do controlador on-off. Portanto, quando o controlador for
do tipo on-off, sempre o comportamento da variável de processo será como o da
figura 14, a única diferença será a unidade de medida no eixo vertical do gráfico,
pois este deverá apresentar a unidade de medida da grandeza física controlada (ou
variável de processo).
23
Figura 15 - Efeito da mudança de SP no controlador on-off.
24
Figura 16 - Efeito da variação da histerese do controlador on-off.
25
2.3 Controle contínuo.
Em um sistema de controle contínuo, a variável de processo pode apresentar
qualquer valor entre os seus limites mínimo e máximo. O mesmo é válido para o
sinal de saída do controlador. Dessa forma, o atuador sempre estará recebendo um
sinal compreendido entre seu valor mínimo e máximo.
No caso do sistema automático de controle de nível analisado nesta unidade
de ensino, a válvula de entrada terá, durante o funcionamento do controlador,
sempre uma posição intermediária entre suas posições fechada e aberta.
Um controlador contínuo pode ser implementado por circuitos eletrônicos dos
tipos: amplificador, integrador e derivador. Ou ainda, através de algoritmos de
programação de computadores ou de controladores lógico - programáveis. Portanto,
há três tipos básicos de controladores contínuos. São eles:
controlador proporcional ou controlador P;
controlador integral ou controlador I; e
controlador derivativo ou controlador D.
26
Figura 17 - Respostas para a variável de processo para o controle contínuo.
27
2.3.1 controle proporcional ou controle P
Um controlador proporcional é na prática um amplificador do sinal de erro cuja
finalidade é fornecer energia ao atuador para que este possa corrigir o valor da
variável de processo.
Dessa forma, o controlador proporcional irá trabalhar no sentido de aumentar
a velocidade de correção da variável de processo e assim diminuir o valor do erro
estacionário, porém esse efeito pode introduzir oscilações na variável de processo.
O fator de ajuste do controlador proporcional responsável por determinar a
quantidade de energia transmitida pelo controlador ao atuador é denominado ganho
proporcional (representado por KP). Sua faixa de ajuste varia entre 1 e 100%.
28
Devem-se analisar as três respostas produzidas pelo controlador proporcional
levando-se em consideração três aspectos: a velocidade, a oscilação e o erro
estacionário da variável de processo.
A velocidade da resposta da variável de processo está relacionada com o
ângulo de subida da curva analisada e quanto mais próximo este ângulo estiver de
90º mais rápida será a resposta produzida pelo controlador. Portanto, em ambos os
gráficos da figura 19, observa-se que o aumento do valor de ganho proporcional
produz aumento na velocidade da variável de processo.
A oscilação produzida pelo controlador proporcional pode ser observada na
figura 19-b. Neste caso, nota-se que se o valor de ganho proporcional for
aumentado, então, as oscilações na variável de processo também aumentam.
Nota: em algumas situações, o ganho proporcional elevado produz oscilações
permanentes e o controlador proporcional passa a se comportar como um
controlador on-off.
29
2.3.2 controle integral ou controlador I
Um controlador integral tem a capacidade de calcular a integral do sinal de
erro. Como efeito prático percebido o erro estacionário da variável de processo será
eliminado.
De maneira semelhante ao controlador proporcional, o controlador integral
também irá trabalhar no sentido de aumentar a velocidade de correção da variável
de processo, porém, neste caso existe a vantagem de que o erro estacionário será
sempre eliminado pelo controlador integral.
O fator de ajuste do controlador integral é denominado ganho integral
(representado por KI). Os valores de ganho integral iniciam em 0 rpm e podem ir até
algumas dezenas de rpm.
30
ganho proporcional, o erro será sempre eliminado, ou seja, a variável de processo
será sempre estabilizada no mesmo valor de set point (isto é, sempre VP = SP).
Nota: o controlador integral é utilizado para eliminar o erro estacionário da
variável de processo.
Porém, o controle derivativo não pode ser utilizado isoladamente, pois, neste
caso, a variável de processo é anulada, conforme mostra a figura 23.
31
Observa-se, no gráfico da figura 23, que a ação de controle derivativa,
quando usada isoladamente, zera a variável de processo. Isso ocorre sempre e para
qualquer valor de ganho derivativo. Por essa razão, deve-se combinar o controle
derivativo com os demais controladores e, assim, formar os seguintes controladores:
proporcional-derivativo, integral-derivativo ou proporcional-integral-derivativo.
Nota: quando a ação derivativa é combinada com as demais ações de
controle, ela atua visando diminuir ou eliminar as oscilações na variável de processo.
32
Figura 24 - Diagrama em blocos para o controlador PI.
33
2.3.5 controle proporcional-derivativo ou controlador PD
Um controlador PD é formado pela combinação dos controladores
proporcional e derivativo.
O controlador proporcional tem a função de aumentar a velocidade e diminuir
o erro estacionário da variável de processo, porém, esta pode apresentar oscilações
excessivas para valores de ganho proporcional elevados. Por outro lado, um
controlador derivativo não deve ser utilizado isoladamente, pois o mesmo elimina a
variável de processo. Porém, quando o controle derivativo é combinado com o
controle proporcional, a variável de processo terá suas oscilações reduzidas (ou
mesmo eliminadas) devido à ação do controlador derivativo.
Em um controle PD há dois parâmetros de ajuste: o ganho proporcional e o
ganho derivativo. Ambos estão relacionados através do tempo derivativo T d.
Matematicamente, esta relação é obtida pela seguinte equação:
34
Figura 27 - Eliminação das oscilações na VP pela ação de controle proporcional-derivativa.
36
Tabela 1 - Regras para ajuste do controlador PID.
Figura 30 - Tipos de respostas para variável de processo com controle PID mal sintonizado.
VP mais rápida, mais instável ou mais VP mais lenta, mais estável ou menos
Ganho
oscilante ou com maior sobressinal e oscilante ou com menor sobressinal e
Proporcional
erro estacionário baixo. erro estacionário alto.
VP mais rápida, atingindo rapidamente VP mais lenta, demorando a atingir o
Ganho
o set point, mais instável ou mais set point, mais estável ou menos
Integral
oscilante e com maior sobressinal. oscilante e com menor sobressinal.
Ganho VP menos oscilante e com menor VP mais oscilante e com maior
Derivativo sobressinal. sobressinal.
38
3 CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL
3.1 Definição
É um equipamento eletrônico digital que possui uma memória programável
para armazenamento interno de instruções específicas como intertravamento,
sequenciamento, temporização, contagem, comparação, aritmética e outros, a fim
de controlar vários tipos de máquinas ou processos industriais, através da troca de
dados entre sensores e atuadores com módulos (placas) de entradas e saídas,
respectivamente.
Um controlador lógico programável (CLP) é um computador de pequeno
porte, autocontido e robusto projetado para controlar processos no ambiente
industrial. Em outras palavras, um CLP é um equipamento robusto e flexível que
executa uma função previamente programada. Hoje são utilizados também para
controle de processos executando funções simples e complexas como algoritmos
PID.
O CLP surgiu em 1968 na indústria automobilística americana,
especificamente na “Hydronic Division” da “General Motors”. Sua função inicial foi
substituir os painéis de lógica a relés (intertravamento e temporização, por exemplo)
utilizados na época. Atualmente, os CLPs estão, cada vez mais, assumindo a
totalidade das aplicações industriais, comerciais e de serviço.
Cada CLP contém um microprocessador programado para dirigir os terminais
de saída de uma maneira especificada, com base dos valores dos terminais de
entrada. Conectados às entradas do CLP estão os sensores, chaves, botoeiras,
contatos normalmente abertos ou fechados provenientes de pressóstatos,
termostatos, fluxostatos e demais dispositivos de medições. As saídas, por sua vez,
estão conectadas aos atuadores: motores, contactores, relés, lâmpadas, sirenes e
outros.
39
A figura 31 mostra o esquema de conexão entre os CLPs e os sensores e
atuadores.
40
3.2 Vantagens e desvantagens dos CLPs
Independentemente do tipo, modelo, capacidade e tamanho todos os CLPs
possuem vantagens e desvantagens comuns.
Como exemplos de vantagens, temos:
menor consumo de energia elétrica;
reutilizáveis;
reprogramáveis;
maior confiabilidade;
maior flexibilidade;
maior rapidez na elaboração dos projetos;
interfaces de comunicação com outros CLPs e computadores;
baixo investimento em fiação;
espaço para instalação reduzido;
baixo custo de projeto;
baixo custo para depuração e start-up;
enorme facilidade para efetuar reformas e/ou ampliações; e
tecnologia consolidada e amplamente utilizada.
41
3.3 Ciclo de funcionamento dos CLPs
O ciclo de funcionamento do CLP é denominado ciclo de varredura e o tempo
necessário para sua execução é denominado scan time. Para melhor compreensão
do funcionamento de um CLP, vamos representar seu ciclo de funcionamento por
três blocos: unidades de entradas, unidade central de processamento e unidades de
saídas.
Etapa Descrição
o CLP verifica o funcionamento eletrônico da CPU, memórias e circuitos auxiliares,
verifica a configuração interna e compara com os circuitos instalados, verifica o
inicialização estado das chaves principais (RUN/STOP, PROG e outras), desativa todas as
saídas; verifica a existência de um programa de usuário e, no caso de alguma
falha, emite um aviso de erro (em geral acendimento de um LED).
o CLP verifica os estados de cada uma das suas entradas (digitais e analógicas),
leitura das
checando se alguma delas foi acionada ou mudou de valor; os dados obtidos são
entradas
então transferidos para a memória imagem de entradas.
execução após concluir o carregamento da memória-imagem de entradas, o CLP compara
do essas informações com os dados armazenados em seu programa usuários e
programa atualiza o estado da memória imagem das saídas.
após concluir a atualização do estado da memória-imagem de saída, o CLP
atualização
transfere esses dados aos seus cartões ou interfaces de saídas; inicia-se, então,
das saídas
um novo ciclo.
43
3.4 Arquitetura dos CLPs
Conforme já foi apresentado, um CLP pode ser dividido em três partes:
unidade de entradas, unidade de processamento e unidades de saídas. A figura 34
mostra o esquema básico de ligação entre o CLP e uma máquina ou processo
automatizado.
44
3.4.2 Unidades de entradas
São placas ou cartões do CLP que podem ter um ou mais canais de aquisição
de dados. Estes devem ser capazes de codificar sinais analógicos ou digitais de
diversos níveis de tensão ou corrente (alternada ou contínua) oriunda dos diversos
tipos de sensores.
As unidades de entradas do CLP podem ser: a relé, a transistor ou a
acoplador ótico, sendo mais recomendada a utilização das entradas a acoplador
ótico, pois estas possibilitam compatibilizar os sinais provenientes dos dispositivos
de entradas (sensores) com a CPU, protegendo-a contra descargas elétricas e
atmosféricas. Dessa forma, por exemplo, no caso de um curto circuito em um
sensor, somente seriam danificados o próprio sensor e o circuito isolador ótico do
canal onde este fora instalado. A partir desse ponto a CPU, bem como o programa
usuário, seriam preservados sendo necessário apenas substituir o sensor danificado
e reparar ou substituir a placa danificada.
A figura 35 mostra o diagrama em blocos, típico dos canais de entrada para
CLP.
Nota: de acordo com o tipo de sinal suportado pelo canal de entrada do CLP,
este pode ser classificado em digital ou analógico.
45
Figura 36 - Diagrama em blocos para as unidades de saídas.
Figura 38 - Características de transição dos sinais elétricos das entradas e saídas dos CLPs.
47
Tabela 4 - Sinais padrões para as entradas e saídas dos CLPs.
0 a 20mA
Corrente
4 a 20mA
48
As figuras 39 e 40 mostram os diagramas esquemáticos básicos das
unidades de entradas digitais alternadas, NPN e PNP. A figura 41 mostra o esquema
de ligação elétrica dos dispositivos às entradas digitais de um CLP.
49
b) saídas digitais
E no caso das saídas digitais, têm-se: saídas NPN ou tipo N e saídas PNP ou
tipo P. As saídas do tipo N são acionadas por nível baixo, ou seja, o CLP envia 0V CC
para os atuadores e estes possuem ponto comum em +24VCC. Já as saídas do tipo
P são acionadas por nível alto, ou seja, o CLP envia +24V CC aos atuadores e estes
possuem ponto comum em 0VCC.
Também existem as saídas digitais que trabalham com tensão alternada. Os
CLPs que possuem esse tipo de saída digital geralmente possuem relés internos
para interligação dos atuadores. Em outras situações, podem utilizar optotriacs no
lugar dos relés.
A figura 42 mostra o esquema de ligação elétrica dos atuadores com as
saídas digitais de um CLP nas configurações NPN, PNP e alternada.
c) entradas analógicas
Os canais de entradas analógicas dos CLPs têm a função de converter sinais
analógicos (em corrente ou em tensão), provenientes dos diversos transdutores, em
valores numéricos que podem ser utilizados pelo controlador programável. Os
transdutores analógicos são todos aqueles que necessitam fazer conversão de
curso, peso, pressão e outras variáveis. Como exemplo de transdutores analógicos
temos: réguas potenciométricas, células extensométricas, PT-100 e outros. A figura
43 mostra os esquemas de ligações elétricas para as entradas analógicas dos CLPs.
50
Figura 43 - Ligações elétricas para entradas analógicas do CLP.
d) saídas analógicas
As saídas analógicas convertem valores numéricos (presets de pressões,
velocidades ou qualquer outro parâmetro) em sinais elétricos variáveis. Dentre os
vários tipos de atuadores analógicos, podemos citar: ponte tiristorizada, conversor
de frequência, válvula proporcional, posicionadores, etc.
A figura 44 mostra o esquema de ligação elétrica dos atuadores com saídas
analógicas dos CLPs em tensão ou em corrente.
Figura 44 - Ligações elétricas para saídas analógicas dos CLPs em tensão ou em corrente.
