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CIRCUITOS

ELÉTRICOS I

autor
ROBSON DIAS RAMALHO

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2017
Conselho editorial  roberto paes e gisele lima

Autor do original  robson dias ramalho

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  gisele lima , paula r. de a. machado e aline karina


rabello

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão linguística  bfs media

Revisão de conteúdo  gustavo jose luna filho

Imagem de capa  watcharakun | shutterstock.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2017.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

R165c Ramalho, Robson Dias


Circuitos elétricos I / Robson Dias Ramalho.
Rio de Janeiro: SESES, 2017.
200 p: il.

isbn: 978-85-5548-502-2

1. Engenharia elétrica eletrotécnica. 2. Circuitos elétricos.


3. Indutores. 4. Capacitores. I. SESES. II. Estácio.
cdd 621.3192

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário
Prefácio 7

1. Técnicas de Análise de Circuitos 9


Terminologia 10

Descrição de um circuito 12

Abordagem sistemática 14

Método das tensões de nó 15


Com fontes independentes de corrente e tensão 15
Com fontes dependentes de corrente e tensão 19

Método das correntes de malha 22


Com fontes independentes de corrente e tensão 23
Com fontes dependentes de corrente e tensão 27

2. Teoremas de Análise de Circuitos 37


Circuito equivalente Thevenin e Norton 38
Teorema de Thevenin 38
Teorema de Norton 50
Conversão entre os circuitos de Thevenin e Norton 54

Teorema da superposição e transformação de fontes 57


Transformação de fontes 61

3. Indutores e Capacitores 69
Relação entre tensão, corrente, potência e energia nos terminais de
um indutor 70
A tensão elétrica no indutor 70
A corrente elétrica no indutor 72
A potência e energia elétrica no indutor 74

Relação entre tensão, corrente, potência e energia nos terminais


de um capacitor 76
A corrente e tensão elétrica no capacitor 76
A potência e energia elétrica no capacitor 79
Associação de indutores 80
Associação de indutores em série 80
Associação de indutores em paralelo 81

Associação de capacitores 85
Associação de capacitores em série 85
Associação de capacitores em paralelo 88

Formas de onda de tensão, corrente, potência e energia nos terminais dos


elementos isolados 90
Formas de onda de tensão, corrente, potência e energia nos terminais do
indutor 90
Formas de onda de tensão, corrente, potência e energia nos terminais do
capacitor 96

4. Circuitos RL e RC 105
Caracterização da resposta natural e resposta forçada 106

Resposta natural de um circuito RL básico 107


A constante de tempo do circuito RL 111

Resposta natural de um circuito RC básico 112


A constante de tempo do circuito RC 116

Respostas dos circuitos RC e RL a um degrau de tensão 116


Circuito RL: Fase de armazenamento e de decaimento 116
Circuito RC: Fase de carga e de descarga 127

Solução geral para as respostas de um circuito RL e RC 140


Valores iniciais em circuitos RC 140
Valores iniciais em circuitos RL 143
Solução geral para valores iniciais em circuitos RL e RC 147

Comutação sequencial 148


5. Circuito RLC 159
Circuitos com dois elementos armazenadores de energia 160

Resposta natural de um circuito RLC paralelo 163


Solução geral de uma equação homogênea 164
Formas da resposta natural de um circuito RLC paralelo 167

Resposta natural de um circuito RLC série 176


Formas da resposta natural de um circuito RLC série 178

Resposta ao degrau do circuito RLC paralelo 180

Resposta ao degrau do circuito RLC série 184


Prefácio

Prezados(as) alunos(as),

Este livro didático é destinado aos alunos do curso de engenharia elétrica ele-
trotécnica da faculdade Estácio. Os conteúdos aqui abordados atendem as bases
tecnológicas da disciplina de Circuitos Elétricos I, CCE0123. Para um melhor
aproveitamento desta obra alguns pré-requisitos são necessários, são eles: cálculo
diferencial e integral I, II e III, e eletricidade aplicada. Muitos de vocês já se de-
pararam com a teoria básica de circuitos elétricos nos conteúdos de eletricidade e
magnetismo. Neste livro iremos realizar um maior aprofundamento destas teorias
aplicando-as aos circuitos elétricos em corrente contínua.
Para uma melhor compreensão, temos diversos exemplos ao longo das expli-
cações. Problemas com suas respostas estão incluídos ao final de cada capítulo. A
maioria dos exercícios foram escolhidos de forma a obter respostas sem muitas
casas decimais, 12 Volts, 4,8 Amperes, de forma a evitar a necessidade de arredon-
damentos desnecessários tornando o estudo dos circuitos elétricos mais atraente.
Este livro foi dividido em 5 capítulos os quais abordam a terminologia e aná-
lise dos circuitos elétricos sob o domínio do tempo. No início de cada capítulo
apresentamos os objetivos que esperamos que você atinja, caso ao final do seu es-
tudo você não se sinta seguro acerca de algum destes, sugerimos uma nova leitura
do capítulo e a procura do seu professor. Ao final de cada capítulo apresentamos
também um resumo de cada seção do capítulo, recomendamos a leitura deste
resumo apenas para uma revisão sucinta.
No capítulo 1 estudaremos os métodos de análise de circuitos elétricos, esta
investigação permite a obtenção de equações e valores que caracterizam o funcio-
namento do circuito. No capítulo 2 você aprenderá alguns teoremas de análise de
circuitos elétricos, estes teoremas têm como objetivo principal a simplificação da
análise dos circuitos elétricos. Os teoremas descritos são: teoremas de Thevenin,
Norton, Superposição e da Máxima Transferência de Potência. No capítulo 3 ire-
mos compreender o indutor e o capacitor segundo o comportamento para com
a tensão, corrente, potência e energia. Será explorado também a associação serie
e paralela de indutores com indutores como também a associação de capacito-
res com capacitores. No capítulo 4 você irá entender os circuitos RL e RC. Em

7
ambos os circuitos será observado os tempos de carregamento, descarregamento
e as equações que os regem segundo a resposta natural e ao degrau de tensão. No
capítulo 5 você estudará o circuito RLC. A resposta natural e ao degrau de tensão
será investigada nos circuitos RLC série e paralelo.

Bons estudos!
1
Técnicas de análise
de circuitos
Técnicas de análise de circuitos
Ao analisar um circuito elétrico tem-se o objetivo de obter equações que de-
monstrem o funcionamento e as características do circuito, assim é possível a ob-
tenção de parâmetros do circuito, tais como: corrente, tensão e potência elétrica.
Esta análise é de fundamental importância para a implementação do circuito,
desta forma, podemos dispor elementos no circuito e interconectá-los de forma a
ter o comportamento desejado.
A complexidade dos circuitos pode tornar a análise do circuito um trabalho
bastante cansativo. Portanto, utilizar métodos que simplifiquem o circuito e os
cálculos é fundamental na análise. Neste capítulo aprenderemos algumas técnicas
de simplificação dos circuitos elétricos.

OBJETIVOS
•  Definir circuitos elétricos;
•  Definir uma fonte de tensão ideal e fonte de corrente ideal;
•  Descrever os teoremas de Thevenin, Norton e Superposição e aplicá-los em circuito de
corrente contínua;
•  Aplicar os métodos dos nós ou das correntes de malhas em circuitos de corrente contínua,
excitados por fontes dependentes ou independentes de tensão ou corrente;
•  Converter uma fonte de tensão em seu equivalente de fonte de corrente, como também
uma fonte de corrente em seu equivalente de fonte de tensão;
•  Aplicar o teorema da máxima transferência de potência nos circuitos em corrente contínua.

Terminologia

No estudo dos métodos para análise de circuitos elétricos, algumas definições


são necessárias. Dependendo da configuração do circuito podemos aplicar ou não
determinado método de análise. Por exemplo, o método de análise das malhas,
a ser visto na seção 1.5, somente deve ser aplicado a circuitos “planares”. Diante
disto, o entendimento de duas terminologias é fundamental, são elas: circuitos
planares e não planares.

capítulo 1 • 10
Designamos um circuito de planar aquele que pode ser desenhado em um
plano sem cruzamento entre os ramos, caso contrário chamamos o circuito de não
planar. A figura a seguir mostra um circuito planar.
R1 R4

R7 R8
V1 R3 R6

R2 R5

Podemos ter casos de circuitos que apresentam cruzamento nos ramos serem
planar, situação permitida devido à possibilidade de podermos redesenhá-lo de tal
forma a não haver ramos se cruzando. A figura a seguir ilustra esta ideia. Veja que
temos dois ramos se cruzando, mas o circuito ele pode ser redesenhado de forma
a não haver ramos se cruzando.
I1

I1
R1 R1

R7 R8 redesenhando R2 R6
R2 R6
R7 R3 R8
R3
R4 R5
R4 R5

Entretanto, o circuito da figura a seguir não é planar porque não há nenhuma


maneira de redesenhá-lo sem haver ramos se cruzando.
R7

R1

R2 R4

L1 R8 R9
R3 R5

R6

capítulo 1 • 11
Descrição de um circuito

Para que exista um circuito elétrico três componentes são fundamentais, são
eles: o gerador, o condutor e a carga.
Já comentamos em disciplinas anteriores que para existir um deslocamento de
corrente elétrica é necessário que haja uma pressão elétrica, ou seja, uma diferença
de potencial entre dois pontos distintos de um condutor. Um gerador de tensão
é um dispositivo com esta finalidade, ou seja, através de uma ação química, por
exemplo, a pilha, bateria, temos uma diferença de potencial entre dois pontos.
Existem geradores de tensão contínua, por exemplo, a pilha e bateria, e os gerado-
res de tensão alternada, o alternador. A seguir temos a representação do gráfico e a
simbologia eletrônica do gerador de tensão contínua e de tensão alternada.
(V)
30

20

10

0 Tempo
46 48 50
–10

–20

–30

(V)
30
25
20 + V1
15
10
5
0
0 2 4 6 8

O condutor é aquele que faz o elo entre o gerador e carga. Como exemplo de
condutores temos o fio de cobre, alumínio e etc.
A carga é responsável por transformar a energia elétrica em trabalho útil.
Como exemplo temos o motor elétrico, em que transforma a energia elétrica em
força mecânica.

capítulo 1 • 12
A união destes três componentes, gerador, condutor e carga originam o circui-
to elétrico. A figura a seguir ilustra estes componentes interligados.
Condutor

+
Gerador Carga

Quando os componentes do circuito elétrico são interligados formando um circuito


elétrico, esta interligação pode ser descrita segundo os parâmetros: caminhos, nós, laços
de malhas. Para definirmos cada parâmetro deste vamos utilizar o circuito a seguir.
a Rt c R3 d R5 e

+
V1 R2 I2 R7 I2 R6 I6 Is1

R4 f f f

Na tabela a seguir temos a definição de cada parâmetro e um exemplo


no circuito.

EXEMPLO NO
NOME DEFINIÇÃO CIRCUITO
Um ponto do circuito em que dois ou mais ele-
Nó a
mentos se unem.

Nó em que três ou mais elementos do circuito


Nó essencial c
se juntam

Traço que liga elementos do circuito sem pas-


Caminho V1-R1-R2
sar mais de uma vez pelos elementos incluídos.

Ramo Caminho que interliga dois nós. R1

Caminho em que os nós de início e fim são


Laço V1-R1-R3-R7-R4
coincidentes.

Malha Laço que não contém nenhum outro laço. V1-R1-R2-R4

capítulo 1 • 13
Abordagem sistemática

Para descrevermos a abordagem sistemática vamos partir do circuito a seguir.


Nesta abordagem duas leis são fundamentais, são elas: Leis de Kirchhoff das
tensões e das correntes.
I1 I2 I5

a R1 c R3 d R5 e

+
V1 R2 I2 R7 I2 R6 I6 Is1

R4 f f f

Aplicando a lei de Kirchhoff das correntes nos nós c, d e e, temos:

PARA O NÓ c I1 = I2 + I3

PARA O NÓ d I3 = I4 + I5

PARA O NÓ e I6 = I5 +IS1

No circuito temos quatro malhas, especificadas como M1, M2, M3 e M4. A


partir destas malhas podemos obter as equações regidas pela lei de Kirchhoff das
tensões.
Para a malha M1 temos:
R 1 ⋅ I1 + R 2 ⋅ I2 + R 4 ⋅ I1 − V1 = 0
I1 ( R 1 + R 4 ) + R 2 ⋅ I2 = V1

Para a malha M2 temos:


R 3 ⋅ I3 + R 7 ⋅ I4 − R 2 ⋅ I2 = 0

Para a malha M3 temos:


R 5 ⋅ I5 + R 6 ⋅ I6 − R 7 ⋅ I4 = 0

capítulo 1 • 14
Estas equações são fundamentais para obtenção dos parâmetros de corrente,
tensão e potência. Nas próximas seções detalharemos alguns métodos de obter
estes parâmetros no circuito.

Método das tensões de nó

O método das tensões de nó utiliza a lei de Kirchhoff das correntes para ob-
tenção de suas equações.
O método dos nós é aplicado da seguinte forma:
1. Determine o número de nós do circuito;
2. Escolher um nó de referência e nomear os outros nós, por exemplo: V1,
V2 etc;
3. Aplicar a lei de Kirchhoff das correntes a todos os nós, exceto o nó
de referência;
4. Resolver as equações resultantes.

Com fontes independentes de corrente e tensão

Primeiramente vamos analisar os circuitos elétricos sob o método dos nós em


circuitos com fontes independente de corrente e tensão.
A fonte independente de tensão é um elemento ativo que mantém a tensão
constante entre seus terminais. A figura a seguir mostra duas simbologias desta
fonte. De acordo com a figura, esta fonte mantém entre seus terminais uma tensão
de 10V, independente da corrente.
+ +
V1 Vs
10V V 10V1

A fonte independente de corrente é um elemento ativo que mantém a corren-


te constante. A figura a seguir mostra a simbologia desta fonte. De acordo com
a figura, esta fonte mantém constante uma corrente de 10mA. A seta indica o
sentido da corrente.

Is1
100 mA

capítulo 1 • 15
Nesta seção utilizaremos o método dos nós em circuitos com fontes indepen-
dente de tensão e corrente. Para tornar mais clara esta análise tomemos o circuito
a seguir.

R1
6k R2 Is1
+ 12k 1A
V1
24V

Neste circuito, vamos calcular a corrente que percorre o resistor R1 e R2 por


meio do método dos nós. Vamos resolver o circuito passo-a-passo.

1. Determinar o numero de nós.


O circuito possui dois nós, mostrados no circuito a seguir.

R1
6k R2 Is1

+ 12k 1mA
V1
24V

2. Vamos escolher um nó de referência e nomear o outro nó.


Vx

R1
6k R2 Is1
+ 12k 1mA
V1
24V
Referência

capítulo 1 • 16
3. Inserir as correntes no circuito.
O sentido da corrente em cada ramo do circuito deve considerado como sain-
do do nó. Veja na figura a seguir.
Vx

R1
6k R2 Is1
I1 I2
+ 12k 1mA
V1
24V
Referência

Atenção: No caso da fonte de corrente, Is1, não devemos alterar seu sentido.
4. Aplicar a lei de Kirchhoff das correntes ao circuito.
Veja que as correntes que saem do nó V1 é I1 e I2. Já a corrente que entra no nó
V1 é Is1. Sabemos que a lei de Kirchhoff das correntes diz: As correntes que saem
do nó é igual às correntes que entram neste mesmo nó. Assim, temos:

I1 + I2 = IS1

5. Relacionar a equação das correntes com a tensão nodal V1 e calcular V1.


I1 + I2 = Is1
Vx − V1 Vx
+ = Is1
R1 R2
Vx Vx V1
+ − = Is1
R1 R2 R1
 1 1  V1
Vx  +  − = Is1
 R1 R 2  R1
 1 1  V1
Vx  +  = + Is1
 R1 R 2  R1

capítulo 1 • 17
Substituindo os valores de R1, R2, V1 e Is1 na equação anterior temos:

 1 1  24 V
Vx  + = + 1mA
 6kΩ 12kΩ  6kΩ
Vx = 20 V
 1 1  V1
Vx  +  = + Is1
 R1 R 2  R1

6. Obter a corrente que percorre o resistor R2.


Vx 20 V
IR 2 = = = 1,66 mA
R2 12kΩ

7. Obter a corrente que percorre o resistor R1.


A equação que rege a corrente que passa sobre o resistor R1 é:
Vx − V1
I1 =
R1

Logo I1 é:
20 V − 24 V −4 V
I1 = = = −0,66 mA
6 kΩ 6 kΩ

O sinal negativo indica que a corrente I1 tem sentido oposto ao que indicamos
inicialmente. Veja na figura a seguir.

R1 R1
6k R2 Is1 6k R2 Is1
I1 I2 I1 I2
+ 12k 1mA + 12k 1mA
V1 V1
24V 24V

Figura 1.1  –  a) Sentido arbitrário das correntes adotado incialmente; b) Sentido correto
das correntes.

capítulo 1 • 18
Com fontes dependentes de corrente e tensão

As fontes dependentes de tensão ou corrente trabalham de forma similar às


fontes independentes de tensão ou corrente, porém o a amplitude da tensão de-
pende de outra tensão ou de outra corrente de algum ramo do circuito. A repre-
sentação destas fontes dependentes nos circuitos possuem o formato de losangos.
As figuras a seguir mostram fontes dependentes de tensão ou corrente.

Fonte de tensão dependente da corrente. Observe que


Ix k · Ix a amplitude fonte de tensão depende do valor da cor-
rente elétrica Ix.

Fonte de tensão dependente da tensão. Observe que a


k · Ix amplitude da fonte de tensão depende do valor da ten-
são elétrica Vx.

Fonte de corrente dependente da corrente. Observe que


Ix rm · Ix a amplitude da fonte de corrente depende do valor da
corrente elétrica Ix.

Fonte de corrente dependente da tensão. Observe que


+
Vx tk · Vx a amplitude da fonte de corrente depende do valor da
– tensão elétrica Vx.

A análise do circuito com fontes dependentes segue o mesmo procedimento


do circuito com fonte independente. Para uma maior clareza, vamos resolver deta-
lhadamente o circuito a seguir. Neste circuito vamos calcular a potência dissipada
no resistor de 5Ω.

capítulo 1 • 19
R1 R3 R5

2Ω 5Ω 2Ω
IR5
V1 R2 R4 V2
20V 20Ω 10Ω 8 · IR5

Veja que nosso circuitos temos uma fonte independente, V1, de valor igual
a 20V. Temos também uma fonte de tensão dependente de corrente, V2. Vamos
agora resolver.

1. Determinar o numero de nós, nomeá-los e determinar o nó de referência.


O circuito possui quatro nós, Va, Vb, Vc e Vd, mostrados no circuito a seguir.
Para determinar as equações do circuito utilizaremos os nós Vb e Vc.
Va R1 Vb R3 Vc R5 Vd

2Ω 5Ω 2Ω
IR5
V1 R2 R4 V2
20V 20Ω 10Ω 8 · IR5

Nó de referência

2. Inserir as correntes do circuito.


As correntes de cada ramo foram arbitradas segundo a figura a seguir.
Va R1 Vb R3 Vc R5 Vd

2Ω 5Ω 2Ω
IR1 IR5 IR6
V1 R2 R4 V2
IR2 IR4
20V 20Ω 10Ω 8 · IR5

Nó de referência

capítulo 1 • 20
3. Expressar as correntes segundo a lei de Kirchhoff das correntes.
IR 1 = IR 2 + IR 5
IR 5 + IR 6 = IR 4

4. Expressar as expressões obtidas segundo a lei de Kirchhoff das correntes


sob a forma das tensões nos nós.
IR 5 + IR 6 = IR 4
Vb − Vc 8 ⋅ IR 5 − VC Vc
+ =
R3 R5 R4
Vb − Vc 8 ⋅ IR 5 − VC Vc
IR 1 = IR 2 + IR 5 + =
5 2 10
Va − Vb Vb Vb − Vc 2 Vb − 7 Vc + 40 ⋅ IR 5 Vc
= + =
R1 R2 R3 10 10
20 − Vb Vb Vb − Vc 2 Vb − 8 Vc + 40 ⋅ IR 5 = 0∴( ÷2)
= + Vb − Vc
2 20 5 Vb − 4 Vc + 20 ⋅ IR 5 = 0∴IR 5 =
20 − Vb 5 Vb − 4 Vc 5
= Vb − Vc
2 20 Vb − 4 Vc + 20 ⋅ =0
15 Vb − 4 Vc = 200 5
5 Vb − 8 Vc = 0

Logo, as expressões obtidas foram:

15 Vb − 4 Vc = 200

5 Vb − 8 Vc = 0

5. Resolver as equações e encontrar a potência sobre R3.

15 Vb − 4 Vc = 200∴× ( −2 )

5 Vb − 8 Vc = 0
−30 Vb + 8 Vc = −400

5 Vb − 8 Vc = 0
−25 Vb = −400
Vb = 16

capítulo 1 • 21
Substituindo Vb na equação a seguir obtemos Vc.
5 Vb − 8 Vc = 0
5.16 − 8 Vc = 0
−8 Vc = −80
Vc = 10

Com os valores de Vb e Vc podemos calcular a corrente IR5, veja:


Vb − Vc Vb − Vc 16 V − 10 V
IR 5 = = = = 1, 2 A
R3 R3 5Ω

Assim, a potência sobre R3 é:

PR 3 = R 3 ⋅ ( IR 5 ) = 5Ω ⋅ (1, 2 A ) = 7, 2 W
2 2

Método das correntes de malha

Neste método, as equações serão descritas segundo a quantidade de malhas do


circuito. Lembre-se que uma malha é um laço em cujo interior não há nenhum
outro laço. A figura a seguir mostra as malhas do circuito e as correntes de malha
no interior de cada laço.

R1 a R2 d I4

I1 R7
+ R8
V1 I1 R6 R3
I3
R5 R4
b c

Uma corrente de malha é uma corrente que apenas existe dentro do perímetro
da malha. Veja no circuito anterior as diversas correntes, sendo uma para cada
malha. A seta indica o sentido da corrente.

capítulo 1 • 22
Neste método, o numero de equações a serem desenvolvidas depende de dois
fatores: a quantidade de ramos do circuito e a quantidade de nós essenciais. No
circuito temos 7 ramos (a-d, a-c, b-c, b-d, c-d e dois ramos a-b) e quatro nós es-
senciais (a, b, c e d). O número de equações a serem obtidas é dada por:

[Quantidaderamos – (Quantidadenós_essenciais –1)]

Logo, segundo o circuito anterior, teríamos que ter 4 equações, veja:

[Quantidaderamos – (Quantidadenós_essenciais –1)] = [7 – (4 – 1)] = 4

Com fontes independentes de corrente e tensão

Vamos aplicar o método das correntes de malha em circuitos com fontes in-
dependentes de tensão. Para uma maior clareza, vamos partir do circuito a seguir.
Neste circuito vamos calcular a corrente sobre o resistor cada resistor.

R1 R2
1k 6k R3
2k
+ +
V1 V2
5V 10V

1. Determine o número de equações do circuito.


Observe que o circuito possui três ramos (três ramos a - b) e dois nós essenciais
(a e b). Veja na figura a seguir.
a

R1 R2
1k 6k R3
I1 I2
2k
+ +
V1 V2
5V 10V
b

capítulo 1 • 23
Logo, o número de equações é:

[Quantidaderamos – (Quantidadenós_essenciais –1)] = [3 – (2 – 1)] = 2

2. Associe uma corrente elétrica no sentido horário de cada malha


do circuito.
O circuito possui duas malhas, mostradas no circuito a seguir.
a

– ++ +
R1 R2
1k 6k +
+ –– R3
I1 I2 –
2k
+ + –
V1 V2
5V 10V
b

3. Indique as polaridades de cada resistor.


Dentro de cada malha devemos indicar as polaridades de cada resistor, de
acordo com o sentido da corrente da malha. Observe que temos a necessidade de
que sejam indicadas as polaridades para todos os componentes de todas as malhas.
Isto acarreta na existência de duas polaridades para o resistor R2 do nosso exemplo.
Veja no circuito a seguir as polaridades associadas.
a

– ++ +
R1 R2
1k 6k +
+ –– – R3
I1 I2
2k
+ + –
V1 V2
5V 10V
b

capítulo 1 • 24
4. Aplique a lei de Kirchhoff para tensões em cada malha e obtenha
as equações.
Devemos aplicar esta lei ao sentido horário das malhas. Dois pontos devem ser
observados neste momento:
a) Caso um resistor seja percorrido por duas ou mais correntes, a
corrente total que atravessa este resistor é dada pela corrente da ma-
lha somado as correntes de outras malhas que percorrem esta malha
no mesmo sentido e caso contrário, menos as correntes que atraves-
sam no sentido oposto.
b) A polaridade da fonte de tensão não é afetada pelo sentido das
correntes nas malhas.
Em nosso exemplo temos:
Malha 1 (sentido horário a partir do ponto b):
a
V1 − VR 1 − VR 2 − V2 = 0

R1
++
R2
+
+5 V − 1kΩ ⋅ I1 − 6kΩ ⋅ ( I1 − I2 ) − 10 V = 0
1k 6k +
+ –– R3
I1 I2 –
2k
+ + –
V1 V2 O sinal negativo é devido a I2
5V 10V está no sentido contrário a I1.
b

−7kΩ ⋅ I1 + 6kΩ ⋅ I2 = 5 V

Malha 2 (sentido horário a partir do ponto b):


V 2 − VR 2 − VR 3 = 0
+10 V − 6kΩ ⋅ ( I2 − I1 ) − 2kΩ ⋅ I2 = 0 ⇒ 6kΩ ⋅ I1 − 8kΩI2 = −10

O sinal negativo é devido a I1 está no sentido contrário a I2.

As equações obtidas foram:

Malha 1 : − 7kΩ ⋅ I1 + 6kΩ ⋅ I2 = 5 V



Malha 2 : 6kΩ ⋅ I1 − 8kΩ ⋅ I2 = −10 V

capítulo 1 • 25
5. Resolver o sistema linear e obter as correntes de cada malha.

Malha 1 : −7kΩ ⋅ I1 + 6kΩ ⋅ I2 = 5 V ∴× ( 8 )



Malha 2 : 6kΩ ⋅ I1 − 8kΩ ⋅ I2 = −10 V ∴× ( 6 )
Malha 1 : −56kΩ ⋅ I1 + 48kΩ ⋅ I2 = 40 V

Malha 2 : 36kΩ ⋅ I1 − 48kΩ ⋅ I2 = −60 V
I1 ( −56kΩ + 36kΩ ) = −20 V
I1 ( −20kΩ ) = −20 V
I1 = 1mA

Substituindo o resultado de I1 na equação da malha 1 temos:


−7kΩ ⋅ I1 + 6kΩ ⋅ I2 = 5 V
−7kΩ ⋅ 1mA + 6kΩ ⋅ I2 = 5 V
−7 V + 6kΩ ⋅ I2 = 5 V
6kΩ ⋅ I2 = 12 V
I2 = 2mA

Veja que de acordo com o circuito as correntes I1 e I2 fluem em sentidos opos-


tos no ramo do resistor R2. Como I2 é maior que I1, em R2 a corrente flui do nó b
para o nó a e tem valor igual a 1mA. No circuito a seguir mostrados os valores de
corrente e sentido.

1.000mA 2.000mA
DC A DC A
I1 I2

R1 R2
1k 6k 1.000mA
DC A
I2 – I1
R3
2k
+ +
V1 V2
5V 10V

capítulo 1 • 26
Com fontes dependentes de corrente e tensão

A análise do circuito com fontes dependentes de tensão ou corrente segue


o mesmo procedimento dos circuitos com fonte independentes. Vamos tomar
o circuito a seguir e resolvê-lo detalhadamente. Neste exemplo vamos calcular a
potência dissipada pelo resistor R4.
R2

R1 R3

5Ω 4Ω

V1 R4 V2
IR4
50V 20Ω 15 · IR4

1. Determine o número de equações do circuito.


Observe que o circuito possui seis ramos (a-b, a-d, a-c, b-d, b-c e c-d) e quatro
nós (a, b, c e d). Veja na figura a seguir.
R2

R1 b R3
a c
5Ω 4Ω

V1 R4 V2
IR4
50V 20Ω 15 · IR4

d d d

Logo, o número de equações é:

[Quantidaderamos – (Quantidadenós_essenciais –1)] = [6 – (4 – 1)] = 3

Assim, precisamos de três equações para descrever o circuito.

capítulo 1 • 27
2. Associe uma corrente elétrica no sentido horário de cada malha do circuito.
O circuito possui três malhas, mostradas no circuito a seguir.
R2


I2
R1 b R3
a c
5Ω 4Ω

V1 R4 V2
I1 I3
50V 20Ω 15 · IR4

d d d

3. Indique as polaridades de cada resistor.


Dentro de cada malha devemos indicar as polaridades de cada resistor, de
acordo com o sentido da corrente da malha. Observe que temos a necessidade de
que sejam indicadas as polaridades para todos os componentes de todas as malhas.
Isto acarreta na existência de duas polaridades para os resistores R1, R3 e R4 do
nosso exemplo. Veja no circuito a seguir as polaridades associadas.
+ R2 –

I2
– R1 + b – R3 +
a c
+ 5Ω – + 4Ω –
+ –
V1 R4 V2
I1 I3
50V 20Ω 15 · IR4
– +

d d d

4. Aplique a lei de Kirchhoff para tensões em cada malha e obtenha as equações.


Devemos aplicar esta lei ao sentido horário das malhas. Dois pontos devem ser
observados neste momento:
a) Caso um resistor seja percorrido por duas ou mais correntes, a
corrente total que atravessa este resistor é dada pela corrente da ma-
lha somado as correntes de outras malhas que percorrem esta malha
no mesmo sentido e caso contrário, menos as correntes que atraves-
sam no sentido oposto.

capítulo 1 • 28
b) A polaridade da fonte de tensão não é afetada pelo sentido das
correntes nas malhas.
Em nosso exemplo temos:
Malha 1 (sentido horário a partir do ponto d):
V1 − VR 1 − VR 4 = 0
+50 − 5(I1 − I2 ) − 20 ( I1 − I3 ) = 0
O sinal negativo é devido a I3
está no sentido contrário a I1.
O sinal negativo é devido a I2
está no sentido contrário a I1.

−25I1 + 5I2 + 20I3 = −50∴÷ ( 5 )


−5I1 + I2 + 4I3 = −10

Malha 2 (sentido horário a partir do ponto a):


− VR 2 − VR 3 − VR 1 = 0
−1I2 − 4 ( I2 − I3 ) − 5 ( I2 − I1 ) = 0

O sinal negativo é devido a I1


está no sentido contrário a I2.
O sinal negativo é devido a I3
está no sentido contrário a I2.

5I1 − 10I2 + 4I3 = 0

Malha 3 (sentido horário a partir do ponto b):


− VR 3 − V2 − VR 4 = 0
−4 ( I3 − I2 ) − 15IR 4 − 20 ( I3 − I1 ) = 0

O sinal negativo é devido a I1


está no sentido contrário a I3.
O sinal negativo é devido a I2
está no sentido contrário a I3.

