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Contexto (Circuito RC – Carga de um Capacitor)

Considere que inicialmente o capacitor de capacitância Figura: Capacitor carregado através do


𝐶 esteja descarregado. Para carregá-lo coloca-se a resistor quando a chave 𝑆 é colocada na
chave 𝑆 na posição 𝑎, o que completa um circuito RC posição 𝑎
formado por uma resistência 𝑅, um capacitor e uma
fonte ideal de força eletromotriz 𝜀. Com o intuito de
verificar como ocorre o processo de carregamento do
capacitor, aplicamos a regra das malhas ao circuito,
percorrendo no sentido horário a partir do terminal
negativo da fonte, temos:
𝑞
𝜀 − 𝑖𝑅 − = 0 (1)
𝐶
Fonte: Halliday (p.182)
As correntes que surgem no circuito acumulam uma carga 𝑞 cada vez maior nas placas do
𝑞
capacitor, estabelecendo uma diferença de potencial 𝑉𝐶 = 𝐶 entre as placas do capacitor.
A equação (1) possui duas variáveis, a saber, 𝑖 e 𝑞. Estas duas variáveis estabelecem uma
relação que é estabelecida pela equação:
𝑑𝑞 (2)
𝑖=
𝑑𝑡
Substituindo a equação (2) na equação (1) encontramos:
𝑑𝑞 𝑞 (3)
𝑅 𝑑𝑡 + 𝐶 = 𝜀,

que descreve a variação com o tempo da carga 𝑞 no capacitor, cuja solução, que será desenvolvida
posteriormente, é dada por:
𝑞 = 𝐶𝜀(1 − 𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 ). (4)

Note que quando 𝑡 = 0, o termo Figura: Carga do capacitor


𝑒−𝑡/𝑅𝐶
= 1 e, portanto, 𝑞 = 0. Ou seja, não há em função do tempo.
carga no tempo inicial.
Por outro lado, para valores de 𝑡
suficientemente grandes, o termo 𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 tende a
zero e, portanto, os valores de 𝑞 se tornam
arbitrariamente próximos de 𝐶𝜀. A Figura 1.7
mostra o gráfico da equação (4) durante o
processo de carregamento do capacitor.

Fonte: Halliday (p.183)


A Figura foi construída considerando os seguintes parâmetros 𝑅 = 2000Ω, 𝐶 = 1𝜇𝐹 e 𝜀 =
10𝑉. Substituindo estes valores na equação (4) segue que:
𝑞 = 10 − 10𝑒 −𝑡/2000 , (5)
onde 𝑞 é a carga (𝜇𝐶) e 𝑡 é o tempo (𝑚𝑠).

a) Considerando a fórmula (5), calcule a carga 𝑞(𝑡) quando 𝑡 = 2𝑚𝑠. Observação: Para utilização
da fórmula (5) convém converter o tempo de milissegundo (𝑚𝑠) em microssegundos (𝜇𝑠).
𝑡
b) Explique o significado e calcule o limite lim 𝑞(𝑡) = lim 10 − 10𝑒 −2000.
𝑡→∞ 𝑡→∞

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1.2 Regras dos Limites

Existem funções mais elaboradas que podem ser obtidas por meio de somas, diferenças, quocientes,
produtos e potências de funções simples. Nesta seção veremos que muitos limites podem ser calculados
usando regras básicas e as introduziremos para o cálculo destes limites.

Teorema 2 (Regras dos Limites): Seja 𝑘 uma constante e suponha que existam os limites
lim 𝑓(𝑥) e lim 𝑔(𝑥)
𝑥→𝑎 𝑥→𝑎
então

1. Regra da Soma: lim [𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥)] = lim 𝑓(𝑥) + lim 𝑔(𝑥)


𝑥→𝑎 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎
O limite da soma de duas funções é a soma de seus limites.

2. Regra da Diferença: lim [𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥)] = lim 𝑓(𝑥) − lim 𝑔(𝑥)


𝑥→𝑎 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎
O limite da diferença de duas funções é a diferença de seus limites.