51
3.6 Tipos de CLPs
Os primeiros controladores lógicos programáveis eram programados em
Assembler. As formas específicas de programação variavam de acordo com o
processador utilizado no projeto do CLP. Dessa forma, para se programar os
primeiros CLPs, era necessário conhecer a eletrônica do projeto do CLP. Portanto, a
missão de programar esses CLPs era de uma equipe técnica altamente qualificada;
o algoritmo de controle era gravado em uma memória EPRON, sendo realizada
normalmente em laboratórios juntamente com a construção do CLP.
A segunda geração dos CLPs deu origem às primeiras linguagens de
programação. Porém, essas linguagens ainda dependiam bastante do hardware do
equipamento. A programação dos CLPs passou a ser realizada através de terminais
de programação (ou maletas de programação como eram conhecidas). Esses
terminais na verdade eram programadores de memórias EPROM que depois de
programadas eram inseridas na CPU do CLP.
A terceira geração dos CLPs possuiu uma entrada de programação para
conexão de um teclado ou terminal de programação portátil. Este, por sua vez, podia
alterar, apagar ou gravar o programa usuário, além de realizar testes (debug) no
programa e no equipamento. Nessa geração de CLPs também surgiram os primeiros
CLPs modulares com bastidores ou racks.
Com a popularização e a diminuição dos preços dos microcomputadores
(normalmente clones do IBM PC), os CLPs passaram a incluir uma entrada para a
comunicação serial. Dessa forma, a quarta geração de CLPs passou a contar com o
auxílio dos microcomputadores na tarefa de programação; isso possibilitou utilizar
várias representações das linguagens de programação, a possibilidade de
simulações e testes no programa usuário.
Atualmente os CLPs estão na quinta geração. Nesta, existe uma preocupação
em padronizar protocolos de comunicação para os CLPs, de modo a proporcionar
que o equipamento de um fabricante “converse” com o equipamento de outro
fabricante. Essa comunicação envolve não somente os CLPs, mas também os
controladores de processos, sistemas supervisórios, redes internas de comunicação
etc., proporcionando uma integração a fim de facilitar a automação, gerenciamento e
desenvolvimento de plantas industriais mais flexíveis e normalizadas.
52
Atualmente há uma grande variedade de CLPs no mercado. Os mesmos
podem ser modulares (com rack de expansão), compactos sem IHM ou compactos
com IHM incorporda.compactos com ou sem IHM, modulares ou com IHM
incorporda.
53
Esses CLPs possuem capacidades de processamentos elevadas e permitem,
ainda, realizam instruções simples e complexas: intertravamentos, contagem,
temporização, comparação, operações aritméticas, operações lógicas e algoritmos
PID e outras.
Também podem ser interligados com outros CLPs, a sistemas supervisórios,
a interfaces de E/S e outros automatismos através de suas portas de comunicação,
formando as redes industriais. A figura 46 mostra alguns modelos desse tipo de
CLP.
54
Figura 47 - Modelos de CLPs com IHM incorporada (diversos fabricantes).
55
3.7 Portas de comunicação dos CLPs
As portas de comunicação dos CLPs são os meios de conexão desses
equipamentos com os terminais de programação, supervisão e operação. Os
terminais de programação são computadores pessoais que contém o aplicativo de
desenvolvimento dos algoritmos que serão executados pelo CLP. Os terminais de
supervisão e de operação podem ser computadores pessoais ou industriais que
executam em suas memórias um software de supervisão dedicado ao sistema
controlado pelo CLP; mas, também podem ser formados por IHMs devidamente
programadas.
Então, as portas de comunicação de um CLP permitem a comunicação direta
com outros CLPs, com IHMs, com computadores e com unidades de entradas e
saídas remotas. Essa comunicação ocorre através de protocolos de comunicação
(códigos bínários) através de um cabo de comunicação, formando, assim, a
infraestrutura de comunicação de uma rede industrial.
Geralmente, os cabos de comunicação dos CLP mais utilizados são cabos
seriais nos padrões RS232 e RS485. Alguns fabricantes de CLPs utilizam, além do
cabo serial, um conversor de sinais ou chave de programação que deve ser
conectada a uma saída serial do computador que será utilizado para programar,
supervisionar ou operar o CLP.
Os cabos RS232 permitem a conexão direta somente entre dois dispositivos à
distância máxima de 15 metros. Por outro lado, os cabos RS485 permitem a
comunicação entre mais de 2 dispositivos a distâncias maiores (aproximadamente
200 metros). Isso torna o padrão de comunicação RS485 mais adequado às redes
industriais.
Normalmente, os cabos de comunicação no padrão RS232 possuem em seus
extremos dois conectores DB9 (um macho e uma fêmea); também é possível utilizar
em uma extremidade um conector DB9 fêmea e na outra extremidade um conector
RJ11 de 6 pinos.
A figura 48 mostra as ligações dos cabos de comunicação nos padrões
RS232 tipicamente utilizados nas comunicações entre os microcomputadores e os
CLPs.
56
Figura 48 - Cabos RS232 para comunicação entre microcomputador e CLP.
Figura 49 - Cabo RS485 para comunicação entre microcomputador e CLP em curta distância.
57
Por fim, a figura 50 mostra as ligações do cabo de comunicação RS485
utilizado na transferência de dados entre o dois ou mais CLPs. Neste caso, basta
utilizar dois fios. Recomenda-se o uso de um cabo blindado aterrado em uma das
extremidades.
58
3.8 Normas técnicas para os CLPs
No Brasil, segundo a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), o
controlador lógico programável é “o equipamento eletrônico digital com hardware e
software compatíveis com aplicações industriais”. Porém, de acordo com a NEMA
(National Electrical Manufactures Association) o CLP é “o aparelho eletrônico digital
que utiliza uma memória programável para armazenar internamente instruções e
para implementar funções específicas, tais como lógica, sequenciamento,
temporização, contagem e aritmética, controlando, por meio de módulos de entradas
e saídas, vários tipos de máquinas ou processos”.
Em outras palavras, o CLP é um equipamento eletrônico formado por
hardware e software projetados de maneira específica e dedicados a aplicações de
controle industrial. A integração do CLP aos sistemas de controles industriais é feita
através de módulos de entradas e saídas digitais e analógicas.
Portanto, a definição, construção, aplicação, instalação, funcionamento e
operação dos CLPs são definidos segundo as normas técnicas estabelecidas pela
ABNT e NEMA. Porém, a programação desse equipamento, infelizmente ainda não
possui uma padronização bem definida. Mas, atualmente, existe um comitê
internacional que visa padronizar as linguagens de programação dos CLPs. Esse
comitê faz parte do IEC (International Electrotechnical Committe).
59
3.9 Programação dos CLPs.
A responsabilidade pela padronização das linguagens de programação dos
controladores lógicos programáveis é da IEC (International Electrotechnical
Committe) através da norma IEC 61131-3.
Essa norma é o primeiro esforço real para padronizar as linguagens de
programação dos CLPs. É resultado da união de sete grandes empresas
internacionais, com dezenas de anos em experiência em automação industrial.
Busca-se com essa norma especificar a sintaxe e semântica de uma suíte
(biblioteca) unificada de linguagens de programação para os CLPs.
Basicamente, há quatro linguagens de programação: duas textuais e duas
gráficas, conforme mostra a tabela 5.
60
3.9.1 Linguagem ST (Strutured Text)
A linguagem ST (Structured Text) ou linguagem de texto estruturado é um
tipo de linguagem é uma linguagem de programação de alto nível, muito poderosa,
com raízes Ada, Pascal e C++. Contém todos os elementos essenciais de uma
linguagem moderna, incluindo estruturas condicionais (IF-THEN-ELSE e CASE OF)
e iterações (FOR, WHILE e REPEAT). A seguir, tem-se um exemplo de texto
estruturado aplicado a programação de um CLP.
61
3.9.2 Linguagem IL (Instruction List)
A linguagem IL (Instruction List) ou lista de instruções é um tipo de
linguagem de programação de origem européia semelhante ao Assembler. A seguir,
tem-se um exemplo de programa de CLP utilizando lista de instruções.
62
3.9.3 Linguagem FDB (Function Diagram Blocks)
A linguagem FBD (Function Diagram Blocks) ou diagrama de blocos de
funções é uma forma de programação de CLPs bastante utilizada na indústria de
processos. Ela expressa o comportamento de funções, blocos funcionais e
programas como um conjunto de blocos gráficos interligados, como ocorre nos
diagramas de circuitos eletrônicos. A sua aparência relembra os diagramas de fluxo
de sinais entre elementos de processamento. A figura 53 mostra um exemplo de
programa utilizando esse tipo de linguagem.
63
3.9.4 Linguagem LD (Ladder Diagram)
A linguagem LD (Ladder Diagram) ou diagrama de relés foi originada nos
EUA. É baseada na representação dos diagramas lógicos de acionamento
desenvolvidos por eletrotécnicos e profissionais da área de controle. Permite que se
desenvolvam lógicas combinacionais, sequenciais e circuitos que envolvam ambas,
utilizando como operadores para estas lógicas: entradas, saídas, estados auxiliares
e registros numéricos. A tabela 6 mostra os três principais símbolos de programação
em LADDER.
contato NA
contato NF
64
Na figura 54 é possível observar que para desenvolver um programa para o
CLP em linguagem LADDER a partir de um diagrama de comando elétrico, basta
girar as linhas de comando do circuito elétrico no sentido anti-horário, deixando-as
na posição horizontal. Em seguida, devem-se substituir os símbolos elétricos pelos
seus equivalentes em LADDER.
Ainda na figura 54, note que nos casos onde a linha de energia inferior do
diagrama de comandos elétricos (barramento de 0V) apresenta componentes em
paralelo; porém, no programa em LADDER, cada um dos relés (K1, K2 e K4)
recebeu uma linha exclusiva. Isso geralmente ocorre nos algoritmos de programação
dos CLPs, pois a maioria destes não admite paralelos na região de saída de suas
linhas de instruções.
Também existe uma relação entre as portas lógicas básicas e a linguagem
LADDER, conforme mostra a tabela 7.
E (AND) S A.B
OU (OR) S A B
NÃO (NOT) S A
65
3.9.5 Linguagem SFC (Grafcet)
Alguns fabricantes disponibilizam seus CLPs com recursos de programação
através de gráficos sequenciais. Esse tipo de programação é denominado de
método SFC (sequential function chart) ou simplesmente Grafcet. Através desse
tipo de linguagem de programação, descreve-se graficamente o comportamento
sequencial de um programa de controle.
O método de programação Grafcet é derivado das redes de Petri e da norma
IEC 848 Grafcet. Consiste de “passos”, interligados com blocos de “ações” e
“transições”. Cada passo representa um estado particular do sistema que está sendo
controlado.
A figura 55 mostra um exemplo de aplicação com esse tipo de linguagem.
66
4 REDES INDUSTRIAIS E SISTEMAS SUPERVISÓRIOS
4.1.1 Definição
As redes industriais ou redes de chão de fábrica interligam máquinas,
robôs, sensores, atuadores e controladores, computadores industriais, interfaces de
entrada/saída e outros equipamentos industriais que trocam informações através de
cabos (fios elétricos e fibras-óticas, por exemplo) ou através de ondas
eletromagnéticas (sinais de rádio frequência, wireless, micro-ondas, por exemplo).
Também é possível utilizar a infraestrutura da rede de telefonia (fixa ou GSM) para
transmitir as informações dos sistemas de automação industrial a longas distâncias.
Portanto, as redes industriais possuem equipamentos, softwares e meios de
transmissões que podem ser por cabos ou sem fios. São sistemas de transmissão
de dados digitais entre os dispositivos de automação industrial (sensores,
controladores, atuadores e outros) capazes de se comunicar através de bits, bytes
ou pacotes de informações digitais.
Para que ocorra a transmissão de dados entre os equipamentos que formam
as redes industriais, é necessário que estes possuam transmissores e receptores de
sinais; também é necessário que os equipamentos possuam uma “linguagem”
comum, isto é, que utilizem o mesmo sistema de troca de informações denominado
protocolo de comunicação.
Nota: quando a rede industrial possui equipamentos que utilizam diferentes
protocolos de comunicações, é necessário utilizar conversores de sinais ou
conversores de protocolos industriais.
67
fatores, deve-se considerar: custos de implantação e manutenção, quantidades de
dispositivos utilizados, velocidade de transmissão de dados e imunidade a ruídos
e/ou a interferências eletromagnéticas.
A figura 56 mostra a arquitetura simplificada de uma rede industrial. Na figura
57, representa-se um sistema industrial com controle distribuído.
70
tabela 9 mostra as características desses tipos de classificações para as redes
industriais.
Nome Característica
os dados são transmitidos na forma de bits;
conecta equipamentos simples e pequenos diretamente à rede;
os equipamentos necessitam de comunicação rápida em níveis discretos e são
Sensorbus tipicamente sensores e atuadores de baixo custo; e
não almejam cobrir grandes distâncias, sendo sua principal preocupação manter os
custos de conexão tão baixos quanto for possível.
Como exemplos, temos: Seriplex, ASI e INTERBUS Loop.
os dados são transferidos na forma de bytes;
preenche o espaço entre redes Sensorbus e Fieldbus;
pode cobrir distâncias de até 500 m;
os equipamentos conectados a esta rede terão mais pontos discretos, alguns dados
analógicos ou uma mistura de ambos;
Devicebus algumas destas redes permitem a transferência de blocos em uma menor prioridade
comparado aos dados no formato de bytes; e
têm os mesmos requisitos de transferência rápida de dados da rede de Sensorbus,
porém consegue gerenciar mais equipamentos e dados.
Como exemplos, temos: DeviceNet, Smart Distributed System (SDS), Profibus DP,
LONWorks e INTERBUS-S.
os dados são transferidos na forma de pacotes de mensagens;
interliga os equipamentos de E/S mais inteligentes e pode cobrir distâncias maiores;
os equipamentos acoplados à rede possuem inteligência para desempenhar funções
específicas de controle tais como loops PID, controle de fluxo de informações e
Fieldbus processos;
os tempos de transferência de dados podem ser longos mas a rede deve ser capaz de
comunicar-se por vários tipos de dados (discreto, analógico, parâmetros, programas e
informações do usuário).