20I1 + 4I2 − 24I3 − 15IR 4 = 0∴IR 4 = I1 − I3


20I1 + 4I2 − 24I3 − 15 ( I1 − I3 ) = 0
5I1 + 4I2 − 9I3 = 0

capítulo 1 • 29
Logo, as equações são:
−5I1 + I2 + 4I3 = −10

5I1 − 10I2 + 4I3 = 0
5I + 4I − 9I = 0
 1 2 3

5. Resolver o sistema linear e obter as correntes de cada malha.


Aplicando a regra de Cramer para solucionar o sistema linear.
−5 1 4
∆ = 5 −10 4
5 4 −9

Determinante de Δ:
−5 1 4 −5 1
det(∆) = 5 −10 4 5 −10 = −25
5 4 −9 5 4

•  Obtendo I1:
−10 1 4 −10 1
1
I1 = 0 −10 4 0 −10 = 33,6 A
det(∆)
0 4 −9 0 4

•  Obtendo I2:
−5 −10 4 −5 −10
1
I2 = 5 0 4 5 0 = 26 A
det(∆)
5 0 −9 5 0

•  Obtendo I3:
−5 1 −10 −5 1
1
I3 = 5 −10 0 5 −10 = 28 A
det(∆)
5 4 0 5 4

capítulo 1 • 30
Como estamos interessados na potência dissipada pelo resistor R4, a corrente
que percorre este resistor é:
IR4 = I1 − I3 = 33,6 A − 28 A = 5,6 A

Logo a potência dissipada é:

PR 4 = R 4 ⋅ ( IR 4 ) = 20Ω ⋅ ( 5,6 A ) ≅ 627 W


2 2

RESUMO
•  Seção 1.1 – Terminologia
A disposição dos elementos do circuito permite classificá-lo de duas formas, são elas:
circuitos planares e não planares. Um circuito é definido planar caso possa ser desenhado
sobre um plano sem nenhuma interseção de ramos. Um circuito é classificado em não planar
caso não haja possibilidade de desenhá-lo sem que exista interseção entre os ramos.

•  Seção 1.2 – Descrição de um circuito elétrico

Para que exista um circuito elétricos três elementos são fundamentais, são eles: o ge-
rador, o condutor e a carga. Existindo o circuito elétrico, alguns termos podem ser utilizados
para descrevê-lo, são eles: nó, nó essencial, caminho, ramo, laço e malha.

•  Seção 1.3 – Abordagem sistemática

A abordagem sistemática define as equações que regem o circuito. Estas equações po-
dem ser obtidas pela lei de Kirchhoff das tensões ou das correntes.

•  Seção 1.4 – Método das tensões de nó

Diferentemente do método das correntes de malha que se aplica apenas a circuitos


planares, o método das tensões de nó se aplica a circuitos planares e não planares. Neste
método devem ser nomeados os nós essenciais e um nó de referência. As variáveis de ten-
são devem ser atribuídas aos nós essenciais. As equações devem ser obtidas segundo a lei
de Kirchhoff das correntes.

capítulo 1 • 31
•  Seção 1.5 – Método das correntes de malha
Este método é aplicado apenas em circuitos planares. Para cálculo dos parâmetros do
circuito, correntes de malha devem ser atribuídas a cada malha. A lei de Kirchhoff das ten-
sões deve ser aplicada a cada malha a fim de obter a expressão da malha. O número de
expressões do circuito é definido segundo o número de ramos e nós essenciais do circuito.

•  Seção 1.6 – Circuito equivalente Thevenin e Norton

O circuito equivalente de Thevenin corresponde à fonte de tensão de Thevenin em série


com a resistência de Thevenin. A tensão de Thevenin é obtida com a medida da tensão sobre
a carga aberta. A resistência de Thevenin é a resistência medida com todas as fontes de
tensão curto-circuitada e a fonte de corrente aberta. Thevenin provou que seu circuito produz
a mesma corrente de carga que qualquer outro circuito com fontes e resistências lineares.
O circuito equivalente de Norton corresponde a uma fonte de corrente de Norton em
paralelo com a resistência de Norton. A fonte de corrente de Norton é obtida com a medida
da corrente elétrica sobre a curto-circuitada. A resistência de Norton é a resistência medida
com todas as fontes de tensão curto circuitada e a fonte de corrente aberta. Norton provou
que seu circuito produz a mesma tensão de carga que qualquer outro circuito com fontes e
resistências lineares.
O circuito de Thevenin pode ser transformado em seu equivalente em Norton. Para isto,
a fonte de corrente de Norton deve ser igual à tensão de Thevenin dividido pela resistência
de Thevenin, já a resistência de Norton é igual à resistência de Thevenin.
O circuito de Norton pode ser transformado em seu equivalente em Thevenin. Para isto, a
fonte de tensão de Thevenin deve ser igual ao produto da corrente de Norton pela resistência
de Norton, já a resistência de Thevenin é igual à resistência de Norton.
A máxima transferência de potência é um método para cálculo do máximo valor de po-
tência que pode ser transferida para uma carga. A máxima transferência de potência ocorre
quando a resistência da carga e a resistência de Thevenin são iguais.

•  Seção 1.7 – Teorema da superposição e transformação de fontes

O teorema da superposição permite a obtenção de parâmetros de um circuito de manei-


ra simples. Em um circuito com diversas fontes independentes, o teorema da superposição
pode ser aplicado. Para isto, cada fonte deve ser analisada de por vez de forma a se verificar
sua contribuição para com a grandeza a ser obtida.

capítulo 1 • 32
Transformações de fonte de tensão em fonte de corrente e fonte de corrente em fonte
de tensão são de grande valia na simplificação de circuitos. Para transformar uma fonte de
tensão em fonte de corrente devemos dividir a fonte de tensão pela resistência em série com
esta fonte, este resultado corresponde ao valor da fonte de corrente. A resistência que deve
ser posta em paralelo com a fonte de corrente é a própria resistência em série com a fonte
de tensão. Para transformar uma fonte de tensão de corrente em fonte de tensão devemos
multiplicar a fonte de corrente pela resistência em paralelo com esta fonte, este resultado
corresponde ao valor da fonte de tensão. A resistência que deve ser posta em série com a
fonte de tensão é a própria resistência em paralelo com a fonte de corrente.

ATIVIDADES
01. Sabendo que no circuito da figura a seguir a corrente elétrica Ix e os resistores são co-
nhecidos, responda:

a) Quantas correntes desconhecidas exis-


R1 R2 tem no circuito?
R3 b) Quantas equações podem ser escritas
Ix
usando a lei de Kirchhoff das correntes?
R4 R5

02. Para o circuito da figura a seguir responda:

V1
a) Quantos nós existem?
+ b) Quantos ramos existem?
V1 R2 R3

capítulo 1 • 33
03. Utilizando o método das tensões de nó determine a tensão sobre o resistor R3 no circuito
a seguir.
R2
0.002k

R1
0.008k R3 Is1
+ 0.005k 3A
V2
60

04. Utilizando o método das tensões de nó determine a tensão gerada pela fonte dependen-
te de tensão do circuito a seguir.

R1 R3
0.005k 0.01k

+
V1 R2 V2
Ix V
80V 0.05k 75Ix
R4
0.015k

05. Utilizando o método das correntes de malha determine as correntes Ia, Ib e Ic do circuito
a seguir.

R1 R4
0.003k 0.004k

Ia Ic
+
V1 Ib R3 V2
80V 0.045k 64V
R2 R5 +
0.002k 0.0015k

capítulo 1 • 34
06. Utilizando o método das correntes de malha determine a potência dissipada no resistor
R2 do circuito a seguir.

R6
Ix
0.007k

R1 R4
0.016k 0.004k

Ia Ic
+ +
V1 Ib R3 V2
V
80V 0.007k 24Ix
R2 R5 –
0.008k 0.02k

07. Obtenha os parâmetros de Thevenin, tensão e resistência, e Norton, fonte de corrente e


resistência, do circuito a seguir em relação aos terminais a e b.

R1 R3
0.01k 0.008k
a

+
V1 R2
60V 0.04k

08. Para o circuito da questão 7, qual a resistência deve ser inserida entre a e b para que
haja a máxima transferência de potência entre a fonte e a carga?

09. Aplique o teorema da superposição para calcular a tensão sobre o resistor R2.

Is1
6A

R1 R3
0.005k 0.008k

Ia Ic
+
V1 R2 R4
75V 0.02k 0.012k

capítulo 1 • 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Boylestad, Robert L. Introdução à análise de circuitos. Prentice Hall/Pearson, 10ª. Ed, 2004.
Close, Charles M. Circuitos lineares. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1975.
David E. Johnson; John L. Hilburn; Johnny R.Johnson “Fundamentos de análises de circuitos
elétricos”, 4ª Edição, Ed. LTC.
Dorf, Richard C. e Svoboda, James A. Circuitos elétricos. 7a Edição, Rio de Janeiro, LTC, 2006.
Edmnister, Joseph A. Circuitos elétricos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 1991 (Coleção Schaum).
Irwin, J. David. Introdução à análise de circuitos elétricos. Rio de Janeiro: livros técnicos e
científicos, 2005.
Mariotto, Paulo Antônio. Análise de circuitos elétricos. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
Nilsson, James W, Susan A. Riedel – Circuitos elétricos – Prentice Hall/Pearson, 8ª. Ed, 2014.
Robbins, Allan H. e Miller, Wilhelm C. Análise de circuitos teoria e prática. Volume 1, 4a Ed. 2010.

capítulo 1 • 36
2
Teoremas de
análise de circuitos
Teoremas de análise de circuitos
A complexidade dos circuitos pode tornar a análise do circuito um trabalho
bastante cansativo. Portanto, utilizar teoremas que simplifiquem o circuito e os
cálculos é fundamental na análise. Neste capítulo aprenderemos alguns teoremas
de simplificação dos circuitos elétricos.

OBJETIVOS
•  Descrever os teoremas de Thevenin, Norton e Superposição e aplicá-los em circuito de
corrente contínua;
•  Converter uma fonte de tensão em seu equivalente de fonte de corrente, como também
uma fonte de corrente em seu equivalente de fonte de tensão;
•  Aplicar o teorema da máxima transferência de potência nos circuitos em corrente contínua.

Circuito equivalente Thevenin e Norton

Na análise de circuitos com um grande número de malhas a aplicação dos


métodos das malhas ou nós pode se tornar algo bastante cansativo. Comumente
na análise de circuitos elétricos estamos interessados apenas no que acontece em
um determinado elemento do circuito, assim se houver a possibilidade, por meio
de algum teorema, substituir parte do circuito por outro equivalente mais simples
pode facilitar muito a análise do circuito.

Teorema de Thevenin

O teorema de Thevenin foi postulado pelo alemão Hermann Ludwig


Ferdinand Von Helmholtz no século XIX. Este teorema diz:

“Qualquer circuito de corrente contínua linear bilateral de dois terminais pode ser subs-
tituído por outro circuito, equivalente, composto por uma fonte de tensão e um resistor
em série com esta fonte de tensão”.

capítulo 2 • 38
A figura a seguir mostra o circuito equivalente de Thevenin.

Rth
A
+
Vth

Por exemplo, a figura (a) a seguir mostra o circuito no interior do quadrado


tracejado ligado ao circuito por dois terminais, que denominamos A e B. Através
do teorema do Thevenin podemos substituir tudo que está no interior do qua-
drado tracejado por uma fonte e uma resistência elétrica, conforme figura (b). O
circuito equivalente de Thevenin não altera as características do dispositivo ligado
aos terminais A e B, no caso o resistor R3. Assim, qualquer que seja a carga ligada
aos terminais A e B, o comportamento será o mesmo se tivermos o circuito da
figura (a) ou o circuito da figura (b). Portanto, em ambos os circuitos o resistor R3
terá os mesmos parâmetros de corrente, tensão e potência.
R1 A Rth A

+ +
V1 R2 R3 Vth R3

B B

(a) (b)

Para um melhor esclarecimento sobre o teorema de Thevenin, vamos calcular


a tensão e corrente elétrica sobre o resistor R3 no circuito a seguir.
R1
3K

+
V1 R2 R3
12V 6K 2K

capítulo 2 • 39
Vamos resolver o circuito por partes.
1. Isolamos a parte do circuito para a qual desejamos obter o circuito
equivalente de Thevenin.
Em nosso exemplo removeremos o resistor R3. O circuito ficará com o seguin-
te aspecto:
R1
3K

+
V1 R2
12V 6K

2. Entre os terminais do resistor removido intitule as letras A e B.


R1
3K

+ A
V1 R2
12V 6K
B

3. Calcule a resistência de Thevenin, Rth, entre os terminais A e B do


circuito.
Para isto devemos substituir a fonte de tensão por um curto-circuito e as fon-
tes de corrente por um circuito aberto. Veja que em nosso exemplo temos apenas
fonte de tensão, logo substituiremos por um curto-circuito, assim o circuito ficará
com o seguinte aspecto:
R1
3K

A
R2
6K
B

capítulo 2 • 40
Observe que os resistores R1 e R2 encontram-se em paralelo, logo a resistência
equivalente entre os terminais A e B é:
R 1 xR 2 3kΩx6kΩ 18kΩ
R th( A −B ) = = = = 2 kΩ
R1 + R 2 3kΩ + 6kΩ 9

4. Calcule a tensão de Thevenin, Eth.


A tensão de Thevenin é a tensão vista pelos terminais A e B do circuito. Para
calcular Eth, introduza a fonte de tensão de volta ao circuito e calcule a diferença de
potencial entre os terminais A e B do circuito. Assim, o circuito que utilizaremos
para este cálculo é mostrado a seguir.
R1
3K

+ A
V1 R2
12V 6K Eth
B

Para obter a tensão de Thevenin vamos calcular a corrente I1 na malha mos-


trada a seguir.
R1
3K

I1 A
+
V1 R2
12V 6K Eth
B

Percorrendo a malha no sentido horário teremos:


V1 − R 1 ⋅ I1 − R 2 ⋅ I1 = 0
12 V − 3kΩ.I1 − 6kΩ ⋅ I1 = 0
9kΩ ⋅ I1 = 12 V
12 V
I1 =
9 kΩ

capítulo 2 • 41
A partir da corrente anterior podemos obter a tensão entre os pontos A e B,
que neste caso é a tensão de Thevenin. Assim teremos:
R1
3K

+ A
V1 R2
12V 6K Eth
B

VA − VB = R 2 ⋅ I1 ∴ VA − VB = Eth
12 V 72 V
Eth = 6kΩ ⋅ = = 8V
9 kΩ 9

5. Com os resultados da resistência e tensão de Thevenin monte o circui-


to equivalente.
A tensão e resistência de Thevenin de nosso exemplo foram 12V e 2kΩ, res-
pectivamente. Sabemos que o circuito equivalente de Thevenin é composto pela
tensão de Thevenin em série com a resistência de Thevenin. Este circuito é mos-
trado a seguir.
Rth
2K
A
+
Vth
8V

6. Introduza no circuito equivalente de Thevenin o elemento que deseja


obter os parâmetros elétricos.

capítulo 2 • 42
Em nosso circuito o elemento entre os terminais A e B é o resistor R3, 2kΩ.
Inserindo este resistor entre os terminais A e B teremos o seguinte circuito:
Rth
2K

+
Vth R3
8V 2K

Observe que, a partir do circuito anterior, é bem mais fácil de obtermos a


tensão e corrente sobre o resistor R3, diferente do circuito inicial. Esta é a grande
vantagem do circuito equivalente de Thevenin, é reduzir o circuito a uma forma
mais simples de obtermos os parâmetros do circuito.
Conforme dito em parágrafos anteriores qualquer que seja a carga ligada aos
terminais A e B, o comportamento será o mesmo entre os circuitos antes e após a
transformação por meio do teorema de Thevenin. Para validar este teorema veja-
mos nas figuras a seguir as medidas de tensão de corrente no resistor R3 em ambos
os circuitos.

R1 2.000mA
DC A Rth 2.000mA
3K 4.000mA
DC A
DC V 2K
4.000 V
+ DC V
V1 R2 R3 +
Vth R3
12V 6K 2K
8V 2K

Figura 2.1  –  a) circuito antes da aplicação do teorema de Thevenin; b) circuito após aplicar
o teorema de Thevenin.

capítulo 2 • 43
Teorema da transferência máxima de potência

O teorema da transferência máxima de potência afirma:

A potência transferida a uma carga alimentada por um circuito de corrente contínua


será máxima quando a resistência desta carga for igual à resistência de Thevenin do
circuito a qual esta carga está ligada.

Para o circuito da figura a seguir, a potência fornecida é máxima quando:


RC = Rth
Rth

+
Vth RC

Vamos considerar um exemplo no qual Vth = 50V e Rth = 6Ω na figura a seguir.


Rth

+
Vth RC

A corrente fornecida ao circuito é dada por:


Vth Tensão de Thevenin
I=
R eq
Resistência equivalente do circuito

capítulo 2 • 44
Como a resistência de Thevenin está em série com RC, a resistência equivalente
do circuito é dada por:
R eq = R th + R C

A corrente elétrica do circuito é:


Vth
I=
R th + R C

A potência elétrica fornecida ao circuito é:


PCIRCUITO = Vth ⋅ I

A potência elétrica o resistor RC é:


Vth2 102 100
PRC = R C ⋅ I2 = R C ⋅ = RC ⋅ = RC ⋅
( R th + R C ) ( 6Ω + R C ) ( 6Ω + R C )
2 2 2

A tabela a seguir mostra os valores de potência, PRC, sobre o resistor RC para os


vários valores de RC. Observe que a potência é máxima quando o resistor RC tem
valor de 6Ω, ou seja, quando a resistência RC é igual a resistência de Thevenin.

RC (Ω) PRC (W)


0,1 6,72

0,2 13,01

0,5 29,59

1 51,01

2 78,12

3 92,59

(Máxima potência PRC)


6 104,16
RC = Rth

capítulo 2 • 45
RC (Ω) PRC (W)
10 97,65

11 95,15

12 92,59

13 90,02

14 87,50

15 85,03

16 82,64

17 80,34

18 78,12

19 76,01

20 73,96

30 57,87

40 47,25

100 22,24

500 4,88

1000 2,47

No que diz respeito à eficiência do circuito, em um circuito de corrente con-


tínua a eficiência é definida como a razão entre a potência dissipada pela carga e
potência fornecida pela fonte, ou seja:
Pc arg a
n% = ⋅100%
Pfonte

capítulo 2 • 46
Para o circuito a seguir temos:
Rth

+
Vth RC

Pc arg a R C ⋅ I2 RC
n% = x100% = x100% = x100%
Pfonte ( R th + R C ) ⋅ I2 ( R th + R C )

Para valores de RC muito baixos em relação à Rth, Rth >> RC, podemos dizer
que Rth + RC ≅ Rth, assim:
RC
n% = x100%
R th

Como na equação anterior temos Rth >> RC o resultado desta fração, RC/Rth, é
um número pequeno, o que leva a uma baixa eficiência do circuito.
Já para valores de RC muito maiores que Rth, RC >> Rth, temos
Rth + RC ≅ RC, assim:
RC
=n% = x100% 100%
RC

Portanto, a eficiência aumenta com o aumento de RC. Porém, o aumento de


RC diminui a corrente do circuito o que acarreta uma menor potência fornecida
ao circuito, conforme se pode verificar na tabela a seguir.
A tabela a seguir mostra a eficiência para diversos valores de RC. De acordo
com esta tabela, quando temos a máxima potência na carga, PRC = 104,16W, a
eficiência é de 50%, o que corresponde à metade da potência fornecida pela fon-
te. Esta eficiência é tolerável em circuitos eletrônicos. Já para potências elevadas,
como em usinas geradoras de eletricidade, este valor não é aceitável.

capítulo 2 • 47
Ainda sobre a tabela a seguir, observe que uma variação da resistência da carga de 6Ω
para 30Ω temos um aumento na eficiência de 50% para 83,33%. Apesar do aumento
da eficiência, a potência fornecida pela fonte cai de 208,33W para 69,44W, o que repre-
senta uma queda de 66,66%. Portanto, deve-se obter uma solução em que a eficiência
seja relativamente alta sem que a potência fornecida à carga seja reduzida a valores baixos.

N
RC (Ω) PRC (W) IC (A) PFONTE (W) (EFICIÊNCIA
EM %)
0,1 6,72 8,19 409,83 1,63

0,2 13,01 8,06 403,22 3,22

0,5 29,59 7,69 384,61 7,69

1 51,01 7,14 357,14 14,28

2 78,12 6,25 312,50 25

3 92,59 5,55 277,77 33,33

(Máxima
6 104,16 4,16 208,33 50 potência PRC)
RC = Rth

10 97,65 3,12 156,25 62,5

11 95,15 2,94 147,05 64,70

12 92,59 2,77 138,88 66,66

13 90,02 2,63 131,57 68,42

14 87,50 2,50 125,00 70

15 85,03 2,38 119,04 71,42

16 82,64 2,27 113,63 72,72

17 80,34 2,17 108,69 73,91

18 78,12 2,08 104,16 75,00

capítulo 2 • 48
N
RC (Ω) PRC (W) IC (A) PFONTE (W) (EFICIÊNCIA
EM %)
19 76,01 2,00 100,00 76,00

20 73,96 1,92 96,15 76,92

30 57,87 1,38 69,44 83,33

40 47,25 1,08 54,34 86,95

100 22,24 0,47 23,58 94,33

500 4,88 0,09 4,94 98,81

1000 2,47 0,04 2,48 99,40

Em parágrafos anteriores comentamos que quando a resistência de Thevenin


é igual à resistência da carga a potência fornecida à carga é máxima. A equação que
determina a potência na carga sob esta condição é obtida a partir do circuito a seguir,
I Rth Vth
I= ∴R C = R th
R th + R C
+ Vth
I=
Vth R th + R th
RC = Rth
Vth
I=
2R th

A corrente elétrica, I, é dada por:

A potência sobre RC é dada por:


Vth
PRC = R C ⋅ I2 ∴I = ∴R C = R th
2R th
2
 V 
PRC = R th ⋅  th 
 2R 
 th 
V 2 V 2
PRC = R th ⋅ th 2 = th
4R th 4R th

capítulo 2 • 49
Exemplo: para o circuito a seguir calcule a máxima potência sobre a carga RC
sabendo que Rth = 5Ω e Vth = 20V.
Rth Vth2
PRC =
4R th
+
( 20 V )2 400 V 2
Vth PRC = = = 20 W
RC 4 ⋅ 5Ω 20Ω

Teorema de Norton

O teorema de Norton foi postulado pelo americano Edward L. Norton em


1926. Este teorema diz:

“Qualquer circuito de corrente contínua linear bilateral de dois terminais pode ser subs-
tituído por outro circuito, equivalente, composto por uma fonte de corrente em paralelo
com um resistor”.

A figura a seguir mostra o circuito equivalente de Norton.


A

In Rn

Por exemplo, a figura a seguir mostra a figura (a), o circuito no interior do


quadrado tracejado ligado ao circuito por dois terminais, que denominamos A e
B. Através do teorema do Norton podemos substituir tudo que está no interior
do quadrado tracejado por uma fonte e uma resistência elétrica, conforme figura
(b). O circuito equivalente de Norton não altera as características do dispositivo
ligado aos terminais A e B, no caso o resistor R3. Assim, qualquer que seja a carga

capítulo 2 • 50
ligada aos terminais A e B, o comportamento será o mesmo se tivermos o circuito
da figura (a) ou o circuito da figura (b). Portanto, em ambos os circuitos o resistor
R3 terá os mesmos parâmetros de corrente, tensão e potência.
R1 A A

+
V1 R2 R3 In Rn R3

B B

(a) (b)

Para um melhor esclarecimento sobre o teorema de Norton, vamos calcular a


tensão e corrente elétrica sobre o resistor R3 no circuito a seguir.
R1
3k

+
V1 R2 R3
12V 6k 2k

Vamos resolver o circuito por partes.


1. Isolamos a parte do circuito para a qual desejamos obter o circuito
equivalente de Norton.
Em nosso exemplo removeremos o resistor R3. O circuito ficará com o seguin-
te aspecto:
R1
3k

+
V1 R2
12V 6k

capítulo 2 • 51
2. Entre os terminais do resistor removido intitule as letras A e B.
R1
3k

A
R2
6k
B

3. Calcule a resistência de Norton, RN, entre os terminais A e B do


circuito.
Para isto devemos substituir a fonte de tensão por um curto-circuito e as fon-
tes de corrente por um circuito aberto. Veja que em nosso exemplo temos apenas
fonte de tensão, logo substituiremos por um curto-circuito, assim o circuito ficará
com o seguinte aspecto:
R1
A
+
V1 R2

Observe que os resistores R1 e R2 encontram-se em paralelo, logo a resistência


equivalente entre os terminais A e B é:
R1 x R 2 3kΩ x 6kΩ 18kΩ
R th( A −B ) = = = = 2 kΩ
R1 + R 2 3kΩ + 6kΩ 9

4. Calcule a fonte de corrente de Norton, IN.


A fonte de corrente de Norton, IN, é a corrente elétrica que passa entre os
terminais A e B do circuito. Para calcular IN introduza a fonte de tensão de volta
ao circuito e calcule a corrente elétrica que percorre os terminais A e B do circuito.
Assim, o circuito que utilizaremos para este cálculo é mostrado a seguir.
A

In Rn
4mA 2k

capítulo 2 • 52
Observe no circuito anterior que o resistor R2 encontra-se em curto circuito,
logo a corrente que percorre entre os pontos A e B é:
V1 12 V
I( A − B ) = = = 4mA
R1 3kΩ

Logo a fonte de corrente de Norton, IN, é 4 mA.

5. Com os resultados da resistência e fonte de corrente de Norton monte


o circuito equivalente.
A fonte de corrente e a resistência de Norton de nosso exemplo foram 4mA e
2kΩ, respectivamente. Sabemos que o circuito equivalente de Norton é composto
pela fonte de corrente de Norton em paralelo com a resistência de Norton. Este
circuito é mostrado a seguir.
A

In Rn
4mA 2k

6. Introduza no circuito equivalente de Norton o elemento que deseja


obter os parâmetros elétricos.
Em nosso circuito o elemento entre os terminais A e B é o resistor R3, 2kΩ.
Inserindo este resistor entre os terminais A e B teremos o seguinte circuito:

In Rn R3
4mA 2k 2k

Observe que os resistores Rn e R3 estão em paralelo e possuem valores de resis-


tência iguais, logo a corrente que percorre cada resistor são iguais. Portanto, a cor-
rente que percorre o resistor R3 é metade da fonte de corrente, assim igual a 2mA.

capítulo 2 • 53
Conforme dito em parágrafos anteriores qualquer que seja a carga ligada aos
terminais A e B, o comportamento será o mesmo entre os circuitos antes e após a
transformação por meio do teorema de Norton. Para validar este teorema vejamos
nas figuras a seguir as medidas de tensão de corrente no resistor R3 em ambos
os circuitos.

2.000mA 2.000mA
DC A DC A

4.000 V 4.000 V
DC V DC V

In Rn R5 In Rn R3
4mA 2K 2K 4mA 2K 2K

Figura 2.2  –  a) circuito antes da aplicação do teorema de Norton; b) circuito após aplicar o
teorema de Norton.

Conversão entre os circuitos de Thevenin e Norton

A partir do circuito de Thevenin podemos obter o equivalente em Norton,


assim como também a partir do circuito de Norton podemos obter o equivalente
em Thevenin.
Incialmente, vamos determinar o circuito de Norton a partir do circuito de
Thevenin. Vamos ao circuito de Thevenin a seguir.
Rth
A
+
Vth

Conforme comentamos em tópicos anteriores, para converter o circuito para


o equivalente em Norton, primeiramente calculamos a resistência de Norton. Esta
resistência é obtida entre os terminais onde se deseja obter a equivalência em

capítulo 2 • 54
Norton, neste caso A e B. No circuito devemos curto-circuitar a fonte de tensão,
logo teremos o seguinte circuito:
Rth
A

No circuito anterior a resistência entre os pontos A e B é a resistência de


Thevenin, Rth, assim a resistência de Norton é igual à resistência de Thevenin.
No segundo passo devemos determinar a fonte de corrente de Norton. Para
isto, devemos inserir a fonte de tensão, Vth, curto-circuitar os terminais A e B do
circuito equivalente de Thevenin e determinar a corrente que percorre estes termi-
nais. Realizando este procedimento, temos:
Rth

+
Vth I

A corrente elétrica, I, é a fonte de corrente de Norton, IN, dada por:


Vth
IN =
R th

Logo, a conversão do circuito de Thevenin resulta no circuito equivalente em


Norton mostrado na figura a seguir.
Rth
A A
+
Vth
Vth IN =
Rth
Rn = Rth

B B

capítulo 2 • 55
Para obter o circuito equivalente de Thevenin a partir do circuito de Norton,
vamos partir do circuito a seguir.
A

In Rn

Conforme comentamos em tópicos anteriores, para converter o circuito para


o equivalente em Thevenin, primeiramente calculamos a resistência de Thevenin.
Esta resistência é obtida entre os terminais onde se deseja obter a equivalência em
Thevenin, neste caso A e B. No circuito devemos abrir a fonte de corrente, logo
teremos o seguinte circuito:
A

Rn

No circuito anterior a resistência entre os pontos A e B é a resistência de


Norton, Rn, assim a resistência de Thevenin é igual à resistência de Norton.
No segundo passo devemos determinar a fonte de tensão de Thevenin, Vth.
Para isto, devemos inserir a fonte de corrente, In, e determinar a tensão elétrica
entre os terminais A e B do circuito. Realizando este procedimento, temos:
A

In Rn Vth

A tensão elétrica entre A e B, Vth, é dada por:

Vth = RnIn

capítulo 2 • 56
Logo, a conversão do circuito de Norton resulta no circuito equivalente em
Thevenin mostrado na figura a seguir.
Rth
A A
+
In Rn Vth = Rn · In

B B

Sabemos, agora, que a tensão de Thevenin pode ser determinada a partir dos
parâmetros de Norton efetuando a multiplicação entre a fonte de corrente e a re-
sistência de Norton. Já a resistência de Thevenin é a própria resistência de Norton.
Portanto, podemos reescrever a equação da máxima transferência de potência em
termos dos parâmetros de Norton conforme a seguir.

Vth2
Pmax = ∴ Vth = R N ⋅ IN ∴R th = R N
4R th
R N 2 ⋅ IN 2 R N ⋅ IN 2
Pmax = =
4R N 4

Teorema da superposição e transformação de fontes

O teorema da superposição diz:

A corrente que atravessa, ou a tensão entre os terminais de um elemento é igual à


soma algébrica das correntes ou das tensões produzidas por cada uma das fontes.

Temos a possibilidade de aplicarmos o teorema considerando o efeito simultâ-


neo de duas fontes, o que reduz a quantidade de circuitos a serem analisados. Mas,
comumente, analisamos o efeito individual de cada fonte no circuito.
Para considerar o efeito de cada fonte no circuito, devemos analisar o circuito
sob o efeito de cada fonte separadamente. Para isto, é necessário que estas fontes
sejam removidas e substituídas sem que isto altere o resultado final. Quando, no
circuito temos fonte de tensão e desejamos removê-la, devemos então igualar a

capítulo 2 • 57
diferença de potencial entre os terminais desta fonte a zero, ou seja, a fonte deve
ser “curto-circuitada”. No caso de termos fonte de corrente a ser removida, os ter-
minais desta fonte devem ser isolados entre si, o que nos permite dizer que a fonte
de corrente deve se comportar como um circuito aberto. A figura a seguir ilustra
estas substituições.