3. Regra do Produto: lim [𝑓(𝑥) ∙ 𝑔(𝑥)] = lim 𝑓(𝑥) ∙ lim 𝑔(𝑥)


𝑥→𝑎 𝑥→𝑎 𝑥→𝑎
O limite do produto de duas funções é o produto de seus limites.

𝑓(𝑥) lim 𝑓(𝑥)


4. Regra do Quociente: lim 𝑔(𝑥) = 𝑥→𝑎 , desde que lim 𝑔(𝑥) ≠ 0.
𝑥→𝑎 lim 𝑔(𝑥) 𝑥→𝑎
𝑥→𝑎
O limite do quociente de duas funções é o quociente de seus limites, desde que o limite do
denominador seja diferente de zero.

5. Regra da Multiplicação por Constante: lim [𝑘𝑓(𝑥)] = 𝑘 lim 𝑓(𝑥)


𝑥→𝑎 𝑥→𝑎
O limite de uma constante multiplicada pela função é a constante multiplicada pelo limite da função.

Exemplo 1.8 (Examinando gráfico e utilizando as Regras dos Limites)


a) Construa o gráfico da seguinte função f(x) = x 2 + 2x + 1.
b) Examinado o gráfico da letra (a), calcule lim f(x) = lim x 2 + 2x + 1.
𝑥→0 𝑥→0
c) Utilizando as regras de limites determine o limite da letra (b).

Figura 1.7: Gráfico da função 𝑓(𝑥) Ao analisar o comportamento desta função nas
vizinhanças do ponto 𝑥 = 0 (ponto que pertence ao
domínio de 𝑓) verificamos que:
- à medida que 𝑥 se aproxima do ponto 0 pela
esquerda, os valores de 𝑓(𝑥) vão se aproximando do
valor 1, ou seja, lim− 𝑓(𝑥) = 1.
𝑥→0
- à medida que 𝑥 se aproxima do ponto 0 pela direita,
os valores de 𝑓(𝑥) vão se aproximando do valor 1,
ou seja, lim+ 𝑓(𝑥) = 1.
𝑥→0
Deste modo, podemos dizer que lim 𝑓(𝑥) = 1.
𝑥→0

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Vamos determinar este mesmo limite utilizando as regras de limites. Com efeito,
lim x 2 + 2x + 1 = lim x 2 + lim 2x + lim 1 (Regra da Soma)
𝑥→0 𝑥→0 𝑥→0 𝑥→0
= lim x 2 + 2 lim x + lim 1 (Regra da Multiplicação por Constante)
𝑥→0 𝑥→0 𝑥→0
2
= 0 + 2∙0 + 1 = 1

Exemplo 1.9 (Utilizando as Regras dos Limites). Calcule lim 4x 3 − 2x.


𝑥→1
Utilizando as regras de limites temos que
lim 4𝑥 3 − 2𝑥 = lim 4𝑥 3 − lim 2𝑥 (Regra da Diferença)
𝑥→1 𝑥→1 𝑥→1
3
= 4 ∙ lim 𝑥 − 2 ∙ lim 𝑥 (Regra da Multiplicação por Constante)
𝑥→1 𝑥→1
3
=4∙1 −2∙1=2

Conforme foi sugerido nos exemplos 1.8 e 1.9, os limites de funções polinomiais podem ser
obtidos por substituição. O mesmo ocorre para os limites de funções racionais, caso o limite do
denominador não seja zero.

Teorema 3 (Os limites de funções polinomiais podem ser obtidos por substituição): Se 𝑃(𝑥) =
𝑎𝑛 𝑥 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑥 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 + 𝑎𝑜 então

lim 𝑃(𝑥) = 𝑃(𝑘) = 𝑎𝑛 𝑘 𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑘 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 + 𝑎𝑜 .


𝑥→𝑘

Teorema 4 (Os limites de funções racionais podem ser obtidos por substituição, desde que o
limite do denominador não seja zero): Se 𝑃(𝑥) e 𝑄(𝑥) são polinômios e 𝑄(𝑘) ≠ 0 então
𝑃(𝑥) 𝑃(𝑘)
lim 𝑄(𝑥) = 𝑄(𝑘).
𝑥→𝑘

Quando o denominador de uma função racional for zero, se podermos cancelar fatores comuns
no numerador e denominador, obtém-se uma fração equivalente cujo denominador não seja mais nulo
em 𝑘. Neste caso, o limite pode ser obtido por substituição na fração simplificada.