Como exemplos, temos: IEC/ISA SP50, Fieldbus Foundation, Profibus PA e HART.
71
4.1.4 Padrões de comunicação das redes industriais
A interligação de elementos ao nível de chão-de-fábrica (CLPs, válvulas,
indicadores dedicados, sensores, transdutores, atuadores e outros) é denominação
genericamente de "barramento de campo" ou Fieldbus. Portanto, O termo Fieldbus
descreve uma rede de comunicação digital que veio substituir o sistema de sinal
analógico 4 – 20 mA existente ainda hoje nas indústrias. Apesar de sua tecnologia
ultrapassada (desenvolvida na década de 60) é muito difundida devido a sua
imunidade às interferências eletromagnéticas.
O Fieldbus pode ser definido como uma rede digital, bidirecional (de acesso
compartilhado), multiponto e serial, utilizado para interligar os dispositivos primários
de automação (dispositivos de campo) a um sistema integrado de automação e
controle de processos. Cada dispositivo de campo pode possuir uma "inteligência"
(microprocessamento), o que o torna capaz de executar funções simples em si
mesmo, tais como diagnóstico, controle e funções de manutenção, além de
possibilitar a comunicação entre dispositivos de campo (não apenas entre o
engenheiro e o dispositivo de campo).
Com o objetivo de criar e especificar normas e padrões para transmissão
digital em instrumentação, na década de 80 houve a formação de fóruns
internacionais, ISA, (Instrument Society of America), IEC (International
Electrotechnical Commission), Profibus (German National Standard) e FIP (French
National Standard), para formar o comitê IEC/ISA SP50 Fieldbus.
Pretendia-se, então, integrar os diferentes tipos de instrumentos de controle,
proporcionando uma interface para a operação de diversos dispositivos
simultaneamente e um conjunto de protocolos de comunicação para todos eles.
Porém, devido à diversidade de produtos e métodos de implementação, o processo
de padronização se tornou lento, não permitindo uma solução direta e simples para
ser padronizada.
Essa luta pela padronização das transmissões digitais ainda está presente até
os dias atuais e pode ser resumida na tabela 10.
72
Tabela 10 - Histórico das tentativas de padronização das transmissões digitais na indústria.
a) Fieldbus
Esse protocolo foi desenvolvido para automação de sistemas de fabricação,
elaborado pela FieldBus Foundation e normalizado pela ISA (The International
Society for Measurement and Control). Como pode ser observado na figura a seguir,
o protocolo Fieldbus visa à interligação de instrumentos e equipamentos,
possibilitando o controle e monitoração dos processos.
Conforme mostra a figura 3.6, numa rede Fieldbus, cada dispositivo de campo
pode ou não possuir uma "inteligência própria", ou seja, cada dispositivo de campo
pode ser capaz de executar funções simples em si mesmo, tais como diagnóstico,
controle e funções de manutenção, além de possibilitar a comunicação entre outros
dispositivos de campo.
73
Figura 59 - Modelo de arquitetura de uma rede Fieldbus.
b) Profibus
Esse protocolo de comunicação industrial é um padrão aberto de rede de
comunicação industrial, utilizado em um amplo espectro de aplicações em
automação de manufatura, de processos, predial e naval. Sua total independência
de fabricantes e sua padronização são garantidas pelas normas EN50170 e
EN50254. Com o Profibus, dispositivos de diferentes fabricantes podem comunicar-
se sem a necessidade de qualquer adaptação na interface.
74
4.2 Sistemas supervisórios
4.2.1 Definição
Os sistemas supervisórios ou sistemas de supervisão são programas
executados através de computadores pessoais ou industriais com o objetivo de
operar e monitorar os funcionamentos das plantas ou processos industriais.
Os sistemas supervisórios mais utilizados operam segundo a arquitetura
denominada SCADA (Supervisory Control And Data Acquisition). Na automação
industrial, os sistemas SCADA são responsáveis pela supervisão, controle e
aquisição de dados e são formados por um ou mais computadores monitorando e
controlando um processo industrial.
Portanto, os sistemas de supervisão permitem monitorar toda a estrutura
física da planta possibilitando a alteração e visualização de valores (presets e
variáveis de processo); além disso, permitem: gerar alarmes visuais, relatórios,
armazenar informações em bancos de dados e outras funções, os sistemas de
supervisão também possibilitam às redes industriais que a planta ou processo seja
monitorado remotamente através de uma conexão via internet, conforme mostra a
figura 61.
75
4.2.2 Vantagens e desvantagens
Na verdade, os sistemas de supervisão são interfaces homem-máquina
(IHMs), porém, são IHMs virtuais, pois estão instalados em computadores. Possuem
como principais características: alta capacidade de processamento, armazenamento
de dados, interação gráfica e compartilhamento de dados e funções. Estas
características permitem: gerar relatórios, históricos, alarmes de eventos, bancos de
dados, gráficos de tendência, criar animações que representam peças ou
componentes da planta ou processo, entre outras funções, a fim de que a planta
industrial possa ser operada à distância de forma segura e eficiente, permitindo ao
operador (ou instrumentista) ter e noção de estar diante da planta real.
Quando se utiliza um sistema de supervisão é necessário desenvolver um
ambiente (programa) que mostre a dinâmica da planta ou processo industrial a fim
de que se tenha a nítida impressão que se está diante da planta ou processo.
Normalmente esse recurso é instalado remotamente ao local de instalação do
processo industrial e, dependendo da criatividade do programador ou da
necessidade da operação, são atribuídos recursos como: animações, gráficos,
históricos, relatórios, alteração e visualização de parâmetros (set points e variáveis
de processos), geração de alarmes e outros.
Os sistemas SCADA possuem várias vantagens quando comparados aos
painéis de instrumentação tradicionais:
menores custos de projeto e montagem;
menores quantidades de instrumentos e peças de reposição para painéis,
pois, nos sistemas SCADA os mesmos são virtuais;
menor espaço físico para instalação da sala de controle;
disponibilização de dados em formato eletrônico (digital), permitindo, por
exemplo, produzir relatórios, históricos e banco de dados e, também,
integrar o sistema SCADA a outros sistemas informatizados de
gerenciamento: ERP, (Enterprise Resource Planning), SIGE (Sistemas
Integrados de Gestão Empresarial) e SAP(Systeme, Anwendungen und
Produkte, em alemão);
segurança e facilidade de operação ou manobra, pois os instrumentos
podem ser acionados remotamente através do teclado ou mouse do
computador onde o sistema SCADA está instalado;
76
entre outras.
Porém, os sistemas SCADA também apresentam desvantagens. Dentre as
quais, destacamos:
necessidade de mão-de-obra altamente qualificada para instalação
(programação), manutenção e operação; e
necessidade de um espaço físico limpo, refrigerado e com fonte de
energia de qualidade (sistema com no-break, devidamente aterrado e com
imunidade a interferências e descargas atmosféricas).
77
Figura 62 - Sistema SCADA integrado com CLP modular ou compacto.
78
Figura 64 - Sistema SCADA integrado com rede de CLPs.
79
4.2.4 Componentes
Os sistemas supervisórios com arquitetura SCADA possuem várias
ferramentas (gráficas e textuais; estáticas e dinâmicas) com as quais é possível criar
aplicações simples e complexas para monitoração e operação dos sistemas de
automação industrial de grande e pequeno porte. Sendo as principais ferramentas:
tags, telas, indicadores, animações, gráficos de barras, gráficos de tendências,
alarmes, receitas, históricos, relatórios, drivers e banco de dados.
a) tags
A supervisão de um processo com um sistema SCADA só é possível graças à
leitura das variáveis de processos no campo. Os valores dessas variáveis são
associados a objetos do sistema denominados tags ou atributos. Os tags são todas
as variáveis (numéricas ou alfanuméricas) presentes numa aplicação.
Para cada objeto inserido na tela do sistema SCADA (animações,
indicadores, gráficos, e outros), devem-se associar pelo menos um tag.
Para facilitar o desenvolvimento e manutenção da aplicação, recomenda-se
ao programador do sistema SCADA que este crie grupos de tags para cada função
ou malha de controle presente na planta industrial supervisionada. Por exemplo:
grupo temperatura, grupo nível, grupo vazão, grupo pressão e assim por diante.
Portanto, cada sensor e atuador presente na planta industrial de interesse ao
sistema de supervisão devem possuir um tag associado ao mesmo. Neste caso, os
tags são ditos tags externos. Porém, também é possível criar tags internas ao
sistema de supervisão.
b) telas
Uma tela pode ser definida como uma janela para monitoramento completo ou
parcial de um processo industrial. Normalmente o número de telas em uma
aplicação é ilimitado, porém é necessário atentar para as capacidades de
processamento e de memória do computador onde o sistema SCADA será instalado
para evitar lentidões ou travamentos da aplicação.
Para uma melhor visualização do sistema de supervisão, podem ser utilizadas
imagens de fundo para as telas. Normalmente, são utilizadas imagens no formato
bitmap do Windows que são criadas em diversas aplicações Windows específicas
80
para desenho: Paintbrush, Coreldrawn, entre outras. Recomenda-se que essas
imagens de fundo possuam os dispositivos presentes na planta industrial
representados através de imagens ou símbolos adequados e devidamente
interligados de tal forma que o resultado final permita ao operador visualizar todos os
estágios de funcionamento da planta industrial como se estivesse diante da mesma
e de seus componentes.
Além das imagens de fundo, também podem ser utilizados: indicadores
(digitais e analógicos), animações, ícones, botoeiras, botões deslizantes, chaves
seletoras, lâmpadas de sinalização, gráficos de barras (bargraf) e gráficos de
tendência (registradores gráficos).
c) alarmes
Os alarmes têm a função de informar ao operador a ocorrência de uma
situação de anormalidade que compromete o funcionamento da planta industrial.
Podem ser textuais, gráficos, sonoros ou uma combinação destes.
Os alarmes textuais podem ser armazenados em um banco de dados muitas
vezes denominado log de eventos de alarmes para impressão através de relatórios
ou análise posterior. No log de eventos de alarmes podem ser armazenadas as
informações de data e hora da ocorrência.
d) receitas
São conjuntos de valores pré-determinados que podem ser transferidos a um
grupo de tags para configurar um processo específico. Esta lista de tags é
denominada modelo de receita.
Para exemplificar, suponha que existe uma máquina que produz garrafas para
água mineral de diferentes tamanhos ou capacidades: 300 ml, 500 ml, 1000 ml e
1500 ml, por exemplo. As variáveis envolvidas nesse processo serão sempre as
mesmas, porém, seus valores provavelmente irão mudar de acordo com o tipo de
garrafa que se pretende produzir. Em outras palavras, existem diferentes
configurações da máquina para cada tipo de garrafa que pode ser produzida. As
receitas permitem que esses valores possam ser gravados em receitas para serem
utilizados posteriormente. Isso facilita a tarefa do operador da máquina e evita erros
de ajustes e, por consequência, aumenta a eficiência e segurança da operação.
81
Então, pode-se criar um modelo padrão de receita “garrafa” com várias
receitas semelhentes: “garrafa 300 ml”, “garrafa 500 ml”, “garrafa 1000 ml” e “garrafa
1500 ml”. Estas serão salvas uma única vez e podem ser recuperadas sempre que
necessário.
e) históricos
Os históricos permitem armazenar a variação dos dados de um processo ao
longo do tempo, possibilitando análises futuras dos mesmos. Podem ser produzidos
de duas maneiras: contínua ou por bateladas (batch). Na forma contínua, o sistema
SCADA armazena os dados continuamente durante a execução da aplicação.
Porém, na forma por bateladas, o histórico é feito por lotes ou amostragem dos
valores das variáveis de interesse.
f) relatórios
Os relatórios permitem imprimir os dados provenientes de históricos, de
alarmes, receitas, os valores de tags em tempo real e, ainda, imprimir gráficos.
g) drivers
São bibliotecas que permitem que sistema SCADA se comunique com os
equipamentos industriais; possuem as configurações necessárias para que software
de supervisão reconheça os dispositivos instalados na planta industrial e troque
informações com os mesmos. Em geral, os drivers são bibliotecas de vínculo
dinâmico (DLLs) e são fornecidas pelos fabricantes dos softwares de
desenvolvimento dos sistemas supervisórios. Esses fabricantes também
disponibilizam documentos contendo informações acerca da instalação e
configuração dos drivers.
h) banco de dados
Este recurso permite criar e manipular bancos de dados dentro do sistema
SCADA e utiliza o padrão ODBC (Open Database Connectivity) do Windows que
efetua a manipulação do banco de dados enviando e recebendo informações.
Através do padrão ODBC é possível ter acesso a diferentes bancos de dados:
Oracle, Access, MySQL, Interbase entre outros.
82
4.2.5 Sistemas supervisórios na indústria naval
A grande quantidade de máquinas e sistemas presentes nos navios, bem
como suas grandes dimensões, faz dos mesmos um ambiente excelente para
utilização de redes industriais e sistemas supervisórios, pois estes permitem
centralizar todas as operações do navio em uma estação de supervisão e controle
que pode estar instalada no passadiço ou no CCM do navio, por exemplo.
As redes industriais integram os controladores dos diversos sistemas do
navio: caldeiras, geradores, propulsores, sistema de governo, sistemas de
refrigeração, sistemas de nível em tanques, sistemas de bombeamento, sistema de
partida, parada e aceleração do MCP, entre outros. Por sua vez, os sistemas
supervisórios permitem monitorar e operar esses mesmos sistemas a distância de
forma eficiente e segura.
As figuras 66 e 67 mostram dois exemplos de sistemas supervisórios
utilizados em navios. Observe que, em ambos os casos, os sistemas supervisórios
possuem telas que visam representar os dispositivos e as conexões reais da planta
supervisionada.