Neste teorema, por exemplo, a corrente que percorre qualquer percurso do


circuito é igual à soma das correntes produzidas por cada fonte separadamente.
No caso de termos duas fontes, caso elas produzam correntes de sentidos contrá-
rios em uma resistência, a corrente elétrica resultante é igual à diferença entre estas
duas correntes, e o sentido da corrente resultante é dado pela corrente de maior
magnitude. Se as correntes que percorrem este resistor tiverem o mesmo sentido,
a intensidade da corrente elétrica resultante é igual à soma destas correntes, e o
sentido da corrente resultante é igual ao destas correntes.
Em se tratando de diferença de potencial entre dois terminais do circuito o
princípio é o mesmo, ou seja, a análise é feita em cada fonte separada.
No caso de cálculo de potência elétrica o teorema da superposição não deve
ser aplicado, visto a relação quadrática da dissipação de potência no resistor. Por
exemplo, vejamos o circuito a seguir.
R1 R3

+ +
V1 I R2 V2

No cálculo da potência dissipada pelo resistor R2, devemos calcular a corrente


elétrica I. Através do teorema da substituição, a corrente “I” é a soma das contribui-
ções da corrente produzida pelas fontes V1, IV1, e V2, IV2, assim a corrente total, IT, é:

IT = IV1 + IV2

capítulo 2 • 58
A potência fornecida ao resistor R2 devido à fonte V1, PV1, é:

PV1 = R2 · IV12

A potência fornecida ao resistor R2 devido à fonte V2, PV2, é:

PV2 = R2 · IV22

Admitindo, erroneamente, que a potência total fornecida ao resistor R2 é a


soma das potências fornecidas por cada uma das fontes, teremos, erradamente,
PT = PV 1 + PV 2 = R 2 ⋅ I V 12 + R 2 ⋅ I V 22
PT = R 2 (I V 12 + I V 22 )∴IT 2 = I V 12 + I V 22
PT = R 2 IT 2

A relação IT2 = IV12 + IV22 está errada, veja que:

IT = IV1 + IV2
Logo,
I T 2 = (I V 1 + I V 2 )2
IT 2 = I V 12 + 2 ⋅ I V 1 ⋅ I V 2 + I V 22

O que difere do que tinha dito,

IT2 = IV12 + IV22

Assim, fique atento: A potência total fornecida a um elemento resistivo é ob-


tida utilizando a corrente total entre os terminais do resistor, e não somando as
potências individuais de cada fonte.

capítulo 2 • 59
Vamos agora exemplificar o teorema da superposição. Para o circuito a seguir
calcule a corrente elétrica no resistor R1 e a potência por ele dissipada.

+
V1 I R1
30V 3A 1k

Vamos resolver detalhadamente por partes.


1. Primeiramente, vamos determinar a corrente elétrica do resistor R1 se-
gundo a contribuição da fonte de tensão V1.
Para isto devemos abrir a fonte de corrente. Desta forma, o circuito terá o
seguinte aspecto:

+
V1 I R1
30V 3A 1k

Então a contribuição de corrente segundo a fonte V1 é:


30 V
I V1 = = 30mA
1kΩ

2. Agora, vamos determinar a corrente elétrica do resistor R1 segundo a


contribuição da fonte de Corrente, IFC.
Para isto devemos curto-circuitar a fonte de tensão. Desta forma, o circuito
terá o seguinte aspecto:

+
V1 R1
IV1
30V 1k

capítulo 2 • 60
Observe que de acordo com o circuito anterior, o resistor R1 encontra-se em
curto-circuito, assim não temos corrente elétrica sobre ele. Desta a contribuição
da fonte de corrente de 3A para com o resistor R1 é zero, IFC = 0A.
A figura a seguir mostra o caminho, em vermelho, percorrido pela corrente
elétrica de 3A.

I R1
3A 1k

Como IV1 e IFC tem o mesmo sentido, a corrente total, IT, sobre o resistor R1 é
a soma destas correntes, ou seja:
IT = I V 1 + IFC
IT = 30mA + 0 A
IT = 30mA

3. Vamos determinar a potência dissipada pelo resistor R1.


Como temos o valor da corrente total sobre o resistor R1, podemos determinar
a potência dissipada por R1. Logo, temos:
PR 1 = R 1 ⋅ IT 2 ∴R 1 = 1kΩ∴IT = 30mA
PR 1 = 1kΩ ⋅ ( 30mA )
2

30 30
PR 1 = 1000Ω ⋅ A⋅ A = 0, 9 W = 900mW
1000 1000

Transformação de fontes

A fonte de corrente que descrevemos em seções anteriores é uma fonte ideal


visto a ausência da resistência interna. Independente de a fonte ser de tensão ou
corrente, temos alguma resistência interna. Esta resistência, Rin, para a fonte de
tensão ou corrente, são mostrados na figura a seguir.

capítulo 2 • 61
Rin
I Rin
+
V1

Figura 2.3  –  a) Fonte de tensão real; b) Fonte de corrente real.

Quando a fonte de tensão apresenta Rin = 0Ω ou um valor muito baixo, classi-


ficamos a fonte de tensão como ideal. Já para a fonte de corrente quando Rin = ∞Ω
ou é tão alto se comparado com elementos em paralelo que pode ser desprezado,
classificamos a fonte de corrente como ideal.
Considerando esta resistência interna de cada uma das fontes, então podemos
converter a fonte de corrente em fonte de tensão e a fonte de tensão em fonte
de corrente. Neste processo de conversão, as características de tensão, corrente e
potência deve ser mantida em relação ao circuito antes do processo de conversão.
Para demonstrar esta relação vamos partir do circuito a seguir.

Ic

Rin
Rc
+
V1

A corrente IC, em RC, é dada por:


V1
IC =
R in + R C

Multiplicando o numerador por (1), o que podemos dizer que é o mesmo que
multiplicar por (Rin/Rin), temos:

 R in   V1 
  V1 R in  
 R in   R in 
IC = =
R in + R C R in + R C

capítulo 2 • 62
Na equação anterior, a relação (V1/Rin) nos lembra da corrente elétrica, logo
substituiremos (V1/Rin) por (I), assim:

 V 
R in  1 
IC =  R in  = R in ⋅ ( I ) ∴I = V1
R in + R C R in + R C R in

A equação anterior nos lembra a fórmula do circuito divisor de corrente, o que


corresponde ao circuito a seguir.

V1
I=
Rin
Rin Rc

O resultado diz que para converter um circuito de uma fonte de tensão em sé-
rie com uma resistência para uma fonte de corrente, basta dividir a fonte de tensão
pela resistência de série, o que resulta no valor da fonte de corrente, e a resistência
em série devemos inseri-la em paralelo com a fonte de corrente. A figura a seguir
ilustra este processo.

Rin
V1
Rc I=
Rin
Rin Rc
+
V1

Para demonstrar a equivalência destes circuitos, vamos converter o circuito a


seguir em seu equivalente de fonte de tensão.

Rin1
1k Rc1
+ 2k
V1
5V

capítulo 2 • 63
A fonte de corrente é dada por:
V1 5V
I= = = 5mA
R in 1kΩ

A resistência em paralelo com a fonte de corrente é igual à resistência em série


com a fonte de tensão, logo temos o circuito:

I Rin Rc
5mA 1K 2K

Como dito em parágrafos anteriores os parâmetros de tensão, corrente e po-


tência da carga, RC, ligada a fonte de tensão ou corrente deve ser a mesma. Esta
afirmação é comprovada nas medidas de tensão e corrente nos circuitos a seguir.
1.667mA 1.667mA
DC A DC A

3.333 V 3.333 V
DC V DC V
Rin
1k In Rin RC
Rc
+ 5mA 1K 2K
V1 2k
5V

Para o processo inverso, transformação do circuito da fonte de corrente para


a fonte de tensão, basta multiplicarmos a fonte de corrente pela resistência em
paralelo com esta fonte. A resistência em série com a fonte de tensão é igual à resis-
tência em paralelo com a fonte de corrente. Esta equivalência é mostrada a seguir.

Rin
I Rin Rc Rc
+
V1 = Rin · I

capítulo 2 • 64
Para demonstrar a equivalência destes circuitos, vamos converter o circuito a
seguir em seu equivalente de fonte de tensão.

I Rin Rc
5mA 1k 2k

A fonte de tensão é dada por:


V1 = R in ⋅ I∴R in = 5mA ∴I = 1kΩ
V1 = 1kΩ ⋅ 5mA
5
V1 = 1000Ω ⋅ A = 5V
1000

A resistência em série com a fonte de tensão é igual à resistência em paralelo


com a fonte de corrente, logo temos o circuito:

Rin
1k Rc
+ 2k
V1
5V

RESUMO
•  Seção 2.1 – Circuito equivalente Thevenin e Norton

O circuito equivalente de Thevenin corresponde à fonte de tensão de Thevenin em série


com a resistência de Thevenin. A tensão de Thevenin é obtida com a medida da tensão sobre
a carga aberta. A resistência de Thevenin é a resistência medida com todas as fontes de
tensão curto-circuitada e a fonte de corrente aberta. Thevenin provou que seu circuito produz
a mesma corrente de carga que qualquer outro circuito com fontes e resistências lineares.

capítulo 2 • 65
O circuito equivalente de Norton corresponde a uma fonte de corrente de Norton em
paralelo com a resistência de Norton. A fonte de corrente de Norton é obtida com a medida
da corrente elétrica sobre a curto-circuitada. A resistência de Norton é a resistência medida
com todas as fontes de tensão curto circuitada e a fonte de corrente aberta. Norton provou
que seu circuito produz a mesma tensão de carga que qualquer outro circuito com fontes e
resistências lineares.
O circuito de Thevenin pode ser transformado em seu equivalente em Norton. Para isto,
a fonte de corrente de Norton deve ser igual à tensão de Thevenin dividido pela resistência
de Thevenin, já a resistência de Norton é igual à resistência de Thevenin.
O circuito de Norton pode ser transformado em seu equivalente em Thevenin. Para isto, a
fonte de tensão de Thevenin deve ser igual ao produto da corrente de Norton pela resistência
de Norton, já a resistência de Thevenin é igual à resistência de Norton.
A máxima transferência de potência é um método para cálculo do máximo valor de po-
tência que pode ser transferida para uma carga. A máxima transferência de potência ocorre
quando a resistência da carga e a resistência de Thevenin são iguais.
•  Seção 2.2 – Teorema da superposição e transformação de fontes

O teorema da superposição permite a obtenção de parâmetros de um circuito de manei-


ra simples. Em um circuito com diversas fontes independentes, o teorema da superposição
pode ser aplicado. Para isto, cada fonte deve ser analisada de forma a se verificar sua contri-
buição para com a grandeza a ser obtida.
Transformações de fonte de tensão em fonte de corrente e fonte de corrente em fonte
de tensão são de grande valia na simplificação de circuitos. Para transformar uma fonte de
tensão em fonte de corrente devemos dividir a fonte de tensão pela resistência em série com
esta fonte, este resultado corresponde ao valor da fonte de corrente. A resistência que deve
ser posta em paralelo com a fonte de corrente é a própria resistência em série com a fonte
de tensão. Para transformar uma fonte de tensão de corrente em fonte de tensão devemos
multiplicar a fonte de corrente pela resistência em paralelo com esta fonte, este resultado
corresponde ao valor da fonte de tensão. A resistência que deve ser posta em série com a
fonte de tensão é a própria resistência em paralelo com a fonte de corrente.

capítulo 2 • 66
ATIVIDADES
01. Obtenha os parâmetros de Thevenin, tensão e resistência, e Norton, fonte de corrente e
resistência, do circuito a seguir em relação aos terminais a e b.

R1 R3
0.01k 0.008k
a

+
V1 R2
60V 0.04k

02. Para o circuito da questão 7, qual a resistência deve ser inserida entre a e b para que
haja a máxima transferência de potência entre a fonte e a carga?

03. Aplique o teorema da superposição para calcular a tensão sobre o resistor R2.

Is1
6A

R1 R3
0.005k 0.008k

Ia Ic
+
V1 R2 R4
75V 0.02k 0.012k

04. Aplique o teorema da superposição para calcular a corrente sobre o resistor R2. De-
monstre que o cálculo de valores de potência não pode ser aplicado com o teorema
da superposição.

R1 R3
0.012k 0.008k

+
V1 R2 Is1
36V 0.006k 9A

capítulo 2 • 67
05. Calcule o circuito equivalente de Thevenin entre os terminais “A” e “B” do circuito a seguir.

R1 R3
0.006k 0.012k
+ R5
V1
A 1k B
72V

R2 R3
0.003k 0.004k

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Boylestad, Robert L. Introdução à análise de circuitos. Prentice Hall/Pearson, 10ª. Ed, 2004.
Close, Charles M. Circuitos lineares. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1975.
David E. Johnson; John L. Hilburn; Johnny R.Johnson “Fundamentos de análises de circuitos
elétricos”, 4ª Edição, Ed. LTC.
Dorf, Richard C. e Svoboda, James A. Circuitos elétricos. 7a Edição, Rio de Janeiro, LTC, 2006.
Edmnister, Joseph A. Circuitos elétricos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 1991 (Coleção
Schaum).
Irwin, J. David. Introdução à análise de circuitos elétricos. Rio de Janeiro: livros técnicos e
científicos, 2005.
Mariotto, Paulo Antônio. Análise de circuitos elétricos. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
Nilsson, James W, Susan A. Riedel – Circuitos elétricos – Prentice Hall/Pearson, 8ª. Ed, 2014.
Robbins, Allan H. e Miller, Wilhelm C. Análise de circuitos teoria e prática. Volume 1, 4a Ed. 2010.

capítulo 2 • 68
3
Indutores e
Capacitores
Indutores e capacitores
Neste capítulo introduziremos dois elementos importantes nos circuitos elé-
tricos, o capacitor e indutor. Estes elementos armazenam energia que pode ser
recuperada algum tempo depois, portanto são comumente referidos como ele-
mentos armazenadores de energia.
Uma das aplicações dos indutores e capacitores é em sensores industriais, ditos
sensores indutivos e capacitivos. Estes sensores são utilizados para detecção de pes-
soas ou materiais. A proximidade altera o campo o que faz detectar a proximidade
de algum material ou pessoa.

OBJETIVOS
•  Entender e aplicar as equações para tensão, corrente, potência e energia em um indutor;
•  Entender e aplicar as equações para tensão, corrente, potência e energia em um capacitor;
•  Combinar indutores de forma a aumentar ou diminuir a indutância do circuito;
•  Combinar capacitores de forma a aumentar ou diminuir a capacitância do circuito.

Relação entre tensão, corrente, potência e energia nos terminais de


um indutor

Um trata-se de um dispositivo de dois terminais composto por um fio con-


dutor enrolado na forma de uma espira. A corrente que flui no indutor produz
um fluxo magnético que envolve a bobina. Para um indutor com N espiras e de
fluxo φ sobre cada bobina, o fluxo total sobre a bobina, λ, é dado pelo produto
do número de espiras pelo fluxo. Este fluxo total é chamado de enlace de fluxo.

A tensão elétrica no indutor

Em um indutor, o enlace de fluxo é diretamente proporcional a indutância, L


(em Henry), e a corrente elétrica que flui sobre ele, assim,
λ = L ⋅i

capítulo 3 • 70
De acordo com a equação anterior, um aumento da corrente elétrica provoca
também o aumento do enlace de fluxo. O aumento no enlace de fluxo produz
uma tensão sobre os terminais do indutor. Assim, a variação do fluxo magnético
produz uma tensão sobre o indutor. Desta forma, temos:

v= ∴λ = L ⋅ i
dt
di
v =L
dt

A equação anterior nos diz que a tensão no indutor é igual a variação no


tempo da corrente elétrica multiplicado pela indutância. Duas informações são
importantes nesta equação, são elas:
99 Com uma corrente constante sobre o indutor a corrente é zero, logo os
terminais do indutor se comportam como um curto circuito.
99 A corrente no indutor não varia de forma instantânea.

Para tornar mais clara estas informações vamos responder o que se pede
a seguir.
A fonte de corrente no circuito a seguir gera corrente zero para t < 0 e um
pulso 10te–5tA para t > 0. O gráfico da forma de onda da corrente é mostrado
na sequência.
i(A)

Is1 L1 0,736
10 te–5t A 100 mH

0,2 t(s)

1. Qual a expressão da tensão sobre os terminais do indutor em função


do tempo?
Sabemos que a tensão sobre o indutor é:
di
v =L
dt

capítulo 3 • 71
Logo,
d(10te−5t ) 100 d(te−5t ) d(te−5t )
v = 100mH = ⋅10 ⋅ =
dt 1000 dt dt
d(t ) −5t d(e−5t )
v= e + t = e−5t − e−5t ⋅ 5 ⋅ t = e−5t (1 − 5t ) V, t > 0
dt dt
v = 0, t < 0

2. Faça um gráfico da forma de onda da tensão sobre o indutor.


A expressão da forma de onda da tensão sobre o indutor foi desenvolvida na
letra “A”, veja a seguir.

e−5t (1 − 5t ) V, t > 0
v=
0, t < 0

Para t > 0 temos:


v = e−5t (1 − 5t ) V

Para t = 0 temos:
v = 1V

Para t = 0,2s, momento em que a corrente é máxima, temos:

v = 0V

A corrente elétrica no indutor

A corrente no indutor pode ser expressa em função da tensão sobre o indutor.


Para verificar esta equação vamos partir da equação a seguir,
di
v =L
dt

Reescrevendo a equação temos:


vdt = Ldi

capítulo 3 • 72
Integrando ambos os lados da equação temos:
t t
∫t 0 Ldi = ∫t 0 vdt
t t
L ∫ di = ∫ vdt
t0 t0

Assim, “i” é:
t t
∫t 0 Ldi = ∫t 0 vdt
1 t
L ∫t 0
i= vdt + i(t 0)

99 i(t0) é a corrente inicial sobre o indutor, muitas vezes é considerada zero


nos problemas.
Para tornar mais claro estas informações vamos responder o que se pede
a seguir.
Um pulso de tensão, v (t) = 20te–10tV para t > 0, cujo gráfico é mostrado a
seguir, é aplicado ao indutor de 100 mH do circuito a seguir. Considere a cor-
rente inicial no indutor igual a zero. Determine a corrente no indutor em função
do tempo.
i(A)

+
L1 0,736
V v
100 mH
20 te–10t V

0,1 t(s)

1 t
i=
100mH ∫0
20te−10t dt + i(t 0)∴i(t 0) = 0 A

1 t t t

0,1 ∫0
i= 20te−10t dt + 0 = 10 ⋅ 20 ∫ 20te−10t dt = 200 ∫ te−10t dt
0 0

t
i = 200 ∫ te−10t dt
0

capítulo 3 • 73
Integrando por partes temos:
dv = e−10t dt
t
∫0 te−10t dt ∫ dv = ∫ e−10t dt
u=t 1 −10t
v=− e
du = dt 10

t 1 t 1 1 −10t t 1 t −10t
∫0 te−10t dt = −t ⋅ 10 ⋅ e−10t t
0 +∫
0 10
⋅ e−10t dt = −t ⋅
10
⋅e 0+
10 ∫0
e dt
−10 t
−10 t dt = −t ⋅ 1 ⋅ e−10 t t − 1 ⋅ e−10 t ⋅ 1 t = − e
t
∫0 te
10 0
10 10 0 100
(10t + 1) 0t
−10 t
−10 t dt = − e 1
t
∫0 te
100
(10t + 1) +
100

Logo, “i” é:
t  e−10t 1 
i = 200 ∫ te−10t dt = 200 ⋅  − ⋅ (10t + 1) + = 2  −10te−100t − e−10t + 1 A
0
 100 100 
i = 2 1 − 10te−10t − e−10t  A, t > 0

A potência e energia elétrica no indutor

As relações de potência e energia elétricas podem ser obtidas segundo a relação


tensão e corrente. Sabemos que potência elétrica é dada por:

P = vi

Sabemos que a tensão no indutor é:


di
v =L
dt

Logo, a potência elétrica pode ser reescrita como:


di
P = Li
dt

capítulo 3 • 74
Podemos também expressar a potência elétrica em termos de tensão. Vimos
na seção 2.1.2 que a corrente elétrica que flui no indutor em termos de tensão é:
1 t
L ∫t 0
i= vdt + i(t 0)

Assim, a potência elétrica pode ser reescrita como:

1 t 
P = v  ∫ vdt + i(t 0) 
L t 0 

A energia é a variação da potência elétrica no tempo. Assim, a energia arma-


zenada no indutor é dada por:
t di
WL ( t ) = ∫ v ⋅ i ⋅ dt ∴ v = L
t =−∞ dt
t di t
WL ( t ) = ∫ L ⋅ i ⋅ dt = L ∫ i ⋅ di
t =−∞ dt t =−∞

i2 ( t )
WL ( t ) = L ⋅ t
t =−∞
2

Como para t < 0, i = 0A


i2 ( t )
WL ( t ) = L ⋅ ( Joule )
2

Para tornar mais clara estas informações vamos responder o que se pede
a seguir.
A fonte de corrente no circuito mostrado a seguir gera o pulso de corrente:

i g ( t ) = 0 A, t < 0
L1
Ig
4 mH

iσ ( t ) = 8e
−300 t − 8e−1200 t , t ≥ 0

1. Determine a expressão para a potência fornecida ao indutor.


Sabemos que a potência elétrica pode ser dada por:
di
P = Li
dt

capítulo 3 • 75
Calculando a expressão por partes temos:
4 32
3Li =
1000
( 8e−300t − 8e−1200t ) =
1000
( e−300t − e−1200t )
i g ( t ) = 0 A, t < 0

iσ ( t ) = 8e
−300 t − 8e−1200 t , t ≥ 0

di d ( 8e ) = 8 ⋅ −300 ⋅ e−300t − 8 ⋅ −1200 ⋅ e−1200t


−300 t − 8e−1200 t
= ( )( ) ( )( )
dt dt
di
= −2400 ⋅ ( e−3000t ) + 9600 ⋅ ( e−1200t ) = 2400 ⋅ ( −e−300t + 4 ⋅ e−1200t )
dt

Logo,
di
P = Li
dt

32
P= ⋅ ( e−300t − e−1200t ) ⋅ 2400 ⋅ ( −e−300t + 4e−1200t )
1000
P = 76,8 ⋅ ( e−300t − e−1200t ) ⋅ ( −e−300t + 4e−1200t )
P = 76,8 ⋅ ( −e−600t + 4e−1500t + e−1500t − 4e−2400t )
P = 76,8 ⋅ ( −e−600t + 5e−1500t − 4e−2400t ) W, t ≥ 0

Relação entre tensão, corrente, potência e energia nos terminais de


um capacitor

Um capacitor é um dispositivo de dois terminais formando duas placas con-


dutoras separadas por um material não-condutor. Este material condutor é comu-
mente conhecido por isolante ou dielétrico. Devido a separação entre as cargas pelo
dielétrico, as cargas de cada placa não podem movimentar-se, internamente, entre
as placas condutoras. Este transporte de cargas deve então ocorrer externamente ao
capacitor através de um circuito externo inserido entre os terminais do capacitor.

A corrente e tensão elétrica no capacitor

A equação que expressa a tensão sobre o capacitor pode ser obtida a partir da
equação corrente – tensão do capacitor. No capacitor, a partir da variação da ten-
são no tempo temos uma corrente elétrica entre seus terminais.

capítulo 3 • 76
Assim temos:
dv
i=C
dt

Em que “i” é dado em ampères, “C” em farads, “v” em volts e “t” em segundos.
Duas informações são importantes nesta equação, são elas:
99 A tensão sobre o capacitor não varia instantaneamente em seus terminais.
99 Não havendo variação da tensão sobre o capacitor, ou seja, sob uma tensão
constante entre seus terminais, a corrente no capacitor é zero.

Por outro lado, quanto mais rápido é a variação da tensão, maior é a corrente
que flui nos terminais do capacitor. Considerando o exemplo em que uma tensão
cresce linearmente de 0 a 1V em um tempo de a-1s, dado por:

0, t ≤ 0

v = at, 0 ≤ t ≤ a −1
1, t ≥ a −1

Se esta tensão é aplicada a um capacitor de 1F, a corrente é:

 dv d (0)
i = C = 1F = 0, t ≤ 0
 dt dt
 dv d ( at )
i = i = C = 1F = a, 0 ≤ t ≤ a −1
 dt dt
 dv d (1 )
i = C = 1F = 0, t ≥ a −1
 dt dt

Os resultados das correntes para os diversos valores de “v”, mostram que quan-
do a tensão é constante, v = 0 e v = 1, a corrente é zero. Já quando existe uma
variação na tensão, crescimento linear v = at, a corrente é “a”.
A partir da expressão da corrente sobre o capacitor em função da variação de
tensão, podemos obter a expressão da tensão do capacitor em função da corrente.
Assim,
dv 1
i=C ⇒ idt = Cdv ⇒ dv = idt
dt C

capítulo 3 • 77
Integrando em ambos os lados da equação:
t 1
v (t ) = ∫ idt + v (t 0)
t0 C

99 v(t0) é a tensão inicial sobre o capacitor, muitas vezes é considerada zero


nos problemas.
Para tornar mais claro estas informações vamos responder o que se pede
a seguir.
Supondo que a tensão sobre o capacitor de 1µF seja dada por v(t) = 6cos(2000t)
V, calcule a corrente elétrica sobre este capacitor.

+C
v(t) 1
1 uF

Vimos que a corrente elétrica é dada por:


dv
i=C
dt

Logo,
d ( 6 cos 2000t )
i = 1µF = 10−6 ( −12.000 x sen 2000t )
dt
i = −12(sen 2000t )mA

Vamos a outro exemplo. Uma corrente de 10 mA está carregando um capaci-


tor de 10µF. Se o capacitor estava inicialmente carregado com 5V, calcule a tensão
sobre ele após 20 ms.
Sabemos que a tensão sobre o capacitor é dada por:
t 1
v (t ) = ∫ idt + v (t 0)
t0 C

capítulo 3 • 78
Assim, a tensão sobre capacitor é:
20 ms 1 106 10 20ms
v ( 20ms ) = ∫
10 1000 ∫0
10mAdt + 5 = ⋅ dt + 5
0 10µF
106 10 106 10 20
v ( 20ms ) = ⋅ ⋅t 20 ms
0 +5 = ⋅ ⋅ + 5 = 20 + 5
10 1000 10 1000 1000
v ( 20ms ) = 25 V

A potência e energia elétrica no capacitor

O capacitor ideal não dissipa energia a energia que lhe é fornecida na forma de
calor, mas sim armazena na forma de um campo elétrico entre suas placas.
As relações de potência e energia elétricas podem ser obtidas segundo a relação
tensão e corrente. Sabemos que potência elétrica é dada por:

P=V·1

Já definimos a equação da corrente elétrica, logo a potência elétrica pode ser


reescrita como:
dv
P = Cv
dt

Vimos que a potência no capacitor é dada por:


t 1
v (t ) = ∫ idt + v (t 0)
t0 C

Assim, a potência pode ser escrita como:

 t 1 
P = i ⋅ ∫ idt + v (t 0) 
 t 0 C 

A energia armazenada no capacitor é dada por:


t t  dv  t 1 1
wc (t ) = ∫ vidt = ∫ v  C  dt = C∫ vdv = Cv 2 ( t ) t
t =−∞ = Cv 2 ( t )( Joule )
−∞ −∞  dt  −∞ 2 2

Para tornar mais clara estas informações vamos responder aos exercícios a seguir.

capítulo 3 • 79
1. Um capacitor de 0,2µF tem uma carga de 20µC. Calcule a tensão e
energia sobre este capacitor.
A carga do capacitor é dada por:
Q = CV

Logo, de acordo com as informações dadas na questão, temos:


Q = C ⋅ V ∴Q = 20µC∴C = 0, 2µF

Substituindo os valores na equação obtemos a tensão sobre o capacitor.


Q 20µC
V= = = 100 V
C 0, 2µF

A energia armazenada no capacitor é obtida a partir da equação a seguir.


1
w c ( t ) = CV 2 ∴C = 0, 2µF∴ V = 100 V
2
1
w c ( t ) = ⋅ 0, 2µF ⋅ (100 V ) = 1mJ
2
2

Associação de indutores

Os indutores, como os resistores, podem ser associados em série ou em para-


lelo. Podemos obter maiores indutâncias ligando os indutores em série e valores
menores associando os indutores em paralelo.

Associação de indutores em série

Quando os indutores são dispostos em série, a indutância total, LT, é calculada


da mesma maneira que fazemos com resistores em série, veja na figura a seguir.
L1 L2 L3 .......... Ln

LT Corrente elétrica (I)

L T = L1 + L2 + L3 + ..... + L N

capítulo 3 • 80
A tensão sobre cada indutor é dada por:
di di di di
=VL1 L=
1 VL2 L=
2 VL3 L=
3 VLn L n
dt dt dt dt

Observe que, como os indutores estão em série, a corrente que percorre cada
indutor é a mesma. A tensão total, VT, desta associação é:
VT = VL1 + VL 2 + VL3 + VLn
di di di di
VT = L1 + L 2 + L3 + L n
dt dt dt dt
di
VT = ( L + L 2 + L3 + L n )
dt 1

Esta equação comprova o que dissemos anteriormente, a indutância equiva-


lente da associação de indutores em série é igual a soma das indutâncias, assim,
di
VT = (L )
dt T

Para “N” indutores associados em série, podemos utilizar a equação a seguir


para calcular a indutância total.
L L L .......... L

LT

LT = N L

Associação de indutores em paralelo

Quando os indutores são dispostos em paralelo, a indutância total, LT, é cal-


culada da mesma maneira que fazemos com resistores em paralelo, veja na figura
a seguir .

I1 I2 I3 In
I
LT
L1 L2 L3 .......... Ln

capítulo 3 • 81
1 1 1 1 1
= + + + ..... +
L T L1 L 2 L 3 LN

A corrente sobre o indutor é dada por:


di
v =L ⇒ v ⋅ dt = Ldi
dt
t t t t
∫t 0 vdt = ∫t 0 Ldi ⇒ ∫t 0 vdt = L ∫t 0 di
1 t
L ∫t 0
i= vdt

A corrente sobre cada indutor, considerando a corrente inicial não nula, é


dada por:
1 t 1 t

L1 ∫t 0 ∫t 0 vdt + i2 (t 0 )
I1 = vdt + i1 (t 0 ) I2 =
L2
1 t 1 t
I3 =
L3 ∫t 0
vdt + i3 (t 0 ) In =
Ln ∫t 0 vdt + in (t 0 )

Observe que como os indutores estão em paralelo a tensão sobre eles é a mes-
ma. A corrente em cada indutor depende da tensão em seus terminais e da corren-
te inicial no indutor.
A corrente de entrada, I, é dada por:
I = I1 + I2 + I3 + .......... + In

Logo,
1 t 1 t 1 t
I=
L1 ∫t 0
vdt + i1 (t 0 ) +
L2 ∫t 0 vdt + i2 (t 0 ) + L ∫t 0 vdt + i3 (t 0 )
3

 1 1 1  t
 L L L  ∫t 0 vdt + i1 t 0 + i2 t 0 + i3 t 0
I= + + ( ) ( ) ( )
 1 2 3 

Veja que,

 1 1 1  1
 + + =

 L1 L 2 L 3  L T

capítulo 3 • 82
Assim, podemos dizer que:
 1  t
I =   ∫t 0 vdt + i(t 0 )∴i(t 0 ) = i1 (t 0 ) + i2 (t 0 ) + i3 (t 0 )
 LT 

Para dois indutores associados em paralelo, podemos utilizar a equação a se-


guir para calcular a indutância total.