𝑥 2 −2𝑥+1
Exemplo 1.10 (Eliminando algebricamente os fatores nulos). Calcule lim .
𝑥→1 𝑥 2 −𝑥
Neste caso, não podemos substituir 𝑥 = 1 porque
resulta em denominador nulo. Testando 𝑥 = 1 no
numerador também obtemos numerador nulo.
Assim, numerador e denominador apresentam o
termo (𝑥 − 1) em comum. Assim, podemos
escrever uma fração mais simples

x 2 − 2x + 1 (𝑥 − 1)(𝑥 − 1) x − 1
= =
𝑥2 − 𝑥 𝑥(𝑥 − 1) 𝑥
se 𝑥 ≠ 1 e 𝑥 ≠ 0.

𝑥 2 −2𝑥+1 𝑥−1
Deste modo, lim = lim = 0.
𝑥→1 𝑥 2 −𝑥 𝑥→1 𝑥

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Exercícios – Regras dos Limites

1. Calcule o limite justificando cada passagem com as Regras dos Limites que forem usadas.

3x4 −2𝑥2 +1 c) lim 50


a) lim 𝑥→−5
𝑥→2 𝑥 3 −2
𝑥 2 −4
b) lim 2x − 2𝑥 2 + 𝑥
3
d) lim 𝑥 + 2
𝑥→−2 𝑥→2

2. a) Verifique o que há de errado com a equação definida a seguir:


x 2 − 3x + 2
=𝑥−1
𝑥−2
b) De acordo com a letra (a), explique porque a equação está correta:
x 2 − 3x + 2
lim = lim 𝑥 − 1
𝑥→2 𝑥−2 𝑥→2

3. Caso exista, calcule os limites.

x2 −2x+1 x2 +5x+4
a) lim c) lim
𝑥→1 𝑥−1 𝑥→−4 x2 +3𝑥−4
x2 +x−6 x2 +2x
b) lim d) lim
𝑥→2 𝑥−2 𝑥→−2 x2 −𝑥−6

4. Podemos afirmar que a função:


x2 − 1
𝑓(𝑥) =
𝑥−1
a) É contínua em x=2.
b) É descontínua em x=1.
c) A função f(x) não está definida para x=1.
d) Todas as alternativas são verdadeiras.

5. Qual deve ser o valor de 𝑚 ∈ ℝ de modo que a função f(x) seja contínua em 𝑥 = 2?
x 2 − 5x + 2 se x = 2
𝑓(𝑥) = {
2𝑚, se 𝑥 = 2
a) 2.
b) -2.
c) 1.
d) -1.
𝐴
6. (FESP) Sendo 𝐴 = 𝑥 3 − 8 e 𝐵 = 𝑥 − 2, o limite de quando x tende a 2, vale:
𝐵
a) 14
b) 10
c) 12
d) 8

x2 −7x+10
7. (AMAN) Calculando o limite lim encontramos:
𝑥→5 x2 −9x+20
a) 0
b) 3
c) 1
d) 2

12
2x2 −12x+16
8. (UFPR) O limite lim é igual a:
𝑥→2 3x2 +3x−18
1
a) −2
4
b) − 15
2
c) − 5
3
d) −
2

x2 −x−2
9. (FESP) O limite de quando x tende a 2 é:
2x2 −x−6

2
a) 3
1
b) 2
3
c) 7
5
d) 2

10. (CESGRANRIO) Considere uma função f definida no conjunto dos reais e b um elemento de seu
domínio. A função f será contínua em b se, e somente se,

a) 𝑓(𝑏) = 0
b) lim 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑏)
𝑥→𝑏
c) 𝑓 está definida para 𝑥 = 𝑏
d) lim 𝑓(𝑥) existe
𝑥→𝑏

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