83
Figura 67 - Exemplo de sistema supervisório para praça de máquinas.
84
5 INVERSORES DE FREQUÊNCIA
5.1 Definição
Os inversores de frequência são equipamentos eletrônicos utilizados como
driver de potência no acionamento de motores elétricos de indução trifásicos,
substituindo sue modos de acionamento tradicionais: chave de partida direta, chave
reversora, chave compensadora e chave estrela-triângulo.
Possuem, ainda, a capacidade de ajustar a velocidade de rotação dos
motores elétricos para valores menores que sua rotação nominal. Essa característica
é util para substituir os sistemas de variação de velocidade mecânicos, que utilizam
polias e engrenagens, bem como aqueles que utilizam motores de corrente
contínua, os quais possem consumo elevado e alto custo de aquisição e
manutenção.
Também são utilizados no acionamento e variação de velocidade de bombas:
centrifugas e hidráulicas, nos sistemas de bombeamento de tanques e sistemas de
automação hidráulica, por exemplo.
Quando utilizados em conjunto com bombas, os inversores de frequência não
podem realizar a função de reversão, pois isso interrompe a aspiração do fluido e
pode causar havarias na bomba. Porém, nas operações com motores elétricos, a
reversão é utilizada sem problemas.
Os inversores de frequência também são denominados conversores de
fequência e podem, ainda, ser utilizados em sistemas de ventilação e exaustão,
compressores de ar, guindastes, pontes rolantes, elevadores, esteiras
transportadoras, abertura e fechamento de válvulas de controle, entre outras; ou
atuar como dispositivos de proteção elétrica para diversos problemas da rede
elétrica: sobtensão, subretensão, sobrecorrente, falta de fase, desbalanceamento de
fases, e outros. E, ainda, produz economia de energia elétrica, pois a partida do
motor é feita de modo suave.
Além da velocidade de rotação dos eixos dos motores elétricos trifásicos de
corrente alternada, os inversores de frequência controlam outros parâmetros
pertencentes ao motor elétrico: torque, fator de potência, corrente térmica e outros.
85
5.2 Características dos inversores de frequência
5.2.1 Funcionamento
86
A pesar da grande versatilidade dos inversores de frequência, os mesmos
injetam na rede elétrica grande quantidade de harmônicas que podem prejudicar ou
danificar outros dispositivos elétricos instalados. Para reduzir esse efeito indesejado,
os fabricantes de inversores de frequência disponibilizam filtros de harmônicos que
podem vir integrados ao inversor ou serem instalados externamente.
O circuito de controle de um inversor de frequência possui uma unidade
central de processamento (CPU), microprocessada ou microcontrolada, e memórias.
É responsável pelo armazenamento de parâmetros e dados necessários ao
funcionamento do inversor de frequência e pela geração e sincronismo dos pulsos
de chaveamento para os transistores IGBT. Na maioria das vezes, o circuito de
controle dos inversores de frequência executa um algoritmo PID.
O circuito de interface possui uma IHM com teclado e display que permite
ao usuário visualizar e alterar os diversos parametros de funcionamento do inversor
de frequência. Através da IHM também é possivel operar o equipamento: ligando,
desligando, revertendo e acelerando o motor tifásico. Em alguns modelos de
inversor de frequência, o circuito de interface possui uma porta de comunicação
(serial ou ethernet) que permite monitorar e operar o equipamento a longa distância
através de uma rede industrial contendo IHMs, CLPs ou sistemas de supervisão.
O circuito de acionamento do inversor de frequência, normalmente permite
acionar esses equipamentos a distância (remotamente) através de sinais digitais e
analógicos. A maior parte dos inversores de frequência possuem quatro entradas
digitais que são configuradas através da IHM para ligar ou desligar o motor, reverter
seu sentido de giro e definir velocidades de rotação. Podem possuir até duas
entradas analógicas que são configuráveis para operar com tensão ou com corrente
elétrica e têm como objetivo ajustar a velocidade de rotação do motor elétrico de
indução. Alguns modelos de inversores de frequência possuem, em suas IHMs, um
potenciômetro de ajuste de velocidade. Alguns modelos possuem saída analógica
para indicação da frequência do sinal de saída e um relé para indicação do status da
operação do inversor (nolmal ou cm falha). No circuito de acionamento, também
existe uma fonte de alimentação interna (normalmente de 10V DC) para interligação
de dispositivos externos, como: botoeiras e potenciômetros. O acionamento remoto
de um inversor de frequência é feito através de um circuito de comando elétrico ou
por um CLP.
87
A figura 70 mostra um esquema elétrico para comando remoto do inversor de
frequência.
5.2.2 Aplicações
Grande parte dos inversores de frequência modernos incorpora itens
opcionais que possibilitam criar aplicações práticas simples e complexas: técnicas
de movimentação, manipulação de vários eixos de acionamento, posicionamento e
sincronismo de velocidade e posição. Isso permite, aos projetistas, desenvolver
máquinas que sem os inversores de frequência, seriam praticamente impossíveis de
se construir.
Na indústria em geral, os inversores de frequência podem ser utilizados em
diversas aplicações que utilizem motores elétricos de indução, dentre os quais
podemos citar:
bombas centrífugas e dosadoras de processo;
ventiladores/exaustores;
esteiras transportadoras;
guindastes/pontes rolantes;
granuladores/paletizadoras;
bobinadores/desbobinadores de cabos elétricos;
máquinas de corte e solda; e outros.
88
Nota: quando o acionamento do motor elétrico de indução não exigir variação
de velocidade e for necessário somente suavizar sua partida através da limitação de
sua corrente elétrica de partida, deve-se utilizar um soft-start, ao invés de um
inversor de frequência.
89
Alguns modelos de inversores de frequência modernos também possibilitam a
comunicação direta em redes de comunicação através dos protocolos de
comunicação padronizados: Fieldbus, Pofibus, Modbus, entre outros. Essas
aplicações normalmente são encontradas em grandes plantas de automação
industrial; têm como vantagem a supervisão e controle a distância dos inversores de
frequência, bem como a grande flexibilidade operacional.
5.2.3 Instalações
Geralmente, os inversores de frequência são instalados em quadros elétricos.
Conforme já fora mencionado, são utilizados em larga escala nos sistemas de
automação industrial e podem trabalhar supervisionados e operados local ou
remotamente; podem, ainda, acionar varios motores simultaneamente.
Em aplicações em áreas classificadas, deve-se instalar o inversor de
frequência em quadros à prova de explosão ou utilizar inversores com grau de
proteção adequado ao local de instalação. Por exemplo, o grau de proteção
adequado para aplicações em indústrias químicas, petroquimicas, frigoríferas e
outras que necessitem proteção total do equipamento eletrônico utilizam o grau de
proteção NEMA 4X (IP66).
90
A figura 73 mostra um quadro elétrico com três inversores de frequência
instalados. Na figura 74 é apresentado um modelo de inversor de frequência com
grau de proteção IP66.
92
6 AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS INDUSTRIAIS EM NAVIOS
6.1 Introdução
A automação industrial possui um vasto campo de aplicações a bordo dos
navios mercantes da atualidade. Em várias situações encontramos o controle
descontínuo (controle on-off) como elemento de tomada decisão em sistemas de
controle que não necessitem de grande precisão (por exemplo: controle de
temperatura em câmaras frigoríficas) ou como elemento de geração de alarmes
(nível mínimo ou nível máximo em caldeiras, por exemplo). Porém, para situações
nas quais a precisão do valor da grandeza física controlada é de fundamental
importância, é necessário utilizar controles contínuos (proporcional, integral,
derivativo ou uma combinação destes).
Dentre os vários sistemas que utilizam automação nos navios, podemos citar
os seguintes: sistema de comando do MCP, sistema de lubrificação do MCP,
sistema de controle dos gases de descarga do MCP, sistema de resfriamento das
camisas do MCP, sistemas de tratamento de esgoto, sistemas de ar de controle,
sistemas de controle em caldeiras, sistemas de gás inerte, dentre outros.
Nesta unidade de estudo serão apresentados alguns detalhes sobre os
princípios de funcionamento dos seguintes sistemas utilizados em navios: sistema ar
de controle, sistemas de controles de combustão, água de alimentação e descarga
de vapor em caldeiras, sistemas de gás inerte. Os demais sistemas citados no
parágrafo anterior podem ser pesquisados pelos alunos e apresentados em
trabalhos ou seminários.
Nos diagramas a seguir o aluno deve observar que, em vários casos, não são
utilizadas as simbologias normalizadas para instrumentação, automação e controle,
ou seja, não é utilizada principalmente a simbologia ISA S5.1, tão pouco são
utilizadas representações dos sistemas através de malhas de controle com
diagramas em blocos. A apresentação desses diagramas também pode ser um tema
para realização de trabalhos ou seminários.
93
6.2 Sistema de ar de controle
Os sistemas de ar de controle dos navios têm a função de produzir ar
comprimido seco e limpo, normalmente na pressão de 7 kg/cm2, para o acionamento
dos equipamentos de controle automático existentes na praça de máquinas, na
praça de bombas de carga, na praça de controle de cargas, entre outros locais a
bordo do navio.
A figura 76 mostra um diagrama esquemático do sistema de ar de controle
utilizado em um navio mercante.
94
preparação;
partida do secador de ar e do sistema de ar de controle;
verificações operacionais; e
fornecimento alternativo de ar de controle.
Tabela 11 - Posições iniciais das válvulas do sistema de ar de controle durante sua preparação.
95
6.2.2 Partidas do secador e do sistema de ar de controle
Para executar essa etapa, é necessário que a máquina do secador esteja
totalmente carregada de óleo refrigerante e de óleo lubrificante e, também, cumprir
os seguintes procedimentos:
assegurar que as válvulas estejam nas posições descritas na tabela 12;
ligar o compressor do fluido refrigerante;
aguardar a estabilização do sistema, para isso, deve-se observar as
leituras do manômetro de aspiração (essa pressão é especificada no
manual do fabricante);
colocar a máquina em automático através da abertura da válvula de
admissão (28V006); e
colocar todos os outros sistemas de ar de controle em funcionamento
através da abertura de suas respectivas válvulas de intercepção
(cruzamento).
96
6.2.3 Verificações operacionais do sistema de ar de controle
Para o sistema de ar de controle da figura 76, as verificações operacionais
podem ser resumidas da seguinte maneira:
observar se a válvula redutora de ar (29V014) está funcionando;
verificar, através do vidro de inspeção do fluido refrigerante, se há sinal de
vaporização rápida (flashing) do líquido; neste caso há falta de fluido
refrigerante;
verificar os manômetros de aspiração e de descarga frequentemente,
durante o funcionamento inicial, para garantir que não há variação no
rendimento da máquina; e
drenar toda sujeira para fora do filtro de descarga através da abertura da
válvula de drenagem (28V008).
97
6.3 Sistemas de controle em caldeiras
As caldeiras, em geral, são máquinas destinadas à produção de vapor a altas
pressões. Atualmente são utilizadas a bordo dos navios para produzir vapor para as
operações de limpeza, conforto, segurança da embarcação, entre outras.
Muitos sistemas de controle nas caldeiras são contínuos, ou seja, são
sistemas cujos sinais de saídas são tensões ou correntes de amplitude variável
entre os limites pré-estabelecidos (sinais analógicos em tensão ou em corrente), que
regulam automaticamente os seguintes controles, durante a operação normal da
caldeira:
fluxo do óleo combustível (controle de combustão);
aletas do ventilador de tiragem forçada;
água de alimentação; e
descarga de vapor.
98
A figura 77 mostra o diagrama de um sistema de controle de combustão para
caldeira.
99
alimentação. Dessa forma, consegue-se assegurar que o nível de água na caldeira
volte a condições estáveis rapidamente de acordo com o fluxo de vapor solicitado.
Quanto à operação das caldeiras, por exemplo, as válvulas de controle
podem ser controladas das seguintes maneiras:
remota e automaticamente (painel de controle das caldeiras);
remota e manualmente (painel de controle das caldeiras); ou
manualmente (local).
100
6.3.2 O sistema de descarga de vapor
Esse sistema é instalado na rede principal de vapor. Sua função é controlar a
pressão nessa rede de tal forma que sejam evitadas purgas de vapor em excesso,
através das válvulas de segurança. Portanto, o sistema de descarga de vapor
funciona de tal forma que um sensor de pressão com transmissão pneumática envia
um sinal proporcional à pressão medida ao controlador de pressão de vapor; este,
por sua vez, de acordo com o valor de pressão de descarga ajustado, encarrega-se
de acionar as válvulas de descarga de vapor.
A figura 79 mostra o diagrama de um sistema de descarga de vapor.
101
6.4 Sistema de gás inerte
O sistema de gás inerte de um navio tem a função de substituir a carga e o
lastro bombeados para fora dos tanques, com gás inerte limpo, resfriado e com um
teor de oxigênio tão baixo quanto possível, a fim de evitar incêndio e explosão.
A figura 80 mostra um diagrama esquemático de um sistema de gás inerte.
Para melhor visualização você pode consultar o anexo G. O funcionamento desse
sistema pode ser dividido em: acionamento (dentro e fora da praça de máquinas),
libertação do gás e parada do sistema.
102
O sistema de gás inerte é acionado e monitorado a partir da sala de controle
de carga, onde existe um painel com indicadores (digitais e/ou analógicos), alarmes,
botoeiras de partida/parada e um indicador de O2.
Antes da partida do sistema de gás inerte é necessário garantir o seguinte:
o ar de controle deve estar disponível;
o sistema de água doce proveniente do hidróforo deve estar em operação;
as válvulas da bomba de água salgada do gás inerte devem estar abertas;
o disjuntor relativo à bomba deve estar ligado; e
todas as válvulas de controle devem ser testadas antes do sistema entrar
em operação.