LT L1 xL2
L1 L2 LT =
L1 + L 2

Para dois indutores iguais associados em paralelo, podemos utilizar a equação


a seguir para calcular a indutância total.
L1 xL2
LT = ∴ L1 = L 2 = L
L1 + L 2
LxL L2 L
LT = = =
L + L 2L 2

Para “N” indutores iguais associados em paralelo, podemos utilizar a equação


a seguir para calcular a indutância total.

LT
L L L .......... L

1 1 1 1 1
= + + ............. +
LT L L L L
1 N
=
LT L
L T ⋅ N = L ⋅1
L
LT =
N

capítulo 3 • 83
Para tornar mais clara as seções e 2.3.1 e 2.3.2, vamos calcular a indutância
total do circuito a seguir.
L1
4H

LT
L2 L4
L3 3H 6H
2H

Vamos resolver detalhadamente.


1. Observe que os indutores L2 e L4 estão em paralelo, logo temos a se-
guinte indutância equivalente a esta associação.
L1
4H

3H ⋅ 6H 18H2
LT
L2 L4 Paralelo = = 2H
3H + 6H 9H
L3 3H 6H
2H

Logo, o circuito pode ser redesenhado conforme a seguir.


L1
4H

LT
L
L3 2H
2H

2. Observe o circuito redesenhado em “a” temos L1, L e L3 associados em


série, assim a indutância total, LT, é:
L T = 4H + 2H + 2H = 8H

capítulo 3 • 84
Associação de capacitores

Os indutores, como os resistores e indutores, podem ser associados em série


ou em paralelo. Podemos obter maiores capacitâncias ligando os capacitores em
paralelo e menores capacitâncias associando-os em série.

Associação de capacitores em série

Associando capacitores em série, a carga armazenada em todos os capacitores


é igual. A figura a seguir mostra esta associação.
C1 C2 C3
+ + + Capacitores associados em série

+
E

Aplicando a lei de Kirchhoff das tensões ao circuito anterior temos:


E − VC1 − VC2 − VC3 = 0
E = VC1 + VC2 + VC3

Sabemos que a tensão sobre o capacitor é dada relação entre a carga armazena
e a capacitância, assim:
Q Carga armazenada
V=
C Capacitância

Como os capacitores estão associados em série a carga é a mesma em todos os


capacitores, logo:
Q T = QC1 = QC2 = QC3
E = VC1 + VC2 + VC3
Q Q Q Q
= + + ∴÷ ( Q )
CT C1 C2 C3
1 1 1 1
= + +
CT C1 C2 C3

capítulo 3 • 85
Veja que o inverso da capacitância total é igual a soma dos inversos das capaci-
tâncias individuais. Esta equação nos lembra a associação de resistores em paralelo.
Assim, para dois capacitores em série temos:
C1 ⋅ C2
CT =
C1 + C2

Como a carga de cada capacitor e a carga total é igual na associação de ca-


pacitores em série, podemos calcular a tensão a sobre cada capacitor conforme
mostrado a seguir.
C1 C2 C1
+ + +
+ – + – + –
V1 V2 V3
+
E

Como:
Q T = QC1 = QC2 = QC3 ∴Q T = CT ⋅ E∴QC1 = C1 ⋅ V1 ∴QC2 = C1 ⋅ V2 ∴QC3 = C3 ⋅ V3

Então V1, V2 e V3 são:


Q T = QC1 Q T = Q C2 Q T = QC3
CT ⋅ E = C1 ⋅ V1 CT ⋅ E = C2 ⋅ V2 CT ⋅ E = C3 ⋅ V3
CT ⋅ E CT ⋅ E CT ⋅ E
V1 = V2 = V1 =
C1 C2 C3

Quando temos “N” capacitores em série, a tensão sobre o “N” capacitor é:


CT ⋅ E
VN =
CN

capítulo 3 • 86
Para tornar mais clara estas informações, vamos responder o que se pede no
circuito a seguir.
C1 C2 C3
200 uF 50 uF 10 uF
+ + +

+
E
60 V

Responda ao que se pede.


1. Encontre a capacitância total.
2. Determine a carga em cada capacitor.
3. Encontre a tensão sobre cada capacitor.

Vamos resolver detalhadamente.


1. Como os capacitores estão associados em série, a capacitância é
dada por:
1 1 1 1
= + +
CT C1 C2 C3
1 1 1 1 1 1 1
= + + = + +
CT 200µF 50µF 10µF 200 ⋅ 10−6 F 50 ⋅ 10−6 F 10 ⋅ 10−6 F
1 106 106 106  1 1 1 
= + + = 106 ⋅  + + 
CT 200F 50F 10F  200F 50F 10F 
1
= 106 ⋅ ( 0, 005 + 0, 02F + 0,1F ) = 106 ⋅ 0,125F
CT
1
= 106 ⋅ 0,125F ⇒ CT ⋅ 106 ⋅ 0,125F = 1 ⇒ CT = 8µF
CT

2. Sabemos que a carga total e a carga de cada capacitor são iguais, logo:
Q T = CT ⋅ E
Q T = 8µF ⋅ 60 V = 8 ⋅ 10−6 F ⋅ 60 V = 480 ⋅ 10−6 C = 480µC

Então:
QC1 = QC2 = QC3 = Q T = 480µC

capítulo 3 • 87
3. Sabemos que a tensão sobre o capacitor é dada pela relação entre a carga
armazenada e a capacitância, assim temos:
QC1 480µC
VC1 = = = 2, 4 V
C1 200µF
480µC
VC2 = = 9,6 V
50µF
480µC
VC3 = = 48 V
10µF

Observe que a soma das tensões sobre os capacitores é igual a tensão da fonte,
(2,4 + 9,6V + 48V = 60V), o que valida o nosso resultado.

Associação de capacitores em paralelo

Associando capacitores em paralelo, a carga armazenada total, QT, equivalente


a associação é igual a soma das cargas dos capacitores em paralelo. A figura a seguir
mostra esta associação.

Associação paralela dos


+ capacitores
+ + +
E C1 C2 C3

Foi dito, anteriormente, que a carga total, QT, da associação em paralelo


é igual a soma das cargas individuais de cada capacitor associado em paralelo.
Assim, temos:
Q T = Q1 + Q2 + Q3

Sabemos que,
Q = CV

Portanto,
CT ⋅ E = C1 ⋅ VC1 + C2 ⋅ VC2 + C3 ⋅ VC3

capítulo 3 • 88
Veja que os capacitores C1, C2 e C3 estão em paralelo com fonte de tensão “E”,
logo estão sob este potencial. Portanto:
V=
C1 V=
C2 VC3 = E

Assim,
CT ⋅ E = C1 ⋅ E + C2 ⋅ E + C3 ⋅ E∴÷ ( E )
CT = C1 + C2 + C3

Observe que a capacitância total é a soma das capacitâncias, logo podemos


associar que a capacitância total em paralelo se comporta como a resistência equi-
valente dos resistores em série.
Para tornar mais claro estas informações, vamos responder o que se pede no
circuito a seguir.

+ +C +C +C
V1 1 2 3
48 V 800 uF 60 uF 1200 uF

Responda:
1. Encontre a capacitância total.
2. Determine a carga em cada capacitor.
3. Encontre a carga total.

Vamos resolver detalhadamente.


1. Como os capacitores estão associados em paralelo, a capacitância é dada por:
CT = C1 + C2 + C3 = 800µF + 60µF + 1200µF = 2060µF

2. A carga em cada capacitor é dada pelo produto da tensão a que ele está
submetido multiplicado pela capacitância. Assim:
QC1 = C1 ⋅ V1 = 800µF ⋅ 48 V = 800 ⋅ 10−6 F ⋅ 48 V = 38, 4mC
QC2 = C2 ⋅ V1 = 60µF ⋅ 48 V = 60 ⋅ 10−6 F ⋅ 48 V = 2,88mC
QC3 = C3 ⋅ V1 = 1200µF ⋅ 48 V = 800 ⋅ 10−6 F ⋅ 48 V = 57,6mC

capítulo 3 • 89
3. A carga total é igual ao somatório da carga de cada capacitor.
Q T = QC1 + QC2 + QC3
Q T = 38, 4mC + 2,88mC + 57,6mC = 98,88mC

Formas de onda de tensão, corrente, potência e energia nos


terminais dos elementos isolados

Os indutores e capacitores apresentam o comportamento de sua tensão, cor-


rente, potência e energia que pode ser descrito de forma gráfica, a qual chamamos
de forma de onda. Vamos descrever o comportamento do indutor e capacitor
através de dois exercícios, sendo um para o indutor e outro para o capacitor.

Formas de onda de tensão, corrente, potência e energia nos terminais do indutor

Para o indutor vamos ao exercício que se segue.


A fonte de corrente no circuito a seguir gera corrente zero para t < 0 e um pul-
so 10te–5tA para t > 0. Construa o gráfico da forma de onda da corrente, tensão,
energia e potência.

Is1 L1
10te–5tA 100 mH

O indutor quando carregado se comporta como um curto-circuito, desta forma


a corrente no circuito é máxima. Desta forma a variação di/dt entre seus terminais é:
di
= 0A
dt

capítulo 3 • 90
d (10te−5t )
= 0A
dt
10 ( t ) ⋅ e−5t + t ⋅ ( e−5t )  = 0
10 e−5t − 5t ⋅ e−5t  = 0
e−5t − 5t ⋅ e−5t = 0
e−5t ⋅ (1 − 5t ) = 0,log o
1 − 5t = 0 ⇒ t = 0, 2s

Assim, em 0,2s a corrente no circuito é máxima. O valor desta corrente pode


ser obtido substituindo este tempo na equação da corrente elétrica, veja:
i ( t ) = 10te−5t
i ( t = 0, 2 ) = 10 ⋅ 0, 2 ⋅ e−5⋅0,2 = 0,736 A

O gráfico da forma de onda da corrente é mostrado a seguir.


i(A)

0,736

0,2 t(s)

Vamos agora ao comportamento da tensão elétrica sobre o indutor. No indu-


tor, sabemos que quando o mesmo encontra-se totalmente carregado seu com-
portamento é aproximado a um curto-circuito e sua corrente é máxima. Assim,
podemos aproximar o circuito a forma a seguir.

Is1
10te–5tA

capítulo 3 • 91
Veja que o indutor é aproximado a um curto-circuito. Observe que a tensão
sobre os terminais do indutor é zero. O tempo em que o indutor atinge este estado
de mínima tensão e máxima corrente é de 0,2s.
No estado inicial, t = 0s, a tensão sobre o indutor é máxima e dada por:

di d (10te −5t
)= 100
V =L = 100mH ⋅ ⋅ 10 ⋅ ( e−5t − 5t ⋅ e−5t ) = 1 ⋅ ( e−5tt − 5t ⋅ e−5t )
dt dt 1000

Para t=0s temos:

V = 1 ⋅ ( e−5t − 5t ⋅ e−5t ) = 1V

Logo o comportamento gráfico da tensão é mostrado a seguir.


v(V)

1,0

0,2 t(s)

O gráfico da potência sobre o indutor é determinado segundo as expressões da


tensão e corrente elétrica. O exercício nos forneceu a equação da corrente elétrica
do circuito e anteriormente calculamos as expressão da tensão sobre o indutor,
sendo dadas por:

i = (10te−5t )
v = ( e−5t − 5t ⋅ e−5t )

Assim,

P = v ⋅ i = ( e−5t − 5t ⋅ e−5t ) ⋅ (10 ⋅ t ⋅ e−5t ) = 10 ⋅ t ⋅ e−10t − 50 ⋅ t 2 ⋅ e−10t

A potência é máxima para:


dp
=0
dt
d (10 ⋅ t ⋅ e−10t − 50 ⋅ t 2 ⋅ e−10t )
=0
dt

capítulo 3 • 92
10 ⋅ e−10t + 10 ⋅ t ( −10) ⋅ e−10t − 50 ⋅ 2t ⋅ e−10t − 50 ⋅ t 2 ⋅ ( −10) ⋅ e−10t = 0
10 ⋅ e−10t − 100 ⋅ t ⋅ e−10t − 100 ⋅ t ⋅ e−10t + 500 ⋅ t 2 ⋅ e−10t = 0∴÷ ( e−10t )
10 − 100t − 100t + 500t 2 = 0
500t 2 − 200t + 10 = 0∴÷ (10 )
50t 2 − 20t + 1 = 0
t1 = 0,3s
t 2 = 0, 05s

Logo, a potência é máxima em 0,05s. O tempo de 0,3s é inválido, visto que


apenas entre 0 e 0,2s temos o carregamento do indutor. Assim, o valor máximo
da potência é:

P ( t = 0, 05 ) = 10 ⋅ ( 0, 05 ) ⋅ e−10.0,05 − 50 ⋅ ( 0, 05 ) ⋅ e−10〈 0,05 ≅ 224mJ


2

Graficamente, o comportamento da potência no indutor é:


p(mW)

224

0,2
0,05 t(s)

Calcularemos a energia segundo a integral da potência no tempo. A potência


elétrica é dada pelo produto da tensão pela corrente, assim:
P = v ⋅ i = ( e−5t − 5t ⋅ e−5t ) ⋅ (10 ⋅ t ⋅ e−5t )
P = 10 ⋅ t ⋅ e−10t − 50 ⋅ t 2 ⋅ e−10t

Observamos que os gráficos da tensão e corrente apresentam seus valores de


máximo a mínimo e de mínimo a máxima, respectivamente, no período de 0 a
0,2s. Assim, integraremos a potência elétrica entre 0 e 0,2s. Veja:

∫0 (10 ⋅ t ⋅ e−10t − 50 ⋅ t 2 ⋅ e−10t ) dt = ∫0 (10 ⋅ t ⋅ e−10t ) dt −∫0 (50 ⋅ t 2 ⋅ e−10t ) dt


0,2 0,2 0,2

capítulo 3 • 93
Vamos calcular cada parte desta integral em separado.

∫0 (10 ⋅ t ⋅ e−10t ) dt = 10∫0 ( t ⋅ e−10t ) dt


0,2 0,2

Integrando por partes temos:


dv = e−10t dt
t
∫0 te−10t dt
∫ dv = ∫ e−10t dt
u=t 1 −10t
du = dt v=− e
10
t  1 t 1 
10 ∫ te−10t dt = 10  −t ⋅ ⋅ e−10t 0t + ∫ ⋅ e−10t dt 
0  10 0 10 
t  1 1 t 
10 ∫ te−10t dt = 10  −t ⋅ ⋅ e−10t 0t + ∫ e−10t dt 
0  10 10 0 
t  1 1 1 t 
10 ∫ te−10t dt = 10  −t ⋅ ⋅ e−10t 0t + ⋅ e−10t ⋅ 0
0  10 10 10 
 1 1 
= 10  −t ⋅ ⋅ e−10t 0t + ⋅ e−10t 
 10 100 
t
t  1 1 −10t 
10 ∫ te−10t dt = 10  −t ⋅ ⋅ e−10t + ⋅e 
0  10 100 0
t
t  e−10t 
10 ∫ te−10t dt = 10  ( −10t + 1)
0
 100 0

Integrando a segunda parte da integral.

(50 ⋅ t 2 ⋅ e−10t ) dt = −50∫0 ( t 2 ⋅ e−10t ) dt


0,2 0,2
−∫
0

Integrando por partes temos:


dv = e−10t dt
t
∫0 t 2 e−10t dt
∫ dv = ∫ e−10t dt
u = t2 1 −10t
v=− e
du = 2tdt 10

capítulo 3 • 94
t  1 t 1 
−50 ∫ t 2 e−10t dt = −50  −t 2 ⋅ ⋅ e−10t t
0 +∫ ⋅ e−10t 2tdt 
0  10 0 10 
t  1 1 t 
−50 ∫ t 2 e−10t dt = −50  −t 2 ⋅ 〈e−10t 0 + 2⋅
t
∫ te−10t dt 
0  10 10 0 
t
Já calculamos a integral de ∫0 te−10t dt , sendo:
t
 e−10t 
 100 ( −10t + 1) 
 0

Assim:

t  1 2  e−10t  
t
−50 ∫ t 2 e−10t dt = −50 −t 2 ⋅ ⋅ e−10t t
0 +  ( −10t + 1) 
0
 10 10  100  0 

Logo:
−10 t 0,2
e  
∫0 (10 ⋅ t ⋅ e−10t − 50 ⋅ t 2 ⋅ e−10t ) dt =10  100 ( −10t + 1)
0,2


0,2 
1 2  e−10t  
−50 −t 2 ⋅ ⋅ e−10t 0,2
0 +  ( −10t + 1) 
10 10  100  0 


Aplicando os polos de integração, 0 a 0,2s, temos:

∫0 (10 ⋅ t ⋅ e−10t − 50 ⋅ t 2 ⋅ e−10t ) dt =27,07mJ


0,2

Para o período anterior de 0,2s, ou seja, de 0,2 a infinito, temos:



 −10t 
) dt =10  e100 ( −10t + 1)

∫0,2 ( 10 ⋅ t ⋅ e−10t − 50 ⋅ t 2 ⋅ e−10t
  0,22
 ∞
1 2  e−10t  
−50 −t 2 ⋅ ⋅ e−10t ∞
0,2 +  ( −10t + 1) 
 10 10  100  0,2 

∫0,2 (10 ⋅ t ⋅ e−10t − 50 ⋅ t 2 ⋅ e−10t ) dt = − 27,07mJ

capítulo 3 • 95
Observe que a seguir de 0,2s a energia é positiva, este valor representa a ener-
gia armazenada pelo indutor. Anteriormente de 0,2s a energia é negativa, o que
significa que a energia, antes armazenada, é fornecida. Graficamente, temos o
comportamento a seguir.
W(mJ)

27,07

0,2 t(s)

Formas de onda de tensão, corrente, potência e energia nos terminais do


capacitor

Para o capacitor vamos ao exercício que se segue.


Um capacitor descarregado de 0,2µF é submetido a um pulso de corrente
triangular. O pulso de corrente é descrito conforme a seguir,

0, ( t ≤ 0 )

5.000t, ( 0 ≤ t ≤ 20µs )
i(t ) = 
0, 2 − 5.000t, ( 20 ≤ t ≤ 40µs )
0, ( t ≥ 40µss )

Vamos analisar o comportamento da tensão, potência e energia para cada um


dos intervalos.
1. Intervalo t ≤ 0 · i(t) = 0A.
Neste intervalo a corrente é zero, logo a tensão, potência e energia também
são zero.
2. Intervalo 0 ≤ t ≤ 20µs · i(t) = 5.000t.
A tensão elétrica é dada por:
1 t
idτ + v ( t 0 )∴C = 0, 2µF∴t = 20µs∴i = 5000t ∴ v ( t 0 ) = 0
C ∫0
v=

capítulo 3 • 96
Observe que v(t0) é igual a zero, pois no intervalo anterior, t ≤ 0, a tensão foi
zero. Assim, temos:
1 t 10 ⋅ 106 t t

0, 2µF ∫0 ∫0 5000τdτ = 5 ⋅106 ∫0 5000τdτ


v= 5000 τdτ + 0 =
2
t t t
v = 5 ⋅ 106 ⋅ 5000 ∫ τdτ = 25000 ⋅ 106 ∫ τdτ = 25 ⋅ 109 ∫ τdτ
0 0 0
τ2
v = 25 ⋅ 109 ⋅ t
0 = 12,5 ⋅ 109 ⋅ τ2 t
0 = 12,5 ⋅ 109 ⋅ t 2 ∴t = 20µs
2
v = 12,5 ⋅109 ⋅ ( 20 ⋅10−6 ) = 12,5 ⋅ 109 ⋅ 400 ⋅ 10−12 = 5000 ⋅ 10−3 = 5 ( V )
2

A potência elétrica é dada por:


p = v ⋅ i∴ v = 12,5 ⋅ 109 ⋅ t 2 ∴i = 5000t
p = 12,5 ⋅ 09 ⋅ t 2 ⋅ 5000t = 62,5 ⋅ 1012 ⋅ t 3 ∴t = 20µs
p = 62,5 ⋅ 1012 ⋅ ( 20 ⋅ 10−6 ) = 62,5 ⋅ 1012 ⋅ 8000 ⋅ 10−18 = 500000 ⋅ 10−6 = 0,5 ( W )
3

A energia elétrica é dada por:


1
w c = Cv 2 ∴C = 0, 2µF∴ v = 12,5 ⋅ 109 ⋅ t 2
2
1
w c = ⋅ 0, 2 ⋅ 10−6 ⋅ (12,5 ⋅ 109 ⋅ t 2 ) = 0,1 ⋅ 10−6 ⋅ (12,5 ⋅ 109 ⋅ t 2 ) = 10−7 ⋅ (12,5 ⋅ 109 ⋅ t 2 )
2 2

2
w c = 10−7 ⋅ 156, 25 ⋅ 1018 ⋅ t 4 = 156, 25 ⋅ 10−11 ⋅ t 4 = 15,625 ⋅10−12 ⋅ t 4 ∴t = 20µs2
w c = 15,625 ⋅ 10−12 ⋅ ( 20 ⋅ 10−6 ) = 2500000 ⋅ 10−36 = 25 ⋅ 10−31 ( J )
4

3. Intervalo 20 ≤ t ≤4 0µs S i(t) = 0,2 – 5.000t.


A tensão elétrica é:
t
v = 5 ⋅ 106 ∫
20µs
( 0, 2 − 5000τ ) dτ + 5V

Observe que adicionamos 5V a expressão. Veja que no intervalo anterior,


0 ≤ t ≤ 20µs, o capacitor foi carregado com 5V.

v = 5 ⋅ 106  ∫ ( 0, 2 ) dτ − ∫ ( 5000τ ) dτ  + 5
t t

 20µs 20µs 
 τ2 
v = 5 ⋅ 106 0, 2τ t − 5000 ⋅ 20µs  + 5 V
t = 5 ⋅ 106 0, 2τ t − 2500 ⋅ τ2 
20µs  + 5
t

20µss
2   20µs

{
v = 5 ⋅ 106 0, 2 ⋅ ( t − 20µs ) − 2500 ⋅ ( t ) − ( 20µs )  + 5

2 2
 }
v = 5 ⋅ 106 {0, 2t − 4µs − 2500t 2 + 1µs} + 5
capítulo 3 • 97
v = 5 ⋅ 106  ∫ ( 0, 2 ) dτ − ∫ ( 5000τ ) dτ  + 5
t t
 20µs 20µs 
 τ2 
v = 5 ⋅ 106 0, 2τ t − 5000 ⋅ 20µs  + 5 V
t = 5 ⋅ 106 0, 2τ t − 2500 ⋅ τ2 
20µs  + 5
t

20µss
2   20µs

{
v = 5 ⋅ 106 0, 2 ⋅ ( t − 20µs ) − 2500 ⋅ ( t ) − ( 20µs )  + 5

2 2
 }
v = 5 ⋅ 106 {0, 2t − 4µs − 2500t 2 + 1µs} + 5

v = 5 ⋅ 106 {0, 2t − 3µs − 2500t 2 } + 5


v = 106 t − 15 − 12500 ⋅ 106 ⋅ t 2 + 5
v = 106 t − 12,5 ⋅ 109 ⋅ t 2 − 10∴t = 40µs
v = 106 ⋅ ( 40µs ) − 12,5 ⋅ 109 ⋅ ( 40µs ) − 10
2

v = 40 − 20 − 10 = 10 ( V )

A potência elétrica é:
p = (106 t − 15 − 12500 ⋅ 106 t 2 + 5 ) ⋅ ( 0, 2 − 5000t )
p = 0, 2 ⋅ 106 t − 5 ⋅ 109 ⋅ t 2 − 3 + 75000t − 2500 ⋅ 106 t 2 + 625 ⋅ 105 ⋅ 106 t 3 + 1 − 25000t
p = 2 ⋅ 105 t − 5 ⋅ 109 ⋅ t 2 − 3 + 0,75 ⋅ 105 t − 2,5 ⋅ 109 t 2 + 625 ⋅ 105 ⋅ 106 t 3 + 1 − 0, 25 ⋅105 t
p = 62,5 ⋅1012 t 3 − 109 t 2 ( 5 + 2,5 ) + 105 t ( 2 + 0,75 − 0, 25 ) − 2
p = 62,5 ⋅ 1012 t 3 − 7,5 ⋅ 109 t 2 + 2,5 ⋅ 105 t − 2 ( W )∴t = 40µs
p = 62,5 ⋅ 1012 ( 40µs ) − 7,5 ⋅ 109 ( 40µs ) + 2,5 ⋅ 105 ( 40µs ) − 2
3 2

p = 4 − 12 + 10 − 2 = 0 W

A energia elétrica é:
1
w c = ⋅ 0, 2 ⋅ 10−6 ⋅ (106 t − 12,5 ⋅ 109 t 2 − 10 )
2

2
w c = 15,625 ⋅ 1012 t 4 − 2,5 ⋅ 109 t 3 + 0,125 ⋅ 106 t 2 − 2t + 10−5 ( J )∴t = 40µs
w c = 10µJ

4. Intervalo t ≥ 40µs · i(t)=0.


A tensão elétrica é:
Como neste intervalo a corrente elétrica a tensão do capacitor é igual a tensão
armazenada no intervalor anterior, 20 ≤ t ≤ 40µs, ou seja, 10V. Isto é comprovado
na equação a seguir.
1 ∞
idτ + v ( 20 ≤ t ≤ 40µs )∴i = 0, 2∴ v ( 20 ≤ t ≤ 40µs ) = 10 V
C ∫40µs
v=

v = 0 + 10 = 10 V

capítulo 3 • 98
A potência elétrica é:
Como a potência elétrica é o produto da tensão pela corrente elétrica, o valor
da potência é zero.
A energia elétrica é:
1
w c = ⋅ 0, 2 ⋅ 10−6 ⋅ (10 ) = 10µJ
2
2

Os resultados, equações e comportamento gráfico de todas as grandezas, nos


quatro intervalos, são mostrados a seguir.

CORRENTE ELÉTRICA
INTERVALO EM SEGUNDOS EQUAÇÃO RESULTADO
t≤0 0 t = 0 → i = 0A

0 ≤ t ≤ 20µs 5000t t = 20µs → i = 0,1A

20 ≤ t ≤ 40µs 0,2 – 5000t t = 40µs → i = 0A

t ≥ 40µs 0 t ≥ 40µs → i = 0A

i(mA)

100

0 20 40 t(µs)

TENSÃO ELÉTRICA
INTERVALO EM SEGUNDOS EQUAÇÃO RESULTADO
t≤0 0 t = 0 → v = 0V

0 ≤ t ≤ 20µs 12,5 · 109 · t2 t = 20µs → v = 5V

20 ≤ t ≤ 40µs 106t –12,5 ·109 · t2 – 10 t = 40µs → v = 10V

t ≥ 40µs 10 t ≥ 40µs → v = 10A

capítulo 3 • 99
v(V)

10

0 40 t(µs)

POTÊNCIA ELÉTRICA
INTERVALO EM SEGUNDOS EQUAÇÃO RESULTADO
t≤0 0 t = 0 → p = 0W

0 ≤ t ≤ 20µs 62,5 · 1012 · t3 t = 20µs → p = 0,5W

62,5 · 1012 · t3 – 7,5 ·


20 ≤ t ≤ 40µs t = 40µs → v = 0W
109 · t2 + 2,5 · 105t – 2

t ≥ 40µs 0 t ≥ 40µs → v = 0W

p(mW)

500

0 20 40 t(µs)

ENERGIA ELÉTRICA
INTERVALO EM EQUAÇÃO RESULTADO
SEGUNDOS
t≤0 0 t = 0 → p = 0W

0 ≤ t ≤ 20µs 15,625 · 1012 · t4 t = 20µs → p = 0,5W

capítulo 3 • 100
ENERGIA ELÉTRICA
15,625 · 1012 · t4 – 2,5 · 109 ·
20 ≤ t ≤ 40µs t = 40µs → v = 0W
t3 + 0,125 · 106t2 – 2t + 10–5

t ≥ 40µs 0 t ≥ 40µs → v = 0W

w(µJ)

10

0 40 t(µs)

RESUMO
•  3.1 Relação entre tensão, corrente, potência e energia nos terminais de um indutor
A corrente elétrica no indutor não varia de forma instantânea. Já a tensão elétrica, en-
tre os terminais do indutor, é variada instantaneamente. Quando submetido a uma corrente
constante, o indutor comporta-se como um curto-circuito.

•  3.2 Relação entre tensão, corrente, potência e energia nos terminais de um capacitor

A tensão elétrica no capacitor não varia de forma instantânea. Já a corrente elétrica,


entre os terminais do indutor, é variada instantaneamente. Quando submetido a uma tensão
constante, o capacitor comporta-se como um circuito aberto.

•  3.3 Associação de indutores

O indutor quando associado a outros indutores nas configurações série ou paralelo, po-
dem ser substituídos por indutores equivalentes. Podemos obter maiores indutâncias ligando
os indutores em série e valores menores associando os indutores em paralelo.

•  3.4 Associação de capacitores

O capacitor quando associado a outros capacitores nas configurações série ou paralelo,


podem ser substituídos por capacitores equivalentes. Podemos obter maiores capacitâncias
ligando os capacitores em paralelo e menores capacitâncias associando-os em série.

capítulo 3 • 101
•  3.5 Formas de onda de tensão, corrente, potência e energia nos terminais dos
elementos isolados

Os indutores e capacitores apresentam o comportamento de sua tensão, corrente, po-


tência e energia que pode ser descrito de forma gráfica, a qual chamamos de forma de onda.

ATIVIDADES
01. Um capacitor de 1nF tem uma tensão de v = 10 sen1000t. Calcule sua corrente.

02. Um pulso triangular de corrente mostrado na figura a seguir é aplicado a um indutor de


375mH. Escreva as expressões que descrevem a corrente, tensão, potência e energia para
quatro intervalos: t < 0, 0 ≤ t ≤ 25ms, 25ms ≤ t ≤ 50ms e t > 50ms.

03. Calcule a indutância equivalente entre os terminais “A” e “B” do circuito a seguir.

L1
4H
A

L3 L4
L2 3H 6H
2H
B

04. Calcule a capacitância equivalente entre os terminais “A” e “B” do circuito a seguir.

C1
3F
A

C3 C4
2F 4F

05. Calcule a corrente num indutor de 20 mH sob uma tensão de –5sen50t, se sua corrente
inicial é de 5A.

capítulo 3 • 102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Boylestad, Robert L. Introdução à análise de circuitos. Prentice Hall/Pearson, 10ª. Ed, 2004.
Close, Charles M. Circuitos lineares. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1975.
David E. Johnson; John L. Hilburn; Johnny R.Johnson “Fundamentos de análises de circuitos
elétricos”, 4ª Edição, Ed. LTC.
Dorf, Richard C. e Svoboda, James A. Circuitos elétricos. 7a Edição, Rio de Janeiro, LTC, 2006.
Edmnister, Joseph A. Circuitos elétricos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 1991 (Coleção
Schaum).
Irwin, J. David. Introdução à análise de circuitos elétricos. Rio de Janeiro: livros técnicos e
científicos, 2005.
Mariotto, Paulo Antônio. Análise de circuitos elétricos. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
Nilsson, James W, Susan A. Riedel – Circuitos elétricos – Prentice Hall/Pearson, 8ª. Ed, 2014.
Robbins, Allan H. e Miller, Wilhelm C. Análise de circuitos teoria e prática. Volume 1, 4a Ed. 2010.

capítulo 3 • 103
capítulo 3 • 104
4
Circuitos RL e RC
Circuitos RL e RC
Até o momento estudamos circuitos puramente resistivos, indutivos e capaci-
tivos. Neste capítulo estudaremos circuitos combinando resistores e capacitores,
circuitos RC, e circuitos com resistores e indutores, circuitos RL. Nestes circuitos,
estudaremos a constante de tempo de subida e descida, o que permite visualizar
o carregamento e descarregamento destes circuitos. O tempo de carga e descar-
ga destes circuitos é de grande aplicação em circuitos osciladores de relaxação
e temporizadores.

OBJETIVOS
•  Determinar a resposta natural em circuitos RL e RC;
•  Determinar a resposta natural devido a um degrau em circuitos RL e RC;
•  Aplicar a equação geral para respostas a um degrau natural em circuitos RL e RC;
•  Analisar circuitos RL e RC com chaveamento sequencial.

Caracterização da resposta natural e resposta forçada

Características tensão-corrente no indutor e capacitores levam a equações do


tipo diferencial, cuja solução determina a resposta no tempo da tensão e corrente
elétrica. A resposta do circuito pode ser definida em dois tipos, a resposta natural
e forçada. Quando em um circuito temos armazenamento e posterior descarga
da energia em capacitores ou indutores, definimos esta resposta como natural.
Estes circuitos são formados por resistores e capacitores, chamados de circuitos
RC, ou formados por resistores e indutores, chamados de circuitos RL. O elemento
resistivo é utilizado para dissipar a energia proveniente do capacitor ou indutor. A
resposta forçada caracteriza-se pela resposta da tensão ou corrente devido a fontes
contínuas ou senoidais.

capítulo 4 • 106
Resposta natural de um circuito RL básico

A resposta natural do circuito RL será mostrada a partir do circuito a seguir.

S1

+
Fonte da
Is R1 L V0 R2
corrente

Primeiramente, vamos admitir que a chave “S1” esteja fechada por um longo
tempo. Assim, todas as correntes e tensões do circuito atingiram um valor cons-
tante. Atingindo este estágio de tensão e corrente constantes, o indutor comporta-
se como um curto-circuito. Desta forma, a tensão sobre os terminais do indutor é
zero, o que acarreta uma corrente nula sobre os resistores R1 e R2 e toda a corrente
Is percorre o indutor.
A resposta natural é determinada segundo os valores de tensão e corrente sobre
o resistor R2 quando a chave S1 é aberta. Abrindo a chave temos a fonte de cor-
rente Is desligada do circuito e o indutor fornecendo energia ao resistor R2. Para
calcular a corrente i(t) com a chave S1 aberta vamos ao circuito a seguir.
Aplicando a lei de Kirchhoff das tensões à malha indutor resistor, temos:
S1

di
L R2 L + R2i = 0
dt

Dividindo toda a equação por “L”, temos:


di 1 1
L ⋅ + R2i ⋅ = 0
dt L L
di 1
+ R2i ⋅ = 0
dt L

capítulo 4 • 107
Multiplicando toda a equação por “dt”, temos:
di 1
⋅ dt + R 2 i ⋅ ⋅ dt = 0
dt L
1
di = −R 2 i ⋅ ⋅ dt
L

Dividindo toda a equação por “i”, temos:


di 1
= −R 2 ⋅ ⋅ dt
i L

Integrando ambos os lados da equação, temos:


i( t ) di R2 t
∫i(t ) i
0
=−
L
⋅ ∫ dt
t0

Em que i(t0) é a corrente no tempo t0 e i(t) é a corrente no tempo “t”.


Considerando t0 igual a zero e resolvendo a integral temos:

i( t )di i( t ) i ( t ) −b ± b2 − 4ac
∫i(t0 ) i = ln ( i ) i( 0 )
= ln i ( t ) − ln i ( 0 ) = ln
i (0) 2a
R2 R2 R2 R2
=− ⋅t t
t 0 =0 =− ⋅t + − ⋅0 = − ⋅t
L L L L

Logo,
i( t ) di R2 t i(t ) R
∫i(t ) i0
=−
L
⋅ ∫ dt ⇒ ln
t0 i (0)
= − 2 ⋅t
L

A propriedade do logaritmo natural diz:


ln ( y ) = x ⇒ y = ex

Assim:

i(t ) R i ( t ) − R 2 L ⋅t − 2 ⋅t


R
ln = − 2 ⋅t ⇒ =e   ⇒ i ( t ) = i (0) ⋅e  L 
i (0) L i (0)

capítulo 4 • 108
Conforme dito no capítulo 3 em que não temos uma variação instantânea
da corrente sobre o indutor, assim quando a chave S1 é aberta a corrente sobre o
indutor não é alterada. Usando “0-” para indicar o tempo anterior ao fechamento
da chave da S1, logo a expressão pode ser apresentada como:

− 
R2
L ⋅t
i ( t ) = i ( 0− ) ⋅ e 

Esta expressão nos diz que a corrente tem um valor inicial i(0–) e decresce a
zero com o aumento do tempo “t”, conforme gráfico a seguir.
i(t)

i(0–)

t(s)

A tensão sobre o resistor R2 é dada por:

− 
R2
L ⋅t
V ( t ) = R 2 ⋅ i ( t )∴ i ( t ) = i ( 0 − ) ⋅ e  ∴ i ( 0 − ) = I0
− 
R2
L ⋅t
V ( t ) = R 2 ⋅ I0 ⋅ e 

A potência sobre o resistor R2 é dada por qualquer uma das equações a seguir.
v2
P = v ⋅ i ∴ P = R 2 ⋅ i2 ∴ P =
R2

Podemos ter também a expressão:

− 
R2
L ⋅t
P = R 2 ⋅ i 2 ∴ i = I0 ⋅ e 

−  − 
R2 R2
L ⋅t L ⋅t
P ( t ) = R 2 ⋅ I0 2 ⋅ e  ⋅e 

−2 
R2
L ⋅t
P ( t ) = R 2 ⋅ I0 2 ⋅ e 

capítulo 4 • 109
A energia fornecida ao resistor após a abertura da chave S1 é:

−2 
R2
t t L .t
w = ∫ pdt = ∫ R 2 I02 ⋅ e  dt
0 0
R 
t −2 2 L ⋅t
w = R 2 ⋅ I0 2 ⋅ ∫ e   dt
0

Integrando:

−2 
R2
L ⋅t
R 
1 L −2 
1 L  −2 2 L ⋅t 
 R2 R
t −2 2 L ⋅t e L ⋅t t
∫ e   dt =− t
0 =− ⋅ ⋅e 0 =− ⋅ ⋅ e − 1
2  
0 R2 2 R2 2 R 2  
 L 
 
1 L  −2 2 ⋅t 
R2 R
t −2 L ⋅t
∫0
e  dt = ⋅ ⋅ 1 − e  L  
2 R 2  

Logo:
R 
t −2 2 L ⋅t 1 L  −2 2  t  1
R  −2 2  t 
R
w = R 2 ⋅ I0 2 ⋅ ∫ e   dt = R 2 ⋅ I0 2 ⋅ ⋅ 1 − e  L   = ⋅ L ⋅ I02 1 − e  L  
0 2 R2   2  

Vimos no capítulo 3 que a energia armazenada no indutor é:


1
w L = ⋅ L ⋅ I0 2
2

Logo, para a equação a seguir quando “t” tende a infinito, temos:

1  −2 2  t 
R
−2 2  t
R
w ( t ) = ⋅ L ⋅ I02 1 − e  L   ∴e  L  = 0(t → ∞)
2  
1 1
w = ⋅ L ⋅ I02 [1 − 0] = ⋅ L ⋅ I02
2 2

Assim, quando “t” tende a infinito à energia dissipada no resistor se aproxima


da energia inicialmente armazenada no indutor.

capítulo 4 • 110
A constante de tempo do circuito RL

As expressões anteriormente obtidas apresentaram um termo comum em suas


equações, (e – (R/L)t), veja:

−  −  −2 


R2 R2 R2
L ⋅t L ⋅t L ⋅t
i ( t ) = I0 ⋅ e  ∴ V ( t ) = R 2 ⋅ I0 ⋅ e  ∴ P ( t ) = R 2 ⋅ I0 2 ⋅ e 

1  −2 2  t 
R
w ( t ) = ⋅ L ⋅ I02 1 − e  L  
2  

O gráfico que mostra o comportamento da função e-x é mostrado a seguir.


1,2

0,8

0,6

0,4

0,2

0
1
6
11
16
21
26
31
36
41
46
51
56
61
66
71
76
81
86
91
96
101
106
111
116
121
126

Observe que à medida que os valores de “x” aumentam o decaimento da fun-


ção é maior. Voltando as expressões obtidas anteriormente, veja que este fator
de decaimento depende da relação entre R2/L. A recíproca desta razão, L/R2, é
chamada de constante de tempo do circuito RL e representada pela letra grega t, .
Assim, as equações podem ser reescritas como:
1
i ( t ) = I0 ⋅ e− t / τ ∴ V ( t ) = R 2 ⋅ I0 ⋅ e− t / τ ∴P ( t ) = R 2 ⋅ I02 ⋅ e−2t / τ ∴ w ( t ) = LI02 1− e−2t /τ 
2

Vamos supor a seguinte equação:


i ( t ) = 2 ⋅ e− t /τ

capítulo 4 • 111
Vamos obter o resultado desta equação para tempos múltiplos de t. Vejamos
o quadro a seguir.

t e–t/τ i(t) [i(t)/i(0)]x100%


τ 3,6788 x 10–1 7,3576 x 10–1 36,788%

2τ 1,3534 x 10–1 2,7068 x 10–1 13,534%

3τ 4,9787 x 10–2 9,9574 x 10–2 4,9787%

4τ 1,8316 x 10–2 3,6632 x 10–2 1,8316%

5τ 6,7379 x 10–3 1,34758 x 10–2 0,67379%

6τ 2,4788 x 10–3 4,9576x10–3 0,24788%

7τ 9,1188 x 10–4 1,82376x10–3 0,091188%

8τ 3,3546 x 10–4 6,7092 x 10–4 0,033546%

9τ 1,2341 x 10–4 2,4682 x 10–4 0,012341%

10τ 4,5400 x 10–5 9,0800 x 10–5 0,00454%

Observe que quando transcorrido cinco constantes de tempo, a corrente é me-


nos de 1%, ou seja, 0,67379%, do valor inicial. Portanto, dizemos que em cinco
constantes de tempo a corrente e tensão atingem seus valores finais.

Resposta natural de um circuito RC básico

A resposta natural do circuito RC é analisada a partir do circuito a seguir.


R1
1 2
+ S1
V + R
C1

capítulo 4 • 112
O capacitor quando submetido a uma tensão constante comporta-se como
um circuito aberto. Desta forma, não temos corrente circulando sobre o capacitor,
o que podemos dizer também que a tensão, V, está sobre os terminais do capacitor.
Supondo que a chave esteja por um longo tempo na posição 1, podemos dizer
que o capacitor adquiriu uma tensão igual à fonte. Quando a chave a passa para a
posição 2, a tensão sobre o capacitor continua com o valor igual à tensão da fonte
V. Este fato reside na característica do capacitor não admitir variações bruscas de
tensão. Desta forma, analisemos o circuito com a chave na posição 2.
Vamos supor que este capacitor esteja carregado com uma tensão v0. Vamos
aplicar a lei de Kirchoff das correntes ao circuito elétrico com a chave na posição
2, assim temos:
dv v
C + =0
dt R

Dividindo toda equação por “C”, temos:


dv v
+ =0
dt R C

Temos anteriormente uma equação diferencial de primeira ordem, resolven-


do temos:
dv v dv v dv dt
+ =0⇒ =− ⇒ =−
dt R C dt RC v RC
dv dt −t
∫ ⇒ ln ( v ) =
v ∫ RC
= − +K
RC

Para que tenhamos esta solução válida para t≥0, o valor da constante “K” deve
ser escolhido de tal forma que tenhamos a condição inicial v(t = 0) = V0 satisfeita,
logo, em t = 0 devemos ter:
ln v ( 0 ) = ln ( V1 ) = KK
t t
ln v = − +K =− + ln ( v1 )
RC RC
t
ln v − ln ( v1 ) = −
RC
v t
ln =−
v1 RC
v ( t ) = v 0 e− t / RC

capítulo 4 • 113
Observe que a tensão sobre o capacitor é inicialmente um valor “v0” e decai
exponencialmente, tendendo a zero, com o crescimento do tempo. Este compor-
tamento é mostrado no gráfico a seguir.
v(t)

V0

t(s)

A expressão v(t) é a tensão sobre o resistor “R”, logo a corrente i(t) é:

v ( t ) v 0 e− t / R C
i(t ) = =
R R

Com as equações de v(t) e i(t), podemos obter as expressões para potência


e energia.
Para potência temos:
 v e− t / ( R C )  v 2 e−2t /( R C )
(
P = v ⋅ i = v 0 e− t / ( R C ) ⋅  0
 R
) = 0
 R
 

Para energia temos:


v 02 v 02
e−2t /( R C )dt = ( C)
t t t −2 t / R
w = ∫ Pdt = ∫ ∫0 e dt
0 0 R R

w=
e−2t /( R C )
v 02
⋅ t =
v 02

(e −2 t / ( R C )
−1 )
R ( −2t / R C ) 0
R  −2R C 
 R 2 C2 
 

w=
v 02 R 2 C2

R −2R C
( 1
2
) 1
( )
⋅ e−2t /( R C ) − 1 = − Cv 02 e−2t /( R C ) − 1 = Cv 02 1 − e−2t /( R C )
2
( )
Para exemplificar o que foi dito nesta seção vamos a um exercício. A chave S1
do circuito a seguir ficou mantida na posição 1 por um longo tempo. No tempo
t=0s ela foi para a posição 2. Determine:

capítulo 4 • 114
1. A tensão sobre o capacitor para um t ≥ 0.
2. A tensão sobre o resistor R3 para um t ≥ 0.
3. A corrente elétrica sobre o resistor R4 para um t ≥ 0.
R1 R2
5k 16k

1 2
+ S1
V1 R3 R4
50V +C 120k 30k
1
0.25uF

Respostas
1. Como a chave esteve ligada por um longo tempo, o capacitor foi car-
regado com uma tensão de 50V. Na posição 2, a resistência vista entre os
terminais A e B do capacitor é:
R1 R2
5k A 16k

2
+ S1
V1 R3 R4
50V A +C 120k 30k
1

B 0.25uF

B B

R 4 ⋅ R3
+ R 2 = 24kΩ + 16kΩ = 40kΩ
R 4 + R3

Logo, a tensão sobre o capacitor é dada conforme a expressão:

v ( t ) = v 0 e− t / R C
v ( t ) = 50e− t / 40⋅10 ⇒ v ( t ) = 50e−100t
3 ⋅0,25⋅10−6

capítulo 4 • 115
2. A tensão sobre o resistor R3 pode ser obtida a partir da fórmula do di-
visor de tensão, assim:
R 3 / /R 4
vR = v (t )⋅
3 R 2 + R 3 / /R 4

R3//R4 → Resistência equivalente ao paralelo entre R3 e R4.


24kΩ 24 24
vR (t ) = v (t )⋅ = v ( t ) ⋅ = 50 ⋅ e−100t ⋅ = 40 ⋅ e−100t
3 16kΩ + 24kΩ 30 30

3. A corrente sobre o resistor R4 é obtida segundo a lei de Ohm, logo:


vR = vR 40 ⋅ e−100t
iR ( t ) = 3 4
= = 1,33 ⋅ e−100t mA
4 R4 30kΩ

A constante de tempo do circuito RC

Em circuitos em que temos elementos armazenadores de energia, como o ca-


pacitor, é de grande valia caracterizar com um número a rapidez com que a res-
posta natural decai. Este número é obtido segundo o produto da capacitância e a
resistência vista entre os terminais do capacitor. Este valor é chamado de constante
de tempo, cujo símbolo é a letra t (tau), e sua unidade de medida é o segundo.
Logo:
τ=R·C

Respostas dos circuitos RC e RL a um degrau de tensão

A resposta de um circuito a variação súbita de uma fonte de tensão ou corrente


é chamado de resposta ao degrau. Vamos analisar o comportamento dos circuitos
RC e RL a esta variação súbita de tensão ou corrente.

Circuito RL: Fase de armazenamento e de decaimento

Vamos observar o comportamento do circuito RL em suas duas fases, a fase de


armazenamento e decaimento.

capítulo 4 • 116
A fase de armazenamento

Vamos analisar a fase de armazenamento a partir do circuito RL mostrado


a seguir.
S1 R1

+
V1 L1

A fase de armazenamento inicia com a chave fechamento da chave. O indutor


está totalmente descarregado e o circuito é representado conforme a seguir. Veja que o
indutor se comporta inicialmente como um circuito aberto. Neste instante, a indutân-
cia do indutor não permite que ocorra uma variação instantânea da corrente, logo a
corrente inicia em zero. Observe que nesta fase a tensão sobre o indutor é máxima e
igual à tensão da fonte V1, enquanto a corrente é mínima e igual à zero.
S1 R1

+
V1

A corrente no indutor cresce até que a tensão no indutor atinja zero, o que
equivale dizer que ao atingir este valor a corrente no indutor é máxima e a tensão é
mínima, é terminada a fase de armazenamento. O circuito equivalente a este com-
portamento é mostrado a seguir. Observe que agora o indutor comporta-se como
um curto-circuito. Logo, a tensão no resistor será igual à fonte V1. Desta forma, a
corrente máxima no circuito é dada pela razão entre a tensão V1 e a resistência R1.
S1 R1

I
+
Equivalência do indutor
V1
a um curto-circuito.

capítulo 4 • 117
A equação para a corrente no indutor durante a fase de armazenamento é
dada por:
V1
( )
IL = Imax 1 − e− t /( L / R ) ∴Imax =
R

Veja na equação anterior que a corrente no indutor depende do fator e–t(L/R).


Se mantivermos a resistência constante e aumentarmos a indutância, o fator
e–t(L/R) aumenta. Veja que a relação (1 – e–t(L/R)) aumenta o que faz com que o
tempo da fase de armazenando também aumente, ou seja, temos um aumento do
tempo de subida. O gráfico a seguir mostra o comportamento da corrente para
quatro valores diferentes de indutâncias, sendo L1 < L2 < L3 < L4. Veja que a maior
indutância, L4, apresenta um maior tempo de subida, ou seja, um maior tempo na
fase de armazenamento.
IL

L1
L2
L3
L4

0
t

A equação para a tensão no indutor durante a fase de armazenamento é


dada por:

(
VL = V1 e− t /( L / R ) )

capítulo 4 • 118
O comportamento gráfico da tensão e corrente durante a fase de armazena-
mento é mostrado a seguir.
I

V1 0,981.Imax 0,993.Imax
Imáximo = 0,951.Imax
R 0,865.Imax

0,632.Imax

1τ 2τ 3τ 4τ 5τ t(s)

V1

0,367.V1

0,135.V1
0,049.V1
0,018.V1 0,006.V
1

1τ 2τ 3τ 4τ 5τ t(s)

Observe que a fase de armazenamento termina com a corrente em seu valor


máximo e a tensão em seu valor mínimo, no tempo, em ambos os casos, quando
decorridos cinco constantes de tempo.
Vamos observar a tensão sobre o resistor R. Sabemos que a tensão sobre o
resistor é dada por:
VR = R ⋅ IR

Como temos um circuito em série, IR = IL. Logo:


VR = R ⋅ IR = R ⋅ IL

capítulo 4 • 119
Mas IL é dado por:

( )
IL = Imax 1 − e− t /( L / R ) ∴ τ = L / R

Então,
V1
VR = R ⋅ IR = R ⋅ Imax (1 − e− t / τ )∴Imax =
R

Assim,
V1
VR = R ⋅
R
(1 − e− t / τ )
VR = V1 (1 − e− t / τ )

Para exemplificar o que foi dito até o momento vamos resolver um exercício.
Encontre as expressões matemáticas para IL e VL em função do tempo no cir-
cuito a seguir, depois que a chave S1 é fechada.
S1 R1
+
+ IL
V1 L1
4H V
50V

A constante de tempo do circuito é:


L 4H
τ= = = 2ms
R 2 kΩ

A corrente máxima do circuito é:


V1 50 V
Imax = = = 25mA
R 2 kΩ

Logo, a corrente sobre o indutor é dada pela expressão:

( ) ( )
IL = Imax 1 − e− t /( L / R ) = 25mA 1 − e− t /( 2 x10 ) = 25mA (1 − e−500t )
−3

capítulo 4 • 120
A expressão da tensão, VL, sobre o indutor é:

( ) ( )
VL = V1 e− t /( L / R ) = 50 e− t /( 2 x10 ) = 50 ( e−500t )
−3

A fase de decaimento

Nos circuitos R – L a energia é armazenada na forma de campo magnético


estabelecido pela corrente sobre o indutor. O indutor não consegue manter a ener-
gia armazenada, visto que a falta de circuito fechado leva a corrente a zero.
Para analisarmos a fase de decaimento vamos utilizar o circuito a seguir.
S1 R1

+
V1 R2 L1

Vimos anteriormente que quando a chave é fechada, o indutor inicia a fase


de armazenamento. Vamos analisar o que ocorre ao término da fase de arma-
zenamento e a abertura da chave S1. Com a abertura da chave temos o circuito
equivalente a seguir.
S1 R1 VL1

– + V – +
R1

VR2 R2 L1 VL1

+ –

A tensão sobre o indutor varia com o fechamento da chave, porém a corrente


sobre o indutor, IL1, mantém mesmo valor e sentido de antes da abertura da chave,
ou seja, V1/R1. Observe que, antes da abertura da chave tínhamos o indutor na

capítulo 4 • 121
fase de armazenamento. Sabemos que ao término desta fase temos o indutor se
comportando como um curto-circuito, logo tem o circuito equivalente a seguir.
S1 R1 IL1

+ Assim, a corrente IL1, antes da


V1 R2 abertura da chave, é V1/R1.

Desta forma, com a abertura da chave e a característica do indutor de não


variar de forma instantânea a corrente elétrica, a corrente é mantida em V1/R1.
Já a tensão sobre o indutor varia de forma instantânea com a abertura da chave,
sendo dada por:
VL = VR + VR
1 2

Observe que com a abertura da chave a corrente sobre R1 e R2 é igual a IL1,


então:
VL = R 1 ⋅ IL1 + R 2 ⋅ IL1
V1
VL = IL1 ( R 1 + R 2 )∴IL1 =
R1
V1 R R   R 
VL =
R1
( R1 + R 2 ) = V1  R1 + R2  = V1  1 + R2 
 1 1   1 

Este valor de tensão de VL mostra que quando a chave é aberta a tensão sobre
o indutor é maior do que a tensão da fonte V1. Sobre a polaridade desta tensão,
esta é oposta a condição anterior à abertura da chave.
Durante esta fase de decaimento, o indutor libera a energia armazenada, a
tensão sobre os seus terminais diminui segundo a seguinte expressão.
 R 
VL = − Vi e− t /τ ∴ Vi = V1  1 + 2 
 R1 

O sinal negativo na expressão anterior indica que a tensão sobre o indutor é


de polaridade oposta à condição anterior a abertura da chave.

capítulo 4 • 122
Nesta fase, a constante de tempo é diferente da fase de armazenamento.
Observe que a resistência vista entre os terminais do indutor pode ser obtida se-
gundo a resistência de Thevenin, veja no circuito a seguir.
R1

A
R2 Rtn(A – B) = R1 + R2
B

Logo a constante de tempo é:


L L
τ= =
R tn( A −B ) R 1 + R 2

A expressão que descreve o decaimento da corrente é:


V1
IL = Im e− t /τ ∴Im =
R1

A tensão sobre os terminais de cada resistor é dada por:


VR 1 = R 1 ⋅ IR 1 ∴IR 1 = IL
VR 1 = R 1 ⋅ IR 1 ∴IR 1 = IL V
VR 1 = R 1 〈IL ∴IL = Im .e− t /τ ∴Im = 1
V
R
VR 1 = R 1 〈IL ∴IL = Im .e− t /τ ∴Im = 11
V R 1
VR 1 = R 1 ⋅ 1 ⋅ e− t / τ VR 2 = R 2 .IR 2 ∴IR 2 = IL
RV
VR 1 = R 1 ⋅ 11 ⋅ e− t / τ VR 2 = R 2 .IR 2 ∴IR 2 = IL
R1 V
VR 2 = R 2 ⋅ IL ∴IL = Im ⋅ e− t / τ ∴Im = 1
V
R
VR 2 = R 2 ⋅ IL ∴IL = Im ⋅ e− t / τ ∴Im = 11
VR 1 = V1 ⋅ e− t / τ R1
VR 1 = V1R⋅ e − t / τ
VR 2 = − 2 ⋅ V1 ⋅ e− t / τ
R
R
VR 2 = − 21 ⋅ V1 ⋅ e− t / τ
R1

O sinal negativo na expressão anterior indica que a tensão sobre o resistor R2


é de polaridade oposta à condição anterior a abertura da chave.

capítulo 4 • 123
Para tornar mais claro a fase de decaimento do indutor, vamos resolver o exer-
cício a seguir.
Para o circuito a seguir responda ao que se pede.
R1
S1 2k

+
V1 R2 L1
50V 3k 4H

1. Obtenha as expressões para IL, VL, VR1 e VR2 em função do tempo se a


chave for aberta e a fase de armazenamento finalizada.
2. Esboce as forma de onda das tensões e correntes nas fases de armazena-
mento e decaimento no indutor, supondo que a fase de decaimento inicia
depois de transcorridos cinco constantes de tempo.

Respostas
1. A constante de tempo do circuito é:
L 4H 4H
τ= = = = 0,8ms
R 1 + R 2 3kΩ + 2kΩ 5kΩ

Logo,
 R   3kΩ 
Vi = V1  1 + 2  = 50  1 +  = 125 V
 R1   2 kΩ 

Assim,
−3
VL = − Vi e− t / τ = −125e− t /0,8 x10 = −125e− tx10000 /8 = −125e−1250t

A equação da corrente na fase de decaimento é:


V1
I L = I m e − t / τ ∴I m =
R1
V1 50 V − t /0,8 x10−3
IL = e− t / τ = e = 25x10−3 e−1250t
R1 2 kΩ

capítulo 4 • 124
A equação da tensão sobre os resistores R1 e R2 são:
VR 1 = V1 ⋅ e− t / τ = 50e−1250t
R2 3kΩ
VR 2 = − ⋅ V1 ⋅ e− t / τ = − ⋅ 50 ⋅ e−1250t = −75e−1250t
R1 2kΩ

2. Para obter o comportamento gráfico da tensão sobre o indutor durante


a fase de armazenamento e decaimento, precisamos da expressão da tensão
sobre o indutor durante a fase de armazenamento. Primeiramente devemos
obter a constante de tempo durante a fase de armazenamento. A resistência
vista entre os terminais do indutor é:
R1
S1 2k

A
R2
3k
B

Veja, no circuito ao lado, que a resistência de 3kΩ está em curto. Logo, a


resistência entre “A” e “B” é:

R A – B = 2KΩ

A constante de tempo na fase de armazenamento é:


L 4H
τ= = = 2ms
R A −B 2 kΩ

Logo, a tensão sobre o indutor na fase de armazenamento é:


−3
VL = V1 ⋅ e− t / τ = 50 ⋅ e− t /2 x10 = 50 ⋅ e−500t

Assim, as equações da tensão do indutor nas fases de armazenamento e decai-


mento são:
VL( armazenamento ) = 50 ⋅ e−500t
VL( decaimento ) = −125e−1250t

capítulo 4 • 125
O comportamento gráfico da tensão sobre o indutor nas fases de armazena-
mento e decaimento é mostrado no gráfico a seguir.
VL

75
Fase de armazenamento
50
5τ – (5.0,8ms)
25
4ms
0

–25 5τ = (5.2ms)
= 10ms
–50

–75

–100
Fase de decaimento
–125

–150
t

O comportamento da corrente sobre o indutor na fase de armazenamento é


dado por:
V1
( )
IL = Imax 1 − e− t /( τ ) ∴Imax =
R1

O comportamento da corrente sobre o indutor na fase de armazenamento é


dado por:
V1
IL = Im (1 − e− t /τ )∴Im =
R1
50 V
IL =
2 kΩ
(1 − e−500t ) = 25 x 10−3 (1 − e−500t )

O comportamento da corrente sobre o indutor na fase de decaimento é


dado por:
IL = 25x10−3 e−1250t

capítulo 4 • 126
O comportamento gráfico da corrente sobre o indutor nas fases de armazena-
mento e decaimento é mostrado no gráfico a seguir.
IL(mA)

25

0
t
Armazenamento Decaimento

Circuito RC: Fase de carga e de descarga

Vamos observar o comportamento do circuito RC em suas duas fases, a fase de


carga e descarga.

A fase de carga

Vamos analisar a fase de carga a partir do circuito RC mostrado a seguir.


S1 R1

+ +
V1 C1

No instante do fechamento da chave, a fonte V1 move elétrons da placa su-


perior e os deposita na placa inferior, originando uma carga positiva na placa
superior e uma negativa na placa inferior. Esta transferência de elétrons é mais
rápida no início, à medida que a diferença de potencial aumenta e se aproxima da
tensão da fonte a transferência de elétrons diminui de velocidade. Quando temos

capítulo 4 • 127
a tensão sobre capacitor igual à tensão da fonte V1, os elétrons não mais circulam
no circuito. Assim, a carga sobre as placas do capacitor é dada pelo produto da
capacitância pela tensão sobre ele.
No tempo de fechamento da chave S1, t = s, a corrente sobre o circuito tem seu
valor máximo no circuito, mas limitado pela resistência R1. Isto se deve devido
ao comportamento inicial do capacitor na condição de descarregado, ou seja, um
curto-circuito. Com o carregamento das placas do capacitor a corrente sobre o
circuito começa a diminuir. O gráfico a seguir mostra este comportamento.
i(t)

V1
R1

t(s)

A tensão sobre o capacitor está relacionada à carga armazenada entre as placas


do capacitor, como a carga armazenada entre as placas aumenta com o tempo a
tensão sobre o capacitor terá o mesmo comportamento. Quando temos a tensão
sobre o capacitor igual à tensão da bateria a corrente elétrica é cessada no circuito.
Neste momento o capacitor adquire o comportamento de um circuito aberto. O
gráfico a seguir mostra o comportamento da tensão sobre o capacitor no circuito.
V(t)

V1

t(s)

capítulo 4 • 128
Voltando ao momento que temos o fechamento da chave, t = 0s, e o capacitor
com características de curto-circuito têm que a corrente no circuito é:
V1
I=
R1

Vamos obter uma expressão do comportamento da corrente no circuito du-


rante a fase de carregamento, ou seja, com o fechamento da chave S1, t = 0s.
Primeiramente vamos aplicar a lei de Kirchoff das tensões no circuito, assim:
V1 − VR 1 ( t ) − VC ( t ) = 0

Sabemos que a corrente sobre o capacitor é:


dv c ( t )
IC ( t ) = C
dt

Isolando a tensão do capacitor,


1 t
vc (t ) = i ( τ )dτ
C ∫0

Substituindo Vc(t) acima em LKT,


1 t
V1 − VR ( t ) − VC ( t ) = 0 ⇒ V1 − R 1 ⋅ i ( t ) − i ( τ ) dτ = 0
1 C ∫0
1 t
R1 ⋅ i ( t ) + i ( τ ) dτ = V1
C ∫0

Dividindo toda a equação por R1 temos:


1 t V
i(t ) + ∫ i ( τ ) dτ = 1
R1 ⋅ C 0 R1

capítulo 4 • 129
Para que a integral possa sair do circuito, vamos derivar toda a equação em
relação no tempo,
 1 t  V 
i ( t )  +  ∫ i ( τ ) dτ  =  1 
 R1 ⋅ C   R1 
0

1
i (t ) + i(t ) = 0
R1 ⋅ C

Resolvendo a equação homogênea anterior por integração temos,

1 di ( t ) 1
i (t ) + i(t ) = 0 ⇒ =− i(t )
R1 ⋅ C dt R1 ⋅ C
di ( t ) 1 di ( t ) 1 1
=− dt ⇒ ∫ = ∫− dt ⇒ ln i ( t )  = − t+M
i(t ) R1 ⋅ C i(t ) R1 ⋅ C R1 ⋅ C
i ( t ) = eM ⋅ e− t /( R1 ⋅C) ∴eM = A
i ( t ) = A ⋅ e− t /( R1 ⋅C)

Sabemos que para t = 0s, a corrente é V1/R1, assim temos:

i ( t ) = A ⋅ e− t /( R1 ⋅C)
i ( t = 0 ) = A ⋅ e−0 /( R1 ⋅C)
i ( t = 0 ) = A ⋅ e−0
V1
i(t = 0) = A ⇒ i(t = 0) =
R1
V1
i(t = 0) = =A
R1

Logo, A é:
V1
A=
R1

capítulo 4 • 130
Assim, a expressão para a corrente i(t) no circuito é:
V1
i ( t ) = A ⋅ e− t /( R1 ⋅C) ⇒ i ( t ) = ⋅ e− t /( R1 ⋅C)
R1

Vimos anteriormente que a constante de tempo do circuito RC é igual ao


produto da resistência pela capacitância e representado pela letra grega letra (tau),
assim:
V1
i(t ) = ⋅ e− t / ( τ )
R1

Observem na tabela a seguir os valores de i(t) para diversos tempos em função


de tau.