103
7 CIRCUITOS DE COMANDO E CONTROLE ELETROPNEUMÁTICO
7.1 Definições
O termo pneumática deriva da palavra grega “pneumos” ou “pneuma”, cujos
significados são: respiração, sopro, fôlego, vento ou alma. Porém, atualmente,
define-se pneumática como sendo o ramo da Física que se ocupa da dinâmica e dos
fenômenos físicos relacionados com os gases ou vácuos.
A principal forma de energia utilizada nos sistemas é o ar comprimido, porém,
há situações em que se utiliza nitrogênio.
Há relatos da utilização de ar comprimido descritos no Velho Testamento,
onde são encontradas referências ao seu emprego em processos de fundição da
prata, do ferro, do chumbo e do estanho. Outros relatos históricos também
demonstram que há mais de 2000 anos os técnicos construíam máquinas
pneumáticas, produzindo energia pneumática por meio de um pistão e como
instrumentos de trabalho utilizavam cilindros de madeira dotados de êmbolos.
Entretanto, a utilização de ar comprimido em escala industrial só teve seu início na
segunda metade do século XIX.
a) fluido
É qualquer substância capaz de escoar e assumir a forma do recipiente que a
contém (em pneumática, o fluido de trabalho é o ar).
b) pressão
Na pneumática, pressão é a força exercida em função da compressão do ar
em um recipiente, por unidade de área interna desse recipiente, conforme mostra a
figura 81. Sua unidade de medida no SI é dada por N/m² ou Pa (Pascal), embora
seja comum a utilização de outras unidades como atm, bar, kgf/mm², psi e outras.
104
Figura 81 - Força exercida pelo ar comprimido na superfície interna de um recipiente.
c) eletropneumática
É o ramo da pneumática que emprega a energia elétrica, CC ou CA, como
forma de energia responsável pelo acionamento de válvulas de controle direcionais
e servoválvulas e, ainda, utiliza componentes elétricos (como: sensores magnéticos
de posicionamento, pressóstatos, micro-swiths etc) a fim de que o sistema possa ser
automatizado.
d) pneutrônica
É o termo que indica a evolução da eletropneumática, onde se utilizam
equipamentos eletrônicos como controladores lógicos programáveis, sensores
digitais e outros equipamentos complexos para acionar e monitorar os componentes
pneumáticos.
105
7.1.2 Vantagens e desvantagens da pneumática
A utilização dos sistemas pneumáticos possui diversas vantagens e
desvantagens, dentre as quais, têm-se: quantidade, transporte, armazenagem,
temperatura, segurança, limpeza, construção, velocidade, regulagem, preparação,
compressibilidade, força, escape de ar e custos.
A tabela 13 mostra o resumo descritivo das vantagens e desvantagens dos
sistemas pneumáticos.
106
Tabela 13 - Descrição das vantagens e desvantagens dos sistemas pneumáticos (continuação).
107
7.2 Dispositivos dos sistemas pneumáticos e eletropneumáticos
Basicamente, os sistemas pneumáticos podem ser divididos em 3 (três)
etapas: produção, distribuição e controle e consumo, conforme mostra a figura 83.
108
Figura 84 - Estação típica de produção de ar comprimido.
a) compressores
São os equipamentos responsáveis pela produção do ar comprimido nos
sistemas pneumáticos; são especificados segundo as necessidades da fábrica ou
indústria quanto à pressão a ao volume necessário. Dessa forma, são empregados
diferentes tipos e modelos de compressores de ar que diferem quanto à construção
e funcionamento, conforme mostra a figura 85.
109
Não é de objetivo deste estudo tratar dos detalhes funcionais e construtivos
dos diversos tipos de compressores industriais. Na figura 86 são apresentados
alguns modelos comerciais de compressores industriais.
b) drenagem de umidade
É de fundamental importância eliminar ou reduzir o condensado (umidade)
contido no ar comprimido a fim de se evitar o desgaste e entupimento prematuro dos
componentes pneumáticos.
Para a eliminação de umidade do ar comprimido, são instalados drenos
(purgadores), que podem ser manuais ou automáticos (com preferência para o
último tipo) em pontos estratégicos ao longo do sistema pneumático.
A drenagem deve ser feita em todos os locais baixos da tubulação, fins de
linha, elevação de linha e outros. Nestes pontos, devem ser instalados bolsões para
auxiliar a eficiência da drenagem, retendo retêm o material condensado e o
encaminhando ao respectivo o purgador.
Nota: os bolsões construídos não devem possuir diâmetros menores que o da
tubulação. O ideal é que sejam de mesmo diâmetro.
c) refrigeração
Durante a produção do ar comprimido, o atrito do ar com o compressor gera
calor, o qual deve ser dissipado. Conforme o grau de temperatura gerada pelo calor
no compressor, deve-se utilizar uma das técnicas de resfriamento apresentadas a
seguir:
compressores de baixa potência: aletas de refrigeração;
compressores de média potência: ventiladores ou exaustores; e
compressores com mais de 30KW (40HP): refrigeração com água
corrente.
d) armazenamento
O armazenamento do ar comprimido tem como objetivo estabilizar a
distribuição do mesmo, pois elimina as oscilações de pressão na rede distribuidora
e, quando há, momentaneamente, um alto consumo de ar, constitui-se numa
garantia de reserva de energia. A figura 89 mostra a estrutura de construção de um
reservatório de ar comprimido.
111
Figura 89 - Reservatório de ar comprimido.
e) secagem
A fim de se diminuir o efeito negativo causado pela umidade nos sistemas de
automação pneumática é necessária atenção especial à umidade contida no ar
comprimido. Portanto, a secagem do ar comprimido é uma etapa de fundamental
importância, pois elimina a água (umidade) que penetra na rede de distribuição
através do ar aspirado pelo compressor.
O equipamento utilizado para desempenhar esta função é denominado
secador ou desidratador de ar comprimido
112
A figura 91 apresenta alguns modelos comerciais de secadores de ar
comprimido.
113
7.2.2 Distribuição e controle nos sistemas pneumáticos
A utilização de vários compressores, um para cada máquina ou dispositivo
automatizado, é indicada somente em casos esporádicos e isolados. Em processos
automatizados onde existem vários pontos de aplicação, é mais recomendado
distribuir o ar comprimido através de uma rede tubular dotando-a de pontos de
consumo (tomadas de ar).
Cada ponto de consumo de ar comprimido possui um último estágio de
preparação onde o ar é filtrado, tem sua pressão de trabalho ajustada e indicada e,
em alguns casos, recebe uma pulverização com óleo especial cujo objetivo é
lubrificar e auxiliar a vedação de partes móveis contidas no interior dos componentes
pneumáticos.
O controle do ar comprimido consiste em seu direcionamento, liberação
bloqueio a sua passagem, regulação de velocidade e regulação de pressão. Essas
tarefas são desempenadas pelas válvulas de controle.
114
A rede de distribuição de ar comprimido em circuito aberto é indicada para
áreas onde são realizados transportes de materiais e peças devem ser feitos através
de linhas aéreas, pontos isolados, pontos distantes etc. Nestes casos, são
estendidas linhas principais para os pontos de consumo. No circuito aberto, o ar flui
em um único sentido a partir da sua produção.
A figura 92 mostra a estrutura desse tipo de rede de distribuição de ar
comprimido.
115
Por sua vez, uma rede de distribuição de ar comprimido do tipo combinada
também é uma instalação em circuito fechado, que possui ligações longitudinais e
transversais que possibilitam fornecer ar em qualquer local. Mediante o fechamento
de válvulas, é possível bloquear certas linhas de ar comprimido quando as mesmas
não forem usadas ou mesmo quando for necessário pô-las em manutenção ou
reparo.
A figura 94 mostra esse tipo de topologia de rede de distribuição de ar
comprimido.
116
cobre;
latão;
liga de aço;
tubo de aço preto;
tubo de aço zincado (galvanizado);
borracha; e
material sintético.
117
TUBOS MANGUEIRAS LISAS MANGUEIRAS ESPIRALADAS
b) condicionamento do ar comprimido
Após passar por todo o processo de produção, tratamento e distribuição, o ar
comprimido deve sofrer um último condicionamento, antes de ser colocado para
trabalhar.
Os motivos que evidenciam a necessidade desta etapa são apresentados nos
três parágrafos a seguir.
Como os sistemas pneumáticos são sistemas abertos, o ar, após ser utilizado,
é exaurido para a atmosfera, enquanto que a alimentação aspira ar livre
constantemente. Este ar, por sua vez, está sujeito à contaminação, umidade e às
impurezas procedentes da rede de distribuição. A maioria destas impurezas é retida,
118
como já foi mencionado, nos processos de preparação, porém partículas pequenas
ficam suspensas e são arrastadas pelo fluxo de ar comprimido, agindo como
abrasivos nas partes móveis dos elementos pneumáticos quando solicitada a sua
utilização. Portanto, é necessário filtrar o ar comprimido antes de ele ser utilizado.
Normalmente, um sistema de produção de ar comprimido atende à demanda
de ar para vários equipamentos pneumáticos. Em todos estes equipamentos está
atuando a mesma pressão. Isto nem sempre é possível, pois, se estivermos atuando
um elemento pneumático com pressão maior do que realmente ele necessita,
estaremos consumindo mais energia que a necessária e podemos até danificá-lo.
Por outro lado, um grande número de equipamentos operando simultaneamente faz
com que a pressão caia devido à elevação de consumo ocorrida. Portanto, é
necessário ajustar a pressão de trabalho de acordo com as pressões solicitadas
pelos componentes pneumáticos.
Os sistemas pneumáticos e seus componentes são constituídos de partes
móveis que estão sujeitas aos desgastes, às corrosões e, consequentemente, à
inutilização. E para diminuir os efeitos de desgastes, das forças de atrito e facilitar os
movimentos dos componentes pneumáticos, os mesmos devem ser lubrificados
convenientemente.
De acordo com os três últimos parágrafos, pode-se concluir que o objetivo do
condicionamento do ar comprimido é produzir melhores desempenhos dos
componentes e equipamentos pneumáticos uma vez que permite aos mesmos
trabalharem em condições favoráveis, prolongando as suas vidas úteis.
Portanto, o condicionamento de ar comprimido é uma etapa indispensável em
qualquer tipo de sistema pneumático, do mais simples ao mais complexo e está
dividida em quatro partes que são:
filtragem;
regulagem;
medição e/ou indicação de pressão; e
lubrificação.
119
de reter as impurezas suspensas no fluxo de ar, e em suprimir ainda mais a umidade
presente. É, portanto, necessário eliminar estes dois problemas ao mesmo tempo. O
equipamento normalmente utilizado para este fim é o filtro de ar.
A regulagem é a etapa do condicionamento de ar cuja função é manter
constante a pressão de trabalho ao longo da rede de distribuição e consumo de ar
comprimido. O equipamento que executa esta função é denominado válvula
reguladora de pressão ou simplesmente regulador de pressão, o qual tem como
função:
compensar automaticamente o volume de ar requerido pelos
equipamentos pneumáticos;
manter constante a pressão de trabalho (pressão secundária),
independente das flutuações da pressão na entrada (pressão primária)
quando acima do valor regulado; e
funcionar como válvula de segurança.
120
Tabela 14 - Óleos recomendados para lubrificação de componentes pneumáticos.
Fabricante Referência
Esso Spinesso-22
Lubrax HR 68 EP
Lubrax Ind CL 45 Of
c) válvulas de controle
As válvulas de controle servem para orientar os fluxos de ar, impor bloqueios,
controlar suas intensidades de vazão e pressão. Para facilidade de estudo, as
válvulas pneumáticas foram classificadas em:
válvulas de controle direcional;
válvulas de bloqueio;
válvulas de controle de fluxo; e
válvulas de controle de pressão.
121
um conhecimento perfeito de uma válvula direcional, devem-se levar em conta os
seguintes dados:
número de posições;
número de vias;
posição inicial;
tipo de acionamento;
tipo de retorno; e
vazão ou pressão de trabalho.
Pressão 1 P
Utilização 2 4 6 A B C
Escape 3 5 7 R S T
Pilotagem 10 12 14 X Y Z
Figura 99 - Exemplo de símbolo de uma VCD com sua posição inicial indicada.
123
Tabela 16 - Acionamentos musculares. Tabela 17 - Acionamentos mecânicos.
Símbolo Nome
Símbolo Nome
124
Tabela 20 - Acionamentos combinados.
Símbolo Nome
125
As válvulas de bloqueio têm como função impedir o fluxo de ar comprimido
em um sentido determinado e possibilitar o livre fluxo no sentido oposto.
As válvulas de bloqueio podem ser dos seguintes tipos:
válvula de retenção com mola e sem mola;
válvula de escape rápido;
válvula de isolamento (elemento OU); e
válvula de simultaneidade (elemento E).
Válvula Funcionamento
126
Tabela 21 - Válvulas de bloqueio (continuação).
Válvula Funcionamento
127
As válvulas de controle de fluxo são utilizadas em situações nas quais
ocorre a necessidade de diminuir a quantidade de ar que passa através de uma
tubulação. Essa situação é mais frequente quando se necessita regular a velocidade
de um cilindro ou formar condições de temporização pneumática. Portanto, esse tipo
de válvula é a solução ideal quando se necessita influenciar o fluxo de ar
comprimido.
As válvulas de controle de fluxo podem ser fixas ou variáveis; e estas podem
ser unidirecionais ou bidirecionais. Serão abordados neste estudo os seguintes tipos
de válvulas de controle de fluxo:
válvula de controle de fluxo fixa bidirecional;
válvula de controle de fluxo variável bidirecional; e
válvula de controle de fluxo variável unidirecional.
Válvula Funcionamento
Fixa bidirecional
2 = Fluxo 2-1).
128
Tabela 23 - Válvulas de controle de fluxo (continuação).
Válvula Funcionamento
129
Tabela 23 - Válvulas de controle de pressão.
Válvula Funcionamento
130
Figura 103 - Modelos comerciais de válvulas de controle de pressão.