V1
τ e–t/(τ) i(t ) = ⋅ e− t / ( τ )
R1

V1
0τ 1 R1

V1
1τ 0,368 0,368 R1

V1
2τ 0,135 0,135 R1
V1
3τ 0,05 0,05 R1
V1
4τ 0,018 0,018 R1
V1
5τ 0,0067 0,0067 R1
V1
6τ 0,0024 0,0024 R1

capítulo 4 • 131
Graficamente temos:
V

V1
R V1
(36,8%)
R1
V1
(13,5%)
R1
V1
(5%)
R1
V1
(1,8%)
R1 V1
(0,67%)
R1
V1
(0,24%)
R1

1τ 2τ 3τ 4τ 5τ 6τ t(s)

Veja que na tabela e no comportamento gráfico da corrente do circuito, quan-


do temos um tempo igual a uma constante a corrente decai para 36,8% do valor
máximo. Em um tempo igual a duas constantes de tempo, a corrente decai para
13,5% do valor máximo. Já em cinco constantes de tempo a corrente do circuito
é praticamente nula. Portanto, veja que a corrente elétrica é sensível à constante
tempo, a qual é determinada pelos parâmetros, R e C.
Já a tensão sobre o capacitor é:
1 t
vc (t ) = i ( τ )dτ
C ∫0

Substituindo i(t) na equação anterior obtemos a expressão geral para tensão


no capacitor na fase de carga, veja:
V1 1 t V1 − t /( R1 ⋅C)
i(t ) = ⋅ e− t /( R1 ⋅C) ⇒ v c ( t ) =
C ∫0 R 1
⋅e dt
R1
− t / ( R1 ⋅C ) t
1 V1 t − t /( R1 ⋅C) 1 V e
vc (t ) = ⋅ ∫ ⋅e dt = ⋅ 1 ⋅ 0
C R1 0 C R 1  −t 
 
 R1 ⋅ C 

1 V1 e (
− t / ( R1 ⋅C )
)
− 1 1 V e− t /( R1 ⋅C) − 1 1 V ( )
vc (t ) = ⋅ ⋅
C R1 −R 1 C
= ⋅ 1⋅
C R1 −1
= ⋅ 1 ⋅ e− t /( R1 ⋅C) − 1 ⋅ ( −R 1C )
C R1
( )
R 12 C2 R1C

( ) (
v c ( t ) = V1 ⋅ 1 − e− t /( R1 ⋅C) ⇒ v c ( t ) = V1 ⋅ 1 − e− t /( ) )

capítulo 4 • 132
Observem na tabela a seguir os valores de Vc(t) para diversos tempos em fun-
ção de tau.

τ e–t/(τ) (
v c ( t ) = V1 ⋅ 1 − e− t /( τ ) )
0τ 1 0

1τ 0,368 (0,632)V1

2τ 0,135 (0,865)V1

3τ 0,05 (0,95)V1

4τ 0,018 (0,982)V1

5τ 0,0067 (0,9933)V1

6τ 0,0024 (0,9976)V1

Graficamente temos:
Vc

(98,2%)V1 (99,33%)V1
V1 (95%)V1
(86,5%)V1

(63,2%)V1

1τ 2τ 3τ 4τ 5τ t(s)

Observando o gráfico anterior, podemos constatar que a tensão sobre o ca-


pacitor é igual à tensão da fonte, V1, após um tempo igual a cinco constantes
de tempo.

capítulo 4 • 133
Observe que na equação que define a tensão sobre o capacitor há uma de-
pendência que varia de forma inversamente proporcional com a constante de
tempo. Desta forma, mantendo a resistência constante e variando a capacitância,
C4 > C3 > C2 > C1, temos o comportamento mostrado no gráfico a seguir.
Vc

V1

C1
C2
C3
C4

0
t

Observe que diminuindo o valor da capacitância, a constante de tempo RC irá


diminuir, o que equivale dizer que o valor de cinco vezes a constante de tempo
também irá diminuir. Lembre-se que quando temos um tempo igual a cinco cons-
tantes de tempo a tensão sobre o capacitor iguala-se a tensão da fonte V1. Desta
forma quanto maior a capacitância, C4, maior a constante de tempo e mais tempo
será necessário para que a tensão atinja a tensão da fonte.

A fase de descarga

Vamos analisar a fase descarga a partir do circuito a seguir.


R1 S1

+ +
V C R2

capítulo 4 • 134
Observe que neste circuito, quando a chave S1 encontra-se fechada temos a
fase de carregamento do capacitor, com o capacitor atingindo uma tensão dada
segundo o divisor de tensão R1 – R2. Lembre-se que quando o capacitor encontra-
se carregado podemos substituí-lo por um circuito aberto, assim a máxima tensão
sobre o capacitor durante a fase de carregamento é:
R1 S1 v’

+
R 2 xV
V R2 V =
R1 + R 2

Já a corrente sobre R2 é:
V R xV 1 V
iR = = 2 ⋅ =
2 R 2 R1 + R 2 R 2 R1 + R 2

Vamos agora determinar o comportamento da corrente elétrica na fase de


descarga do capacitor. Primeiramente vamos aplicar a lei de Kirchoff das tensões
ao circuito elétrico com a chave na posição 2, assim temos:
vc (t ) + vR (t ) = 0

Sabemos que vc(t) é dado por:


1 t
vc (t ) = i ( τ )dτ
C ∫0

Assim,
1 t
vc (t ) + vR (t ) = 0 ⇒ i ( τ )dτ + v R ( t ) = 0
C ∫0

Dividindo toda a equação por “R” temos:

1 t 1 t v (t )
i ( τ )dτ + v R ( t ) = 0 ⇒ i ( τ )dτ + R
C ∫0 RC ∫0
=0
R
1 t R ⋅i(t ) 1 t
i ( τ )dτ + i ( τ )dτ + i ( t ) = 0
RC ∫0 RC ∫0
=0⇒
R

capítulo 4 • 135
Para que a integral possa sair do circuito, vamos derivar toda a equação em
relação no tempo,
1
i(t ) + i (t ) = 0
RC

Resolvendo a equação homogênea anterior por integração temos,

1 di ( t ) 1
i (t ) + i(t ) = 0 ⇒ =− i(t )
R ⋅C dt R ⋅C
di ( t ) 1 di ( t ) 1 1
=− dt ⇒ ∫ = ∫− dt ⇒ ln i ( t )  = − t+M
i(t ) R ⋅C i(t ) R ⋅C R ⋅C
i ( t ) = eM ⋅ e− t /( R ⋅C) ∴eM = A
i ( t ) = A ⋅ e− t /( R ⋅C)

Veja que no circuito, antes de levar a chave da posição 1 para a posição 2, a


corrente é de:
V
iR =
2 R1 + R 2

Verifique que quando temos o carregamento do capacitor, o sentido da cor-


rente elétrico é conforme a figura a seguir.
R1 S1

+ +
V C R2

Com a abertura da chave S1 a corrente elétrica tem sentido oposto, veja no


circuito a seguir.
R1 S1

+ +
V C R2

capítulo 4 • 136
Assim, no instante t = 0s de nossa análise a corrente i(0) é:
V
iR =
2 R1 + R 2

Logo:

i ( t ) = A ⋅ e− t /( R ⋅C)
V
i ( t = 0 ) = A ⋅ e− t =0 /( R ⋅C) = −
R1 + R 2
V
A=−
R1 + R 2

Sendo “I0” igual a [V/(R1 + R2)] a expressão fica:

i ( t ) = −I0 ⋅ e− t /( R ⋅C) ⇒ i ( t ) = −I0 ⋅ e− t /( τ )

Veja na expressão anterior que a corrente elétrica é negativa e quando t = 0 ela


possui um valor máximo. Note também que para um tempo muito grande temos
e–t/(R·C) decaindo para zero. Assim, temos a representação gráfica a seguir.
I(t)
0
t(s)

i0

A expressão para a tensão elétrica é:


1 t
vc (t ) = i ( τ )dτ
C ∫0

capítulo 4 • 137
Substituindo i(t) na equação anterior obtemos a expressão geral para tensão
no capacitor na fase de descarga, sendo:
VxR 2
v c ( t ) = V0 ⋅ e− t /( R ⋅C) ∴ V0 =
R1 + R 2

Veja na expressão anterior que a tensão é máxima quando t = 0. Note também


que para um tempo muito grande temos e–t/(R · C) decaindo para zero. Assim, temos
a representação gráfica a seguir.
I(t)

V.R2
R1+R2

0 t(s)

Para exemplificar o que comentamos sobre o capacitor vamos resolver o que


se pede no circuito a seguir.
R1
100k 1. Encontre a expressão mate-
2
mática para a tensão e corrente
1
+ S1 sobre o capacitor se a chave for
V1 R2
10V +C colocada na posição 1 em t = 0s.
200k
1
0.05uF 2. Encontre a expressão mate-
mática para a tensão e corrente
sobre o capacitor se a chave for co-
locada na posição 2 em t = 48 ms.

Respostas:
1. Quando a chave encontra-se na posição 1, o capacitor inicia sua fase de
carga. A tensão sobre o capacitor é dada como:

(
v c ( t ) = V1 ⋅ 1 − e− t /( τ ) )

capítulo 4 • 138
A constante de tempo é dada por:
τ = R 1 ⋅ C = 100 ⋅ 103 ⋅ 0, 05 ⋅ 10−6 = 5 ⋅ 10−3 s = 5ms

Assim,

( ) (
v c ( t ) = V1 ⋅ 1 − e− t /( τ ) ⇒ v c ( t ) = 10 ⋅ 1 − e− t /(5⋅10 )
−3
)
A corrente elétrica sobre o capacitor na fase de carga é:
V1
i(t ) = ⋅ e− t / ( τ )
R1

Logo,
10
i(t ) = ⋅ e− t /(5⋅10 ) = 0,1 ⋅ 10−3 ⋅ e− t /(5⋅10 )
−3 −3

100 ⋅ 103

2. Quando a chave encontra-se na posição 2, o capacitor inicia sua fase de


descarga. A tensão sobre o capacitor é dada como:

v c ( t ) = V1 ⋅ e− t /( τ )

A constante de tempo é dada por:


τ = R 2 ⋅ C = 200 ⋅ 103 ⋅ 0, 05 ⋅ 10−6 = 10 ⋅ 10−3 s = 10ms

Assim,

v c ( t ) = 10 ⋅ e− t /(10⋅10 )
−3

A corrente elétrica sobre o capacitor na fase de descarga é:


V1
i ( t ) = −I0 ⋅ e− t /( τ ) ∴I0 =
R2
V1 10
i(t ) = − ⋅ e− t / ( τ ) ⇒ i ( t ) = − ⋅ e− t /(10⋅10 )
−3

R2 200 ⋅ 103
i ( t ) = −0, 05 ⋅ 10−3 ⋅ e− t /(10.10 )
−3

capítulo 4 • 139
Solução geral para as respostas de um circuito RL e RC

Nos circuitos analisados em seções anteriores admitimos o capacitor ou in-


dutor inicialmente descarregado. Nesta seção vamos analisar o efeito de um valor
inicial nestes componentes e determinar uma equação geral para ambos os circui-
tos, RC e RL.

Valores iniciais em circuitos RC

Nos circuitos RC analisados em seções anteriores, o capacitor estava descarre-


gado até o momento que a chave fosse fechada. Admitindo, agora, que temos uma
diferença de potencial entre as placas do capacitor no momento em que fechamos
a chave. Esta tensão entre os terminais do capacitor é chamada de valor inicial.
Com o fechamento da chave o circuito inicia uma fase chamada de “transiente”,
a qual é finalizada após cinco constantes de tempo. Após a fase transiente, o capa-
citor inicia uma nova fase, o estado “estacionário”, também chamado de “regime
permanente”. Nesta fase, a tensão entre os terminais do capacitor se mantém cons-
tante. O valor da tensão no estado estacionário é obtido substituindo o capacitor
por um circuito aberto. O gráfico que descreve a tensão sobre capacitor nas fases
inicial, transiente e estacionário é mostrado no gráfico a seguir.
Vc(t)

Valor final

Valor inicial
Fase Estado
Transiente estacionário
Valor inicial

0 t(s)

A equação que rege o comportamento da tensão sobre os terminais do capa-


citor é dada por:

v c ( t ) = Vf + ( Vi − Vf ) e− t /τ

capítulo 4 • 140
Vamos exemplificar o que comentamos no exercício a seguir.
No circuito a seguir, o capacitor apresenta uma diferença de potencial inicial
de 4 volts entre suas placas. Responda ao que se pede.
R1
S1 2.2k

+
+ +C
v1 Vc = 4v
V 1
24V 3uF
– R2
2.8k –

1. Determine a expressão matemática para a tensão entre os terminais do


capacitor depois que a chave é fechada.
2. Obtenha a expressão matemática para a corrente elétrica durante o pe-
ríodo transiente.
3. Desenhe as formas de onda da tensão e corrente desde o valor inicial até
o final.

Repostas
1. Com o capacitor sendo substituído por um circuito aberto podemos
obter a tensão elétrica no estado estacionário, ou seja, o valor final da tensão
elétrica. Fazendo isto, observa-se que a tensão final do capacitor é 24V.
A constante de tempo, RC, deste circuito é:

τ = R ⋅ C = ( R 1 + R 2 ) ⋅ C = ( 2, 2kΩ + 2,8kΩ ) ⋅ 3µF = 5kΩ ⋅ 3µF = 15ms

Lembre-se que em cinco constantes de tempo temos o capacitor “praticamen-


te” carregado, logo:

5τ = R ⋅ C = 5 ( R 1 + R 2 ) ⋅ C = 5 ⋅ 15ms = 75ms

Assim, a expressão para a tensão sobre o capacitor é:

v c ( t ) = Vf + ( Vi − Vf ) e− t / τ
v c ( t ) = 24 V + ( 4 V − 24 V ) e− t /15ms
v c ( t ) = ( 24 − 20e−66,67t ) V

capítulo 4 • 141
2. Com a chave aberta o circuito não permite o fluxo de corrente, visto
que o circuito também está aberto, assim a corrente inicial é zero. Com o
fechamento da chave, a fase transiente inicial, por consequência a tensão
elétrica nos terminais do capacitor aumenta a partir de 4V. Assim, a corren-
te elétrica que percorre o circuito é:
V1 − Vc 20 V
I= = = 4mA
( R1 + R 2 ) 5kΩ

Com o aumento da tensão sobre capacitor durante a fase transiente, a corrente


elétrica do circuito diminui. Lembre-se que quando o capacitor estiver carregado,
o regime transiente é finalizado e o regime estacionário iniciado com o capacitor
equivalente a um circuito aberto. Logo, no regime estacionário deste circuito a
corrente elétrica é zero.
A corrente elétrica do circuito decai de forma exponencial com a mesma cons-
tante de tempo, RC, do circuito. Assim a expressão é dada por:
I ( t ) = Ie− t / τ
I ( t ) = ( 4e−66,67t ) mA

3. A representação gráfica da tensão sobre o capacitor nas fases inicial,


transiente e estacionária são mostrados no gráfico a seguir.
Vc(t)

Valor final = 24V

Valor inicial = 4V
Fase Estado
Transiente estacionário
Valor inicial

0 5τ = 75ms t(s)

Veja que de acordo com a equação encontrada na letra A, no tempo t = 0 temos:

v c ( t ) = ( 24 − 20e−66,67t ) V ∴t = 0
v c ( t = 0 ) = ( 24 − 20e−66,67⋅0 ) = ( 24 − 20e−0 ) = 24 − 20 = 4 V

capítulo 4 • 142
Veja que este valor corresponde ao valor inicial, 4V, marcado no gráfico.
Para um tempo superior a cinco constantes de tempo temos que e–66,67t é apro-
ximadamente igual à zero, logo:

v c ( t ) = ( 24 − 20e−66,67t ) V ∴t > 5τ ⇒ ( 75ms )∴e−66,67t ≅ 0


v c ( t > 75ms ) = ( 24 − 20 ⋅ 0 ) V = 24 V

A representação gráfica da corrente elétrica do circuito nas fases inicial, tran-


siente e estacionária é mostrada no gráfico a seguir.
Vc(t)

Valor final = 24V

Valor inicial = 4V
Fase Estado
Transiente estacionário
Valor inicial

0 5τ = 75ms t(s)

Veja que de acordo com a equação encontrada na letra B, no tempo t = 0 temos:

I ( t ) = ( 4e−66,67t ) mA ∴t = 0
I ( t = 0 ) = ( 4e−66,67⋅0 ) mA = 4mA

Para um tempo superior a cinco constantes de tempo temos que e–66,67t é apro-
ximadamente igual à zero, logo:

I ( t ) = ( 4e−66,67t ) mA ∴t > 5τ ⇒ ( 75ms )∴e−66,67t ≅ 0


I ( t > 75ms ) = ( 4.0 ) mA = 0V

Valores iniciais em circuitos RL

Nos circuitos RL analisados em seções anteriores, o indutor estava descarrega-


do até o momento que a chave fosse fechada. Admitindo, agora, que temos uma
corrente elétrica sobre o indutor no momento em que fechamos a chave. Esta

capítulo 4 • 143
corrente elétrica entre os terminais do indutor é chamada de valor inicial. Com o
fechamento da chave o circuito inicia uma fase chamada de “transiente”, a qual é
finalizada após cinco constantes de tempo. Após a fase transiente, o indutor inicia
uma nova fase, o estado “estacionário”, também chamado de “regime permanen-
te”. Nesta fase, a corrente elétrica entre os terminais do indutor se mantém cons-
tante. O valor da corrente elétrica no estado estacionário é obtido substituindo o
indutor por um curto-circuito. O gráfico que descreve a corrente sobre indutor
nas fases inicial, transiente e estacionário é mostrado no gráfico a seguir.
I(t)

4mA

5τ = 75ms

Valor inicial t(s)


Fase Estado
Transiente estacionário

A equação que rege o comportamento da corrente elétrica sobre os terminais


do indutor é dada por:

iL ( t ) = If + ( Ii − If ) e− t /τ

Vamos exemplificar o que comentamos no exercício a seguir.


No circuito a seguir, o indutor de 100mH apresenta uma corrente elétrica
inicial de 4mA no sentido indicado. Responda:
R1
S1 2.2k ILf

+
v1 L1
V
16V 100mH
– R2
6.8k

capítulo 4 • 144
1. Determine a expressão matemática para a corrente elétrica no indutor
depois que a chave é fechada.
2. Obtenha a expressão matemática para a tensão elétrica sobre o indutor
durante o período transiente.
3. Desenhe as formas de onda da tensão e corrente desde o valor inicial até
o final.

Respostas
1. Com o indutor sendo substituído por um curto-circuito podemos ob-
ter a corrente elétrica no estado estacionário, ou seja, o valor final da cor-
rente elétrica. Assim a corrente elétrica é:
R1
S1 2.2k ILf

16 V 16 V
+ iLf ( t ) = = = 1,78mA
V
v1
16V
( 2, 2kΩ + 6,8kΩ ) ( 9kΩ )
– R2
6.8k

A constante de tempo, L/R, deste circuito é:


L1 100mH 100mH
τ= = = = 11,11µs
( R1 + R 2 ) ( 2, 2kΩ + 6,8kΩ ) ( 9 kΩ )

Assim, a expressão para a corrente elétrica no indutor é:

i L ( t ) = If + ( Ii − If ) e− t / τs
iL ( t ) = 1,78 + ( 4 − 1,78 ) e− t /11,11µs = (1,78 + 2, 22e−90t ) mA

2. Com o fechamento da chave, a corrente do circuito é a mesma de antes


do fechamento. Lembre-se que um indutor não permite variações bruscas
de corrente. Assim, a tensão sobre o indutor é:
VL = V1 − VR 1 − VR 2
VL = 16 V − ( 4mA ⋅ 2, 2kΩ ) − ( 4mA ⋅ 6,8kΩ ) = 16 V − 8,8 V − 27, 2 V
VL = −20 V

capítulo 4 • 145
Assim a expressão é dada por:
VL ( t ) = Ve− t /τ
VL ( t ) = −20e−90t

3. A representação gráfica da corrente elétrica do indutor nas fases inicial,


transiente e estacionaria são mostrados no gráfico a seguir.
i(t)

4mA

Valor inicial

Valor final
1,78mA

Fase Estado
0 Transiente estacionário

5τ = 55,55µs t(s)

Veja que de acordo com a equação encontrada na letra A, no tempo t=0 temos:

iL ( t ) = (1,78 + 2, 22e−90t ) mA
iL ( t = 0 ) = (1,78 + 2, 22e−90⋅0 ) mA = (1,78 + 2, 22 ⋅ 1) mA = (1,78 + 2, 22 ) mA
iL ( t = 0 ) = 4mA

Veja que este valor corresponde ao valor inicial, 4mA, marcado no gráfico.
Para um tempo superior a cinco constantes de tempo temos que e–90t é apro-
ximadamente igual à zero, logo:

iL ( t ) = (1,78 + 2, 22e−90t ) mA ∴t > 5τ ⇒ ( 55,55µs )∴e−90t ≅ 0


iL ( t > 55,55µs ) = 1,78mA

capítulo 4 • 146
A representação gráfica da tensão elétrica sobre o indutor nas fases inicial,
transiente e estacionária é mostrada no gráfico a seguir.
VL(t)

0 5τ = 55,55µs
t(s)

Valor inicial

–20V Fase Estado


Transiente estacionário

Para um tempo superior a cinco constantes de tempo temos que e–90t é apro-
ximadamente igual à zero, logo:

VL ( t ) = ( −20e−90t ) V ∴t > 5τ ⇒ ( 55,55µs )∴e−90t ≅ 0


VL ( t > 55,55µs ) = ( −20 ⋅ 0 ) V = 0 V

Solução geral para valores iniciais em circuitos RL e RC

Vimos nas seções "Valores iniciais em circuitos RL" e "Solução geral para
valores iniciais em circuitos RL e RC" que as expressões para tensão e corrente
sobre o capacitor e indutor, foram respectivamente:

v c ( t ) = Vf + ( Vi − Vf ) e− t / τ
i L ( t ) = If + ( Ii − If ) e− t / τ

Estas equações possuem em comum:

Variável
Valor
desconhecida (Valor inicial da variável)
final da
em função – (Valor final da variável)
Variável
do tempo

Logo, podemos definir uma equação geral para ambas as variáveis como:

( )
x ( t ) = x f + x ( t 0 ) − x f e−( t −t 0 )/τ

capítulo 4 • 147
Comutação sequencial

Ao chavear um circuito em mais de um momento, temos o que chamamos de


comutação sequencial. Uma chave de duas posições pode ser comutada, ligando
e desligando de forma sequencial, ou podemos ter diversas chaves de uma única
posição que podem ser abertas ou fechadas sequencialmente. Para tornar claro
este assunto vamos explanar dois exercícios. Vamos ao primeiro exercício a seguir.
R1 S1 R4 S2

+
V v R2 R3 L1 R5

As chaves, S1 e S2, foram fechadas por um longo tempo. Em t = 0s, a chave S1


é aberta. Em t = 35ms, a chave S2 é aberta. Sabendo que a tensão da fonte é 30V
e R1, R2, R3, R4, R5 e L1 são iguais a 2Ω, 6Ω, 3Ω, 1,5Ω, 9Ω e 75mH, respectiva-
mente. Responda:
1. Determine a expressão para a corrente sobre o indutor para 0≤t≤35ms.
2. A corrente sobre o indutor para t ≥ 35ms.

Respostas:
1. Com as duas chaves fechadas por um longo tempo, temos o circuito
equivalente mostrado a seguir.
R1 S1 R4 S2

+
V v R2 R3 R5

Observe que o indutor comporta-se como um curto-circuito. Isto é ocasiona-


do devido ao longo tempo em que as chaves estiveram fechadas, o que garantiu
o carregamento do indutor. Você deve lembrar que o indutor quando carregado
comporta-se como um curto-circuito.

capítulo 4 • 148
Veja que o indutor provoca um curto-circuito sobre o resistor R5. Desta for-
ma, vamos calcular a corrente sobre o ramo do indutor. Transformando a fonte de
tensão V em fonte de corrente temos o circuito a seguir.
S1 R4 S2

Is1
R1 R2 R3 R5
10A

Observe que os resistores R1, R2 e R3 estão em paralelo, logo:


R1 ⋅ R 2 2Ω ⋅ 6Ω
R 1 / /R 2 = = = 1,5Ω
R1 + R 2 2Ω + 6Ω
1,5Ω ⋅ 3Ω
1,5Ω / /R 3 = = 1Ω
1,5Ω + 3Ω

O circuito terá uma resistência Rx de 1Ω em paralelo com a fonte de corrente,


logo:
S1 R4 S2

Is1
Rx R5
10A

Transformando a fonte de corrente em fonte de tensão temos o circuito


a seguir.
Rx S1 R4 S2

+
Vs1
R5
10V

capítulo 4 • 149
Logo, a corrente que percorre o ramo do indutor com ambas as chaves fecha-
das é:
R1 ⋅ R 2 2Ω ⋅ 6Ω
R 1 / /R 2 = = = 1,5Ω
R1 + R 2 2Ω + 6Ω
1,5Ω ⋅ 3Ω
1,5Ω / /R 3 = = 1Ω
1,5Ω + 3Ω

Para 0 ≤ t ≤ 35ms a chave S1 está aberta, o que desliga a fonte de V e os resis-


tores R1 e R2 do circuito. O circuito equivalente é mostrado a seguir.
Rx S1 R4 S2

+
Vs1
R5
10V

A corrente entre os terminais do indutor no circuito equivalente anterior é:


R1 S1 R4 S2

+
V v R2 R3 L1 R5

Observe que os resistores R3 e R4 estão em série, esta associação encontra-se


em paralelo com o resistor R5, assim:
(3Ω + 1,5Ω ) ⋅ ( 9Ω )
( R3 + R 4 ) / / ( R5 ) = (3Ω + 1,5Ω + 9Ω ) = 3Ω

A constante de tempo do circuito é:


L 75mH
τ= = = 25ms
R 3Ω

Desta forma, a corrente sobre o indutor é:


I L ( t ) = I0 ⋅ e − t / τ
IL ( t ) = 2,5 ⋅ e− t /25ms = 2,5 ⋅ e−40t

capítulo 4 • 150
2. Nesta letra é solicitada a corrente no indutor em t = 35ms. Neste mo-
mento, conforme enunciado, a chave S2 é aberta, logo o circuito equivalen-
te é mostrado a seguir.
R1 S1 R4 S2

A
+
V v R2 R3 L1 R5

B R B

Neste instante, t = 35ms, a corrente sobre o indutor é:


IL ( t ) = 2,5 ⋅ e−40t ∴t = 35ms
IL ( t ) = 0,62 A

Vamos ao segundo exemplo. Neste exercício vamos inserir um capacitor e


observar o chaveamento sequencial.
No circuito a seguir, o capacitor encontra-se descarregado e está inicialmente
conectado ao terminal 1 da chave S1. Em t = 0s, a chave é colocada na posição 2,
permanecendo nesta posição por 15ms. Após 15ms a chave S1 é colocada na posi-
ção 3, permanecendo neste terminal infinitamente. Responda:
R1
100k 1 S1 1. Qual a expressão da tensão
2
3 sobre o capacitor?
+
Vs1 +C 2. Em que tempo teremos uma
V R2 1
400V 0.1uF tensão de 200V sobre o capacitor?
– 50k
3. Faça um gráfico do compor-
tamento do capacitor para as le-
tras A e B.

Respostas:
1. Colocando a chave na posição 2 o capacitor se carrega com uma tensão
igual a 400V. Porém para atingir esta tensão, é necessário que o tempo de
carregamento seja atingido.

capítulo 4 • 151
Este tempo de carregamento depende da constante de tempo do circuito com
a chave na posição 2. Esta constante de tempo é:
τ = R 1 ⋅ C = 100kΩ ⋅ 0,1µF = 100 ⋅ 103 ⋅ 0,1 ⋅ 10−6 = 10ms

Para que o capacitor fosse carregado com uma tensão igual a 400V, seria ne-
cessário que a chave fosse mantida na posição 2 durante cinco constantes de tem-
po, ou seja, 50 ms. Porém, o enunciado diz que a chave é mantida nesta posição
por 15ms. Logo, o capacitor deve ser carregado por uma tensão inferior a 400V.
Como o capacitor, quando colocado na posição 2 estava descarregado, vi = 0V,
a expressão para a tensão no tempo 0 ≤ t ≤ 15ms é:

v c ( t ) = v f + ( v i − v f ) e− t /τ

Onde:
•  vf: tensão final
•  vi: tensão inicial

Assim,
v c ( t ) = 400 + ( 0 − 400 ) e− t /10ms = 400 − 400e−100t
v c ( t ) = 400 (1 − e−100t )

A tensão que o capacitor atinge quando ligado à chave na posição 2 durante


15ms é:

v c ( t ) = 400 (1 − e−100t )
v c ( t = 15ms ) = 400 (1 − e−100⋅15ms ) = 310,33 V

O enunciado diz que após 15ms da chave na posição 2, esta chave é levada a
posição 3. Nesta situação, a chave na posição 3 tem tensão inicial igual a 310,33V.
Segundo informado na questão, a chave é mantida na posição 3 indefinidamente,
o que podemos dizer que o capacitor será descarregado.
A constante de tempo do circuito com a chave na posição 3 é:
τ = R 2 ⋅ C = 50kΩ ⋅ 0,1µF = 50 ⋅ 103 ⋅ 0,1 ⋅ 10−6 = 5ms

capítulo 4 • 152
A expressão para a tensão no tempo t≥15ms é:

v c ( t ) = v f + ( v i − v f ) e− t /τ

Como na posição 3 o capacitor será descarregado, a tensão final será zero.


Logo:

v c ( t ) = 0 + ( 310,33 − 0 ) e−( t −0,015)/(5ms ) = 310,33e−200( t −0,015)

2. O capacitor atinge a tensão de 200V quando a chave encontra-se na


posição 2. Lembre-se que nesta posição o capacitor será carregado, ou seja,
a tensão cresce de zero para 310,33V. Este tempo é:

v c ( t ) = 400 (1 − e−100t )
200 = 400 (1 − e−100t ) ⇒ 200 − 400 = −400e−100t
−200 = −400e−100t
200
e−100t = = 0,5
400
ln ( e−100t ) = ln ( 0,5 )
−100t = −0,69
t = 6, 9ms

O capacitor também atinge a tensão de 200V quando a chave encontra-se na


posição 3. Lembre-se que nesta posição o capacitor será descarregado, ou seja, a
tensão cai de 310,33V para zero. Este tempo é:

v c ( t ) = 310,33e−200( t −0,015)
v c ( t ) = 310,33e−200( t −0,015)
200 = 310,33e−200( t −0,015)
200 = 310,33e−200( t −0,015)
200
e−200( t −0,015) = 200 = 0,64
−200( t −0,015 )
e = 310 ,33 = 0,64
310 , 33
( )
ln e−200( t −0,015) = ln ( 0,64 )
(
ln e )
−200( t −0,015 )
= ln ( 0,64 )
−200 ( t − 0, 015 ) = −0, 45
−200 ( t − 0, 015 ) = −0, 45
3, 45
−200t + 3 = −0, 45 ⇒ t = 3, 45 = 17, 2ms
−200t + 3 = −0, 45 ⇒ t = 200 = 17, 2ms
200

capítulo 4 • 153
3. O comportamento da tensão sobre o capacitor nas fases de carregamen-
to e descarregamento do capacitor é mostrado no gráfico a seguir.
Vc(V)

310,33
nto Vc(t) = 400(1-e–100t)
me
ega

De
sca
rr
Ca

rre
gam
Vc(t) = 310,33(e–200(t–0,015))
ent
o

0
15 t(ms)

Observe no gráfico, que no intervalo 0 ≤ t ≤ 15ms a tensão sobre o capacitor


cresce atingindo o valor de 310,33V. Neste momento temos a chave na posição 2,
o que permite o carregamento do capacitor. Já em t = 15ms, a chave é posicionada
na posição 3, o capacitor inicia seu processo de descarga sobre o resistor R2, o que
leva a sua tensão diminuir ao longo do tempo.

RESUMO
•  4.1 Caracterização da resposta natural e resposta forçada
A resposta de um circuito é dita natural quando tensões ou correntes por ele armazena-
das são fornecidas ao circuito. A resposta forçada caracteriza-se pela resposta da tensão ou
corrente devido a fontes contínuas ou senoidais.

•  4.2 Resposta natural de um circuito RL básico

A resposta natural do circuito RL é analisada segundo a associação de um indutor em


série com um resistor e sem nenhuma fonte. O indutor neste circuito funciona como fonte de
corrente, fornecendo energia ao resistor. Desta forma, verifica-se graficamente que a corren-
te decresce ao longo do tempo. O tempo deste decaimento depende da constante de tempo
do circuito. A constante de tempo em um circuito RL é obtida da relação entre a indutância e
a resistência vista entre os terminais do indutor. Quando maior o valor da indutância, maior é
o tempo em que temos corrente a percorrer o circuito RL.

capítulo 4 • 154
•  4.3 Resposta natural de um circuito RC básico
A resposta natural do circuito RC é analisada segundo a associação de um capacitor em
série com um resistor e sem nenhuma fonte. O capacitor neste circuito funciona como fonte
de tensão, fornecendo energia ao resistor. Desta forma, verifica-se graficamente que a ten-
são elétrica decresce ao longo do tempo. O tempo deste decaimento depende da constante
de tempo do circuito. A constante de tempo em um circuito RC é obtida segundo o produto
entre a capacitância e a resistência vista entre os terminais do capacitor. Quando maior o
valor da capacitância, maior é o tempo em que temos corrente a percorrer o circuito RC.

•  4.4 Respostas dos circuitos RC e RL a um degrau de tensão


A resposta ao degrau em circuitos RL e RC são as correntes e tensões que são estabe-
lecidas devido a variações da fonte de tensão cc. Nestas respostas duas análises devem ser
realizadas, a fase de armazenamento e decaimento.
No circuito RL, a fase de armazenamento é realizada considerando o indutor com ca-
racterísticas de um circuito aberto. Nesta fase, quanto maior a indutância maior é a fase de
armazenamento. Já na fase de decaimento, o indutor é observado segundo um curto-circuito.
As fases de armazenamento e decaimento são finalizadas após cinco constantes de tempo.
No circuito RC, a fase de armazenamento é realizada considerando o capacitor com
características de um curto-circuito. Nesta fase, quanto maior a capacitância maior é a fase
de armazenamento. Já na fase de decaimento, o capacitor é observado segundo um curto-
circuito. As fases de armazenamento e decaimento são finalizadas após cinco constantes de
tempo.

•  4.5 Solução geral para as respostas de um circuito RL e RC

A solução geral para as respostas de um circuito RL e RC envolvem os valores iniciais e


finais de tensão, no caso do circuito RC, ou correntes, no caso do circuito RL.

•  4.6 Comutação sequencial


Circuitos de comutação sequencial envolve comutação de chave ou chaves em intervalos
de tempo. A análise do circuito deve ser realizada para cada posicionamento da chave. Va-
lores iniciais de tensão ou corrente devem ser considerados para o intervalo imediatamente
posterior a comutação.

capítulo 4 • 155
ATIVIDADES
01. Sabendo que a chave S1 esteve aberta por um longo tempo antes de ser aberta em
t = 0. Determine a expressão da corrente elétrica sobre o indutor L1 para t ≥ 0. Os valores dos
componentes são: R1 = 0,1Ω, R2 = 2Ω, R3 = 10Ω, R4 = 40Ω, I1 = 20A e L1 = 2H.

S1 R2

I1 R1 L1 R3 R4

02. A chave do circuito mostrado a seguir esteve fechada por um longo tempo e é aberta
em t = 0. Calcule o valor da corrente inicial sobre o indutor e a constante de tempo do cir-
cuito para t > 0. Os valores dos componentes são: R1 = 3Ω, R2 = 30Ω, R3 = 6Ω, R4 = 2Ω,
V1 = 120V e L1 = 8mH.

R1 R3 S1

+
V V1 R2 L1 R4

03. A chave do circuito mostrado a seguir esteve fechada por um longo tempo e é aberta
em t = 0. Calcule o valor da tensão inicial sobre o capacitor, a constante de tempo do circuito
e a expressão para a tensão sobre o capacitor para t > 0. Os valores dos componentes são:
R1 = 80kΩ, R2 = 20kΩ, R3 = 50kΩ, I1 = 7,5mA e C1 = 0,4µF.

R2 S1

+
I1 R1 C1 R3

capítulo 4 • 156
04. O capacitor da figura a seguir é inicialmente conectado, através da chave S1, na posi-
ção 1, e, posteriormente, conectado na posição 2. Para garantir que antes de passar para
a posição 2 ele esteja completamente carregado, calcule o menor tempo de permanência
na posição 1, em ms. Os valores dos componentes são: R1 = 20kΩ, R2 = 5kΩ, R3 = 12kΩ,
R4 = 16kΩ, R5 = 2kΩ, R6 = 10kΩ, C1 = 0,1µF e V1 = 20V.

R1 R3 R5

1 2
+ S1
V V1 R2 R4 + R6
– C1

05. (FUNCERN, 2015). Considere a figura a seguir e os valores aproximados para logarit-
mo natural.

S1

R3
+
Vs1
V
12V

C Relé

Sabendo que a tensão para ativar o relé é de 9V, assinale a alternativa a seguir que
mostra o valor aproximado da resistência, R, para que o tempo de ativação do relé seja de
14 segundos. Admita:
ln(0,25) = –1,4 ln(0,75) = –0,3
ln(0,5) = –0,7 ln(1) = 0

a) 466kΩ
b) 233kΩ
c) 200kΩ
d) 100kΩ

capítulo 4 • 157
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Boylestad, Robert L. Introdução à análise de circuitos. Prentice Hall/Pearson, 10ª. Ed, 2004.
Close, Charles M. Circuitos lineares. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1975.
David E. Johnson; John L. Hilburn; Johnny R.Johnson “Fundamentos de análises de circuitos
elétricos”, 4ª Edição, Ed. LTC.
Dorf, Richard C. e Svoboda, James A. Circuitos elétricos. 7a Edição, Rio de Janeiro, LTC, 2006.
Edmnister, Joseph A. Circuitos elétricos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 1991 (Coleção
Schaum).
Irwin, J. David. Introdução à análise de circuitos elétricos. Rio de Janeiro: livros técnicos e
científicos, 2005.
Mariotto, Paulo Antônio. Análise de circuitos elétricos. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
Nilsson, James W, Susan A. Riedel – Circuitos elétricos – Prentice Hall/Pearson, 8ª. Ed, 2014.
Robbins, Allan H. e Miller, Wilhelm C. Análise de circuitos teoria e prática. Volume 1, 4a Ed. 2010.

capítulo 4 • 158
5
Circuito RLC
Circuito RLC
Os circuitos estudados até o momento foram circuitos contendo apenas um
elemento armazenador de energia, indutor ou capacitor. Neste capítulo estudare-
mos circuitos com dois elementos armazenadores de energia, indutor e capacitor.
Estes circuitos são chamados de circuitos de segunda ordem. Estes circuitos apre-
sentam equações representativas que são equações diferenciais de segunda ordem.

OBJETIVOS
•  Determinar as equações das respostas natural e a resposta ao degrau em circuitos
RLC série.
•  Determinar as equações das respostas natural e a resposta ao degrau em circuitos
RLC paralelo.
•  Determinar as formas de amortecimento para as respostas natural e a resposta ao degrau
em circuitos RLC série.
•  Determinar as formas de amortecimento para as respostas natural e a resposta ao degrau
em circuitos RLC paralelo.

Circuitos com dois elementos armazenadores de energia

Vamos entender o conceito de circuitos de segunda ordem partindo do circui-


to a seguir com R1, L1, R2 e L2 iguais a 8Ω, 2H, 4Ω e 1H respectivamente. A ideia
neste circuito é obtermos a equação da corrente elétrica I2.
R1 L1

I1 I2
+
V Vx R2 L2

capítulo 5 • 160
A equação da malha da corrente I1 é dada por:
dI1
Vx − R 1I1 − L1 − R 2 I1 + R 2 I2 = 0
dt
dI1
Vx − 8I1 − 2 − 4I1 + 4I2 = 0
dt
dI
Vx = 12I1 + 2 1 − 4I2
dt

A equação da malha da corrente I2 é dada por:


dI2
L1 + R 2 I2 − R 2 I1 = 0
dt
dI2
+ 4I2 − 4I1 = 0
dt

De acordo com a equação da malha da corrente I2 temos:


dI2
+ 4I2 − 4I1 = 0
dt
dI2
4I1 = + 4I2
dt
1  dI 
I1 = x  2 + 4I2 
4  dt 

Diferenciando a equação de I1 no tempo temos:

dI11  d2I dI 
= x  22 + 4 2 
dt 4  dt dt 

Substituindo as duas equações obtidas anteriormente na equação na malha da


corrente I1 obtemos:

dI1 1  dI  dI 1  d 2 I dI 
Vx = 12I1 + 2 − 4I2 ∴I1 = x  2 + 4I2 ∴ 1 = x  22 + 4 2 
dt 4  dt  dt 4  dt dt 
1  dI  1  d2I dI 
Vx = 12 x x  2 + 4I2  + 2 x x  22 + 4 2  − 4I2
4  dt  4  dt dt 
1  dI  1 d I 2 dI 
Vx = 6 x x  2 + 4I2  + x  22 + 4 2  − 4I2
2  dt  2  dt dt 
 6dI2   d2 I 4dI2 
2 Vx =  + 24I2  +  22 +  − 8I2
 dt   dt dt 
d2 I  6dI2 4dI2 
capítulo 5 • 161
2 Vx = 22 +  +  + (24I2 − 8I2 )
dt  dt dt 
d2 I2 10dI2
1  dI  1 d I dI 
Vx = 12 x x  2 + 4I2  + 2 x x  22 + 4 2  − 4I2
4  dt  4  dt dt 
1  dI  1  d2I dI 
Vx = 6 x x  2 + 4I2  + x  22 + 4 2  − 4I2
2  dt  2  dt dt 
 6dI2   d I 4dI2 
2
2 Vx =  + 24I2  +  22 +  − 8I2
 dt   dt dt 
d2 I  6dI2 4dI2 
2 Vx = 22 +  +  + (24I2 − 8I2 )
dt  dt dt 
d2 I 10dI2
2 Vx = 22 + + 16I2
dt dt

Veja que a equação de I2 é uma equação diferencial de segunda ordem. Ou


seja, é uma equação diferencial em que a mais alta derivada é de segunda ordem.
Logo, podemos afirmar que o circuito tomado como exemplo é chamado de cir-
cuito de segunda ordem, note também que, comumente, circuitos de segunda
ordem possuem dois elementos armazenadores de energia.
Diante do exposto, podemos dizer que circuitos de segunda ordem com dois
elementos armazenadores de energia possuem equação dada segundo a forma
a seguir:
d2 x dx
f (t ) = + a1 + a0 x
dt 2 dt

Nesta equação “a1” e “a0” são constantes reais, já “x” pode ser uma corrente
ou tensão e “f(t)” é uma função conhecida das fontes independentes do circuito.
Podemos ter duas situações para “f(t)”, assim:
99 Para f(t) = 0 a função, f(t), é dita homogênea;
99 Para f(t) ≠ 0 a função, f(t), é dita não-homogênea;

Lembre-se, das disciplinas de cálculo, que uma função é dita homogênea se a


transformação de suas variáveis resultam em outra função proporcional a função
antes da transformação, ou seja, a função de origem.
A solução geral da equação homogênea é dada por:
y H ( t ) = k1 y 1 ( t ) + k 2 y 2 ( t )

Em que k1 e k2 são constantes que satisfazem as condições iniciais do circuito.


Estas constantes são determinadas após encontrar a solução completa da equa-
ção diferencial.

capítulo 5 • 162
Para uma equação diferencial não-homogênea a solução completa é dada como:
y (t ) = yH (t ) + yp (t )

Em que yp(t) é qualquer solução da equação não-homogênea, sendo chamada


de solução particular.

Resposta natural de um circuito RLC paralelo

Para obter a resposta natural do circuito RLC paralelo, partiremos do circuito


mostrado a seguir.
R1 L1

+
Ic IL IR
+ +
V0 C L R V

A tensão elétrica sobre cada elemento do circuito anterior é dada por “v”. A
corrente elétrica sobre o circuito é:
Ic + I L + I R = 0

As equações que regem IC, IL e IR são dadas por:


dv 1 t v
Ic = C ∴IL = I0 + ∫ vdτ∴IR =
dt L 0 R

Substituindo estas equações na equação que rege a corrente do circuito,


temos:
Ic + I L + I R = 0
dv 1 t v
C + I0 + ∫ vdτ + = 0
dt L 0 R

capítulo 5 • 163
Para que a integral possa sair do circuito, vamos derivar toda a equação em
relação ao tempo. Lembre-se que I0 é uma constante, logo sua derivada é zero.
d2 v v 1 dv
C 2
+0+ + x =0
dt L R dt
d2 v v 1 dv
C 2 + + x =0
dt L R dt

Dividindo toda equação pela capacitância, C, temos:


d2 v v 1 dv
+ + x =0
dt 2 LC RC dt
d2 v 1 dv v
+ x + =0
dt 2 RC dt LC

Veja que a equação do circuito RLC paralelo é uma equação homogênea dife-
rencial de segunda ordem, conforme visto no item anterior, "Caracterização da
resposta natural e resposta forçada".

Solução geral de uma equação homogênea

Para solucionar a equação homogênea diferencial de segunda ordem obtida


anteriormente, vamos admitir que a tensão seja dada por:
v = Aest

Fez-se esta escolha visto que esta é uma função que mantém sua forma quando
é continuamente diferenciada.
d2 v 1 dv v
+ x + = 0∴ v = Aest
dt 2 RC dt LC
d2 ( Aest ) 1 d ( Aest ) Aest d1 ( est )
+ x + =0 = s ⋅ est
dt 2 RC dt LC dt 2
A.d2 ( est ) 1 A ⋅ d ( est ) Aest d ( est )
2 d ( s〈est )
+ x + =0 = = s ⋅ s ⋅ est = s2 ⋅ est
dt 2 RC dt LC dt 2 dt

A ⋅ s ⋅ est Aest
A ⋅ s2 ⋅ est + + =0
RC LC
 s 1 
A ⋅ est  s2 + + =0
 RC LC 

capítulo 5 • 164
Para que esta equação seja válida, não podemos admitir “A = 0”, pois assim
estaríamos descartando condições de energia armazenada no indutor ou capacitor.
Outra implicação para não admitir “A = 0” é estaríamos levando a tensão sobre
o circuito seria zero em todo tempo, visto que v = Aest. Desta forma, para que a
equação anterior tenha solução devemos ter:

 2 s 1 
s + + =0
 RC LC 

A equação anterior é chamada de equação característica. Como esta equação


é quadrática, temos duas soluções, chamadas de frequências naturais, aqui intitu-
ladas de s1 e s2, assim temos:
 2 s 1 
s + + =0
 RC LC 
∆ = B2 − 4 AC
2 2
 1  1  1  4
∆ =  − 4 ⋅1 ⋅ ⇒  −
 RC  LC  RC  LC
2
 1  4
∆=   −
 RC  LC
2
 1   1  4
− +   − 2
−B + ∆  RC   RC  LC  1  1  1  4
s1 = ⇒ = − + x   −
2A 2 ⋅1  2RC  2  RC  LC

Inserindo o numero 2 dentro da raiz, este deve entrar como sendo 4, logo:

1  1  4   1  1 2 1 4 
2
 1   1 
s1 = −   + x   −  = −   +  x  − x 
 2RC  4  RC  LC   2RC   4  RC  4 LC 

Inserindo o número 4 dentro da expressão elevada ao expoente 2, este deve


entrar como sendo 2, logo:

 1    1 2 1 
s1 = −  +   − 
 2RC   2RC  LC 

capítulo 5 • 165
A segunda solução, s2, da equação é:

−B − ∆  1    1 2 1 
s2 = = −  −   − 
2A  2RC   2RC  LC 

Veja que as raízes da equação característica, s1 e s2, dependem dos parâmetros


R, L e C do circuito. Comumente, a literatura determina as raízes da equação
característica conforme equação a seguir.

 1    1 2 1  1 1
s1 = −  +   −  = −α + α2 − ω02 ∴α = , ω0 =
 2RC   2RC  LC  2RC LC

 1    1 2 1  1 1
s2 = −   −   −  = −α − α2 − ω02 ∴α = ,ω0 =
 2RC    2 RC  LC  2 R C LC

ωd = ω02 − α2

Onde:
•  α → Frequência de Neper do circuito RLC paralelo unidades de Neper
por segundos.
•  w0 → Frequência angular de ressonância do circuito RLC paralelo em uni-
dades de radianos por segundos.
•  wd → Frequência amortecida do circuito RLC paralelo em unidades de
radianos por segundos.

Os termos, α e w0, determinam o efeito do resistor sobre a resposta do circuito.


Para qualquer uma das raízes, s1 ou s2, substituídas na equação da tensão,
v = Aest, temos satisfeito a equação diferencial:
d2 v 1 dv v
+ x + =0
dt 2 RC dt LC

Assim, podemos ter:

v = A1es1t
v = A 2 es2t

capítulo 5 • 166
Estes coeficiente, A1 e A2, são arbitrários. Quaisquer valores, v = A1es1t ou
v = A2es2t, irão satisfizer a equação diferencial.
A soma das equações, A1es1t + A2es2t, também é solução da equação diferencial. Veja:
d2 v 1 dv v
+ x + = 0∴ v = A1es1t + A 2 es2t
dt 2 RC dt LC
d2 1 d (
A1es1t + A 2 es2t )
( A
dt 2 1
es1t
+ A 2 es2 t
) + x
RC dt 1
(A es1t
+ A 2 e s2 t
+) LC
=0

d2 d2 1 d 1 d A1es1t A 2 es2t
( A
dt 2 1
es1t
) + (
dt 2 2
A es2 t
)+ x
RC dt 1
A(e s1t
)
+ x
RC dt 2
A e (
s2 t
+ )
LC
+
LC
=0

 d2 1 d A es1t   d2 1 d A es2t 
(
 2 A 1e 1 +
st
) x ( )
A1es1t + 1  +  2 A2e 2 + (
s t
)
x ( )
A 2 es2t + 2  =0
 dt RC dt LC   dt RC dt LC 

Conforme já visto, temos:

 d2 1 d A es1t   d2 1 d A es2 t 
(
 2 A1e 1 +
st
x) A1es1t + 1( )
 +  2 A2e 2 +
s t
x (
A 2 es2t + 2 )
 =0 ( )
 dt RC dt LC   dt RC dt LC 

0 0

Desta forma, a soma das soluções, A1es1t + A2es2t, também é solução da equa-
ção diferencial.

Formas da resposta natural de um circuito RLC paralelo

Existem três respostas do circuito RLC paralelo, estas respostas dependem dos
parâmetros α, frequência de Neper, e w0, frequência angular.
Para os valores de α e w0 temos:

Caso 1: Para α > w0 a resposta do circuito é superamortecida. Neste caso, s1 e


s2 são negativas, o que leva a resposta do circuito decair com o tempo. A solução
da equação homogênea para este caso é dada por:
y H ( t ) = k1es1t + k 2 es2t

Com:

s1 = −α + α2 − ω02 ∴s2 = −α − α2 − ω02

capítulo 5 • 167
Para determinarmos as constantes k1 e k2, partimos das condições iniciais, ou
seja, t = 0+. Do circuito RLC paralelo tem-se:
dv 1 t v
dt 0 L ∫0
C +I + vdτ + = 0
R

Para t = 0+ temos:
dv ( 0+ ) 1 0+ v (0 +
) =0
C + I0 + ∫ +
v ( t ) dt +
dt L 0 R
dv ( 0+ ) v0
C + I0 + =0
dt R
dv ( 0+ ) v0 RI0 + v 0
C = −I0 − =−
dt R R
dv ( 0+ ) RI0 + v 0
=−
dt RC

Vamos exemplificar o caso 1. Para o circuito RLC paralelo com R = 1Ω,


L = 4/3 H, C = 1/4 F, V0 = 2V e I0 = –3A, qual a resposta do sistema?
1 1
ω0 = = = 3
LC 4 1

3 4
1 1
α= = =
2RC 2 ⋅ 1 ⋅ 1
4

( 3)
2
− ( 2 ) = 3 − 4 = −1
2
ωd = ω02 − α2 =

Como α > w0 a resposta do circuito é superamortecida.


1 1
s1 = −α + α2 − ω02 ∴α = ,ω =
2RC 0 LC
2
  
2

1  1   1 
2
1  1   1
2 
s1 = − +   −  =−
1
+   − 
2RC  2RC   LC  2 ⋅1 ⋅  2 ⋅1 ⋅ 1   4 ⋅ 1 
4  4   3 4 

s1 = −2 + 4 − 3 = −1

 1    1 2 1  1 1
s2 = −   −   −  = −α + α2 − ω02 ∴α = , ω0 =
 2RC    2 RC  LC  2 RC LC
s1 = −2 − 4 − 3 = −3
capítulo 5 • 168
1  1   1  1  1   1 
s1 = − +   −  =− 1
+   − 
2RC  2 RC   LC  2 ⋅1 ⋅  2 ⋅1 ⋅ 1   4 ⋅ 1 
4  4   3 4 

s1 = −2 + 4 − 3 = −1

 1    1 2 1  1 1
s2 = −   −   −  = −α + α2 − ω02 ∴α = , ω0 =
 2RC    2 RC  LC  2 RC LC
s1 = −2 − 4 − 3 = −3

Assim:
v ( t ) = k1e− t + k 2 e−3t

Conforme enunciado V0 = 2V, logo:

dv ( 0+ ) RI0 + v 0 1 ⋅ ( −3 ) + 2
=− =− = 4V / s
dt RC 1
1⋅
4

Como sabemos que:


v ( t ) = k1e− t + k 2 e−3t

Logo:

dv ( 0 ) d ( k1e− t ) d ( k 2 e−3t )
= +
dt dt dt
4 = k1 ⋅ ( −t ) ⋅ e− t + k 2 ⋅ ( −3t ) ⋅ e−3t
4 = −k1 ⋅ e− t − 3k 2 ⋅ e−3t ∴t = 0
4 = −k1 − 3k 2

K1 = 5 e K2 = –3 satisfazem esta solução, assim:


v ( t ) = 5e− t − 3e−3t

capítulo 5 • 169
Graficamente, a resposta superamortecida é mostrada a seguir. Verifique que
não há oscilações nesta resposta, característica do superamortecimento.
v

5e–t

5e–t –3e–3t

–3e –3t

Caso 2: Para α = w0 a resposta do circuito é criticamente amortecida. Neste


caso, s1 e s2 são negativas e iguais a –α. Partindo da equação homogênea a seguir:
d2 v 1 dv v
+ x + = 0∴ v = Aest
dt 2 RC dt LC

Reescrevendo a equação em termos de α e w0 temos:


d2 v dv 1 1
2
+ 2α + ω02 v = 0∴α = , ω0 =
dt dt 2RC LC

Para α = w0
d2 v dv dv
2
+ α + α + α2 v = 0
dt dt dt
d  dv   dv 
 + αv  + α  + αv  = 0
dt  dt   dt 

Admitindo:
dv
x= + αv
dt

capítulo 5 • 170
Assim:
d  dv   dv  dx
 + αv  + α  + αv  = 0 ⇒ + αx = 0
dt  dt   dt  dt

Supondo:
x = k 1 ek 2 t

Então:
dv
x= + α v = k 1 ek 2 t = k 1 e − α t ∴ k 2 = − α
dt
dv
x = + α v = k 1 e − αt
dt

Logo k2 é:

k 1 k 2 ek 2 t + α k 1 ek 2 t = 0
k 1 k 2 ek 2 t = − α k 1 ek 2 t
− α k 1 ek 2 t
k2 = = −α
k 1 ek 2 t

Como “x” é:
dv
x= + αv
dt

Havíamos suposto que:


x = k 1 ek 2 t

Obtemos que k2 é igual a –α, assim x é:


dv
x= + α v = k 1 ek 2 t = k 1 e − α t ∴ k 2 = − α
dt
dv
x = + α v = k 1 e − αt
dt

capítulo 5 • 171
Dividindo toda equação anterior por e–αt:
dv 1 1 1
⋅ − αt + α v ⋅ − αt = k 1 e − αt ⋅ − αt
dt e e e
dv αt
⋅ e + α v ⋅ eα t = k 1
dt
d
 veαt  = k1
dt 
d  veαt  = dtk1

∫ d  v ( t ) eαt  = ∫ dtk1
veαt = k1t + k 2
k1t + k 2
veαt = = k1te− αt + k 2 e− αt = e− αt ( k1t + k 2 )
eα t

Vamos exemplificar o caso 2. Para o circuito RLC paralelo com R = 1Ω,


L = 1 H, C = 1/4 F, V0 = 0V e I0 = –1 A, qual a resposta do sistema?
1 1
ω0 = = =2
LC 1
1⋅
4
1 1
α= = =2
2RC 2 ⋅ 1 ⋅ 1
4
ωd = ω02 − α2 = ( 2 )2 − ( 2 )2 = 4 − 4 = 0

Como α = w0 a resposta do circuito é criticamente amortecido. Assim:

v ( t ) = e − αt ( k 1 t + k 2 )
v ( t ) = e−2t ( k1t + k 2 )

Conforme enunciado V0 = 0, assim:

v ( t = 0 ) = e−2⋅0 ( k1 ⋅ 0 + k 2 )
0 = 1( k 2 ) ⇒ k 2 = 0
dv ( 0+ ) RI0 + v 0 1 ⋅ ( −1) + 0
=− =− = 4V / s
dt RC 1
1⋅
4

capítulo 5 • 172
Logo:

dv ( 0 ) d e ( k1t + k 2 ) 
−2 t
=
dt dt
4 = −2 ⋅ e−2t ⋅ ( k1t + k 2 ) + e−2t ⋅ ( k1 )
4 = −2 ⋅ e−2t ⋅ ( k1t + k 2 ) + e−2t ⋅ ( k1 )∴t = 0
4 = −2 ⋅ e−2⋅0 ⋅ ( k1 ⋅ 0 + k 2 ) + e−2⋅0 ⋅ ( k1 )
4 = −2 ( k 2 ) + ( k1 )

k1 = 4 e k2 = 0 satisfazem esta solução, assim:

v ( t ) = e−2t ( k1t + k 2 )
v ( t ) = 4te−2t

Graficamente, a resposta criticamente amortecida é mostrada a seguir.