131
7.2.3 Consumo nos sistemas pneumáticos
Os elementos de trabalho nos sistemas pneumáticos são denominados
atuadores pneumáticos; são elementos mecânicos que, por meio de movimentos
lineares ou rotativos, transformam a energia cinética gerada pelo ar pressurizado e
em expansão, em energia mecânica, produzindo trabalho.
Portanto, o consumo de ar comprimido é o estágio de utilização do mesmo a
fim de se realizar um trabalho. Essa função é desempenhada através de atuadores,
os quais podem ser lineares ou rotativos. Serão abordados neste estudo somente os
atuadores pneumáticos lineares.
Os atuadores pneumáticos lineares são aqueles cujo movimento ou
trabalho é linear, isto é, ocorre em uma única direção (normalmente, vertical ou
horizontal). Neste estudo os atuadores pneumáticos de movimento linear abordados
serão:
cilindros de simples ação ou simples efeito;
cilindros de dupla ação ou duplo efeito;
cilindros de dupla ação ou duplo efeito com amortecimento; e
cilindros de dupla ação ou duplo efeito com êmbolo magnético.
Figura 104 - Funcionamento do cilindro de simples ação com avanço por mola.
132
Figura 105 - Funcionamento do cilindro de simples ação com retorno por mola.
Figura 106 - Funcionamento do cilindro de simples ação com retorno por ação de força externa.
A figura 109 mostra esse tipo de atuador. Note que o mesmo também possui
amortecimento variável para o avanço e para o retorno!
134
Figura 109 - CDA com êmbolo magnético e amortecimento variável nos dois sentidos.
135
7.3 Circuitos pneumáticos e eletropneumáticos
Os sistemas pneumáticos e eletropneumáticos são formados por diversos
elementos, como: compressores, válvulas e atuadores; os quais estão interligados
através de tubulações, conexões e acessórios.
Cada sistema pneumático ou eletropneumático pode ser representado
graficamente através de diagramas esquemáticos. A interpretação desses
diagramas é de fundamental importância para compreendermos o funcionamento e
localizarmos defeitos nos sistemas pneumáticos e eletropneumaticos. Por isso, é
necessário conhecer as funções de cada componente e também seus respectivos
símbolos.
Para conhecer os símbolos utilizados nos exemplos a seguir, consulte os
anexos A e C.
As analises e interpretações dos circuitos pneumáticos e eletropneumáticos a
seguir irão capacitar os alunos quanto a análise de diagramas mais complexos
como, por exemplo, os diagramas de partida, aceleração e parada dos motores de
combustão principal (MCP) dos navios modernos.
136
Figura 111 - Comando direto para cilindro de simples ação com retorno por mola.
137
Figura 112 - Comandos diretos para cilindro de simples ação com ajuste de velocidade.
138
b) comando direto para cilindro de dupla ação
Nesse tipo de circuito pneumático podem ser utilizadas duas válvulas com
três vias sendo que cada válvula é responsável por um dos sinais de manobra do
atuador (avanço ou recuo). Um circuito pneumático com essa característica é
mostrado na figura 113. Observe que neste caso ambas VCDs estão desacionadas
e o cilindro 1.0 encontra-se recuado.
Figura 113 - Comando direto para cilindro de dupla ação com VCDs 3/2 vias.
139
Nota: no circuito da figura 113, os movimentos de avanço e de retorno do
cilindro 1.0 só serão completos se o respectivo botão de comando for mantido
pressionado até o final de curso do cilindro.
Figura 115 - Outros tipos de comandos diretos para cilindro de dupla ação.
140
Figura 116 - Cilindro de simples ação com comando indireto por VCD.
Portanto, nos circuitos da figura 116, o cilindro 1.0 avança, se o botão da VCD
1.2 for pressionado e recua, se o mesmo botão for liberado (desacionado).
Figura 135 - Cilindro de simples ação com comando indireto por válvula de simultaneidade.
Figura 118 - Cilindro de simples ação com comando indireto por válvula de simultaneidade.
142
d) comandos indiretos para cilindro de dupla ação
A partir de agora, as descrições acerca dos funcionamentos dos circuitos
pneumáticos apresentados de formas mais simples, pretende-se apenas informar
uma ação e sua respectiva consequência. Então, vamos analisar o circuito
pneumático da figura 119.
Na figura 119-a, pode-se observar que com o botão da VCD 1.2 desacionado
o cilindro 1.0 está recuado, pois a VCD 1.1 está em sua posição inicial. Porém, na
figura 119-b, é possível observar que o cilindro 1.0 avança se o botão da VCD 1.2
for pressionado, pois isto faz com que esta válvula mude de posição.
Figura 119 - Cilindro de dupla ação com comando indireto por VCD com simples piloto.
143
Figura 120 - Cilindro de dupla ação com comando indireto por VCD com duplo piloto.
Figura 121 - Cilindro de dupla ação com comando indireto por válvulas de bloqueio.
144
e) cilindro de simples ação com retorno rápido
Há situações em que o curso da haste do cilindro de simples ação é grande e
necessita-se de um recuo rápido da mesma para que o sistema pneumático não
sofra atrasos durante a sua operação. Nesse caso, utiliza-se o circuito pneumático
da figura 122. Este circuito possui uma válvula de escape rápido localizada entre a
VCD 1.1 e o cilindro 1.0. Conforme mostra a figura 122-a, o cilindro 1.0 avança
normalmente quando o botão da VCD é pressionado; porém, quando o mesmo
botão é desacionado, a via de entrada da válvula de escape (via 1) é bloqueada
(veja figura 122-b) e o ar comprimido que fez o cilindro 1.0 avançar escapa para
atmosfera através da via 3 da válvula de escape rápido. Portanto, neste caso, o
cilindro 1.0 recua mais rapidamente, pois o ar comprimido em seu interior é
descarregado bem próximo à sua via de entrada (conexão de entrada de ar
comprimido localizada no cabeçote traseiro do cilindro 1.0).
Figura 122 - Circuito pneumático para aumento de velocidade de cilindros de simples ação.
145
f) circuito pneumático com movimento automático
O circuito pneumático da figura 123 terá movimento automático assim que o
mesmo for pressurizado. Isso ocorrerá porque a VCD 1.1 será acionada através de
duas válvulas de controle direcionais com acionamento por roletes, os quais estão
instalados de tal forma que a própria haste do cilindro irá acioná-los quando o
cilindro completar os cursos de avanço e retorno.
Portanto, conforme mostra o circuito pneumático da figura 123, o cilindro 1.0
está inicialmente recuado e o rolete da VCD 1.2 está acionado e, portanto, está
válvula está acionada. Assim que esse circuito for pressurizado, a VCD 1.1 também
será acionada através de sua via 14 e o cilindro 1.0 irá avançar. Quando o curso de
avanço deste cilindro for completado, a VCD 1.3 terá seu rolete acionado e, por
consequência, a via 12 da VCD 1.1 será pressurizada, fazendo com que esta
assuma sua posição inicial (quadrado à esquerda) e, então, que o cilindro recue.
Quando o curso de recuo do cilindro 1.0 for completado, novamente o rolete da VCD
1.2 será acionado e um novo ciclo de avanço e retorno será iniciado. Esta situação
irá durar enquanto houver ar comprimido pressurizando esse sistema.
146
g) circuito pneumático com comando automático e sequencial
Um circuito pneumático com comando sequencial deve possuir no mínimo
dois cilindros, sendo que o movimento de um dos cilindros depende do movimento
do outro cilindro. Na figura 124 de um cilindro é apresentado um circuito pneumático
com essas características.
a haste o cilindro 1.0 acionará o rolete da VCD 1.2, isto fará a VCD 1.1
assumir a posição representada pelo quadrado à esquerda em seu
símbolo e o cilindro 1.0 irá iniciar seu movimento de avanço;
quando o curso de avanço do cilindro 1.0 for completado, o rolete da VCD
2.2 será acionado e, portanto, acionará está válvula que por sua vez fará o
cilindro 2.0 iniciar seu movimento de avanço;
enquanto o cilindro 2.0 realiza seu curso de avanço, o cilindro 1.0
permanece avançado e acionando o rolete da VCD 1.2;
porém, quando finalmente o cilindro 2.0 completar seu curso de avanço, o
rolete da VCD 1.3 será acionado e esta fará a VCD 1.1 voltar à sua
posição inicial (quadrado à direita em seu símbolo) e, então o cilindro 1.0
iniciará seu movimento de recuo;
147
após início do curso de avanço do cilindro 1.0, o rolete da VCD 2.2 será
desacionado e esta válvula voltará a sua posição inicial, descarregando o
cilindro 2.0 e, portanto, retornando o mesmo devido à força exercida por
sua mola interna; e
quando o curso de recuo do cilindro 1.0 for completado, uma nova
sequência de movimentos dos cilindros 1.0 e 2.0 será iniciada.
148
7.3.2 Circuitos eletropneumáticos
Os circuitos eletropneumáticos são indicados para situações onde os
elementos de acionamento (pilotagem) estão localizados em locais distantes dos
pontos de operação dos circuitos pneumáticos ou, ainda, em situações onde são
utilizados controladores eletrônicos ou microprocessados como os controladores
lógicos programáveis. Em ambos os casos, um circuito eletropneumático sempre irá
possuir dois circuitos: o pneumático e o elétrico.
Os circuitos eletropneumáticos têm grandes vantagens em relação aos
circuitos pneumáticos tradicionais, como por exemplo:
ocupam menores espaços físicos para instalações de válvulas de controle
e atuadores pneumáticos;
apresentam maiores versatilidades em relação às lógicas e sequências de
operação, sendo que estas podem ser modificadas sem alterar a
configuração de válvulas e atuadores pneumáticos;
apresentam manutenção facilitada, pois há menos componentes
pneumáticos instalados e isto também reduz os pontos de vazamento de
ar comprimido, por exemplo; e
por fim podem ser comandados à distância e integrados a sistemas
informatizados ou a sistemas eletrônicos de controle e supervisão.
149
a) comando direto
No circuito eletropneumático da figura 125 existe somente uma VCD
responsável pela manobra do cilindro 1.0. O comando dessa VCD provém de um
circuito elétrico simples, onde uma botoeira B1 é responsável pela energização do
solenóide Y1. Este por sua vez é quem de fato faz com que a VCD mude de posição
causando o avanço do cilindro 1.0.
Figura 125 - Circuito eletropneumático para cilindro de simples ação com comando direto.
150
b) comando por selo ou retenção elétrica
No circuito eletropneumático da figura 126 há duas botoeiras responsáveis
pela manobra da VCD e, por consequência, do cilindro 1.0. O comando elétrico
dessa circuito tem como prioridade garantir o recuo do cilindro 1.0. Outro detalhe é
que as botoeiras B1 e B2 não comandarão diretamente o solenóide Y1. Este, porém,
será comandado através de um relé K1 o qual também terá a função de manter o
sinal de acionamento do solenoide Y1.
Figura 126 - Circuito eletropneumático para cilindro de simples ação com comando por selo.
151
energizado e, então, o cilindro 1.0 avança e assim permanecerá até que a bobina do
relé K1 seja desenergizada. Isto ocorrerá sempre que a botoeira B2 for acionada,
conforme mostra a figura 126-a.
Portanto, no circuito eletropneumático da figura 126, o cilindro 1.0 avança se
a botoeira B1 for acionada e a botoeira B2 for desacionada. Todavia, para o recuo
do cilindro 1.0, é necessário que somente a botoeira B2 seja acionada.
c) comando temporizado
No circuito eletropneumático da figura 127 existe um temporizador cuja
função é retardar o avanço do cilindro 1.0; porém, o recuo deste cilindro ocorre
sempre que o temporizador for desligado.
Figura 127 - Circuito eletropneumático para cilindro de simples ação com comando
temporizado.
152
O temporizador T1 do circuito eletropneumático da figura 145 inicia sua
contagem de tempo assim que a botoeira B1 for acionada e, ao término de seu
intervalo de tempo ajustado, fecha seu respectivo contato elétrico NA, energizando o
solenóide Y1 o qual manobra sua respectiva VCD e, por consequência, causa o
avanço do cilindro 1.0. E, para que o temporizador complete sua função é
necessário manter a botoeira B1 acionada, pois se houver interrupção nesse
acionamento, imediatamente o temporizador T1 será desligado; isso também
desenergizará o solenóide Y1 fazendo com que sua respectiva VCD volte à sua
posição inicial pela ação de sua mola interna e, assim, o cilindro 1.0 recuará.
Quando o cilindro 1.0 completar seu curso de recuo, a chave de fim de curso
de recuo SR será acionada pela haste do cilindro, energizando o solenóide Y1 o
qual fará a VCD 1.1 trocar de posição e, assim, causará o avanço do cilindro 1.0.
153
Assim que o cilindro 1.0 iniciar seu curso de avanço, a chave de fim de curso
de recuo SR será desacionada. Isto fará que o solenóide Y1 também seja
desacionado, porém a VCD 1.1 irá manter sua posição até que o cilindro complete
seu curso de avanço.
Quando o cilindro 1.0 completar seu curso de avanço, a chave de fim-de-
curso de avanço SA será acionada pela haste do cilindro, energizando desta vez o
solenóide Y2 o qual fará a VCD 1.1 voltar à sua posição inicial a qual causará o
recuo do cilindro 1.0.
Assim que o cilindro 1.0 completar seu segundo curso de recuo, a chave de
fim de curso de recuo SR será novamente acionada e um novo ciclo de avanço e
recuo do cilindro 1.0 será iniciado. Esse processo se repete enquanto houver
pressão no sistema.
154
7.4 Circuito de comando do MCP
A figura 129 mostra os diagramas esquemáticos dos locais de operação do
motor de combustão principal (ou MCP) de um navio. Conforme pode ser observado,
é possível operar o MCP dos seguintes locais:
estação do passadiço – WHS;
centro de controle de máquinas – CCM;
lado do motor principal – ECS.
156
combustível necessário. Ainda existe um registrador de dados que mostra e imprime
indicações digitais.
A estação do lado do MCP (ECS) é um ponto de controle manual local.
Nessa estação o controle é feito através de um sistema de controle mecânico. Há
um transmissor de telégrafo, receptores, comunicação de subtelégrafo, dispositivos
de alarme e desarme.
O sistema de controle do MCP também possui proteções contra a ocorrência
de anormalidades na temperatura da água de resfriamento, na pressão de óleo
lubrificante e no excesso de velocidade. Uma vez detectadas condições anormais,
deve-se mudar o controle de manobras da estação do passadiço para a estação do
CCM.
A figura 130 mostra um diagrama esquemático do sistema de controle do
M.C.P.. Você também pode verificar esse diagrama, com mais detalhes, no anexo H.
157
8 CIRCUITOS DE COMANDO E CONTROLE ELETRO-HIDRÁULICO
8.1 Definições
A hidráulica consiste no estudo das características e uso dos fluidos. Desde o
início da história da humanidade o homem utiliza os fluidos para facilitar o seu
trabalho.
A história antiga registra que dispositivos engenhosos, como bombas e rodas
d’água já eram conhecidos desde épocas remotas. Porém, apenas no século XVII, o
ramo da hidráulica que nos interessa foi utilizado. Trata-se do princípio descoberto
pelo cientista francês Pascal, ao cogitar sobre o fluido confinado para transmitir e
multiplicar forças e modificar movimentos.
A lei de Pascal resume-se em: “A pressão exercida, em um ponto qualquer
de um fluido em repouso, transmite-se integralmente a todos os pontos do fluido e
atua perpendicularmente contra as paredes do recipiente que o contém”.
A descoberta de Pascal passou dois séculos sem que fosse aproveitado seu
grande potencial. Somente no princípio da Revolução Industrial é que um mecânico
britânico, Joseph Bramah, utilizou a descoberta de Pascal para desenvolver a
prensa hidráulica.
Bramah concluiu o seguinte: “se uma força moderada aplicada a uma
pequena área produz, proporcionalmente, uma força maior numa área maior, então
o único limite à força de uma máquina seria a área em que se aplicasse a pressão”.
Figura 131 - Aplicação do princípio de Pascal por Joseph Bramah (prensa hidráulica).
158
8.1.1 Conceitos fundamentais da Hidráulica
a) Hidráulica
Provém da palavra grega “hidros”, que significa água, ou mais precisamente,
água em tubos. É a ciência que estuda líquidos em escoamento e sob pressão.
b)Hidrostática
É a ciência que estuda os líquidos sob pressão (mecânica dos fluidos
estáticos, seguida de condições de equilíbrio dos fluidos).
c) Hidrodinâmica
É a ciência que estuda os líquidos em movimento (teoria da vazão), e, mais
precisamente, da energia cinética.
d) fluido
É qualquer substância capaz de escoar e assumir a forma do recipiente que o
contém.
e) pressão
Em função da hidrostática, define-se pressão como sendo a força exercida
pelo fluido por unidade de área do recipiente que o contém. Sua unidade de medida
no S.I. é dada em N/m² ou Pa, embora seja comum utilizar outras unidades como:
atm, bar, kgf/mm², lib/in² e outras.
A figura 132-a mostra que é possível conhecer a pressão exercida por um
fluido a partir da força aplicada. A figura 132-b mostra que é possível determinar
pressão exercida por um fluido quando este se encontra em um reservatório, a partir
da massa específica e do nível do fluido.
159
Figura 132 - Determinação das pressões em cilindros e em reservatórios.
160
E, dentre suas principais desvantagens estão:
custo inicial elevado, quando comparado aos sistemas mecânicos e
elétricos;
conversão de energia elétrica em mecânica e mecânica em hidráulica para
posterior conversão em energia mecânica;
apresenta perdas por vazamentos internos em todos os componentes;
possui baixo rendimento devido aos três últimos fatores apresentados; e
risco de incêndio e/ou explosão, pois o óleo é um produto inflamável.
161
8.2.1 Geração hidráulica
Um sistema hidráulico difere de um sistema pneumático principalmente em
seu estágio de geração de energia. Nos sistemas pneumáticos, um compressor é o
equipamento responsável por elevar a pressão do ar comprimido. Por outro lado, um
sistema hidráulico tem o óleo mineral como fluido de trabalho, o qual não tem a
capacidade de ser comprimido, porém, um conjunto motor-bomba é responsável por
deslocar o fluído hidráulico e esse deslocamento produz trabalho através dos
atuadores hidráulicos.
Os principais componentes da geração hidráulica são: bomba, reservatório,
filtros, intensificador de pressão, acumulador e trocador de calor.
a) bomba hidráulica
A bomba é o componente mais importante dos sistemas hidráulicos. Sua
função é converter energia mecânica em energia hidráulica, deslocando o fluido
hidráulico no sistema.
A escolha da bomba hidráulica depende desses fatores: quantidade de
atuadores lineares, necessidade de utilização de um ou mais motores hidráulicos,
perda de carga gerada nas linhas de pressão etc. Por isso, a especificação da
bomba hidráulica deve ser a última etapa na elaboração de um projeto hidráulico.
Como regra prática para a escolha da bomba hidráulica, deve-se calcular a
vazão máxima necessária para o funcionamento dos componentes que constituem o
circuito hidráulico mais o somatório das perdas de carga. De posse do valor da
vazão máxima, podem-se consultar os catálogos dos fabricantes para dimensionar a
bomba hidráulica que atenda às especificações de vazão.
As bombas hidráulicas são fabricadas em vários tamanhos e formas,
mecânicas e manuais com variados e complexos sistemas de bombeamento e para
as mais diversas aplicações. Podem-se classificá-las em bombas hidrodinâmicas e
bombas hidrostáticas.
As bombas hidrodinâmicas absorvem o fluido em repouso de um depósito
e, inicialmente, o colocam em movimento que causa uma considerável elevação de
velocidade, porém, logo em seguida, ocorre uma diminuição dessa velocidade o que
causa a elevação de pressão que, por conseguinte, possibilita que o fluido vença as
resistências de escoamento. Nesse tipo de bomba, existe uma dependência
162
funcional entre o volume de fluido e a pressão. Como exemplos desse tipo de
bomba hidráulica, temos as bombas centrífugas e as bombas axiais (também
denominadas de bombas de hélice).
Por sua vez, as bombas hidrostáticas também são denominadas bombas
volumétricas. Nesse tipo de bomba hidráulica, o fluido adquire movimento e causa
elevação de pressão, sem que ocorra dentro da bomba nenhum aumento
substancial de velocidade, pois simplesmente o fluido é aspirado e transportado.
Além disso, o fluido utilizado não depende da pressão; por isso, essas bombas são
mais adequadas para a transmissão de força e são mais utilizadas nos
dimensionamentos dos circuitos hidráulicos.
São divididas basicamente em três tipos: bombas de engrenagens, bombas
de palhetas e bombas de pistões. A figura 134 mostra a divisão das bombas
hidráulicas.
163
b) reservatório
Basicamente os reservatórios de óleo em sistemas hidráulicos têm as
seguintes funções:
armazenar o fluido até que o mesmo seja solicitado pelo sistema;
possuir espaço suficiente para separar o ar do fluido;
permitir a sedimentação dos contaminantes sólidos; e
ajudar a dissipar o calor gerado pelo sistema.
c) filtros
O fluido hidráulico é mantido limpo no sistema, principalmente pela utilização
de dispositivos tais como os filtros. Utilizam-se também bujões magnéticos para
captar partículas de aço no fluido. Estudos recentes indicaram que mesmo partículas
pequenas, de 1 até 5 microns, têm efeitos degradantes, causando falhas no sistema
e acelerando a deterioração do óleo, em muitos casos.
Os materiais que constituem os elementos filtrantes são classificados em
mecânicos absorventes e adsorventes. Elementos filtrantes adsorventes ou ativos,
tais como o carvão, não podem ser utilizados nos sistemas hidráulicos, pois podem
eliminar os aditivos essenciais do fluido hidráulico. Por outro lado, os elementos
filtrantes absorventes são utilizados para reter as partículas minúsculas nos
sistemas hidráulicos. São feitos de material poroso: papel, polpa de madeira,
algodão, fios de algodão ou lã e celulose. Os filtros de papel são banhados cm
resina para fortificá-los.
166
Um filtro deve ser especificado em função do tamanho da menor partícula a
ser retida, da vazão e da queda de pressão. O tamanho das partículas é da ordem
de micros (1 micron é equivalente a um milionésimo (1/1.000.000) de um metro).
Os filtros de hidráulicos são classificados em: filtros de fluxo total, filtros de
fluxo proporcional e filtros tipo indicador.
A tabela 24 mostra a construção e a descrição funcional dos filtros hidráulicos.
Construção Funcionamento
167
Os filtros hidráulicos podem ser instalados em três posições: na linha de
sucção ou de entrada (figura 137-a), na linha de saída ou de pressão (figura 137-b)
ou na linha de retorno (figura 137-c).
d) intensificador de pressão
Esse dispositivo é utilizado para multiplicar a pressão em certas aplicações.
Um intensificador pode desenvolver pressões muito maiores do que a pressão
desenvolvida pela bomba.
Esses equipamentos aplicam o princípio de Pascal para produzir pressões
elevadas. O aumento de pressão é inversamente proporcional à relação de áreas. O
volume de óleo, descarregado a alta pressão, será menor do que o volume na área
maior, proporcionalmente às áreas envolvidas.
A figura 138 mostra os tipos de intensificadores de pressão e suas
respectivas simbologias.
168
e) acumulador
Esse componente deve ser aplicado aos sistemas hidráulicos que necessitam
de grande quantidade de fluido para efetuar o trabalho, quando este é feito de forma
intermitente num ciclo de operação da máquina, como ocorre em máquinas de
injeção e extrusão.
O acumulador possibilita armazenar o fluido e, portanto, não é necessário
utilizar uma bomba de grande vazão de maneira contínua (ou a toda vazão), pois é
possível armazenar o fluido a partir de uma bomba relativamente pequena.
Outra aplicação seria em sistemas hidráulicos onde é necessário manter a
pressão do sistema constante. Nesse tipo de sistema hidráulico a bomba carrega o
acumulador a partir do valor de pressão desejado ajustado em uma válvula de
sequência (ou pressóstato) a bomba será descarregada livremente para o tanque.
Podem-se utilizar os acumuladores também para absorver choques ou
impulsos repentinos de pressão, devido às paradas bruscas ou inversões de fluxo de
óleo.
Como precaução, os acumuladores devem ser totalmente isolados do circuito,
ou então, completamente descarregados antes de se iniciar qualquer desmontagem
de condutos ou componentes.
Porém, diferentemente dos gases, os fluidos usados nos sistemas hidráulicos
não podem ser comprimidos e armazenados para serem utilizados, numa hora ou
local distinto. A vantagem de um acumulador é o de fornecer meios de armazenar
esses fluidos incompressíveis, sob pressão.
Os acumuladores podem ser construídos de 3 modos distintos: levantando
um peso; comprimindo uma mola; e comprimindo um gás. Qualquer queda de
pressão na abertura de entrada criará uma reação no elemento, a qual forçará o
fluido a sair.
A tabela 25 mostra a construção e a descrição funcional dos tipos de
acumuladores. Por sua vez, a figura 139 apresenta alguns modelos de
acumuladores hidráulicos.
169
Tabela 25 - Características dos tipos de acumuladores.
170
f) trocador de calor
Como nenhum sistema hidráulico tem e jamais poderá ter 100% de
rendimento o problema mais comum é o calor. Por esta razão, utiliza-se o
resfriamento quando o fluido requer condicionamento térmico.
Os trocadores de calor são muitas das vezes denominados resfriadores,
pois são construídos para refrigerar o fluido. Porém, há aplicações onde o fluido,
devido ao seu baixo índice de viscosidade, não fluirá facilmente quando frio. Por
isso, deve-se aquecê-lo e mantê-lo neste estado por meio de aquecedores.
Os trocadores de calor podem ser de dois tipos: a ar (radiadores ou trocador
de calor a graxetas) e a água (trocador de calor água-óleo).
A figura 140 mostra um resfriador a graxetas. Esse tipo de equipamento é
utilizado em aplicações onde não há água disponível ou ocorram vibrações. O fluido
passa através de tubos aletados, normalmente de alumínio ou latão, os quais
transferem calor ao ar externo. O resfriador pode incorporar um ventilador para
aumentar a eficiência de troca de calor.
A figura 141 mostra um trocador de calor a água. Nesse caso, circula-se água
pelo interior dos tubos que são circundados pelo fluido hidráulico. A água, que pode
ser termostaticamente regulada para manter uma temperatura desejada, elimina
parte do calor do fluido. Utilizando-se água quente, esse equipamento pode ser
utilizado como um aquecedor.
171
Figura 141 - Trocador de calor a água.
g) instrumentos de medição
As medidas de vazão, pressão, temperatura e nível são fundamentais para o
perfeito funcionamento dos sistemas hidráulicos. São úteis também para localizar
defeitos.
Devido à dificuldade de se instalar um medidor de fluxo num circuito, a
medida de vazão é muitas das vezes realizada pela medição da velocidade ou
rotação de um atuador.
As pressões são medidas através de manômetros ou transmissores de
pressão e controladas através de pressóstatos.
A temperatura é medida através de termômetros, termopares ou
termorresistências.
E, por fim, a medição de nível pode ser feita a partir de visores de nível ou
chaves de nível tipo boia.
172
8.2.2 Distribuição e controle nos sistemas hidráulicos
Nos sistemas hidráulicos, a distribuição de energia hidráulica é feita através
das redes de distribuição, as quais são formadas por tubulações, conexões,
acessórios e vedações. Por outro lado, o controle é realizado através das válvulas
de controle denominadas: direcionais; de bloqueio; controladoras de fluxo e
controladoras de pressão.
a) tubulações
As tubulações são responsáveis pelo transporte do fluido. Englobam vários
tipos de condutos que transportam o fluido hidráulico entre os componentes, assim
como as conexões utilizadas entre eles.