Caso 3: Para α < w0 a resposta do circuito é subamortecida. Neste caso, s1 e s2


são complexos e conjugados. Neste caso, a resposta é acompanhada por oscilações.

s = −α ± α2 − ω02 ⇒ −α ± j ω02 − α2

capítulo 5 • 173
Atribuindo:

ωd = ω02 − α2
s = −α ± jωd

Como:
y H ( t ) = k1es1t + k 2 es2t

Então:

y H ( t ) = k1e( − α + jωd )t + k 2 e( − α − jωd )t ⇒ e− αt k1e jωd t + k 2 e− jωd t 

A identidade de Euller diz:


e jθ = cos ( θ ) + jsen ( θ )
e− jθ = cos ( θ ) − jsen ( θ )

ejwdt e e–jwdt são:

e jωd t = cos ( ωd t ) + jsen ( ωd t )


e− jωd t = cos ( ωd t ) − jsen ( ωd t )

Assim yH(t) é:

y H ( t ) = e−αt k1 ( cos ωd t + jsenωd t ) + k 2 ( cos ωd t − jsenωd t ) 


y H ( t ) = e− αt ( k1 + k 2 ) ( cos ωd t ) + j( k1 − k 2 ) ( jsenωd t ) 

Como K1 e K2 são constantes, podemos reescrever yH(t) como:

y H ( t ) = e−αt  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t )  ∴ A1 = k1 + k 2 ∴ A 2 = jk1 − jk 2

Vamos exemplificar o caso 3. Para o circuito RLC paralelo com R = 5Ω,


L = 1 H, C = 1/10 F, V0 = 0V e I0 = –3/2 A, qual a resposta do sistema?

capítulo 5 • 174
1 1
ω0 = = = 10
LC 1
1⋅
10
1 1
α= = =1
2RC 2 ⋅ 5 ⋅ 1
10

( )
2
− (1) = 10 − 1 = 3
2
ωd = ω02 − α2 = 10

Como α < w0 a resposta do circuito é subamortecida.

v ( t ) = e− αt  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( jsenωd t ) 
v ( t ) = e− t  A1 ( cos 3t ) + A 2 ( jsen3t ) 

Conforme enunciado V0 = 0, logo:

 −3 
5⋅  + 0
dv ( 0+ ) RI0 + v 0
=−  
2
=− = 15 V / s
dt RC 1
5⋅
10

Como sabemos que:

v = e− t  A1 ( cos 3t ) + A 2 ( sen3t ) 

Logo:

{
dv ( 0 ) d e  A1 ( cos 3t ) + A 2 ( sen3t ) 
=
−t
}
dt dt
{
dv ( 0 ) d e  A1 ( cos 3t ) + A 2 ( sen3t ) 
=
−t
}
dt dt
15 = ( −t ) e− t  A1 ( cos 3t ) + A 2 ( sen3t )  + e− t  A1 ( cos 3t ) + A 2 ( sen3t ) 
15 = ( −1) e− t  A1 ( cos 3t ) + A 2 ( sen3t )  + e− t  A1 ( −3 ⋅ sen3t ) + A 2 ( 3 ⋅ cos 3t ) 
15 = −e−0  A1 ( cos 3 ⋅ 0 ) + A 2 ( sen3 ⋅ 0 )  + e−0  A1 ( −3 ⋅ sen3 ⋅ 0 ) + A 2 ( 3 ⋅ cos 3 ⋅ 0 )  ∴t = 0
15 = −1  A1 ( cos 0 ) + A 2 ( sen0 )  + 1  A1 ( −3 ⋅ sen0 ) + A 2 ( 3 ⋅ cos 0 ) 

15 = −1  A1 ⋅ 1 + A 2 .0  ⋅+1  A1 ( −3 ⋅ 0 ) + A 2 ( 3 ⋅ 1) 

capítulo 5 • 175
A1 = 0 e A2 = 3 satisfazem esta solução, assim:
v ( t ) = 5e− t sen ( 3t )

Graficamente, a resposta subamortecida é mostrada a seguir. Veja a natureza


oscilatória desta resposta.
v

Resposta natural de um circuito RLC série

O circuito RLC série, mostrado na figura a seguir, tem sua análise similar ao
circuito RLC paralelo. Desta forma, todos os resultados para o circuito paralelo
têm contraparte dual ao circuito série.
C

R L

A equação para a malha deste circuito é:


di 1 t
dt C ∫0
R ⋅i + L + idt + V0 = v g

capítulo 5 • 176
Para que a integral possa sair do circuito, vamos derivar toda a equação em
relação ao tempo. Lembre-se que V0 é uma constante, logo sua derivada é zero.
di d2 i i
R⋅ +L + +0 =0
dt dt C
di d2 i i
R⋅ +L + =0
dt dt C

Dividindo toda a equação por “L”


R di d2 i i
⋅ + + =0
L dt dt LC
d2 i R di i
+ ⋅ + =0
dt 2 L dt LC

Para
di
=s
dt

A equação característica é:
R 1
s2 + s+ = 0∴
L LC

As frequências naturais, s1 e s2, são dadas por:


2 2
R  R  1 R  R  1
s 1= − +   − ∴s 2 = − −   −
2L  2L  LC 2L  2L  LC

A frequência de Neper, α, em radianos por segundo, é dada por:


R
α=
2L

A frequência angular de ressonância, w0, em radianos por segundo, é dada por:


1
ω0 =
LC

capítulo 5 • 177
Podemos reescrever a equação característica como:
R 1 R 1
s2 + s+ = 0 ⇒ s2 + 2αs + ω02 = 0∴α = ∴ω02 =
L LC 2L LC

Formas da resposta natural de um circuito RLC série

Assim como no circuito RLC paralelo, as respostas do circuito RLC série


podem ser: superamortecida, criticamente amortecida e subamortecida. As condi-
ções para tais respostas e suas equações são apresentadas na tabela a seguir.

RESPOSTA CONDIÇÃO EQUAÇÃO


Superamortecida W02 < α2 i ( t ) = k1e − s1t + k 2e − s2 t

Criticamente
W02 = α2 i ( t ) = e −αt (k1t + k 2 )
amortecida

Subamortecida W02 > α2 i ( t ) = e −αt  A1 ( cos ωdt ) + A 2 ( senωdt ) 

Para exemplificar o que comentamos nos itens anteriores vamos ao exercício


a seguir.
O capacitor de 0,1µF do circuito a seguir é carregado até 100V. Em t = 0s, o
capacitor é descarregado por meio do indutor de 100 mH e do resistor de 560Ω.
Qual a expressão de i(t) para t ≥ 0s?
S1 L

+
C R

capítulo 5 • 178
1 1 1 1
ω0 = = = =
LC −
100 ⋅ 10 ⋅ 0,1 ⋅ 10
3 −6 −
100 ⋅ 10 ⋅ 0,1 ⋅10
3 −6 10−8
2
 1 
ω02 =   = 10 rad / s
8
 10−8 
ωd = ω02 − α2 = 108 − 0, 0784 ⋅ 108 = 0, 9216 ⋅ 108 = 0, 96 ⋅ 104 = 9600rad / s
R 560
= 2800rad / s∴α2 = ( 2800 ) = 0, 0784 ⋅ 108 rad / s
2
α= = −
2L 2 ⋅ 100 ⋅ 10 3

Logo, como W02 > α2 então a resposta é subamortecida. A resposta subamor-


tecida é dada por:

i ( t ) = e−αt  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t )  ∴α = 0, 0784 ⋅ 108 ∴ωd = 9600

Para i(0) = 0A, temos:

i ( t = 0 ) = e− α⋅0  A1 ( cos ωd ⋅ 0 ) + A 2 ( senωd ⋅ 0 ) 


0 = 1  A1 ( cos 0 ) + A 2 ( sen0 ) 
0 =  A1 ( cos 0 ) + 0 
A1 = 0

Imediatamente após o fechamento da chave a não nenhuma queda de tensão


sobre o resistor. Lembre-se que quando o indutor encontra-se descarregado, seu
comportamento é de um curto-circuito. Assim, a tensão do capacitor encontra-se
inteiramente sobre o indutor. Desta forma:
di ( 0 )
L = V0
dt
di ( 0 ) V0 100
= = = 1000 A / s
dt L 100 ⋅ 10−3

Como,

i ( t ) = e− αt  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t )  ∴ A1 = 0

{
di d e  A 2 ( senωd t ) 
=
− αt
}
dt dt
di
= −α ⋅ e  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t )  + e− αt  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t ) 
− α t
dt
di
= −α ⋅ e− αt  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t )  + e− αt  − A1 ( senωd t ) .ωd + A 2 ( cos ωd t ) ⋅ ωd 
dt
di ( 0 )
= −α ⋅ e− α.0  A1 ( cos ωdcapítulo
⋅ 0 ) + A 2 (5senωd .0 )  + e− α.0  − A1 ( senωd ⋅ 0 ) ⋅ ωd + A 2 ( cos ωd ⋅ 0 ) ⋅ ωd 
• 179
dt
{
di d e  A 2 ( senωd t ) 
=
−αt
}
dt dt
di
= −α ⋅ e  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t )  + e− αt  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t ) 
− α t
dt
di
= −α ⋅ e− αt  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t )  + e− αt  − A1 ( senωd t ) .ωd + A 2 ( cos ωd t ) ⋅ ωd 
dt
di ( 0 )
= −α ⋅ e− α.0  A1 ( cos ωd ⋅ 0 ) + A 2 ( senωd .0 )  + e− α.0  − A1 ( senωd ⋅ 0 ) ⋅ ωd + A 2 ( cos ωd ⋅ 0 ) ⋅ ωd 
dt

A1 = 0
di ( 0 )
= −α ⋅ 1 0 ( cos 0 ) + A 2 ( sen0 )  + e0  −0 ( sen0 ) ⋅ ωd + A 2 ⋅ 1 ⋅ ωd 
dt
di ( 0 )
=  A 2 ⋅ 9600  ∴ωd = 9600rad / s
dt
di ( 0 )
1000 =  A 2 ⋅ 9600  ∴ωd = 9600rad / s∴ = 1000 A / s
dt
A 2 ⋅ 9600 = 1000
1000
A2 = ≅ 0,1042
9600

Logo i(t) para A1 = 0 e A2 = 0,1042 é:

i ( t ) = e− αt  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t ) 
i ( t ) = 0, 0142e−2800t sen ( 9600t )

Resposta ao degrau do circuito RLC paralelo

Para determinarmos a resposta ao degrau de um circuito RLC paralelo vamos


partir do circuito a seguir.
+
IR IL IC
+
I S1 R L C V

Iremos calcular a corrente sobre o indutor, IL, deste circuito. Escolhe-se esta
corrente, pois com a chave S1 aberta por um longo tempo a corrente sobre o indu-
tor não se aproxima de zero, mas sim igual a fonte de corrente. Lembre-se que o
indutor quando carregado é aproximado a um curto-circuito. Desta forma:
IR + IL + IC = I

capítulo 5 • 180
Como também:
V dv
+ IL + C = I
R dt

Mas
dIL
V =L
dt

Desta forma:

dV d2I
= L 2L
dt dt

Assim em:

L dIL d2I
⋅ + IL + LC ⋅ 2L = I
R dt dt

Dividindo toda a equação por LC

L dIL IL LC d2 IL I
⋅ + + ⋅ =
LCR dt LC LC dt 2 LC
d 2 IL 1 dIL IL I
2
+ ⋅ + =
dt CR dt LC LC

Também podemos calcular a corrente sobre o indutor, IL, determinando a


tensão V. Assim determinando as correntes em cada ramo em termos de tensão
v 1 t dv
+ ∫ vdτ + C = I
R L 0 dt

Derivando em relação a t
1 dv v d2 v dI
⋅ + +C 2 =
R dt L dt dt
d2 v 1 dv v
C 2 + ⋅ + =0
dt R dt L

capítulo 5 • 181
O tipo de resposta e a equação, em tensão, que rege cada uma destas respostas
são apresentadas na tabela a seguir.

RESPOSTA CONDIÇÃO EQUAÇÃO


Superamortecida W02 < α2 v ( t ) = k1e − s1t + k 2e − s2 t

Criticamente
W02 < α2 v ( t ) = e −αt (k1t + k 2 )
amortecida

Subamortecida W02 < α2 v ( t ) = e −αt  A1 ( cos ωdt ) + A 2 ( senωdt ) 

Como temos no circuito RLC paralelo uma fonte de corrente para t > 0, deve-
mos considerar esta corrente no momento do fechamento da chave. Assim temos
as seguintes respostas e equações para IL:

RESPOSTA CONDIÇÃO EQUAÇÃO


Superamortecida W02 < α2 IL ( t ) = I + k1 ’ e − s1t + k 2 ’ e − s2 t

Criticamente
W02 < α2 IL ( t ) = I + e −αt (k1 ’ t + k 2 ’ )
amortecida

Subamortecida W02 < α2 IL ( t ) = I + e −αt  A1 ’ ( cos ωdt ) + A 2 ’ ( senωdt ) 

Vamos exemplificar.
A energia inicialmente armazenada no circuito da figura a seguir é zero. Em
t = 0s, uma fonte de corrente cc de 24 mA é aplicada ao circuito. Sabendo que
o resistor é igual a 400Ω, qual a expressão e resposta da corrente IL?. Dados:
I = 24mA, R = 400Ω, L = 25mH e C = 25nF.

capítulo 5 • 182
+
IR IL IC
+
I S1 R L C V

1 1 1
ω0 = = = −6
= 4 ⋅ 104
LC −
25 ⋅ 10 ⋅ 25 ⋅ 10
3 −9 25 ⋅ 10
ω02 = ( 4 ⋅ 104 ) = 16 ⋅ 108
2

1 1
α= = = 5 ⋅ 104 rad / s∴α2 = 25 ⋅ 108
2RC 2 ⋅ 400 ⋅ 25 ⋅ 10−3

Visto que w02 < α2 a resposta é superamortecida. As raízes da equação carac-


terística são:

s1 = −α + α2 − ω02 ∴s2 = −α − α2 − ω02


s1 = −5 ⋅104 + 25 ⋅108 − 16 ⋅108 = −5 ⋅104 + 3 ⋅ 104 = −2 ⋅ 104 rad / s
s1 = −5 ⋅ 104 − 25 ⋅ 108 − 16 ⋅ 108 = −5 ⋅ 104 − 3 ⋅ 104 = −8 ⋅ 104 rad / s

Como a energia armazenada inicialmente é zero, a corrente inicial sobre o


indutor é zero.
A forma de IL(t) para a resposta superamortecida é:
IL ( t ) = I + k1 e−s1t + k 2 e−s2t

Para IL(0) tem-se:

IL ( 0 ) = I + k1 e−s1 ⋅0 + k 2 e−s2 ⋅0
I L ( 0 ) = I + k 1 + k 2 ∴I L ( 0 ) = 0
I + k1 + k 2 = 0

Derivando IL em função do tempo para t = 0, temos:

dIL ( 0 ) dI
=+ k1
d e−s1t( + k2
) d e−s2t ( )
dt dt dt dt
−s1t −s2 t
0 = 0 − s1 ⋅ k1 ⋅ e − s2 ⋅ k 2 ⋅ e ∴t = 0
0 = 0 − s1 ⋅ k1 ⋅ e−s1 ⋅0 − s2 ⋅ k 2 ⋅ e−s2 ⋅0
0 = −s1 ⋅ k1 − s2 ⋅ k 2
−s1 ⋅ k1 − s2 ⋅ k 2 = 0
− ( −2 ⋅ 10capítulo
) 1 ( ) 2 • 183
4 ⋅ k − −58 ⋅ 104 ⋅ k = 0

k1 =
( −8 ⋅1
10 4 ) ⋅ k2 = −4k 2
( 2 ⋅104 )
dIL ( 0 ) dI
=
+ k1
d e−s1t ( )
+ k2
(
d e−s2t )
dt dt dt dt
−s1t −s2 t
0 = 0 − s1 ⋅ k1 ⋅ e − s2 ⋅ k 2 ⋅ e ∴t = 0
0 = 0 − s1 ⋅ k1 ⋅ e−s1 ⋅0 − s2 ⋅ k 2 ⋅ e−s2 ⋅0
0 = −s1 ⋅ k1 − s2 ⋅ k 2
−s1 ⋅ k1 − s2 ⋅ k 2 = 0
− ( −2 ⋅ 104 ) ⋅ k1 − ( −8 ⋅ 104 ) ⋅ k 2 = 0

k1 =
( −8 ⋅1104 ) ⋅ k 2 = −4k 2
( 2 ⋅104 )
Mas
I + k1 + k 2 = 0∴I = 24mA
k1 + k 2 = −24mA

Assim temos:

k1 + k 2 = −24mA

k1 = −4k 2
−4k 2 + k 2 = −24mA
−3k 2 = −24mA
k 2 = 8mA
k1 = −4k 2
k1 = −4 ⋅ ( 8mA )
k1 = −32mA

Desta forma IL(t) para a resposta superamortecida é:


IL ( t ) = 24mA − 32mAe−20000t + 8mAe−80000t , t ≥ 0
IL ( t ) = ( 24 − 32e−20000t + 8e−80000t ) mA, t ≥ 0

Resposta ao degrau do circuito RLC série

Para determinarmos a resposta ao degrau de um circuito RLC série vamos


partir do circuito a seguir.
S1 R L

+ +
V v C

capítulo 5 • 184
Tomando as condições iniciais nulas. A equação para a malha deste circuito é:
di
R ⋅i + L +v =v
dt C

A equação da corrente é:
dv C
i=C
dt

Derivando no tempo

di d2 v
= C 2C
dt dt

Logo

di dv di d2 v
R ⋅i + L + v C = v ∴i = C C ∴ = C 2C
dt dt dt dt
dv C d2 v C d2 v C dv
R ⋅C + L ⋅C 2 + vC = v ⇒ L ⋅C 2 + R ⋅C C + vC = v
dt dt dt dt

Dividindo toda equação por “LC”

L ⋅ C d2 v C R ⋅ C dv C v C d2 v C R dv C v C v
⋅ 2 + ⋅ + =v⇒ 2
+ ⋅ + =
LC dt LC dt LC dt L dt LC LC

O tipo de resposta e a equação, em tensão, que rege cada uma das respostas do
circuito são apresentadas na tabela a seguir.

RESPOSTA CONDIÇÃO EQUAÇÃO


Superamortecida W02 < α2 v C ( t ) = Vf + k1e − s1t + k 2e − s2 t

Criticamente
W02 < α2 v C ( t ) = Vf + e −αt (k1t + k 2 )
amortecida

Subamortecida W02 < α2 v C ( t ) = Vf + e −αt  A1 ( cos ωdt ) + A 2 ( senωdt ) 

capítulo 5 • 185
Vf nas equações anteriores é o máximo valor atingido pelo capacitor, que no
caso do circuito RLC série, este valor é igual a fonte cc do circuito.
Modelando o circuito em termos da lei de Kirchhoff das correntes
di 1
dt 0 C ∫
R ⋅i + L +v + idt = v

Derivando toda equação no tempo


di d2 i i
R⋅ +L 2 + =0
dt dt C

Dividindo toda equação por “L”


R di d2 i i d2 i R di i
⋅ + 2+ =0⇒ 2 + ⋅ + =0
L dt dt LC dt L dt LC

Para
di R 1
s= ∴α = ∴ω02 =
dt 2L LC

Então a equação característica é:


d2 i R di i
+ ⋅ + = 0 ⇒ s2 + 2 ⋅ α ⋅ s + ω20 = 0
dt 2 L dt LC

O tipo de resposta e a equação, em corrente, que rege cada das respostas do


circuito são apresentadas na tabela a seguir.

RESPOSTA CONDIÇÃO EQUAÇÃO


Superamortecida W02 < α2 i ( t ) = k1e − s1t + k 2e − s2 t

Criticamente
W02 < α2 i ( t ) = e −αt (k1t + k 2 )
amortecida

Subamortecida W02 < α2 i ( t ) = e −αt  A1 ( cos ωdt ) + A 2 ( senωdt ) 

capítulo 5 • 186
Vamos exemplificar o que comentamos nesta seção em dois exercícios.
No circuito mostrado a seguir, não há energia inicialmente armazenada no
indutor e como também no capacitor. Quando a chave é fechada qual a expressão
para a tensão sobre o capacitor? Dados do circuito: V = 48V, R = 280Ω, L = 0,1H
e C = 0,4µF.
S1 R L

+ +
V v C

1 1 1
ω0 = = = = 0,5 ⋅ 104 = 5 ⋅ 103
LC 0,1 ⋅ 0, 4 ⋅ 10 −6 4 ⋅ 10−8
ω02 = ( 5 ⋅ 103 ) = 25 ⋅ 106
2

R 280
α= = = 1400rad / s∴α2 = 1, 96 ⋅ 106
2L 2 ⋅ 0,1

Visto que w02 > α2 a resposta é subamortecida. As raízes da equação caracte-


rística são:

s1 = −α + α2 − ω02 ∴s2 = −α − α2 − ω02


s1 = −1400 + 1, 96 ⋅ 106 − 25 ⋅ 106 = −1400 + 4800 j∴ j = −1
s2 = −1400 − 1, 96 ⋅ 106 − 25 ⋅ 106 = −1400 − 4800 j∴ j = −1

A forma de VC(t) para a resposta subamortecida é:

v C ( t ) = Vf + e−αt  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t ) 

Conforme dito no enunciado em que não há inicialmente nenhuma ener-


gia armazenada
vC (0) = 0
v C ( 0 ) = 48 + e− α⋅0  A1 ( cos ωd ⋅ 0 ) + A 2 ( senωd ⋅ 0 ) 
0 = 48 + 1  A1 ( coss 0 ) + A 2 ( sen0 )  ⇒ A1 = −48

capítulo 5 • 187
Também
dv C ( 0 )
=0
dt

Derivando

v C ( t ) = Vf + e− αt  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t ) 

dv C ( t )
=
dVf
+
{
d e− αt  A1 ( cosωd t ) + A 2 ( senωd t )  } ∴ dv C ( t ) dVf
= =0
dt dt dt dt dt

0=0+
{
d e− αt  A1 ( cosωd t ) + A 2 ( senωd t )  }
dt
d {
e − αt A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t )  }
= ( e− αt )  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t ) 
dt
+e− αt  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t ) 

( e−αt )  A1 ( cos ωd t ) + A2 (senωd t ) + e−αt  A1 ( cos ωd t ) + A2 (senωd t ) =


−α.e− αt  A1 ( coos ωd t ) + A 2 ( senωd t )  + e− αt  − A1 ( senωd t ) ωd + A 2 ( cos ωd t ) ωd  = 0

t =0
−α ⋅ e− α⋅0  A1 ( cos ωd ⋅ 0 ) + A 2 ( senωd ⋅ 0 )  + e− α⋅0  − A1 ( senωd .0 ) ωd + A 2 ( cos ωd ⋅ 0 ) ωd  = 0
−α  A1 ( cos 0 ) + A 2 ( sen0 )  +  − A1 ( sen0 ) ωd + A 2 ( cos 0 ) ωd  = 0
−α  A1  +  A 2 ωd  = 0

ωd = ω02 − α2 = 25 ⋅ 106 − 1, 96 ⋅106 = 4800rad / s∴α = 1400rad / s


−1400 A1 + 4800 A 2 = 0∴ A1 = −48
4800 A 2 = 1400 ⋅−48 ⇒ A 2 = −14

Logo

v C ( t ) = Vf + e−αt  A1 ( cos ωd t ) + A 2 ( senωd t ) 

Desta forma VC(t) para a resposta subamortecida deste circuito é:


v C ( t ) = 48 − e−1400t 48 ( cos 4800t ) + 14 ( sen4800t ) 

capítulo 5 • 188
Vamos ao segundo exercício.
No circuito mostrado a seguir, determine a expressão da corrente. Considere
uma corrente inicial sobre o indutor de 10A e uma tensão inicial sobre o capacitor
de 50V. Dados do circuito: V = 10V, R = 50Ω, L = 5H e C = 1/45 F.
R L

+ +
V v C

1 1
ω0 = = = 3∴ω02 = 9
LC 1
5⋅
45
R 50
α= = = 5∴α2 = 25
2L 2 ⋅ 5

Visto que w02 < α2 a resposta é superamortecida. As raízes da equação carac-


terística são:

s1 = −α + α2 − ω02 ∴s2 = −α − α2 − ω02


s1 = −5 + 25 − 9 = −1
s1 = −5 − 25 − 9 = −9

A forma de I(t) para a resposta superamortecida é:


i ( t ) = k1e−s1t + k 2 e−s2 t

Conforme dito no enunciado em que IL(0) = 10A em t = 0,

i ( t = 0 ) = k1e−s1 ⋅0 + k 2 e−s2 ⋅0
10 = k1 + k 2 ⇒ k1 + k 2 = 10

capítulo 5 • 189
Sabemos que:

di ( t ) di ( t ) v L( t )
v L( t ) = L ⇒ =
dt dt L

Veja que a malha do circuito fornece


v − vR (t ) − vL (t ) − vC (t ) = 0

Logo
di ( t )
v − R ⋅i(t ) − L − v C ( t ) = 0∴ t = 0
dt
di ( 0 ) di ( 0 )
v − R ⋅ i (0) − L − vC (0) = 0 ⇒ L = v − R ⋅ i (0) − vC (0)
dt dt
di ( 0 ) v − R ⋅ i ( 0 ) − v C ( 0 )
=
dt L

A questão nos diz que i(0) = 10A e vC = 50V, assim:


di ( 0 ) 10 − 50 ⋅ 10 − 50
= = −108
dt 5

Derivando no tempo

i ( t ) = k1e−s1t + k 2 e−s2 t
( −s t
di ( t ) d k1e 1 + k 2 e 2
=
−s t
)
dt dt
di ( t )
= −k1s1e−s1t − k 2s2 e−s2t
dt
t =0
di ( t = 0 ) di ( t = 0 )
= −k1s1 − k 2s2 ∴ = −108∴ss1 = −1∴s2 = −9
dt dt
k1 + 9k 2 = −108

O sistema obtido é:

k1 + k 2 = 10

k1 + 9k 2 = −108

capítulo 5 • 190
Resolvendo o sistema temos:
k1 = 24,75∴k 2 = −14,75

Desta forma i(t) para a resposta superamortecida é:


i ( t ) = 24,75e− t − 14,75e−9t

RESUMO
•  5.1 Circuitos com dois elementos armazenadores de energia

Circuitos com dois elementos armazenadores de energia, capacitor e indutor, são chama-
dos de circuitos de segunda ordem. A equação que rege este circuito é dada por:

d2 x dx
f(t) = + a1 + a 0 x
dt2 dt

Em que “a1” e “a0” são constantes reais, já “x” pode ser uma corrente ou tensão e “f(t)” é
uma função conhecida das fontes independentes do circuito.

•  5.2 Resposta natural de um circuito RLC paralelo


A equação característica que rege o circuito RLC paralelo é dada como:

 2 s 1 
s + + =0
 RC LC 

Esta equação característica pode ser reescrita como:

( s2 + 2αs + ω02 ) = 0

Em que:

1 1
α= ∴ ω0 =
2RC LC

Onde:
99 α → Frequência de Neper.
99 w0 → Frequência angular de ressonância.

capítulo 5 • 191
Os termos, α e w0, determinam o efeito do resistor sobre a resposta do circuito.
As raízes da equação características são:

s1 = −α + α2 − ω02 ∴ s2 = −α − α2 − ω02

Os parâmetros de α e w0 determinam a forma da resposta do circuito. Assim temos:

RESPOSTA CONDIÇÃO EQUAÇÃO


Superamortecida W02 < α2 k1e − s1t + k 2e − s2 t

Criticamente
W02 < α2 e − αt (k1t + k 2 )
amortecida

Subamortecida W02 < α2 e − αt  A1 ( cos ωdt ) + A 2 ( senωdt ) 

•  5.3 Resposta natural de um circuito RLC série

A equação característica que rege o circuito RLC série é dada como:

 2 s 1 
s + + =0
 RC LC 

Esta equação característica pode ser reescrita como:

( s2 + 2αs + ω02 ) = 0

Assim como no circuito RLC paralelo, as respostas do circuito RLC série podem ser: su-
peramortecida, criticamente amortecida e subamortecida. As condições para tais respostas
são as mesmas do circuito RLC paralelo.

•  5.4 Resposta ao degrau do circuito RLC paralelo


A equação característica que rege este circuito é dada como:

 2 s 1 
s + + =0
 RC LC 

capítulo 5 • 192
Esta equação característica pode ser reescrita como:

( s2 + 2αs + ω02 ) = 0

Assim como a resposta natural do circuito RLC paralelo, as respostas ao degrau do cir-
cuito RLC paralelo podem ser: superamortecida, criticamente amortecida e subamortecida.
•  5.5 Resposta ao degrau do circuito RLC série

A equação característica que rege este circuito é dada como:

 2 s 1 
s + + =0
 RC LC 

Esta equação característica pode ser reescrita como:

( s2 + 2αs + ω02 ) = 0

Assim como a resposta natural do circuito RLC série, as respostas ao degrau do circuito
RLC série podem ser: superamortecida, criticamente amortecida e subamortecida.

ATIVIDADES
01. Determine a resposta “V” do circuito a seguir. Dados do circuito: R = 6Ω, L = 7H e
C = 1/42 F, v(0) = 0V e IL(0) = –10A.

+
IC IL IR
+ +
V0 C L R V

capítulo 5 • 193
02. Determine a resposta “V” do circuito a seguir. Dados do circuito: R = 8,57Ω, L = 7H e
C = 1/42 F, v(0) = 0V e IL(0) = –10A.

+
IC IL IR
+ +
V0 C L R V

03. Determine a resposta “V” do circuito a seguir. Dados do circuito: R = 10,5Ω, L = 7H e


C = 1/42 F, v(0) = 0V e IL(0) = –10A.

+
IC IL IR
+ +
V0 C L R V

04. O capacitor de 0,1µF do circuito a seguir é carregado até 100V. Em t = 0s, o capacitor
é descarregado por meio do indutor de 100 mH e do resistor de 560Ω. Qual a expressão de
vC(t) para t ≥ 0s?.

S1 L

+
C R

05. Determine a resposta “Vc” do circuito a seguir. Dados do circuito: R = 2Ω, L = 1H e


C = 1/5 F, v(0) = 6V e I(0) = 2A.

R L

+ +
V v C

capítulo 5 • 194
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Boylestad, Robert L. Introdução à Análise de Circuitos. Prentice Hall/Pearson, 10ª. Ed, 2004.
Close, Charles M. Circuitos lineares. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1975.
David E. Johnson; John L. Hilburn; Johnny R.Johnson “Fundamentos de Análises de Circuitos
Elétricos”, 4ª Edição, Ed. LTC.
Dorf, Richard C. e Svoboda, James A. Circuitos Elétricos. 7a Edição, Rio de Janeiro, LTC, 2006.
Edmnister, Joseph A. Circuitos Elétricos. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 1991 (Coleção
Schaum).
Irwin, J. David. Introdução à Análise de Circuitos Elétricos. Rio de Janeiro: livros técnicos e
científicos, 2005.
Mariotto, Paulo Antônio. Análise de Circuitos Elétricos. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
Nilsson, James W, Susan A. Riedel – Circuitos Elétricos – Prentice Hall/Pearson, 8ª. Ed, 2014.
Robbins, Allan H. e Miller, Wilhelm C. Análise de Circuitos Teoria e Prática. Volume 1, 4a Ed. 2010.

GABARITO
Capítulo 1

01. A. 5
B. 3

02. A. 2
B. 7

03. 10V

04. 375W

05. Ia = 9,8A
Ib = –0,2A
Ic = –10A

capítulo 5 • 195
06. 98W

07. Thevenin (48V,16Ω)


Norton (3A,16Ω)

08. 16Ω

09. 38V

Capítulo 2

01. Thevenin (48V,16Ω)


Norton(3A,16Ω)

02. 16Ω

03. 38V

04. 8A

05. Rth = 5Ω
Vth = 6V

Capítulo 3

01. 10cos1000tµA

02. i = 0 (t < 0)
i = 16t (0 ≤ t ≤ 25ms)
i = 0,8 – 16t (25 ≤ t ≤ 50ms)
i = 0 (t > 50ms)
v = 0 (t < 0)
v = 6 (0 ≤ t ≤ 25ms)

capítulo 5 • 196
v = –6 (25 ≤ t ≤ 50ms)
v = 0 (t > 50ms)
p = 0 (t < 0)
p = 96t (0 ≤ t ≤ 25ms)
p = 96t – 4,8 (25 ≤ t ≤ 50ms)
p = 0 (t > 50ms)
w = 0 (t < 0)
w = 48t2 (0 ≤ t ≤ 25ms)
w = 48t2 – 4,8t+0,12 (25 ≤ t ≤ 50ms)
w = 0 (t > 50ms)

03. 8H

04. 2F

05. 5cos50t

Capítulo 4

01. 20e–5tA

02. –12,5A
4ms

03. 200V
20ms

04. 5ms

05. D

capítulo 5 • 197
Capítulo 5

01. 84 ( e − t − e −6 t ) V Superamortecido

02. 420te − 6t V
Criticamente amortecido

03. 210 2e −2 t sen ( 2t ) V Subamortecido


04. 100 ( cos 9600t + 29,17sen9600t ) e −2800 t V

{ }
05. e − t  −4 cos ( 2t ) + 3sen ( 2t )  + 10 V

capítulo 5 • 198
ANOTAÇÕES

capítulo 5 • 199
ANOTAÇÕES

capítulo 5 • 200

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