Os sistemas hidráulicos utilizam principalmente 3 tipos de condutos:
tubos rígidos;
tubos semirrígidos; e
mangueiras flexíveis.
Atualmente os tubos rígidos são os mais baratos dos três, enquanto os tubos
semirrígidos e mangueiras são mais convenientes e de manutenção mais simples.
No futuro poderão ser utilizados encanamentos de plástico, que já vêm sendo
gradativamente aplicados.
b) conexões
As conexões realizam as ligações entre a tubulação e os componentes
hidráulicos e também as vedações necessárias. Podem ser engatadas, rosqueadas
ou soldadas.
Dentre as conexões tipo engate rápido, destacam-se as conexões drybreak e
as com gatilho.
As conexões drybreak são conexões com luva deslizante, com recursos que
incluem a capacidade de conexão virtualmente sem entrada de ar ou de desconexão
com pouco ou nenhum vazamento. Também são conhecidas como conexões de
superfície plana ou conexões clean break (conexões sem-vazamento).
As conexões tipo gatilho possuem uma válvula utilizada para estancar o
fluxo de fluidos quando duas partes de um engate rápido são separadas. Esse tipo
173
de engate é o mais escolhido e disponível atualmente devido à sua simplicidade na
função e na fabricação.
A figura 142 mostra alguns tipos de conexões para os sistemas hidráulicos.
c) vedações
As vedações nos sistemas hidráulicos também podem ser realizadas através
de retentores. As vedações são necessárias quando há necessidade de manter-se
a pressão, impedindo que ocorra perda de óleo e mantendo afastados os
contaminantes.
São vários os métodos de se vedar os componentes hidráulicos, dependendo
de os retentores serem positivos ou não positivos; se a aplicação da vedação será
estática ou dinâmica, da pressão a ser usada, e outros fatores.
Um retentor positivo não permite nenhum tipo de vazamento. Um retentor
não positivo permite uma pequena quantidade de vazamento interno para fornecer
uma camada de lubrificação.
A maioria dos retentores hidráulicos é feita de materiais como couro, bruna N
(borracha nitrílica), silicone, neopreme ou teflon.
A figura 143 mostra alguns modelos dos principais elementos de vedação dos
sistemas hidráulicos.
174
Figura 143 - Modelos de retentores hidráulicos.
Disponível em: http://www.jundved.com.br/produtos. Acessado em: 03 out. 2009.
d) válvulas de controle
As válvulas de controle hidráulicas possuem características funcionais
semelhantes às válvulas de controle utilizadas na pneumática. Porém, em hidráulica,
os componentes são mais robustos e dispensam o uso de equipamentos
lubrificadores, pois o próprio óleo hidráulico desempenha essa função.
Portanto, também em hidráulica, as funções das válvulas de controle são:
direcionar o fluido;
impor bloqueios;
regular a vazão (velocidade); e
regular a pressão.
177
Por fim, as válvulas de simultaneidade e isolamento têm as mesmas
características e funções descritas para seus equivalentes pneumáticos. Por isso,
não serão apresentados mais detalhes nesta secção de estudo.
A figura 147 mostra os símbolos das válvulas de bloqueio utilizados nos
sistemas hidráulicos e a figura 148 mostra alguns modelos reais desses tipos de
válvulas hidráulicas.
Por outro lado, as válvulas de controle de fluxo são utilizadas, por exemplo,
para regular as velocidades em atuadores hidráulicos, pois a velocidade nos
mesmos depende da quantidade de óleo a eles bombeada por unidade de tempo.
O controle de fluxo também é denominado regulagem de fluxo e pode ser fixa
ou variável. Na tabela 26 são apresentados através de símbolos os tipos de válvulas
controladoras de fluxo mais comuns.
178
Tabela 26 - Símbolos e descrições das válvulas hidráulicas de controle de fluxo.
Símbolo Descrição
estranguladora
pressão do sistema.
redutora de
A figura 149 ilustra esses tipos de ligações. Por outro lado, a figura 150
apresenta um modelo de válvula controladora de fluxo utilizada em sistemas
hidráulicos.
179
Figura 149 - Formas de aplicações das válvulas controladoras de fluxo.
Figura 150 - Modelo de válvula hidráulica de controle de fluxo tipo divisora de fluxo.
Símbolo Descrição
Normalmente utilizada para baixas vazões.
válvula de
181
8.2.3 Consumo nos sistemas hidráulicos
A energia hidráulica produzida pela bomba no estágio de geração dos
sistemas hidráulicos é convertida novamente em energia mecânica através dos
atuadores hidráulicos para realização de tarefas que envolvam grandes esforços.
Os atuadores hidráulicos envolvem cilindros e motores. Os cilindros, em geral,
são atuadores lineares, ou seja, são atuadores que realizam trabalho em linha reta.
Os motores, por sua vez, são atuadores rotativos. Suas construções se parecem
muito com a das bombas hidráulicas. Porém, ao invés de “empurrar” um fluido, como
faz a bomba, o motor é empurrado pelo fluido e desenvolve um torque que causa um
movimento rotativo contínuo.
a) cilindros hidráulicos
Os cilindros hidráulicos são assim classificados: cilindros de simples ou de
duplo efeito e cilindros diferenciais ou não diferenciais.
As variações dos cilindros hidráulicos incluem pistão liso ou pistão com haste,
sendo esta sólida ou telescópica.
Um cilindro tipo pistão liso é o mais simples que existe. Em seu interior, há
somente uma câmara para o fluido e a força é exercida numa única direção. A
maioria desses cilindros é montada verticalmente e retorna pela força da gravidade.
Eles são adequados para aplicações que envolvem cursos longos tais como
elevadores e macacos hidráulicos. A figura 152 ilustra o funcionamento desse tipo
de cilindro hidráulico.
Um cilindro de duplo efeito é assim chamado porque pode ser operado pelo
fluido em ambos os sentidos (avanço ou retorno). Isso significa que se pode obter
força em qualquer dos sentidos de movimento. Também é classificado como
cilindro diferencial, pois esse tipo de cilindro possui forças de avanço e de retorno
desiguais devido à área da haste que é fixada ao êmbolo do cilindro.
b) motores hidráulicos
Um motor hidráulico é um atuador rotativo. Suas principais características
são: deslocamento, torque e limite de pressão máxima.
O deslocamento é a quantidade de fluido que o motor receberá para uma
rotação, ou então é a capacidade de uma câmara multiplicada pelo número de
câmaras que o mecanismo possui. O deslocamento é representado em cm³/rotação.
O torque do motor é a força necessária para vencer a força de atrito e a
resistência ao escoamento do fluido para que ocorra o deslocamento do mesmo. O
torque é expresso em kg.m ou libras.polegada.
A pressão necessária num motor hidráulico depende do torque e do
deslocamento necessário. Então, um motor de grande deslocamento desenvolverá
um torque com pressão menor que um motor de pequeno deslocamento. A unidade
usual de pressão usual é o bar.
Os motores hidráulicos possuem as mesmas características construtivas das
bombas hidráulicas. Portanto, os motores hidráulicos são classificados em:
motores de engrenagens;
motores de palhetas; e
motores de pistão.
185
b) circuitos hidráulicos com acumulador
A figura 158 mostra um exemplo de circuito hidráulico com acumulador de
pressão. Esse circuito é utilizado na carga e descarga da bomba hidráulica após o
acumulador ter atingido sua máxima pressão. O funcionamento desse circuito é o
seguinte:
quando o conjunto motor-bomba for acionado, começa o carregamento
do acumulador até que o mesmo alcance seu valor de pressão máxima
ajustado na válvula interruptora de pressão;
quando a válvula interruptora de pressão for acionada, ocorrerá sua
abertura e o fluxo da bomba será desviado para o tanque;
à medida que o sistema hidráulico for consumindo a energia
armazenada o acumulador será descarregado e a válvula interruptora
voltará a sua posição inicial, liberando a passagem do fluido da bomba
para o acumulador;
quando a pressão máxima no acumulador for atingida novamente, a
válvula interruptora de pressão abre novamente e um novo ciclo de
descarga e carga do acumulador será reiniciado, recomeçado.
Figura 158 - Circuito hidráulico de descarga da bomba hidráulica por válvula interruptora de pressão.
186
c) circuito hidráulico com filtro
Em um sistema hidráulico, o filtro pode ser instalado em três áreas distintas:
na linha de sucção, na linha de pressão ou na linha de retorno, conforme mostra a
figura 159.
Nesse circuito, a válvula de retenção simples em bypass (em paralelo) com o
filtro na verdade está incorporada ao próprio filtro. Sua função é liberar a passagem
do fluido, uma vez que a sua pressão de abertura é atingida devido ao bloqueio do
filtro. Nesse caso, o fluido vence a pressão da mola e passa livremente. Portanto, a
válvula de retenção funciona como proteção para evitar o colapso do elemento
filtrante.
187
V1 causando o movimento de avanço do cilindro. Ao completar seu movimento de
avanço, o cilindro acionará o rolete M2 que permitirá a passagem do fluido para a
outra via de pilotagem da válvula V1, causando o retorno à sua posição inicial (à
direita) e, assim, causando o recuo do cilindro. Ao completar o seu movimento de
recuo, o cilindro acionará novamente o rolete M1 e um novo ciclo de avanço e recuo
será reiniciado.
Exercício:
Figura 161 - Circuito hidráulico com acumulador utilizado como eliminador de pulsações.
188
8.3.2 Exemplo de circuito eletro-hidráulico
A figura 162 mostra um exemplo de circuito hidráulico com acionamento
sequencial elétrico comandado por pressóstatos.
Nesse circuito, os pressostatos P1, P2 e P3 vão disparar os solenóides S1, S2
e S3, respectivamente, à medida que a pressão ajustada em cada um deles seja
atingida na linha de pressão do circuito. O pressostato P4 tem a função de cortar a
energia do circuito elétrico que alimenta os solenóides S1, S2, S3 e S4 fazendo que
suas respectivas válvulas de controle direcional retornem às suas posições iniciais e,
por consequência, que os cilindros recuem.
189
8.4 Sistemas hidráulicos em navios
A bordo dos navios, os sistemas hidráulicos e eletro-hidráulicos são utilizados
para movimentar máquinas que necessitam grandes esforços: guindastes, máquina
do leme, propulsor, entre outros.
Para exemplificar a aplicação dos sistemas eletro-hidráulico nos navios, serão
apresentadas, nos itens a seguir, algumas características dos circuitos eletro-
hidráulicos da máquina do leme.
190
Figura 163 - Máquina de leme eletro-hidráulico.
191
Pode-se observar no diagrama em blocos da última figura que esse sistema
possui três modos de operação: manual (“no follow-up” ou NF), automático pré-
seletor (“follow-up” ou FU) e piloto automático (PA). Quando em operação manual,
comanda-se o leme através de uma chave que atua diretamente sobre os
solenoides do sistema hidráulicos. No modo automático pré-seletor, o ângulo
desejado ao leme (ou rumo da embarcação) é ajustado através do timão (roda do
leme) e automaticamente tomado pelo leme, mantendo-se o mesmo sempre na
posição em que estiver o pré-seletor. No modo piloto automático, os
posicionamentos do leme passam a ser comandados através de computadores
digitais integrados a sistemas de navegação por satélite. Apresentamos a seguir
mais detalhes acerca do funcionamento do sistema de governo (máquina do leme)
da figura 164.
193
REFERÊNCIAS
194
PARKER TRAINING BRASIL. Tecnologia EIetropneumática Industrial. Jacarei –
SP: Parker Hannifin Ind. Com. Ltda, 2001.
195
ANEXO A – Tabela de transformadas de Laplace
196
ANEXO B - Simbologia elétrica
botoeira NA botoeira NF
contato NA contato NF
(exemplo: relé auxiliar) (Exemplo: relé auxiliar)
acionamento acionamento
eletromagnético eletromagnético
(Ex: bobina do contator) (Ex: eletroválvula)
197
Tabela 29 - Símbolos elétricos (continuação).
contador fusível
aterramento neutro
bateria pilha
voltímetro amperímetro
wattímetro gerador
198
ANEXO C - Simbologia LADDER
logaritmo exponencial
multiplicação divisão
199
Tabela 30 - Símbolos LADDER mais utilizados, segundo a Norma IEC61131-3 (continuação).
200
Tabela 30 - Símbolos LADDER segundo a Norma IEC61131-3 mais utilizados (continuação).
contador
log de alarmes
crescente/decrescente
201
ANEXO D - Simbologia pneumática
fonte de ar
comprimido
resfriador de ar
silenciador
reservatório de ar
202
Tabela 31 - Símbolos pneumáticos (continuação).
filtro de ar
símbolo simplificado
203
Tabela 31 - Símbolos pneumáticos (continuação).
204
Tabela 31 - Símbolos pneumáticos (continuação).
válvulas
de controle válvula de controle de fluxo variável bidirecional
de fluxo
válvula de sequência
válvulas
de controle válvula de alívio ou válvula de segurança
de pressão
205
Tabela 31 - Símbolos pneumáticos (continuação).
cilindros
de simples ação
cilindro de simples ação com avanço por mola
ou
duplo efeito
206
ANEXO E - Simbologia hidráulica
linha de pressão
linha piloto
linha de dreno
linha flexível
união de linhas
linhas cruzadas
direção do fluxo
linha para o
reservatório
deslocamento fixo
bomba simples
deslocamento variável
207
Tabela 32 - Simbologia hidráulica (continuação).
deslocamento fixo
motor hidráulico
rotativo deslocamento variável
motor oscilante
aberto
reservatório
fechado
por mola
acumulador
por gás
filtro
208
Tabela 32 - Simbologia hidráulica (continuação).
trocador de calor
aquecedor
cilindros
cilindro diferencial
209
ANEXO F – Sistema de ar de controle
210
ANEXO G – Sistema de gás inerte
211
ANEXO H – Sistema de comando do MCP
212